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AS DESIGUALDADES SOCIAIS NO BRASIL: Reflexões sobre a intersecção entre gênero,


raça e classe social

Resumo: Este artigo reflete sobre as desigualdades


decorrentes da estratificação sexual e racial no Brasil.
Realizou-se um levantamento estatístico a partir de dados do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. As desigualdades
contra as mulheres negras, estruturam um projeto genocida
que dialeticamente destrói a vida desses sujeitos de forma
lenta e sutil, mas também de forma brutal e ininterrupta.

Palavras-Chave: Interseccionalidade; Desigualdades Sociais;


Mulheres Negras; Estratificação Sexual e Racial.

Abstract: This article reflects on the inequalities resulting from


sexual and racial stratification in Brazil. A statistical survey was
carried out using data from the Brazilian Institute of Geography
and Statistic. Inequalities against black women structure a
genocidal project that dialectically destroys the lives of these
subjects in a slow and subtle way, but also in a brutal and
uninterrupted way.

Keywords: Intersectionality; Social Differences; Black Women;


Sexual and Racial Stratification

Introdução

O presente artigo tem como objetivo discorrer sobre as desigualdades produzidas em


decorrência da estratificação sexual e racial na sociedade brasileira. As desigualdades
sociais, constituem-se como uma característica ontológica da formação brasileira, onde a
estratificação social no Brasil é baseada na raça e no gênero e contribui para que uma parte
da população que é formada por mulheres negras, seja classificada como cidadãs de
segunda classe, vulneráveis à exploração, dominação e estigmatização de suas
identidades.
Em sociedades capitalistas e periféricas, as vivências de mulheres negras estão
interseccionadas pela classe social, gênero e raça, onde acrescentam-se as interconexões
com a território, sexualidade e geração, como determinações que irão demarcar as
condições objetivas e simbólicas de suas vidas, moldando suas experiências sociais.
Buscou-se por meio deste artigo, investigar as desigualdades que atingem as
mulheres negras brasileiras, apreendendo essa expressão da questão social a partir da
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interseccionalidade, enquanto uma ferramenta para análise das opressões que constituem a
matriz dominação1 que permeia as relações sociais no Brasil.
Dessa forma, para embasar a pesquisa, realizou-se o levantamento de dados do
IBGE (2021), acerca da realidade das mulheres racializadas no Brasil, sobretudo, no âmbito
do mercado de trabalho, de rendimentos e de colocações trabalhistas, dados esses que
explicitaram mais uma vez a constante e presente segregação racial no mercado de
trabalho brasileiro.

2 SER MULHER NEGRA NO BRASIL: Uma experiência de múltiplas desigualdades sociais

A sociedade brasileira cuja constituição emerge de um processo histórico calcado no


racismo, sexismo e na exploração, faz com que as mulheres negras ainda hoje sintam seus
efeitos deletérios, por meio dos altos índices de mortes violentas, entre elas o feminicídio,
mas somente isto. A história das mulheres negras no Brasil, encontra-se interligada as
múltiplas desigualdades e episódios cotidianos e reiterados de violência, como reflete
Werneck (2010, p.13):

A história e a imagem social das mulheres negras estão fortemente associadas à


violência. Tal situação instaura-se a partir dos processos de fundação da diáspora
africana – a captura e o tráfico transatlântico, prosseguindo ao longo de todo o
regime escravocrata. Diferentes relatos historiográficos disponibilizam numerosos
exemplos do grau de destituição física, material e simbólica que este período da
história representou para mulheres negras. Situação invisibilizada e naturalizada nas
narrativas formadoras da nacionalidade brasileira. A queda do regime escravocrata
representou pouca ou nenhuma alteração nesta perspectiva. Fortemente atingidas
pelo racismo, as mulheres negras ainda apresentam alto grau de vitimização e
desempoderamento, cento e vinte anos após a conquista da abolição. O que se
traduz nos piores indicadores sociais e na profunda desvalorização que enfrentam.
Apresentando, em algumas situações, graus extremos de destituição material,
política e simbólica, o que vai requerer respostas multifacetadas e profundas. “

O racismo, o sexismo e o classicismo não são uma especificidade brasileira, ocorrem


em escala global, mas em diferentes níveis e roupagens, evidenciando de acordo com
Collins (2019), que todas as pessoas são educadas e socializadas a partir de preceitos
distorcidos e discriminatórios de raça, gênero e classe.

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Para Collins (2019, p.460) a matriz de dominação consiste na “organização geral das relações hierárquicas de
poder em dada sociedade. Qualquer matriz específica de dominação tem: (1) um arranjo particular de sistemas
interseccionais de opressão, por exemplo, raça, gênero, sexualidade, situação migratória, etnia e idade; e (2)
uma organização particular de seus domínios de poder, por exemplo, estrutural, disciplinar, hegemônico e
interpessoal”.
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Para Vieira (2017), as trabalhadoras negras estão constantemente em empregos


subalternos e marginalizados, vulneráveis devido justamente ao entrelaçamento de raça,
gênero e classe. A autora afirma ainda que: "O resultado desta condição se expressa nos
indicadores do grande contingente de mulheres pretas e pardas no serviço doméstico,
baixos salários e um alto grau de informalidade" (VIEIRA, 2017, p.17).
O IBGE (2021), no relatório “Síntese de Indicadores Sociais: uma análise das
condições de vida da população brasileira 2021”, aponta que características como cor, raça,
sexo, escolaridade e idade, formam critérios decisivos para uma maior desvantagem no
acesso de alguns grupos sociais ao mercado de trabalho.
No que diz respeito ao marcador de sexo, o documento evidenciou que
historicamente, o nível de ocupação feminina no mercado de trabalho é consideravelmente
inferior ao masculino, e que em 2020, o nível de ocupação das mulheres foi de 41,2%,
enquanto ao dos homens foi de 61,4%.
Segundo os dados dessa pesquisa, quando se trata do marcador raça, dentre o total
de pessoas ocupadas, a proporção da população preta ou parda representa a maioria
(53,5%) em relação a população branca (45,6%). A presença de pretos ou pardos é mais
acentuada nas atividades de agropecuária (60,7%), construção (64,1%) e serviços
domésticos (65,3%), ou seja, em atividades que possuem rendimentos inferiores à média.
Esse fato exemplificaria a existência, ainda hoje, de uma segregação racial no mercado de
trabalho, já que as ocupações com melhor remuneração pertencem aos brancos.
Quanto à desigualdade de rendimentos a diferença é substancial. No ano de 2020,
pessoas de cor branca arrecadaram, em média, 73,3% mais do que negros e pardos,
enquanto os homens ganharam 28,1% a mais que as mulheres. Segundo o IBGE (2021),
esses resultados explicitam uma desigualdade estrutural, já que em nove anos de
levantamento esses dados pouco se alteraram. Os rendimentos (rendimento-hora) dos
brancos superam à população racializada em qualquer que seja o nível de instrução, sendo
a maior diferença na categoria ensino superior completo, chegando, em média, a 69,5% a
mais.
No que diz respeito à informalidade nas relações de trabalho, os resultados seguem
demonstrando as desigualdades historicamente constituídas: pessoas negras e pardas são
a maioria em empregos e trabalhos domésticos sem carteira assinada. Além de serem a
maioria dos trabalhadores por conta própria, não contribuem para a previdência social.
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No referente a pobreza, embora as taxas de pobreza no recorte de gênero tenham


se mantido parecidas em 2020, o mesmo não aconteceu no recorte racial. As taxas de
extrema pobreza e pobreza entre pessoas negras são mais que o dobro do que a de
brancos, com 7,4% de pretos e pardos extremamente pobres e 31,0% eram pobres, contra
3,5% e 15,1% entre os brancos, nas mesmas categorias, respectivamente. Quando a
pesquisa realizou a análise combinada de sexo e cor, as maiores incidências de pobreza se
apresentaram nas mulheres pretas e pardas, chegando a 31,9% delas na pobreza e 7,5%
na extrema pobreza. O índice de pobreza também foi maior em casas chefiadas por
mulheres negras.
De acordo com a pesquisa denominada “Potências (in)visíveis: a realidade da mulher
negra no mercado de trabalho”, realizada entre março e setembro de 2020, que entrevistou
cerca de mil mulheres negras brasileiras, evidenciou-se que as mulheres negras ainda são
minoria no ambiente corporativo. A pesquisa demonstra que o racismo no mundo dos
negócios mantém as mulheres negras - mesmo em empresas que possuem ações
afirmativas - em cargos de base, como o de assistência. Além disso, 72% das mulheres
negras entrevistadas não foram lideradas por outras mulheres negras nos últimos cinco
anos de trabalho, pois os cargos de liderança ou de maior prestígio são ocupados por
indicações e na grande maioria por homens brancos.
De acordo com Carvalho e Santos (2021), a posição subalterna da mulher na
sociedade brasileira e consequentemente no mercado de trabalho remonta da escravidão,
sendo uma continuidade desse sistema que nunca se rompeu de fato. A posição das
mulheres negras frente ao sistema econômico neoliberalista é uma consequência histórica,
onde o racismo e o sexismo foram essenciais na desumanização de negros e na exploração
de seus corpos, bem como na obtenção de lugares de poder e privilégio pelos brancos.
Para as autoras, além das desigualdades no mercado de trabalho, esse continuum
escravagista repercute também no campo ideológico e simbólico, que vê as mulheres
negras como sinônimo de empregadas domésticas ou de trabalho não intelectual (aqueles
com menos prestígio e de menor remuneração) e, mesmo quando ocupam cargos de maior
prestígio social, são constantemente desacreditadas.
Logo, por essa razão, os dados da pesquisa supracitada demonstram que o
racismo, o sexismo e o classicismo impactam também na dimensão psicológica e de
autoestima, já que 44% das mulheres negras entrevistadas declararam que se sentem
inseguras para acreditar no seu potencial e trabalho, 42% temem se posicionar ou falar em
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espaços coletivos, e 32% fazem alterações compulsórias em sua estética para se adequar à
espaços de trabalho, bem como 41% têm a qualidade de vida alterada (sono, ansiedade,
bem estar).
Souza (2018) ao refletir sobre as desigualdades no Brasil, identifica a relação entre a
reprodução dessas desigualdades e a noção de identidade social. A identidade social de
uma sociedade é a forma como seus indivíduos percebem a si mesmos, e está fortemente
influenciada pelos poderes dominantes que constroem por meio de suas práticas, a ilusão e
o senso comum de que há liberdade e igualdade, alcançáveis por meio da meritocracia:

O que assegura, portanto, a "justiça" e a legitimidade do privilégio moderno é o fato


de que ele seja percebido como conquista e esforço individual. Nesse sentido,
podemos falar que a ideologia principal do mundo moderno é a "meritocracia", ou
seja, a ilusão, ainda que seja uma ilusão bem fundamentada na propaganda e na
indústria cultural, de que os privilégios modernos são "justos". Sua justiça reside no
fato de que "é interesse de todos" que existam "recompensas" para indivíduos de
alto desempenho em funções importantes para a reprodução da sociedade.
(SOUZA, 2018, p. 49).

Para Souza (2018), a meritocracia é uma ideologia presente na sociedade atual e


prevê uma suposta possibilidade de “igualdade de privilégios” alcançáveis por mérito próprio
e individual, oportunizados pela democracia (onde haveria igualdade de direitos por
excelência). Esta lógica errônea acaba por culpabilizar a grande maioria dos negros e
pobres que não ascenderam economicamente, justificando que seus “fracassos’ se dão por
culpa deles, por suas escolhas de vida ou por preguiça, invalidando totalmente o fato de que
esses indivíduos estão condicionados a uma estrutura de sociedade que não os inclui nos
espaços de poder e que dificilmente reconhece isso.,
Almeida (2018), afirma que o racismo é uma ideologia fundamentada em práticas
sociais. O racismo cria estereótipos de pessoas negras, justificando que muitas delas não
ocupam posições de poder devido a sua incapacidade intelectual, ocultando e negando, que
por trás dessas realidades díspares há um sistema econômico, político e jurídico que
legitima e perpetua as opressões, sobretudo, contra mulheres racializadas:

O racismo é uma ideologia, desde que se considere que toda ideologia só pode
subsistir se estiver ancorada em práticas sociais concretas. Mulheres negras são
consideradas pouco capazes porque existe todo um sistema econômico, político e
jurídico que perpetua essa condição de subalternidade, mantendo-as com baixos
salários, fora dos espaços de decisão, expostas a todo tipo de violência. Caso a
representação das mulheres negras não resultasse de práticas efetivas de
discriminação, toda vez que uma mulher negra fosse representada em lugares
subalternos e de pouco prestígio social haveria protestos e, outras obras artísticas
fossem, seriam categorizados como peças de fantasia. (ALMEIDA, 2018, p. 52).
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O racismo é tão identitário para o brasileiro que sequer é reconhecido como tal,
sendo relegado a um lugar de opinião pessoal ou de evento isolado que pode ser
“consertado" por um pedido de desculpas, ou uma retratação pessoal. Nesse sentido,
Kilomba (2019), refere que o racismo é visto como falha individual e não como parte de uma
estrutura de opressão, uma vez que a realidade violenta do racismo é vista como uma
simples "camada de tinta" que pode ser removida facilmente, como algo levemente
reminiscente do passado e que está localizado no outro e não no centro das relações
sociais contemporâneas.
Outra característica do racismo para autora é a perpetuação da branquitude como
ponto de referência, enxergando todas as outras pessoas não brancas como o “outro”, o
diferente, o exótico, uma noção obviamente herdada e perpetuada desde a colonização, que
permitia a classificação dos povos originários e não-europeus como primitivos e selvagens,
passíveis de serem explorados e disciplinados.
Por conseguinte, a intersecção das desigualdades se dá quando o racismo, por
exemplo, se encontra com uma disparidade, como a de gênero. Se uma pessoa for negra e
mulher, há uma intensificação da opressão, condicionada pela estrutura patriarcal da
sociedade e é ainda maior se essa mulher for pobre. Claro que cabe aqui reconhecer que
existem inúmeras outras dinâmicas de opressão, todas imbricadas em relações que podem
ser avaliadas e discutidas de muitos pontos de vista.
Quando se trata especificamente da educação da mulher negra, de acordo com
Oliveira e Gomes (2019) alguns dos desdobramentos do racismo que interferem na vida
escolar e acadêmica de mulheres e homens racializados é a violência intelectual por ações
da colonialidade:

A colonialidade do saber se organiza em conhecimentos e legitima a razão


eurocêntrica como universal, ocultando por assim dizer, de forma natural outros
conhecimentos racionais que não fazem parte da epistemologia eurocêntrica,
legitimando a referência do caráter eurocentrado em que se desenvolvem a
construção curricular brasileira e as demandas dele advindas. Quando pensamos a
colonialidade do ser engendrada no campo educacional, encontramos um currículo e
materiais didáticos da educação básica que invisibilizam o protagonismo civilizatório
e histórico do povo negro na construção desse pais, abordando a história africana e
afro-brasileira a partir da mercantilização e escravização de negras e negros, com
imagens de correntes, açoites e todo o tipo de humilhação sofrida na escravidão,
sem considerar a influência de literários, abolicionistas, juristas, intelectuais,
cientistas, médicos, engenheiros, jornalistas negras e negros que atuam em diversas
áreas neste país. Já nas universidades públicas ou privadas, as teses, os trabalhos
de conclusão de graduação e dissertações ainda sofrem com a falta de
conhecimento e/ou interesse por parte de docentes de programas de pós-graduação
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com a inclusão de teóricos, pesquisadores e intelectuais negras e negros na área de


pesquisa. (OLIVEIRA; GOMES, 2019, p. 21).

As autoras dissertam também sobre a construção da imagem da mulher negra no


imaginário social brasileiro. Imagem essa que está presente inclusive em livros didáticos,
onde elas ocupam papel subalterno ou sátiro, sendo predominantemente "mucamas ou
babás, cozinheiras exemplares ou feiticeiras perversas, prostitutas ou desajeitadas [...] sua
humanidade é negada e a possibilidade de esta mulher ter outros saberes diferentes desses
não é considerado" (OLIVEIRA; GOMES, 2019, p. 21).
Essa imagem terá repercussões na ausência de mulheres negras na política
brasileira. A mulher negra tem sido historicamente excluída dos ambientes de poder e no
campo político. De acordo com a Pesquisa Nacional por Domicílio (Pnad Contínua) do
IBGE, mulheres negras são cerca de 2% do Congresso Nacional e menos de 1% na
Câmara dos Deputados, mesmo que elas representem 27% da população feminina
brasileira.

Como proposta de enfrentamento para tais problemáticas, Oliveira e Gomes (2019),


propõem que se resgate em sala de aula os valores civilizatórios afro-brasileiros, de um
ponto de vista decolonial, isto é, deixando de lado o uso único de referências eurocêntricas,
bem como a necessidade de perceber a escola e a universidade como lugares de
reprodução de desigualdades, justamente por propagar a visão colonial de mundo e
promover a exclusão desses sujeitos não só do ambiente escolar, mas do mercado formal
de trabalho.
Um ponto é crucial: a educação pode ser libertadora! hooks (2017) inspirada em
Paulo Freire foi precisa nessa afirmação. A educação tem potencialidade para que junto a
projetos societários emancipatórios se rompa com esse ciclo geracional de exclusão e
estagnação socioeconômica de mulheres negras. Por isso, as ações afirmativas são
cruciais, mesmo que a educação por si só não consiga erradicar com opressões estruturais
e com as dinâmicas de poder e privilégio que provém diretamente de um sistema econômico
perverso, ela fornece ferramentas necessárias para compreender o mundo e
consequentemente promover o pensamento crítico e a autonomia de pensamento, tão
necessários ao vislumbre e ao enfrentamento dos sistemas de opressão.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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O presente artigo realizou um levantamento estatístico acerca dos impactos das


desigualdades sociais sob a lente da interseccionalidade e preocupou-se em aproximar o
debate no que diz respeito às mulheres negras brasileiras e suas vivências. Buscou
também, enfatizar a existência de um sistema de opressão, baseado em relações desiguais
de poder e privilégio que estão enraizadas na sociedade contemporânea e que atinge os
indivíduos de diferentes formas, a depender de seu lugar na matriz de dominação.
No Brasil, há uma forte presença do racismo e do machismo na cultura popular, que
força a mulher negra a conviver com estereótipos de subalternidade, servidão, sexualização
exacerbada e de incapacidade intelectual, que incidem para uma distorção de imagem, seja
pela internalização desses preceitos pela própria mulher, seja pelo reforço desses
pensamentos retrógrados que inviabilizam a existência plena desses indivíduos.
Por fim, o esforço diário pelo direito a existir e sobreviver perante a um projeto de
extermínio das vidas negras, que causa não apenas sua morte física, mas também social,
corrobora para o afastamento de muitas mulheres negras dos espaços decisórios. A
estrutura racista, machista e classista do mund, e, especificamente, da sociedade brasileira
está mais do que nunca exposta a olho nu: suas nuances são perceptíveis e brutais,
portanto, não se pode retroceder. É necessário continuar lutando por espaços para as
mulheres negras na sociedade e construindo novas práticas políticas e societárias.

Referências

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