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ESTUDOS DIVERSIFICADOS I
Docente: Martin Jayo
Durante essa primeira discussão, nós fomos questionados acerca do nosso próprio
conceito de "memória" que foi construído durante nossa vida até o presente,
obtendo durante a aula diversas respostas e reflexões. Alguns expuseram que
memória possui relação direta com o coletivo e lembrança de um povo, mesmo que
não seja positiva (como a memória relacionada ao período escravista no Brasil).
Outros relataram que a construção da memória também se dá no presente com fatos
marcantes que irão ser lembrados futuramente, como a pandemia da COVID-19.
Há diversas ferramentas de construção da memória, visto que muitas vezes a
história é contada com distorções de forma proposital. As diferentes maneiras de
retratar o passado envolvem disputas políticas, afetivas e até mesmo de poder e
controle, sendo fundamental entendermos o porquê crescemos memorando o que
memoramos atualmente e quem são os formadores da memória. É importante
destacar a diferença entre a memória individual e memória coletiva, bem como o
entendimento de que a individual é dependente da coletiva, já que não há como
termos memórias "só nossas" sem influência da que somos habituados
coletivamente.
Nossos costumes e cultura influenciam a memória e há sempre versões diferentes
do mesmo fato de acordo com o contador. Os suportes de memória são ferramentas
fixas ou comunicativas como fotos, arquivos de museus, falas repassadas de
geração em geração e outras formas de "lembranças físicas" que mantém o
sentimento afetivo do que temos como memória. Ademais, a memória não é o
passado, é uma versão construída hoje sobre o passado, sendo a verdade relativa.
Ainda nesse sentido, é válido o debate de que a memória contribui para manutenção
e estruturação dos privilégios, já que estereótipos e justificativas para discrepâncias
e desigualdades são criadas ao longo do tempo, sendo a memória essencial na luta
de classes.
Por fim, é de extrema relevância o debate sobre o esquecimento e silenciamento de
diversas memórias. Como não é concebível lembrar de todas, lembranças se
sobrepõem e algumas são priorizadas em detrimento de outras e muitas vezes isso
ocorre propositalmente na sociedade. Assim, é preciso refletir e entender todas as
construções sobre o assunto.
Aula 2 - O individual e o
coletivo como dimensões
da memória
Nessa aula, discutimos acerca do texto de Baer, bem como a diferenciação entre a
memória comunicativa e cultural. O debate começou ao redor do termo “cultura da
memória” que possui relação com a nossa época e o sentimento de valorização do
passado e "agressão à memória", como exemplificado pela desfiguração dos prédios
antigos, já que estes são patrimônios históricos lembrados de geração em geração.
Também, fomos apresentados ao Halbwachs e suas ideias de que a memória é coletiva,
influenciada pelos marcos sociais (nome dado a seu livro em que ele cunha o termo
“memória coletiva” em questão).
Para Halbwachs, nós possuímos facilidade em lembrar de momentos compartilhados
com experiências trocadas que dependem sempre de com quem estamos. Para
Halbwachs não existe memória totalmente individual, o que achamos que seja “memória
individual” só detém valor e função dentro do coletivo e de um horizonte sociocultural.
Dessa forma, apesar de qualquer distância física, nosso pensamento é criado de acordo
com alguém ou “alguma coisa”, sendo a memória algo coletivo e maleável, moldado
pela cultura, afinidade e vivência das pessoas ao nosso entorno.
Apesar disso, podemos dizer que o que memoramos atualmente é composto pela
memória individual (próprias lembranças) e coletiva (lembranças e testemunhos de
outrem). Uma das consequências da memória coletiva é de que ela está em constante
reconstrução e não é fidedigna ao passado, pois diversas narrativas são contadas e
criadas de modos diferentes, mesmo que sobre o mesmo passado no presente. A
memória modifica o passado de acordo com o interesse e o contexto atual, sendo um
processo colaborativo em que há destaque e omissão dos fatos propositalmente a
depender dos benefícios que o momento presente proporcionará. Mesmo que com
contribuições sobre o assunto, Halbwachs não trata em sua obra da memória de
minorias que são silenciadas, sendo uma das críticas que foram discutidas dentro de
sala.
Ademais, fomos direcionados a pensar em memória nos conceitos de Aleida Assmann e
Jan Assmann. Elas chamam de memória comunicativa o que é coletiva para Halbwachs
e memória cultural para os ritos, tradições e o que não é passado pela fala e oralidade.
Para ambas, o suporte da memória está ligado à existência de registros e impacta
diretamente em nossas lembranças. Nas sociedades sem registro, só há memória
comunicativa, não havendo suporte. Nas sociedades com registro, há memória
comunicativa e cultural, com suportes fixos (museus, fotos, filmes...).
Por fim, é importante pensar sobre os lugares de memória, referente a Pierre Nora que
propôs tal noção. Patrimônios e edifícios tombados são lugares de memória que
funcionam como uma “prótese” para sustentar o passado e ancorar a memória, como
fosse suporte da mesma. Portanto, pode-se concluir que vivemos em uma cultura de
memória, essa pode ser uma reprodução presente do passado com influências do
contexto atual e há suportes para ela se manter. Afinal, o que eu defino ser individual,
tem influência externa? Quais são os formadores de minhas próprias memórias? São
outras reflexões que compuseram meu entendimento no assunto durante a aula.
Aula 3 - Disputas de
memória