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Politicas de memória

ESTUDOS DIVERSIFICADOS I
Docente: Martin Jayo

Guilherme Arnaud Dias


N°USP: 13721113
Aula 1 - Conceitos
básicos de memória

Durante essa primeira discussão, nós fomos questionados acerca do nosso próprio
conceito de "memória" que foi construído durante nossa vida até o presente,
obtendo durante a aula diversas respostas e reflexões. Alguns expuseram que
memória possui relação direta com o coletivo e lembrança de um povo, mesmo que
não seja positiva (como a memória relacionada ao período escravista no Brasil).
Outros relataram que a construção da memória também se dá no presente com fatos
marcantes que irão ser lembrados futuramente, como a pandemia da COVID-19.
Há diversas ferramentas de construção da memória, visto que muitas vezes a
história é contada com distorções de forma proposital. As diferentes maneiras de
retratar o passado envolvem disputas políticas, afetivas e até mesmo de poder e
controle, sendo fundamental entendermos o porquê crescemos memorando o que
memoramos atualmente e quem são os formadores da memória. É importante
destacar a diferença entre a memória individual e memória coletiva, bem como o
entendimento de que a individual é dependente da coletiva, já que não há como
termos memórias "só nossas" sem influência da que somos habituados
coletivamente.
Nossos costumes e cultura influenciam a memória e há sempre versões diferentes
do mesmo fato de acordo com o contador. Os suportes de memória são ferramentas
fixas ou comunicativas como fotos, arquivos de museus, falas repassadas de
geração em geração e outras formas de "lembranças físicas" que mantém o
sentimento afetivo do que temos como memória. Ademais, a memória não é o
passado, é uma versão construída hoje sobre o passado, sendo a verdade relativa.
Ainda nesse sentido, é válido o debate de que a memória contribui para manutenção
e estruturação dos privilégios, já que estereótipos e justificativas para discrepâncias
e desigualdades são criadas ao longo do tempo, sendo a memória essencial na luta
de classes.
Por fim, é de extrema relevância o debate sobre o esquecimento e silenciamento de
diversas memórias. Como não é concebível lembrar de todas, lembranças se
sobrepõem e algumas são priorizadas em detrimento de outras e muitas vezes isso
ocorre propositalmente na sociedade. Assim, é preciso refletir e entender todas as
construções sobre o assunto.
Aula 2 - O individual e o
coletivo como dimensões
da memória
Nessa aula, discutimos acerca do texto de Baer, bem como a diferenciação entre a
memória comunicativa e cultural. O debate começou ao redor do termo “cultura da
memória” que possui relação com a nossa época e o sentimento de valorização do
passado e "agressão à memória", como exemplificado pela desfiguração dos prédios
antigos, já que estes são patrimônios históricos lembrados de geração em geração.
Também, fomos apresentados ao Halbwachs e suas ideias de que a memória é coletiva,
influenciada pelos marcos sociais (nome dado a seu livro em que ele cunha o termo
“memória coletiva” em questão).
Para Halbwachs, nós possuímos facilidade em lembrar de momentos compartilhados
com experiências trocadas que dependem sempre de com quem estamos. Para
Halbwachs não existe memória totalmente individual, o que achamos que seja “memória
individual” só detém valor e função dentro do coletivo e de um horizonte sociocultural.
Dessa forma, apesar de qualquer distância física, nosso pensamento é criado de acordo
com alguém ou “alguma coisa”, sendo a memória algo coletivo e maleável, moldado
pela cultura, afinidade e vivência das pessoas ao nosso entorno.
Apesar disso, podemos dizer que o que memoramos atualmente é composto pela
memória individual (próprias lembranças) e coletiva (lembranças e testemunhos de
outrem). Uma das consequências da memória coletiva é de que ela está em constante
reconstrução e não é fidedigna ao passado, pois diversas narrativas são contadas e
criadas de modos diferentes, mesmo que sobre o mesmo passado no presente. A
memória modifica o passado de acordo com o interesse e o contexto atual, sendo um
processo colaborativo em que há destaque e omissão dos fatos propositalmente a
depender dos benefícios que o momento presente proporcionará. Mesmo que com
contribuições sobre o assunto, Halbwachs não trata em sua obra da memória de
minorias que são silenciadas, sendo uma das críticas que foram discutidas dentro de
sala.
Ademais, fomos direcionados a pensar em memória nos conceitos de Aleida Assmann e
Jan Assmann. Elas chamam de memória comunicativa o que é coletiva para Halbwachs
e memória cultural para os ritos, tradições e o que não é passado pela fala e oralidade.
Para ambas, o suporte da memória está ligado à existência de registros e impacta
diretamente em nossas lembranças. Nas sociedades sem registro, só há memória
comunicativa, não havendo suporte. Nas sociedades com registro, há memória
comunicativa e cultural, com suportes fixos (museus, fotos, filmes...).
Por fim, é importante pensar sobre os lugares de memória, referente a Pierre Nora que
propôs tal noção. Patrimônios e edifícios tombados são lugares de memória que
funcionam como uma “prótese” para sustentar o passado e ancorar a memória, como
fosse suporte da mesma. Portanto, pode-se concluir que vivemos em uma cultura de
memória, essa pode ser uma reprodução presente do passado com influências do
contexto atual e há suportes para ela se manter. Afinal, o que eu defino ser individual,
tem influência externa? Quais são os formadores de minhas próprias memórias? São
outras reflexões que compuseram meu entendimento no assunto durante a aula.
Aula 3 - Disputas de
memória

Na aula, diversas reflexões sobre o impacto de acontecimentos recentes no


presente foram feitas, bem como o estudo de alguns fatos históricos referentes aos
conceitos elencados. De início, foi frisado a importância e como se dá a história oral
(contada por aqueles que vivenciaram experiências). Esse tipo de história rompe
com a ideia e tradição da relação entre memória e história estar presente em apenas
documentos escritos, dando visibilidade a outras versões que não estão dentro de
livros, revistas e escritas, como a troca compartilhada pela fala.
Pollak possui pesquisas acerca da AIDS, como “Os homossexuais e a AIDS:
sociologia de uma epidemia (1988)”. Há preocupação da imagem dominante de
memória relacionada aos homossexuais e a AIDS, criando o preconceito e o estigma
de que a culpabilidade da existência da doença está concentrada na comunidade
LGBTQIA+. Assim, a reflexão e a discussão sobre a memória de grupos minoritários
torna-se essencial no entendimento de diversas construções sociais, estigmas e
preconceitos existentes até os dias atuais.
O autor recolhe depoimentos de grupos minoritários (como os judeus) e cria o
trabalho “Memória, Esquecimento e Silêncio”, que explica e contextualiza a forma
com que a memória de grupos minoritários estão interligadas ao silêncio, ainda que
não estejam ao esquecimento. Além disso, para Pollak a memória coletiva é
disputada e imposta aos grupos em questão, sendo diversas lembranças e versões
do passado violentamente silenciadas e até mesmo proibidas, sendo um processo
excludente e violento. Nesse sentido, a ideia de Halbwachs que define memória
coletiva como uma grande construção colaborativa e não considera que nem todo
mundo pode colaborar (quem não está dentro dos grupos dominantes) deixa de ser
coerente em detrimento dos pontos de vista de Pollak.
Ademais, Michael utiliza três cortes específicos para estudar o caso de grupos
minoritários com maior qualidade, sendo os sobreviventes da ditadura stalinista, do
regime nazista e do recrutamento a força de alsacianos para a Segunda Guerra
Mundial. Com isso, ele define os termos “memórias proibidas" e “memórias
indizíveis”, bem como o mecanismo de silenciamento. No geral, é um tema
importante e delicado, também traz a reflexão sobre os silenciamentos atuais e todo
panorama das árduas lutas sociais. Sendo assim, fica clara a necessidade de
entendimento do assunto para construção de nosso senso crítico e visões de
mundo, vivências e ideias sobre memórias.
Aula 4 - Rua São Bento 405,
de Ugo Giorgetti
Essa aula teve como base o documentário acerca do Edifício Martinelli e sua história
para reflexão da memória. O filme ilustra a memória da cidade de São Paulo através do
prédio influenciada por traços europeus e que que possui relação com a imigração
italiana, sendo a memória ao seu redor romantizada. A história do prédio não tem muita
visibilidade no curta, porém, é mostrado o leilão e o processo de desocupação “do luxo
à decadência" do espaço. No caso de Martinelli, há muitos dados importantes que não
são registrados, como citado no documentário.
De início, percebemos a dualidade entre a visão hegemônica da classe dominante de
ultra valorização do prédio, como uma “conquista” para cidade, algo grandioso e a
marginalização e deterioração do edifício ao longo do tempo. Além disso, a presença da
memória coletiva e cultural no contexto do filme é algo nítido, já que a construção é um
suporte fixo que ancora a memória afetiva e repassada da classe dominante. Ao mesmo
tempo em que há essa afetividade, também é fruto da política de esquecimento, vide os
momentos de crises e conflitos da estrutura, inclusive, no embate com a prefeitura.
Uma das principais reflexões foi acerca da diferenciação entre os personagens
(entrevistados) que apareceram ao longo da produção. O primeiro foi Ítalo Martinelli,
sobrinho do idealizador do prédio e engenheiro do mesmo. É o único que dota de nome
dentre todos os outros que aparecem no documentário, tal “tratamento vip” nos faz
pensar que a produção foi vinculada à memória central e hegemônica, já que
propositalmente há o apagamento dos nomes de outras figuras importantes. Os
moradores são tratados de forma cômica e ridicularizada, sem que exista preocupação
por parte da equipe em pedir permissão para as filmagens e sem nenhuma cautela com
o conforto dessas pessoas, diferentemente do Ítalo que está próximo da memória
hegemônica e não sofre com esse problema.
Um dos pontos que mais me chamaram atenção foi o prédio ter sido criado a partir da
vaidade de um rico, sem que houvesse intenções de fortalecer a função social de acordo
com a necessidade da população local, o que aos poucos foi fazendo extrema diferença
até que a decadência passasse a existir. Não há forte pertencimento dos habitantes com
o Martilnelli, o que também é passível de refletirmos acerca do nosso próprio
sentimento e memória com o local em que moramos. De maneira geral, o filme foi
importante para compreendermos os conceitos de memória hegemônica, esquecimento,
pertencimento e outros de forma elucidativa através de um caso importante da cidade
de São Paulo.
Aula 5 - Uma Cidade
Sem Passado, de M.
Verhoven
Durante a aula 5, diversas reflexões acerca do filme “Uma Cidade Sem Passado” de
Sonja foram feitas. Ao longo da produção, a autora transmite ideias contra a
memória hegemônica, ilustrando-as com as consequências de sua própria jornada
Há memórias subterrâneas de sua avó, de um senhor comunista morador de um
trailer e de sua tia religiosa. Espelhado na figura desses três personagens, há
memórias subterrâneas deles e da cidade. Além disso, há uma série de memórias
ocultas ou enterradas. Sonja retorna os conceitos de Pollak de eclosão quando as
memórias subterrâneas interrompem o espaço público ou quando estas são
interrompidas, ganham visibilidade e passam a se tornar hegemônicas.
Memórias subterrâneas muitas vezes são silenciadas por algum motivo mas não
esquecidas. A autora desconecta a memória oficial de pouco a pouco, sofre
represálias, consegue desestabilizar a versão oficial da história para ganhar espaço
público. Muitos portadores de memórias que vão contra a hegemonia delas
conseguem expressar, abrem portas para que as enterradas consigam alcançar
visibilidade, sendo a memória oficial questionada. Uma das reflexões propostas em
aula é de que a autora não descobre fatos novos, mas cria condições para que eles
ganhem visibilidade e quebrem o tabu existente.
Ainda nesse dia, discutimos acerca dos 5 tipos de esquecimento de Yohan Michel:
esquecimento omissão (não há como lembrar-se de tudo, logo, é preciso do
esquecimento; esquecimento negação (involuntário, pode vir de traumas, fatos do
passado doídos que são rejeitados para que exista paz para vivência);
esquecimento manipulação (há manipulação da memória coletiva, podendo ser
através de ações estatais, como o prédio Martinelli); esquecimento controle (impede
o acesso a documentos, declara impunibilidade de crimes anteriores também);
esquecimento destruição (não há reversão, há destruição de documentos,
invisibilidade de grupos minoritários e extermínio de grupos portadores de
memória.
Aula 6 - Memória de grupos
minimizados
.Há diversas reflexões sobre as memórias marginalizadas e da
invisibilidade dos que nunca tiveram vozes dentro da lógica
hegemônica. Conceição compara a senzala com a favela, mostrando
uma grande revolução na comunidade partida de operários. O livro é
um dos exemplos de memórias subterrâneas, visto que por muitos
anos estava guardado e não foi divulgado.
A autora explica o processo de desfavelização de acordo com suas
experiências de vida, ilustrando o despejo autorizado dos moradores
da comunidade comandada pela classe alta. Maria Nova, personagem
principal, é um alter ego de Conceição que vive as mazelas das
desigualdades e injustiças a que os habitantes das favelas são
submetidos. Quando há análise das situações, há descobrimento das
diferentes injustiças e suas relações com raízes históricas, desde da
época escravagista.
Além disso, há diferenciação sobre trauma e vergonha. O livro se
fragmenta tal como as memórias. Há contato com a África ancestral, a
política de esquecimento de Pollak relacionada às ações de
apagamento do passado e também processos de resistência
subterrânea (principalmente, ao analisar a situação de muitos
africanos que perderam suas conexões com memórias subterrâneas).
Minha admiração por Conceição, suas ilustrações e toda sua
resistência aumentaram após as reflexões nessa aula.
Aula 7 - Memória e
políticas públicas

Durante a aula 7, foram discutidos os questionados levantados pela


protagonista da obra de Conceição Evaristo, a Maria. A
personagem, por sua vez, disserta sobre a divergência entre o que
lhe é apresentado em sala de aula e sobre a realização de fato. No
texto ofertado de Michel (2010), “Podemos falar de memória”,é
apresentado a concepção de que o esquecimento é um fator
determinante para o estabelecimento de memórias que serão
propagadas ou não, considerando que a memória de grupos é
construída ao longo do tempo e a partir dos interesses dominantes.
Sendo assim, o autor discorre que é perceptível a existência de
políticas que são consideradas simbólicas, afinal, colocam em
prática as ações que consolidam a memória hegemônica no
compasso da proposição de dicotomia com as memórias contra
hegemônicas, ou seja, assim como o poder público atua na
produção de monumentos, ele também pode atuar de forma a
propagar o esquecimento dessas memórias.
Portanto, Michel (2010) conceitua o esquecimento como
involuntário (quando ele não pode ser lembrado pela incapacidade
cognitiva de recordar memórias), manipulador/direcionado (quando
eleé voluntário) e destruidor (quando ele não pretende reconciliar
memórias, mas sim objetiva a construção de uma memória coletiva
baseada em interesses de grupos dominantes).
Aula 8 - Memória e espaço:
lugares de memória
O texto escrito nos anos 1980 na França descreve um período
de aceleração do término das sociedades-memórias. Nessa
época, os processos de urbanização, mundialização,
modernização e homogeneização cultural eram muito fortes,
relacionando-os com os processos de memória. Há fim das
coletividades de memória ou da estrutura hegemônica rural,
tradicional e camponesa.
Há diferenciação da história e memória, sendo a primeira um
registro mais frio e a memória é necessária para continuar a
vivência. Também, há maior necessidade de estarmos próximos
às diversas memórias perdidas ou subterrâneas, já que o
passado é suporte fixo e âncora de diversas delas. Logo, de
forma mais sintética, pode-se dizer que a memória não está
intrinsecamente ligada apenas aos fatos passados, mas são
feitas, criadas e vividas diariamente. Quando ocorre
rompimento desse processo, a memória “morre” e torna-se fria,
ou seja: história.
Ademais, há explicação do nascimento dos lugares de memória
pela necessidade de ancorar o passado, sendo a vontade de
registrar e de valorizar tradições passadas um fator a
considerar. Há ideias de prótese com o passado, ligação dela
com a identidade, tradições e conexões entre si.
Aula 9 - “O Fio da
Memória”, de E. Coutinho

O filme em questão busca tratar da questão negra no país a


partir de duas perspectivas: do imaginário relacionado,
principalmente, à religião e música e outra visão pelo ponto
do racismo, responsável pela marginalização e perda de
identidades de diversos brasileiros que foram invisibilizados
nesse processo. A figura principal do filme é um trabalhador
semianalfabeto que se chama Gabriel Joaquim e o filme cria
muitas metáforas para ilustrar tal situação.
Nessa aula muito discutimos sobre o quão o período de
escravidão está recente e o apagamento da história e cultura
africana por parte das escolas, visto o curto tempo que esse
tema é estudado em detrimento da história européia, por
exemplo. Uma outra reflexão que me marcou foi da Chacina
da Candelária interligada aos temas de violência da
população de rua e preta.
No geral, o negro brasileiro é tratado de forma diluída e
homogeneizada, a junção e modificação da identidade da
população negra no Brasil, vínculo deles com sua origem foi
apagado e a construção da identidade e da memória foi feita
por meio de fragmentos surgimento de uma "nova"
identidade. Na minha opinião, uma das melhores aulas da
disciplina.
Aula 10 - Dos lugares de
memória à memória dos
lugares
Abreu, um dos principais geógrafos do Brasil, discorre
sobre os conceitos de memória pela geografia e
localização da memória. Há duras críticas sobre a
dicotomia entre o presente, passado e papel dos
historiadores em ambas construções. Ele estuda os
modos como o Brasil enxerga o passado, a importância do
turismo e suas rupturas.
Há certo desespero, há preocupação em conceituar a
memória cidade e urbana. A primeira com relação ao que
temos de memória hoje e a segunda com os processos
urbanos e geográficos. Para Abreu, é preciso de
visibilidade no espaço, já que o tempo é uma invenção
humana e a memória depende do espaço, já que está nele.
A memória da cidade é seletiva, com diversas coleções
de locais e relações de poder. A política de memória é
referente ao olhar ao passado para viabilizar tais
memórias, mesmo que muitas sejam apagadas.
Aula 11 - Memória e
ciberespaço

Há relação e articulação entre os debates das últimas


aulas e o cenário tecnológico com as redes sociais e o
espaço de memória que eles criam. Há o retorno de
conceitos de Abreu de memória da cidade, Pierre Nora
de lugar de memória e de Halbwachs de memória
coletiva.
O conto Maurília descreve a vivência em cidades digitais, há
criação de lugares que não existiam para recriar memórias,
como o próprio Google que nasceu numa residência em
Higienópolis (que foi demolida) mas no espaço virtual foi
mantido. O segundo exemplo é o Geoportal (análise e visão
área da cidade antiga e atual). No conceito de Halbwachs, a
memória coletiva se aplica ao espaço cibernético.
O Blog “Quando a cidade era mais gentil” de Martin Jayo
retrata diversas memórias da cidade, a começar pelo título,
saudosismo das pessoas, romantização do passado e outras
questões que são abordadas. No geral, a memória é
construída e reativada a partir de um lugar de memória,
mesmo que esse lugar de memória não esteja tão
fisicamente.
Aula 12 - Memória e políticas
patrimoniais no Brasil: da
invenção de Ouro Preto

Foram diversas reflexões sobre patrimônio e políticas


patrimoniais, bem como as relações entre ambos.
Conceituamos patrimônio material e imaterial, além da
criação do IPHAN. As políticas não surgem do acaso,
mas em diversos momentos da história e focadas na
preservação de patrimônios materiais. Elas
privilegiam uma versão do passado, são políticas
apagadoras e muitas vezes excludentes.
Foram abordados muitos exemplos para ilustrar a
importância do patrimônio na construção da memória
e no imaginário coletivo. Fica evidente em minhas
anotações a necessidade de preservarmos tradições,
culturas, ritos e linguagens dentro desse processo. É
preciso que exista reflexões profundas e investimento
público dentro desse âmbito. Não há como museus,
arquivos e tantos outros suportes de memória não
serem preservados.
Aula 13 - Mito e epopeia nas
políticas de memória: memória
“paulista” e a criação do
imaginário bandeirante

Nessa aula, discutimos acerca da gentrificação e das diferentes


perspectivas que os impactos desse processo causam, além da
noção do inventário participativo com a noção de referências
(materiais, imateriais, conjunto de objetos, práticas, lugares e
saberes). Um dos exemplos utilizados foi a gentrificação do
Minhocão e a expulsão dos moradores de classes mais baixas.
Há muitos grupos sociais que possuem relações diferentes com
territórios diversos e é preciso escolher com quais falar. Os
inventários são diferentes no seus objetivos, uns educacionais,
outros culturais e alguns ainda com foco em conscientização. Após
debatermos sobre, entramos na pauta do mito do passado
bandeirante de São Paulo (Estado e cidade). Acerca disso, há o
imaginário positivo de serem homens brancos, valorosos e
valentes, desconsiderando outros fatores importantes e sendo
vinculados pela criação das políticas de memória impostas.
Também debatemos sobre o Museu do Ipiranga, a celebração da
independência e o quadro de independência ou morte idealizado e
romantizado nesse período. Ocorre que muitas vezes essas
representações não condizem com a realidade e são
propositalmente criadas para que façam parte do imaginário
hegemônico. A principal reflexão é para questionarmos sempre as
figuras criadas em nossa mente acerca do que encaramos como
heróis, vilões e todo resto.
Aula 14 e 15 - Democratização
das políticas de
memória/painel atual de
pesquisas sobre memória
Durante essa aula, a discussão foi baseada no artigo “Os
Arcos do Bixiga (São Paulo): um caso de
instrumentalização de política de memória" e na
desativação do Minhocão (Elevado Presidente João
Goulart) como via de tráfego e os projetos que envolvem a
sua destinação futura. No momento inicial, a memória de
São Paulo entra em contraponto com a memória italiana
sobre os arcos em questão. Há diversas perguntas, mas
uma das mais importantes é a escolha da construção da
obra em um local sem muita visibilidade na cidade. Além
disso, há também muitos mitos e invenções populares
sobre tal obra.
No geral, há preocupação forte com as pessoas, imóveis e
arcos, bem como a posição da prefeitura, desapropriação
das casas e etc. A reflexão sobre a instrumentalização da
política e sobre o caráter excludente, gentrificador e
higienista também foram essenciais no entendimento do
tema. Ademais, a memória coletiva sobre os arcos estão
ligadas aos atores, instituições e ações políticas
relacionadas aos mesmos.

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