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Halford Mackinder é um geógrafo britânico que pensava a posição inglesa

quanto ao surgimento de uma potência terrestre capaz de sobrepujá-la e para isso


estabelece sua teoria do poder terrestre.

O autor entendia o mundo como um sistema político fechado com o fim da “era
colombiana” (auge do poder marítimo) e com o desenvolvimento de tecnologias como a
locomotiva e as ferrovias, que deixaram o transporte terrestre mais eficaz que o
marítimo. Outro fator trabalhado por Mackinder é a questão da causalidade geográfica
na história, ou “materialismo geográfico”, que consistia em acreditar que a posição
geográfica de um país vai determinar sua vocação marítima, para os países insulares,
terrestre, para os países mediterrâneos, ou até um caráter anfíbio para países que têm as
duas características combinadas. Nesse caso, os poderes marítimos e terrestres vão estar
sempre em rivalidade, onde as potências mediterrâneas vão usar sua posição central
para expandir em direção ao mar e a potência insular vai usar seu poder marítimo para
manter a potência terrestre encurralada em seu território, porém o autor defende que a
potência terrestre, por dominar o coração continental teria mais possibilidade de
desenvolver uma marinha do que as potências insulares têm de criar um exército.

A teoria do Heartland, que começa a ser trabalhada em 1904, é a noção da


existência de uma “área pivô”, uma região no centro da Eurásia, extensa em planícies e
inacessível ao poder marítimo, que seria capaz de fornecer elementos estratégicos para a
dominação da Ilha mundial: composta pela África, Ásia e Europa cercadas por um único
oceano, o Grande Oceano.

Em torno dessa “área pivô” se situariam penínsulas ou regiões marginais:


Europa, Oriente Próximo, Índia e China, o que demonstra a subordinação da Europa à
história asiática, sendo considerada uma península da Eurásia. Essa região seria
denominada o Crescente Interno, uma barreira física ao poder marítimo e área de
expansão natural do poder terrestre. Já o Crescente Externo seria composto pelas
Américas, Inglaterra, Austrália e Japão, protegidos pelo Grande Oceano e onde a
potência marítima domina.

Em 1919, com o fim da Primeira Guerra Mundial, Mackinder volta a contribuir a


sua tese, afirmando que a potência insular somente vencer a guerra porque tinha ao seu
lado a Rússia, detentora da área pivô, que foi reelaborada no conceito de Heartland, com
uma extensão ainda maior.

Em sua análise, Mackinder afirma que um dos fatores que levou a derrota da
Alemanha foi o erro estratégico do Plano Schilieffen, que caso tivesse atacado primeiro
a fronte oriental e se apossado dos recursos do Heartland teria mais chances de vencer a
fronte ocidental em seguida. Sua conclusão para o problema britânico era a criação de
um “cordão sanitário”, formado por Estados tampões como forma de impedir uma
aliança entre Rússia e Alemanha ou a conquista de uma pela outra, formando uma
potência terrestre capaz de colocar em risco a Inglaterra.
Porém, esse cordão sanitário logo se mostrou ineficaz com as invasões nazistas,
em busca do Heartland russo e a conquista do seu espaço vital, entretanto os nazistas
acabaram sendo derrotado pela combinação do poder terrestre soviético e o poder
marítimo anglo-americano.

Em 1943, quando os aliados já começavam a ser vistos como vencedores da


Segunda Guerra Mundial, Mackinder fez mais uma mudança no Heartland, dessa vez
diminuindo sua extensão, mas mantendo suas características essenciais: topografia plana
e isolamento mediterrâneo. Junto com essa mudança o autor apresenta um novo
conceito: o Midland Ocean. Esse conceito compreendia o Atlântico Norte e seus mares
subsidiários e regiões da Groelândia, Reino Unido e Islândia, através disso seria capaz
de entender a futura Guerra Fria, por meio da OTAN e Pacto de Varsóvia, uma disputa
entre a potência que controla o Midland Ocean, os Estados Unidos, e a potência que
controla a Heartland, a União Soviética.

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