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1. Grande variação entre rendas per capita das economias. Paı́ses mais pobres têm
rendas per capita que são inferiores a 5% da renda per capita dos paı́ses mais ricos.
1 Contabilidade do crescimento
Através da função de produção, temos uma relação quantitativa entre insumos e produto.
Podemos usar esta relação para fazer uma decomposição do crescimento do produto com
base no crescimento da quantidade de insumos. Considere uma função de produção cujos
insumos são capital e trabalho:
Y = AF (K, L)
Vamos supor que α e 1–α sejam a participação capital e do trabalho na renda, respec-
tivamente:
dY dA dK dL
= +α + (1 − α)
Y A K L
dA dY dK dL
= +α + (1 − α)
A Y K L
2 Modelo de Solow
Dessa forma, temos que os fatores de produção são remunerados, respectivamente, pelo
salário e uma taxa de aluguel do capital correspondentes aos seus produtos marginais.
Ou seja,
w = AFN (K, N )
r = AFK (K, N )
Y K N K
Y = F (K, N ) ⇒ =F , =F ,1
N N N N
Vamos definir y como sendo o produto por trabalhador, k o estoque de capital por
trabalhador e f (k) a função de produção para o produto por trabalhador.
Y K
=F ,1 ⇒ y = F (k, 1) = f (k)
L L
y = f (k)
O produto por trabalhador, por sua vez, é dividido entre consumo e investimento por
trabalhador.
y =c+i
Kt+1 Kt + I1 − δKt
Kt+1 = Kt − δKt + It ⇒ =
Lt+1 Lt+1
Lt+1 = (1 + n)Lt
Portanto,
Nessas notas de aula, iremos sempre utilizar letras minúsculas para representar as
variáveis em termos por trabalhador. Logo,
(1 + n)kt+1 = it + (1 − δ)kt
A partir da equação acima temos que se a taxa de investimento for muito baixa, o
estoque de capital por trabalhador será decrescente, assim como o produto por trabal-
hador. O oposto ocorre se a taxa de investimento for muito alta, o que gera crescimento
tanto do capital quanto do produto por trabalhador. Precisamos determinar o nı́vel de
investimento que faz com que o estoque de capital, e consequentemente o produto, se
mantenha constante, ou seja, i tal que kt+1 = kt = k (ou seja, para que a economia
esteja em seu estado estacionário):
c = (1 − s)y
i = sy
i∗ = (n + δ)k ∗ ⇒ sy ∗ = (n + δ)k ∗
Substituindo a função de produção temos que o nı́vel de capital de equilı́brio é dado por:
sf (k ∗ ) = (n + δ)k ∗
y = f (k)
y∗
(n + δ)k
i∗ i = sf (k)
k∗ k
• Se k < k ∗ , teremos i > (n + δ)k, fazendo com que o estoque de capital por
trabalhador seja crescente.
• Se k > k ∗ , teremos i < (n + δ)k, fazendo com que o estoque de capital por
trabalhador seja decrescente.
Vale ressaltar que, apesar da estabilidade em termos per capita, em termos agregados
tanto o capital como o produto crescem à mesma taxa de crescimento do número de tra-
balhadores n. Iremos agora resolver para o equilı́brio considerando a função de produção
Cobb-Douglas:
sk ∗α = (n + δ)k ∗
1
∗ s 1−α
k =
n+δ
α
∗ s 1−α
y =
n+δ
c∗ = (1 − s)f (k ∗ )
c∗ = f (k ∗ ) − (n + δ)k ∗
f 0 (k RO ) − (n + δ) = 0
f 0 (k RO ) = n + δ
No nı́vel de capital per capita da regra de ouro a inclinação da função de produção, dada
pelo produto marginal do capital, deve ser igual à inclinação da reta correspondente ao
nı́vel de investimento que estabiliza o nı́vel de capital k. Graficamente temos:
y = f (k)
y∗
(n + δ)k
i∗ i = sf (k)
k RO k∗ k
1
α−1 RO α 1−α
αk =n+δ ⇒k =
n+δ
Podemos então obter o nı́vel de poupança que leva ao capital de equilı́brio da regra de
ouro:
1 1
sRO
1−α
α 1−α
= ⇒ sRO = α
n+δ n+δ
O modelo de Solow da forma como foi apresentado acima sugere que paı́ses desenvolvidos
têm seu nı́vel de produto por trabalhador estagnado, o que não está de acordo com a
realidade. Os dados indicam que, de fato, paı́ses desenvolvidos em geral crescem a taxas
menores do que paı́ses em desenvolvimento, mas ainda assim crescem.
A introdução de crescimento tecnológico exógeno torna o modelo mais próximo da
realidade. A função de produção passa então a considerar a produtividade total dos
fatores:
Y = AF (K, L) ⇒ y = Af (k)
O crescimento da produtividade total dos fatores (TFP), que corresponde ao já men-
cionado resı́duo de Solow, permite o crescimento do produto mesmo com nı́veis de capi-
tal e de trabalho constantes. Desta forma, corresponde à parte do crescimento econômico
que não pode ser explicada por variações no estoque de capital ou na quantidade de tra-
balho. Levando em consideração a produtividade total dos fatores, o equilı́brio é dado
por:
sAt f (k ∗ ) = (n + δ)k ∗
Note que o termo At tem um ı́ndice de tempo, ou seja, a produtividade pode variar
com o tempo, elevando a renda, o nı́vel de investimento e consequentemente o estoque
de capital de equilı́brio estacionário para uma mesma taxa de poupança. Graficamente
temos:
y
(n + δ)k
k1∗ k2∗ k
Y = F (K, AL)
Com crescimento tecnológico, o produto por trabalhador cresce no longo prazo. Sendo
assim, necessita-se de uma transformação de variáveis para se definir um equilı́brio esta-
cionário. Usa-se então o produto por trabalhador efetivo:
Y K
=F , 1 ⇒ ye = f (e
k)
AL AL
K̇ = sY − δK
Dividindo ambos os lados por K, podemos ver que para obter uma taxa de crescimento
constante, capital e produto devem crescer à mesma taxa.
K̇ Y
=s −δ
K K
Agora iremos assumir que a tecnologia multiplicadora de trabalho cresce a uma taxa
exógena g enquanto a força de trabalho cresce à taxa n. Logo,
Ȧ
=g
A
L̇
=n
L
Para obtermos a taxa de crescimento do estoque de capital e do produto agregado,
podemos representar a função de produção em log e derivá-la em relação ao tempo. Ou
seja,
Portanto,
!
Ẏ K̇ Ȧ L̇
= α + (1 − α) + ⇒ gy = gk = g + n
Y K A L
K
Agora podemos derivar o capital por trabalhador efetivo, k̃ = AL , em relação ao tempo
para obter sua dinâmica:
!
˙ K̇AL − K(AL̇ + ȦL) K̇ L̇ Ȧ
k̃ = 2
= − k̃ +
(AL) AL L A
!
˙ sY − δK L̇ Ȧ
k̃ = − k̃ +
AL L A
˙
k̃ = sỹ − k̃(δ + g + n)
Vamos igualar isso a zero para obter o estoque de capital de equilı́brio estacionário,
considerando a função de produção Cobb-Douglas:
1
˙ s 1−α
k̃ = 0 ⇒ sk̃ ∗a = k̃ ∗ (δ + g + n) ⇒ k̃ ∗ =
δ+g+n
α
∗ s 1−α
ỹ =
δ+g+n
α
∗ s 1−α
y = At
δ+g+n
2.3 Convergência
Neste modelo, a função de produção combina capital fı́sico K com trabalho qualificado
(capital humano) H, na presença de uma tecnologia aumentadora de trabalho A.
Y = K α (AH)1−α
H = eψu L
K
k̃ =
AH
Considerando que H cresce à mesma taxa de L, teremos resultado semelhante ao modelo
anterior:
1
∗ s 1−α
k̃ =
δ+g+n
1
∗ s 1−α
ỹ =
δ+g+n
O produto per capita cresce à taxa de crescimento da tecnologia g e seu nı́vel depende
do tempo investido em qualificação.
1
∗ s 1−α
ỹ = hA(t)
δ+g+n
H
em que h = L = eψu .