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A trajetória da inserção da população negra na educação formal, os limites e barreiras à ascensão dos negros no Brasil,
os usos do conceito de raça na escola, o racismo na educação formal, a legislação educacional antirracista no Brasil,
raça, classe e gênero em perspectiva interseccional na educação.
PROPÓSITO
Refletir sobre os avanços e retrocessos em torno do acesso da população negra à educação formal durante a escravidão
e no pós-abolição.
OBJETIVOS
(Fonte: NatBasil / Shutterstock)
MÓDULO 1
Identificar as ações políticas e sociais que limitaram o acesso de escravos e libertos à educação formal no Brasil
MÓDULO 2
Reconhecer o caráter histórico das políticas afirmativas instituídas no Brasil e o protagonismo dos movimentos negros
(Fonte: NatBasil / Shutterstock)
MÓDULO 3
Identificar as ações políticas e sociais que limitaram o acesso de escravos e libertos à educação formal no Brasil
INTRODUÇÃO
Assista ao vídeo de introdução do tema, realizado por Ricardo Fernandes – professor da Secretaria Municipal de
Educação do Rio de Janeiro.
BRASIL COLONIAL
A ESCOLA
No Brasil, a escola (enquanto instituição e, seu produto, a escolarização) sempre foi um espaço privilegiado para grupos
sociais bem definidos.
Criada em 1540 pelo padre ‒ posteriormente tornado santo ‒ Inácio de Loyola, a Companhia de Jesus foi uma resposta
da Igreja Católica à Reforma Protestante visando a defesa e a propagação da fé que, segundo a ordem, abarcaria a
catequese e a escolarização.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Inácio de Loyola.
Foi sob os auspícios de Dom João III, rei de Portugal, que a missão chefiada pelo padre Manoel da Nóbrega
desembarcou em Salvador acompanhando a expedição do recém-nomeado governador-geral Tomé de Sousa.
Na Bahia, os jesuítas criaram um colégio que se tornaria o centro intelectual da Colônia por mais de 200 anos.
AUSPÍCIOS
Proteção, favor, recomendação. Apoio financeiro, material, técnico etc., para que se realize uma obra ou evento;
patrocínio.
Ainda na segunda metade do século XVI, os jesuítas se espalharam por outras partes da América portuguesa,
estabelecendo colégios em Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo, além de residências em Ilhéus, Porto Seguro e em
Vitória do Espírito Santo.
Os jesuítas se especializaram num modelo de ensino baseado na incorporação de símbolos e rituais da cultura local de
cada povo. Além disso, dedicavam-se à tradução e elaboração de gramáticas específicas de cada língua local, servindo
de recurso didático.
IMPORTANTE
Em 1697, o jesuíta Pedro Dias, quando ainda estava na Bahia, escreveu o livro A Arte da Língua de Angola que, como
já dito anteriormente, serviria como recurso para o ensino dos jesuítas e, ao mesmo tempo, uma tentativa de unificação
dos falares bantu. Antes dele, o jesuíta angolano Manuel de Lima escreveu, em 1580, os livros Catecismo na Língua dos
Ardas e Doutrina Cristã, traduzidos pelo padre jesuíta Baltazar Fernandes para a língua africana. Tudo isso serviria como
recurso para o ensino dos africanos que ingressassem no Brasil. No contexto em que a entrada de escravos ainda era
incipiente (entre 1582 e 1690, foi estimado que 29.538 africanos tenham desembarcado na Bahia), a pretensão dos
jesuítas parecia ter alguma viabilidade.
(Fonte: Amazon.com)
A ação dos jesuítas tinha como público-alvo as populações indígenas. Em relação à população negra, a escolarização e a
catequização se limitavam aos escravos das propriedades jesuíticas, uma vez que, aos demais, o acesso à educação era
extremamente difícil, como lembra o padre Serafim Leite, historiador da Companhia de Jesus:
(LEITE, 1938-1950:144)
(Fonte: Netmundi)
No entanto, alguns escravos conseguiam acesso à educação formal e aprendiam a ler e a escrever nas propriedades
onde trabalhavam. Isso acontecia, às vezes, pela necessidade do serviço que eles desempenhavam, por livre iniciativa
dos proprietários, que contratavam os professores régios para ensinar aos seus filhos e, naquele ambiente, o escravo
passava a ter contato com o mundo da escrita e da leitura, ainda que de forma precária.
PROFESSORES RÉGIOS
Com a expulsão dos jesuítas do Brasil em 1759, no âmbito das Reformas Ilustradas promovidas pelo Marquês de
Pombal, houve uma grande lacuna no processo de escolarização da Colônia, uma vez que as escolas estavam
praticamente restritas às dos jesuítas. Naquele mesmo ano, Pombal criou o cargo de professores régios, nomeados
pela Coroa para suprir esse espaço.
Outras vezes, a aprendizagem se dava por inciativa do próprio escravo, em contato com outras pessoas livres que lhes
ensinava rudimentos da leitura e da escrita. De todo modo, o que havia era uma política que negava o acesso do cativo à
educação através da completa ausência de referência a essa situação na legislação da época.
Muitos africanos trazidos como escravos já falavam português e, em alguns casos, sabiam ler e escrever. Da mesma
forma, a maioria dos escravos muçulmanos que foram trazidos para o Brasil sabiam ler e escrever em árabe e passaram
não só a ensinar a língua para outros escravos nascidos aqui, como também encontraram formas de aprender o
português.
SAIBA MAIS
Em 1469, os portugueses invadiram a região do golfo da Guiné. A partir daí, estenderam seus domínios por um amplo
território da África Ocidental e Oriental. Esse domínio favoreceu a implantação da política de catequização a partir de
ordens religiosas católicas, como os franciscanos e os jesuítas, que procuravam ensinar os modos de vida europeus,
como a língua, a cultura e a religião.
REFLEXÃO
Como uma pessoa negra poderia ter acesso a esse conhecimento naquele tempo?
BRASIL IMPÉRIO
(Fonte: Wikipedia)
Após a Independência do Brasil (1822), a situação da escolarização para a população negra pouco mudou. A
Constituição de 1824, que vigorou por mais de 150 anos, indicava que a instrução primária era gratuita para todos os
cidadãos. O que parecia ser uma posição igualitária e progressista era o endurecimento, a partir da carta magna, de um
impeditivo para a população escrava e para os africanos de maneira especial acessarem a educação escolar, uma vez
que não eram reconhecidos como detentores dos direitos de cidadão.
SAIBA MAIS
Os escravos eram considerados instrumentum vocali, não eram humanos, eram instrumentos, não poderiam ser
considerados pessoas e, consequentemente, sujeitos de direitos. Assim sendo, não tinham direitos de integridade física,
à liberdade ou a qualquer outro direito civil básico. (ALVES, 2005)
A primeira lei voltada para o setor educacional do país e que tratou sobre educação pública, foi a Lei 15 de outubro de
1827. No entanto, ela se omitia à educação escolar da população negra. Esta lei ficou em vigência por mais de cem anos,
até 1946.
Ao longo de todo o período do Brasil Império, a proposta de ensino visava a construção de uma comunidade
imaginada a partir do modelo eurocêntrico de ensino, que desprezava as demais formas de conhecimento, privilegiando
tanto o acesso à escola quanto a representatividade dos conteúdos às classes mais abastadas de maioria branca.
COMUNIDADE IMAGINADA
Comunidade Imaginada é um conceito criado pelo historiador e cientista político Benedict Anderson (1936-2015)
que define o descolamento do ensino da comunidade, apresentando uma realidade nacional que deve ser amada,
que é europeia e é hegemônica culturalmente.
Além do mais, o alcance da escolarização continuou bastante limitado por questões estruturais. Num país com ampla
maioria da população vivendo em áreas rurais e com grandes distâncias a serem percorridas, as poucas escolas e os
poucos professores eram insuficientes. Esses aspectos são importantes para que entendamos as limitações de acesso
das populações pobres, majoritariamente formadas por negros livres e libertos.
SE AS DISTÂNCIAS GEOGRÁFICAS E O CARÁTER
ELITISTA DO MODELO EDUCACIONAL EM VOGA JÁ
LIMITAVAM O ACESSO À EDUCAÇÃO FORMAL,
OUTROS FATORES COMO O TIPO DE TRABALHO
DESTINADO À GRANDE PARCELA DA POPULAÇÃO
NEGRA, LIVRE OU ESCRAVA, COMPLICAVA AINDA
MAIS.
O trabalho braçal, fosse nas áreas rurais ou nos centros urbanos, era quase que totalmente exercido por essa parcela da
população, numa rotina extenuante que, por si só, era um forte impeditivo de acesso à educação formal. Isso não se
restringe aos adultos. Meninos e meninas recém-saídos da infância já serviam como domésticos, trabalhadores rurais ou
em qualquer serviço de rua.
A aquarela do pintor francês Jean-Baptiste Debret, com data provável de 1839, uma fina crítica social à escravidão e seu
legado no Brasil. Intitulada de Concurso de composição entre escolares no dia de Santo Alexis, o tema principal que
nomeia a pintura ocupa o fundo da tela, onde se veem crianças brancas com papéis nas mãos apresentando-os a
transeuntes.
Em primeiro plano, Debret mostra uma criança negra, descalça e maltrapilha que, com uma outra escrava adulta (que
tem nas mãos alguns livros), segue uma menina da elite, provavelmente em direção à escola.
(Fonte: History Archive)
O Ato Adicional à Constituição, de agosto de 1834, determinava que as Províncias passariam a ser as responsáveis por
organizar, definir e prover o ensino primário em suas respectivas localidades.
Esse ato contribuiu ainda mais para a desestruturação da educação formal no país, uma vez que muitas províncias não
estavam preparadas financeiramente nem tecnicamente para isso.
Especialmente aquelas mais afastadas da Corte, como as províncias do Norte (que incluía o atual Nordeste),
aumentando o fosso e limitando o acesso pela população negra.
Nesse contexto da descentralização, várias províncias agiram, efetivamente, no sentido de segregar o acesso de
escravos e libertos à escola: Minas Gerais foi a pioneira, ainda no ano de 1835, determinando que somente as pessoas
livres poderiam frequentar as escolas públicas.
Seguem, com o mesmo teor, as províncias de Goiás (1835) e Espírito Santo (1835).
O decreto do Rio Grande do Norte (1836) repetia o mesmo tipo de impedimento sobre a admissão de alunos que não
fossem livres, porém destacava que as professoras poderiam receber escravas, com a ressalva de que fosse apenas
para ensinar as prendas domésticas.
Embora o decreto confirmasse a ideia em vigor na época, a de inaptidão dos negros para as letras e predisposição para
os trabalhos braçais, não deixa de ser um acanhado avanço que, mesmo assim, pouco durou.
Em 1837, a permissão para aprender prendas domésticas foi revogada. Outras províncias continuaram a criar seus
estatutos de ensino com o mesmo perfil impeditivo aos escravos e, quase sempre, aos libertos também.
A discussão sobre a importância do acesso à educação para a população escrava e liberta só voltou à cena em meados
da década de 1860, com as discussões em torno da construção da Lei do Ventre Livre. Um dos principais responsáveis
por provocar esse debate foi Aureliano Cândido Tavares Bastos.
(Fonte: bluelela / Shutterstock)
EDUCAÇÃO
TAVARES BASTOS
Crítico da escravidão, Tavares Bastos associava a presença do regime no Brasil à ignorância da população livre. Dizia
ele:
Foi um político, escritor e jornalista brasileiro. É considerado um precursor do federalismo, por causa de sua luta
contra a centralização administrativa durante o Segundo Reinado.
(Fonte: Academia Brasileira)
Tavares Bastos.
Ele via a educação como a chave de mudança para a população que, em breve, livrar-se-ia da escravidão. Os debates
em torno da Lei do Ventre Livre giravam sobre o que fazer com os ingênuos. Na perspectiva antiescravista e
emancipadora de Tavares Bastos, a população saída do cativeiro deveria passar pela educação formal, oferecida pelo
Estado, como forma de estar apta para a vida em sociedade.
O jogo político em torno da construção da lei, no entanto, não foi favorável e seus resultados foram pífios. A classe de
proprietários escravistas, dos maiores aos menores, ainda se agarrava aos fiapos da escravidão para defender a
diferenciação social.
REFLEXÃO
Veja a seguir o trecho de um documento do ano de 1872, que apresenta algumas informações sobre o plano de ensino
da Escola Noturna de Adultos:
Reflita sobre a frustração de ser impedido de adquirir esses conhecimentos que, apesar de básicos, eram negados às
pessoas simplesmente por causa da cor de sua pele.
PRINCIPAIS REFORMAS EDUCACIONAIS E SEUS IMPACTOS
NA EDUCAÇÃO DE ESCRAVOS,
LIBERTOS E PESSOAS NEGRAS LIVRES
Derrubou o veto sobre a frequência dos escravos nas escolas públicas, levando alguns escravizados a frequentarem
escolas profissionais e, a partir daí, multiplicar o que aprendiam com outros negros em espaços informais, às vezes na
própria senzala.
Foi um ponto de inflexão nos pequenos avanços da reforma anterior, pois implantou a realização de exames admissionais
e a cobrança de taxas nas escolas, limitando o acesso da maior parcela da população à educação formal.
Foi um advogado, professor e político brasileiro que defendia a educação de adultos, os cursos noturnos e inserção
de escravos nas escolas.
O fim da escravidão legou àquela população recém-saída do cativeiro e, por consequência, aos seus descendentes, um
ocultamento. Incorporada no conjunto da sociedade brasileira, teve suas necessidades específicas limitadas e seus
direitos sociais silenciados, sendo posta à margem da jovem República.
A alforria conquistada pelo escravo, na maioria das vezes, não era sinal para a mudança de tratamento. Ser liberto ainda
era ser considerado de segunda classe, o que levava muitos senhores a conservarem o tratamento hierarquizado que
consistia, entre outras coisas, em ter privilégios sobre o acesso a determinados espaços.
Como veremos a seguir, foi com a insistente e longa luta dos movimentos negros que essa população conseguiu avanços
mais significativos no campo educacional brasileiro.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) Não havia impedimento legal para escravos serem alfabetizados, mas a alfabetização era extremamente restrita
devido às suas condições de vida.
B) Por decreto de Dom João III, escravos eram legalmente proibidos de serem alfabetizados.
C) Os jesuítas dedicavam-se à instrução de indígenas e escravos de origem africana em colégios criados para ambos os
grupos.
D) Havia permissão para a alfabetização de escravos, desde que as aulas fossem ministradas pelos professores régios.
A) O Ato Adicional à Constituição determinava que as Províncias seriam as responsáveis pela organização da educação.
Isso fez com que em muitos lugares negros libertos passassem a frequentar as escolas, ainda que em classes separadas
das dos brancos.
B) Durante as discussões para a criação da Lei do Ventre Livre, Tavares Bastos, forte crítico da escravidão, conseguiu
que fosse aprovada a sua proposta de acesso dos libertos à escolarização, aumentando de forma exponencial o número
de alfabetizados no Brasil.
C) O modelo de país que se constituiu a partir da Independência estimulava a discriminação, reservando à população
negra a aprendizagem de serviços manuais, negando aos escravos e libertos o ingresso em escolas, como aponta, entre
outras, a proposta de reforma educacional de Leôncio Carvalho (1879).
D) Somente com a implantação da República a situação da população negra mudou. Ainda em seu início, em 1911, a
Reforma Rivadávia Correia ampliou o acesso da maior parcela da população, negros e pobres, à educação formal.
GABARITO
A legislação em vigor não proibia que escravos fossem alfabetizados, até porque a administração da vida dos escravos
era privativa dos senhores, com pouca intervenção da Coroa. No entanto, devido à brutalidade do regime escravista e ao
fato de que eles eram vistos apenas como força de trabalho, o acesso à alfabetização era algo raro.
2. Conforme estudado, a Constituição de 1824 determinava que a instrução primária era gratuita para todos os
cidadãos. Foi no século XIX que surgiram as primeiras leis visando organizar a educação do país recém-
independente. Sobre isso, podemos afirmar que:
A negação do acesso de escravos e libertos às escolas representa práticas discriminatórias e um reforço ao estereótipo
de certa aptidão inata dos negros às atividades manuais. Esse discurso se materializou tanto na reforma criada pela
Província do Rio Grande do Norte, em 1835, quanto, mais de quarenta anos depois, na proposta de Leôncio de Carvalho,
em 1878.
Reconhecer o caráter histórico das políticas afirmativas instituídas no Brasil e o protagonismo dos movimentos negros
A voz afrodescendente esteve distante: não que não existisse, contudo era silenciada, esbranquiçada, como pudemos ver
com os Rebouças ou Machado de Assis. Ainda que tenhamos apresentado homens negros que se valeram das
oportunidades e espaços para se manifestar, seus discursos ‒ mesmo o abolicionista ‒ não se posicionaram como uma
luta pessoal, mas como uma luta pelos outros.
Com a República, a ampliação das possibilidades de acesso permitiu a formação de movimentos singulares, que nos
deram a oportunidade de conhecer essa história através do lugar correto de fala, ou seja, dos grupos que ali viveram!
INTRODUÇÃO
Vejamos o que diz o jornal O Alfinete, trinta anos após a Abolição:
ABDIAS DO NASCIMENTO
Em 1944, Abdias do Nascimento, militante e intelectual negro, criou no Rio de Janeiro o Teatro Experimental do Negro,
que buscava promover os valores da cultura negra e o combate ao preconceito racial, mascarado pelo ideal de
democracia racial.
(Fonte: Integralismo)
Abdias do Nascimento.
Esse foi o primeiro movimento a defender a criação de uma legislação antirracista e a denunciar escolas que não
aceitavam alunos negros e livros infantis e didáticos que alimentavam o preconceito racial em seus textos e imagens.
O grupo ainda teve profunda participação na elaboração de um manifesto com reivindicações dos movimentos negros
para serem incorporadas na Constituição de 1946.
AÇÕES AFIRMATIVAS
Entende-se por ações afirmativas o conjunto de medidas especiais voltadas a grupos discriminados e vitimados
pela exclusão social ocorrida no passado ou no presente. As ações afirmativas são preventivas e reparadoras no
sentido de favorecer indivíduos que historicamente são discriminados. (MEC, 2020)
A proposta acabou não recebendo o apoio dos constituintes que insistiam na defesa de que havia democracia racial no
país e esse tipo de lei provocaria divisões que, até então, segundo eles, não existiam.
Essa lei, no entanto, teve um longo caminho, vejamos mais sobre os principais marcos que contribuíram para sua
formação:
1950
I Congresso do Negro Brasileiro, ainda em 1950, promovido pelo Teatro Experimental Negro, no Rio de Janeiro. Ali se
discutiu, entre outras coisas, a possibilidade de inclusão da História da África e dos africanos, da luta dos negros no Brasil
e da sua participação na formação da sociedade e da cultura brasileiras nos programas escolares.
1961
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1961 deu um passo nesse sentido ao condenar qualquer
tratamento desigual por motivo de convicção filosófica, política ou religiosa, bem como a quaisquer preconceitos de
classe ou de raça.
1964
Com o golpe militar de 1964 e a instauração da ditadura no Brasil, o Movimento Negro teve perdas em suas ações devido
às constantes perseguições aos seus membros.
1970
Somente nos anos de 1970 o movimento negro conseguiu se rearticular, muito influenciado pelas conquistas então
obtidas pelo movimento negro nos Estados Unidos e na luta de Rosa Parks, Martin Luther King, Malcom X e os Panteras
Negras pelos direitos civis. Os anos 1970 também foram os mais duros no enfrentamento da ditadura no Brasil, quando
os militares chegaram a infiltrar pessoas dentro do recém-criado MNU (Movimento Negro Unificado) para espionar as
ações. Nesse período, os militares usaram o mito da democracia racial como política de Estado e o ato de questionar o
racismo no país era visto como subversivo.
1980
Quando começaram as manifestações em torno da redemocratização, no início dos anos 1980, as manifestações
antirracistas se confundiam com o movimento Diretas Já, apontando que a democracia só poderia vigorar com a inclusão
dos negros de fato na sociedade.
1986
Na convenção nacional O negro e a Constituinte, em 1986, foi aprovada a proposta para que a Constituição Federal, em
discussão naquele momento, definisse a educação como meio de combate ao racismo e à discriminação, bem como
tornasse obrigatório o ensino de história das populações negras no Brasil.
MANIFESTAÇÕES
Porém, a Constituição Cidadã, aprovada em 1988, implementou algumas reivindicações do Movimento Negro:
1. Reconheceu a Educação de Jovens e Adultos como direito para quem não teve acesso à escolarização;
2. Classificou o racismo como crime inafiançável e imprescritível (posteriormente, a lei 7716/1989 definiu os crimes
resultantes de preconceito de raça ou de cor);
3. Reconheceu a diversidade da composição da população brasileira, indicando a necessidade de que o currículo escolar
contemplasse tal discussão;
4. Legalizou o direito de posse da terra às comunidades quilombolas e definiu a criação da Fundação Cultural Palmares.
Mesmo com os avanços e o respaldo constitucional, na prática, as mudanças na política educacional da década de 1990
foram pequenas. A lei 9.394/96 das Diretrizes e Bases da Educação Nacional, não incorporou nenhum tratamento
específico à questão racial nas escolas.
No mesmo período, o Movimento Negro pautava suas lutas em torno do acesso do negro ao Ensino Superior,
estimulando a criação de cursos pré-vestibulares para esse público.
LEI DE COTAS
Outra frente encampada pelo movimento, ainda no final dos anos 1990, foi a luta pelas cotas no Ensino Superior.
IMPORTANTE
A Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), durante a reitoria de Nilcea Freire, foi a primeira universidade do
país a criar um sistema de cotas em vestibulares por meio de uma lei estadual que estabelecia 50% das vagas do
processo seletivo para alunos egressos de escolas públicas cariocas, mas foi a Universidade de Brasília (UnB) a pioneira
em criar e implantar uma política de ações afirmativas para negros em seu vestibular de 2004.
NILCEA FREIRE
(Fonte: Wikipedia)
As ações que eram tomadas de forma individualizada pelas universidades federais e estaduais fortaleceram-se com a lei
12.711/2012, conhecida como Lei de Cotas, a qual destina metade das vagas das universidades, institutos e centros
federais de educação para estudantes oriundos de escolas públicas.
Sem a possibilidade de as instituições públicas absorverem a totalidade da secular demanda da população negra por
ensino superior, foi criado um mecanismo de concessão de bolsas de estudo para afrodescendentes em faculdades
privadas: o PROUNI. A distribuição das vagas, tanto no sistema de cotas quanto no de bolsas, leva em conta critérios
raciais e sociais.
A APROVAÇÃO DAS COTAS RACIAIS NÃO OCORREU
SEM POLÊMICA. A AÇÃO FOI JUDICIALIZADA
DIVERSAS VEZES POR GRUPOS POLÍTICOS E
ENTIDADES QUE QUESTIONAVAM A VALIDADE E A
NECESSIDADE DA INICIATIVA, COM ARGUMENTOS
QUE RETOMAVAM PREMISSAS DO MITO DA
DEMOCRACIA RACIAL.
O estatuto abarca os diversos setores da sociedade e instrui procedimentos para atuar na diminuição das desigualdades
e na adoção de políticas afirmativas para a população negra.
Atualmente, tem sido rotineiro o recurso, por parte da Justiça, ao Capítulo III do Estatuto, que versa sobre o direito à
liberdade de consciência e de crença e ao livre exercício dos cultos religiosos.
O racismo mal resolvido no país tem se manifestado em crimes de diversas formas contra participantes, religiosos ou
locais de culto de religiões de matriz africana.
No campo simbólico, é preciso destacar a Marcha Zumbi contra o Racismo, pela Cidadania e a Vida, em 1995, marco do
tricentenário da morte de Zumbi dos Palmares. A marcha, devido à sua repercussão pública, foi uma das primeiras
estratégias dos movimentos negros para deslocar o foco das atenções da data da Abolição da Escravatura, 13 de maio,
para o dia 20 de novembro, em razão do Dia Nacional da Consciência Negra.
(Fonte: Rodrigo S Coelho / Shutterstock)
Sob inspiração dos debates sobre reparação que ocorrem nos Estados Unidos desde o fim da segregação racial, alguns
membros dos movimentos negros, na década de 1990, discutiram a viabilidade de propor ações reparatórias de cunho
financeiro para a população negra.
Outros, porém, foram contrários a essa pauta, alegando que o pagamento monetário provocaria um posterior
silenciamento e esquecimento sobre a escravidão e suas consequências, além de que, ao contrário dos Estados Unidos
que adotam a política de One-drop rule, no Brasil haveria uma enorme dificuldade em estabelecer os critérios de
identificação de cor, devido às múltiplas formas com que as pessoas negras se reconhecem.
ONE-DROP RULE
O modelo americano é com base no fenótipo, uma gota de sangue negro garante os direitos de cota.
IMPORTANTE
Ao final, prevaleceram como estratégia as reivindicações de medidas reparatórias de caráter social e educacional, na
forma de ações afirmativas.
RESUMINDO
A trajetória nos mostrou que a atuação dos movimentos negros foi fundamental para a construção e implementação de
políticas de ações afirmativas no Brasil, especialmente no campo educacional.
Vimos, também, que o foco na educação não foi por acaso, mas historicamente sempre foi visto pelos movimentos
negros como o principal mecanismo que poderia favorecer a diminuição das desigualdades econômicas e sociais entre
brancos e negros no Brasil.
REFLEXÃO
Você, estudante que está acompanhando este tema, pode estar pensando:
Caro, conforme anunciado no início do módulo, a proposta é que você possa definir o caráter histórico. Neste sentido,
conforme aprendemos com a História, seu discurso não é uma verdade, mas uma análise, a escolha de documentações,
a investigação de um determinado ponto de vista.
A História do Brasil Republicano foi vista e revista diversas vezes, trata-se do discurso político, do conhecimento de
dinâmicas gerais. A definição que pretendemos, que escolhemos, não é essa. Definimos aqui investigar e entender a
construção histórica do discurso do movimento negro ao longo dos séculos XX e XXI no que tange à educação.
Que discurso é esse, que movimentos homens e mulheres negras organizaram e defenderam no Brasil pós-abolição? A
proposta é conhecermos os fundamentos de suas lutas e as ações tomadas ao longo destes últimos 150 anos.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) O primeiro documento a tratar sobre propostas de ações afirmativas como compensação das desigualdades foi a
Constituição de 1946.
B) Getúlio Vargas, conhecido também como o pai dos pobres, foi o responsável em atender boa parte das reivindicações
do Movimento Negro.
C) Foi a Constituição de 1988 que classificou o racismo como crime inafiançável e imprescritível.
D) O texto da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9.394/96, quando aprovado em 1996, deixou de fora a
abordagem sobre a questão racial nas escolas, não fazendo nenhuma menção a ela em seu texto.
A) Tratava-se de um grupo com perfil heterogêneo que se organizou em um período relativamente recente, a partir da
Marcha Zumbi contra o Racismo, na década de 1980, atuando na defesa da população negra e da inserção de suas
reivindicações na Constituição de 1988.
B) Possui raízes históricas que remontam ao período do Brasil Colonial, em associações de trabalhadores e irmandades
religiosas que, além de promover cultos religiosos e atividades de lazer, atuavam em questões concretas, como no
amparo à saúde dos seus membros e na luta pelo acesso à educação pública.
C) Foi perseguido e teve atividades suspensas durante o período da ditadura Vargas e da Ditadura Militar a partir de
1964, só conseguindo se reorganizar em finais dos anos 1970.
D) Teve participação atuante na elaboração da Constituição de 1988 e foi um dos principais articuladores para a
implantação da lei 10.639/03 e do Estatuto da Igualdade Racial.
GABARITO
A política de Vargas ‒ apresentada em 1930 como revolucionária‒ tornou-se fortemente conservadora a partir de 1937,
em especial quando o decreto de dezembro daquele ano acabou proibindo as atividades de grupos que ameaçassem o
regime, o que foi avassalador para o Movimento Negro.
2. Conforme visto, o Movimento Negro foi o grande articulador das propostas educacionais que visavam
combater as desigualdades raciais a partir da inclusão de temas como preconceito racial, racismo ou conteúdos
de História da África e dos afrodescendentes dentro da escola e, ao mesmo tempo, possibilitar o acesso dos
negros à educação formal, especialmente o Ensino Superior, de maneira que as desigualdades econômicas e
sociais entre brancos e negros também pudessem ser combatidas. Nesse sentido, sobre o Movimento Negro,
marque a alternativa que não corresponde ao seu histórico:
A organização dos homens negros era anterior à República, quiçá à própria Abolição. Com a República, esses grupos
fizeram-se presentes em associações que eram conhecidas como associações de homens de cor. Marginalizadas,
defendiam e brigavam para a aproximação dos estatutos de igualdade dos sujeitos no Brasil.
Neste vídeo você conhecerá um pouco da história de homens e mulheres negros, mostrando suas lutas, dificuldades
enfrentadas por conta da cor de sua pele e o processo de superação.
Mas, será que a única definição do sujeito e as manifestações da exclusão na escola se dão somente pela percepção de
sua etnia? Claro que não.
NA ESCOLA, A DIFÍCIL QUESTÃO ÉTNICA VEM
ACOMPANHADA DAS QUESTÕES DE GÊNERO ‒ A
VIOLÊNCIA RACISTA É DIFERENTE NO QUE SE
REFERE A HOMENS E MULHERES ‒ E QUESTÕES
ECONÔMICAS.
Neste caldeirão é que identificaremos os locais e as vertentes desses debates, assim como, principalmente, tentaremos
entender a escola em meio a uma sociedade marcada por conflitos.
(Fonte: IBGE)
IBGE, 2018.
O gráfico aponta para uma evidente desigualdade entre pessoas brancas e negras (pretos e pardos) que se faz
materializar pelos dados referentes ao analfabetismo no Brasil atual.
CENSO DE 1872
Tal situação não é nova. O Censo de 1872 foi o primeiro a ser realizado nacionalmente, um ano após a Lei do Ventre
Livre, mas ainda em plena vigência da escravidão, e mostra uma sociedade com o marcador racial evidenciado nas
desigualdades educacionais em que o analfabetismo era a regra.
O Brasil tinha 81,43% da sua população livre (brancos e pessoas de cor) analfabeta. Em relação à população escrava, a
exclusão era ainda maior, uma vez que a condição de escravo praticamente o impedia de ter acesso à escolarização:
apenas 1.403 escravos sabiam ler e escrever, em todo o Brasil, sendo:
Num recorte específico para a Bahia, os números não se alteravam tanto em relação ao cenário nacional: no censo de
1872, 79,44% da população livre era analfabeta. Excluindo os menores de 5 anos, o analfabetismo alcança 75,88%, ou
seja, de cada dez pessoas, só duas sabiam ler e escrever.
Nesse conjunto, pretos e pardos constituíam apenas 8,06%. Já os dados de 1890, dois anos após a Abolição e com a
República recém-implantada, mostram que pretos e pardos na Bahia estavam alfabetizados em um percentual
aproximado de 14,8%, e em 1940, o grupo alcançou 20,6%, ou seja, em 50 anos de implantação da República o número
de alfabetizados entre pretos e pardos cresceu apenas 5%.
(Fonte: Katarinanh / Shutterstock)
O primeiro é que raça é um marcador importante para se entender o passado e o presente do Brasil.
O segundo, mostra que não dá para refletir sobre educação sem considerar as desigualdades sociais e raciais.
Antes de avançar, vejamos os principais conceitos que ajudam a interpretar as relações étnico-raciais no Brasil:
RAÇA
RAÇA
Diversos intelectuais e militantes dos movimentos negros, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, são contrários ao
uso do termo raça. Defendem que, além de não haver raças biológicas, o termo raça reifica uma categoria política
abusiva.
REIFICA
Outros tantos pesquisadores, porém, continuam utilizando o termo raça como uma categoria social. Isso se deve a alguns
fatores:
1. A existência de grupos que se identificam e são identificados a partir de marcadores derivados da ideia de raça;
2. A sociedade brasileira ainda possui hierarquias e desigualdades que correspondem a esses marcadores.
INTERSECCIONALIDADE
Nesse contexto, as desigualdades apresentam um peso extremamente relevante quando se inclui a questão de gênero
na análise. Conquanto a questão da emancipação feminina esteja em pauta, ela se torna mais viável de ser alcançada
por mulheres brancas e de classe média e alta do que por mulheres pobres, geralmente negras.
Dessa forma, raça, classe e gênero se sobrepõem numa miríade de situações que implicam de forma concreta a vida
dessas pessoas. A escola faz parte dessa vida concreta e é impactada pelas questões apontadas.
RACISMO
A ideia de que a sociedade brasileira era formada por indivíduos multiétnicos em que não haveria conflitos derivados da
cor das pessoas, as quais viviam numa espécie de paraíso racial nos trópicos, foi a base do mito da democracia racial. O
próprio Gilberto Freyre não conseguiu interpretar a sociedade de sua época e perceber que as múltiplas formas da
população negra se identificar ou ser identificada as aproximava ou distanciava do mundo da escravidão e de suas
consequências.
EXEMPLO
As sutilezas da língua portuguesa, ainda hoje, são exploradas no processo formal ou informal de autoidentificação racial,
muitas vezes incluindo o sufixo inho ‒ moreninho, por exemplo, para se referir a alguém da cor preta ‒, ou, como
identificou o pesquisador Livio Sansone (2003), utilizando-se de uma das mais de trinta formas do negro ser identificado
ou se referir à própria cor, eram tentativas de branqueamento para driblar as manifestações concretas do racismo no dia
a dia das pessoas. Assim, o uso de identificadores de cor, como cabo-verde, sarará, mulato, pretinho etc., a depender da
situação, pode tanto disfarçar um racismo quanto ser a tentativa de se encaixar aos padrões de uma sociedade que
enaltece a branquitude como valor e referência.
RACISMO INDIVIDUAL
RACISMO INSTITUCIONAL
RACISMO ESTRUTURAL
É parte da sociedade e está presente nos variados espaços em que naturaliza, deslegitima ou banaliza as desigualdades
de cunho racial.
O racismo é a manifestação do ódio para com o outro. Um ódio que pode ser mais ou menos disfarçado.
O racismo, enfim, por ter diversas faces e, muitas vezes, ser disfarçado, quase imperceptível, mina todo o tecido social e
se encarna nos diversos espaços. A escola, como parte desse conjunto, não está imune a ele. É o que discutiremos a
seguir.
Veja a seguir, este vídeo que aborda uma situação do cotidiano escolar, na qual o racismo e o preconceito surgem
disfarçados de piada e humor.
ATENÇÃO
Conforme dados recentemente divulgados pelo UNICEF, de cada mil adolescentes brasileiros, quatro vão ser
assassinados antes de completar 19 anos. Se nada for feito, serão 43 mil brasileiros entre os 12 e os 18 anos mortos de
2015 a 2021, três vezes mais negros do que brancos. Entre os jovens, de 15 a 29, nos próximos 23 minutos, uma vida
negra será perdida.
Esses dados revelam como o racismo está presente na
sociedade e como a população negra está mais exposta à
violência. Quando tratada pela grande mídia e pelos
governos, na maioria das vezes, esconde-se o perfil racial
das vítimas de violência, igualando todos sob números que
são representados na expressão abstrata de violência
urbana.
Intelectuais e ativistas norte-americanos têm discutido isso (Fonte: Rommel Canlas / Shutterstock)
já há algum tempo, porém, mais recentemente é que tem
ganhado espaço nos debates políticos e jurídicos no Brasil,
especialmente quando dados do sistema carcerário nacional
vêm à tona.
FILTRAGEM RACIAL
Homens jovens afrodescendentes correm maiores riscos de serem apreendidos na rua por ocasião da filtragem racial, ou
seja, a prática da abordagem de pessoas tidas como suspeitas usando o critério racial.
Os índices apontam que a violência policial e as mortes são alarmantemente mais altas quando homens negros se
encontram com agentes de polícia, levando-os à detenção, encarceramento e sujeitos a penas maiores com mais
frequência, incluindo prisão perpétua e pena de morte nos locais onde são adotadas.
Embora os negros e negras sejam 54% da população brasileira, são 64% das pessoas privadas de liberdade. Os brancos
e brancas, sendo 46% da população total, são 35% das pessoas no sistema carcerário.
O perfil racial dos privados de liberdade é uma
consequência da filtragem racial, que implica na abordagem,
investigação e indiciamento de mais pessoas negras que
brancas proporcionalmente, ou seja, o negro, pela sua cor,
já passa por um processo seletivo da boa aparência durante
as abordagens policiais. Mas não só: essas abordagens
normalmente são direcionadas para os bairros periféricos,
onde a maioria dos moradores são negros, ou em atividades
em que predominem esse público, como bailes funks, festas
de hip-hop ou pagode, as boates e bares dos subúrbios.
IMPORTANTE
Os dados do IBGE para o ano de 2019 apontam que a população negra superou o número de pessoas brancas nas
universidades públicas, alcançando 50,3%. No entanto, a taxa de jovens negros entre 18 e 24 anos cursando o ensino
superior é de 56%, enquanto a de brancos é de 79%.
A violência que afeta de forma majoritária a população negra tem impactos negativos na educação desse público de
diversas formas, algumas delas invisibilizadas, por exemplo, o aluno negro que mora na periferia e precisa estudar à noite
nem sempre consegue manter uma frequência na escola ou, mesmo, condições de se matricular.
Muitas vezes, ele teme ser confundido com um bandido e teme pela sua segurança na volta para casa. Outras tantas
vezes, suas condições econômicas são empecilhos, pois o custo do transporte e o material escolar ultrapassam o
parco orçamento. As condições de trabalho sugam suas energias e ele dispõe de pouco tempo livre.
PARCO
Não é possível desconsiderar os problemas estruturais de se ter escola funcionando nas proximidades de casa ou que
haja transporte público com regularidade e segurança. Esse conjunto de dificuldades no acesso e na permanência na
escola ou universidade se agrava quando se considera a questão de gênero, na qual a mulher, muitas vezes, exerce o
papel de dona de casa e mãe, mesmo trabalhando fora.
Entre os 10% da população com os maiores rendimentos, apenas 27,7% eram negros ou pardos. Por outro lado, os
negros ou pardos representavam 75,2% do grupo formado pelos 10% da população com os menores rendimentos. O
rendimento médio domiciliar per capita da população branca (R$1.846) era quase duas vezes maior do que o da
população negra ou parda (R$934).
ATENÇÃO
O IBGE ainda mostra que, enquanto 15,4% dos brancos do país estão na faixa da pobreza, 32,9% dos negros compõem
a parcela de brasileiros que vivem com o equivalente a US$5,50 por dia. Na linha da extrema pobreza, com rendimento
de até US$1,90 por dia, estão 3,6% dos brancos e 8,8% dos negros e pardos.
Por fim, vale lembrar o que o importante sociólogo Florestan Fernandes (1978), disse sobre a soma dessas
desigualdades que afetam primordialmente a população negra:
HÁ UM GENOCÍDIO INSTITUCIONALIZADO, SISTEMÁTICO,
EMBORA SILENCIOSO. AÍ NÃO ENTRA NEM UMA FIGURA DE
RETÓRICA NEM UM JOGO POLÍTICO. (...) A ABOLIÇÃO, POR
SI MESMA, NÃO PÔS FIM, MAS AGRAVOU O GENOCÍDIO; ELA
PRÓPRIA AGRAVOU O GENOCÍDIO; ELA PRÓPRIA
INTENSIFICOU-O NAS ÁREAS DE VITALIDADE ECONÔMICA,
ONDE A MÃO DE OBRA ESCRAVA AINDA POSSUÍA
UTILIDADE. E, POSTERIORMENTE, O NEGRO FOI
CONDENADO À PERIFERIA DA SOCIEDADE DE CLASSES,
COMO SE NÃO PERTENCESSE À ORDEM LEGAL. O QUE O
EXPÔS A UM EXTERMÍNIO MORAL E CULTURAL, QUE TEVE
SEQUELAS ECONÔMICAS E DEMOGRÁFICAS.
(FERNANDES, 1978)
Uma pesquisa apontou que crianças negras de 4 a 6 anos, na etapa da Educação Infantil, portanto, já apresentam na
escola uma identidade negativa sobre si mesmas, enquanto que na mesma pesquisa foi observado que crianças brancas,
na mesma idade, manifestaram um sentimento de superioridade e, não raro, posturas preconceituosas.
Sem a intervenção dos professores, as atitudes preconceituosas entre crianças nessa idade acabavam sendo recorrentes
nas escolas pesquisadas (CAVALLEIRO, 2000).
Para além das práticas educativas ou da ação direta de professores, crianças brancas e negras trazem para a escola um
amplo repertório de comportamentos e experiências de vida do lugar em que moram e da relação que possuem com sua
família.
Crianças negras, pobres e periféricas tendem a se ver com um olhar negativo, diante da experiência de vida dos seus
colegas de classe brancos e de classes mais privilegiadas. É o sentimento de inferiorização pelo tipo de roupa que
vestem, pela merenda e material escolar que carregam e pelo relato de suas vivências cotidianas.
A DIFERENÇA E O DIFERENTE, QUANDO NÃO
RECEBEM O DEVIDO TRATAMENTO PEDAGÓGICO,
DEIXAM DE SER VISTOS COMO VALORES E PASSAM A
SER ENCARADOS COM ESTRANHAMENTO,
PRODUZINDO DISTANCIAMENTO E, MUITAS VEZES,
EXCLUSÃO.
Da mesma forma, há um forte impacto das condições de trabalho dos pais em relação à afetividade das crianças.
Crianças cujos pais possuem um regime de trabalho precário e que ocupa longas horas do dia tendem a internalizar mais
o sentimento de inferioridade. Considerando que no Brasil a grande massa de trabalhadores precarizados são negros, é
possível somar mais esse item na lista de condições externas que produzem a inferiorização dessa população a partir da
autoimagem.
Embora as questões raciais apareçam muito cedo nas escolas, há uma dificuldade desse tema receber o devido
tratamento. Muitas vezes, limita-se à abordagem da cultura e da religiosidade negras em datas específicas que, não raro,
descambam para a folclorização, incrementando o preconceito.
ATENÇÃO
Há uma tendência em encarar o comportamento discriminatório ou mesmo racista da criança como bullying ou, tão grave
quanto, desvalorizar as dificuldades de autoaceitação, empoderamento e construção da autoestima da criança negra.
Com mais de quinze anos, a lei 10.639/03, tem alcançado poucos avanços.
Outro elemento didático que cria estereótipos e ainda contribui para o estabelecimento de atitudes racistas é o livro
didático. Durante muito tempo, a população negra foi representada nos livros didáticos e paradidáticos de forma
estereotipada (o exotismo das danças e comidas típicas; os músculos do capoeirista; a sensualidade da sambista; a
preguiça do trabalhador, entre tantos outros exemplos encontrados nas representações do negro em músicas, imagens e
na literatura) e, muitas vezes, inferiorizada.
EXEMPLO
Nos livros de História, por exemplo, resumia-se a presença do negro na escravidão, estigmatizando a sua história a um
contexto de violência e humilhação, no qual muitas crianças e jovens periféricos convivem diariamente e que não lhes
serve de referência numa perspectiva de alternativa de vida.
Conforme Silva (2005), os estereótipos não só afetam a autoestima como produzem preconceitos. A deficiência do
material didático pode fazer do professor um reprodutor inconsciente de estereótipos. Os movimentos negros, como
vimos, principalmente a partir dos anos 1980, reivindicaram mudanças que, mesmo com a lei 10.639/03, ainda são
insuficientes.
A formação de estereótipos e, consequentemente, a discriminação, materializada na piada, nos risos e apelidos, muitas
vezes se dá a partir das melhores intenções da escola, porém sem uma reflexão e um entendimento mais profundo das
questões raciais.
Aliás, há uma negação, em muitos estabelecimentos educacionais, da existência de racismo em seus espaços. Quando
muito, tratam casos desse tipo como brincadeira de mau gosto ou, mais na moda, bullying.
Os limitados investimentos na educação, bem como o desigual acesso à estrutura de oportunidades, mantêm essa
desigualdade. Nos últimos vinte anos se ampliaram as discussões em torno da construção e implantação de políticas
sociais para, ao menos, mitigar as diferenças no país. Foi nesse contexto que as políticas afirmativas ganharam corpo,
agregando vozes vindas de diversos segmentos sociais, da militância à academia, e se consolidaram no país.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. MUITAS VEZES OUVIMOS EXPRESSÕES COMO, “RAÇA NÃO EXISTE” OU “SÓ EXISTE A
RAÇA HUMANA”. NO SENSO COMUM, A DISCRIMINAÇÃO RACIAL É INTERPRETADA MAIS
COMO UMA DISCRIMINAÇÃO DE CLASSE DO QUE DE COR. A PARTIR DOS ESTUDOS
REALIZADOS NESTE MÓDULO, MARQUE A ALTERNATIVA CORRETA:
A) A escola tende a ter menos conflitos claros, uma vez que os alunos pertencem a uma mesma classe social, assim,
formas como: cabo-verde, sarará, mulato, pretinho, mostram uma naturalização da relação de pares.
B) Na escola, é recorrente o uso de que os chamamentos racistas não são realmente importantes. Alunos argumentam
que são amigos e que aquilo é uma forma de brincadeira. O humor para hostilizar as pessoas devido à cor da pele, tipo
de cabelo, condição econômica etc., é visto como um ato desimportante, mas deve ser entendido como uma forma de
violência e receber a intervenção da escola.
C) A escola brasileira convivia com uma realidade de comunidade imaginada, como se, apesar de estar no Brasil, não se
metia com as relações do Brasil. Tudo mudou com o estabelecimento da lei 10.639/03: houve uma ampla mudança nos
materiais didáticos e nas práticas dos professores em sala de aula, impedindo que casos de racismo ocorram na escola e
aumentando a permanência dos alunos negros.
D) Os dados levantados em pesquisa pelo IBGE mostram a eficácia das diversas políticas afirmativas no Brasil, como a
Lei de Cotas, por exemplo. Atualmente, a população negra (negros e pardos) corresponde à maioria dos matriculados
nas universidades, o que tem levado à equiparação do salário desse grupo com o dos brancos, vencendo o problema
histórico de nossa desigualdade social.
2. OS ESTUDOS MAIS RECENTES, COMO VISTO NESTE MÓDULO, TÊM MOSTRADO QUE NÃO
É POSSÍVEL ENTENDER AS DESIGUALDADES NO BRASIL SEM CONSIDERAR AS QUESTÕES
RACIAIS E DE GÊNERO QUE SE INTERCRUZAM. O CONTEXTO EDUCACIONAL, PORTANTO,
TAMBÉM NÃO PODE EXCLUIR ESSA CONJUNTURA DE SUAS ANÁLISES. NESSE SENTIDO,
DE ACORDO COM O QUE FOI ESTUDADO, MARQUE A ALTERNATIVA MAIS ADEQUADA.
A) Estudos históricos demonstram que as crianças, ao perceberem nos brinquedos, nas lojas e nos meios de
comunicação que o belo é o que eles não são, acabam crescendo com um olhar que nega a si, seja o seu cabelo, sejam
os seus traços.
B) Meninas e meninos negros enfrentam os mesmos problemas de desigualdade racial e os mesmos obstáculos no
processo de escolarização e no mercado de trabalho.
C) A política de filtragem racial é uma prática análoga para brancos e negros no processo de seleção para as vagas de
trabalho, considerando a aparência física de cada um.
D) Nas escolas, a partir da lei 10639/03, os estudos sobre a escravidão negra no Brasil passaram a ser vistos por
crianças e adolescentes negros como referência para suas vidas.
GABARITO
1. Muitas vezes ouvimos expressões como, “Raça não existe” ou “Só existe a raça humana”. No senso comum, a
discriminação racial é interpretada mais como uma discriminação de classe do que de cor. A partir dos estudos
realizados neste módulo, marque a alternativa correta:
Seria muito bom que a desigualdade social tivesse sido vencida. Todas as medidas apresentadas, como o ensino de
História da África, política de cotas e defesa de que os termos foram ressignificados para formas de carinho e não de
exclusão foram e continuam sendo válidas, mas nenhuma delas pode vencer a estrutura histórica da desigualdade de um
momento para o outro. As raízes são mais profundas e a escola as reproduz. Ela não pode fugir da realidade social e, por
isso, deve propor enfrentamentos a esses problemas.
2. Os estudos mais recentes, como visto neste módulo, têm mostrado que não é possível entender as
desigualdades no Brasil sem considerar as questões raciais e de gênero que se intercruzam. O contexto
educacional, portanto, também não pode excluir essa conjuntura de suas análises. Nesse sentido, de acordo com
o que foi estudado, marque a alternativa mais adequada.
A perspectiva da representatividade tem sido debatida como uma forma de romper a reafirmação da desigualdade racial.
A cada momento em que o sujeito se vê presente, se vê capaz, se sente parte do tecido social, mais facilmente podemos
estabelecer a trajetória histórica da exclusão.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A escravização, a exploração dos sujeitos, as violências associadas ao racismo e os processos de exclusão têm marcas
profundas em nossa história. A maior parte da população brasileira é negra ou descendente, mas sua história, seu
posicionamento nas escolas, seus papéis sociais ainda são vistos como se estivéssemos nos referindo a uma minoria.
Negros não são uma minoria, são uma população historicamente excluída, sem direito à educação ou à sua escola.
Qual é o primeiro passo para ajudar na mudança desse cenário? Saber como aconteceu, e isso você aprendeu no
primeiro módulo. Depois, permitir que sua voz possa ser ouvida, ela existe, só não aprendemos a ouvi-la e, no segundo
módulo, nós tivemos a experiência de conhecer suas lutas e perspectivas. Por fim, ver que esse problema não foi
superado, está vivo, presente, e se quisermos uma solução, precisamos tratar disso, e foi o que fizemos no terceiro
módulo.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
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CONTEUDISTA
CURRÍCULO LATTES