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Capítulo: A cidade global: recuperando o lugar e as práticas sociais In: Sociologia


da Globalização | Autor: Saskia Sassen
Resenha Crítica
Professor: Elenise Felzke Schonardie (Doutor)
Mestrando: Marco Antonio Compassi Brun

1 RESENHA

A autora inicia o capítulo com base nas transformações verificadas ao longo do


tempo tanto na cidade em si, quanto na forma de estudá-la e de entendê-la. Isso porque
as visões se alteraram de acordo com as mudanças do próprio conceito urbano. O que
antes era objeto presente na sociologia tradicional, hoje alcança aspectos da globalização
que precisam ser considerados. Isto é, há de se entender a cidade como um espaço que
faz parte do global (SASSEN, 2010, p. 89), muitas vezes em uma desregulação às
hierarquias até então consagradas.
A autora faz referência, também, aos impactos que as cidades globais geram no
meio do trabalho. Mais especificamente nos meios de produção e no lugar que se inserem.
Assim, observa-se cada vez mais distanciamento entre os campos econômicos. Nos quais,
embora o trabalho “operário” ainda seja parte do processo, este se encontra cada vez mais
desvalorizado, enquanto, por outro lado – em mesma proporção – se valoriza os grandes
conglomerados que dominam as novas tecnologias e o mercado financeiro.

A ascensão de indústrias da informação e o crescimento de uma economia


global, duas condições inextricavelmente ligadas, contribuíram para uma nova
geografia de centralidade e marginalidade. Essa geografia reproduz em parte
as desigualdades existentes, mas é também o resultado de uma dinâmica
específica às formas atuais de crescimento econômico. Ela assume muitas
formas e atua em muitas arenas, desde a distribuição de instalações de
telecomunicações até a estrutura tanto da economia quanto do emprego. As
cidades globais acumulam imensas concentrações de poder econômico, ao
passo que as cidades que antes eram centros manufatureiros sofrem declínios
imensuráveis; os centros das cidades e centros de negócios em áreas
metropolitanas recebem investimentos enormes em termos imobiliários e de
telecomunicações, enquanto as áreas metropolitanas e urbanas de baixa renda
ficam à míngua por recursos; os trabalhadores com maior formação
educacional no setor corporativo enxergam sua renda aumentar a níveis
inusitados, enquanto os operários e trabalhadores com pouca ou média
formação enxergam a sua afundar. Os serviços financeiros geram lucros
enormes, enquanto os serviços industriais mal conseguem sobreviver
(SASSEN, 2010, p. 95).
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Há, na concepção da autora, uma nova ordem socioespacial, que modifica


geográfica e sociologicamente o urbano. As cidades globais, por sua fluidez, dinâmica e
expansão econômica, escancaram as desigualdades e as exclusões. E as agravam, ao passo
em que erguem novos muros invisíveis entre as classes muito ricas, daqueles sem
condições. Os quais, consequentemente, já não acessam mais os mesmos ambientes e
tampouco observam oportunidades minimamente igualitárias.
Nesse sentido, aponta Sassen que, nas

[...] grandes cidades do mundo desenvolvido e em desenvolvimento, vemos


uma nova geografia de centros e margens, que não apenas contribui para
fortalecer as desigualdades existentes, como também coloca em movimento
uma série de novas dinâmicas de desigualdade (SASSEN, 2010, p. 99).

Acrescenta, a autora, que esse aumento de desigualdades também modifica e


reestrutura as hierarquias de poder, classe e gênero, com ênfase no espaço das mulheres
na era de economias globais. Além da diversidade e multiculturalidade que a globalização
traz para as cidades.
Assim, a cidade global é marcada por novas relações, novos lugares e novos
conceitos de funcionamento e identidade. A desnacionalização e a diversidade marcam
um lugar cada vez mais globalizado e fomentado pelo capital global, em que as grandes
corporações se fazem cada vez mais presentes, enquanto, da mesma forma, se distanciam
das classes menos favorecidas, em um cenário de desigualdade cada vez mais acentuado.

2 REFERÊNCIAS

SASSEN, S. A cidade global: recuperando o lugar e as práticas sociais. In: SASSEN, S.


Sociologia da globalização. Porto Alegre: Artmed, 2010.

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