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HISTÓRIA E MEMÓRIA
História e Memória
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Olá!
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
Embora esta aula vá trabalhar mais com a memória coletiva do que com a memória individual, é de fundamental
Segundo Myers, a memória funciona como uma espécie de arquivo da mente, onde as informações e tudo o que
Sem a memória não seríamos capazes de recordar nossas alegrias ou tristezas, de desenvolver sentimento de
culpa ou angústia. E até mesmo nossas atividades cotidianas como vestir, cozinhar, andar e etc., seriam
Além de arquivar as informações, a memória também é entendida, dentro da psicologia, como o sinal pelo qual
percebemos que aprendemos algo, a nossa capacidade de recuperar as informações, ou seja, a persistência da
aprendizagem.
A nossa memória funciona como um sistema de computador. Para atingirmos a fase de recuperação de uma
memória, precisamos “dar entrada” na informação, depois conservá-la para então recuperá-la.
Somos capazes de arquivar memórias de longo e curto prazo, e depois de um tempo de inatividade, as memórias
“não consultadas” são eliminadas. Para que se mantenham ativas, é necessário que elas sejam utilizadas ou
reconstruídas.
As atividades mais básicas e cotidianas, como o caminho que você utiliza para ir ao trabalho, são processadas de
Constantemente somos capazes de recordar a página de um livro do qual esquecemos a matéria principal.
Esse tipo de processamento ocorre com pouco ou nenhum esforço e é algo que escapa à nossa percepção.
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Ou seja, novas ideias, nomes, atividades recentes, inclusive a maior parte do processamento de significado,
Para esse tipo de memória fixar em nossa mente é comum recorrermos ao ensaio, onde ficamos repetindo a
O ensaio (quando repetimos as informações até que seja lembrada automaticamente) pode ocorrer a curto prazo
ou a longo prazo, quando, por exemplo, estamos em um novo ambiente de trabalho e precisamos decorar o nome
Em um estudo realizado por Elizabeth Loftus e John Palmer, ficou determinado como testemunhas oculares
Foi apresentado um vídeo de um acidente de trânsito seguido de uma pergunta sobre o acidente.
O grupo teve de responder à pergunta “Com que velocidade iam os carros quando se arrebentaram um contra o
outro?”. As respostas a esta pergunta apresentaram estimativas de velocidade bem maiores que as respostas à
Além disso, uma semana depois foi perguntado aos espectadores se haviam visto vidro quebrado no filme. E
embora o vídeo não mostrasse vidro quebrado, os que responderam à pergunta com arrebentar mostraram mais
O autor Le Goff trabalha com a ideia de memória social, seu estudo é um dos meios para abordar questões do
tempo e da história, mesmo porque a memória ora está em retraimento e ora em transbordamento.
GOFF, Jacques Le. História e memória. Campinas: Ed. Da Unicamp, 1994. P. 426.
A origem de várias ideias, reflexões, sentimentos, paixões que atribuímos a nós são, na verdade, inspiradas pelo
grupo.
A questão central na obra de Halbwachs consiste na afirmação de que a memória individual existe sempre a
partir de uma memória coletiva, posto que todas as lembranças são constituídas no interior de um grupo.
A origem de várias ideias, reflexões, sentimentos, paixões que atribuímos a nós são, na verdade, inspiradas pelo
grupo.
Essa análise tem sempre que levar em consideração o lugar que o sujeito ocupa no grupo e, portanto, refere-se a
Ou seja, o indivíduo pode criar representações do passado assentadas na percepção de outras pessoas, no que
imaginamos ter acontecido ou pela internalização de representações de uma memória histórica. Assim, a
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Em Halbwachs, a memória histórica é compreendida como a sucessão de acontecimentos marcantes na história
de um país. A memória coletiva é pautada na continuidade e deve ser vista sempre no plural (memórias
coletivas), justamente porque a memória de um indivíduo ou de um país estão na base da formulação de uma
Os escritos de Halbwachs foram de extrema importância na década de 1920 e, para dialogar mais
profundamente com ele, o historiador Pierre Nora escreveu em 1984 a obra Entre memória e História.
Na obra Entre memória e História Pierre Nora desenvolve a problemática dos lugares: a afirmativa de que não
existe mais memória, que esta só é revivida e ritualizada numa tentativa de identificação por parte dos
indivíduos e que a sociedade utiliza-se hoje da história para lhe conferir lugares onde pode pensar que não
somos feitos de esquecimentos, mas, de lembranças: "Os lugares de memória são, antes de tudo, restos. A forma
extrema onde subsiste uma consciência comemorativa numa história que a chama, porque ela a ignora".
Para Pierre Nora, a memória se enraíza no espaço, no gesto, na imagem e no objeto. A história só se liga a
Para Michael Pollak, as memórias marginalizadas abriram novas possibilidades no terreno fértil da História Oral.
Não se trata de historicizar memórias que já deixaram de existir, e sim, trazer à superfície memórias “que
prosseguem seu trabalho de subversão no silêncio e de maneira quase imperceptível” e que “afloram em
POLLAK, Michael. Memória, Esquecimento, Silêncio. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, vol.2, nº 3, 1989.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• entendeu como funciona a memória;
• aprofundou as relações entre História e memória;
• compreendeu o conceito de memória coletiva.
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