UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SANTOS

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS, ENGENHARIAS E ARQUITETURA

CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO / SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

ALAN TURING: BREVE BIOGRAFIA E LEGADO

CAIO SOUZA DAMASCENO

FABIO ROBERTO RODRIGUES FILHO

FERNANDA MEIRELES

ISABEL OLIVEIRA AMORIM

LUIZ ANSELMO DOS SANTOS OLIVEIRA

RAFAELA SANTANA

SANTOS

2023
 Alan Turing: breve biografia e legado

Alan Turing, também conhecido como “pai da computação”, foi um

matemático e criptógrafo inglês. Turing nasceu no dia 23 de julho de 1912 em
Londres quando seus pais, que trabalhavam para a coroa britânica na Índia,
estavam de licença na Inglaterra. Quando tinha apenas um ano seus pais voltaram
para a Índia por mais alguns anos e entregaram Alan e seu irmão mais velho para
um coronel do exército e sua esposa para que os criassem em uma cidade litorânea
na costa sul da Inglaterra. Quando sua mãe voltou, Alan viveu com ela até seus
treze anos de idade quando foi enviado para um internato. Ele pedalou em sua
bicicleta durante dois dias, percorrendo cerca de 100 quilômetros completamente
sozinho para chegar ao internato. Em seu último ano no internato, Turing ganhou
uma bolsa para frequentar a prestigiada King's College em Cambridge, para onde foi
em 1931, com o objetivo de aprender matemática.
A partir daí, Turing começou sua incrível e inesquecível história no mundo da
matemática e da computação. E apesar de ter morrido jovem, aos 41 anos, deixou
um legado positivo para a sociedade e para a ciência. Por meio de suas brilhantes
ideias, foi possível desenvolver o que é chamado hoje de “computador”. Turing foi
quem liderou o grupo responsável por decifrar o código utilizado pelas
comunicações nazistas da Segunda Guerra Mundial.
Durante tal conflito, a tecnologia de criptografia avançada teve um papel
crucial na dinâmica da guerra. A máquina Enigma foi um dos principais dispositivos
utilizados pelas forças armadas alemãs desde os anos 1920 para produzir códigos
combinatórios. Contudo, os ingleses conseguiram decifrar esses códigos ao longo
da guerra. Mais tarde, os alemães desenvolveram um modelo mais sofisticado, o B-
schreiber, em 1944, que só pôde ser desvendado com a ajuda de Turing. Ele
inventou a "bombe", uma calculadora eletromecânica que aprimorou a capacidade
de decifração dos códigos da Enigma .
A "bombe" era capaz de encontrar padrões no código Enigma por meio da
lógica booleana e testar milhões de combinações por segundo, o que possibilitou a
decifração de mensagens que antes eram consideradas impenetráveis. Turing
também criou um método para analisar padrões nos códigos criptografados e
encontrar vulnerabilidades que permitissem a decifração das mensagens. Com essa
técnica, ele conseguiu decifrar códigos que os alemães consideravam altamente
seguros.
A equipe interdisciplinar que Turing formou, composta por matemáticos,
engenheiros e linguistas, foi outra grande contribuição para a criptoanálise. Eles
analisaram os códigos criptografados sob diferentes perspectivas, o que aumentou
as chances de encontrar vulnerabilidades e decifrar as mensagens.
A partir dos resultados obtidos com o uso da "bombe", a equipe liderada por
Turing decidiu desenvolver uma máquina ainda mais avançada, capaz de processar
uma quantidade maior de informações simultaneamente. O nome dado a essa nova
máquina foi Colossus, que se tornou o primeiro computador eletrônico digital
programável, destinado a decodificar os códigos criptografados usados pelos
alemães durante a Segunda Guerra Mundial.
O Colossus obteve um sucesso significativo na guerra, permitindo aos Aliados
interceptar e decifrar com mais facilidade as mensagens criptografadas utilizadas
pelos alemães. Devido a sua importância, a máquina é considerada um marco na
história da computação e é reconhecida como a precursora dos modernos
computadores digitais.
Outra contribuição importante de Turing para o mundo foi a “Máquina de
Turing”, um dispositivo teórico que conseguia escrever e interpretar alguns símbolos
numéricos de acordo com uma tabela de regras. Essa máquina foi criada antes
mesmo de o termo “inteligência artificial” ser cunhado. O matemático começou a
pensar em uma maneira de testar o nível de inteligência de uma máquina e a
capacidade de imitar o cérebro humano. E ele, aos poucos, chega à conclusão de
que a distinção era menos clara do que se imaginava. Essa máquina lógica de
computação era um experimento mental, ela não tinha pretensão de ser construída
ou vir a ser construída em algum momento, mas poderia, em tese, lidar com
qualquer computação matemática.
A máquina consistia em uma quantidade ilimitada de fita de papel contendo
símbolos dentro de quadrados e esses símbolos poderiam ser apenas um número e
um espaço e a máquina seria capaz de ler os símbolos da fita e desempenhar certas
funções com base em uma tabela de instruções que seria fornecido. A tabela de
instruções, que diria à máquina o que fazer, era basicamente um algoritmo. A
conclusão de Turing neste experimento mental foi que se essa máquina recebesse
a tabela de instruções adequadas poderia realizar qualquer tarefa matemática não
importando sua complexidade. Esse conceito de Turing de uma máquina lógica, logo
passou a ser conhecido como Máquina de Turing, isto é, uma máquina que poderia
ser usada para computar qualquer sequência computável, porque ela seria capaz de
ler as instruções de qualquer outra máquina e desempenhar qualquer tarefa que
essa outra máquina pudesse realizar. O que se tornou um dos conceitos mais
importantes da cena digital que estava nos seus primeiros momentos.
Anos depois num artigo seminal chamado “Computer Machinery and
Intelligence”, Alan Turing formulou a pergunta "Pode uma máquina pensar?". Turing
sabia os desafios que essa pergunta lançava e elaborou um teste que pudesse
descobrir se, de fato, máquinas são conscientes ou não, o qual ficou conhecido
como O Teste de Turing. O teste consistia em imaginar a existência de três
participantes em três salas isoladas: um computador que seria testado, um ser
humano e outro ser humano que seria um juiz. O computador e o humano deveriam
conversar com o juiz mediante a digitação por terminais tentando convencer que
eram humanos e se ao final do experimento o juiz não conseguisse identificar qual
era humano e qual era máquina, o computador venceria o experimento. A
consequência dessa vitória seria a conclusão de que a máquina também poderia
pensar.
Em outras palavras, o teste de Turing, também chamado de Jogo da Imitação,
nos diz que se não se pode distinguir o output do computador do output do cérebro
humano então carecemos de motivo razoável para insistir que a máquina não está
pensando pois, segundo Turing, todos os seres humanos pensam e todo ser
humano consegue passar no teste. Então se a máquina passar no teste, logo ela
também é capaz de pensar. Mesmo que isso não passasse de utopia, já que mesmo
que uma máquina pudesse imitar o pensamento humano, ainda assim ela não seria
consciente de fato, as propostas e as ideias de Turing foram de extrema importância
para a computação. Foi a partir daí que toda a ideia e conhecimento que se tem
atualmente acerca de inteligência artificial teve início.
Em suma, através de suas contribuições para as diversas áreas do
conhecimento, Alan Turing tornou-se uma figura de extrema importância para o
mundo moderno. Sua morte precoce, ocasionada pela perseguição e condenação
por parte do governo britânico devido à sua orientação sexual, situação esta que o
levou a cometer suicídio, foi uma perda lamentável para a comunidade científica e
tecnológica, mas seu legado e ideias continuam a inspirar e influenciar pessoas ao
redor do mundo.

Referências

FRAZÃO, Dilva. Alan Turing: matemático inglês. Matemático inglês. Disponível em:
https://www.ebiografia.com/alan_turing/. Acesso em: 04 abr. 2023.
SILVA, Daniel Neves. "Alan Turing"; Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/biografia/alan-mathison.htm. Acesso em: 04 de abr.
2023.
FERNANDES, Cláudio. "Máquina Enigma"; Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/historiag/maquina-enigma.htm. Acesso em: 06 de abr.
2023.
BILBAO, Henrique. Alan Turing e a inteligência artificial: máquinas podem
pensar? 2019. Disponível em: https://www.nsctotal.com.br/noticias/alan-turing-e-a-
inteligencia-artificial-maquinas-podem-pensar. Acesso em: 04 abr. 2023.
Porto Editora – máquina de Turing na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora.
[consult. 2023-04-06 01:05:04]. Disponível em: https://www.infopedia.pt/$maquina-
de-turing
GRANATYR, Jones. Teste de Turing. 2016. Disponível em:
https://iaexpert.academy/2016/07/19/historico-da-ia-teste-de-turing/. Acesso em: 04
abr. 2023.