Jornal ivros
Jornal Setembro de 2018 • Distribuição Gratuita
A Superstição Socialista
Uma obra que refuta as principais falácias dos socialistas teóricos e demonstra a
vacuidade dos argumentos supostamente científicos do socialismo, à luz da ciência
positiva, da psicologia, da história, da economia e do direito.
pesar de ter sido escri-
A ta em 1895, esta obra do
barão Raphael Garofalo
(1851-1934) ainda mantém até
hoje surpreendente atualida-
de. Célebre jurista e criminolo-
gista italiano, Garofalo foi re-
presentante da Nuova Scuola,
como ficou conhecida na sua
época a voga do positivismo
na criminologia. Aliás, foi ele
quem cunhou este termo, que
se tornou de uso corrente na
área jurídica, a partir da publi-
cação de sua obra Criminologia:
estudo sobre o delito, sobre suas
causas e a teoria da repressão
(1885). Juntamente com Lom-
broso e Enrico Ferri, o
barão é considerado
um dos fundadores da
Escola Positivista na
Itália.
Em A Superstição
Socialista, Garofalo re-
futa as principais falácias dos
socialistas teóricos e de-
monstra a vacuidade dos ar-
gumentos supostamente
científicos do socialismo, à
luz da ciência positiva, da
psicologia, da história, da
economia e do direito.
Um dos alvos desta obra
são as ideias de August
Ferdinand Bebel, socia-
lista alemão, e de
Ferri, que além de
autor de obras clás-
Texto de Bira Câmara
sicas sobre criminologia, foi
também político filiado ao Par-
tido Socialista Italiano e editor
do jornal Avanti!, órgão oficial
do partido.
O que torna esta obra
atual é que, embora o movi-
mento revolucionário em nos-
sos dias tenha adotado um dis-
curso mais maleável, suas pro-
1
postas continuam sendo basi-
camente as mesmas, assim co-
mo a essência de seus argu-
mentos, que soarão muito fa-
miliares ao leitor brasileiro.
Garofalo nos fala das agita-
ções promovidas pelos cole-
tivistas e a doutrinação socia-
lista através da imprensa, que
testemunhou em sua época, e
não há como deixar de com-
parar esses eventos com o
que vem acontecendo no Bra-
sil nas últimas três décadas.
No final do século XIX e início
do XX, estas convulsões pre-
pararam terreno, na Europa,
para o triunfo comunista na
Rússia, o surgimento do fas-
cismo na Itália e do nazismo
na Alemanha. Mussolini era
socialista, assim como o par-
tido de Hitler. E não deixa de
ser curioso que Ferri, quando
Mussolini chegou ao poder,
tornou-se um de seus mais
célebres apoiadores.
A maior novidade do
discurso esquerdista, de-
pois da falência da URSS,
das matanças promovidas na
China, Coréia, Cuba e no les-
te europeu, é que reconhecem
que ainda não sabem como
será a utopia socialista. Mas
não há nada de novo
Continua na página
seguinte
2 Jornal
Nas palavras de nesta desculpa; Garofalo, falando
Garofalo, «amargu- dos socialistas de sua época já
rados, desiludidos, observara que «lhes é impossível
repletos de determinar a futura forma de or-
inconfessáveis ganização social, de que não têm
invejas, são esses nem são capazes de ter, como de-
os verdadeiros e claram, uma ideia precisa. O que
perigosos agitado- quer dizer que desejam a revolu-
res das multidões ção pela revolução; destruir o exis-
tente é por agora o seu fim». Até
proletárias», que
nisto mentem, pois sabem muito
não se dão conta
bem o que farão quando tiverem
de que lutam pela
o poder total nas mãos: repres-
implantação de um são, censura à imprensa, perse-
sistema que jamais
guição aos oponentes, fuzilamen-
atenderá suas tos e, claro, a destruição da eco-
reivindicações. nomia do país como vem aconte-
cendo na Venezuela.
Voltaire, que em matéria de
história não é fonte fidedigna, põe
na conta do cristianismo o mas-
sacre de mais de nove milhões de
pessoas (*) desde a sua origem até
século XVIII. Nesta conta estão
incluídas as mortes devidas às
cruzadas, às perseguições e guer-
ras religiosas, à Inquisição, aos
cismas, etc. Obviamente não po-
demos justificar toda esta matan-
ça ao longo de cerca de 1.500
anos, mas temos que reconhecer
que esta cifra é uma bagatela
diante dos 120 milhões de pesso-
as assassinadas por Stalin, Mao,
Pol Pot, Fidel e outros paladinos
da esquerda em menos de um sé-
culo. Detalhe: o comunismo conti-
A superstição nua matando em Cuba, Venezue-
la e Coréia do Norte.
socialista Diante destes números, é es-
Barão Raphael Garofalo
pantoso que os militantes de es-
querda continuem a defender fa-
Reedição da tradução naticamente suas ideias. Isto só
portuguesa da Livraria pode ser explicado porque a men-
Clássica Ed. (1904) por talidade coletivista se reduz a um
Julio de Mattos (1856- ato de fé e a um estado mental
1922). Atualização em que o senso crítico e a razão
ortográfica de Bira ficam eclipsados. Portanto, comu-
Câmara. nismo e socialismo se enquadram
_____________________
Brochura, 192 págs.,
formato 13,5 X 20,5 cm. (*) Voltaire, Deus e os Homens, pág. 132. cursos clássico, científico e nor-
ivros
na categoria de seitas, ou, como
Garofalo define, de superstições.
Uma das maiores contradi-
ções da militância esquerdista é
que grande parte dos elementos
que fazem parte de suas fileiras,
desde a época do barão, provém
da classe burguesa e do proleta-
riado intelectual, médicos, advo-
gados e engenheiros, artistas
obscuros, jornalistas, profissio-
nais liberais desempregados, fru-
tos de uma educação que lhes fez
criar desejos e ambições incom-
patíveis com a própria capacida-
de e a realidade do mercado de
trabalho na sociedade capitalis-
ta, quanto mais numa eventual
sociedade socialista! Nas pala-
vras de Garofalo, «amargurados,
desiludidos, repletos de inconfes-
sáveis invejas, são esses os ver-
dadeiros e perigosos agitadores
das multidões proletárias», que
não se dão conta de que lutam
pela implantação de um sistema
que jamais atenderá suas reivin-
dicações. Não é o perfeito retrato
dos militantes de esquerda no
Brasil, zelosamente doutrinados
nos bancos escolares desde a
mais tenra idade de uns vinte
anos para cá?
Garofalo, fiel ao credo positi-
vista, é um crítico da educação
livresca que não prepara os cida-
dãos para as ásperas lutas da
vida, atulhando o cérebro das
crianças com informações inúteis.
E propõe reformar por completo
este ensino, dando-lhe um cará-
ter mais prático e tornando-o uma
disciplina da inteligência e da von-
tade, para defender as sociedades
modernas contra a eficácia da se-
dução socialista. É bom lembrar
que assim que tomaram o poder
em 64, os militares embuídos da
filosofia positivista fizeram a re-
forma do ensino, extinguindo os
Jornal ivros 3

mal. Antes disso, as escolas públi- confundindo a fraternidade prega-

cas brasileiras tinham um alto ní- da por Cristo com socialismo. Se Os novos socia-
vel de qualidade que as colocavam isto fosse verdade, os comunistas listas substituí-
entre as melhores do mundo. E o não teriam eleito a religião como ram a doutrina
resultado desta reforma foi degra- um dos principais alvos de sua fú- do amor cristão
dar o ensino, com a colaboração ria demolidora. Divergimos do tra- pela da inveja e
dos intelectuais comunistas que to- dutor neste ponto, pois observa- do ódio, dividin-
maram conta do Ministério da Edu- mos que pessoas com sólida cren- do a sociedade
cação e Cultura... ça religiosa não se deixam seduzir
em dois campos:
O tradutor desta obra, Júlio facilmente pelas ideias socialistas. num deles, os
Xavier de Mattos (1856-1922), mé- Em 1964, quando a famigerada te- proletários que
dico, cirurgião e psiquiatra, foi um ologia da libertação ainda não ti- trabalham e não
expoente da corrente nha se disseminado
entre os cristãos no gozam, no outro,
positivista em Portu- os proprietários
gal. No seu prefácio ...o socialismo não Brasil, a Igreja de-
sempenhou um papel que gozam e não
ele faz questão de re- passa de uma nova
trabalham. E
gistrar sua divergên- religião, sem Deus, é fundamental na mo-
bilização popular con- incitam os
cia de Garofalo quan- certo, mas com
to à questão do ensi- tra o perigo comunis- primeiros à luta
dogmas, com ta. Portanto, neutrali- contra os segun-
no elementar religio-
profetas, com zar a sua influência dos, não para
so como antídoto
contra a dissemina- apóstolos, com junto às massas tor- que os pobres
ção das ideias socia- intolerâncias, com nou-se uma obcessão enriqueçam, o
listas. Concordamos da esquerda brasilei- que é impossível,
lutas, com mártires e
com o barão, quando ra, sem o que possi- mas para que os
postula que «o ensino
até com procissões. velmente jamais che- ricos empobre-
moral não tem senti- gariam ao poder com çam, e deste
do ou, pelo menos, eficácia, sem FHC, Lula e Dilma. modo se realize
uma base religiosa». Mattos, po- Para muitos, a solução das de- a igualdade
rém, considera a sua defesa do en- sigualdades sociais está na refor- econômica ou,
sino religioso nas escolas pernicio- ma moral e religiosa. Clemenceau antes, a igualda-
sa e inconsequente com «a vigoro- resumiu a questão ao dizer que «no de na miséria.
sa crítica do autor ao socialismo». dia em que os cristãos de nome fo-
Numa precipitada análise desta rem cristãos de fato» estará resol- A Superstição
questão, conclui que o cristianismo vido o problema social. Nada mais Socialista, pág. 109
igualitário e nivelador faz a apolo- há que acrescentar a estas sábias
gia do coletivismo, erroneamente palavras.

Papas, uma história bem agitada

episódios marcantes da história do Papado
Origem e breve História - Lista cronológica dos papas -
Os papas e as heresias - Processos polêmicos - A vida
escandalosa de alguns papas - O império dos papas - Os
papas, a ciência e as artes - Curiosidades sobre os papas
- A lenda da Papisa Joana - As outras “papisas” - Os papas e a
astrologia - A profecia de São Malaquias
Brochura, 192 páginas, formato 14 X 20,5 cm., ilustrada.
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Um socialista chinês no século XI,
de Charles de Varigny
Pouca gente sabe
que o modelo comu-
nista implantado no
século vinte na Rús-
sia, na China e em
Era Karl Cuba já havia sido
experimentado no
Marx um século XI na própria
satanista? China, fracassando da
Richard mesma forma. O
Wurmbrand reformador que
logrou essa proeza, Wang-
Formato 11,5 X
Ngan-Ché (1019-1086), realizou
18,5 cm, 113
páginas, Editora de modo completo o coletivismo
Lux, 2013. da produção agrária,
Um livro que estendendo-o para todas as
revela aspectos indústrias, de modo a abolir a
sombrios da propriedade individual e até a
personalidade de impedir o enriquecimento de
Marx. todo cidadão.
Esta época na China foi
particularmente agitada; o
império estava à beira do caos,
uma seca implacável,
terremotos, carestia, aumento da
miséria do povo, guerra civil e,
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para exaltar os ânimos, seitas
Boletim informativo
de literatura e
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ivros
anarquistas ou niilistas
se propunham a
destruir o edifício social.
«A sociedade, diziam
eles, baseia-se na lei, que
não é senão injustiça e
sofisma, sobre a
propriedade, que não é
senão roubo e extorsão,
sobre a religião, que não
passa de uma mentira,
sobre a força, que não é senão
tirania».
É nesse cenário caótico que
aparece o célebre Wang-Ngan-
Ché, com um plano de reformas
nunca antes tentado para salvar
a China da ruína social. Contou
com o apoio do próprio
imperador e plenos poderes
durante quinze anos para
implementá-lo sem, no entanto,
conseguir acabar com a fome e a
miséria ou restabelecer a paz
social.
Tradução e prefácio de Bira
Câmara, 2012, 58 páginas
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BIBLIOFILIA &LITERATURA