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Matriz energética
A matriz energética brasileira tem uma peculiar configuração estrutural, quando
comparada com a mundial. Em 2006, o Brasil produziu aproximadamente 226
milhões de toneladas equivalentes de petróleo (TEP). A economia brasileira utilizou
2% da energia consumida pelo mundo. Seu traço mais marcante é o peso
extremamente elevado de fontes energéticas renováveis, em comparação com as
não-renováveis. A principal fonte renovável brasileira é a energia hidráulica. É
particularmente reduzida no Brasil a presença do gás natural (9,6%) e do carvão
mineral (6%).
Observada em sua composição, a matriz energética brasileira tem uma configuração
de vanguarda conveniente, garante a autossuficiência para o meio ambiente, e
reforça o potencial de soberania da economia brasileira em seu desenvolvimento
futuro, desde que sua expansão seja planificada, tendo em vista estimular o
crescimento da economia. No entanto, ainda hoje, 5% de lares brasileiros não estão
ligados a redes de energia elétrica.
O desafio para a evolução energética do país, a longo prazo, consiste em ampliar e
melhor distribuir a energia por habitante, sem perder a característica extremamente
positiva da alta contribuição relativa dos renováveis.
Um fio condutor para entendimento da matriz energética é a evolução histórica na
geração e na utilização de energia elétrica, assumida desde o final do Império e
durante a República Velha como a manifestação principal de modernidade urbana. A
modernidade no consumir fez do Brasil um espaço de assimilação de experiências
elétricas. Foi notável a expansão da indústria têxtil brasileira, que nasceu com a
autoprodução energética internalizada. Sintomaticamente, a primeira usina geradora
de hidroeletricidade foi instalada em Juiz de Fora, a serviço das Indústrias Têxteis
Mascarenhas.
Eletricidade
A difusão da eletricidade apontou, de maneira inequívoca, para o aproveitamento
hídrico. Em São Paulo, a reversão do rio Pinheiros para a Baixada de Cubatão dispôs
uma ampla oferta de energia, que facilitou a instalação de indústrias em pleno auge
cafeeiro, conferindo à cidade condições de energia para converter-se no principal
pólo industrial do país.
Transporte.
A matriz de transporte de carga apresenta, no Brasil, por modalidade, uma
configuração peculiar e pouco eficiente. Em 2004, foram utilizadas 863 bilhões de
toneladas por quilômetro útil (TKU). A liderança absoluta é rodoviária, com 512
bilhões de TKU. No transporte de pessoas, o rodoviário é quase absoluto, tendo
deslocado, em 1999, 92% dos passageiros por quilômetro. Toda informação
disponível mostra que, com o desenvolvimento das forças produtivas e fenômenos
como urbanização, metropolização e deslocamento de fronteiras agrícolas, há a
tendência ao crescimento do percurso médio por tonelada de mercadoria. O
conforto resultante da observação estrutural da matriz energética é cancelado pela
observação da matriz de transporte brasileira. Há previsão de encarecimento
mundial relativo de petróleo e derivados, o que atingirá, no futuro, o “baixo ventre”
da matriz brasileira.
Sob o ponto de vista estrutural, a matriz de transporte brasileira tem uma
configuração que deprime a macro produtividade da economia nacional. São
reconhecidas as mazelas nas formas de transposição intermodal, o que reforça a
tendência ao rodoviário, por sua flexibilidade e agilidade. É inquietante deslocar a
fronteira agrícola, assim como abastecer cidades e portos de exportação mediante a
utilização do binômio caminhão-derivado de petróleo. A persistência desta tendência
cobrará, a longo prazo, uma redução geral de produtividade macroeconômica, com
efeitos sociais preocupantes por sua incidência no poder de compra da população.
A hipertrofia da modalidade rodoviária na circulação de pessoas e de cargas no
espaço urbano tem como efeito dramático a degradação da qualidade de vida, ao
ampliar o tempo de deslocamento residência-trabalho-residência, situado em mais
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de duas horas nas regiões metropolitanas (RMs) do Rio de Janeiro e de São Paulo. A
densidade excessiva de habitações em locais precários no tecido urbano (favelização)
é, em grande parte, resultante do péssimo padrão de transporte metropolitano,
tanto em termos de custo tarifário como de tempo de deslocamento.
Na vanguarda da Primeira Revolução Industrial, as economias europeia e
estadunidense articularam a ferrovia com a integração de seus respectivos territórios
nacionais. Os traçados ferroviários, voltados para o mercado interno de cargas e de
passageiros, harmonizaram-se com a rede histórica de cidades e estradas carroçáveis
anteriores. Na Europa também houve a superposição e a articulação das ferrovias
com as antigas redes aquaviárias, de longa data implantadas em rios navegáveis e
nos canais de passadas engenharias.
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possibilidade de exportar grãos por mais de dois mil quilômetros de rodovias. Os
projetos da Transamazônica e da Perimetral Norte evidenciam a “preferência
irrestrita” pela rodovia.
A inadequação da rede de transporte anterior é explicitada quando o Brasil se
orienta para o desenvolvimento das forças produtivas, voltado para o mercado
interno nacional como principal fronteira de expansão. O horizonte tecnológico da
Segunda Revolução Industrial sinalizava em direção à rodovia. Após a Segunda
Guerra Mundial, a discussão, no Brasil, foi encerrada com a definição do Plano
Rodoviário Nacional e a instituição de fundo tributário vinculado à modalidade. A
ferrovia de então, desgastada pela não restauração durante os anos da Depressão
Mundial e da Segunda Guerra Mundial, foi adquirida das empresas estrangeiras
concessionárias.
em financiamento internacional para a restauração ferroviária, o modal rodoviário foi
solução exequível, naquele tempo, para as linhas-tronco.
A concessão ferroviária de Santos-Jundiaí foi para capital estrangeiro, porém as
Docas de Santos surgiram com uma empresa brasileira que mobilizou capitais por
emissões de ações na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro. Nas demais regiões do
país, houve clara hegemonia estrangeira nos segmentos de infraestrutura. Até o fim
dos anos 1920, porém, não houve, do ponto de vista do mercado, restrições de
oferta de energia elétrica. Desde seus primórdios, o acesso à disponibilidade de
energia elétrica consagrou-se como um desejo popular urbano. A partir da Grande
Depressão e até o final da Segunda Guerra Mundial, o problema do suprimento
energético colocou-se como restrição ao desenvolvimento industrial e urbano. O
Estado Novo abandona, progressivamente, a postura liberal, e marca uma nova
institucionalidade para o segmento de hidroeletricidade, ao promulgar o Código
Nacional de Águas e passar a controlar, de maneira efetiva, as tarifas do setor. O
projeto nacional de desenvolvimento, via industrialização e urbanização, considera a
oferta energética, em especial a elétrica – à frente dos sinais de mercado – como
decisiva para a criação da indústria e para o crescimento do consumo pessoal. A
inauguração, em 1963, da Usina Hidrelétrica de Furnas marca a implantação efetiva
da interligação do sistema elétrico brasileiro, ao interconectar o suprimento de Minas
Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro.
Desde o Plano de Metas de Juscelino Kubitschek, o Brasil procurou desenvolver a
indústria de material elétrico pesado. A engenharia de grandes obras hidráulicas
ganha maturidade tecnológica, e faz surgir um complexo de empreiteiras nacionais
de porte voltadas para o setor. Dispunha o Brasil do setor produtor de bens e
serviços especializados em ampliação e em capacidade produtiva no setor
energético. Dadas as potencialidades hídricas do país, o aperfeiçoamento dos
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padrões de planejamento setorial e a operação num macrossistema hídrico
integrado compuseram o quadro impulsionador deste vetor energético. No início
dos anos 1950, a questão do petróleo começa a ser equacionada no Brasil com a
constituição do monopólio estatal de petróleo e fundação da Petrobras.
A mediocridade do crescimento brasileiro não engendrou apenas a paralisia nas
matrizes energética e logística. É visível que seu desempenho se atrofiou e se
degradou. A erosão da infraestrutura tem sua macroexplicação no percurso
rastejante da economia nacional e nas respostas político-econômicas setoriais
adotadas durante o último quarto de século.
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Pelo que eu entendi, o autor coloca muita expectativa no futuro do Brasil no pré-sal
como um fonte de reservas que tende a se valorizar. No entanto, ele ressalta
constantemente a importância de uma reorientação na política de exportação para
favorecer produtos de maior valor agregado.
Sobre a política de desenvolvimento regional, o autor diz que em termos de
infraestrutura, é extremamente meritória a preocupação de integrar, consistente e
equitativamente, o Nordeste ao conjunto da economia nacional. O empenho na
transposição do rio São Francisco é altamente meritório, mas deveria estar
acompanhado do anúncio inequívoco de instalação da Usina de Belo Monte, no
Xingu. Propor termoeletricidade a gás natural e acenar com energia eólica não
materializam o Nordeste como importante frente nacional de desenvolvimento. A
Ferrovia Norte-Sul e a Transnordestina, combinadas com a energia elétrica de Belo
Monte e boa água transposta do São Francisco (uma preliminar à futura contribuição
do Tocantins) produziriam no Nordeste transformação equivalente à que Brasília e
sua rede logística estimularam no Centro-Oeste e na Amazônia Meridional.
Ele ressalta a importância do PAC, mas atribui ao programa somente a ideia de ser
uma antessala de um programa de revitalização dos investimentos públicos em
infraestrutura.
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transformações produtivas , amento de competitividade e aprofundamento a
dependência de uma país ou de uma região, mantendo as condições de
subdesenvolvimento, mesmo com a elevação do nível de produção e de renda que
elas proporcionam. Seu impacto no desenvolvimento econômico dependerá muito
mais do padrão de reprodução do capital dominante numa dada formação socio-
espacial e do projeto político, econômico e social que se estabelece em cada país
com vistas ao futuro.
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Espacial: organiza o território, formando redes que conectam países, cidades e
regiões em uma mesma lógica de acumulação, o que influencia a divisão
territorial do trabalho, as especializações produtivas, as complementariedades
entre diferentes regiões e os padrões de estruturação socioespacial, é elemento
decisivo na integração dos mercados e na organização da produção, ao
possibilitar a circulação de mercadorias, de capital, de pessoas e de
informações. É através dela que a rede urbana se integra.
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Investimentos em infraestrutura são estruturadores do territórios e definidores
do papel de cada região na divisão do trabalho e nas relações de produção que
se estabelecem nelas. Foi através da infraestrutura que o Estado planejou o
território.
As economias subdesenvolvidas, com históricos problemas de financiamento de
longo prazo, apresentam dificuldade maior de conciliar os objetivos econômicos com
os sociais, o que aumenta a pressão sobre os investimentos de infraestrutura, os
quais podem ser direcionados tanto para a acumulação de capital, quanto para o
desenvolvimento social. No Brasil, a ausência de infraestrutura urbana convive com a
prioridade dos investimentos dado para as infraestruturas econômicas necessárias
para a reprodução e circulação do capital, a despeito dos esforços feitos pelo Estado
para garantir a universalização de determinados serviços de utilidade pública no
auge da industrialização do país.
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Até da década perdida houve um discurso e esforço de conjugar a eficiência
econômica à equidade social nos investimentos em infraestrutura, isso se perdeu
com a crise daquela época e com as políticas neoliberais que preconizaram a
redução do Estado em face dos compromissos sociais, tornando a ação
governamental muito mais reguladores do que ofertante de bens públicos. Os
recursos necessários para superá-lo contrastam com a financeirização da economia,
que ampliou as disputas pelos fundos de alavancagem para novas inversões nessa
área. Como o neoliberalismo e com a financeirização, a infraestrutura vai perdendo
seu papel de "serviços de utilidade pública" e se volta prioritariamente para a
acumulação sob dominância do capital financeiro, guiada pelos sinais do mercado.
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2. Papel da logística e do transporte nesse movimento de maior abertura externa,
pois a combinação de baixo valor agregado, elevados volumes de produção e
grande distância das áreas produtoras das principais commodities até as vias
de escoamento para o exterior e para os maiores centros urbanos do país exige
verdadeiras adaptações dos espaços econômicos para o escoamento da
produção. Por isso, a partir de 1994 priorizou-se a realização de grandes
investimentos estruturadores de corredores de exportação, como o programa
dos Eixos Nacionais de Integração e Desenvolvimento (1990), a Iniciativa para
Integração da Infraestrutura Regional Sul Americana (século XIXI) e
recentemente os Programas de Investimento em Logística, assim como as
obras do PAC pós 2007.
3. Impactos da referida especialização em commodities sobre a rede urbana
brasileira e o espaço intraurbano de algumas cidades fora das áreas
metropolitanas, pois a dinâmica regional recente pressiona o crescimento de
cidades que servem de suporte para as atividades dinâmicas no novo padrão
de reprodução do capital, modificando seu espaço urbano, no entanto, suas
estruturas urbanas são esquecidas ou não priorizadas --> exemplo MCMV para
pequenos municípios foi deixada de lado à princípio.
Pouco espaço sobra para que investimentos dessa natureza por parte do setor
público, seja porque o ajuste fiscal recai primeiro sobre os gastos sociais, seja porque
a recessão econômica coloca maior dificuldade de financeiamento para a realização
desses investimentos. Já no setor privado, a lógica de mercado predomina como
único balizador na oferta de serviços urbanos.
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Adendos para a resposta:
Distribuição dos recursos para o MCMV: não consegui checar.
Necessidade de pensar a urbanização destas cidades pequenas X queda de
recursos em mãos dos Estados e municípios.
O autor avalia que o pais torna-se cada vez mais preparado para atender às novas
atividades economicamente dinâmicas, mas pouco se discute sobre as regiões que,
por carência de infraestrutura e ausência de dotação de capital, ficam à margem do
processo de acumulação, sofrendo as agruras sociais por seu atraso, também não se
discutem os impactos do modelo sobre o espaço urbano das áreas dinâmicas cujas
infraestruturas sociais chegam sempre com bastante atraso.
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O PAC nasceu de um imperativo categórico: a necessidade de o Estado elaborar e
implementar um certo pacote de investimentos em infraestrutura econômica
(transporte, energia, comunicações), social e urbana (habitação, saneamento e
mobilidade), com vistas a garantir a ampliação necessária da oferta de bens e
serviços de natureza pública, correndo atrás da própria expansão da demanda que já
vinha em curso no país. Nestes termos, não foi a instância legal do planejamento que
dinamizou a retomada do crescimento econômica ainda em 2004, organizando
posteriormente o PAC, mas o contrário, foram a retomada do crescimento e o
próprio surgimento do PAC em 2007 que fizeram avançar o planejamento setorial
em alguns aspectos e segmentos da infraestrutura crítica do país.
Não tendo sido planejado à priori, ele foi sendo conduzido e ajustado ao longo do
próprio processo de implementação. Todavia, o governo brasileiro ainda não
conseguiu transformar o PAC em referência integralmente crível para os
investimentos do setor privado, mormente a médio e longo prazos, primeiro pelo
custo do capital, em especial a volatilidade e altos patamares e câmbio e juros,
continua sendo um problema estrutural da economia brasileira. Em segundo lugar, a
estrutura tributária socialmente regressiva, juridicamente confusa e onerosa dos
setores produtivos, aliadas aos demais custos de transação constituem-se em
obstáculos ao cálculo econômico e à previsibilidade dos negócios.
Para o autor, o PAC insere-se neste novo cenário como um dos eixos estruturantes
do projeto de desenvolvimento brasileiro nos anos 2000, com ele, a emergência de
nova fase de crescimento econômico em anos recentes reacendeu a necessidade de
maior protagonismo do Estado, em meio à crise econômica internacional em curso
desde 2008, com fortes rebatimentos internos desde 2011, particularmente a
reativação de suas instituições e instrumentos de planejamento estratégico.
O autor também salienta importância das inovações institucionais trazidas pelo PAC.
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1. Fortalecimento do mercado interno: Transferência de renda, valorização do
salário mínimo, expansão do crédito, simplificação e desoneração tributária,
desoneração ao consumo, expansão e melhoria dos serviços públicos.
2. Expansão dos investimentos em infraestrutura econômica e social: PAC, PMCM,
PIL (Programa de Investimento em Logística), Bancos Públicos
3. Expansão do investimento para ampliar a capacidade produtiva em recursos
naturais: Pré-Sal, PAC< Concessões, Crédito Rural, Empresas estatais
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PAC 2
Fontes renováveis e
Energia
limpas
Prioridade nos
investimentos em
rodovias, portos,
aeroporto e ferrovias
do país, buscando
Transportes
otimizar o escoamento
da produção brasileira
e garantir a segurança
dos usuários dos
modais logísticos.
Infraestrutura social e
Cidade Melhor
urbana
Serviços sociais e
urbanos nas grandes
cidades brasileiras com
ação de ampliação na
Comunidade Cidadã
cobertura de serviços
comunitários nas áreas
de saúde, educação e
cultura.
contratação de
unidades habitacionais
Minha Casa Minha Vida
com prioridade a
famílias de baixa renda
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