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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS


DEPARTAMENTO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS

JAYSLANA KELLY LOUREIRO RUFINO ARAUJO

1° ENSAIO ACADÊMICO: PARA QUE SERVEM OS


CONCEITOS DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS?

JOÃO PESSOA
2022
JAYSLANA KELLY LOUREIRO RUFINO ARAUJO

1° ENSAIO ACADÊMICO: PARA QUE SERVEM OS


CONCEITOS DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS?

PRIMEIRO ENSAIO ACADÊMICO PARA A


DISCIPLINA DE INTRODUÇÃO ÀS RELAÇÕES
INTERNACIONAIS COM O TEMA “PARA QUE
SERVEM O CONCEITOS DE RELAÇÕES
INTERNACIONAIS?" REFERENTE A PRIMEIRA
NOTA DO SEMESTRE.

PROFESSOR(A): LILIANA RAMALHO FROIO

MONITORES: CESAR AUGUSTO FARINASSI E


MARIANA BARROS VEIGA NETO BRANDÃO

DISCIPLINA: INTRODUÇÃO ÀS RELAÇÕES


INTERNACIONAIS

JOÃO PESSOA
2022
1. INTRODUÇÃO

A princípio, é lícito postular que as relações internacionais são determinadas pela


necessidade coletiva de compreender que realidades externas aos grupos sociais podem
afetá-los, de modo que urge a interferência específica das comunidades nesse processo a fim
de administrá-lo, avaliando as interações e os diversos fluxogramas do cenário mundial.
Nesse prisma, é importante salientar que a particularidade que evidencia o conceito das
Relações Internacionais (RI) é defini-las como as relações sociais que atravessam fronteiras e
que se estabelecem entre as diversas sociedades (BRAILLARD, 1990: 86). Dessa forma, é
legítima a dependência estrutural entre os Estados inseridos em um panorama global,
característica responsável pela determinação de uma hierarquia universal - que corresponde às
diferentes posições ocupadas pelos atores no espaço internacional -, assim, a multiplicidade
de posicionamentos teóricos que abarcam as supracitadas relações de poder, são
imprescindíveis na consolidação e manutenção do instrumento de estudo das RI.
O presente trabalho pretende analisar o processo de construção de uma reflexão acerca
da importância dos conceitos de Relações Internacionais, tendo em vista as especificidades
dos autores e os contextos locais em que estavam inseridos; ademais, infere-se a assimilação
acerca da importância da definição do objeto de aprendizagem desse campo de estudo para a
percepção das funções dos Estados no Sistema Internacional (doravante SI). Desse modo, é
premente perceber o alcance explicativo das teorias e conceitos e seus enfoques nacionais e
locais; afinal, o uso da literatura estrangeira, sobretudo a estadunidense, ainda é predominante
para o conhecimento da área das Ciências Sociais e seu desenvolvimento no âmbito
internacional.

2. RELAÇÕES INTERNACIONAIS: RAÍZES E DESENVOLVIMENTO DO


CONCEITO

A busca por conhecimento sempre foi uma característica marcante da história humana,
uma vez que esta habilidade permite entender o mundo; dessa maneira, é justo pleitear que
esta sabedoria seja construída através de questionamentos que englobam desde a forma de
pensar ou agir da sociedade, até suas dimensões práticas de exploração do espaço físico e
racional. Sob tal perspectiva, é possível reiterar a ideia de que os agrupamentos sociais
passaram a manter relações entre si e compartilhar seus conhecimentos, através de diversas
áreas (política, econômica, social, cultural), e essas interações externas geram impactos na
estruturação e manutenção da ordem estatal.
Nesse contexto, é justo perceber que as Relações Internacionais são compreendidas à
luz do conhecimento acerca dos acontecimentos, atores, fenômenos e processos que ocorrem
além das fronteiras dos Estados Nacionais. Nas palavras de Braillard,

Relações Internacionais (...) constituem um objeto cujo estudo é hoje um local


privilegiado de encontro de diversas Ciências Sociais (...) O que caracteriza
propriamente as Relações Internacionais é o fato delas constituírem fluxos que
atravessam as fronteiras (...). (BRAILLARD, 1990, p. 82-83)

Dessa maneira, a conceituação do termo ‘relações internacionais’ é uma ferramenta


essencial para a constituição de um estudo sistemático sobre o vínculo institucional entre
nações. Infere-se, portanto, perceber o prisma histórico que introduz o discurso dessa
terminologia na conjuntura global; nesse sentido, o professor José Flávio Sombra Saraiva
expõe que

As transformações radicais na vida internacional, nos anos 80 e 90, trouxeram


apreensão aos estudos dos temas atinentes às continuidades e rupturas na
ordem global. A derrocada da ordem da Guerra Fria, o desmoronamento da
União Soviética, a universalização dos valores liberais associados à formação
da globalização geraram forte tensão analítica nos estudos das relações
internacionais. (SARAIVA, 2001)

Diante do sobredito, é plausível a exploração das RI enquanto uma extensão de


pesquisa destinada às ações estratégicas dos Estados no que concerne à tomada e ampliação
de poder, uma vez que o objeto de análise são as ações diplomáticas e bélicas das nações
modernas. Tais características ganham força com o contexto histórico em que foram
estabelecidas, considerando que os estudos que inauguraram a internacionalização das
Ciências Sociais acontece durante a Guerra fria, com teóricos, predominantemente,
estadunidenses - estabelecendo um cenário mundial que refletia a doutrina política exaltada
pelo poder americano desse dado período histórico -.
Ademais, a eclosão da ordem internacional ergue-se enraizada na dinâmica de
competição entre Estados soberanos, que se anulam mutuamente ao perseguir seus interesses
nacionais. Contudo, vale ressaltar que as raízes em que se apoiam os estudos das RI,
vinculam-se a interesses específicos de determinadas sociedades que constituem seu campo de
observação, bem como a valores que estas sociedades cultivam e, ainda, a padrões de conduta
que sugerem e enaltecem como sendo ideais (CERVO, 2008). Sendo assim, multiplicidade
teórica, desenvolvida e difundida nos meios acadêmicos, é centrada na explicação de que a
subjetividade da disciplina progride paralelamente ao avanço de preceitos capitalistas no
mundo moderno, desta forma, com a consolidação de grandes polos políticos e econômicos e
o surgimento de nações emergentes - que dividem desproporcionalmente a riqueza global -, é
indubitável que o fortalecimento do conceito das RI seja pautado nos ideais de que as teorias
que servem ao Primeiro Mundo não são, necessariamente, convenientes aos emergentes (a
exemplo da Teoria da Estabilidade Hegemônica).
Em suma, as definições de Relações Internacionais constituem uma disciplina múltipla
e complexa que se propõe a análise dos cenários mundiais dos mais diversos pontos de vista,
avaliando as implicações de interações globais na dinâmica dos países. Em consonância, de
acordo com Cristina Soreanu Pecequilo

A fonte de crescimento e dinamismo da área será tripla: primeiro, ela nascerá


da modernização e adaptação das disciplinas que a formam, beneficiando-se
dos progressos obtidos, por exemplo, na Ciência Política, na História;
segundo, haverá uma constante reavaliação disciplinar dentro do próprio
campo das Relações Internacionais; por fim, a mudança e o debate serão
naturais e impulsionados a partir da realidade internacional, sempre em
constante transformação. (PECEQUILO, 2017)

Além disso, é plausível destacar que as RI interligam sua riqueza intelectual ao


encontro de dados qualitativos e quantitativos, partindo de pressupostos de observação e
interpretação pessoal e coletiva, permitindo uma percepção profunda da realidade global.

3. A INSTRUMENTALIZAÇÃO DO CONCEITO DE RELAÇÕES


INTERNACIONAIS E SUA IMPORTÂNCIA NO MUNDO MODERNO

Inicialmente, é necessário salientar as transformações estruturais causadas pelo mundo


globalizado nas sociedades; assim, com a formação dos megablocos e a informação
instantânea, por meio de novos meios de comunicação (especialmente, a internet), fronteiras
foram rompidas, ligando países e continentes, com velocidades cada vez maiores, criando
uma ideia sólida de aldeia global. Desse modo, o aumento da interdependência econômica, os
intercâmbios, as influências culturais e sociais que passaram a fazer parte do cotidiano, tem
exigido um domínio maior acerca do funcionamento das interações internacionais e suas
consequências na estruturação dos Estados Modernos.
Urge, portanto, que dentre todas as formações na área de Ciências Humanas, a de
Relações Internacionais seja uma das que possui maior versatilidade, apresentando uma
multiplicidade de inserção nos diversos campos de estudo. Dessa forma, é factível pontuar
que o conjunto de conceitos que constituem essa área acadêmica, estabelecem a capacidade
explicativa e valorativa de que são dotados e expõem sua operacionalidade. Dessarte,
compreende-se que o caráter nocivo (destas conceituações) à formação nacional ou regional,
definem a ordem internacional e as relações de assimilação entre os povos de pensamento,
cultura, valores e interesses alheios, como sendo próprios (CERVO, 2008).
Nesse sentido, a instrumentalização dessas definições é traçada a partir de quatro
características básicas: enquanto construção social, essas concepções são demonstram sua
importância com base em preceitos culturais e acadêmicos, responsáveis pela sua expressão;
como manifestação histórica, tais conceitos penetram na construção concreta da sociedade,
exercendo uma interposição entre sujeito e objeto de estudo; na qualidade de destinar valores
para a composição de um prisma cultural nacional e internacional, inspirando escolhas que
compelem ao bem comum; outrossim, tais ideias desvendam o novo, baseado na ruptura de
fenômenos preexistente. O conceito é produto de pensamento alimentado, no caso das
relações internacionais, pela base cultural da nação, pela leitura que dirigentes fazem do
interesse nacional e pela avaliação crítica das pesquisas, tudo isso concebido como o sistema
de referência que o inspira (CERVO, 2008).

4. CONCLUSÃO

Por fim, é lícito entender que os conceitos relacionados às Relações Internacionais


estão vinculadas a interesses, valores e padrões de conduta das sociedades onde são
elaboradas e descartam esses fatores de outras sociedades. Assim, é importante salientar,
ainda, que, embora o internacional seja um cenário multifacetado que mantém ligação com
diversas áreas do conhecimento, este, merece uma conceituação própria das suas relações,
tendo em vista sua historicidade e evolução. Desse modo, levando em consideração a fala de
Braillard
Estas relações não são, pois, determinadas pela natureza dos atores
entre os quais elas se estabelecem - Estados ou outras entidades
sociais -, mas pela estrutura do sistema no qual elas aparecem [...].
Podemos pôr em evidência a especificidade das Relações
Internacionais definindo-as como as relações sociais que atravessam
as fronteiras e que se estabelecem entre as diversas sociedades.

Diante do supracitado, infere-se a interpretação de que o conhecimento de um conceito


de RI possui uma base amplamente sustentada por várias dimensões acadêmicas, assim, a
importância desse processo de conceituação de uma disciplina tem caráter reformulador
diante das necessidades de ampliação da fonte de estudo. Adicionalmente, conceber a ideia de
representação do SI em relações interdependentes impacta diretamente na construção, a longo
prazo, de vínculos construtivos entre as nações, refletidas nos mais diversos aspectos, sejam
eles comerciais, econômicos, culturais ou políticos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRAILLARD, Philippe Vide. Teoria das Relações Internacionais. Fundação Galouste Gulbenkian,
1990.
CERVO, AL. Conceitos em Relações Internacionais. Revista brasileira de política internacional , v. 51,
n. 2, pág. 8-25, 2008.
JACKSON & SORENSEN. Introdução às relações internacionais, Cap. 1, pp. 19-28.
PECEQUILO, CS. Introdução às relações internacionais: Temas, atores e visões. Editora Vozes
Limitadas, 2017.
SARAIVA, JFS. Relações Internacionais: Entre a preponderância europeia e emergência
americana-soviética (1815-1947) . IBRI, 2001.

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