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Modelo Keynesiano Simples de Determinação do nível de Produto, Rendimento e

Emprego

As Hipóteses
• O objectivo central do modelo é de explicar os determinantes do nível de actividade
económica, em particular os níveis de produto e de emprego. Este modelo assume as
seguintes hipóteses simplificadoras:
1- É conhecida a capacidade produtiva da economia, i.e., são dadas as condições da
oferta de bens e serviços (é dada a fronteira de possibilidades de produção);
2- Existem recursos desempregados, mão-de-obra e capacidade produtiva instalada
não utilizada;
3- Os preços dos bens e serviços e dos factores produtivos são rígidos até ao pleno
emprego, as empresas estão dispostas a oferecer qualquer quantidade, até ao
limite da sua capacidade instalada, aos preços em vigor.

Implicações das Hipóteses do Modelo


1- Enquanto houver recursos desempregados os níveis de produto, rendimento e
emprego são determinados pela procura agregada;
2- A diferença entre o produto efectivo e o produto potencial (o desemprego), é
explicado pela insuficiência da procura agregada;
3- As flutuações no nível de actividade económica, em particular as flutuações do
nível de produto e de emprego, explicam-se essencialmente pelas variações na
procura agregada de bens e serviços. O Estado terá a responsabilidade de
estabilizar a procura agregada ao nível de procura satisfatória (o nível de procura
que permite o alcance do pleno emprego de recursos produtivos);
4- O pleno emprego será uma excepção e não a regra, não se desencadeiam
mecanismos automáticos no mercado que façam a economia a tender
espontaneamente ao nível de pleno emprego;
5- O modelo não explica a variação dos preços (a taxa de inflação);
6- Ao considerar dados os condicionalismos da oferta de bens e serviços, o modelo
não aborda o problema de crescimento económico.
A Função de Procura Agregada numa Economia de 2 Sectores
(Famílias e Empresas)
• Nesta economia, a Procura Agregada (A), compreende a procura das famílias de bens
e serviços de consumo (C) e a procura das empresas de bens e serviços de investimento
(I).
A=C+I
• O rendimento disponível das famílias (Yd) é igual ao rendimento total (Y)
Yd=Y
• O rendimento disponível das famílias (Yd ) é repartido em despesas de consumo (C) e
em poupança privada (S).
Yd= C+S

A Função Consumo
1. A Procura por Consumo (C) - compreende os planos das famílias no que se
refere a aquisição de bens e serviços de consumo. Segundo este modelo, a
procura por consumo, é explicada pelo rendimento disponível auferido pelas
famílias num determinado período, (geralmente um ano) e por uma componente
autónoma.

Onde:

 - Consumo autónomo, parte do consumo das famílias que é independente


do rendimento disponivel do período. Parte do consumo determinado por
factores exógenos;
 c - propensão marginal a consumir, indica quanto varia o consumo por unidade
de variação do rendimento disponível, admite-se que 0<c<1, devido a lei
psicológica de Keynes, segundo a qual quando o rendimento de uma pessoa
aumenta, ele gasta uma parte em consumo e a outra poupa.
Representação gráfica da função consumo

Função Poupança
• Poupança das Famílias (S)- será a parcela do rendimento disponível das famílias que
não é usada para o consumo num determinado período, ou seja, parte do rendimento que
as famílias reservam para o futuro.
• Admite-se que tal como o consumo, a poupança das famílias (S) será determinada pelo
rendimento disponível dum determinado período que as famílias auferem. Uma vez
conhecida a função consumo, a função poupança será dada por:
Representação gráfica da Função Poupança

Relações entre o Consumo e a Poupança


A representação gráfica das funções de consumo e poupança permite concluir:
• A poupança autónoma é simétrica ao consumo autónomo;
• A poupança é nula quando o nível de consumo é igual ao nível de rendimento do
período em análise. Para valores em que o consumo excede o rendimento, a poupança é
negativa, e para valores em que o consumo é inferior ao rendimento a poupança é
positiva;
• Variações do rendimento causam variações endógenas da poupança e do consumo
(movimento ao longo das curvas);
• Variações de factores exógenos que afectam a poupança e o consumo causam
deslocamentos das respectivas curvas.

Função de Investimento
• A procura por Investimento (I)- compreende os planos de investimento das
empresas em meios de produção (equipamentos, maquinaria e infra-estruturas) e
variação de stocks.

• O Investimento (I) – admite-se que o investimento privado realizado pelas empresas,


num determinado período de tempo, não depende do nível de produto e rendimento do
período. Neste caso, as despesas de investimento, vão depender de muitos outros
factores que por simplificação do modelo, são considerados exógenos.
• A função de investimento é constituída apenas por uma componente autónoma.

Representação Gráfica da Função de Investimento

A Condição de Equilíbrio do Modelo

 O modelo estará em equilíbrio, quando os planos das famílias e das empresas


quanto a aquisição de bens e serviços finais (Procura Agregada =A)
coincidirem com os planos de produção e oferta de bens e serviços das empresas
(Oferta Agregada =Y).
 Teremos equilíbrio nas seguintes condições:
 1-) A (Procura Agregada) = Y (Oferta Agregada)
 2-) S (Poupança) = I (Investimento)
1-) A=Y (Procura Agregada = Oferta Agregada)

Graficamente
2-) S=I (Poupança =Investimento)
 Outra condição de equilíbrio equivalente pode ser derivada da condição básica,
Y=A. Sabe-se que nesta economia simples, sem governo e nem sector externo, o
processamento do produto nacional gera um fluxo de remunerações pagas a
factores de produção, em que os detentores são as famílias, e que por sua vez
este rendimento é dividido em despesas de consumo (C) e a parte não
consumida em poupança (S).
 Logo, deriva-se a identidade Rendimento = Produto = Despesas. Portanto,
usando esta identidade teremos o seguinte:

Graficamente
Resumo do Gráfico
 Observando o podemos verificar que, em equilíbrio a poupança planeada é igual
ao investimento planeado, I=S, pois as distâncias coincidem. E por outro lado,
acima do nível de equilíbrio YE, a poupança excede o investimento, enquanto
que, abaixo de YE, o investimento excede a poupança.
 S>I, as firmas estariam a acumular existências, porque estariam a produzir
acima daquilo que é procurado, com isso reduziriam a sua produção até que a
produção planeada = despesa planeada ;
 S<I, as firmas variam as suas existências a esgotarem, por que estariam a
produzir abaixo daquilo que é procurado, com isso , aumentariam a sua
produção ate que a produção planeada = despesa planeada.
 Portanto, aos níveis mais altos ou mais baixos do rendimento relactivamente a
demanda agregada, as divergências a S planeada e o I planeado, faz com que
as firmas mudem os seus planos de produção, reduzindo ou aumentando,
conforme é indicado pelas setas no gráfico. Esta variação será até onde a
variação de existências involuntárias são nulas, ou seja, onde S = I.

Exercício:
1. Considere os dados de uma economia hipotética:
C = 100 + 0,6Y
I = 300
a) Calcule o rendimento de equilíbrio (Yeq);
b) Consumo (C);
c) Poupança (S)

Resolução:
Y=A
Y=1000;
C=700;
S=300

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