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rio não apenas pela situação das organizações de massas, mas também estudando
os reagrupamentos ideológicos em curso e as indagações teóricas nas quais tantos
grupos estão engajados. Em Paris, publicou-se a revista Que Fuire? [Que fazer?].
que por alguma razão se considera marxista, mas que na realidade permanece
completamente dentro do quadro do empirismo dos intelectuais burgueses de
esquerda, e daqueles trabalhadores isolados que assimilaram todos os víicios dos
intelectuais.
Da mesma forma que todos os
grupos deficientes de unma base científica, sem
um
programa e sem
qualquer tradição, essa pequena revista tentou se agarrar à
cauda do POUM, que parecia oferecer às massas o caminho mais
curto para a vi
tória. Mas o resultado desses laços com a
Revolução Espanhola parece à primeira
vista inteiramente
inesperado, e a revista não avançou, mas, pelo contrário, retro-
cedeu. De fato, isto está inteiramente na natureza
das coisas. As
o conservadorismo pequeno contradições entre
burguês e as necessidades da revolução proletária de-
senvolveram-se ao extremo. Nada mais natural que os defensores e os
da política do POUM tenham sido intérpretes
quanto no campo teórico.
lançados para trás tanto no campo politico
A revista Que Faire? não tem por si mesma
nenhuma importância. Mas é de in-
teresse sintomático. Aí está a razão pela
qual consideramos relevante nos determos
na
aprecação que essa revistafaz das causas do colapso da
na medida em
Revoluço Espanhola,
que revela muito graficamente as características fundamentais
ra dominantes no flanco ago-
esquerdo do pseudomarx1smo.
Que Faire? explica
267
LEON TROTSKI
à Espanha um Lênin ou
demônios; Deus dos revolucionários infelizmente não enviou
o
um Trotski como o fez para a Rússia em 1917.
trados em tão poucas linhas. O autor da citação acima evita fornecer qualquer tipo
ele se contenta em dizer
de explicação sobre a derrota da Revolução Espanhola:
como a "condição das forças
so-
que temos que buscar explicações mais profundas,
do bolchevismo
ciais". A falta de qualquer explicação não é acidental. Esses críticos
nada sólido
são todos covardes teóricos, pela simples razão de que não possuem
fazem malabaris-
sob os seus pés. A fim de não revelarem sua própria bancarrota,
redor das dos outros. Limitam-se a
mos com os tatos e se esgueiram ao opiniðes
tivessem tempo de delinear toda
insinuações pensamentos parciais como se não
e
Sua arrogncia é a
a sua sabedoria. Na realidade, não possuem sabedoria alguma.
matéria bruta de seu charlatanismo intelectual.
Analisemos passo a passo as insinuações e os pensamentos parciais de nosso au-
tor. De acordo com ele, uma política errada das massas pode ser explicada apenas
268
A REVOLUÇ ESPANHO
cos e
desprezíveis burgueses mascarados baratamente de revolucionários repe- -
269
LEON TROTSKI
A abordagem dialética
evolucionista e liberal da
concepção
velho ditado que reflete
a
Existe um revela que
merece. A
história, entretanto,
história: cada tem o governo que
povo r e l a t i v a m e n t e breve, pode
ter governos
c u r s o de u m tempo
um povo, n o
mesmo
etc.) e, além do mais, que
a
270
A REVOLUÇÃO ESPANHOLA
Cebe a maturidade do
proletariado
tO durante uma revoluçao a ConscienCiacomo
algo puramente estático. En-
de uma classe é
elemento mais o
námico do processo, aeteminando diretamente o curso da revolução.
ellem janeiro de 1917 Ou mesmo em março, após a derrubada do Seria pos-
Cnecer uma resposta a questao de se o proletariado russo tinha czarismo.
uficientemente para a conquista do poder em oito ou nove meses? "amadurecido"
classe operária era àquela época extremamente
A
heterogênea, social e politi-
camente. Durante a guerra, tinha se renovado de 30-40% a
partir da entrada das
Eleiras da pequena burgues1a, frequentemente reacionária, de
camponeses atrasa-
dos. de mulheres e jovens. O Partido
Bolchevique, março de l917, era seguido
em
271
LEON TROTSKI
A relatividade da "maturidade"
272
A REVOLUÇÃO ESPANHOLA
O stalinismo na
Espanha
Mas por que, por todos os diabos," pergunta o autor, como já ouvimos, "as
massas revolucionárias que abandonaram seus antigos dirigentes se reagruparam
o Tedor da bandeira do Partido Comunista?" A questão está falsamente coloca-
N ã o é verdade que as massas revolucionárias deixaram todos os seus antigos
gentes. Os operários que estavam previamente conectados com organizações
pecilicas continuaram aferrados a elas, enquanto observavanme averiguavam. Os
PedoS em geral não rompem tão facilmente com os partidos que os desperta-
a vida consciente. E muito menos
quando são enganados com siste-
a
C
r a
proteção mútua que existia no interior da Frente Popular: se todo
o
mundo
273
LEON TROTSKI
massas se voltaramn
estar bem. As
novas revigoradas e
concorda, então tudo deve única revolução
Internacional Comunista comoo partido
que fez a
naturalmente à
à Espanha.
acreditavam capaz ser de garantir a r m a s
proletária vitoriosa e que era a mais
zelosa defensora da Fren
Comunista
Além disso, a Internacional
entre as camadas
inexperientes dos operários.
tePopular, isso inspirou confiança a mais zelosa defensora
Internacional Comunista era
Dentro da Frente Popular, a
da pequena e uma parte
isso inspirou a contiança
do caráter burguês da revolução, ao redor da bandei-
as massas "se reagruparam
da média burguesia. Eis aí por que
ra do Partido Comunista".
coisa toda c o m o se o proletariado estivesse em uma loja
Nosso autor descreve a
par de botas. Mesmo
selecionando um novo
de sapatos muito bem guarnecida,
n e m sempre termina
bem. No que se re-
essa simples operação,
como bem se sabe,
bem limitada. Apenas gradualmente, apenas
fere a u m a nova direção, a escolha é
meio de vários estágios, podendo as
sobre a base de sua própria experiência por
convencidas de que u m a nova direção é
camadas das massas se tornarem
amplas
anterior. Sabemos que, durante uma re-
mais firme,mais confiável, mais leal que a
os acontecimentos
mudam rapidamente, um partido débil
volução, isto é, quando lucidamente o curso
pode se converter em umpoderoso partido, se compreende
não se deixem intoxicar com frases e nem
da revolução e tenha quadros firmes que
Mas tal partido deve existir antes da revo-
se deixem aterrorizar pela perseguição.
A traição do POUM
274
AREVOLUÇÃO ESPANHOLA
Fatetanto, a série de causas que engendraram o centrismo do POUM näão
alguma um mero
reflexo da condição do proletariado espanhol ou
maneira
é de
c a t a l ã o .
Duas séries de causas
avançavam conjuntamente conformando um certo
em um determinado momento, entraram em conflito.
e,
angui consideração a prévia experiência internacional,
ssivel, levando-se em a
ncia de lMoscou,
influência de influência de um número de derrotas etc., explicar políticaa
a
A responsabilidade
da direção
275
LEON TROTSKI
276
A REVOLUÇÃO ESPANHOLA
nas
força dCPU: nisso reside o papel historico de stalin.
a GPU
Apenas um
filisteu ignoran-
a0ar essa verdade com piadas estúpidas sobreo "o chefe dos demônios",
n h o r e s não colocam nem mesmo a questão do caráter social da revolu
. Os lacaios de Moscou, para beneficio da Inglaterra e da França, proclamaram
ão. Os
a Revolução Espanhola era
uma revolução burguesa. Sobre essa fraude foram
que
erigidas as nérfidas políticas da Frente Popular: políticas que continuariam sendo
completamenteifalsas mesmo queaa Revolução Espanhola fosse realmente burgue-
ea Mas desde o início, a revolução demonstrou seu caráter proletário muito mais
laramente que na própria revolução de 1917 na Rússia. Na direção do POUM
atualmente, há senhOres que consideram que a polituca de Andrés Nin era muito
esquerdista", que a coisa mais correta era ter permanecido como a ala esquerda da
Frente Popular. O verdadeiro infortúnio foi que Nin, cobrindo a si mesmo com a au-
toridade de Lênin e da Revolução de Outubro, não rompeu com a Frente Popular.
Victor Serge, que se apressa em comprometer-se com atitudes frívolas em ques
tões sérias, escreve que Nin no queria se submeter às ordens de Oslo ou de Coyo
acán. Pode um homem sério realmente ser capaz de reduzir o problema do conte-
údo de classe de uma revolução a fotocas mesquinhas? Os sábios do Que Jaire? não
possuem absolutamente nenhuma resposta a essa questão. Não compreendem a
própria questão. Realmente, que significado pode ter o fato de que o proletaria-
do "imaturo" tinha criado seus próprios órgãos de poder, tinha tomado fábricas,
procurava regular a produção, enquanto o POUM tentava com todas as suas forças
evitar uma ruptura com os anarquistas burgueses que, na aliança com os burgueses
republicanos e com os não menos burgueses socialistas e stalinistas, atacavam e
estrangulavam a revolução proletária?! Tais "ninharias" são obviamente apenas do
interesse dos representantes da "ortodoxia cristalizada." Os sábios do Que faire?
tem, ao invés disso, um mecanismo especial que mede a maturidade do proleta-
riado e a relação de forças independentemente de todas as questões de estratégia
revolucionária de classe..
277
Licões da Espanha: última advertência (p. 244)
envio de
"conselheiros militares"
o
respondia à
-,
3. O antigo dirigente
das Juventudes Socialistas Unificadas e militante do PCE,
Frederico Melchor, afirmava, por exemplo, em janeiro de 1937: "Hoje em dia
não temos que fazer uma revolução social, estamos desenvolvendo a revolução
democrática" (Organicemos la producción). Antonio Mitje, membro do Birô Político
do PCE escrevia: "Quando alguns inclusive têm medo de citar a revolução demo-
crática, nós, os comunistas,
não nos opomos a explicar aos elementos
impacientes
que não compreendem a situação, que era politicamente correto defendé-la contra
o fascismo" (Mundo Obero, 18 de maio de 1938). Essa politica, antecipação da luta
contra "o esquerdismo", e tudo o que era qualificado como tal, encontrava sua
expresso mais simplificada na célebre consigna "Primeiro vencer Franco!". (N.B)
333
LEON TROTSKI
Madri. (N.B)
7. Uma parte desta "sombra" era claramente formada pela burguesia interna
cional, cujas exigências em matéria de pagamentos, cámbios etc., atuavam no sen-
tido de moderar as reivindicações revolucionarias. A necessidade de não se afastar
dos "governos democráticos" era um dos argumentos mais utilizados pelos defen-
sores da política da Frente Popular. Comorera, dirigente do PsUC na Catalunha,
declarava em uma reunião: "No bloco das potências democráticas, o fator decisivo
não é a França, mas a Inglaterra. E essencial que os camaradas de nosso partido
1937). (N.B)
8. Largo Caballero tinha uma longa carreira de dirigente sindical na UGT, em
sobretudo entre trabalhadores mais
cujo seio sempre teve uma sólida base
-
os
de um
qualificados e melhor pagos. Prieto, homem de negócios proprietário
e
à liberale
jornal, e doutor Negrín, médico e professor, eram ligados burguesia
círculos políticos pequeno burgueses. (N.B)
gozavam de grande estima nos
9. Em uma obra de 1971, G. Hermet escreve com base a fontes do próprio PCE
1937 55% de camponeses, sendo a maio-
que "o partido contava em março de com
11. Referente aos povos do Riff, uma região ao norte do Marrocos de onde
vinham os soldados recrutados pelo exército franquista. (N.E)
334
Classe, partido e direção (p. 267)
1. Este artigo está inacabado e foi reconstruído a partir das notas e dos frag-
mentos encontrados após o assassinato de Trotski em agosto de 1940. Foi publica-
do na New International em dezembro de 1940. (N.B)
336