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Resumos HGP Diogo Arada

Portugal na segunda metade do século XIX

O atraso português

Na primeira metade do século XIX Portugal encontrava-se:


• Destruído: as invasões francesas e a guerra civil, contribuíram para
o atraso do país em relação ao resto da Europa por causa da
destruição que provocaram.
• Pobre: O Brasil era agora uma nação independente, pelo que
Portugal havia perdido o monopólio sobre as riquezas brasileiras.
• Atrasado: os países europeus já estavam desenvolvidos em termos
técnicos e tecnológicos, como por exemplo ao nível dos
transportes e comunicações.

Só a partir da segunda metade do século XIX é que os governos liberais


portugueses vão iniciar a modernização do país.
Para isso fizeram uma série de leis que tinham como objetivo desenvolver e
modernizar Portugal.

Modernização da agricultura

Os governos liberais puseram em prática uma série de medidas com o objetivo


de modernizar a agricultura, praticada sobretudo no interior do país:
• Nobres e clérigos perderam algumas propriedades para o Estado, que as
vendeu para as rentabilizar;
• Extinguiram-se os morgadios, isto é, a herança de todos os bens familiares
apenas pelo filho mais velho;
• Os baldios foram entregues aos camponeses para cultivo;
• Os impostos, pagos pelos camponeses aos proprietários agrícolas,
diminuíram;
• Os agricultores passaram a usar uma nova técnica – acabaram com o
pousio e alternaram as culturas em cada parcela do campo de cultivo;
• Uso de adubos químicos e seleção das sementes
de maior qualidade;
• Cultivo de novas culturas, como o arroz, o milho e
a batata;
• Utilização de máquinas agrícolas, como a ceifeira
ou debulhadora mecânica, que tornam mais
rápido o trabalho agrícola.

Todas estas medidas aumentaram a produtividade e


a produção agrícolas.
Mapa das áreas cultivadas e
principais culturas agrícolas
no séc. XIX

Desenvolvimento da exploração mineira

Até ao século XIX, a exploração de recursos minerais em Portugal estava


pouco desenvolvido. As minas quase não existiam.
Entre 1851 e 1890, de forma a fazer um melhor
aproveitamento dos recursos minerais, os governos
liberais concederam cerca de 600 licenças para a
exploração de minas a empresas particulares.
Os Materiais mais procurados eram o cobre, o
ferro e o carvão.
Junto das minas de maior importância surgiram
novas povoações.

Mapa das principais jazidas


minerais no séc. XIX
Modernização da indústria

A partir da segunda metade do século XIX, a indústria portuguesa


desenvolveu-se com a:
• Criação de novas fábricas, ligadas à produção de têxteis, cortiça, vidro e
cerâmica.
• Utilização da máquina a vapor. A máquina a vapor, quando aplicada a
outras máquinas, alterou a forma de produção. Nascia, assim, a
maquinofatura.

Manufatura: Maquinofatura:
• local de produção: oficina; • local de produção: fábrica;
• produção de pequenas • produção de grandes quantidades;
quantidades; • produção mais rápida;
• produção em tempo longo; • trabalho mecânico das máquinas;
• trabalho manual dos artesãos; • o operário desempenha tarefas
• o artesão é criativo; repetitivas;
• o artesão detém os meios de • o patrão detém os meios de
produção. produção.

As fábricas situavam-se no litoral, próximo de


cidades portuárias como Porto, Lisboa ou Setúbal. Era
através destes portos que chegavam as matérias-
primas e se escoavam os produtos manufaturados.
Contudo, a industrialização foi um processo lento.

Mapa das zonas industriais


na 2.ª metade do séc. XIX
Vantagens e desvantagens da modernização técnica

Vantagens:
• Maior e melhor aproveitamento dos recursos naturais,
• Maior produção e produtividade;
• Menores necessidades de mão de obra devido à mecanização;
• Maior facilidade de comunicações.

Desvantagens:
• Acidentes de trabalho com as máquinas;
• Trabalho infantil na agricultura, indústria e extração mineira;
• Poluição;
• Desemprego (as máquinas substituem o trabalho humano).

Desenvolvimento dos transportes e comunicações

Transporte: comboios.
Via de comunicação: caminhos de ferro.
A máquina a vapor fez nascer os comboios a vapor, que transportavam, de
forma rápida, grandes quantidades de pessoas e mercadorias. Por conseguinte,
foi necessário alargar a rede de caminhos de ferro um pouco por todo o país. A
primeira viagem de comboio realizou-se em 28 de outubro de 1856, entre Lisboa e
o Carregado, e contou com a participação da família real.

Via de comunicação: estradas macadamizadas,


pontes, túneis.
Construíram-se muitos quilómetros de estradas
macadamizadas, isto é, pavimentadas com pedras e
saibro. Para além das estradas, abriram-se túneis e
edificaram-se pontes, como a Ponte de D. Luís I ou a
Ponte de D. Maria, na cidade do Porto.
Mapa da evolução da rede
de caminhos de ferro no séc.
XIX
Meio de comunicação: telégrafo, telefone, correios

O telégrafo e o telefone facilitaram as comunicações, embora inicialmente


fossem serviços usados por uma minoria.
Criaram-se os selos, os postais e os marcos do correio.
A mala-posta era a diligência que transportava pessoas e malas com
correspondência.

Transportes e comunicações na segunda metade do século XIX


Modernização das vias de comunicação Inovações nos meios de comunicação de
e meios de transporte ideias e informação
Benefícios: Benefícios:
• Passou a poder viajar-se com maior • Facilitaram a troca de ideias e
segurança e rapidez; informações;
• Aumentou a circulação de pessoas e • Aproximaram as pessoas.
mercadorias;
• Desenvolveram-se as atividades
económicas.

O estudo da população e as medidas no domínio da educação

Até ao século XIX, fizeram-se “numeramentos” para contar a população.


Contudo, esta contagem era feita segundo o número de fogos ou casas, isto é,
contavam-se as casas e estimava-se que em cada uma habitassem cerca de 4 a
5 pessoas. Por conseguinte, os resultados destas contagens não eram muito
exatos.
O primeiro recenseamento português fez-se em 1864, com a recolha
individual de dados da população. Desta forma, conseguiu-se saber o nome, o
sexo, a idade, o local de residência, o estado civil e a profissão de cada
português. Ao fim de 2 anos ficou a saber-se que o reino tinha 3 829 619
habitantes.
A partir de 1890 e de 10 em 10 anos faziam-se recenseamentos, importantes
instrumentos para o planeamento da governação.
Desta forma, soube-se que, ao longo da segunda metade do século XIX,
houve um aumento da população.
Este crescimento populacional ficou a dever-se:
• Á melhoria das condições de higiene;
• Pelos progressos na medicina
• Maior variedade alimentar.
A população concentrou-se sobretudo no litoral norte do país (Porto, Braga e
Lisboa), onde existiam melhores condições de vida (escolas, hospitais, indústrias,
transportes, etc.) enquanto as regiões do interior e do sul eram menos
povoadas.
Com o aumento populacional ou demográfico tornou-se necessário reformar
o sistema de ensino para reduzir o número de analfabetos:
• Criaram-se mais escolas primárias, liceais e técnicas.
• O ensino primário tornou-se obrigatório e gratuito.
• Aumentou o número de escolas primárias.
• Existiam as escolas comerciais, industriais e agrícolas.
• Nas universidades, criaram-se cursos, tendo em conta as necessidades do país.
Todavia, só os filhos dos burgueses das cidades tinham possibilidades
económicas para frequentar o ensino universitário.

Contudo, os resultados não foram os esperados, pois a maior parte da


população portuguesa permanecia analfabeta.

Portugal foi pioneiro no que toca à promoção dos direitos humanos:


• Em 1867 - foi o primeiro país a abolir a pena de morte.
• Em 1869 - Aboliu também a escravatura.
• Em 1869 - Aboliu a roda dos enjeitados.

Portugal passava a respeitar os direitos de cada um à vida, à liberdade, à


igualdade e à felicidade, sem olhar à cor da pele, sexo ou idade.
A Vida quotidiana no campo
Habitações:
As habitações caracterizavam-se por serem:
• Sem conforto
• Modesta
• Variavam de região para região, em função do clima e dos materiais
de construção disponíveis

Casa do Norte de Portugal Casa do Centro de Portugal Casa do Sul de Portugal

Casas de granito para se Casas de calcário porque Casas caiadas para se


protegerem do frio; oclima é ameno; protegerem do calor.
A vida quotidiana no campo:

Alimentação Vestuário Divertimentos


• Pão de milho, centeio • Tamancos • Esfolhadas
e trigo • Saia rodada e corpete sobre a • Vindimas
• Arroz e batata camisa • Celebrações
• Sopa, azeitonas e • Lenço sob o chapéu religiosas (Festas e
queijo (mulheres) Romarias)
• Doces nos dias de • Calças, colete e jaqueta • Ceifa
festa (homens) • Mercados e feiras
• Pouco variada • Cordões de ouro e os melhores • Taberna
trajes para os dias festivos • Ida à fonte ou ao rio

A fuga do campo

O aumento da população no século XIX fez com que nas áreas rurais
existissem muitos trabalhadores desempregados ou mal remunerados.
Vivendo com más condições de vida, estes trabalhadores decidiram
abandonar as suas aldeias e procurar trabalho na indústria das zonas urbanas.

Êxodo Rural - movimento de saída da população dos campos em


direçãoàs cidades.

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