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NOME: Lara Mendes da Silva

DISCIPLINA: Fundamentos teóricos e epistemológicos da Geografia – PPGEO

RESENHA 6: Globalização e redes

TEXTOS: LIMA, J.C. A globalização periférica e a ressignificação dos lugares.


Revista Sociedade e Estado. v. 35, n.3, 2020. p.765-786.

DIAS, L.C. Territórios e redes – Perspectivas teórico-metodológicas no campo


interdisciplinar do desenvolvimento regional. p.13-24. In: SILVEIRA, R.L.L.;
FELIPPI, A.C.T. (Orgs) Territórios, redes e desenvolvimento regional: perspectivas
e desafios. Florianópolis: Insular, 2018.

SILVEIRA, R.L.L. Território, rede e desenvolvimento regional – Notas para discussão.


p.231-252. In: SILVEIRA, R.L.L.; FELIPPI, A.C.T. (Orgs) Territórios, redes e
desenvolvimento regional: perspectivas e desafios. Florianópolis: Insular, 2018.

Essa resenha busca trazer o tema debatido nos textos A globalização periférica e
a ressignificação dos lugares do autor Jacob Carlos Lima, Territórios e redes –
Perspectivas teórico-metodológicas no campo interdisciplinas do desenvolvimento
regional da autora Leila Christina Dias e Território, rede e desenvolvimento regional –
Notas para discussão do autor Rogério Leandro Lima da Silveira. Os três textos
englobam acerca do tema da globalização, redes e território, dessa maneira, busca-se
relacionar o tema desses três autores levando os principais pontos de cada texto. Dessa
forma, essa resenha estrutura-se por um breve resumo do conteúdo de cada texto
encerrando-se com uma síntese de relação dos três textos.
O autor Jacob Carlos Lima é professor titular no Departamento de Sociologia da
Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), graduado em Sociologia e Política,
mestre em Ciências Sociais e doutor em Sociologia e atua na área de Sociologia,
Sociologia do Trabalho e Sociologia Econômica. O texto referente da resenha foi
publicado na revista Sociedade e Estado em 2018, com o objetivo de buscar analisar as
novas configurações do trabalho consequente dos processos de reestruturação industrial
e da inserção de novos territórios à lógica da produção capitalista.
Para isso, Jacob Lima traz três exemplos empíricos de setores produtivos
distintos de uma pesquisa realizada entre 2017 e 2020 do projeto CNPq “Trabalho e
globalização periférica: estudo de três setores produtivos”, sendo esses exemplos o setor
de confecção, o da produção de software e o da indústria automotiva. Antes de iniciar a
elucidação dos exemplos jutos aos conceitos debatidos, o autor traz uma breve
exposição sobre as múltiplas globalizações, onde a mesma possui um caráter de
expansão global do capital a procura do barateamento da produção e novos mercados
consumidores, o que reflete diretamente na relação dialética entre global e local
justamente pela busca dessa economia mais ampla em locais que transformam suas
práticas sociais devido a influência dessa economia mais ampla, mas que ainda mantem
a suas especificidades locais. Esse processo contempla o conceito de glocalismo.
Nesse mesmo sentido de processo, o autor traz outras concepções, como a de
globalização popular ou globalização por baixo ou, então, o conceito de vias
secundárias da globalização da autora Caroline Knowles (2014) que perpassa por vias
formais e informais, legais e ilegais, primárias e secundárias. Em síntese, o autor busca
elucidar que a globalização se reproduz concentrando conhecimento nos países centrais
e sua execução concentra-se nas periferias, processo esse refletido pela divisão
internacional do trabalho. E, ainda, nas periferias tem-se a convivência desigual e
combinada no mesmo território de diversos atores sociais, regimes de acumulação e
graus de tecnologia que refletem diretamente na lógica global e cria-se hierarquização
das periferias.
Em relação aos exemplos, em resumo, o setor de confecções resume-se em uma
lógica de entrada de importados que refletiu na reorganização do setor, promovendo o
trabalho terceirizado e quarteirizado assim como a inserção nas cadeias globais de
produção, tendo uma mão de obra barata e abundante e um mercado de consumo
dinâmico. No caso da produção de software tem-se um trabalho flexível devido a
compressão espaço-tempo propiciado pelas novas tecnologias, é um setor que se
desenvolve a partir da oferta de formações do ensino superior. E, por último, o caso da
indústria automobilística tem-se impactos maiores por trazerem junto com si um parque
industrial de fornecedores, acompanhados de relações formais e de direitos sociais
diferenciados, junto com a esperança de um emprego diferenciado em termos salariais.
O segundo texto da autora Leila Christina Dias foi publicado no livro
Territórios, redes e desenvolvimento regional em 2018, assim como o próximo texto a
ser resumido. O texto surgiu da conferência de abertura da 8ª edição do Seminário de
Desenvolvimento Regional da UNISC. A autora é graduada, mestre e doutora em
Geografia, com experiência na área de Geografia Humana e Econômica, atuando nos
temas de geografia das finanças, redes financeiras e micro financeiras.
O texto em questão da autora ela busca trazer como as redes e o território podem
contribuir no entendimento do campo interdisciplinar do desenvolvimento regional,
visto que esses conceitos expressam múltiplas vozes e articulações de atores políticos
heterogêneos. Dessa forma, ela inicia sua discussão trazendo que redes e territórios são
termos polissêmicos por serem usados em diversas áreas do conhecimento, assim como
a definição de desenvolvimento, onde a autora ressalta que essas definições não são
neutras e refletem ideologias particulares que variam no tempo e no espaço.
A definição de desenvolvimento é marcada pela redefinição do peso dos
diferentes Estados-Nações, pós II Guerra Mundial, na divisão internacional do trabalho
e pela emergência de novas instituições criadas para operar no nível global. Entende-se,
nessa resenha, assim como o termo de desenvolvimento, o de redes e território também
sofreram influências nesse período, visto que começa a iniciar uma globalização
informacional que influencia globalmente as relações e atores sociais na construção do
espaço.
Por fim, o último texto refere-se ao autor Rogério Leandro Lima da Silveira,
geógrafo pela PUC e doutor em Geografia Humana, com experiência como pesquisador
nas áreas de Geografia Urbana, Geografia Regional, Geografia Econômica,
Desenvolvimento Regional e Planejamento Urbano e Regional. O texto proposto tem
como objetivo analisar como os conceitos de território e rede e suas interrelações podem
auxiliar na compreensão de desenvolvimento regional. De início ele traz que o território
é um instrumento de exercício de poder, não se restringindo somente ao Estado, mas
vincula-se igualmente às estratégias de distintos grupos sociais e das grandes
corporações econômicas e financeiras, onde deve-se apreender esse conceito como
resultado da interação entre múltiplas dimensões sociais, econômicas, políticas e
culturais.
O conceito de rede entra quando se entende que o território também leva a ideia
de movimento, fluidez e conexão. Sendo a rede, então, toda infraestrutura que se
inscreve sobre o território onde se caracteriza pela topologia dos seus pontos de acesso
ou pontos terminais, assim como também, a rede é social e política, pelas pessoas,
mensagens e valores que a frequentam. Através dos nós da rede, ela pode,
simultaneamente, solidarizar ou excluir, de promover ordem e desordem, com as
estratégias de circular e comunicar.
Ao se pensar no desenvolvimento regional, o autor traz que deve-se valorizar
análise de implementação das políticas de desenvolvimento regional com a dimensão
relacional e interdependente entre território e rede, ao invés de pensar esses conceitos e
sua relação através da dicotomia entre esses termos, colocando-os como opostos, em
negação e separados. Por meio disso, ele traz sete dimensões de interrelações e
interdependências entre redes e território para melhor compreender o desenvolvimento
regional.
Por meio dos textos resumidos, é possível ver que para trabalhar o recorte da
globalização na perspectiva geográfica é necessário trazer os conceitos de território e
redes, visto que esses conceitos abrangem múltiplas escalas, como mostrado mesmo por
exemplo por Lima (2020) o conceito de glocalismo. A globalização está para além do
global, não menos importante essa escala, ela abrange outras escalas menores de
múltiplas formas, esse entendimento é digno para a compreensão da sua complexidade.
O entendimento do território e de redes auxilia justamente na compreensão da
perversidade da globalização, no desenvolvimento desigual dela pelos territórios, assim
como o entendimento do que seria o desenvolvimento para que não se tenha
compreensões de senso comum ou então vazias. Esses conceitos auxiliam também para
a compreensão de quais os atores sociais da globalização na divisão internacional do
trabalho, de como se desenvolvem as técnicas em cada território e rede e como a
globalização transforma os territórios. Os textos em questão pode auxiliar no início
desse debate sobre globalização e redes, levantando conceitos que corroboram para o
avanço da compreensão.

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