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TEORIA, ESTÉTICA E HISTÓRIA

DA ARQUITETURA,
URBANISMO E ARTES: PÓS-
MODERNO AO
CONTEMPORÂNEO
AULA 6

Prof. José Marcos Novak


CONVERSA INICIAL

Dois significados demarcam o sentido do termo “contemporâneo”. O


primeiro é histórico, em referência ao período que tem início no final do século
XVIII, no ano de 1789, com a Revolução Francesa. O início do século XIX
também é marcado pelo fim do absolutismo, inspirado pelo iluminismo e pela era
da razão.
Na Inglaterra, a Revolução Industrial se abre para o liberalismo, que por
sua vez está ligado ao fim dos governos monárquicos. Essa malha política e
social determinou uma série de ações técnicas e estéticas, servindo de base
para as amplas mudanças cristalizadas durante o século XX.
Desse modo, surge o segundo significado para o termo, cujos princípios
começam a fazer sentido a partir da segunda metade do século XX, quando a
arte e a arquitetura foram protagonistas dos sistemas culturais.
Nesta abordagem, vamos propor uma discussão sobre as questões que
envolvem a contemporaneidade como um instrumento que nos ajuda a
compreender a arquitetura e seus anseios para um futuro ainda incerto,
considerando a crise entre os paradigmas estéticos, com questões que
envolvem o meio ambiente.

CONTEXTUALIZANDO

O mundo contemporâneo apresenta-se através de ações que envolvem o


desenvolvimento industrial e pós-industrial, no sentido de que, desde a
Revolução Industrial, a humanidade vem aumentando o uso de meios de
produção, com um decorrente aumento de consumo. Vários acontecimentos
demarcaram o presente momento até chegar ao contexto da
contemporaneidade. Do ponto de vista social e político, a Segunda Guerra é um
divisor entre dois momentos precisos. Coincidentemente, isso aconteceu na
metade do século XX, com o fim da guerra, em 1945. Assim, o início dos anos
50 apresentou, para a humanidade, um novo sistema de vida: a era da
informação.

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Figura 1 – Queda da Bastilha

Créditos: Everett Collection/Shutterstock.

Figura 2 – Revolução Industrial

Créditos: sparkzen/Shutterstock.
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A geopolítica mundial tem sofrido grandes modificações a partir da década
de 1980, com as sucessivas dissoluções dos regimes socialistas na Europa. A
época ficou marcada pela queda do Muro de Berlim, em 1989, e pelo
enfraquecimento do império soviético, contexto que deu início a uma nova ordem
mundial, incluindo os Estados Unidos e países asiáticos, como Japão, China e
Índia.
Em 2002, surge o euro, junto com o bloco da União Europeia, por meio de
um ambicioso projeto de unificação e fortalecimento da economia dos países
europeus. No final dos anos 90, os chamados “países emergentes” começaram
a ganhar espaço na conjuntura econômica mundial. A recuperação econômica
da Rússia, a estabilidade do Brasil e o desenvolvimento social e tecnológico da
Coreia do Sul fomentaram novas condições para as relações internacionais.
Porém, o principal acontecimento que transformou o cenário geopolítico
dos últimos anos ocorreu em 2001: os atentados de onze de setembro, em Nova
York. Depois desse evento, o mundo mais se dividiu em dois blocos, a partir de
uma grande cisão com o mundo islâmico, o que acarretou um enorme
descompasso social.

TEMA 1 – ASPECTOS CONCEITUAIS

O mundo contemporâneo fundamenta-se na tecnologia, com a


manipulação da natureza e a consciência de que podemos agir sobre ela, tanto
para o bem quanto para o mal. A ciência tem nos mostrado, nos últimos 100
anos, péssimas condições para o futuro. O mundo contemporâneo também é
veloz porque, através dos meios tecnológicos, superamos a barreira do tempo
tradicional, com transformações radicais em curtíssimos espaços de tempo.
Também vivemos uma era de excessos, desde que a Revolução Industrial
e o advento da máquina aumentaram a produção de objetos, insumos e até
serviços, o que consequentemente levou ao aumento da quantidade de resíduos
e poluição. Esse cenário não se restringiu apenas às coisas produzidas, pois
engloba o comportamento humano em resposta às infinitas possibilidades de
ação. Vivemos quebras constantes de padrões tradicionais, assimilando tanto o
respeito por diversas condições de comportamento, quanto o fundamentalismo,
que nada mais é do que a aceitação cega de uma conduta muitas vezes baseada
no conservadorismo, ainda que alheia às tradições. Por fim, nossa era
contemporânea é também narcisista, pois nunca manipulamos tanto a nossa
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imagem, seja por meio de procedimentos estéticos, seja por conta da
popularidade das redes sociais, marcadas por atitudes egocêntricas.
A arte contemporânea apresenta certas posturas que se intensificaram
com a evolução modernista, com diferenças sobretudo em razão de seus meios
de expressão. A arte contemporânea surge como uma revolução cuja
característica principal é a capacidade de adaptação a novas tecnologias e
novas mídias. Dessa forma, a arte contemporânea levou ao surgimento de uma
infinidade de obras e artistas, que evoluíram em expressões complexas nos
últimos anos, com as seguintes características:

• Abandono de suportes tradicionais;


• Subjetividade e liberdade de criação artística;
• Uso de novas mídias e tecnologias da informação;
• Uso de materiais alternativos;
• Fusão entre as obras e a vida cotidiana;
• Mistura de estilos diversos;
• Aproximação com a cultura popular;
• Interatividade e participação da arte com o público.

Figura 3 – James Turrell: Skyspace Art Structure (Austrália)

Créditos: Jon Paul Photo/Shutterstock.

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Figura 4 – Cildo Meireles: Desvio Para o Vermelho (1967)

Créditos: pauloalberto82/Shutterstock

Saiba mais

MINIMAL ART: The 25 Most Important Minimal Artists? Contemporary Art


Issue, 2022. Disponível em: <https://youtu.be/qXLmPtu_IIA>. Acesso em: 13
mar. 2023.

WHAT IS CONTEMPORARY ART? Turner Contemporary, 2022. Disponível


em: <https://youtu.be/6LU354-ZAfY>. Acesso em: 13 mar. 2023.

Na arquitetura contemporânea, a evolução estética, a partir do pós-


guerra, acontece primeiramente com o brutalismo, em um cenário em que a
arquitetura acelerou consideravelmente os subsídios técnicos para que os ideais
vislumbrados durante o modernismo pudessem ser aplicados. Nesse contexto,
em que a indústria ampliou as suas ações para fornecer elementos físicos
idealizados pelos mestres do modernismo, encontramos o que chamamos de
contemporâneo.
Assim, o vocabulário da arquitetura contemporânea torna-se mais
eloquente, convencendo as massas e motivando consumo. Desse modo, a
arquitetura e o design de produto se tornam parte integrante da vida cotidiana.
Os meios de informação de massa influenciaram profundamente a disseminação
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dos ideais modernos. Com a televisão, presenciamos uma intensa atividade de
propagação dos produtos industrializados, o que consequentemente faz da
arquitetura e do design um meio de consumo. Nesse contexto, a classe média
passa a ser detentora de padrões modernos estabelecidos pelas vanguardas.
Os meios de produção e de informação também favoreceram o
desenvolvimento da arquitetura e do urbanismo. Foram desenvolvidos dentro de
uma perspectiva favorável, com o nascimento da informática, pois certos
projetos executados hoje jamais seriam exequíveis sem o auxílio de
computadores e programas complexos.

Saiba mais

CONTEMPORARY ARCHITECHTURE. Development One, 2019. Disponível


em: <https://youtu.be/vlMY2xs7Kog>. Acesso em: 13 mar. 2023.

CONTEMPORARY MEANING. IsWeAreEnglish, 2021. Disponível em:


<https://youtu.be/-G4z1q3IAVw>. Acesso em: 13 mar. 2023.

TEMA 2 – ASPECTOS HISTÓRICOS

O termo “contemporâneo” vem do latim contemporaneus, com o


significado daquilo que a um determinado tempo, denotando a coexistência e se
referindo à atualidade. Também se refere à era historicamente iniciada em 1789
com a Revolução Francesa, que se estende até os dias de hoje. Naquele
momento, com a Revolução Industrial e os novos sistemas de divisão do capital,
surgiu o liberalismo, que prega a lógica do trabalho e a defesa da propriedade
privada como ideologia política.
Assim, os novos métodos de distribuição de riquezas foram sendo
modificados, da monarquia para as organizações industriais e comerciais. Em
contrapartida, os recursos garantem maior fluxo entre a população, culminando
na migração de massas populacionais para os centros urbanos. Surge assim o
capitalismo como modelo econômico em quase todos os continentes do mundo,
com a oferta de oportunidades e com grandes conflitos, que intensificaram as
desigualdades sociais. Em oposição a esse sistema, nasceu o comunismo,
estabelecido em especial na União Soviética. Porém, esse sistema acabou
novamente falhando em sua tentativa de a expansão de certos abismos sociais.

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2.1 Filosofia e ciência

A corrente iluminista influenciou o desenvolvimento dessa nova era da


humanidade. A razão passou a superar as convicções religiosas e a ciência
passou a ser usada para o descobrimento de tecnologias. A contemporaneidade
fortaleceu o sistema capitalista no Ocidente, o que fomentou conflitos entre as
potências europeias, que buscavam dominar novas terras, com a exploração de
matérias-primas e a expansão dos mercados.

2.2 Arte e arquitetura

Com o crescimento do pensamento iluminista, diversas manifestações


artísticas começaram a surgir na história contemporânea, entre as quais
destacamos:

• Neoclassicismo
• Romantismo
• Realismo
• Impressionismo
• Pós-impressionismo

A arquitetura neoclássica e a arquitetura eclética fundamentam quase


todos os estilos arquitetônicos que surgiram durante o século XIX. O
“contemporâneo”, entendido nas condições de nosso tempo presente, se
estabeleceu na arte e na arquitetura junto com o modernismo, em especial
depois da Segunda Guerra Mundial, a partir dos anos 50. Desse modo, a arte e
a arquitetura contemporânea seguem uma corrente natural, iniciada no século
XIX, e posteriormente com as conquistas utópicas das vanguardas europeias.

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Figura 5 – Claude Monet: Vetheuil no verão (1880)

Créditos: Everett Collection/Shutterstock.

TEMA 3 – ARQUITETURA CONTEMPORÂNEA

A arquitetura contemporânea parte de dois conceitos evidentes. O


primeiro é a legitimação das tipologias adquiridas durante a evolução da
arquitetura moderna, desde a Revolução Industrial. juntamente com os
manifestos das vanguardas europeias. O segundo decorre das rupturas
impostas pelo fim da Segunda Guerra Mundial, através da retomada da
economia, com a necessidade de mudanças radicais em relação a novos
programas arquitetônicos.
O desenvolvimento dos meios de comunicação ampliou tanto as
possibilidades de reconhecimento desses novos conceitos quanto o desejo de
consumo por parte das massas. Assim, a arquitetura, em sintonia com o design
de produto, assim como o design gráfico ou o design de moda, entre tantas
outras manifestações, se estabeleceu como forma de desejo para a população.
Outra pauta relevante iniciada no final dos anos 60 refere-se aos impactos
do processo civilizatório no meio ambiente. Nesse contexto, surgiram inúmeras
propostas que elegeram a sustentabilidade um dos principais temas da
arquitetura. Assim, apresentamos a seguir algumas obras que representam a
arquitetura contemporânea, formalizando os avanços necessários para o
desenvolvimento da arquitetura como um todo.
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A sustentabilidade é outra premissa importante para a compreensão da
arquitetura contemporânea, quando a questão central foge dos temas estéticos,
conceituais ou estilísticos, abarcando diretamente questões ligadas ao meio
ambiente e à sobrevida da humanidade. Com esse princípio, praticamente todas
as escolas e grandes escritórios têm se empenhado para descobrir soluções
viáveis, para garantir que a arquitetura contemporânea seja contemplada com o
uso de energias renováveis, de modo abrangente para toda a população.
Assim apresentamos neste ponto algumas tipologias compatíveis tanto
com o discurso estilístico quanto com a sustentabilidade.

Saiba mais

5 PRINCIPLES of Contemporary Architecture. DW Euromaxx, 2022. Disponível


em: <https://youtu.be/x-mwSmgHnOA>. Acesso em: 13 mar. 2023.

ARQUITETURA SUSTENTÁVEL: o edifício mais sustentável do mundo.


Marcelo Nudel, 2020. Disponível em: <https://youtu.be/aCO8ll69GRE>. Acesso
em: 13 mar. 2023.

CONTEMPORARY ARCHITECTURE. Triton Architechtural History, 2021.


Disponível em: < https://youtu.be/iMTLBeFeBUQ>. Acesso em: 13 mar. 2023.

3.1 Council House 2

• Autor: Michael Pearce / Rob Adams


• Ano: 2006
• Local: Melbourne, Austrália

O CH2, como é conhecido, apresenta 12 andares, com um custo que deve


ser recuperado pela economia gerada pelo edifício. Iniciativas como essa
ganharam expressividade no cenário mundial de arquitetura sustentável. Os
meios utilizados para garantir esse objetivo foram criados a partir de ações
básicas, a partir das seguintes características:

• Uso de vegetação em todo o edifício, promovendo qualidade do ar e


proteção à insolação;
• Presença de sistemas de baixo consumo de energia, por meio da
utilização da energia solar;

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• Captação, armazenamento e reutilização da água em diversas
modalidades, incluindo o aproveitamento das águas pluviais;
• Células fotovoltaicas e turbinas eólicas verticais, que funcionam como
mecanismos reguladores da temperatura do edifício, durante o dia e à
noite;
• Utilização de divisórias, mobiliário e revestimentos em madeira reciclada
no interior do edifício.

Figura 6 – Michael Pearce e Rob Adams: Council House 2 (Austrália)

Créditos: woolver/Shutterstock.

Saiba mais

COUNCIL HOUSE: a video tour. City of Melbourne, 2009. Disponível em:


<https://youtu.be/vJV0wnbAZ6M>. Acesso em: 13 mar. 2023.

COUNCIL HOUSE: overview. Logoshouse, 2013. Disponível em:


<https://youtu.be/w8okx_H7168>. Acesso em: 13 mar. 2023.

3.2 Bloomberg

• Autor: Foster + Partners


• Ano: 2017

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• Local: Londres, Inglaterra

A construção recebeu o selo “BREEAM Outstanding” de sustentabilidade,


com a pontuação mais elevada já alcançada por um escritório de arquitetura já
conquistou, além do RIBA Stirling Prize de 2018, mais alto prêmio britânico de
arquitetura.
O projeto foi concluído em 2017, sendo inserido no contexto de forma
harmoniosa, a partir de critérios altamente rigorosos, tanto no padrão construtivo,
quanto em relação ao impacto entre edifícios históricos de Londres. Porém, as
suas qualidades extrapolam questões estéticas, pois obedecem a uma
sistemática ambiental que elevou o edifício ao patamar de mais sustentável do
mundo na atualidade. Foram anos de pesquisa que fizeram com que a Foster +
Partners repensasse o formato padrão de escritórios.

Figura 7 – Foster e Partners: Bloomberg (Londres, 2017)

Créditos: Chrispictures/Shutterstock.

Saiba mais

FOSTER+PARTNERS BLOOMBERG HQ. Architechts’ Journal, 2018.


Disponível em: <https://youtu.be/AUVxwb56hbg>. Acesso em: 13 mar. 2023.

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FOSTER + PARTNERS BLOOMBERG HQ is the World's Greenest Office.
Architecture Videos, 2018. Disponível em: <https://youtu.be/AKQ2WUbUpU8>.
Acesso em: 13 mar. 2023.

3.3 Mjøstårnet

• Autor: Voll Arkitekter


• Ano: 2019
• Local: Brumundau, Noruega

Na construção civil, a noção de sustentabilidade utiliza madeira como um


aliado para potencializar grandes obras. O Mjøstårnet é o primeiro edifício em
madeira com 18 pavimentos que abriga apartamentos, um hotel, um restaurante,
escritórios e espaços de uso comum, incluindo uma piscina. Assim, esse edifício
é a estrutura de madeira mais alta do mundo, o que culmina em uma redução
drástica da utilização de energia em comparação com outras técnicas
construtivas. Todavia, esse tipo de sistema tem sido questionado com respeito
à sua capacidade de resistência ao fogo. Além disso, a extrema leveza do
conjunto estrutural pode provocar balanços em resposta aos ventos.

Figura 8 – Voll Arkitekter: Mjøstårnet (Noruega, 2019)

Créditos: Kristin Spalder/Shutterstock

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Saiba mais

NEW NORDIC HEIGHTS. Moelven, 2018. Disponível em:


<https://youtu.be/UMeopRhnahw>. Acesso em: 13 mar. 2023.

THE ENGINEERING of The Tallest Plyscraper: The Mjøstårnet Building. The


Structure Guy, 2021. Disponível em: <https://youtu.be/ySVHZmwmUbI>.
Acesso em: 13 mar. 2023.

TEMA 4 – ARQUITETURA CONTEMPORÂNEA NO BRASIL

No Brasil, a temática da arte e da arquitetura contemporânea teve início


também durante a década de 1950, principalmente a partir de um movimento de
vanguarda chamado Neoconcretismo.
A construção do Museu de Arte de São Paulo estabelece um diálogo
entre a arquitetura moderna e a arquitetura contemporânea brasileira. Lina Bo
Bardi, arquiteta e autora do projeto, nasceu na Itália, chegou ao Brasil em 1946
e naturaliza-se brasileira em 1951. Aproximou as correntes modernistas
tradicionais europeias da arte popular brasileira, fundamentando assim as bases
para a arquitetura contemporânea no Brasil.
A inauguração de Brasília em 1960 aconteceu em um cenário de críticas
ao sistema político. Por um lado, levou o Brasil a uma condição progressista; por
outro, assentou uma dimensão reacionária, pois muitos artistas e arquitetos
iniciavam uma oposição à ditadura e a certas condições retrógradas da
sociedade brasileira, impostas pelo Regime Militar a partir de 1964, até 1984,
com a nova constituição que restaurou a democracia até os dias de hoje.
Nos anos 70, a arquitetura contemporânea brasileira desenvolveu novos
contornos. Nesse cenário, as expressões artísticas e arquitetônicas eram
veiculadas aos centros urbanos, principalmente à cidade de São Paulo. A Escola
Paulista ganha relevância a partir do brutalismo, representado por mestres como
Vilanova Artigas, Paulo Mendes da Rocha e Ruy Othake.

4.1 Hotel Unique

• Autor: Ruy Othake


• Ano: 2002
• Local: São Paulo, Brasil

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Apenas seis pavimentos em um volume circular alongado constituem este
hotel, que amplia a paisagem urbana a parti de uma perspectiva individualizada.
O arquiteto, muito conhecido dentro da escola paulista, seguiu os princípios do
brutalismo, porém com um desenho diferenciado, que lembra o casco de um
navio.
Este hotel é uma obra da arquitetura contemporânea. Ele utiliza, além da
forma excêntrica, materiais inusitados, cuidando também da iluminação e do
design de interiores. Apresenta espaços para eventos no subsolo e um
restaurante/bar na cobertura.

Figura 9 – Ruy Othake: Hotel Unique (São Paulo, 2002)

Créditos: T photography/Shutterstock.

Saiba mais

HOTEL UNIQUE uma homenagem a Ruy Ohtake (1938-2021). iTechdrones,


2022. Disponível em: <https://youtu.be/KhtIvBRIM5g>. Acesso em: 13 mar.
2023.

O ARQUITETO Ricardo Ohtake fala sobre o Hotel Unique. Arte Fora do Museu,
2012. Disponível em: <https://youtu.be/VKTW-jr4vVI>. Acesso em: 13 mar. 2023.

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4.2 Edifício 360º

• Autor: Isay Weinfeld


• Ano: 2013
• Local: São Paulo, Brasil

Este edifício reconfigura a paisagem de São Paulo, ao apresentar um


modelo de habitação multifamiliar verticalizada, que reúne as unidades de
apartamento, criando grandes espaços de jardim em cada andar. Cada unidade
remete ao formato de uma “casa” com quintal, conforme define o autor do
projeto. Os espaços abertos também apresentam características de um “lote
urbano”. O edifício se localiza sobre um espigão que divide dois bairros
importantes de São Paulo, com uma paisagem privilegiada da cidade,
combinando sete tipos de apartamentos, cada qual com um ângulo diferente da
cidade.

Saiba mais

EDIFÍCIO 360. Sergio Souza, 2022. Disponível em:


<https://youtu.be/ERfgePFstWg>. Acesso em: 13 mar. 2023.

4.3 Aldeia das Crianças: Canuanã

• Autor: Aleph Zero + Rosenbaum


• Ano: 2018
• Local: Formoso do Araguaia, Brasil

Este projeto foi o vencedor do Prêmio Internacional RIBA 2018. Localiza-


se no estado do Tocantins. Trata-se de uma escola que atende cerca de 800
alunos. Parte do programa serve como alojamento para muitos deles. O
programa também integra áreas de convívio. A ideia foi valorizar os ambientes,
com valores de lar, para que as crianças se sentissem em suas casas.
As técnicas utilizadas no projeto se aproximam das construções locais,
valorizando a beleza das obras indígenas.

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Saiba mais

ESCOLA CANUANÃ e a melhor nova obra arquitetônica de 2018. Estúdio INDI,


2019. Disponível em: <https://youtu.be/lqfnw3NmtTo>. Acesso em: 13 mar.
2023.

MORADIAS INFANTIS: Fundação Bradesco. Galeria da Arquitetura, 2019.


Disponível em: <https://youtu.be/jE9-OlBm2aY>. Acesso em: 13 mar. 2023.

TEMA 5 – FUTURO PARA A ARQUITETURA

Quando falamos de “futuro”, imaginamos automaticamente um mundo


ideal e inovador, que concentra em si possíveis correções para os erros do
passado. Até pouco tempo, as imagens criadas pelo cinema e pela publicidade
invariavelmente apresentavam um futuro perfeito, onde a humanidade viveria
subsidiada por uma infraestrutura perene, condicionada pelo conforto e pelo
bem-estar da humanidade.
Ao analisar correntes de pensamento mais atualizadas, percebemos que
não é bem assim. A ciência tem mostrado correlações mais íntimas entre o meio
ambiente e a degradação da vida humana, que poderá simplesmente
desaparecer da superfície do planeta, caso não façamos mudanças radicais em
nosso comportamento e no modo como consumimos insumos.
Como será a arquitetura do futuro? Aos arquitetos, designers e urbanistas,
essa questão ocupa o centro dos desafios, pois é preciso nos dar conta do fato
de que, se a construção civil continuar a reproduzir o mesmo modelo utilizado
desde a Revolução Industrial, como vem acontecendo, estamos acelerando ao
fim da humanidade. Este é um campo delicado, pois relaciona as nossas ações
com crenças infundadas, que por sua vez podem ampliar o negacionismo,
turvando a visão para o que é realmente importante.
Todos os caminhos para resolver esse problema indicam que a
sustentabilidade é a base conceitual e técnica do futuro. Assim, a arquitetura e
a construção civil devem ampliar as possibilidades de uso de um edifício.
A IA (Inteligência Artificial) é outra fonte de importantes discussões dentro
do universo da tecnologia na arquitetura.

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5.1 Arquitetura do metaverso

No mundo virtual, podemos ter uma ideia de como poderia ser a vida no
metaverso, como sugere o filme “Matrix”, em que qualquer coisa imaginada pode
existir, estando disponível ininterruptamente. Nesse contexto, a arquitetura é
uma manifestação essencial, pois o espaço virtual é utilizado amplamente, o que
aumenta as possibilidades visuais e perceptivas de representação do espaço.
Entre os seus efeitos práticos, o metaverso pode criar uma ambiência
perfeita para um projeto, ou ainda utilizar-se desse meio para a mais ampla
fruição da representação em si. Por exemplo, podemos adquirir um produto
qualquer, contextualizando-o em um espaço ideal, abrangendo assim as
possibilidades de consumo.

Saiba mais

ARQUITETURA DO METAVERSO. Arquiteto Nerd, 2022. Disponível em:


<https://youtu.be/XnyRvXbsWvY>. Acesso em: 13 mar. 2023.

Figura 10 – Metaverso

Créditos: ChiccoDodiFC/Shutterstock.

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5.2 “The line”

Dentro da realidade física, esse projeto, em execução na Arábia Saudita,


talvez seja uma das iniciativas mais ousadas já realizadas pela humanidade.
Trata-se de uma cidade sustentável linear de 170 km de extensão, 500 m de
altura e 200m de largura, bem no meio do deserto saudita. Também alvo de
grandes críticas, o “The Line” não é, em si, um modelo novo, pois algumas
experiências de cidade linear já foram idealizadas no passado. O que diferencia
o “The Line”, além das dimensões estratosféricas, é a inovação ambiental, pois
essa cidade poderá abrigar 9 milhões de pessoas, com agricultura vertical, fonte
de energia 100% renovável, tecnologia high tech, árvores suspensas, entre
inúmeras outras possibilidades. O projeto tem um custo de U$ 800 bilhões e
pretende garantir emissão zero de carbono.

Saiba mais

NEOM: What is THE LINE? Neom, 2022. Disponível em:


<https://youtu.be/0kz5vEqdaSc>. Acesso em: 13 mar. 2023.

THE LINE: O Ambicioso plano da Arábia Saudita. O Canal da Engenharia, 2022.


Disponível em: <https://youtu.be/ngu-o0CwCmg>. Acesso em: 13 mar. 2023.

TROCANDO IDEIAS

A partir dos temas apresentados nesta abordagem, dê a sua opinião sobre


os seguintes tópicos, partindo de uma análise sobre a aplicação desses
conceitos nos dias de hoje:

• Arquitetura contemporânea no Brasil e no mundo


• Futuro da arquitetura

NA PRÁTICA

Considerando os tópicos aqui abordados, com relação à arquitetura


contemporânea, apresente uma análise do conceito, a partir de três exemplares
pesquisados por cada aluno, considerando os seguintes aspectos:

• Programa arquitetônico
• Aspectos formais e funcionais

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• Entorno
• Sustentabilidade

A apresentação será feita por meio de sorteio entre os integrantes da


turma.

FINALIZANDO

Nesta abordagem, vimos que os dois significados do termo


“contemporâneo” são análogos entre si, pois se referem a épocas que
enquadram os últimos acontecimentos ou coisas equiparadas no tempo. Afinal,
o que é contemporâneo? Ou melhor, o que é a arte e a arquitetura
contemporânea? Essa questão denota sempre uma abertura, uma possibilidade
de resultados que ainda não se definiram por completo no tempo. Você vai
encontrar surpresas sempre, tanto em relação à apreciação estética quanto por
conta das condições impostas pela realidade. Talvez aí resida o valor desse
conceito. O contemporâneo não se define por completo, pois depende sempre
de um porvir, ou do futuro como estrutura conceitual.
Mas uma coisa tem se mostrado certa: o presente, atrelado nesse caso
ao futuro, tem se mostrado cada vez mais ligado às condições do meio ambiente
e aos desafios da nossa sobrevivência.

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REFERÊNCIAS

BRUAND, Y. Arquitetura contemporânea no Brasil, São Paulo: Perspectiva,


1997

NUTTGENS, P. A história da arquitetura, Rio de Janeiro: LTC, 2015.

ROTH, L. M. Entender a Arquitetura, seus elementos, história e significado,


São Paulo: Gustavo Gili, 2017.

SEGAWA, H. Arquiteturas no Brasil 1900-1990, São Paulo: Edusp, 1999.

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