“ciência da vinculação geográfica dos acontecimentos
políticos e tem por objetivo principal o aproveitamento racional de todos os ramos da Geografia no planejamento das atividades do Estado” (Rudolf Kjellen, 1916)
“É a política estabelecida em virtude das condições
geográficas” (Everardo Backeuser) Ratzel “E que venham a supor que, num povo em vias de crescimento, a importância do solo não seja tão evidente, que observe esse povo no momento da decadência e da dissolução! Não se pode entender nada a respeito do que ocorre se não for considerado o solo. Um povo regride quando perde território. Ele pode contar com menos cidadãos e conservar ainda muito solidamente o território onde se encontram as fontes de sua vida. Mas se seu território se reduz, é, de uma maneira geral, o começo do fim” (Ratzel: As leis do crescimento espacial do Estado) Mahan e o poder marítimo Teoria do Poder Marítimo (1890) - almirante Alfred Mahan (EUA) “A terra é quase sempre um obstáculo, o mar quase todo uma planície aberta; uma nação capaz de controlar essa planície, por meio: do poderio naval, e que ao mesmo tempo consiga manter uma grande marinha mercante, pode explorar as riquezas do mundo.” A expansão dos EUA a partir de 1867 O Poder Marítimo Mackinder e o Heartland
Quem governa a Europa Oriental dominará o Coração
Continental; quem governa o Coração Continental dominará a Ilha Mundial; quem governa a Ilha Mundial dominará o mundo (Mackinder,Halford- 1919,O Pivô geográfico da história- p.106) Mais que um conceito geográfico, com limites físicos claramente demarcados no mapa da Eurásia, o Heartland é uma ideia estratégica, concebida teoricamente no começo do século e testada empiricamente ao longo de duas guerras mundiais. Formulada originalmente como Pivot Area, em 1904, e reelaborada sob a denominação de Heartland, em 1919, essa ideia estratégica assume seu conteúdo definitivo no último artigo de 1943. Tal conceito foi cunhado por Mackinder para designar o núcleo basilar da grande massa eurasiática que coincidia geopoliticamente com as fronteiras russas do início do século. Itaussu, Leonel- Quem tem medo de geopolítica? Na descrição de Mackinder, o gigantesco núcleo eurasiático possuía três características físicas essenciais. O Heartland era incomparavelmente a mais extensa região de planícies de todo o globo terrestre. Essa região era quase totalmente isolada do mundo exterior, já que seus grandes rios desembocavam nos mares do interior da Eurásia ou nas costas geladas do Oceano Ártico: o Ob, o Ienessei e o Lena desaguam no litoral norte da Sibéria; o Amudária e o Sirdária, no mar de Aral; o Volga e o Ural, no Mar Cáspio. Finalmente, a topografia plana de suas estepes meridionais oferecia condições ideais à mobilidade dos povos nômades-pastoris da Ásia Central. Esses aspectos físicos faziam daquela região mediterrânea e enclausurada um baluarte natural. O Heartland era uma fortaleza inacessível ao assédio do poder marítimo das potências insulares ou marginais da Eurásia, favorecendo ao mesmo tempo o desenvolvimento do poder terrestre da potência continental que possuísse ou viesse a conquistar aquela região basilar.
Itaussu, Leonel- Quem tem medo de geopolítica?
As quatro Pan-Regiões de Karl Haushofer O haushoferismo advogava uma aliança da Alemanha com a Rússia e o Japão, que deveriam ajustar suas respectivas esferas de influência e formar uma nova constelação de poder na Eurásia. Na visão de Haushofer, essa partilha levaria à constituição de três grandes áreas supercontinentais denominadas pan-regiões: a Euráfrica (englobando Europa, África e Oriente Médio)- submetida à suserania alemã; a Pan-Ásia (abarcando a China, Coreia, Sudeste asiático e Oceania)- sob domínio japonês e, entre ambas, a Pan- Rússia (gigantesca zona tampão formada pela Rússia, Irã e Índia)- tutelada pela União Soviética. Finalmente, o general geógrafo alemão concebia ainda uma quarta pan-região- a Pan-América- que englobava todo o continente americano sob domínio dos EUA. Em síntese, a Geopolitik de Haushofer defendia a constituição de um bloco transcontinental eurasiático, formado por uma aliança russo-germânico-japonesa que teria a sua disposição um excedente de poder não compensado, em termos militares, econômicos e demográficos, capaz de colocar em xeque o poderio naval do Império Britânico. Itaussu, Leonel- Quem tem medo de geopolítica? Haushofer e Hitler “Sob o ponto de vista puramente militar, as consequências, no caso de uma guerra da Alemanha e da Rússia contra o ocidente da Europa e, provavelmente, também, contra o resto do mundo, seriam verdadeiramente catastróficas. A luta desenrolar-se-ia, não em terreno russo, mas em território alemão, sem que a Alemanha pudesse receber da Rússia o menor auxílio eficiente (...). Assim, pois, o simples fato de uma aliança com a Rússia é uma indicação da próxima guerra. O seu desenlace seria o fim da Alemanha (...). Admito que, durante a guerra teria sido melhor para a Alemanha que ela tivesse renunciado à sua louca política colonial e à sua política naval, que se tivesse unido à Inglaterra em uma aliança de defesa contra a invasão da Rússia.” (Hitler, Adolf- Minha luta- São Paulo-1962- pág.409-412) Spykman e o Rimland “ O Rimland da massa terrestre eurasiática deve ser visto como uma região intermediária entre o Heartland e os mares marginais. Ele funciona como uma vasta zona amortizadora no conflito entre o poder marítimo e o poder terrestre. Com vistas para ambas as direções, ele tem uma função anfíbia e deve defender-se em terra e no mar. No passado, ele teve de lutar contra o poder terrestre do Heartland e contra o poder marítimo das ilhas costeiras da Grã- Bretanha e do Japão. É na sua natureza anfíbia que está a base de seus problemas de segurança.” Spykman, N.J- The Geography of the Peace. 1944 “Em outras palavras nunca houve na realidade uma esquemática oposição poder terrestre versus poder marítimo. O alinhamento histórico sempre foi de alguns membros do Rimland com a Grã- Bretanha contra outros membros do Rimland com a Rússia, ou então Grã-Bretanha e Rússia juntas contra um poder dominante do Rimland. O ditado de Mackinder ‘Quem controla a Europa Oriental domina o Heartland; quem controla o Heartland domina a World Island; quem controla a World Island domina o mundo’ é falso. Se é para ter um slogan para a política de poder no Velho Mundo, este deve ser ‘ Quem controla o Rimland domina a Eurásia; quem domina a Eurásia controla os destinos do mundo.” Spykman, N.J- The Geography of the Peace. 1944 IMPORTÂNCIA DOS RECURSOS O conflito de dois Estados pela posse de uma região não é apenas um conflito pela aquisição de um pedaço de território, mas também pelo que ele contém de população e/ou recursos. Freqüentemente o objetivo declarado mascara os verdadeiros trunfos. (RAFFESTIN,Por uma geografia do poder, 1993, p. 58). MATÉRIA-PRIMA E RECURSOS “A província do Quebec decidiu nacionalizar a exploração do amianto, matéria cuja utilidade é indispensável e indiscutível. Até aí, nenhum problema se nenhuma indústria química chegar a aperfeiçoar um processo que crie um bem de substituição que não seja mais caro que o amianto e que possua todas as propriedades dele, colocando em risco o amianto da província, que poderá deixar de ser um recurso para voltar a ser um mineral de pouca utilidade. A coisa, no entanto, é mais provável do que se possa pensar” (RAFFESTIN, 1993, p.251 e 252). Exemplo de questão (1ª FASE DE 2014) Se necessário for definir um paradigma para a geopolítica desde que se constituiu como disciplina, certamente este seria o do realismo, no campo das relações internacionais. A obra de Friedrich Ratzel, teorizando geograficamente o Estado (1897), constitui uma fonte crucial para a análise das relações entre o Estado e o poder. B. Becker. A geopolítica na virada do milênio. In: Geografia: conceitos e temas,Castro et al. (Orgs.). Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995, p. 273 e 277 (com adaptações). Acerca do paradigma mencionado no fragmento de texto acima e de suas relações com a obra político-geográfica de Friedrich Ratzel, julgue (C ou E) os itens a seguir. 1. As leis do crescimento espacial dos Estados enunciadas por Ratzel retificam os princípios básicos do realismo político. 2. A relação do Estado com o solo reforça a concepção ratzeliana do espaço vital como o espaço fundamental à expansão de um complexo povo. 3. Por reconhecer a exclusividade dos Estados como atores internacionais, o realismo político coaduna-se com os parâmetros da geopolítica clássica. 4. Por considerar o Estado como organismo vivo, a geografia política ratzeliana contradiz o paradigma do realismo político. 1ª FASE DE 2014) Karl Haushofer era militar de carreira, mas sua saúde frágil tornou-lhe difícil o exercício de comando na guerra. Ele se orientou, então, para as funções do Estado-Maior. E serve, por isso, de 1908 a 1910, como adido militar em Tóquio. Ele é, assim, iniciado à geopolítica dos militares e à dos diplomatas. P. Claval. Géopolitique et géoestratégie. Paris: Nathan, 1994, p. 25 (com adaptações). Em relação à hipótese geoestratégica do poder mundial elaborada por Karl Haushofer, julgue (C ou E) os itens subsequentes. 1. A panregião da Euráfrica, sob liderança alemã, englobava a Rússia, subordinada aos imperativos geopolíticos das potências europeias. 2. A idealização de panregiões comandadas por potências específicas da Europa, Ásia e América estava associada à neutralização do Império britânico, concebido como panregião fragmentada. 3. A formação das panregiões impedia a consolidação de espaços autárquicos, devido às diversas faixas latitudinais dessas áreas de influência estratégicas. 4. Segundo essa hipótese, o objetivo estratégico baseava-se na consolidação do poder marítimo e naval mundial sob o comando da Alemanha. Novas teorias geopolíticas