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O IMPERIALISMO ESTADUNIDENSE E OS IMPACTOS

NA AMÉRICA LATINA
“O imperialismo é o capitalismo na fase de desenvolvimento em que ganhou
corpo a dominação dos monopólios e do capital financeiro (mercado livre,
surgimento de bancos, das S.A’s), quando ganhou significativa importância a
exportação de capitais (empresas multinacionais), quando se iniciou a
partilha do mundo pelos trustes internacionais e terminou a partilha de toda a
terra entre os países capitalistas mais importantes (imperialismo europeu
sobre Ásia e África, e americano sobre a América latina) .” 
(LÊNIN. O Imperialismo, fase superior do Capitalismo, 1916)
O nascimento do imperialismo norte-americano
• Fatores
• Destino Manifesto: presente em todas as políticas dos presidentes, e o
imperialismo dos EUA (interesses geoestratégicos nas ilhas do Hawai,
Caribe, América Central, nos istmos com a América Latina, ligações de
terras continentais e dois grandes oceanos, que facilitam a ligação de uma
ponta a outra, como o Canal do Panamá;
• Doutrina Monroe – 1823 “ A América para os americanos” (muito mais
política que uma força que realmente impediria o intervencionismo
europeu);
• Fim do Colonialismo: “(...) como um princípio... Que os continentes
americanos, pela condição livre e independente que assumiram e
mantêm, daqui para frente não serão considerados como sujeitos à futura
colonização por nenhuma potência europeia” (FREEMAN e NEARING
(1928) apud FERGUSON (2011).
• A despeito da Doutrina Monroe, potências europeias fizeram múltiplas
intervenções no continente, desconsiderando as afirmações de Monroe.
• Panamericanismo: as repúblicas independentes do sec XIX (exceção do
Brasil, que era império), com o fim do imperialismo hispano-português na
América Latina, reuniram-se primeiramente no Panamá no 1º Congresso
Panamericano (1826), cujos objetivo eram:
• 1º Fortalecer os Laços
• 2º Evitar ameaças de colonização por parte dos EUA (Doutrina Monroe) e
recolonização por parte da Europa
• 3º fortalecer os laços econômicos para fortalecer os países;
• Desconfiança: Brasil e EUA não participaram na maioria das vezes desses
congressos, por desconfiança em relação aos interesses imperialistas dos
EUA, e por o Brasil ser um império, indo contra os ideais republicanos dos
países, isolando-se na conjuntura regional.
• Idealizado por Simón Bolivar, que buscava uma unidade territorial na
américa Latina com a ideia de um país-continente, mas não foi alcançada
por conta dos interesses antagônicos das inúmeras lideranças oligárquicas
brancas espalhadas pelo território, formando vários países e Estados-nação.
• Resultados desses congressos: quase nenhum, porque no fundo, qualquer
proposta de integração e acordo não conseguia avançar; tão somente
ensaiaram uma tentativa de aproximação, que não trouxe resultados no
início do século XX.
O nascimento do imperialismo norte-americano
O Caribe e o Leste Asiático: interesses norte-americanos no Caribe, região
cobiçada pelos britânicos e desejo dos EUA de expandirem o comércio em direção
ao Leste Asiático (EUA obriga o Japão a abrir suas fronteiras internas
bombardeando-o em 1854); visto que já haviam consolidado as fronteiras
internas, agora a meta era as externas.
Empecilho do Capital Inglês: limitam o avanço norteamericano, ferrovias, café, etc,
devido ao interesse britânico na América, limitando o avanço estadunidense no
Caribe.
Poder Marítimo: Os EUA desenvolveram um programa naval belicoso ambicioso,
essencial para avançarem sobre o Caribe e América Central. Em 1907, a frota
estadunidense só perdia para a Marinha Real, inspirados pela Teoria do Poder
Naval, do Alte Alfred Mahan, que defende que os EUA detêm amplas capacidades
de se tornar potências marítima, aos moldes ingleses, seja no âmbito material,
territorial (grandeza do continente) ou nas características insulares semelhantes
às britânicas.
Legitimação: No início de 1900 os britânicos reconheciam os EUA como um
império digno de concessões, entrando num seleto grupos de potências mundiais,
com a legitimação dos EUA perante o mundo.
This illustration shows European dignitaries observing the naval might of the U.S. from
afar. The illustration portrays a sense of envy at the power and size of the Navy, and the
Statue of Liberty in the background represents the ideologies which the U.S. protected
through the Monroe Doctrine.

http://projects.leadr.msu.edu/usforeignrelations/items/show/234.
A Guerra Hispano-Americana (1898)

Interesses expansionistas estadunidenses esbarravam na resistência colonial da


Espanha.
Simpatia pelos insurgentes cubanos que lutavam por independência e oposição a
resposta violenta dos espanhóis.
O governo norte-americano foi pressionado pelos empresários que vinham tendo
pesadas perdas em seus investimentos no açúcar, causadas, segundo eles, pela
incessante guerra de guerrilha na ilha (OPERA MUNDI, 2010).
A importância estratégica da Ilha no Caribe e na América Central, o projeto da
abertura de um canal no istmo ligando os oceanos e principalmente a Doutrina
Monroe da “América para os americanos’ levaram Washington a agir.

Afundamento do Navio de Guerra: no começo de 1898, no governo de McKinley, as


divergências entre EUA e a Espanha foram seguidas pelo afundamento do navio de
guerra Maine no porto de Havana em 15 de fevereiro de 1898 em que morreram
260 homens.
McKinley, em 24 de abril, a Espanha declara guerra aos EUA. No dia seguinte, os
EUA replicam declarando guerra à Espanha retroativamente a 21 de abril.
A Guerra foi curta, derrotada a Espanha assumiu as dívidas de Cuba; Porto Rico e
Guam foram cedidos aos Estados Unidos a título de indenização e as Filipinas lhes
foram entregues em troca de 20 milhões de dólares.
Guerra Hispano Americana de 1898
• Embate com as posses hispânicas: interesses americanos esbarram no imperialismo
hispânico, pois interveio nas ilhas do Caribe, pertencentes à Espanha. Havia uma simpatia
americana nas revoltas cubanas contra a Espanha, e os empresários americanos de
açúcar, tinham seu negócios comprometidos com as inúmeras guerras de guerrilhas que
aconteciam no território, as quais incluíam sabotagem de ruas, portos, o que inviabilizava o
comércio, cobrando, pois, do governo estadunidense, uma maior postura diante da
situação.
• Estopim: Mckinley, então presidente dos EUA, o mesmo que haveria de ser assassinado,
foi criticado pelo embaixador espanhol, o que já gera um choque entre os países. O
estopim do conflito foi a explosão do Navio de Guerra Maine no porto de Havana, em Cuba,
com a morte de americanos;
• Desfecho: A guerra durou apenas poucos meses, com a vitória estadunidense, exigindo
indenização aos gastos com Cuba, independente em 1902; Porto Rico e as Ilhas de Guam
passam aos EUA como protetorado. Lembrando que os EUA estão esticando seus braços
para a Ásia, ocupando o porto de Manilla e anexando as Ilhas Filipinas ao seu território,
comprando-os da Espanha.
Corolário Rosevelt

Rev
Mexicana
Teoria da Baleia (do Poder Marítimo): O almirante ALFRED THAYER
MAHAN, elaborou uma proposta global para os EUA. Segundo sua visão, os
EUA eram uma “grande ilha” cercada por dois enormes oceanos: o Atlântico
e o Pacífico. Portanto, seria um país quase impossível de ser invadido,
contanto que tivesse como aliados o Canadá e o México. Mas, também
seria fundamental manter a América Central como “zona de influência”.
Potência insular, os EUA não precisariam de um exército forte, mas de
esquadras navais poderosas: uma no Pacífico e outra no Atlântico. Estas
frotas, numa emergência, se ajudariam: daí a necessidade de uma
passagem entre o Atlântico e o Pacífico próxima ao território norte-
americano. Nascia assim , a chamada “Teoria da Baleia”.
Teoria do Urso (da União Soviética)

-Corolário Roosevelt: apoiava as determinações da Doutrina Monroe,


como também a complementava, proibindo ações na América Latina que
não partissem dos Estados Unidos. Esse Corolário fortaleceu a indústria, o
comércio, o Exército e a Marinha, pois acreditava que apenas os países
fortes sobreviveriam, teorias geopolíticas estavam avançando a todo vapor
nesse início de século XX, devendo as potências priorizar a sua
sobrevivência num sistema internacional anárquico.
-Big Stick: na mesma linha da Doutrina Monroe, Theodore Roosevelt, 26º
presidente norte-americano (1901 a 1909), instituiu o que denominou Big
Stick (Grande Porrete), que era baseado na ideia de um provérbio africano
que dizia “Fale com suavidade e tenha na mão um grande porrete”. Com
isto o presidente dos EUA mostrava que, para proteger os Estados Unidos,
agiria com diplomacia, mas não hesitaria em utilizar sua autoridade, caso
fosse necessária, diplomacia pra convencer dos interesses, mas usa porrete
se não aceitar.
Emenda Platt: emenda para garantir a intervenção em Cuba, incorporada à
constituição cubana em 1902, a Emenda dava aos EUA o direito de intervir,
se necessário nos assuntos domésticos e na política externa da ilha. E dava
aos EUA direito de construir bases na costa cubana, como a de
Guantánamo (onde viriam a assistir prisioneiros, sem direitos), acordo
firmado junto ao governo cubano.
Revolução no México concluída por Emiliano Zaplaca e Pancho Vila, líderes
mexicanos que visavam à reforma agrária e um governo popular, líderes da
revolta. Não interessa à elite mexicana que haja uma reforma agrária e que esse
ideário estendesse aos outros países da América Central, Estados unidos enviam
tropas com aval do governo do México (Elites).
Anos 60 já traz a revolução cubana por Fidel Castro (1959), EUA tenta derrubar o
governo de Fidel Castro com um Bloqueio econômico, mas a URSS logo começa a
apoiar a ilha, 1962 crise dos mísseis
Imperialismo missionário (ajuda humanitária, ajudar o Iraque, mandar médicos,
enfim, mas há por trás disso o interesse do petróleo do Iraque) EUA usa muito
esse discurso para obter seus interesses
Um Canal de Ligação: No Caribe, Theodore Roosevelt iniciou a construção do
canal do Panamá, apaziguando os poderosos investidores franceses da
French Panamá Canal Company, e contrariando a Colômbia, que recusava as
condições norte-americanas para construir em seu território. Não admitindo
que ‘os interesses da civilização como um todo’ fossem contrariados por
‘latinos’ , o presidente estimulou uma revolução de independência
panamenha em troca do acordo para a construção do canal. Mais tarde a
Colômbia seria parcialmente indenizada. (KARNAL et all, 2016, p.169), a ideia
do Big Stick, diplomacia buscou convencer, não aceitou, usa-se o porrete.
Criação de um Canal Ligando dois Oceanos e o
Istmo

Projeto inicial: Nicarágua existe um grande lago chamado Mosquito, no


qual fora proposta a construção do canal, mas não foi à frente devido aos
custos de utilizar o território nicaraguense;
Intervenção no Panamá seria melhor,
No Panamá: Os EUA buscam negociar com o governo Colombiano para
construir o canal, mas o governo não aceitou que os EUA tenham controle
de parte de seu território, EUA usa seu porrete incentivando revoluções
panamenhas em troca de construir seu canal no território
EUA constrói seu canal e toma posse dele até 1997, quando então lho
devolve.
Um novo projeto chinês: o governo Chinês junto ao governo nicaraguense
promove um projeto de construir um canal paralelo ao canal panamenho
Política de Estado Interventora: Diferentemente de política de governo, que é
mais volátil, a política de Estado é constante, e assume um caráter
interventor; entre 1900 e 1920, os EUA intervieram nos assuntos internos de
pelo menos seis países do Hemisfério.
Sob William Taft (1909-1913), sucessor de Roosevelt, o
intervencionismo assumiu uma conotação econômica, ao passo que mais
tarde, sob Woodrow Wilson(1913-1921), adquiriu a forma de ‘imperialismo
missionário’ (ajuda humanitária no Iraque visando ao Petróleo): os norte-
americanos se reservavam o direito de ‘esclarecer e elevar povos’, pela força,
se necessário. O presidente Wilson fazia discursos anti-colonialistas e, apesar
disto, interveio em Cuba, estabeleceu protetorados no Haiti e República
Dominicana (Porto Rico) e ainda apoiou uma ditadura na Nicarágua (Política
de Estado). O conflito mais visível entre princípios e práticas ocorreu durante
a Revolução Mexicana, quando levou os EUA à beira da guerra a fim de
‘ensinar o conturbado México a eleger boa gente’ (KARNAL et all, 2016,
p.169).
Um Imperialismo diferente: em vez de ocupar e administrar colônias no
sentido próprio, os Estados Unidos podiam usar seu poderio econômico e
militar para promover a emergência de ‘bons governos’ em países
estrategicamente importantes. Inicialmente isso significava não apenas
governos pró-americanos, mas governos ao estilo americano, que fazem o
que os EUA querem (FERGUSON, 2011,p.93).
Assim, nasceu o paradoxo que haveria de ser um traço característico da
política externa americana por um século: o paradoxo de impor a democracia,
de forçar a liberdade, de extorquir emancipação. (FERGUSON, 2011, p.94).

O Fardo do Homem Branco Americanizado:(...) Outras explicações para essa


política externa ressaltam a reafirmação do ‘Destino Manifesto’ , sob a forma
de anglo-saxonismo: a crença de que a nação norte-americana ‘anglo-
teutônica’ era superior do ponto de vista racial e tinha uma missão civilizatória
a realizar: nesse sentido, o mundo estaria sendo beneficiado com a
expansão, bem como a guerra manteria virtudes morais altas e os espíritos
disciplinados, em pressupostos bem próximos aos do darwinismo social.
(KARNAL et all, 2016, p.170).
Dominação das Empresas sobre os Estados Unidos
EUA haviam apegando-se ao liberalismo de Adam Smith, nunca intervindo na
economia, mas a Crise de 1929 quebra isso, a qual explodiu sua bolha ao
continuar investindo capital financeiro na expansão da produção mesmo após
a perda de mercado na Europa, e a primeira medida tomada pelas empresas
foi o corte de gastos, demitindo seus empregados em massa, o que fez por
quebrar o mercado consumidor americano também.
Governo Rosevelt: assume e muda isso com o plano econômico New Deal,
investindo em sindicatos, criando uma legislação trabalhista, na previdência
trabalhista, obras públicas, e, dessa maneira, incentivando a classe
trabalhadora, o que fomenta a economia aumentando o mercado consumidor,
gerando mais e mais dinheiro. Isto por sua vez, vai crescer os olhos dos
grandes empresários.
Dominação Empresarial: os empresários vão alegar que não precisam do
estado, pois vivem em sua própria bolha, com segurança, estudo, moradia
privados, logo, como eles “geram lucro” (sendo que na verdade, eles
dependiam, pois a riqueza deles provinha da classe trabalhadora, o mercado
consumidor e a mão de obra de suas empresas), eles além de não pagarem
impostos, devem receber impostos, o que gera uma evasão de dinheiro
absurda.
Dominação das Empresas sobre os Estados Unidos

Governo Reagan: apoia esse partido político dos empresários; às massas,


conquanto, ele se demonstra patriota na televisão, sendo tornado um herói;
mas, na verdade, ele e outros poderosos pouco ligam para o país, o qual
passa a pertencer a uma classe sugadora que só estraga o país em prol de
ganhar mais e mais lucro, inclusive mudando sua produção para paraísos
fiscais, lugares em que a mão de obra é ainda mais barata, diminuindo ainda
mais o valor dos trabalhadores do país.
Uma outra evasão: A classe trabalhadora, mesmo sem dinheiro por conta dos
grandes empresários, busca manter o padrão de vida, “american way of life”,
recorrendo aos banqueiros por meio de empréstimos, sendo que no 11 de
setembro estoura a bolha, elevando os juros. Os bancos, por sua vez, vão
tomar casas, mas ainda assim não é o suficiente, pois querem o dinheiro de
volta. Reagan libera então 1 trilhão de dólares para esses banqueiros e outros
empresários, o que ficou conhecido como a maior evasão histórica de
dinheiro do mundo.
A POLÍTICA
EXTERNA NORTE-
AMERICANA
AMÉRICA LATINA
Algumas Razões Políticas e Geopolíticas para
atuação na América do Sul
Justificar altos investimentos no setor de segurança antes de 11 de
setembro. A maior justificativa trazida seria o narcotráfico, pois os países
andinos são grandes produtores de cocaína e canabis (junto ao México)
para o mercado norte-americano;
O Narcotráfico e as Guerrilhas na Colômbia: o país continua a ser o
principal centro produtor de cocaína no mundo, com cartéis que dominam
o comércio (Cartel de Medellín, como maior representante Pablo Escobar,
e o de Cáli, no Sul da Colômbia). É também o país que ainda tem as
guerrilhas mais ativas na América Latina, como as FARCs;
•FARCS: (Forças Armadas Revolucionárias Colombianas), grupo
armado marxista associado aos narcotraficantes colombianos. Há seu
contrapeso, o ELN (Exército de Libertação Nacional), braço de
mercenários no território colombiano para combater as FARCS,
financiado muitas vezes pelo Governo Colombiano, mas também pelas
elites, e é considerado de certa forma como grupo de direita).
Houve um projeto por parte das FARCs de entregarem as
armas, desde que fossem anistiados e integrassem à estrutura
colombiana como partido político, o que ocorreu, embora sempre haja,
em qualquer movimento, uma dissidência que continua atuando.
Ocorreu sim um progresso do diálogo do governo Colombiano com as
FARCs, para o avanço do projeto de paz, devido à perda de força
diante das alianças delas com os narcotraficantes, aliança essa que
visava capital para fortalecer o movimento (compra de armas).
•Proximidade territorial com pontos estratégicos: tanto com a
Venezuela, principal fornecedor ocidental de petróleo aos EUA,
quanto com o Canal do Panamá, visando monitorá-lo. Os EUA,
alegando motivos políticos relacionados à luta entre esquerda e
direita nos governos Chavez e de Nicolas Maduro (ambos de
esquerda e apoiados pelo Exército, maioria nos membros do
governo), defendia a invasão do território venezuelano, aos moldes
do Iraque, em busca das bacias petrolíferas. Há também o
imperialismo estadunidense por meio da ajuda humanitária, a qual a
Venezuela repudia violentamente, dizendo que é mais uma tentativa
americana de ter acesso às bacias gaseifas e petrolíferas.
•Região rica em recursos estratégicos e essenciais para a o
capitalismo dos EUA: A América do Sul possui grandes reservas
minerais, como por exemplo o lítio, importante para 3º e 4º rev
industrial. Esse imperialismo não é exclusivo dos EUA, mas também
envolve outras potências, vista, por exemplo, a presença chinesa na
Argentina;
•Governos latinos com alto grau de corrupção. Todos os governos,
diferenciando-se em graus, apresentam corrupções, faltando
dinheiro para combater, a violência, a falta de educação, o
narcotráfico;
•Estabelecimento de acordos bilaterais com os EUA, acordos
econômicos (EUA-Chile), militares (Plano Colômbia), etc
Lavagem de dinheiro no mapa: paraísos fiscais, baixas taxas bancárias, etc ,
como no Sun Belt, URUGUAI, e Caribe.
Sub Comando do Sul no Contexto do Código da Prevenção

Miami
Territórios-zona e Territórios-Rede
Primeiramente, o significado de “território”, imbui relações de poder.
Territórios-zona (tradicionais e modernos): Controle do espaço através de
zonas e limites ou fronteiras, domina o elemento zona ou área, prioridade à
estabilidade (“identidade nacional”) ou à fixação (“enraizamento”, estática).
Podem ser mais funcionais ou mais simbólicos. Ex. “experiência total do
espaço” em comunidades tradicionais; propriedade privada da terra; controle
político-territorial dos Estados-nações. contínuo, delimitado por fronteiras,
estabilidade, estáticos , relacionado pela identidade nacional, como brasileiros,
isto é, dos Estados-Nacionais como exemplo

Territórios-Rede: territórios descontínuos, marcados pela mobilidade, em que


predomina, portanto, o elemento rede, ou seja, o controle dos fluxos pelo
controle das redes (pontos de conexão). Podem ser territórios-zona articulados
em rede (questão de escala). Isso dá flexibilidade, descontinuidade ao
território, que é formado por pontos, nós e malhas, vide o mapa (Pentágono
tem o subcomando, nó, que é conectado por bases militares diversas, pontos).
Para que o território rede exista deve haver o território zona, pois é sobre este
que é estabelecido esses pontos e antenas de informação; tendo o território
material, estabelecem-se os pontos de comunicações, pontos conectados por
canais que transmitem informações. Portanto, ao dominar esses canais,
dominam-se as informações, que é o objetivo.
Exemplo da mobilidade: Equador (FOL de Manta) desativa as
bases americanas desde 2012, Colômbia pode instalar bases no
Peru por exemplo, podendo portanto, expandir-se, desaparecer,
etc. Teremos, nós militares, que enfrentar esses territórios redes do
narcotráfico, etc, sobre o território nacional, como a AL Qaeda.
Sempre houve territórios descontínuos, os dos comerciantes (...),
os das peregrinações e de suas igrejas e romarias, “territórios-rede”
(...) que hoje dominam, dando um outro significado aos recortes
tradicionais, sobretudo políticos. (BOURDIN, 2001:167).
Pentágono

Sub Comando (nó)

Bases Militares
TERRITORIALIZAÇÃO MILITAR EM REDE DAS FOLS EM 2007
FISSURAS NO TERRITÓRIO-REDE DAS FOLS
POSICIONAMENTO DAS BASES/INSTALAÇÕES MILITARES ESTRANGEIRAS NA AMÉRICA
CENTRAL E CARIBE

Fonte: Pina, 2007


POSICIONAMENTO DAS BASES/INSTALAÇÕES MILITARES ESTRANGEIRAS NA AMÉRICA
DO SUL
Análise de Mapas
Código da Contenção
Todo mapa traz consigo uma noção espaço-temporal, nesse caso:
Espaço: a América Central e Caribe,
Tempo: contexto político da Guerra Fria, visto a predominância do
código da contenção.
Com o insucesso americano na tentativa de invadir a Baía dos
Porcos em Cuba, em que as guerrilhas resistiram, junto ao apoio
soviético, os EUA vão promover, por meio do Subcomando do Sul,
ações (instalando bases e realizando operações) e golpes de
estados que visem a desestabilizar governos simpatizantes do
comunismo, para não se formarem novas “Cubas”.
Código da Prevenção
Espaço: Toda a América Latina e Central;
Tempo: Fim da Guerra Fria, pós-11 de setembro, no contexto da eleição
de novas ameaças: o terrorismo e o narcotráfico, principalmente.
Os EUA vão sempre encontrar sempre esses mesmos motivos para
intervir e promover acordos bilaterais de construção de bases no
continente americano, sendo, porém, os interesses outros (recursos
hídricos, energéticos como o petróleo venezuelano, peruano, brasileiro,
minerais como o lítio na Bolívia, assim como em toda a América Latina,
etc)
Plano Colômbia: devido à “presença de guerrilhas (FARCs) e do
narcotráfico”, os EUA promovem um acordo bilateral com o governo
colombiano para criar 7 bases no território (mapa mais à frente), além
de fazer exercícios conjuntos e vendendo armamentos.
Outros pontos de bases importantes: Guantánamo (já existia), Ato em
Coraçau, Porto Rico (protetorado), na Tríplice Fronteira (Brasil,
Argentina e Paraguai)
Bases Importantes
Tríplice Fronteira: Estados Unidos vai implantar uma base na região de
encontro entre Paraguai, Argentina e Brasil, visto ser uma região hídrica
importante, onde existe o Aquífero Guarani.
Justificativa americana: existe uma comunidade árabe na região e,
xenofobicamente, os EUA associam a religião islâmica ao
fundamentalismo, o que ocorre, porém, com qualquer religião; a
presença militar na região se faria importante pela possibilidade de se
formar uma célula do terrorismo na região.
.
Base de Alcântara no Maranhão: base de lançamento de foguetes e
satélites, numa região mais próxima do equador (reduzindo gastos com
combustíveis), EUA usa discurso de operações conjuntas e pesquisas
na base, para ter acesso a ela, mas os governos brasileiros foram
reticentes a essa cessão de território, por ser muito difícil tirar uma base
americana depois de instaurada. No último governo (que se atrelou aos
EUA, Bolsonaro) houve uma proposta de cessão de território aos EUA
se eles reconstruíssem a base de Alcântara.
O crescimento da América do Sul na década de 2000 foi
impulsionada pela demanda asiática, principalmente da China,
“que tem sido a grande compradora das exportações sul-
americanas de minérios, energia e grãos. (...) Os novos preços
internacionais das commodities fortaleceram a capacidade
fiscal dos Estados sul-americanos e estão financiando políticas
de integração da infraestrutura energética e de transportes do
continente”.
“O Brasil será na próxima década o maior produtor mundial de
alimentos, e um dos grandes produtores e exportadores
mundiais de petróleo. (...) A América do Sul é hoje uma região
essencial para o funcionamento e a expansão do sistema
mundial, e por isto deve sofrer uma pressão econômica e
política cada vez maior, de fora e de dentro da própria região”.
Fiori (2008) acredita em conflitos entre países sul-americanos e
entre eles e os Estados Unidos.
BASES NORTE-AMERICANAS PRÓXIMAS DO BRASIL…..

Nem todos são bases


https://dialogochino.net/pt-br/comercio-e-investimento-pt-br
Peru
Brasil

Chile
Golfo do México (petróleo)

Petróleo
e Lítio

Tríplice
Fronteira

Estreito de
Magalhães
Mapa dos Recursos Naturais e Energéticos

Em verde, é a biodiversidade
Petróleo: Venezuela e golfo do México, Colômbia, Equador,
Peru, Sul da Argentina (na Patagônia) e Brasil no Pré-sal (um
dos maiores produtores, atrás somente da Venezuela,
Argentina e Colômbia).
Recurso hídricos: Aquífero Guarani (bem no lugar da tríplice
fronteira, onde ele estabelecera bases), grandes geleiras na
américa do sul, Amazônia e o Alter do Chão.

Recursos Minerais: Guerra do Lítio, abundância do mineral


na Bolívia.
Sobreposição dos Mapas Militares e de Recursos Naturais
Sobreposição dos mapas dos recursos naturais e
energéticos com bases militares
HÁ UMA COINCIDÊNCIA entre esses dois mapas. Há uma
articulação dos interesses econômicos da região,
demonstrando os reais interesses em implantar bases militares.
O DISCURSO AMERICANO PARA O PLANO COLÔMBIA
Congresso dos EUA aprovou em 1999 o Plano Colômbia de combate as Drogas
. Fortalecimento das instituições políticas dos países chaves na oferta
de drogas ilícitas (Bolívia, Colômbia e Peru) faz parte do plano de se
apresentar como liderança das nações;
Fortalecimento operacional de unidades militares e policiais
encarregadas do combate ao circuito da droga, que não envolve
somente o plantio e venda, mas erradicação de cultivos, comércio de
precursores químicos, destruição de laboratórios, interdição de drogas,
detecção das rotas e criminalização da lavagem de dinheiro; FOLS
(Centros Operativos Avançados) não só buscam questões militares,
mas também mapeiam os recursos econômicos e naturais da região
. Assessoramento militar e policial direto aos países andinos para o
desmantelamento de carteis (Colômbia) e de firmas (Peru) de drogas;
Assistência comercial e fiscal para minimizar as consequências sociais
decorrentes da privação de meios de subsistência de comunidades
locais, como de fato ocorreu.
A proposta, de 7,5 bilhões de dólares, apresenta três componentes
Primeiro, a aproximação do Estado colombiano com as
populações afetadas pela violência por meio de investimentos sociais:
os mais ameaçada pelo narcotráfico e pelas guerrilhas é a população
mais pobre, o que faz com que a Colômbia tenha um grande número de
desplazados, que, diferentemente de refugiados (fugitivos imigrantes
por causa de guerra, fome), fogem dentro do próprio país devido à
guerrilha e narcotráfico;
Substituição de plantios de coca, devendo o governo
disponibilizar 4 bilhões de dólares para esse fim, Não houve um produto
substituto nem esse investimento de 4 bilhões, por isso a população
continuou plantando folha de coca;
Assistência técnica, militar e financeira dos EUA, no montante
de 1,3 bilhão de dólares, para o combate ao narcotráfico em toda região
andina, especialmente na Colômbia, inclusive, fortalecendo os países
militarmente da região e fazendo presença na Amazônia, o que
desagrada países como o Brasil.
Por razões inerentes à estratégia de seguridade e à
geoestratégia dos EUA, o pacote de ajuda aprovado pelo Congresso norte-
americano para a luta antidrogas na Colômbia e para a exploração dos
recursos naturais adquiriu uma dimensão transnacional (que incluiu, além do
setor empresarial, os meios de comunicação, thinks tanks (pensadores
geopolíticos) e organizações não-governamentais) e regional, com as
respectivas repercussões para os países vizinhos à Colômbia, como é o
caso da Venezuela, do Equador e do Brasil.
Assim, o lobby político (pressão) do empresariado norte-americano
durante o processo de aprovação dos recursos econômicos para o Plano
Colômbia no Congresso esteve sob o comando de empresas importantes
como a United Technologies, Textron, Locheed Martín, Sikorsky, Bell,
DynCorp e Military Prossesional Resources Inc. (MPRI), entre outras. Essas
empresas dedicam-se ao comércio de armas, fabricação de helicópteros,
radares e serviços de satélites, bem como ao treinamento de pessoal para
tarefas de inteligência e manutenção de aparelhos aéreos para fumigar
áreas de cultura da folha de coca e de papoula. Ou seja, lobby é uma
pressão política por parte das empresas ao governo americano para realizar
acordos bilaterais, por que, abrindo o mercado dos outros países, tanto o
governo americano pode agir mais facilitadamente no combate ao
narcotráfico, quanto as empresas podem lucrar na venda de armamento de
grande porte como helicópteros para fumigação.
“O potencial petrolífero (petróleo e gás natural)
colombiano é calculado em mais de 37 bilhões de barris. Da mesma forma,
as bacias de maior atividade exploratória encontram-se nas regiões altas e
médias do Magdalena, Catatumbo, Guajira, Cordilheira Oriental, Putumayo e
nos Planaltos Orientais. A Colômbia ocupa a quarta posição, atrás da
Venezuela, México e Brasil, na produção de petróleo na América Latina.
Finalmente, cerca de 80% de sua produção é exportada para os EUA.
(Ver: El Petróleo en Colombia. Disponível em: http://www.ecopetrol.com).
Em 2001 a Administração W. Bush implementou a Iniciativa
Regional Andina redirecionando os investimentos para a região
(Posteriormente rebatizado de Iniciativa Andina Antidrogas)

Colômbia (46%); Peru (23,3%); Bolívia (16,3%); Equador (8,6%); Brasil


(3,2%);
Panamá (2,2%); Venezuela (1,2%);

Iniciativa Andina (proposta americana):


•A intensificação da pulverização dos cultivos de maconha, folha de coca e
papoula;
•A proibição de carregamentos destinados aos EUA e a Europa, a
extradição de condenados por narcotráfico e maior;
•Vigilância nos postos fronteiriços a fim de frear a movimentação de
supostos terroristas de um país e para outro, o que gerava risco à
segurança nacional;
Não houve reais consequências positivas, principalmente devido ao corte de
verba por parte do Senado devido à crise de 2008, um ano após esse plano
ter sido acordado
Em verdade o que houve:
. O desaparecimento de mais de 8.100 hectares de floresta tropical;
As áreas de cultivo do narcotráfico ampliou-se para além das fronteiras
colombianas, assim como no Brasil, havendo confronto do Exército com
os traficantes na fronteira;
A implementação de um amplo dispositivo de bases militares norte-
americanas;
Tensões regionais (Aumento do tráfico de armas, pois as armas
vendidas pelos EUA, de grande porte, em nada impedem o tráfico nas
fronteiras; regionalização de conflitos nacionais exército, paramilitares
(milícias) e guerrilhas da Colômbia; desequilíbrio militar e militarização
da região Andina e da Amazônia, o que desagrada a governos como o
Brasil);
Migração de colombianos para o território equatoriano, venezuelano e
brasileiro em busca de segurança, empregos ou refúgio temporário.
•Questão Venezuelana:
A Venezuela sempre teve sua economia pautada essencialmente no
petróleo, o que até então, como no governo Hugo Chavez, era bom por
gerar euforia econômica o que o tornava popular. Na passagem para o
governo de Nicolas Maduro, o preço do petróleo mundial decaiu muito,
o que desestabilizou a economia venezuelana e gerou uma grande
insatisfação em seu governo. Só que essa insatisfação popular tem
sido suprimida por o governo de Maduro estar encharcado de militares
nas altas posições, algo que já era feito por Chavez, mas foi ressaltado
no governo atual devido à crise econômica. Não bastando a miséria, o
governo venezuelano recusa qualquer tentativa humanitária dos EUA
no país, por alegar que os EUA estão de olho apenas em seu petróleo.
A atuação dos Estados Unidos na América Central
Maras e pandillas: como são chamados os jovens rebeldes envolvidos com
tráfico e assassinatos, são termos usualmente empregados em El
Salvador, Guatemala e Honduras – que, juntos, compõem o chamado
Triângulo Norte da América Central – em referência a gangues de rua,
cujos membros são tradicionalmente jovens (e, em sua maioria, do sexo
masculino) e compartilham de uma identidade comum, o que pode incluir
desde o uso de formas de comunicação e expressão cultural específicas
(entre gírias, gestos corporais, tatuagens, grafites em muros, que delimitam
território; e ritmos musicais) até a aplicação de rigorosas normas de
conduta.
A expansão desses grupos pela região e sua responsabilização
pela escalada da violência nas grandes cidades têm incitado a adoção de
medidas não só domésticas, mas, também, internacionais, envolvendo, por
conseguinte, tanto autoridades centro-americanas como instituições de
outros países, como os Estados Unidos, visto que muitos desses mareros
e pandillleros migram junto aos demais imigrantes para a América do
Norte, criando um território rede, com relação entre as gangues da América
Central e as dos EUA.
A atuação dos Estados Unidos na América Central

(...) testam-se ao menos quatro hipóteses, que se referem à


possível percepção dos Estados Unidos de que as gangues I) têm
ou almejam ter vínculos com grupos tidos como terroristas; II) atuam
de forma expressiva no tráfico internacional de drogas, inclusive em
cooperação com grandes cartéis da região; III) são grupos
transnacionais do crime organizado, capazes de coordenar delitos
em solo estadunidense com seus pares lá estabelecidos; e que IV)
a violência concernente às gangues em El Salvador, Guatemala e
Honduras fomenta fluxos migratórios (inclusive de mareros e
pandilleros) desses países em direção aos Estados Unidos, algo
indesejado pelos últimos. (CORREA, Paulo Mortari A., 2015).
Importantes Gangues DIESIOCHO

SALVATRUCHA
Belize supera
Guatemala na violência,
demonstrando a
expansão das fronteiras
Quem é responsável pela segurança nas fronteiras dos
EUA?

Foreign Affairs, 2019


UM GRANDE CORREDOR, ALÉM DE PRODUTOR, PARA OS EUA E EUROPA
Forward Operating Locations, FOL (Centros Operativos Avançados)
Os EUA têm, de forma preventiva, se territorializado militarmente na
região andina, caribenha e amazônica – papel das FOLs – Comapala
(El Salvador); Reina Beatriz (Aruba); Hato (Curaçao); “Manta”(Equador
– desativada em 2009).
Os FOLs funcionam como sustentáculos territoriais, de onde os EUA
se fazem presentes na região – aeroportos/bases aéreas - combate as
drogas e “operações humanitárias”; na verdade, a presença refere-se
aos movimentos de treinamento, vigilância por radares e operações
militares.
Acordos bilaterais entre o governo dos EUA e dos governos anfitriões,
permitindo aos EUA o uso das instalações já existentes, mas de
propriedade dos Estados que albergam as bases e aeroportos
utilizados.
Novo modelo operacional de posicionamento militar estadunidense na
América Latina.
A aplicação exitosa do poder militar depende do acesso aéreo e
marítimo, além de apoio em infraestrutura dos EUA no exterior para
projetar o seu poder.
FOLS
Ariel Noyola Rodríguez, 2017
UNIÃO EUROPEIA, UM ATOR
AUTÔNOMO?
Não há um bloco regional que avançou tanto quanto a União
Europeia, é um bloco supranacional, em que os estados europeus
abrem mão de certos poderes e os dão a certas instâncias,
parlamento europeu, ministérios, que vão exercer funções
devidas aos estados nacionais
PRESSUPOSTOS DA INTEGRAÇÃO
•Quais vão ser os fatores no pós-2ªGM que vão levar à busca por integração
por meio de um bloco?
•FIM DA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL INTEGRAÇÃO EUROPEIA COMO
RESOLUÇÃO DE ACIRRADAS DISPUTAS INTERIMPERIALISTAS; 1º GM foi
ocasionado por disputas imperialistas, e introduz as tecnologias da 2ª guerra mundial
(metralhadora, avião), implicando aumento expressivo da capacidade de destruição, o que
impacta as relações internacionais. Era necessário que a Europa buscasse menos conflitos e
mais integração, por meio do comércio (economias). O comércio supera a inflação, evita a
necessidade de guerras, enfim, o que impulsiona a integração regional é uma integração
econômica.
•EMERGÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS E UNIÃO SOVIÉTICA COMO NOVOS
NÚCLEOS DE PODER; enquanto os EUA e a Rússia emergem na 2ª GM, a Europa sai da
guerra destruída, perdendo posição relativa e deixando de ser o centro do poder mundial.
Consequentemente, os Estados Unidos vão proporcionar a reconstrução dela por meio do
Plano Marshal, atrelando-a a seus interesses e tornando-a um mero coadjuvante da grande
potência, além de uma espécime de apêndice de seu território, instalando bases militares
em diversos países, tal como no Reino Unido. Logo, é necessário que a Europa se
recomponha contra isso, buscando a integração.
•PERDA DE POSIÇÃO NO MERCADO MUNDIAL; Perda de posição com a
devastação da economia europeia e aumento da economia americana (estabelecimento do
fordismo e seu modo de produção). Europa perde espaço no mercado mundial.
PRESSUPOSTOS DA INTEGRAÇÃO
•DESMANTELAMENTO DOS IMPÉRIOS COLONIAIS; Com a derrocada dos
impérios mundiais e a descolonização da África e da Ásia, as potências europeias
perdem mercado, perdem o centro de sua economia
•DEFICIÊNCIA TECNOLÓGICA: enquanto os EUA, como líder, e o Japão
vivenciam uma recomposição tecnológica, a Europa fica atrás desse processo, por
estar destruída (o que mostra a necessidade de integração e recomposição)
•PATROCINADA PELOS EUA SOB CRESCENTE AMEAÇA DE MOSCOU -
ESTRATÉGIA DA “CONTENÇÃO”. Europa passa a ser espaço de influência dos
EUA, que se posiciona militarmente no continente europeu, em diversos lugares,
inclusive no Reino Unido. EUA criam a OTAN nos anos 1940, também chamada de
NATO, com o papel de assegurar proteção aos seus componentes, como a Europa
Ocidental, e tendo como carro chefe os EUA. OTAN foi criada no contexto da
contenção mas foi adaptada para prevenção.
•PROJETOS EUROPEUS LIMITAVAM-SE ÀS RELAÇÕES COMERCIAIS
BILATERAIS OU A ALIANÇAS MILITARES.
•CONCEPÇÃO DE UMA EUROPA COMO “TERCEIRA-FORÇA”. Integração
regional poderia estabelecer a Europa como uma 3ª Força, dando-lhe o protagonismo
que eles perderam na 2ª GM
•[RE]CRIAR A FAMÍLIA EUROPEIA, por meio da integração, EM UMA
ESTRUTURA REGIONAL- “ESTADOS UNIDOS DA EUROPA”(CHURCHILL).
As Iniciativas
Laboratórios de Integração (Criação de uma Europa mais Competitiva)
BENELUX
(Pacto de caráter supranacional criado em 1944 pelos governos exilados
em Londres)
- Bélgica, Netherlands e Luxemburgo, para cooperação em relação a minérios e
reconstrução no momento da destruição pela guerra
- Benelux é o primeiro passo, por criar uma área de livre comércio.
CECA
-Tratado de Paris (Cria a CECA em 1951)
- Importação do regime de acumulação fordista e ciclo de
prosperidade para o capital;
- Solidariedade de Interesses;
Tratado de Paris, reconstrução da economia europeia por meio da metalurgia,
siderurgia, vista a riqueza mineral europeia em carvão e ferro. A comunidade foi
criada inicialmente pela França e Alemanha, mostrando que é preciso superar
rivalidades históricas para soerguer a economia europeia. Com esse experimento
inicial bem-sucedido, percebeu-se que é possível aprofundar a integração
europeia por meio de outros setores além do industrial (que estava dando certo),
tais como agricultura, comércio, etc. Isso será chamado de spillover pelos autores
de RI, ideia de transbordamento, isto é, para outros setores além do industrial.
CEE
- Tratado de Roma (Cria a Comunidade Econômica Européia em 1957)
. Em 1957, com o Tratado de Roma, cria-se a Comunidade Econômica
Europeia, ou Mercado Comum Europeu, havendo a inserção de outros países,
no que ficou conhecido como a Europa dos 6: BeNeLux, Alemanha Ocidental e
França, também Itália. Integração econômica é feita em degraus, primeiro o
livre comércio e, depois, uma união aduaneira, assim como o MercoSul.
Tensões Internas no Mercado Comum Europeu (Europa dos 6 X AELC);
AELC, Associação Europeia de Livre Comércio, formada principalmente por
países nórdicos, Suécia, Finlandia, Dinamarca, Reino Unido. Com o avanço da
CEE, alguns países saem daquela e vão para a CEE.
- A Europa dos 6 terá um regime de acumulação mais intenso
- Política Aduaneira Comum;
- União Aduaneira;
- AELC se desestrutura e o Reino Unido adere a CEE em 1973
“[...] em meados dos anos 1980, a intensificação da integração europeia foi,
em parte, a resposta ao déficit tecnológico observado em relação aos EUA e
ao Japão. [...] Porém, a Europa, em absoluto, não acompanhou as empresas
norte-americanas nas áreas cruciais de microeletrônica e software nem as
empresas japonesas e coreanas de setores de microeletrônica e produtos
eletrônicos avançados para consumo (exceto a Nokia)” (CASTELLS, 1999:
395)
-Tratado de Maastricht (assinado em dezembro de 1991 e revisado em
1996-7)
-Tratado de Maastricht (Certidão de Nascimento da União Europeia), mudança de CEE
para a UE. Até então os estados europeus eram soberanos, o que é alterado com o
tratado de Maastricht, gerando um novo patamar na integração. Os estados europeus,
criam instituições: parlamento europeu (congresso com deputados que representam
os estados europeus de acordo com o número de habitantes), conselho de ministros,
tribunal de justiça europeia; e lhes transferem parte da soberania e poder nacionais.
- Decidiu criar uma moeda única (o euro) que passou a circular em 2002;
- Reforçar o poder decisório das instituições europeias;
- Harmonização das Políticas Fiscais;
- Critérios para a Adesão ao Bloco
- Baixo déficit orçamentário (inferior a 3% do PIB);
- Dívida Pública relativamente baixa (até 60% do PIB);Inflação Baixa
Baixas Taxas de Juros de Longo Prazo; Taxa de Câmbio Estável
Mapa mostra a evolução da União Europeia ao longo
do tempo
1981 Grécia é inserida (CEE); 1986 Portugal e Espanha (CEE),
todos os 3 são países muito pobres, o que demonstra a
grande diferença entre os países europeus: como integrar
países tão diferentes? Lembrar que foram países que
vivenciaram regimes totalitários, Portugal (Salazar; que só
acaba em 1970 na Revolução dos Cravos), Espanha (ditadura
Franquista), Grécia também. Percebe-se que era importante
fortalecer a democracia no campo político europeu, “varrer
da Europa governos ditatoriais”.
Mapa mostra o avanço da EU para o Leste Europeu. Durante a 2
GM boa parte do Leste Europeu foi libertado pelo exército
vermelho, o que faz com que esses estados recém-libertos tenham
um presidente pró-socialista colocado pela URSS, com exceção da
Iugoslávia.
Terminada a 2 GM, Acordo de Potsdam, divide não oficialmente
entre EUA e URSS a Europa em duas Europas, de modo ao Leste
Europeu fazer parte da influência da URSS em toda a Guerra Fria.
Winston Churchil fala que desceu uma cortina de ferro (governos
totalitários no Leste Europeu). Divisão da Alemanha em República
Federativa da Alemanha (ocidental), Rep Democrática da Alemanha
(oriental, URSS). Divisão de Berlim em dois Berlins também, capital
da Alemanha.
Acordos Militares: EUA cria a OTAN em 1949, que visava a segurança dos
Estados membros da OTAN, assim como a URSS cria o Pacto de Varsóvia, uma
OTAN do Leste Europeu e URSS.
Crise Conjunta no leste Europeu: Crise da URSS leva também o Leste Europeu a
graves crises econômicas, visto que os EUA criam a chamada Guerra nas
Estrelas para evolução econômica e militar, enquanto a URSS não consegue
fazer o mesmo, por ter uma economia frágil e limitada. Essas novas tecnologias
tanto ajudariam no setor militar quanto recuperariam o setor civil da crise da
década de 70.
Mudanças adotadas pela URSS: Anos 80 Gorbachov chega ao poder da URSS,
cria as reformas Perestroika $ (abertura econômica, buscando investimentos
externos, por ter recursos financeiros reduzidos, e precisa ter acesso a essas
novas tecnologias, sendo, pois, as reformas econômicas) e a Glasnost
(transparência política, era governada por um único partido; não queria acabar
com o socialismo, mas buscava pensar em mais de um partido, por exemplo. O
que faz com que grupos mais conservadores queiram frear as reformas.
Protestos e a Derrocada Soviética: essas reformas vão mobilizar a opinião
pública doméstica, população quer reformas mais profundas, e não
superficiais, população quer democracia, liberdade econômica. Essas
manifestações da URSS espalham-se para o Leste Europeu, instaurando a crise,
com a desintegração da URSS em 1991, surgindo 15 novos países.
Leste Europeu está fragilizado, indeciso politicamente, economia fragilizada
Atração para a Europa: Leste Europeu está fragilizado, indeciso politicamente,
economia fragilizada. A Europa sempre se colocou a favor da democracia, dos
direitos civis, atraindo esses países que fogem da URSS. Nessa atração haverá
um contraste entre os costumes do Leste Europeu, recém saído de regimes
totalitários, em que grupos dominavam a política há décadas, além de ter que
integrar a EU a economias fragilizadas. Bulgária e Romênia foram os últimos
estados a incorporarem em 2007 desde então.
DESAFIOS DA UNIÃO EUROPEIA NO AVANÇO PARA O LESTE
EXPANSÃO PARA O LESTE EUROPEU POLÔNIA, REPÚBLICA
TCHECA, ESLOVÁQUIA, ESLOVÊNIA, ESTÔNIA, HUNGRIA,
LETÔNIA, LITUÂNIA, ALÉM DAS ILHAS DE CHIPRE , MALTA,
BULGÁRIA E ROMÊNIA.
. ESTENDER A PROSPERIDADE ECONÔMICA E FORTALECER A
ESTABILIDADE DO CONTINENTE, ATRAVÉS DO PROCESSO DE
DEMOCRATIZAÇÃO DO LESTE EUROPEU.
1º ponto: como garantir a estabilidade econômica da UE se há discrepância
entre os países europeus? Para recuperar a economia no Leste Europeu, o
Banco Europeu vai liberar milhões de euros para recuperar as economias mais
frágeis e reduzir as disparidades econômicas, visando à estabilidade política e
social, haja vista da expansão da economia.
Democratização do leste europeu: apoiar políticas democráticas e combater
regimes totalitários para evitar guerras no continente, ingressando-os na união
europeia, de modo que sigam as regras da União Europeia.
2º ponto: O Leste Europeu formava o entorno estratégico da URSS desde a 2ª
GM, e ela não abria mão desse entorno. Com sua desestruturação, a Rússia
herda a maior parte da força militar, das armas nucleares e dos territórios, mas
ela vai enfrentar uma grande crise nos anos 90, devido a uma mudança
abrupta e corrupta para o neoliberalismo, de modo a torná-la uma carta fora
do jogo geopolítico. Os EUA e OTAN, junto à UE, vão se aproveitar da
fragilidade da Rússia nos anos 90 para avançar em direção ao Leste Europeu.
Não é só democracia e estabilidade, há os interesses políticos e geopolíticos:
objetivo dos EUA de isolar o Leste Europeu do entorno estratégico da Rússia.
•DIVERGÊNCIAS POLÍTICAS FRENTE A GUERRA DO
IRAQUEALIANÇA FRANCO-ALEMÃ CONTRA A INTERVENÇÃO X
NOVOS MEMBROS / ITÁLIA, ESPANHA E INGLATERRA QUE
APOIARAM OS EUA. Guerra do Iraque, França Alemanha não reconhecem
os argumentos americanos para invadir o Iraque, não apoiam os EUA. Lembrar
que dos Europeus, só a França e a Inglaterra tem membro de segurança da
ONU. França veta a intervenção na ONU. No setor comum do Conselho de
Segurança, alguns estados dão apoio e outros não
•NOVOS MEMBROS VÊEM NOS EUA SEGURANÇA FRENTE ÁS
POSSIBILIDADES DO AUTORITARISMO RUSSO.
•Quando os Russos voltam ao jogo nos anos 2000, buscam com todas as forças
recompor seu entorno estratégico por meio de relações políticas mais fortes
com o Leste Europeu. Contudo, os países do Leste Europeu foram para a OTAN
e EUA porque viram uma possibilidade de ficar fora do autoritarismo russo,
visto que se esta projetar-se militarmente, isso ameaçará suas soberanias.
Existe uma sombra no leste Europeu, que causa medo nos países da região:
entrada em massa dos Estados do Leste europeu na OTAN, para ganhar
proteção dos EUA. Assim, o avanço da UE e OTAN não é só econômico, mas
uma oportunidade de isolar a Rússia, enfraquecendo-a no cenário regional. O
retorna da Rússia gera instabilidade e medo tanto nos países regionais quanto
nos EUA. É preciso se antecipar a qualquer medida que a Rússia possa exercer
nessa recomposição dela no século XXI, isolando-a de seu entorno
preventivamente para que ela não poder se recompor militarmente como
potência inimiga. Questão ucraniana, Rússia de Vladmir Putin vai responder a
esses avanços no seu entorno estratégico.
DESAFIOS DA UNIÃO EUROPEIA NO AVANÇO PARA O LESTE

•DIFICULDADES NO ESTABELECIMENTO DE UMA UNIDADE


POLÍTICA DE POLÍTICAS EXTERNA E DE DEFESA COMUNS.
NOVOS MEMBROS TÊM NA UNIÃO EUROPÉIA SEU MERCADO
CENTRAL.
DESLOCAMENTOS DE MIGRANTES EM DIREÇÃO AO OESTE,
PRINCIPALMENTE PARA A ALEMANHA
DIFICULDADES NO ESTABELECIMENTO DA PAC(POLÍTICA
AGRÍCOLA COMUM) E NA DISTRIBUIÇÃO DE FUNDOS PARA AS
ÁREAS MAIS ATRASADAS.
MENTALIDADE DOS POVOS DO LESTE ESTÁ ARRAIGADA NO
PAPEL DO ESTADO.
IMPORTANTE
Brexit: De 2016 a 2020 foram 4 anos do Reino Unido se preparando
para a retirada da União Europeia, formado pela Inglaterra (estado
independente), Escócia, país de Gales, Grã-Bretanha (ilha maior),
Irlanda do Norte (Irlanda em si faz parte da EU, o que gera problema)
e outros. Problema da Irlanda: como reescrever as fronteiras dentro
de uma mesma ilha em que parte faz parte da EU e outra não?
CONTRADIÇÕES INTERNAS
PROJETO ARTICULADO POR GOVERNANTES E GRANDES EMPRESÁRIOS;
*MOVIMENTOS “DA BASE” - IMBRICAM OU SE CONTRAPÕEM AO PROCESSO
HOMOGENEIZADOR;
*GRUPOS SINDICAIS VEEM NA UNIFICAÇÃO FORMA DE GARANTIR
LEGISLAÇÃO MAIS FAVORÁVEL, DIMINUIÇÃO DO DESEMPREGO E NOVOS
INVESTIMENTOS;
*DESIGUALDADES ENTRE PAÍSES MEMBROS COMO AQUELES QUE TEM
POUCA TRADIÇÃO DEMOCRÁTICA, DESIGUALDADES SOCIAIS, COMPETIÇÃO
DESIGUAL DENTRO DO MERCADO EUROPEU, DESIGUALDADES REGIONAIS;
A POSIÇÃO DA EUROPA NO DEBATE DO BINÔMIO
APROFUNDAMENTO/ALARGAMENTO.
• Envelhecimento da população europeia (questão previdenciária);
• Referendo da Constituição Europeia e a questão migratória;
• Emergência de Nacionalismos;
• Qual o projeto político da Europa?
“O destino político da nova União Europeia, no entanto, parece depender, entre
outros, dos seguintes fatores: o sucesso da sua ousada expansão para o Leste; a
competência para afirmar certa independência em relação às ações unilaterais norte-
americanas; e o futuro alinhamento da Rússia. As últimas eleições gerais para o
Parlamento Europeu mostraram um avanço da centro-direita e dos ‘eurocéticos’, o
que também é um indício das dificuldades que ainda estão pela frente”. (DUPAS,
2005: 248)
A POLÍTICA EXTERNA NA EUROPA
“Não estamos vivendo a ‘crise terminal’ do poder americano, nem assistindo ao
nascimento de um sistema pós-estatal. Pelo contrário, os Estados Unidos se
mantêm como potência decisiva no sistema mundial, e aumenta a cada dia a
‘pressão competitiva’ entre os Estados e as economias nacionais ao redor do
mundo. Como conseqüência, o nacionalismo econômico está de volta. (...) Todos
os governos estão começando a regular, de novo, seus mercados, incluindo o
mercado financeiro norte-americano”. Já “a União Europeia terá papel secundário,
ao lado dos Estados Unidos, enquanto não dispuser de poder unificado, com
capacidade de iniciativa estratégica autônoma”. (FIORI,J.L. , 2008)

Alemanha: “E não há dúvida de que a reunificação da Alemanha e a sua


aproximação da Rússia, no cenário europeu, atingiram fortemente o processo da
União Europeia. A Alemanha fortaleceu sua posição como maior potência
demográfica e econômica do continente, e passou a ter uma política externa
independente, centrada nos seus próprios interesses nacionais. Além disso,
depois da reunificação, a Alemanha seguiu aprofundando sua Ostpolitik dos anos
1960, e assim vem fortalecendo seus laços econômicos e financeiros com a
Europa Central e a Rússia. Uma estratégia que recoloca a Alemanha no centro da
Europa e da luta pela hegemonia na União Europeia, ofuscando o papel da
França e desafiando o ‘americanismo’ da Grã Bretanha”. (FIORI, J.L., 2008).
“A Europa se transformou numa sociedade economicamente rica,
politicamente pacífica e intelectualmente pasmada neste início do século
XXI. E o motivo é claro: a União Europeia não tem um poder central
unificado capaz de definir e impor objetivos e prioridades estratégicas aos
seus Estados-membros, mantendo-se sob o comando militar e o
protetorado atômico dos Estados Unidos. (...) A União Europeia se
transformou numa unidade política fraca, com uma moeda supostamente
‘forte’ e com pouca capacidade de iniciativa estratégica autônoma e
unificada no sistema mundial”. Trata-se de um “‘ente político-econômico’
incapaz de ter um estratagema competitivo global”. (FIORI, J.L., 2008).
RÚSSIA
O RETORNO DE UMA POTÊNCIA ?
CONTEXTO RUSSO
Já que a Rússia volta ao jogo, quais seriam seus interesses, já que não tem
mais poderio de uma superpotência?

Potsdam: nos anos 90, no governo George Bush pai, os EUA fizeram um
acordo tássico, o acordo de Potsdam, de boca, de que não expanderiam a
OTAN para o Leste Europeu, garantindo a segurança da Rússia. Isso foi
uma cascata (mentira), por não ter sido colocado em prática, ingenuidade
por parte de Gorbachov em acreditar que aconteceria o que foi falado
tassicamente.

Mudanças aceleradas nos anos 80 e 90: início dos 90 ocorre a unificação da


Alemanha. URSS e Leste Europeu pegando fogo em protestos, Gorbachov
já era um presidente quase que fora do baralho, pois as repúblicas da URSS
já não o viam mais como presidente forte diante do Ocidente. 1991 as
manifestações explodem, e Gorbachov não consegue detê-las.

Sistema socialista em ruínas, com movimentos de separação dentro da


URSS. Primeiros estados a declarar independência são os Estados bálticos,
Letonia Estonia, Lituania. A Rússia também se torna independente da URSS
e emerge como uma herdeira dela, com 17 milhões de km² de terras, herda
maior parte dos recursos naturais (petróleo e gás)
Rússia: a difícil transição sistêmica dos anos 1990
Quando a União Soviética dissolveu-se em 25 de dezembro de 1991, podia
começar a transição para uma economia de mercado livre, conforme aos
desejos de Boris Yeltsin, presidente da recém-criada Federação da Rússia. Os
dirigentes russos escolheram uma aplicação acelerada do receituário
ortodoxo.
A transição para o Capitalismo: Yegor Gaidar, o novo primeiro ministro de
Yeltsin, foi encarregado do plano de transição para a Rússia. A estratégia
escolhida foi a de “Terapia de Choque”, de ser jogado aos leões
internacionais, à competitividade externa, para que possa alcançar a
modernização industrial do restante do mundo alcançada com o projeto Guerra
nas Estrelas. Foi uma difícil transição, de um governo em que o Estado era
tudo, socialismo, promotor das questões sociais, de segurança, alimentícia
(controle de preços) para o modelo de Estado mínimo, quase inexistente
diante do Mercado, gerando uma transição, guiada pelos princípios
neoliberalistas, difícil, com diversos problemas para a população.
O primeiro pilar: a liberalização dos preços internos e alinhá-los aos
internacionais;
O segundo pilar: a abertura para a economia mundial, tirando os
obstáculos administrativos e tarifários que existiam do tempo da URSS;
terceiro pilar era uma política de restrições financeiras duras (reduzir a
inflação, liberar preços, reduzir crédito→ reestruturar empresas;
Rússia: a difícil transição sistêmica dos anos 1990

Com a liberalização dos preços, a inflação sobe, rubro (moeda russa) e o


poder de compra dos russos cai expressivamente, de modo a a população
atingir uma condição miserável, com cada vez mais pessoas vendendo seus
pertences nas ruas. Aliás, como o Estado não é mais garantidor do emprego,
cerca de 50% das relações comerciais, em 1988, foram reduzidas à prática
do escambo, fenômeno sem precedente na economia moderna. A abertura da
Rússia proporcionou a vinda de inúmeros turistas, que compravam os
pertences russos como “soveniers”, numa tentativa da população russa de
sobrevivência.

Houve também um encolhimento considerável da demanda efetiva, devido à


política monetária contracionista e ao colapso da demanda do governo. Ora,
no novo sistema econômico, os bancos privados deviam supostamente
substituir o Estado para ajudar as empresas a financiar seus investimentos.
Isso não aconteceu e o crédito conheceu um grande racionamento, dramático
para o investimento, que caiu de 81% entre 1991 e 1998 ( Mazat, 2008).
A DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DOS RECURSOS ENERGÉTICOS
NA RÚSSIA
Corrupção no governo Yeltsin: Além disso, o processo de privatização
envolveu corrupção e mescla entre interesses privados e o governo,
processo de grande barganha, em que empresas mais rentáveis (o Filé
Mignion russo, as empresas do setor energético, petróleo e gás) foram
confiscadas por uma parcela muito reduzida da população, os chamados
oligarcas, os novos ricos, que apoiaram a manutenção do poder nas mãos
de Yeltsin, com sua reeleição na metade dos anos 90, contra um candidato
do partido Comunista, muito querido pela população que sentia “saudades
do regime anterior”. Já velho, debilitado, alcólatra e com problemas de
saúde, Yeltsin se torna uma marionete desses oligarcas. Além desse
cenário, nos anos 90, o capital fictício realiza ataques especulativos às
moedas nacionais, como o rubro e o Real, o que agrava mais ainda a
situação russa. A crise financeira de agosto de 1998, provocada pela fuga
de capitais estrangeiros especulativos e pela reticência dos bancos
domésticos em financiar uma economia endividada (ninguém empresta a
quem não paga), foi a digna conclusão da “Terapia de Choque”. Ela marcou
o fim de uma década de recessão, com uma queda de mais de 51% do PIB
real entre 1990 e 1998
A crise levou o país a se desindustrializar e a depender da produção e
do processamento de commodities como o gás e petróleo, o que, a
exemplo da Venezuela, nunca é bom para um país, por, ao depender de
somente 2 ou 3 produtos, ficar oscilando muito sua economia. (Mazart,
2008). Houve um verdadeiro conflito distributivo que se concluiu pela vitória
de uma porção muito reduzida da população. De fato, a “Terapia de
Choque” foi o meio usado pela casta dos empresários, financistas e “Red
Directors” para se apropriar dos ativos estatais e da riqueza do país.
A corrupção e o crime viraram a regra e o Estado perdeu toda sua
legitimidade, sendo confiscado pelos interesses particulares. Mas, como
era de se esperar, a realidade foi um pouco diferente. Assim, a abertura
comercial descontrolada foi catastrófica para boa parte da indústria russa
que ficou exposta demais à concorrência internacional, o que explica a
queda dramática dos índices de produção de vários setores (menos 56%,
na média). De outro lado, o aumento das exportações esperado depois da
abertura comercial não aconteceu nas proporções esperadas, porque
muitos países implementaram barreiras contra a entrada dos produtos
russos. ( Mazat, 2008)
Gráfico 1- Evolução do PIB real
Gráfico 2 – Evolução dos principais
russo entre 1990 e 1998
indicadores industriais russos
entre 1998 e 2004

Fonte: Federal State Statistics Serv


Fonte: Federal State Statistics Service – Russia (2007)

Gráfico 3 – Evolução do Investimento Gráfico 4 – Evolução do índice de


real russo entre 1990 e 1998 Gini russo entre 1990 e 2000.
Gráfico mostra a queda do PIB e aumento das desigualdades sociais, mas
há alguns índices indicam sinais de melhora para os anos 2000, de uma
reindustrialização.
Melhora de índices no governo Putin: nos anos 2000 Vladmir Putin chega
ao poder com a renúncia de Boris Yeltsin; Putin era o terceiro primeiro
ministro dele. Uma Rússia devastada, envolvida na guerra da Chechênia,
em que separatistas faziam ataques terroristas em Moscou e outras
cidades constantemente. Boris Yeltsin, doente, não consegue resolver o
problema, Yeltsin renuncia, e o primeiro ministro assume. Vladmir Putin
toma medidas que lhe vão dar popularidade entre os Russos, eliminando
grupos separatistas da Chechênia, vai prender oligarcas, vai descobrir que
as privatizações fraudulentas, oligarcas que dominavam os meios de
comunicação. Eleição de 2004, 71% dos votos vão para ele
“NOVOS” /”VELHOS” RUMOS DA RÚSSIA DE VLADIMIR PUTIN

Antes de Putin, no final de 1999 – pelas sucessivas ausências de Yeltsin, seja


por suas bebedeiras, seja por problemas de saúde e pela luta entre facções
internas ao Kremlin pelo controle do poder, além do deslanche da primeira
guerra na Tchetchênia, que terminou com a melancólica derrota do governo
central; “pode-se, assim, caracterizar esse período como o de turbulências
econômicas e políticas, decorrentes – quase que naturalmente – dos conflitos
de interesse que marcaram o domínio do poder econômico e político do país”
(Pomeranz, 2004).

Putin buscou neutralizar o poder dos oligarcas – repressão à mídia


independente, no sentido de restringir à crítica da condução da guerra da
Tchechênia. Detenção de grandes importantes grupos de mídia – Gusinsky e
Berezovsky, acusando-os de fraudação de fisco ou a existência de dívidas.
Prisão de Khodorkovsky, cabeça do grupo Yukos.

Nova lei sobre os partidos políticos – controlar as eleições regionais –buscou


meios de comprometer candidatos rivais.
Criação de um Estado forte –restabelecer os símbolos da nação e o papel
internacional do país - Reeleição de Putin em 2004 com 71% dos votos -
controle dos meios de comunicação de massa ,
Destruição do sistema de bem estar herdado dos soviéticos, mediante a
eliminação de uma série de benefícios sociais e a compensação em dinheiro
de uma série de outros; hipoteca, terceirizam, privatizando domicílios e
elevam os custos dos serviços públicos. – mercantilizam os serviços sociais e
ampliam o mercado – renacionalização de algumas empresas privadas –
redução de 89 para 28 o número de regiões da Federação russa controladas
por governadores da confiança do poder central.
O país é visto mais como “democracia administrada”, dominada pelo poder
pessoal do presidente..

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