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Licenciatura em História

Aluno: Emerson Freire dos Santos.

Resenha “A Escola dos Annales: considerações sobre a História do Movimento”

Introdução:

O presente artigo do autor José Costa D’Assunção Barros discute sobre o Movimento
dos Annales, partindo desde seu surgimento até o seu desenrolar como um conjunto de
características historiográficas que por historiadores foram questionadas, e apresenta sua
identidade sendo levadas ao longo das suas três gerações. O artigo então aponta sobre as
influências que o movimento teve com os seus principais dirigentes, os pontos em
comuns que formaram sua identidade, e as divergências ao decorrer dos tempos
(manifestações).

Desenvolvimento:

Os Annales: suas fases e descontinuidades internas.

Analisando o novo modelo historiográfico da Escola dos Annales podemos perceber de


fato, o modelo original, que para além de analisar o passado, a partir de uma
problematização do presente, vimos o que se buscava era considerar o passado como
uma instância que poderia beneficiar a compreensão do presente e mesmo a sua
transformação tem o tom de denúncia de uma impostura, e é encaminhado de fora, por
um historiador que não pertence ao círculo privilegiado pelos novos dirigentes dos
Annales.
Desta maneira, a ausência de uma perspectiva global, capaz de dar a História este
centro, fecha aqui o círculo vicioso: a História descentrada dos novos Annales seria
também a História fragmentada, alienada, que não contribuiria para o diálogo das
diferenças sociais, e sim para a exposição antiquaria de objetos diferentes em plena pós-
modernidade. Assim, para além da análise de alguns historiadores da Escola dos
Annales a Nouvelle Histoire como descontinuidade e mesmo como traição em relação
aos fundamentos que unificaram as duas primeiras gerações dos Annales, há certamente
as leituras da continuidade, ou as que ficam a meio caminho do discurso dos
historiadores dos Annales sobre si mesmos que adotam a classificação da Nouvelle
Histoire como terceira geração dos Annales.

Marc Bloch e Lucien Febvre: Primeira Geração dos Annales.

É interessante notar que, com esta exemplar obra, não apenas a obra de Rebelais tenha
sido utilizada como ponto de partida para investigar um problema – a impossibilidade
do ateísmo no século XVI – como também que estes problemas tenham se tornado um
novo ponto de partida para investigar um conjunto maior: aquilo que hoje chamaríamos
de mentalidade da época. A contribuição de Marc Bloch é talvez, ainda mais decisiva
para as subsequentes gerações dos Annales. Mas, a grande obra viria com Os Reis
Taumaturgos, um ensaio que trouxe diversas possibilidades quanto às futuras projeções
sobre o Movimento. Nesse aspecto da obra deu notadas informações para Bloch dentro
de um novo campo historiográfico que traria a História/Comparada. Portanto,
desenvolveria uma experiência pioneira relacionada a um novo campo chamada de
método regressivo que lia a História de forma invertida quanto à temporalidade da
época do Historiador em conhecer o que ainda era desconhecido.

Labrousse e outros: A emergência da História Serial e da História Quantitativa.

Ao citar Labrousse e a sua contribuição quanto à historiografia em uma anunciada


percepção ao contexto de forma econômica se deparam com uma via de avanço dentro
da terceira década do séc. XX, que traz a tona, a História Serial e a História
Quantitativa, numa amplitude mais geral, quanto à constituição de uma novidade
historiográfica trazida pelos Annales para além de conceitos fundamentais como o de
longa duração e perspectivas inovadoras como a da história-problema. Então, as
abordagens: quantitativa e serial se estenderão para além da Economia e atingirão a
Demografia, e posteriormente, a História das Mentalidades. A possibilidade de se
estabelecer uma História Serial estava relacionada a um novo conceito: o da série.
Trata-se de considerar os documentos ou as fontes históricas não mais em sua
perspectiva singular, mas sim como partes constituintes de uma grande cadeia de fontes
do mesmo tipo. O objetivo da análise de séries, neste sentido, é perceber tanto as
permanências como as oscilações e variações.

Fernando Braudel: liderança da Segunda Geração dos Annales.

Em um célebre artigo escrito em 1958 para a Revista dos Annales, mas que passou a
integrar a coletânea de artigos publicada em 1969 com o título: Escritos sobre a
História, de Braudel discute a longa duração, o próprio conceito de duração, os modos
como interagem estes diversos ritmos históricos. A História reaparece aqui, sob a
concepção braudeliana e sua arguta exposição no artigo de 1958 que leva o título: A
História e as Ciências Sociais: a longa duração, como a ciência humana mais completa e
mais complexa. A única que considera a interação entre estrutura, conjuntura e evento.
A obra maior em que realiza o seu projeto de estabelecer uma dialética das durações na
qual adquira a importância central, o tempo estrutural é O Mediterrâneo e o Mundo
Mediterrâneo na época de Felipe II. Dividida em três grandes volumes, apresenta-se
aqui um modelo articulado de durações, no qual, se percebe que as várias instâncias
sociais, processos e contextos a presentam ritmos variados de mudanças.
Fernando Braudel que foi o expoente da segunda geração dos Annales buscou construir
a segunda mais ampla do que a primeira, trazendo a sua ideia em um pensamento sobre
a sociedade de acordo com a perspectiva de uma articulação entre seus três níveis de
duração: a curta duração, a média e a longa duração. Com, o intuito de levar a
percepção de que poderia estabelecer a relação de forma mais ampliada quanto a
formatação desta nova História, destacando-se as duas principais tendências como
abrangente para a Escola dos Annales no que, a História Total surgiria dentro de um
novo conceito da História de Tudo, em continuidade com a História do Todo. Assim,
para Braudel, o que se passaria de uma transição em continuidade da História seria
estabelecer essa nova funcionalidade quanto à duração do tempo.
Terceira Geração dos Annales, ou uma Nova Nouvelle Historie?

O Ano de 1968 era considerado como ínicio da terceira geração dos Annales para
designar os novos historiadores franceses em ascensão e agora na direção do
movimento. Que se tornou para os historiadores do movimento, sendo emblemática. O
que se percebe quanto os retornos historiográficos, é uma retomada da narrativa, do
político, da biografia, aspectos que haviam sido de alguma maneira reprimidos ou
secundarizados pelo padrão historiográfico anterior, e que agora reemergiam com
inesperado vigor. Então, podemos destacar neste contexto a possibilidade de examinar a
História de acordo com uma nova escala de observação, emergindo ao olhar atento para
as micro realidades, que habitualmente escapa ao olhar panorâmico da macro História
tradicional em seguimento a um novo modelo da micro História. Evidenciando-se que a
Escola dos Annales nesta terceira fase abre a um amplo debate enviesado em um
contexto histórico cultural como forma subsequente da própria História.

Conclusão:

Conclui-se que a consideração sobre a História dos Movimentos da Escola dos Annales
perpassa pela a conceituação de cada uma das três gerações quanto à concepção de uma
Nouvelle Histoire, segundo cada conceito da historiografia feita pelos os historiadores
em cada geração, levando-se em conta os mais diversos e variados processos em
construção e desconstrução da macro e da micro História conforme a maneira de
interpretação de cada tempo em significância dos Movimentos históricos.

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