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1 - PESTALOZZI, VIDA E OBRA

O educador suíço Johann Heinrich Pestalozzi viveu entre os séculos XVIII


e XIX, tendo sido o primeiro filósofo e educador a propor e trabalhar a
educação moral do ser humano, escrevendo ativamente na imprensa da
época e publicando diversos livros, além de trocar vasta correspondência
com governantes e nobres da época.

Pestalozzi igualmente cuidou de colocar em prática seus pensamentos,


criando e dirigindo instituições de amparo à criança e educação da
juventude, enfrentando desde a falta de apoio público até a guerra
napoleônica, para fazer valer sua proposta, hoje amplamente
reconhecida.

Em vida, ele foi homenageado pelos revolucionários franceses - que


haviam derrubado a monarquia, instaurado a república e o código dos
direitos humanos -, e obteve o reconhecimento dos países europeus pela
excelência de seu trabalho educacional à frente, principalmente, do
Instituto de Iverdon.

A infância

O mundo recebeu Johann Heinrich Pestalozzi no dia 12 de janeiro de


1746, em pleno inverno, na cidade de Zurique, Suíça, filho de Johann
Baptist Pestalozzi, descendente de família italiana, que exercia a
medicina, como cirurgião.

No ano de 1751, com apenas cinco anos de idade, ficou órfão do pai, e
sua mãe, Suzanna Hotz Pestalozzi, sustentou os filhos em meio a muitas
dificuldades econômicas, beirando a miséria.

Nessa ocasião, surge a figura de Magd Barbara Schimid, a Babeli,


governanta da casa e que teve forte influência sobre a formação de
Pestalozzi. Anos mais tarde, ele a recordaria com gratidão, pelos seus
cuidados com a família, sua luta ao lado de sua mãe pela sobrevivência
de todos. Também seu avô, Andreas Pestalozzi, ministro protestante na
aldeia rural de Hongg, o influenciou, levando-o a fazer visitas às famílias
necessitadas, inspirando o garoto em sua futura missão filantrópica.

De 1751 a 1763 Pestalozzi estudou, chegando a ter aulas de Linguística e


Filosofia, no Colégio Carolinium, com sede em Zurique, e, ainda jovem,
com dezessete anos já era membro da Sociedade Helvética, criticando a
situação política do país e propondo reformas. E dessa época sua
amizade com Johann Kaspar Lavater.

Sabe-se pouco da infância de Pestalozzi, pois, com a morte do pai, sua


família empobreceu e vivia na miséria. As dificuldades de sobrevivência
serviram para fortalecer a alma da criança que se tornaria "Educador da
Humanidade". Ele conheceu de perto a realidade do estigma social e teve
de lutar muito para se tornar visível numa sociedade preconceituosa, que
ainda se dividia entre ricos e pobres, entre nobreza e plebeus; com o
agravante de ele ser uma criança esquisita: feio, magro e alto.

Sabe-se que Pestalozzi recebeu orientação religiosa protestante, mas,


durante toda a vida, considerou-se simplesmente um cristão, sem
defender ou seguir esta ou aquela denominação religiosa.

Idéias revolucionárias e casamento

Desde cedo influenciado pelo movimento naturalista, principalmente após


a leitura do "Emílio, ou Da Educação", de Jean-Jacques Rousseau,
Pestalozzi tornou-se um revolucionário apaixonado, juntando-se aos
patriotas que criticavam a situação política do país e propunham
reformas.

Abandona a preparação para o sacerdócio a fim de dedicar-se ao direito e


ao serviço público, mas efetivamente torna-se jornalista e idealista da
educação.

Em 1767, aos vinte e três anos, fica noivo de Anna Schulthess, mulher de
ideais humanistas como ele, contrariando os pais da noiva, que
ameaçaram cortar o dote da mesma, mas, perseverante, consegue casar-
se com ela dois anos depois. E nesse período que Pestalozzi torna-se
adepto do naturalismo proposto por Rousseau.

Do casamento teve um filho, Hans Jakob, nascido em 1770, nome que é


uma tradução alemã de Jean-Jacques, uma homenagem a Rousseau, a
quem muito admirava.

Anna Schulthess faleceu em 1815, após dez anos de trabalho constante


no Instituto de Iverdon, ao lado de Pestalozzi.

Fazenda Neuhof

Por conta da leitura das obras de Rousseau, toma aulas de agricultura e,


com a esposa, instala, no ano de 1774, a Fazenda Neuhof (Nova), dando
início a um instituto para crianças pobres, numa proposta que unia
educação e trabalho.

Pestalozzi tinha em mente melhorar as terras por meio de novos métodos


de cultura e viver uma vida de acordo com as idéias naturalistas
dominantes. Era uma idéia fascinante, inovadora, que pretendia ser
autossustentável.

Foram suas idéias de redenção do povo pela educação que o levaram a


criar a Fazenda Neuhof: "No meu peito de criança, o coração já batia por
isso: o povo é miserável, quero ajudá-lo!". Sua intenção era formar um
grande lar, onde as crianças órfãs e mendigas pudessem ter uma
formação moral e profissionalizante.
Entretanto, transformou a fazenda num instituto filantrópico para crianças
abandonadas, onde elas recebiam abrigo e educação e, em troca,
trabalhavam na produção da fazenda e em outras ocupações. Mas a sua
falta de habilidade na administração do negócio, e ao mesmo tempo de
uma escola profissional, iriam levá-lo à falência.

A experiência perdura até o ano de 1780, data em que as dívidas não mais
permitiram a continuidade desse trabalho.

Pestalozzi perde a fazenda, restando-lhe apenas um pequeno sítio, e sua


esposa, adoecida, retorna ao lar dos pais para tratamento de saúde.

A relação estabelecida com os alunos deveria ser como a de pai e filhos:


baseada no amor e na fé no potencial adormecido das crianças.
Pestalozzi esperava sustentar a obra por si mesmo, com o seu trabalho e
com o das crianças, mas isso acabou se mostrando inviável.

Ao estudarmos a vida de Pestalozzi, percebemos que ele nunca teve


vocação para as questões da administração e suas idéias sempre
esbarravam na sua inabilidade para conjugar o idealismo com a ordem
financeira do empreendimento, motivos que o levaram ao fracasso e à
falência completa não só na Fazenda Neuhof, como também em outras
oportunidades em que tentou transformar a teoria na prática.

Leonardo e Gertrudes

Por conta de seu idealismo e da experiência acumulada, Pestalozzi


começa a publicar vários escritos, dedicando-se à literatura e ao
jornalismo. Fica famoso com a publicação do livro Leonardo e Gertrudes,
em 1781, mas desgosta-se com a crítica e o público que o recebem como
um romancista folhetinesco, enquanto ele mesmo se considera, e de fato
é, um escritor educacional, pois o livro nada mais é do que um romance
pedagógico.

Escrito como novela, popularizou a idéia da reforma educacional. O


propósito do livro era descrever a vida simples do povo rural e as
grandes modificações causadas pela inteligência e devotamento de uma
simples mulher.

A história gira em torno do casal Leonardo e Gertrudes e seus filhos.


Vivem numa aldeia interiorana e tudo se transforma quando Leonardo
perde o emprego e se deixa levar pelo alcoolismo, que é incentivado
pelos amigos, corruptos e baderneiros.

Gertrudes luta para manter o sustento e a união da família, e acaba


intervindo socialmente na pequena cidade, combatendo os vícios de toda
ordem, conseguindo resgatar o esposo, educar os filhos e mudar a
administração pública do vilarejo.

Leonardo e Gertrudes foi desdobrado em quatro volumes reproduzindo


na trama os diálogos simples da gente camponesa, e dirigindo-se ao
povo. A abundância de situações, a sutileza das abordagens
psicológicas, a ação narrada com emoção e o alcance social e educativo
da obra justificam sua extensão.

Os volumes foram editados, respectivamente, nos anos de 1781, 1783,


1785 e 1787. Neles, Pestalozzi combina suas experiências pessoais com
suas propostas não realizadas de transformação social.

Em toda a obra fica explícito que a base de toda transformação moral, de


todo resgate da natureza humana deve partir do sentimento. Sem um
impulso emocional em direção ao bem, nada se pode mudar.

Artigos e cartas

Por suas críticas sociais e luta constante em benefício da população,


recebe no ano de 1792 o título de cidadão honorário da França, dado pelo
governo revolucionário. Seis anos depois acontece a Revolução Suíça e
ele se torna redator-chefe do jornal Folha Popular Helvética.

De 1780 a 1798, dedicou-se intensamente à atividade literária. O


pensamento fundamental de Pestalozzi era sempre o mesmo: as reformas
sociais e políticas deviam surgir pela educação, não da educação
tradicional, mas de um novo processo de desenvolvimento que resultaria
na reforma moral e intelectual do povo.

Movido por esse pensamento, ele não cansava de se corresponder com


os nobres e com os burgueses ricos, na esperança de que estes viessem
a financiar a educação em seus países. Produziu intensa
correspondência, mas não obteve apoio.

A Revolução Francesa influenciou fortemente Pestalozzi. Ele percebeu


que os aristocratas a quem se dirigia, numa tentativa de conscientizar as
elites da necessidade de um esforço pela educação popular, eram
indiferentes ao seu ideal. A fé no despotismo esclarecido, tanto defendida
pelos iluministas, terminara. Seu discurso, cada vez mais educacional,
distancia-se do ardor revolucionário e da esperança política de mudanças
sociais por parte do governo.

Orfanato de Stans

O coração de Pestalozzi estava inquieto. Os anos passavam e a tarefa da


educação das crianças não se concretizava. Seu idealismo não
encontrava eco nos príncipes e burgueses ricos. Surge então, por causa
da Guerra Napoleônica, uma oportunidade: dirigir um instituto para
crianças órfãs, vítimas da guerra, na cidade de Stans. O governo suíço
providencia a verba e a estrutura para o projeto e Pestalozzi é agora
diretor de um orfanato. O ano: 1798.

Torna-se mestre-escola e desenvolve com as crianças as novas práticas


educativas que tanto escrevera. Combina as atividades educativas com o
trabalho manual e torna-se, além de professor, o pai daquelas crianças.

O trabalho dura seis meses e ali, em condições adversas, ele aplica a


pedagogia do amor para fortalecer o caráter. E' diretor, pai, professor,
faxineiro. Questões políticas encerram a atividade e ele rompe com o
governo, lançando a Carta de Stans, onde explica sua filosofia e sua
metodologia.

Apesar do curto período de funcionamento e de ter sofrido, no início,


resistências por parte dos pais e da administração pública, seu método
educacional é considerado eficiente, consegue resultados positivos, o
que lhe mostra estar no caminho certo, o que ainda lhe propicia a
abertura de novas oportunidades de trabalho no campo da educação, mas
agora sem o auxílio governamental.

Instituto de Burgdorf

Convidado pela prefeitura da cidade de Burgdorf para instalar um


seminário de professores, Pestalozzi ali trabalha de 1799 a 1804, lançando
em 1801 o livro Como Gertrudes Ensina seus Filhos.

Entre os anos de 1802-1803, compreendendo os meses de novembro a


fevereiro, viaja a Paris, onde recebe inúmeras homenagens e participa de
reuniões com os revolucionários franceses.

Em Burgdorf ele "psicologiza a educação" e consegue estabelecer uma


escola particular, apenas parcialmente subvencionada pelo governo.

Viaja a Paris novamente e, na volta, em 1805, prepara a transferência das


atividades para a cidade de Iverdon, instalando num castelo o Instituto de
Iverdon, escola para crianças, que funcionou até 1825, chegando ao
expressivo número de mais de 150 alunos internos.

Instituto de Iverdon

O Instituto de Iverdon, após várias inspeções, aos poucos, passa a ser


considerado escola-modelo para toda a Europa. Apesar da escola ser
particular, Pestalozzi continua pobre. Seu lema: " Tudo para os outros,
nada para mim". É conhecido como "Pai Pestalozzi" e dedica-se
intensamente a amar alunos e colaboradores, e também em aplicar a
educação moral.

Iverdon funcionou sob a direção de Pestalozzi durante vinte anos, de


1804/1805 a 1824/1825, instalado num castelo medieval perto do Lago
Neuchâtel, e foi considerado instituto escolar modelo para a Europa,
segundo o parecer de renomados filósofos, cientistas, literatos e
personalidades políticas da época, que o visitaram e dali saíram
maravilhados, tais como os sábios Humboldt, Saint-Hilaire, Cuvier, Biot,
Maine de Brian, Madame de Stael, Robert Owen, Goethe, Fichte e diversos
membros da realeza.

No Instituto de Iverdon, Pestalozzi reuniu educadores de várias partes e


recebeu a visita de outros que se tornaram célebres: Froebel, criador do
Jardim de Infância; Carl Ritter, fundador da Geografia Científica; Herbart,
que desenvolveu a Psicologia; Jullien de Paris, que divulgou o método
pestalozziano na Europa, entre outros.

O funcionamento do Instituto de Iverdon era revolucionário para os


padrões da época: portões sempre abertos, liberdade para os alunos, dez
horas de aula por dia, salas de trabalho, trabalhos manuais, aulas de
ginástica e natação ao ar livre, pesquisas de botânica e biologia em
interação com a natureza, utilização da música e dos alunos mais
adiantados como submestres. Todos os domingos, numa assembléia-
geral, era feita uma avaliação dos trabalhos desenvolvidos na semana.

Segundo depoimento de ex-alunos, não havia castigos nem


recompensas. Só admitia a disciplina do dever, da afeição e do amor.

O curso completo de instrução no Instituto de Iverdon não tinha duração


fixa, estendendo-se desde a idade de nove ou dez anos, ou mesmo desde
os sete, até os quinze ou dezesseis anos. A instrução primária e
secundária, compreendida naquele período, seguia-se, para aqueles que
o quisessem, um terceiro e último grau de educação, técnica, e
praticamente destinada a formar bons professores para as salas de aula e
professores na ciência da educação e na arte pedagógica.

Línguas, raças, crenças, culturas e hábitos diferentes se misturavam em


Iverdon, aprendendo as crianças e os jovens, na vivência escolar, a lição
da fraternidade, da igualdade e da liberdade.

Uma média de 150 alunos internos (a maioria) aprendia com Pestalozzi


que "O amor é o eterno fundamento da educação".

Outros institutos

Em 1806, Pestalozzi abre um instituto para meninas, num edifício


pertencente à Câmara Municipal de Iverdon. Dirigido primeiramente por
Magdalena Custer, passou a ser dirigido a partir de 1809 por Rosette
Kasthofer. O instituto oferecia educação integral e era uma empreitada
revolucionária, mesmo corajosa, pois, à época, a educação das meninas
era apenas uma questão de família, onde eram preparadas para o futuro
casamento e as prendas domésticas, tanto que muitas mulheres eram
analfabetas.

Em 1809, inicialmente no próprio Instituto de Iverdon, inicia projeto para


crianças surdas-mudas, coordenado por Johann K. Naef. Em 1813, essa
escola especial ganha sede própria, e marca o trabalho pioneiro de
Pestalozzi, que estuda e investiga essas deficiências, criando
metodologia e atividades educacionais específicas.

Em 1818, funda, na cidade de Clindy, próxima a Iverdon, um instituto de


educação para crianças pobres, que no ano seguinte é anexado ao
Instituto de Iverdon. Essa anexação causou revolta em muitos pais, por
puro preconceito, pois não queriam ver seus filhos misturados com gente
pobre. Apesar das duras críticas que sofreu e de alguns revezes no
Instituto, Pestalozzi não se abalou e deu continuidade ao trabalho de
inclusão social, quebrando barreiras.

Produção literária

Pestalozzi escreveu muito, durante toda a vida. De sua vasta bibliografia


podemos destacar:

1777 - Diário de um Pai;

1780 - Crepúsculos de um Eremita;

1781 - Leonardo e Gertrudes (Ia parte);

1783 - Leonardo e Gertrudes (2a parte);

1783 - Legislação e Infanticídio (considerada a primeira obra de sociologia


infantil publicada no mundo);

1784 - Cristóvão e Elisa;

1785 - Leonardo e Gertrudes (3a parte);

1787 - Leonardo e Gertrudes (4a parte);

1797 - Minhas Indagações sobre a Marcha da Natureza no


Desenvolvimento da Espécie Humana;

1801 - Como Gertrudes Ensina seus Filhos;

1809 — Discurso de Lenzburg;

1815 - A Inocência;

1826 — Canto do Cisne.

Principais idéias sobre educação

As principais idéias de Pestalozzi sobre a educação podem ser assim


resumidas:

1. Educação humana baseada na natureza espiritual e física da criança.


2. Educação como desenvolvimento interno, formação espontânea,
embora necessitada de direção.

3. Educação baseada nas circunstâncias em que se encontra o homem.

4. Educação social e da escola popular, contra a anterior concepção


individualista da educação.

5. Educação profissional, subordinada à educação geral.

6. Intuição como base da educação intelectual e espiritual.

7. Educação religiosa íntima, não confessional, promovendo a educação


moral do ser.

O Pai Pestalozzi

Na experiência do Orfanato de Stans, Pestalozzi afirma, pela prática, seu


conceito de divindade interior - a presença de um germe de
perfectibilidade em cada ser - que garante a possibilidade de o homem
realizar-se moralmente.

Pestalozzi propôs e praticou, assim, uma educação moral baseada em


três fatores:

1. O amor.

2. A percepção e o exercício moral.

3. A linguagem e a verbalização da moral.

Pregou por toda a vida o amor pedagógico como fundamento de todo o


desenvolvimento do homem.

Nas reuniões de avaliação do Instituto de Iverdon, Pestalozzi levava os


alunos, um após outro, a um canto do seu gabinete de trabalho e com
eles conversava em surdina. Perguntava se tinham algo para lhe dizer,
para lhe pedir, ganhando a confiança dos alunos e sondando se eles se
sentiam bem, o que lhes agradava ou desagradava.

Recepcionava pais e alunos no portão principal de entrada do Instituto e


fazia questão de se abaixar para abraçar os novos alunos.

Para ele, os exemplos, a vivência dos princípios cristãos é que teriam a


força de conduzir, de modo frutificativo, a infância e a juventude ao fiel
cumprimento de seus deveres individuais e coletivos.

Por tudo isso, quando de sua morte, em 17 de fevereiro de 1827, o


homenagearam com a seguinte inscrição em seu túmulo:
Aqui jaz Heinrich Pestalozzi em Zurique Nas.

Fundador da escola popular primária em Iverdon Educador da


humanidade Homem, cristão, cidadão "Tudo para os outros, nada para si"
em Brugg Falecido em 17 de fevereiro de 1827 Paz às suas cinzas A
nosso Pai Pestalozzi A Argau agradecida

Falecido a 12 de janeiro de 1746 em Neuhof, Salvador dos pobres em


Leonardo e Gertrudes Pregador do povo em Stans Pai dos órfãos em
Burgdorfe Munchenbuchsee

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