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A TERCEIRA GERAÇÃO

O surgimento da terceira geração da escola dos Annales se deu no ano de 1968,


em 1972 Jacques Le Goff autor de destaque dessa geração tomou posse da
presidência. Essa geração, diferentemente das duas anteriores, não apresenta uma
marca pessoal, pois foi dirigida por vários pesquisadores. Foi um período onde
ocorreu uma mudança de interesse, por essa razão a terceira geração é vista como
a mais difícil de traçar um perfil, temas como o casamento, a mulher, a sexualidade,
a criança, a cultura popular, os imaginários, a mentalidade, o tempo, dentre outros
foram se tornando objeto de estudo dessa geração, a mesma por sinal, é conhecida
como “Nova História” por considerar toda e qualquer atividade humana como
história. Essa foi a primeira geração a incluir mulheres como Christiane Klapisch,
Arlette Farge, Mona Ozouf e Michèle Perrot.
A terceira geração é dotada de características, tais como o retorno à política, onde
teve ênfase a micropolítica, a luta pelo micro-poder nas diversas instituições sociais
etc…mostrando uma história preocupada com as grandes massas anônimas e com
o indivíduo comum. Outro ponto importante foi o surgimento da História Cultural que
consiste em uma combinação de abordagens entre a antropologia e a história para
olhar para a cultura popular e suas possíveis interpretações a partir da experiência
histórica e humana. Graças a esse novo objeto de estudo da terceira geração, foram
surgindo novas abordagens como a micro-história, a história regional, a história do
cotidiano etc… essa nova vertente foi uma reação contra o materialismo e o
determinismo.
Sem sombra de dúvidas, a história das mentalidades é um grande referencial
dessa geração, tendo seu foco voltado para a sociedade relacionada ao mundo
mental e aos modos de sentir, analisando a vivência e a subjetividade. Questões
começam a ser levantadas, como o indivíduo se sente, vive e percebe o mundo
social que o cerca? a realidade passa a ser trabalhada da maneira que o sujeito
social a pensa ou a representa.
A nova história possibilitou a fragmentação de complexos mais amplos dando
espaço para novos temas como: a loucura, a beleza, o cheiro, a feiura, o clima, o
vestuário, a culpa, o medo, a leitura, a ansiedade, o livro etc… isso fez com que se
perdesse o referencial de totalidade mas ao mesmo tempo possibilitou a ampliação
do campo do historiador e de certa maneira esses estudos mais objetivos colaboram
para a melhor visão de um todo.
A história das mentalidades e a história cultural não foram inteiramente
negligenciadas na geração anterior, mas eram situadas na margem, não possuindo
grande relevância. Já na terceira geração o trajeto intelectual de alguns historiadores
dos Annales transferiu-se da base econômica para a superestrutura cultural, é o que
muitos chamam de “do porão ao sótão”. Decerto que havia diferentes segmentos de
estudos históricos na "Escola dos Annales" da terceira geração, onde alguns
historiadores eram mais conservadores em relação às tendências adotadas pelas
gerações anteriores, enquanto outros eram mais "flexíveis" a se voltarem às novas
tendências. A ideia de estrutura e conjunção foram pouco a pouco deixadas de lado,
da mesma forma que a longa duração foi sendo substituída pela curta e média
duração.
Os principais historiadores e intelectuais dessa geração ou os mais destacados
são: Phillipe Áries interessado na relação entre natureza e cultura; Jean Delumeau
voltado para a psicohistória; George Duby preocupou-se com a história das
ideologias, da reprodução cultural e do imaginário social e econômico da França
Medieval; Jacques Le Goff historiador medievalista interessado nas mentalidades;
Pierre Bourdieu e Michel de Certeau abordaram uma história antropológica; Le Roy
Ladurie interessado em antropologia social e Michel Foucault voltado para a história
cultural da sociedade e sobre o imaginário coletivo.
A preocupação da terceira geração dos Annales foi a busca por uma história
totalizante, onde cada historiador procurou encontrá-la de acordo com sua tendência
historiográfica.

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