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Entre a essência e “atualizações” – O Integralismo ontem e hoje (de 1932 até o

presente)

Este artigo resulta de compilação e organização pelo Professor Leonardo Labrada de uma
aula para qual fui convidada a ministrar pela Escola de Formação Política Castro Alves,
pela União da Juventude Socialista (UJS) e pelo Canal midiático E Se Fosse Você, da
jornalista e militante política Manuela D’Ávila, no conjunto do Debate “Entenda o
Fascismo para ser Antifascista”.

O exercício do Professor Labrada lhe concede a co-autoria de um texto escrito de uma


longa aula, de uma professora acostumada com o espaço físico da classe, com estudantes
inquietos, e não com conferências de cátedra que é como as lives em tempo de quarentena
por conta do COVID-19 se parecem. Só que, em vez dos ambientes solenes das
Academias, estamos mas nossas casas, nossos bastidores dos segredos. Nas lives, a
reclusão permite a intimidade. Nunca adentramos tantas bibliotecas tentando conhecer o
que os outros leem (e como os livros estão arrumados, ou não).

Nas anotações do Professor, intercalei um pouco do que escrevi na minha Tese, há 13


anos, e que venho retendo na memória da história da pesquisa sobre o movimento
integralista brasileiro e a influência expressiva do catolicismo, com a Doutrina Social da
Igreja, mas com a presença característica do modelo fascista, contextual e ideológica.

Escrevi em 2007:

"Não somente o pensamento oficial da Igreja influenciou os católicos a partir do XIX.


Conforme escreve o Padre Charles Antoine. Na França, na Itália, na Inglaterra e
Alemanha, o catolicismo teria sofrido um abalo profundo sob o impacto do pensamento
moderno. O fim da soberania temporal do Papa, em 1870, com a unificação da Itália e
consequente desaparecimento dos Estados Pontífices, teriam sido acirradas as querelas
internas entre catolicismos mais liberais e os mais conservadores. Uma das principais
tendências que representam o segundo segmento é o integrismo. Considerado um
“catolicismo social”, o integrismo representa uma linha dessa vertente do pensamento
católico que defende a integridade doutrinal e nela se fecha[i]. O grupo mais
representativo deste movimento católico, enquanto tendência teológica reunia-se numa
espécie de instituto secular não reconhecido denominado Sodalitum Pianum, o La
Sapinière, criado pelo Mons. Benigni em Roma. A tendência política deste grupo estaria
representada pelo maurrasismo, cujo principal articulador foi Charles Maurras, fundador
da Ação Francesa. Com posições radicalmente antidemocratas, antiliberal e
antissocialista, o maurrasismo chegou a dominar grande parte da hierarquia do
catolicismo francês.” (CARNEIRO, 2007, p. 59-60).

O uso da nomenclatura integralismo para nomear movimentos que tinham em comum


características que se fundamentavam no conservadorismo católico não foi apenas uma
experiência brasileira. Existiram outros "integralismos", como na Argentina,
mais próxima geograficamente, e o integralismo lusitano, referência cultural e afetiva
para os brasileiros. O integralismo lusitano tinha outras características que não foram as
do integralismo brasileiro. Em Portugal, os integralistas defendiam o retorno do Regime
monárquico. O integralismo lusitano defendia a “monarquia orgânica”, tendo o rei como
Chefe de um Estado de inspiração tomista, tal como a Igreja Católica o concebera, de
acordo com as Encíclicas papais que tratavam a “questão social” desde fins do século
XIX, assim como o combate ao comunismo e a intensificação da “conversão dos infiéis”
no contexto do capital-imperialismo e do movimento sionista.

Considerando a modernidade como heresia, a Igreja Católica se acautelava tanto em


relação à expansão do liberalismo como movimento econômico e social, quanto ao
movimento de retorno judeu à "Terra Prometida", que não representaria mais, segundo a
perspectiva católica, em tantos séculos de domínio "cruzado", somente um território de
uma religião, mas a referência primordial do catolicismo: o sacrifício e a ressurreição do
Cordeiro de Deus, a "Terra Santa". Portanto, o antissemitismo representaria uma lógica
necessária à escatologia católica, como preparação para o fim dos tempos, cuja realização
seria na Nova Jerusalém, a Terra Santa. Porém a questão "racialista" estava presente na
construção do projeto de Estado integralista, de forma menos ou mais implícita. Entre os
intelectuais integralistas, foi Gustavo Barroso que explicitava mais francamente seu
preconceito "racial" antissemita. Este, que permanece, ainda, em proporções desiguais,
entre os grupos dos novos integralistas, são direcionados publicamente à manifestações
anti-sionistas.

No Brasil, a Ação Integralista Brasileira, criada em 1932 por um pequeno grupo de


intelectuais, em São Paulo, teria características republicanas, por influência do então
jovem advogado, na década de 1930, Miguel Reale, que aderiu à AIB, pouco tempo
depois.

Com estas características, este movimento que agora surge como exemplar para um
projeto de "recuperação moral brasileira", em que a evocação do seu lema: "Deus, Pátria
e Família" é recuperado como bandeira, cabe ressaltar que não é um tema desconhecido
pela Academia e por memorialistas. Reproduzo, a partir do que escrevi na minha Tese de
doutorado sobre as pesquisas sobre o integralismo:

"Entre os estudos consultados sobre o movimento que são, de certa forma, substanciais a
partir da década de 1970, estão os já clássicos trabalhos de Hélgio Trindade, Marilena
Chauí, Gilberto Vasconcellos, José Chasin, Ricardo Benzaquen de Araújo, Hélio Silva e
Ivan Alves. Com o alongar da pesquisa, que chega à atualidade, pude acompanhar o
surgimento de novos interesses e novas leituras sobre o movimento, a partir da década de
1990. Esta retomada pelo estudo do integralismo demonstra a sua importância na vida
política e social brasileira. Novas Teses sobre o integralismo foram produzidas por uma
geração mais recente. Os trabalhos de Carla Brandalise, Ivo Canabarro, João Fábio
Bertonha, Marcos Chor Maio, Renato Dotta, Gilberto Calil, Rosa Maria Feiteiro Cavalari,
Rogério Lustosa Vitor, estavam entre os mais importantes no período de elaboração da
minha Tese, entre outros[ii]. De modo geral, todos os autores relacionados contribuem
para a compreensão da participação integralista no pensamento político nacional. Dentre
eles, destaca-se o conjunto da obra de Trindade, ponto de referência para trabalhos
importantes produzidos sobre o integralismo. Esse autor analisa profundamente a gênese
do pensamento pliniano, seus desdobramentos ideológicos até a criação da AIB, e a sua
organização político-social. A partir de dados quantitativos e qualitativos, ele resgata
aspectos importantes que reconstroem a organização interna do integralismo. Na nova
historiografia sobre o integralismo sobressai-se o trabalho de Fábio Bertonha, que, ao
pesquisar a assimilação do fascismo entre os imigrantes italianos, desvendou lacunas
documentais que se achavam sob a poeira dos arquivos da Itália. Desta forma pode
comprovar a relação de proximidade, não só ideológica, mas de compromissos políticos
entre o integralismo e o regime europeu. " (CARNEIRO, 2007,p. 2).
No meu caso, a motivação surgiu enquanto cursava a minha segunda Graduação, em
História, na Universidade Federal Fluminense. Sendo orientada pela Professora Doutora
Ângela Castro Gomes, a meu trabalho de conclusão de curso versou sobre a história de
minha avó militante integralista na década de 1930 e recebeu o título “Família
Integralista: do lar à Nação, memórias de uma militante”. A metodologia da História Oral
foi utilizada e, através da análise dos depoimentos dados por esta militante, busquei suas
impressões sobre a vivência no movimento. O trabalho procurou estabelecer as conexões
entre cotidiano da mulher e da militante de um movimento com características fascistas
que não prescindia do caráter compulsório da participação de seus filiados.

Dando continuidade ao trabalho de recolhimento de depoimentos de militantes


integralistas para o Laboratório de História Oral e Imagem, da Universidade Federal
Fluminense (LABHOI), entrevistei outros militantes da Ação Integralista Brasileira.
Foram eles: Alphiete de Araújo Corrêa; Rubens Luiz Barcellos; Arcy Lopes Estrella
e Alcebíades Marins. Estes dois últimos participaram ativamente da AIB dos anos 1930
e ainda frequentavam as reuniões que vinham sendo feitas em São Gonçalo, no Estado do
Rio de Janeiro, no Centro Cultural Plínio Salgado, e em outros lugares do país em fins do
século XX.

Ao cursar o Mestrado (1999-2002), o meu trabalho fundamentou-se nos depoimentos dos


cinco militantes que tiveram participação ativa no Estado do Rio de Janeiro. Ainda sob a
orientação da Profa. Ângela Gomes, como na Graduação e Especialização, a minha
dissertação procurou analisar o movimento e a identidade integralista a partir das
perspectivas de sua militância neste estado. A dissertação teve como título: “Memória e
integralismo: um estudo da militância no Rio de Janeiro”.

Na década de 1990, soube da continuidade do movimento na atualidade. Atentei, então,


para a necessidade de se buscar as permanências das ideias integralistas e o porquê delas
servirem de inspiração para esses grupos que se formavam e que se articulam em todo o
país por meio de núcleos, ou centros culturais. Ainda não havia a popularização da
internet. Os contatos eram feitos por cartas e os jornais e boletins eram enviados pelos
correios. Mesmo o uso de contatos telefônicos era raro. Se hoje sabemos que uma palavra
na “rede de busca” pode nos aproximar de nossos interesses, como puderam os que se
identificavam com os ideais integralistas se reunir? Uma pergunta que me fiz ao ouvir de
minha avó militante que aos 93 anos me perguntava sobre uma tal Casa de Plínio Salgado
em São Paulo. Como ela sabia? Uma resposta que encontrei foi a de que os interesses
atraem a pesquisa. Os apelos ao nacionalismo, a necessidade de recuperação de uma
moralidade religiosa, a descrença na democracia, teriam levado jovens de todo o país a
aderir, senão a grupos formados, pelo menos, à ideia. Esta chegava por impressos
reproduzidos pelo velho mimeógrafo e, depois, pelas fotocópias aos mais distantes
lugares do Brasil. Especialmente um antigo militante de 1930, Arcy Lopes Estrella,
morador de São Gonçalo, Rio de Janeiro, foi um dos principais articuladores no novo
integralismo (via Correios), ou da continuidade do antigo, como os atuais integralistas
consideram.

Com o uso da rede cibernética, os jovens descobriam a permanência do integralismo. A


partir dos locais de trabalho, principalmente, visto que o acesso à Rede era escasso, era
dos “escritórios” nas grandes cidades que os jovens de então adquiriam conhecimento e
habilidades da informática e passaram a fazer uso da internet para a sua divulgação.
Muitos dos novos integralistas participavam de movimentos católicos anti-aborto, alguns
frequentam círculos pró monárquicos, alguns eram jovens recém chegados à área militar.

Em comum, os reunia o apelo à “Ordem” divina e estatal e à uma necessidade de reunir


forças em torno do objetivo comum: “defender o Brasil das tendências esquerdistas”.
Estes jovens reconheciam-se como conservadores e defendiam, e defendem, um Estado
forte. Mas como os discursos militantes e a historiografia têm demonstrado, tentam se
afastar da nomenclatura de fascistas, principalmente a partir do fim da Segunda Guerra
Mundial, com o reordenamento geopolítico global em torno da bi-polaridade da Guerra
Fria. Consideram-se defensores da “Democracia Orgânica”, em que se sustenta o modelo
corporativista de atrelamento da estrutura sindical à do Estado.

Considerando as devidas diferenças entre o fascismo italiano, com seu anticlericalismo,


e o nazismo, com sua particularidade racialista ariana, o integralismo contém outras
características que o incluem nos moldes do fenômeno fascista, especialmente quando
utilizamos o conceito de Ur-fascismo de Umberto Eco: o culto da tradição, que se recusa
à modernidade; culto da ação pela ação e ódio ao conhecimento, tratado como esnobismo;
impossibilidade do “pensar diferente”; apelo às “classes frustradas” que se opõe à
destruição do status quo; idealização de uma identidade nacional (ou patriótica); ódio aos
mais ricos (relativizada nos ataques a certos “ricos”, especialmente aos financistas
judeus); aspecto beligerante: “vida para a luta”; elitismo reacionário e popular: a força do
líder depende da debilidade das massas, dependentes de um dominador:

O herói Ur-Fascista aspira à morte, anunciada como a melhor recompensa para uma vida
heroica. O herói Ur-Fascista espera impacientemente pela morte. E sua impaciência, é
preciso ressaltar, consegue na maior parte das vezes levar os outros à morte.” (ECO,
2002); transferência da violência para a uma sexualidade frustrada: “Como o sexo
também é um jogo difícil de jogar, o herói Ur-Fascista joga com as armas, que são seu
Ersatz fálico: seus jogos de guerra são devidos a uma inveja pênis permanente. (ECO,
2002)

No Ur-Fascismo, o povo é concebido como qualidade e não como conjunto de indivíduos,


“populismo qualitativo”; uso de uma “novilíngua”: “Todos os textos escolares nazistas
ou fascistas baseavam-se em um léxico pobre e em uma sintaxe elementar, com o fim de
limitar os instrumentos para um raciocínio complexo e crítico.” (ECO, 2002). Sobre a
“novilíngua”, uma referência brasileira se faz importante com as análises do professor
Francisco Carlos Teixeira da Silva em seu artigo O Discurso de Ódio: análise comparada
das linguagens dos extremismos, publicado em 2019.

Recuperando outro trecho de artigo por mim publicado (CARNEIRO, 2019), aponto a
pesquisa e análises do professor Francisco Carlos Teixeira da Silva como exemplar para
o fenômeno fascismo como persistência no mundo capitalista liberal e democrático:

Como escreve Silva, a linguagem fascista articula uma série de sintagmas e vocábulos
que, por repetição e saturação, normalização o improvável, o inumano, o ilógico e o
irracional, rebaixando o nível do debate político e constituindo-se em indispensável elo
de união entre os indivíduos em processo de fascistização” (DA SILVA, 2019), é possível
entender algumas das permanências morais que, num absoluto “fuzzy[iii]”, reúne
elementos das “tradições” religiosas descontextualizadas, assim como máximas morais
superadas por outros hábitos e relações sociais na história. Há nestas relações subjacentes
na civilização ocidental, as referências à cidade de Ur como um dos berços das
civilizações, mas também, como o ponto de partida de Abraão ou da nova aliança.
Segundo a análise de Deleuze e Guattari, o Urstaat original, surgido totalmente armado,
por um golpe de um senhor, é o “eterno modelo de todo Estado quer ser e
deseja”. (DELEUZE & GUATTARI, 1976, p. 275). (In CARNEIRO, 2019).

Retornando a reorganização do integralismo nos anos iniciais do século XXI, ainda


houve uma tentativa de aproximação, não concretizada, com a TFP (Sociedade Tradição,
Família e Propriedade), cujo símbolo, o leão rampante[iv], era usado, ladeando o retrato
de Plínio Salgado, pelos integrantes do CEDI (Centro de Estudos e Debates Integralistas)
fundado em 2002. Ainda se aproximam do integralismo, os chamados “Carecas”,
principalmente os de Niterói e os do ABC paulista, de inspiração nazista, contrários à
defesa de direitos de minorias e defensores de posições antissemitas.

No sentido de aprofundar minha pesquisa, assisti a algumas reuniões desses “novos


integralistas”. As reuniões objetivavam a divulgação das ideias do movimento e a
doutrinação dos assistentes. O objetivo do trabalho visava a observação do ambiente onde
as ideias são propagadas e isto é importante no caso do Integralismo, movimento de
características fascistas, pois percebemos a conservação dos mesmos ícones que
adornavam as reuniões do início do século XX.

Para o curso de Doutorado, orientado pela Professora Ana Maria Mauad, dispus-me
investigar os mecanismos de construção das memórias integralistas a partir das estratégias
argumentativas de seus militantes que procuram seguir as linhas mestras delineadas pelo
Chefe da AIB à época da sua fundação. Dando continuidade ao trabalho com a História
Oral, que vinha fazendo desde a Graduação, entrevistei mais dez pessoas que participaram
ou ainda participam do movimento até estes tempos da pandemia COVID-19. E este
trabalho, com a análise da produção de memórias integralistas resultou na minha Tese de
Doutoramento, que teve como principal apoio, os relatos destes depoentes. A partir dos
depoimentos, analisei a trajetória de três gerações que se sucedem no integralismo. Cada
qual tentando responder as questões que afloram nas disputas pelos espaços de poder e
de representação da sociedade brasileira. Atualmente, considero que a quarta geração,
que surgiu da ruptura que descrevo abaixo, já se encontra superada por uma 5ª. Geração,
que se atualizou pela introdução de outras demandas e ideias estranhas à original
“Revolução do Espírito”.

O título da Tese: Do sigma ao sigma - – entre a anta, a águia, o leão e o galo – a


construção de memórias integralistas, procurava relacionar a simbologia escolhida pelos
intelectuais do movimento à representação que cabe a cada animal nos períodos
delimitados, enquanto símbolos a serem reconhecidos como fator identidade do grupo, de
um contexto e/ou linha de pensamento. A figura da anta representa a ligação de Plínio
Salgado, fundador e Chefe do integralismo com o grupo Verdeamarelo que se constituiu,
em 1926, em oposição ao grupo Pau-Brasil, liderado por Oswald de Andrade, no contexto
do movimento artístico-cultural modernista cujo ápice nacional fora a Semana de Arte
Moderna, no ano de 1922, em São Paulo, sem recusar, aqui, outras manifestações da
defesa da Arte Moderna em outras cidades capitais brasileiras. O Grupo VerdeAmarelo
representava a proposta de um nacionalismo ufanista e contra qualquer influência do era
considerado estrangeirismo cosmopolita Movimento Modernista de 1922.
Para Salgado, a anta, animal tipicamente brasileiro representaria o nacionalismo e a
especificidade de um pensamento nacional. Ainda que não formalmente usado pelo
movimento, o simbolismo da anta demonstra a relação do nascente integralismo com a
produção literária de Salgado na qual se observa a sua manifestação contra os
estrangeirismos que considerava perniciosos para a sociedade brasileira e que iriam
marcar as linhas fundadoras da Sociedade de Estudos Políticos, criada em fevereiro de
1932 e, posteriormente, a AIB, em outubro do mesmo ano.

Quanto à águia, esta ave, com capacidade de voo alto representaria, para Salgado, no
período em que o integralismo se organizava sob a sigla do Partido de Representação
Popular, a juventude perrepista. Os jovens do PRP, ligados aos Centros Culturais e da
Juventude eram chamados de “Águias Brancas”.

Em janeiro de 2005, com a criação do MIL-B, Movimento Integralista Linearista


Brasileiro, o galo passou a ser usado como um dos símbolos deste grupo do novo-
integralismo. Segundo os participantes deste grupo, o galo foi escolhido para se contrapor
à pecha de galinhas-verdes, adquirida após o embate entre integralistas e comunistas na
Praça da Sé, em São Paulo, durante um comício integralista, em 1934. Como argumento
dos linearistas, o galo, o Galo Tupã[v], referência a um simbolismo “divino” usado na
pedagogia jesuíta colonizadora, e para demonstrar a força do galo de briga que enfrenta
a luta.

Algumas questões estão colocadas quando o tema é a produção da memória: o que o


movimento tenta preservar e de que forma se dá a adesão desta militância ao movimento.
Sendo três períodos recortados e separados por espaços de tempo, procurei entender o
que, simbolicamente, os unia. Uma das constatações é a permanência da figura de Plínio
Salgado, o eterno Chefe Nacional. Outra permanência é a leitura que se faz acerca do
Estado espiritualista, neste sentido, embora haja divergências, a ideia de um Estado
espiritual se mantém como modelo de organização que deveria seguir uma direção
apontada pelo primado do espírito religioso sobre a razão. Não que a organização do
Estado Integral fuja às regras racionais elaboradas na trajetória do Estado Ocidental
burguês, mas prioriza-se a defesa de uma moralidade cristã, de uma ordenação da
sociedade a partir do que chamam a célula mater da sociedade, a família. Da família para
o mundo do trabalho e deste para as representações na sociedade política. Algumas
características podem ser encontradas em cada geração, mas em todas, uma visão
pessimista da História. Em todas, a descrença na democracia.

A primeira geração, a do período de 1930, estava influenciada, principalmente pela ideia


de ordenação do mundo, diante dos problemas sociais que o modelo industrial trouxera
para a sociedade contemporânea. Reage-se à submissão a uma rotina que a indústria traria
para a humanidade, ao substituir formas de trabalho, ao adequar ao seu ritmo as relações
humanas. É uma geração marcada pela Primeira Guerra Mundial, pela crise capitalista
que se espalha pelo mundo. Quanto ao Brasil, após a chamada “Revolução de 30” a
sociedade ainda estava absorvendo as mudanças de direção no governo, com a entrada de
um novo grupo oligárquico na direção da sociedade política. A prática da democracia
ainda era recente no Brasil, que ainda passava pela adequação ao modelo liberal de
participação representativa, tanto eleitoralmente quanto em termos de organização da
sociedade civil. O integralismo, para esta geração, que respondeu entusiasticamente os
apelos do Chefe Plínio Salgado, significou a possibilidade de interceder nesse mundo
novo, liderados por alguém que dispunha de projeto e o apoio salvífico do cristianismo.
Movimento de cunho autoritário/conservador, a Ação Integralista Brasileira, fundada em
7 Outubro de 1932, alinhava-se aos fascismos europeus em ideias e práticas, porém
defendia sua especificidade ao apontar sua basilar inspiração no catolicismo e nas raízes
étnico-culturais nacionais. Foi o maior movimento de massas da década, tendo algo entre
500 e 800 mil filiados à doutrina Sigma[vi], os chamados Camisas Verdes (homens) e
Blusas Verdes (mulheres).

Comparando o Integralismo da década de 1930 aos fascismos, os primeiros defendiam,


como os movimentos europeus, o nacionalismo, organizavam-se por ordem hierárquica
paramilitar, se utilizavam de uniformes, emblemas, no integralismo, o Sigma (∑), e
usavam uma saudação como reconhecimento identitário: “Anauê!” O integralismo
também se opunha ao comunismo e liberalismo, considerando estas vertentes ideológicas
materialistas, caudatárias do iluminismo. Não se opunham ao capitalismo, como
defensores da propriedade privada dos meios de produção. Porém, ao considerarem o
ideal do Bem Comum, da tradição tomista da Igreja Católica, se colocavam contra o
enriquecimento exagerado dos detentores do Capital, sendo contrários à plutocracia. A
influência católica e as ideias eugênicas circulantes na Europa Ocidental e Oriental,
sustentavam um antissemitismo nem sempre só latente, às vezes, explícito, como nas
obras de Gustavo Barroso, intelectual colaborador da Doutrina do Sigma e Chefe da
Milícia Integralista na década de 1930. Embora se inspirassem no conjunto da produção
ocidental filosófica, consideravam que a as derivações ideológicas
iluministas/materialistas deveriam ser excluídas.

Como no fascismo italiano, os integralistas eram hostis “à herança do Iluminismo e da


Revolução Francesa do século XVIII[vii], o fascismo não podia formalmente acreditar
em modernidade e progresso - usava-a conforme as necessidades propagandísticas[viii].
Adicionava ao seu ideário “a combinação de valores conservadores, técnicas de
democracia de massa e inovadora ideologia de barbarismo irracionalista, centrada em
essência no nacionalismo.” (HOBSBAWM - A Era dos Extremos).

Constata-se que, utilizando a lógica dialética (tese-antítese-síntese), o acúmulo do


conhecimento ocidental configura uma tese e a exclusão do materialismo/iluminismo age
como a antítese. A síntese, contudo, não se constrói na oposição e sim na exclusão do
pensamento iluminista, que dá origem ao materialismo e, consequentemente, ao
comunismo e ao liberalismo. Além da base de pensamento ocidental, o Integralismo tem
inspirações na filosofia brasileira que começa a se formar na virada do século XX, com
representantes como Raimundo de Farias Brito, Jackson de Figueiredo, entre outros. Por
fim, se baseia na Doutrina Social da Igreja Católica que, no início do século XX, tinha
um projeto que chama os seus fiéis para a ação política.

Tanto o Fascismo quanto o Integralismo são movimentos modernos, que só poderiam ter
existido na sociedade de massas do século XX, com seus meios de comunicação
(propagandas, jornais e rádio). São movimentos revolucionários, na perspectiva de uma
re-volução cíclica, de um retorno a referências anteriores ao iluminismo[ix].

A segunda geração se organizou no contexto da Guerra Fria; em tempos de


redemocratização da política brasileira sob a direção de um projeto de integrar o Brasil
no bloco capitalista ocidental. Os integralistas lançam-se à participação no jogo
democrático liberal através do Partido de Representação Popular. Mas, o PRP não esteve
coeso quanto à observação à doutrina fundadora do movimento que, para a minha Tese,
é o eixo central que constrói a sua permanência na história. Uma parte do partido, alguns
que se lançam à candidaturas a cargos representativos, se afasta dos princípios
norteadores da militância integralista, o de ser, antes de tudo, um “bandeirante” das ideias
e o propagador da “Revolução do Espírito” promovida por Salgado, o que se empenha na
divulgação do movimento, o que se coloca à disposição da doutrina. Estes faziam parte
da juventude integralista, eram chamados águias-brancas. Unidos pela Confederação da
Juventude, os águias-brancas tornam-se os guardiões da doutrina até a atualidade, os que
restam vivos. Atualmente, nestes anos iniciais do século XXI, restam poucos “águias
brancas” que cumpram a função de instruir à nova geração sobre a praxis integralista.
Segundo relatos dos depoentes águias-brancas, embora estes participassem das
campanhas eleitorais das décadas de 1940 a 1960, não se sentiam integrados no Partido e
questionam as divisões internas de um movimento que, em sua essência, buscaria a
unidade porque pretendia-se a síntese também para a sociedade, e mesmo para a
humanidade.

A geração que participara do terceiro período por mim delimitado, que se iniciara após a
morte de Plínio Salgado, em 1975, era composta por aqueles que, independentemente de
idade, estavam procurando trazer à discussão e, mais que isto, torná-la fator de direção de
ações interventoras na sociedade brasileira, o integralismo. Esta geração estaria marcada
pela decepção com o modelo ocidental capitalista. A tentativa de se organizarem após a
morte de Plínio Salgado não levaria à uma união nacional, como a da década de 1930. Se
sentiram traídos com o processo de abertura que levou ao fim a ditadura militar. Entre
seus participantes estavam, também, os antigos águias-brancas, que passaram a assumir
a filiação ao PRP, e que se tornam referência, pois “guardiões” de uma memória da
convivência física com o próprio Chefe Salgado. Eram também aqueles que conseguiam
aglutinar no seu entorno o maior número de participantes que mantinham espaços de
referência, como a Casa de Plínio Salgado, um importante “lugar de memória” do
movimento. Atualmente, a ligação familiar dos novos com os velhos integralistas se dilui
no tempo. Os que mantiveram o integralismo em suas famílias viram perder, entre os
velhos e os jovens, a geração dos seus próprios filhos que escolheram outras bandeiras de
luta, inclusive de oposição. Este era o caso de dois antigos águias-brancas, Gumercindo
Rocha Dórea e Pedro Baptista de Carvalho. Um terceiro perrepista, Anésio Lara Campos
Jr., já falecido, era meio-irmão mais velho do ex-Senador Eduardo Suplicy, do Partido
dos Trabalhadores.

Algumas características que uniam essa nova geração, por exemplo, era o fato de alguns
frequentarem o escotismo. O catolicismo também é preponderante entre os novos
integralistas, como foi nas outras duas gerações. O interesse pela ordem militar, a crítica
à corrupção política, a descrença da democracia, os levam a sentirem necessidade de
rumo, de uma diretriz confiável num mundo materialista, a mercê do consumo, e
dominado pela mídia que despreza, segundo estes, a “elevação moral da sociedade”,
segundo os valores cristãos.

Portanto, percebe-se que é preciso tratar a análise deste movimento com suas
características próprias, singulares. A sua peculiaridade é demonstrada pelo processo de
construção dos integrantes do movimento de uma forma de pensar especial, baseada na
leitura do Manifesto Integralista de 1932. Como referência básica, este Manifesto integra
a fidelidade do Chefe Nacional à Encíclica Papal Rerum Novarum, assim como propõe à
sociedade uma organização tipicamente fascista. Catolicismo e fascismo dão, portanto, a
tônica a este movimento.
Durante toda a trajetória do movimento, então, se percebe a necessidade de manutenção
dos símbolos, ainda que a nova geração procure romper com as antigas certezas do
movimento, como a dedicação fiel e obediente à Doutrina do Sigma. Mas ainda são
mantidos os principais lemas integralistas, como a luta nacionalista, anticomunista,
antiliberal, moralista. A proposta de construção de um Estado Integral, que consideram
síntese de toda história, simbolizada pelo Sigma (Σ), é entendida como seu próprio fim e
vai sendo atualizada por cada geração que a reinterpreta de acordo com a conjuntura
histórica.

Assim sendo, a via percorrida pelo movimento integralista descrita acima ganha
contornos específicos na passagem de gerações e em suas intercessões. Através dos
depoimentos, em confronto com a literatura produzida pelo movimento em sete décadas,
propus-me atravessar a história do integralismo, tendo em vista comprovar a minha
hipótese principal na Tese: a da comprovação da manutenção de permanências que
evocam uma moral e visões de mundo que procuram solidificar num modus vivendi
integralista, toda uma espécie de cultura conservadora que atravessa e que é atravessada
pela perspectiva, sempre renovada, da busca de uma sociedade ordenada e hierárquica
que possibilite a eternização de uma sonhada utopia de um eterno retorno a um tempo
idealizado, de obediência à ordem divina cristã. É um tempo cíclico que é evocado. Isto
seria garantido pela força de uma ideia, a do Estado Integral, que garantiria, através da
ordem corporativa, a estagnação da dinâmica histórico-social com o controle da luta de
classes. Pela consolidação da soma, pela exclusão das diferenças, que é representada pelo
Sigma.

O foco fundamental, portanto, da minha Tese foi a investigação da permanência, ao


mesmo tempo em que se dá a reconstrução de uma memória integralista através de
gerações.

As entrevistas estão arquivadas no Laboratório de História Oral e Imagem da UFF. O


acervo conta com depoimentos de 15 integrantes do movimento que militaram na Ação
Integralista Brasileira na década de 1930; no período da vigência do partido de
Representação Popular e na atualidade, quando procuram se organizar em grupos que
disputam entre si a posse da verdadeira memória a ser preservada.

Analisei os períodos que destaco para análise do movimento de forma a abordá-los


contextualmente, remetendo-me aos acontecimentos e produção de ideias tanto no Brasil,
como externas.

Em quase todo o país, pesquisadores desenvolvem monografias, dissertações e teses que


desvendam particularidades locais e conexões nacionais e internacionais do movimento
ao longo de sua história. E todo esse interesse pela reflexão, que também significa
preservação da história integralista, re-vista sob o foco da ciência pela via acadêmica é
acompanhada de perto por aqueles que se julgam herdeiros dessa memória. Uma memória
produzida nos entroncamentos e pelas margens da chamada História Oficial. Uma história
em construção, revisitada, recuperada e re-ordenada nos longos anos que atravessa em
busca da própria definição do que significou e significa ainda a permanência de estruturas
autoritárias na sociedade brasileira, que levam grande parte da população a se submeter à
uma vontade personalista de um governante que divulga o ódio à Democracia e que
recebe apoio de grande parte dos cidadãos brasileiros que desconhecem que só podem
escolher seus representantes e conquistar direitos numa democracia.
Principais pensadores do movimento

O Integralismo congregava importantes intelectuais e poetas brasileiros


contemporâneos[x], que assumiram a “camisa-verde”, acompanhando fielmente a tríade
dirigente: Plínio Salgado (1985-1975), Gustavo Barroso (1888-1959) e Miguel Reale
(1910-2006).

A trajetória de aprendizado sobre o fascismo de Plínio Salgado tem como ponto de


afirmação na viagem que fizera à Itália, em 1930, como preceptor do sobrinho do seu
“velho patrono, Alfredo Egídio de Souza Aranha Jr.” (BERTONHA, 2018, p. 83). Com
credenciais de jornalista, Salgado entrevistou Benito Mussolini, que o reconheceu por
suas atividades nacionalistas no Brasil (GRACIOTTI, 1980). Salgado se descrevera
fascinado com o Fascismo e considerou a criação de um movimento similar no Brasil.
Plínio Salgado era visto por seus pares como um de caipira, no sentido positivo de
“homem do interior e autêntico representante da raça brasileira”, somada à sua
competência intelectual. Congregando essas características, Salgado era visto como ideal
de homem novo para a nação brasileira, o que o legitimava, além de ser seu mentor, como
o chefe nacional de um movimento profundamente nacionalista. O escritor Tasso da
Silveira escrevera na Revista Panorama (conforme CARNEIRO, 2020), que o sentimento
da época era de que Plínio Salgado era o Integralismo num corpo portátil, personificando
a sede do movimento onde quer que estivesse.

O filósofo e jurista Miguel Reale era o mais jovem dos três e participou como combatente
na Revolução Constitucionalista de 1932. Foi o intelectual responsável por dar volume
conceitual ao movimento, filtrando grandes pensadores da filosofia ocidental e
contemporâneos como Giovanni Gentili (1875-1944), Benedetto Croce (1866-1952),
Alfredo Rocco (1875-1935). Contribuiu para o movimento com suas discussões de cunho
humanitário, algo que vai distinguir o movimento integralista do fascismo italiano.
Também foi o responsável pela adoção da letra grega Sigma (∑) como símbolo do
movimento, que significaria a soma de cada indivíduo em uma unidade nacional, além de
ser a letra utilizada pelos primeiros cristãos gregos para identificar Cristo (Soteros:
Salvador).

O cearense Gustavo Barroso foi um importante folclorista, tendo escrito 128 livros, além
de ocupado cargos importantes, como o primeiro diretor do Museu Histórico Nacional e
tendo ampla atuação na Academia Brasileira de Letras. Barroso era notadamente o mais
xenófobo/antissemita dos três, tendo extensa publicação sobre o tema

O Lema do Integralismo: Deus, Pátria e Família

O lema “Deus, Pátria e Família” não é uma criação desse movimento, mas é incorporada
por alegadamente ter sido a última frase em vida do 6º Presidente do Brasil Afonso Pena
(1906-1909), vítima da gripe espanhola. O lema seria a base para o que os integralistas
chamam de tradição brasileira, que deve se tornar um projeto de Estado brasileiro, não
democrático, mas que também não se identifica com uma ditadura militar, mas sim com
um Estado forte e centralizado, organizado nos moldes do corporativismo. Neste sentido,
incorpora o Trabalho como base, mas não como direção participativa. A participação
política se faria por representação sindical, através da filiação do trabalhador ao sindicato,
havendo restrição ao voto universal, portanto.
Cabe ressaltar que, na atualidade, outro lema em voga como motivador da eleição do atual
presidente: “Brasil acima de tudo”, está citado como lema do Instituto Nacional de
Aperfeiçoamento da Raça (INPAR), sob a direção de Arlindo Veiga dos Santos, fundador
e presidente da Frente Negra Brasileira entre 1931 e 1934. Os Estatutos do (INPAR)
datam de 1935.

O conservadorismo católico é basilar à ideologia e práxis integralista, de forma que, para


compreender o Manifesto de 7 de Outubro de 1932, é preciso levar em conta a Encíclica
Rerum Novarum (“Das Novas Coisas”) redigida em 15 de Maio de 1891 pelo Papa Leão
XIII, como apoio dogmático à Doutrina Social da Igreja Católica. Dentre outras questões,
a Encíclica é uma resposta eclesiástica às agitações sociais (Questão Social) resultantes
das Revoluções Francesa e Industrial e da construção de “soluções socialistas”. A
Encíclica propõe um modelo de sociedade corporativa católica, fundada na organização
do núcleo familiar tradicional o Pai, o homem chefe da família, trabalhador e seu único
sustentáculo financeiro; a Mãe, cuja única ocupação deveria ser com a família e o Lar;
Filhos, os dependentes e obedientes. A concepção tomista de caridade e bem comum é
precípuo ao Estado Integral, que seguia a normativa eclesiástica da redistribuição dos
bens e riquezas (ainda que não igualitária) para evitar extremos como a miséria e a luta
de classes. Sendo antiliberais, repudiam a plutocracia, ainda que defensores da
propriedade privada.

No lema integralista, Deus está acima de tudo e todos, sendo o espírito maior que “dirige
o destino dos povos[xi]”. A Pátria é a nação e o elemento unificador do povo[xii], que se
organiza em um modelo totalitário[xiii]. E, por fim, a Família, que é o alicerce da nação,
base desse Estado corporativo, a que os integralistas chamam de democracia orgânica.
Essa democracia, que se vale do voto indireto, se estrutura da seguinte forma:

Cada brasileiro se inscreverá na sua classe [profissional]. Essas classes elegem, cada uma
de per si, seus representantes nas Câmaras Municipais, nos Congressos Provinciais e nos
Congressos Gerais. Os eleitos para as Câmaras Municipais elegem o seu presidente e o
prefeito. Os eleitos para os congressos Provinciais elegem o governador da Província. Os
eleitos para os Congressos Nacionais elegem o Chefe da Nação, perante o qual respondem
os ministros de sua livre escolha. (Manifesto de 7 de Outubro de 1932).

A estrutura desse modelo de família reproduziria o lema; “Deus, Pátria e Família”. Acima
de todos os membros familiares está o chefe da família: o pai, provedor e trabalhador. O
chefe da família participa da política por meio das corporações de trabalhadores, que
substituem o conceito de sindicato, numa clara concepção salazarista[xiv] de controle das
classes trabalhadoras.

Logo abaixo na hierarquia familiar, submissa ao chefe de família, a mãe exerce a sua
função principal de senhora do lar e educadora dos filhos[xv]. Visto que a Família é a
base do Estado Integral, essa mãe educadora também seria a professora das escolas
integralistas (com classes separadas para meninos e meninas), além de ter seu papel
militante na vida política pública como a representação da mulher tradicional e direito ao
voto das eleições indiretas.

Giovanny Noceti Viana, em sua pesquisa sobre a juventude pliniana, se aprofunda na


formação dos chamados “soldadinhos da Pátria”: crianças usando uniformes e estudando
nas escolas para serem “soldados de Deus”, como seus pais integralistas.
Vemos, portanto, a sugestão de uma criança ao mesmo tempo pura de coração, mas
também uma viril guerreira e um ser capaz de se sacrificar heroicamente pela pátria,
contra seus inimigos[xvi] – o comunismo e o liberalismo, ou qualquer outro que se
opusesse ao movimento de Plínio Salgado.[xvii]

A doutrina Sigma, como visto acima, tem um alto nível de organização e estruturação,
tanto do ponto de vista ideológico como de funcionamento de sociedade. Esse talvez seja
o ponto que mais a difere do fascismo, visto que as suas características impossibilitam a
unificação de uma doutrina[xviii]. Ao abordar o aspecto humano em sua concepção de
Estado corporativista, os integralistas entendem que o Integralismo é uma doutrina
totalitarista (que unifica o funcionamento social sob uma única entidade) e não totalitária.
Consideram que na síntese integralista, seriam suprimidos os antagonismos das
contribuições “materialistas” dos iluministas, dos liberais, dos comunistas, socialistas e
mesmo dos idealistas. O Estado Integral, em defesa de uma unidade orgânica, deveria
integrar o descriminado: “O todo não deve absorver as partes (totalitarismo), mas integrar
os valores comuns respeitando os valores específicos e exclusivos (integralismo)[xix].”

Assim como outras manifestações fascistas, o Integralismo teria objetivos de instalação


de uma nova civilização, levando em consideração antigas tradições alentadas como
nacionais, O projeto integralista se realizaria pror um Estado nacional brasileiro, de
homens brasileiros sob a égide do Espírito Divino. Com o lema “Deus, Pátria e Família”,
o movimento integralista conquistou milhares de militantes em todo o país na década de
1930, defendendo a construção do Estado Integral e, através dele, a destruição de todas
as certezas modernas com a instalação da Quarta Humanidade, uma nova era cósmica na
qual o “Homem”, criatura divina, conceberia a Nação e o Estado. Esse segundo projeto,
de médio prazo, adiciona uma dimensão universal ao homem brasileiro que teria como
missão a conversão de toda a humanidade ao Integralismo, uma expansão de ares
bolivarianos irradiada da América do Sul.

A doutrina Sigma se totaliza ao adaptar a escatologia católica como o seu projeto de longo
prazo. Os integralistas, ao falecerem, se unem em uma milícia além-túmulo que
aguardaria o Apocalipse para, por meio da ressurreição da carne, desfrutarem a vida
eterna sob o Império do Cordeiro com o retorno de Cristo.

Componentes ideológicos:

1. Colonização portuguesa: Plínio Salgado aceitava como mito fundador do Brasil,


uma idealização de um matrimônio cósmico entre uma índia guaianá do litoral
paulista e o colonizador Martim Afonso de Sousa (1490-1564). Neste sentido, o
integralismo é caudatário da concepção romântica de formação da nacionalidade
brasileira, assim como a de José de Alencar, com a criação de Iracema, anagrama
de América, como um dos “mitos” fundadores do povo brasileiro.
2. Construção de ideal de nação no contexto de fundação da República que se
desenvolve a partir da continuidade do projeto imperial quanto à consolidação do
território nacional brasileiro e de uma cultura nacional que se estruturou no
processo colonial: escravidão; controle do território nacional pelos setores das
classes proprietárias pela Lei de Terras; ideal do status quo aristocrático apoiado
em atuação do Estado para manter a permanência de maior percentual das classes
subalternas em relação aos setores mais abastados e camadas médias letradas.
3. O Integralismo debate o ideal de nação para o brasileiro, com uma referência de
unidade do Império, retomada nos dias de hoje com um viés declaradamente
monarquista. O Império brasileiro constrói o Estado-nação brasileiro quando da
sua independência (o mesmo acontece no continente europeu pós Napoleão I),
que se mantém no Brasil republicano. E é esse Estado-nação idealizado que o
movimento busca retomar, algo que vem sendo discutido desde o século XIX[xx].
4. “Mito das três Raças”: o Integralismo tem como projeto manter uma unidade
“pacífica”, não perpetuando uma desigualdade entre as raças. Existe, contudo,
uma área cinzenta sobre essa unidade pacífica, visto que a negação de conceitos
pós-modernos como identidade podem facilmente levar a um discurso eugenista.
5. Contexto: urbanização/cosmopolitismo e afirmação do ideal de oposição Brasil
Real X Brasil Oficial: a modernização. Curiosamente, os integralistas são
majoritariamente urbanos. Reconstruindo, com Aristóteles , o ideal da Política
como o da realização da felicidade individual na ativade coletiva na pólis,
pressupõe-se que os cidadãos se reúnem para discutir política na cidade, o que
seria exemplo de uma política positiva diametralmente oposta ao cosmopolitismo
que estaria desconfigurando o povo brasileiro com os estrangeirismos.
6. Anti-historicismo: os integralistas recusavam o linearismo temporal/sequencial
historicista, a visão da história determinista e evolutiva, significando eventos
históricos pelas características contemporâneas a ele. Um notável crítico a essa
visão foi Karl Popper (1902-1994), que considerou como uma inevitabilidade
histórica que sobreporia a ação do indivíduo no seu meio, o que
“deterministicamente” levaria ao totalitarismo.[xxi]

Em seu livro de coletânea de ensaios O Ritmo da História (1978), Plínio Salgado


defenderia a tese da sucessão do tempo histórico como ciclos de ruptura, a que denomina
de ritmos.

7. Anticoletivismo: Popper e Arendt criticavam movimentos coletivistas, assim


como também os intelectuais integralistas, considerando uma inevitabilidade de
gerarem movimentos totalitários (quer fascistas, quer comunistas). O Integralismo
se vale dessa visão para basear a necessidade de supremacia de uma única visão
de mundo, que dissolveria a interdependência pluralista dos seres humanos sob a
égide do Estado Integral.

Disseminação

Gerardo Melo Mourão (1917-2007), poeta brasileiro, foi levado a se filiar à Ação
Integralista Brasileira pelo intelectual católico Alceu Amoroso Lima[xxii] (1893-1983).
Esteve presente no momento em que o Integralismo chegou no Rio de Janeiro, quando
Plínio Salgado falou sobre o movimento na biblioteca do poeta modernista Augusto
Frederico Schmidt (1906-1965) na Rua Sachet n. 32 (conhecida como Travessa do
Ouvidor). Ali se encontravam os jovens[xxiii] do Centro Acadêmico da Faculdade de
Direito do Catete da Universidade do Brasil (UFRJ).

Conforme a Tese citada:

Os integralistas que, a partir da fundação da AIB multiplicaram-se criando núcleos que


se espalharam por todo o Brasil, reatualizariam suas estratégias de doutrinação e
propaganda em 3 de março de 1934, no 1º Congresso Integralista Brasileiro, realizado na
cidade de Vitória, capital do Estado do Espírito Santo. A Ação Integralista Brasileira
passa a ser definida como uma associação nacional de direito privado, com sede civil na
cidade de São Paulo e sede política onde se encontra o Chefe Nacional, Plínio Salgado.
Neste Congresso consolida-se a finalidade da AIB: “funcionar como centro de estudos e
cultura sociológica e política (a); desenvolver uma propaganda de elevação moral e
cívica do povo brasileiro (b); implantar no Brasil o Estado Integral.” Segundo o
documento, o Estado Integral se realizaria, segundo a ordem política, como um regime
político-social baseado na doutrina integralista ou nacional-corporativa. Quanto à ordem
econômica seria implantado um regime da economia dirigida no sentido do predomínio
do social sobre o individual. A cooperação espiritual de todas as forças que defendem a
idéia de Deus, Pátria e Família garantiria a ordem moral. E na ordem intelectual, os
integralistas defendiam a participação de todas as forças culturais e artísticas na vida do
Estado. (CARNEIRO, 2007, p. 127).

A estrutura organizativa do Integralismo exigia a participação dos integrantes homens em


sua milícia, cujos participantes passavam pelo exercício militar. Eles estariam prontos
para agir violentamente em caso de enfrentamentos e realizar demonstrações públicas,
como as marchas. Para conseguir filiados no interior, os integralistas marchavam pelas
pequenas cidades, com o uniforme impecável e o sigma bordado. Essas marchas recebiam
o nome de Bandeiras, numa consciente referência colonial. Muitos relatam que esse
impacto visual os levou a integrar o movimento, muitas vezes improvisando o uniforme
em versões caseiras, quando não tinham recursos

Rebeliões de 1935

No ano de 1930, Getúlio Vargas assumira a presidência com apoio de setores civis e
militares, pondo fim à chamada República Velha. O primeiro governo de Vargas
enfrentou grande descontentamento por parte dos brasileiros, que inclusive o viam como
uma ameaça à democracia. Em março de 1935 foi fundada a Aliança Nacional
Libertadora (ANL), um movimento democrático brasileiro e antifascista, cujo presidente
de honra foi Luís Carlos Prestes (1898-1990). A ANL se formara numa onda de
mobilizações populares antifascistas que tomaram a Europa. Com efetiva participação
dos comunistas, a ANL também se compunha de militares, liberais e católicos que se
opunham ao governo Vargas.

Em 23 de novembro de 1935, com o apoio do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e do


Komintern, começaria o levante militar em Natal, seguido por Recife , em 24, e Rio de
Janeiro (então Distrito Federal), no dia 27. Esperando apoio dos trabalhadores com a
convocação de uma greve nacional, que não aconteceu, os movimentos, restritos aos
quartéis, perderam força e foram sufocados pelo Exército. As consequências políticas
dessa revolução foram drásticas levaram à perseguição de qualquer opositor ao governo
de Vargas (não apenas os comunistas, como havia se instaurado com a declaração de
ilegalidade da ANL em julho desse ano) e ao aumento da força repressiva do Executivo,
tendo o Congresso escolhido limitar a própria abrangência de atuação, numa tentativa de
impedir a instalação de um regime comunista.

O Ano Verde (1936) e as preparações eleitorais de 1937

O título pejorativo de Intentona Comunista, ainda permanece nos livros didáticos,


reprodutores de uma História oficial. Os historiadores atualizados utilizam o termo
“levante” para estas manifestações críticas populares brasileiras que, como tantas outras,
perdeu-se na historiografia dos “grandes nomes e fatos”.

Na “onda” da luta anticomunista, que passou a representar a repressão aos movimentos


de 1935, o Integralismo cresceria em importância e intensificaria seus esforços de
recrutamento. Esse foi o período posteriormente denominado Ano Verde[xxiv], quando,
entre junho e setembro, a AIB ganha força e filiados por meio de um discurso
cuidadosamente construído para seu principal destinatário: a classe média urbana/rural
anticomunista e cristã.

De modo construir uma autopropaganda democrática, o presidente Vargas, legitimado


pela Constituição de 1934, convocaria eleições que se realizariam em 3 de janeiro de
1938. Os candidatos à presidência eram:

• Plínio Salgado: líder da Ação Integralista Brasileira (AIB) que mesmo contra a
democracia liberal burguesa se organiza no Partido Republicano Paulista para
iniciar seu projeto do Estado Integral de maneira gradual;
• Armando Sales de Oliveira (1887-1945): candidato pela União Democrática
Brasileira (UDB);
• José Américo de Almeida (1887-1980): ministro da Viação e Obras Públicas do
governo varguista, era o candidato pela situação.

A tensão do cenário político era palpável, principalmente pelo perfil radical da oposição
e das manifestações que buscavam depor o então presidente, contando inclusive com uma
aliança momentânea entre liberais e integralistas. Sem intenção de sair do poder, Getúlio
Vargas começa uma série de manobras articulatórias para um novo golpe, com a ciência
dos integralistas que esperavam que a Doutrina Sigma fosse a base da nova ditadura.

No dia 30 de setembro de 1937, foi noticiado pelo programa de rádio Hora do Brasil a
deflagração do chamado Plano Cohen, um projeto conspiratório judaico-comunista de
tentativa de tomada de poder. A conspiração fictícia foi elaborada pelo capitão do exército
Olímpio Mourão Filho, alta patente da AIB, com a intenção de amedrontar a população e
embasar o golpe varguista[xxv].

No dia 01 de novembro de 1937, Vargas, como teste da força integralista, os convida para
desfilarem em frente ao Palácio do Catete. Por volta de 50 mil integralistas se reúnem
para uma grande marcha, numa demonstração de força de apoio ao golpe. Segundo relato
de Gerard de Melo Mourão (LABHOI), a marcha teve uma estrutura similar a da via
crucis: os integralistas paravam em certos trechos do desfile e em cada trecho um orador
discursava de maneira inflamada.

O próximo passo do presidente seria o de autorizar o Exército a se mobilizar e cercar o


Congresso Nacional. No dia 10 de novembro, com o apoio dos militares conservadores,
da burguesia industrial e de interventores/governadores de vários estados, foi instaurado
o Estado Novo no Brasil, a ditadura varguista. Ao discursar à noite, Getúlio apresenta
uma nova Constituição. A nova Constituição (quarta do país e terceira democrática)
centralizava o poder no Executivo, utilizava o modelo corporativismo como projeto
organizador da sociedade, como o modelo integralista, sem as nuances religiosas.
Contudo, em seu discurso, Vargas não incorpora o Integralismo ao projeto de poder e
impede a AIB, como a todas as agremiações políticas brasileiras, de continuar existindo.
O ideal integralista passa à resistência e clandestinidade sob a Associação Brasileira de
Cultura.

No dia 11 de março de 1938, insurgentes integralistas se revoltam na Marinha do Rio de


Janeiro e tentam tomar a Rádio Mayrink Veiga, sem sucesso. Dois meses depois, no dia
11 de maio de 1938, o tenente liberal, não integralista, Severo Fournier lidera uma
tentativa de tomada do Palácio da Guanabara, com participação de alguns integralistas.
Em depoimento. O professor José Baptista de Carvalho (1919-2019), que fora Presidente
da Casa Plínio Salgado, contou-nos que os militantes não tinham preparo para enfrentar
a guarda do exército, tendo inclusive se embebedado de cachaça logo antes do confronto.

A partir desse momento, uma perseguição do Estado Novo aos integralistas seria acirrada.
Plínio Salgado negaria o envolvimento com as insurreições e seria poupado até janeiro de
1939, quando foi encarcerado por poucos dias. Seria preso novamente em maio na
Fortaleza de Santa Cruz da Barra e, após um mês, seria exilado em Portugal até 1946.

Em 1945, com Salgado no exílio, em Portugal, foi fundado o Partido de Representação


Popular, cujo estatuto se fundamentava no espiritualismo integralista da Doutrina Sigma,
mas afastava-se do projeto político da AIB. Quando da sua volta do exílio, Plínio Salgado
se filiaria ao Partido, buscando repensar o movimento integralista.

O contexto da democracia brasileira em tempos de Guerra Fria contribuiu, como coloca


Gilberto Calil, para a disseminação teórica e prática do anticomunismo, além de apoiar
ações governamentais contrárias à participação e reivindicações populares. Segundo o
autor, o Integralismo mudaria suas estratégias anteriores, do período de 1932 a 1937, em
que visava a tomada de poder a curto prazo. Assim sendo, teria havido uma adaptação do
Integralismo à ordem democrática como partido político, colaborando para a
consolidação da dominação burguesa servindo como apoio na retaguarda conservadora.

De 1945 a 1965 – O “Vôo das Águias Brancas”

Plínio Salgado, em 1952, organizou os Centros Culturais da Juventude (dentro do PRP,


mas de forma paralela), onde os jovens[xxvi][1] “Águias Brancas” tinham aulas de
Filosofia, Sociologia, Economia, Política Internacional, Geografia Econômica do Brasil,
Interpretação da História etc. Segundo Salgado, a iniciativa de educar os jovens no
Integralismo representava uma ação contra a organização do Komsomol: Liga da
Juventude Comunista Leninista (órgão internacional do PC soviético), com seus
congressos internacionais. Foram fundados 504 Centros Culturais e neles, além das aulas
e conferências, eram dados cursos de anti-marxismo. O antigo chefe da AIB considerava
seu empenho em educar os jovens uma atitude redentora, a qual acrescentou a de lançar
livros anticomunistas para fazer frente às publicações do Partido Comunistas. Salgado
considerava-se o principal organizador da oposição ao modelo soviético, considerando o
seminário “A Marcha”, fundada em 1953 por ele, o principal órgão divulgador da luta
anticomunista. Assim, na perspectiva de se tornar porta-voz de grande parte da população
brasileira que comungava a mesma antipatia pela União Soviética, candidatou-se a
presidência para as eleições de 1955, concorrendo com Juarez Távora (1898-1975),
Adhemar de Barros (1901-1969) e Juscelino Kubitschek (1902-1976).
Em 1956, Salgado candidata-se a Deputado Federal pelo estado do Paraná. Ainda cumpre
o mandato de 1960-1964 pelo PRP, transferindo-se, por extinção do partido, para a
ARENA (Aliança Renovadora Nacional), representação partidária do governo ditatorial
no mandato de 1970-1974, representando o estado de São Paulo. Integrou, como
Deputado Federal, a Comissão de Educação e Cultura. Salgado exerceu quatro mandatos
como Deputado Federal: 1955-1959; 1959-1963; 1963-1967; 1967-1971.

Entre os mandatos para deputados federais, o PRP ocupou poucas cadeiras na Câmara
Federal (1945-1962), não compondo nem 10% do total do Congresso em nenhuma
legislatura.

Em 1964, Plínio Salgado foi um dos oradores da “Marcha da Família com Deus pela
Liberdade” em São Paulo, movimento de oposição ao presidente João Goulart. Apoiou o
golpe de 1964 que depôs o presidente João Goulart e instituiu a Ditadura Militar.

Características do “Novo” Integralismo

Necessidade dos “novos” articularem-se com os “velhos” militares, tanto da AIB da


década de 1930, como com os perrepistas dos anos 1940. O apadrinhamento da velha
militância daria aos “novos” a necessária ligação física com o pensamento de Salgado.

• Os debates principais justamente se davam e ainda se dão sobre o modo de


reorganização do movimento. Alguns apoiam a reorganização do Partido, outros
defendem que a essência integralista é antipartidária, pois a existência de partido
faz parte da essência da democracia liberal que abominam.
• O “novo” Integralismo, atualmente, é composto de diversas correntes
multiplicadas de norte a sul do país, principalmente sudeste e sul, que buscam
legitimar a auto-referência de verdadeiro herdeiro do Integralismo.
• A mais importante referência que buscam como continuidade do movimento
fundado em 1932: a Doutrina Sigma (DS).
• A partir da década de 1990 começa a se organizar núcleos cibernéticos: sites,
blogs, mídias sociais.

No século XXI, o Integralismo cinde pelas diversas interpretações da Doutrina Sigma


após a morte de Plínio Salgado. Alguns exemplos:

• Em 2002 foi criado o CEDI (Centro de Debates do Integralismo) na qual há uma


tentativa de incorporação de elementos externos à Doutrina do Sigma, como as
TFP (SociedadeTradição, Família e Propriedade). O Novo integralista Marcelo
Mendez receberia resistência e a união dos dois movimentos católicos não se
realiza.
• Arcy Estrella viria a falecer em janeiro de 2004 e, em dezembro de 2005, foi
convocado o Congresso Integralista para o Século XXI, com a participação do
MV-Brasil (Movimento de Valorização do Brasil[xxvii]). A nova postura do
Integralismo seria congregar os movimentos de direita, tentando manter a essência
da doutrina.
• Em Juiz de Fora e Campinas empreendeu-se um movimento de organização do
Integralismo, o MIL-B, Movimento Integralista Linearista Brasileiro, cujo
presidente é o engenheiro/físico Cássio Guilherme Reis da Silveira. Esse
movimento considera que existe uma continuidade da doutrina, que, mantendo a
essência, deve se atualizar com as mudanças na ciência, filosofia e os novos
paradigmas de pensamento.
• De outro lado, há a Frente Integralista Brasileira (FIB), formada a partir dos
núcleos de estudos do Rio de Janeiro e da Casa Plínio Salgado, colocando como
fundamental a espiritualidade católica do movimento, mantendo a essência da
doutrina atualizada nas novas conjunturas.

Desde as eleições de 2018, o chamado neointegralismo vem sendo apresentado na mídia


como uma força política representativa da Extrema Direita brasileira. Homens vestidos
de uniformes integralistas, as camisas-verdes, reivindicam com como ideais integralistas
suas ações violentas. Sem retirar o aspecto violento do integralismo histórico que por
diversas vezes se envolveu em ações truculentas em defesa dos seus ideais, o que
distingue as ações atuais do neointegralismo, que têm por finalidade a promoção de uma
legitimação por meio de uma tradição nacionalista integralista é, justamente, o
deslocamento do atual movimento da Doutrina do Sigma e da Revolução Espiritual.
Mesmo Salgado perde o lugar de mito para outros “heróis” mais atuais, num país de
“memória curta” e História recortada em que é preciso um debate virtual sobre nosso
passado autoritário para entendermos que este passado ainda insiste em não passar.

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Notas:

[1][i] ANTOINE, Pe Charles. O integrismo brasileiro. Rio de Janeiro: Civilização


Brasileira, 1980.

[ii] Obras sobre o integralismo utilizadas como base de análise da Tese: TRINDADE,
Hélgio: Integralismo – o fascismo brasileiro na década de 30. SP/RJ: DIFEL, 1979
(Trindade produziu vários trabalhos, hoje considerados clássicos e referência pelos
pesquisadores do integralismo); CHAUÍ, Marilena. Apontamentos para uma crítica da
Ação Integralista Brasileira. In CHAUÍ, Marilena & FRANCO, Maria Sylvia Carvalho.
Ideologia e Mobilização Popular. Rio de Janeiro: Centro de Estudos de Cultura
Contemporânea/Paz e Terra, 1978, pp. 19–149. CHASIN José. O Integralismo de Plínio
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implantação do Integralismo no RS. Porto Alegre: UFRGS, 1992. Diss. de Mestrado,
mimeo. CANABARRO, Ivo. Uma abordagem cultural de um movimento político dos
anos trinta: O caso do Integralismo em Ijuí. Ijuí: UNIJUÍ, 1999. BERTONHA, João
Fábio. Integralismo: Um Movimento fascista? Novos elementos sobre a questão. In XIX
Encontro Nacional da ANPUH. Belo Horizonte: Anais da ANPUH, 1997 (Neste, entre
outros diversos trabalhos, Bertonha demonstra a relação fascismo-integralismo e
imigração italiana). MAIO, Marcos Chor. “Nem Rotschild nem Trotsky”- O Pensamento
Anti-semita de Gustavo Barroso. Rio de Janeiro: Imago, 1991. CAVALARI, Rosa Maria
Feiteiro. Integralismo – ideologia e organização de um partido de massa no Brasil (1932-
1937). Bauru: EDUSC, 1999. CALIL, Gilberto. O Integralismo no Pós-Guerra – A
formação do PRP (1945-1950). Porto Alegre: EDIPUCRS, 2001 & O integralismo no
processo político brasileiro - o PRP entre 1945 e 1965: Cães de guarda da ordem
burguesa. Tese de Doutoramento, defendida em 2005 na UFF na qual Calil demonstra a
adaptação do PRP às regras liberais e seu distanciamento de algumas das idéias que eram
consideradas sólidas e inquestionáveis aos integralistas, como a questão da defesa do
nacionalismo; DOTTA, Renato. O integralismo e os trabalhadores –as relações entre a
AIB, os sindicatos e os trabalhadores através do jornal Acçâo (1936-1938). São Paulo:
FFLCH-USP, 2003. VITOR, Rogério Lustosa. O integralismo nas águas do Lete –
História, Memória e Esquecimento. Goiânia; UCG, 2005. CRUZ, Natália. O Integralismo
e a Questão Racial. A Intolerância como Princípio. Niterói: UFF, Tese de Doutorado,
2004. Neste trabalho, a autora aponta contradições na construção da “democracia racial”
integralista
[iii] Referência que Umberto Eco utiliza para definir o ideário fascista: “O fascismo não
era uma ideologia monolítica, mas uma colagem de diversas ideias políticas e filosóficas,
um amálgama de contradições.” (ECO, 2017, p. 17).

[iv] Figura do Leão Rampante em “The America needs Fatima Blog”.


Conferir: https://americaneedsfatima.blogspot.com/2013/05/the-lion-is-40-years-old-
america-needs.html Acesso 17/07/2020.

[v] O Galo Tupã esmagando o materialismo liberal (financeiro) e o comunismo (Trotsky)


como característica judia. Em https://integralismolinear.org.br/galo-tupa/ "

Em 25 DE FEVEREIRO DE 2019: https://integralismolinear.org.br/galo-tupa/

Acesso em 17/07/2020

"Tupã, o Galo Verde Integralista e Linearista, esmaga o Verme Comunista-Liberal,


gerado no ventre do Grande Capital Financeiro Internacional."

[vi] Sugestão: Rodrigo Christofoletti e seu trabalho de doutorado sobre a Enciclopédia do


Integralismo (1957-1961), publicada por Gumercindo Rocha Dorea (1924). Gumercindo,
criador da Edições G.R.D. foi pioneiro em a publicar ficção científica brasileira, tendo se
encantado pelo Integralismo quando menino e, curiosamente, fez a sua mãe comprar o
uniforme de pliniano sem que a sua família fosse integralista (um exemplo do poder do
iconismo integralista).
[vii] Como o racionalismo, o empirismo e o idealismo.

[viii] Em sua aula para a USJ intitulada “O Ovo da Serpente: origens teóricas e históricas
do Fascismo”, o professor João Quartim de Moraes cita um discurso de Benito Mussolini
(1883-1945), dado em Março de 1921, da qual extraímos o seguinte trecho: “Damo-nos
ao luxo de ser aristocráticos e democráticos, reacionários e revolucionários, legalistas e
legalistas, conforme as circunstâncias de local, momento e ambiente em que somos
compelidos a viver e agir.

[ix]. Sobre a localização do Integralismo na filosofia moderna, o pensamento integralista


estaria fora dos dois continentes da filosofia moderna: o pensamento kantiano e o
pensamento hegeliano, segundo referência à citação de uma frase que Leandro Konder
atribuiu a um dos seus professores, na Alemanha, Fora do iluminismo, existiriam ilhas
de pensamento, nesta perspectiva.

[x] Intelectuais de importância como Dom Hélder Câmara e Roland Corbisier que,
posteriormente, se afastaram política e ideologicamente do integralismo.

[xi] Primeira frase do Manifesto, de 7 de Outubro de 1932.

[xii] A Nação Brasileira deve ser organizada, una, indivisível, forte, poderosa, rica,
próspera e feliz. (idem)

[xiii] Segundo esta perspectiva, o Brasil não poderia realizar a união intima e perfeita de
seus filhos, enquanto existissem Estados dentro do Estado, partidos políticos fracionando
a Nação, classes lutando contra classes, indivíduos isolados, exercendo a ação pessoal nas
decisões do governo. (idem, grifo nosso).

[xiv] Referente a António de Oliveira Salazar (1889-1970) e o Estado Novo português


(1933-1974

[xv] Plínio Salgado afirmara o contrário ao definir que “[...] a mulher integral, a mulher
que se realiza na sua plenitude biológica e espiritual, não é nem superior nem inferior ao
homem: é diferente.“ (SALGADO, Plínio, A Mulher no Séc. XX, p. 70;71

[xvi] Interessante notar o paralelo com as crianças de 1984, de George Orwell, que
também eram doutrinadas nas escolas e atuantes do regime totalitário como espiãs,
chegando mesmo a denunciar os próprios pais.

[xvi] Nota-se aqui referências do personalismo de Emmanuel Mournier (1905-1950),


ainda que essa linha de pensamento fosse antifascista

[xvii] Georg Wilhelm Friederich Hegel (1770-1831) afirmou que a história sempre se
repete. Karl Marx (1818-1883) complementou-o, dizendo que a primeira vez como
tragédia; a segunda, como farsa. (O 18 Brumário de Luís Bonaparte)

[xviii] Em seu livro O Fascismo Eterno, Umberto Eco elenca 14 elementos recorrentes
às concepções sócio/ideológicas fascistas que vão compor o que denomina “Ur-
Fascismo” e analisa a impossibilidade de organização unificada da aglutinação fanática
fascista.
[xix] Nota-se aqui referências do personalismo de Emmanuel Mournier (1905-1950),
ainda que essa linha de pensamento fosse antifascista.

[xx] Alguns exemplos notáveis são: Capistrano de Abreu (1853-1927), o Instituto


Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB, 1838) e o austríaco Carl Friederich Philipp von
Martius (1794-1868) que, a convite da Imperatriz Leopoldina, viaja pelo Brasil entre
1817-1820 buscando descrever a diversidade natural/social que compõe o Brasil.

[xxi] Hannah Arendt (1906-1975) vai se valer dessa discussão para delinear o conceito
de totalitarismo

[xxii] De pseudônimo Tristão de Athayde, foi um ativo participante dos movimentos


católico/democráticos e lutou contra a ditadura militar brasileira.

[xxiii] Entre eles, o poeta e diplomata Vinícius de Moraes (1913-1980), ainda que seja
nebuloso se de fato aderiu ao movimento.

[xxiv] Ver CHAUÍ, Marilena. "Apontamentos para uma crítica da Ação Integralista
Brasileira". In Ideologia e Mobilização Popular. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.

[xxv] Os Levantes Comunistas de 1935 já haviam sido utilizados como justificativa por
Vargas após a aprovação no Congresso da Lei de Segurança Nacional que suspendia a
validade da constituição de 1934 e fechava a ANL.

[xxvi] Dentre eles o dramaturgo José Celso Martinez Corrêa (1937), o Zé Celso do
famoso Teatro Oficina.

[xxvii] Conhecido por forjarem o slogan “Halloween é o cacete, viva a cultura nacional.”

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