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SUÉLEN BERGMANN
SUÉLEN BERGMANN
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, Nelson e Vera, por todo amor, incentivo, apoio e dedicação que
sempre tiveram por mim para que eu obtivesse uma educação de qualidade e por não
medirem esforços para contribuir na realização desse sonho.
Aos meus irmãos, Natanael e Maicon, por toda amizade, parceria e suporte de
sempre.
A todos os professores desta Universidade que contribuíram com a minha
trajetória acadêmica, em especial a minha orientadora professora Ms. Taís, pela
dedicação, atenção e contribuição na realização dessa pesquisa.
À Deus, que me deu força e energia para realizar o sonho de concluir a
faculdade.
E a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, o meu
muito obrigada!
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RESUMO
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 5
2. DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL ........................................................ 7
2.1 FASE ORAL ...................................................................................................... 9
2.2 FASE ANAL ...................................................................................................... 9
2.3 FASE FÁLICA ................................................................................................. 10
2.4 FASE GENITAL .............................................................................................. 10
2.5 PERÍODO DE LATÊNCIA ............................................................................... 11
3. AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NO PERÍODO DE LATÊNCIA...15
3.1 RECALQUE .................................................................................................... 15
3.2 TRANSFERÊNCIA ENSINO-APRENDIZAGEM ............................................. 17
3.3 DEMANDA FAMÍLIA-ESCOLA ....................................................................... 19
4. CONCLUSÃO ................................................................................................. 25
5. REFERÊNCIAS .............................................................................................. 27
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1. INTRODUÇÃO
2. DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL
Segundo Bacha (2003) desde Freud várias tentativas foram feitas no sentido
de explorar o que a psicanálise tem a oferecer à educação. Para que se possa
compreender melhor essa vertente entre psicanálise e educação, é necessário
conhecer a teoria do desenvolvimento psicossexual proposta por Freud em 1905, na
sua obra intitulada Três ensaios sobre a teoria da sexualidade, além dos estudos
sobre a estrutura da personalidade.
A teoria do desenvolvimento psicossexual, proposta por Freud, descreve
como a personalidade é desenvolvida ao longo da infância. No que diz respeito à
estrutura de personalidade, Freud afirma que esta é composta por três sistemas: Id,
Ego e Superego. Embora cada uma destas tenha suas próprias funções e princípios
de ação, elas agem em estreita relação e trazem muitas contribuições para
compreender o comportamento humano (HALL; LINDZEY; CAMPBELL, 2000).
De acordo com Freud (1925 apud Hall; Lindzey; Campbell, 2000) o Id é um
sistema original de nossa personalidade, é a matriz de onde se origina o Ego e o
Superego. Pertence a nossa verdadeira realidade psíquica, pois é constituído pelos
nossos instintos e por tudo aquilo que se faz presente em nós desde o nascimento. É
esse sistema que distribui energia para os outros dois sistemas, visto que este é o
reservatório de toda nossa energia psíquica. Diante disso, pode-se dizer que o Id é
guiado pelo princípio do prazer e como está localizado no nível inconsciente,
representa nossa realidade subjetiva não reconhecendo elementos sociais.
Sendo assim, passa a existir a segunda instância psíquica descrita por Freud
como Ego, que seria a nossa noção da realidade, o mecanismo que nos mantém
conscientes e em contato com a realidade que nos cerca. Seu papel principal é de
mediar as exigências instintuais do organismo e as condições do ambiente que o
cerca, controlando o acesso à ação, selecionando características do ambiente às
quais irá responder resolvendo então que instintos serão satisfeitos e de que maneira.
Ao realizar estas funções, o Ego precisa ainda tentar integrar as demandas
conflitantes advindas do Id, do Superego e, ainda, do mundo externo (HALL;
LINDZEY; CAMPBELL, 2000). Logo, conforme Freud (1925) o Ego estabelece o
equilíbrio entre as exigências do Id, as exigências da realidade e as ordens do
Superego, a qual decide se acata as decisões do Id ou do Superego.
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Essa fase, que ocorre por volta dos dois aos quatro anos de idade, é onde a
criança passa a adquirir controle dos esfíncteres. De acordo com Freud (1905) “a
atividade é produzida pela pulsão de dominação através da musculatura do corpo, e
como órgão do alvo sexual passivo o que se faz valer é, antes de mais nada, a mucosa
erógena do intestino”. (p.121).
Portanto, o grande conflito que aparece nessa fase é ensinar a criança a usar
o banheiro em momentos oportunos, fazendo com que ela aprenda a controlar suas
necessidades. O êxito nesta fase depende da maneira com que os pais “estimulam” a
criança nesse processo, utilizar elogios e recompensas quando a criança tiver ido ao
banheiro incentivam a bons efeitos.
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Por volta dos quatro aos seis anos a atenção da criança volta-se para o órgão
sexual e começam também a descobrir a diferença entre meninos e meninas.
Segundo Freud (1905) toda criança imagina que tanto os meninos, quanto as
meninas possuem um pênis. Para trabalhar com essa situação, criam as chamadas
teorias sexuais infantis onde a criança imagina que as meninas não possuem pênis
porque esse lhe foi arrancado (castrado), é o chamado complexo de Castração. Nesse
momento, portanto, a menina fica com medo de “perder” seu pênis.
Surge então o complexo de Édipo que Freud (1905) traz em seus estudos
acerca da sexualidade infantil, em que o menino apresenta atração pela mãe e tem o
pai como rival, e na menina ocorre o inverso, apresenta atração pelo pai e tem como
rival sua mãe, porém, ao mesmo tempo em que tem estes como rivais, sentem
também uma parcela de culpa, por desejar o objeto do outro, outro esse que também
lhe dá amor e carinho. “[...] o complexo de Édipo pode ser considerado uma das mais
importantes fontes do sentimento de culpa com que tão frequentemente se
atormentam os neuróticos.” (FREUD, 1905, p.335).
A escolha objetal infantil era apenas uma escolha débil, mas já era um
começo que indicava a direção para a escolha objetal na puberdade [...]
Dessa época em diante, o indivíduo humano tem de se dedicar à grande
tarefa de desvincular-se de seus pais e, enquanto essa tarefa não for
cumprida, ele não pode deixar de ser uma criança para se tornar membro da
comunidade social. (FREUD, 1905, p.340).
11
A latência faz parte de uma fase onde o sujeito está passando pelo processo
de constituição comandado pela demanda do Outro, lugar este que é exercido pela
escola e seus representantes. Na cultura ocidental a demanda social de escolarização
é um dos elementos desencadeadores desse tempo constitutivo que favorece as
aprendizagens escolares (DRÜGG, 2007).
Para se relacionar melhor com as pessoas que vão se inserindo na sua vida,
a criança tem sua sexualidade reprimida ou sublimada, para que, então, possa se
concentrar em outras atividades como jogos, aprendizados, brincadeiras e amizades.
É nesse período que as crianças se tornam capazes de se identificarem com outros,
que não seus pais, como colegas de escola, professores, personagens e heróis da
ficção e que serão importantes para o desenvolvimento da sua identidade sexual.2
Drügg (2007) afirma que o tempo de latência:
parte de uma zona erógena específica e tem como alvo um prazer exclusivo e
independente dos demais (DRÜGG, 2007).
Freud (1905) define que os processos psíquicos que caracterizam o tempo de
latência são a construção de forças anímicas onde a função será a de reduzir o curso
da pulsão sexual. Afirma, ainda, que entre os civilizados tem-se a impressão de que
essa redução da pulsão sexual seria consequência do processo educativo, porém, na
realidade, este modo de desenvolvimento da sexualidade no indivíduo é uma
característica própria do ser humano. Ainda, conforme Drügg (2007):
3.1 RECALQUE
De acordo com Anna Freud (1972 apud DRÜGG, 2007, p.50) no início do
tempo de latência há um declínio na inteligência, o que é comumente explicado pelo
recalque da sexualidade que acaba levando consigo a curiosidade da criança também
em outras áreas.
O aumento da capacidade simbólica juntamente com mudanças cognitivas
contribui para a organização da estrutura básica e para os desenvolvimentos que
ocorrem ao longo da fase. O recalque dos desejos sexuais é responsável por certa
16
As fantasias e desejos sexuais infantis que não podem ser realizadas pela
criança pois ainda não está na sua maturação, seria o fator determinante do recalque
que é realizado sem ser percebido pelo Ego. Segundo Drügg (2007):
[...] somos induzidos a pensar que o professor, tal como o analista, diante da
manifestação transferencial de seu aluno, pode ser tomado por reações
inconscientes, que escapem ao seu autocontrole. Somos levados a pensar
que o professor pode responder com agressividade às investidas hostis de
algum aluno ou, de outro modo, pode responder às demandas amorosas de
uma criança, saindo de seu papel de mediador do processo de aprendizagem
e passando a ocupar o lugar de pai ou mãe. Nesses casos, a
contratransferência ao ódio e ao amor exacerbado do aluno só faz crescer a
resistência do aluno à atividade intelectual. (p.25-26).
as atitudes emocionais dos indivíduos para com outras pessoas que são de
tão extrema importância para seu comportamento posterior, já estão
estabelecidas numa idade surpreendentemente precoce. A natureza e a
qualidade das relações da criança com as pessoas do seu próprio sexo e do
sexo oposto, já foi firmada nos primeiros seis anos de sua vida. Ela pode
posteriormente desenvolvê-las e transformá-las em certas direções, mas não
pode mais livrar-se delas. As pessoas a quem se acha assim ligada são os
pais e os irmãos e irmãs. Todos que vem a conhecer mais tarde tornam-se
figuras substitutas desses primeiros objetos de seus sentimentos. (p.286-
287)
Além disso, como afirma Cordié (1996) desde os primeiros dias de vida a
criança começa a explorar seu corpo, seu ambiente, partindo para a descoberta de si
mesma e do mundo que a cerca, assegurando seu domínio. O desejo de saber e a
necessidade de compreender estão dentro da criança, prolongando-se através das
inumeráveis perguntas que irá fazer posteriormente. Ainda, conforme a autora:
complementar esse desenvolvimento, sugerindo que a criança já tenha uma boa base.
Cordié (1996) afirma que:
Segundo Cordié (1996) “uma boa qualidade das trocas linguísticas e afetivas
dos primeiros anos e uma estimulação intelectual colocam a criança em situação de
abordar facilmente as primeiras aprendizagens escolares”. (p.28). Porém, a criança
que não teve essas condições encontrará maiores dificuldades no início.
Desde cedo a criança ouve a demanda feita a ela, deve aprender e ser bem-
sucedida na perspectiva de mais tarde ter uma bela condição de acesso, portanto, de
consumo de bens. Muitos pais, querem, às vezes, fazer a criança avançar de série,
pular a pré-escola, pois esse avanço a adiantará para a preparação dos concursos
mais tarde.
A criança percebe muito bem que ela tem de responder a uma expectativa.
O sucesso é exatamente este objeto de satisfação que ela deve proporcionar
aos pais. Boas notas, bons curriculums são destinados a dar prazer. Ela pode
responder docilmente e essa demanda durante um certo tempo, mas, cedo
ou tarde, sozinha, diante da folha branca ou da tarefa a desempenhar, ela
será confrontada com seu próprio desejo. (CORDIÉ, 1996, p.24).
Essa cobrança pelo sucesso é percebida também por parte dos professores,
pois estes têm um contrato a cumprir. São submetidos a um imperativo de sucesso, a
turma pela qual são responsáveis deve ter suficiente performance para que, no final
do ano, a maioria dos alunos passe para o ano seguinte. Ou seja, os bons resultados
dos alunos que fazem os bons professores serem reconhecidos pela hierarquia:
direção, coordenação, etc., e pelos pais de alunos. (CORDIÉ, 1996).
Percebe-se então, quanta expectativa é depositada na criança e o fracasso
escolar (termo trazido por Freud) pode ser justamente a denúncia de uma forte
pressão no sujeito para atender a um ideal que anule e o impeça de se expressar em
termos de sua dinâmica desejante. Por se tornar “preso” aos desejos dos pais, o
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sujeito não sustenta o desejo de saber, fracassando como forma de denunciar essa
“prisão”. (FARIAS, 2007).
Em nossa sociedade a escolarização é oferecida como caminho ideal para as
crianças. Respondendo a esta demanda, sendo bem-sucedida nesse processo, a
criança pode ocupar um lugar de valor junto ao seu grupo familiar e social. (DRÜGG,
2007, p.87). Mas, e quando a criança não responde a essa demanda, a essa
expectativa? A instituição escolar, baseia-se em um discurso pedagógico onde o ideal
de ensino deve acontecer sem conflitos e sem contradições. No cotidiano escolar
procura-se homogeneizar o comportamento, não levando em conta a singularidade
do sujeito.
Segundo Diniz (2006) o saber, para a Psicanálise, vem da ordem de uma
elaboração pessoal, de algo que se tece e estabelece pelo próprio sujeito. Além de
incorporar aspectos objetivos (conhecimento) que são presentes nos processos
educativos e socioculturais, a relação de um sujeito com o saber supõe também
aspectos subjetivos marcados pela incidência do inconsciente.
Freud em Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade (1905) associa o saber
ao conflito edípico.
próximo, senão idêntico, daquele dos professores e mais geralmente próximas dos
valores e sistemas de comunicação propostos pela escola, terão mais facilidade do
que as crianças onde as famílias utilizam pouco a linguagem ou apenas em situações
concretas.
O grau de motivação da família também depende desse nível sociocultural,
de acordo com os objetivos e/ou meios da escola. Alguns pais opõem
sistematicamente seu filho à escola, denigrem-na e desvalorizam-na constantemente.
Contudo, a atitude oposta também pode provocar um bloqueio na criança: o
hiperinvestimento pelos pais dos resultados escolares, suas notas e sua vigilância
incessante do trabalho da criança em um clima obsessivo ou perfeccionista podem
acarretar uma renúncia, até mesmo uma recusa.
A escola é o terceiro fator desse triângulo relacional criança-família-escola.
No decorrer dos últimos anos, a escola sofreu profundas modificações, tendo de
enfrentar um aumento demográfico importante que modifica suas estruturas: o acesso
do conjunto das classes sociais à escola, a escolarização de um grande número de
crianças estrangeiras criou e cria “problemas”, pois a escola nem sempre soube ou
pôde se adaptar com a flexibilidade necessária, tanto em sua organização material
(problemas do ritmo escolar, das férias, do número de crianças) quanto em seu próprio
conteúdo. Portanto, a inadaptação da escola às estruturas sociais atuais deve ser
considerada frente ao fracasso escolar.
Com isso, pode-se dizer então que, para que a criança adquira aprendizado,
deve-se levar em consideração a importância desses três aspectos - criança, família
e escola - articulando-os sempre com a própria subjetividade da criança, que não raras
as vezes, essa subjetividade é posta de lado para atender às exigências e
expectativas do que esperam dela, esquecendo que esta também possui seus
próprios desejos.
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4. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
Freud%20e%20a%20educa%C3%A7%C3%A3o%20de%20Maria%20Cristina%20Kupfer.pdf
>. Acesso em: 25 out. 2018.
LACAN, J. (1992). O seminário - livro 8: a transferência (1960-1961). Rio de Janeiro: Jorge
Zahar Editor.
RIBEIRO, Márden de Pádua. Contribuição da psicanálise para a educação: a
transferência na relação professor/aluno. Psicol. educ., São Paulo, n. 39, p. 23-
30, dez. 2014.Disponível<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-
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SANTOS, J. M. S. A transferência no processo pedagógico: quando fenômenos
subjetivos interferem na relação de ensino-aprendizagem. Dissertação de Mestrado,
Programa de Pós-graduação em Educação Conhecimento e Inclusão Social, da Faculdade
de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2009.
STEIBEL, Denise et al. A latência na atualidade: considerações sobre crianças
encaminhadas para psicoterapia. Aletheia, Canoas, n. 35-36, p. 51-68, dez. 2011.
Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
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