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Tema de debate: estrutura da personalidade.

 Qual é a importância dos processos afectivos para o desenvolvimento da personalidade


humana.
 Explique as relações entre conduta e os processos fisiológicos.
 Quais as ideias centrais da teoria psicanalítica da personalidade?

RESPOSTA:

1. Estrutura da personalidade

De acordo com a Associação Americana de Psicologia (APA), o termo personalidade se refere


a diferenças individuais em padrões característicos de pensar, sentir e agir. É um conceito
relacionado à individualidade e identidade de uma pessoa, sendo relevante tanto a nível pessoal
quanto social.

1.1. Modelo estrutural Freud

Segundo modelo proposto por Freud onde a mente é dividida em três instâncias. Todas as
instâncias se desenvolvem ao longo da infância e cada uma delas tem funções diferentes, agindo
em diferentes níveis da mente, mas de maneira conjunta, formando assim uma única estrutura de
personalidade. Essas três instâncias são: o id, o ego e o superego (Hansenne, 2003).

Segundo (Hansenne, 2003) o id é o elemento mais primitivo da personalidade, sendo este o


sistema original com o qual já nascemos. Formado por instintos, composto pelo prazer e impulsos
orgânicos. Tudo é transmitido dos pais. O id é um elemento primordial para a estrutura da
personalidade, pois é a estrutura original e mais essencial da personalidade. A partir dele que são
ampliadas outras estruturas.

O ego começa a ser desenvolvido após o nascimento, quando o bebê começa a se interagir com o
seu ambiente. O ego procura o prazer em contato com a realidade. É um elemento do aparelho
psíquico que aumenta a partir do id, para inteirar e atender suas exigências. Tem como desígnio
garantir a saúde, sanidade e segurança da personalidade. Procura controlar ou regular os impulsos
presentes do id, de modo que a pessoa busque soluções menos imediatas e mais realistas. Tem
como função enfrentar a necessidade de diminuir a tensão e elevar o prazer (Hansenne, 2003).

O superego, esta terceira parte da estrutura da personalidade, representa o aspecto moral dos
seres humanos. Ele se desenvolve quando os pais ou outros adultos transmitem valores e as
normas da sociedade à criança. Esta é a última parte da personalidade que é desenvolvida a partir
do ego. Trabalha como censor, informando para o ego o que é certo e errado sobre as actividades
mentais e pensamentos presentes no ego (Hansenne, 2003).

Freud apresenta três funções do superego: consciência, auto-observação e formação de ideias. É


estabelecido a partir do superego dos pais, sendo este o veículo de todos os julgamentos e valores
que são transmitidos de geração em geração.

1.2. Importância dos processos afectivos no desenvolvimento da personalidade

Segundo (Goleman, 1995) os processos afectivos, também conhecidos como emoções e


sentimentos, desempenham um papel fundamental no desenvolvimento da personalidade humana.
As emoções influenciam como os indivíduos percebem e reagem ao mundo ao seu redor,
moldando suas atitudes, crenças e comportamentos. Além disso, as emoções desempenham um
papel crítico na formação dos relacionamentos sociais e na interação com os outros.

As emoções também estão ligadas à construção da identidade pessoal. Por exemplo, experiências
emocionais durante a infância e a adolescência podem influenciar a maneira como uma pessoa
percebe a si mesma e aos outros, contribuindo para a formação de traços de personalidade e
padrões comportamentais. A capacidade de reconhecer, compreender e gerenciar emoções é
importante para o desenvolvimento saudável da personalidade, permitindo uma adaptação mais
eficaz aos desafios da vida.

1.3. Relações entre conduta e processos fisiológicos

A relação entre conduta (comportamento) e processos fisiológicos (actividade do corpo) é


complexa e interligada. A pesquisa demonstra que os processos fisiológicos, como as reações
químicas e eléctricas no cérebro, estão intimamente ligados aos comportamentos e às
experiências emocionais. Por exemplo, emoções como o medo podem desencadear respostas
fisiológicas, como aumento da frequência cardíaca e liberação de hormônios do estresse
(LeDoux, 1996).

Ainda de acordo com (LeDoux, 1996) a relação bidirecional entre conduta e processos
fisiológicos também é evidente nas situações em que o comportamento pode afectar a fisiologia.
Práticas de relaxamento, meditação e exercícios físicos, por exemplo, podem ter impacto nas
atividades cerebrais e hormonais, influenciando as emoções e a personalidade de uma pessoa.

1.4. Ideias centrais da teoria psicanalítica da personalidade

A teoria psicanalítica da personalidade, desenvolvida por Sigmund Freud, é uma das abordagens
mais influentes na compreensão da personalidade humana. Desta forma, segundo Mitchell e
Black, (1995) as ideias centrais desta teoria incluem:

Estrutura da mente: Freud propôs que a mente humana é composta por três partes: o Id, o Ego e
o Superego. O Id representa impulsos e desejos primitivos, buscando satisfação imediata. O Ego
é responsável pelo equilíbrio entre as demandas do Id, a realidade e as normas sociais. O
Superego internaliza valores e normas morais (Mitchell & Black, 1995)

Conflito psíquico: Freud acreditava que a personalidade é influenciada por conflitos psíquicos
entre as diferentes partes da mente. Conflitos não resolvidos podem levar a distúrbios
psicológicos.

Desenvolvimento psicossexual: Freud propôs que as fases do desenvolvimento infantil estão


relacionadas a zonas erógenas do corpo. Cada estágio está associado a conflitos específicos e
pode influenciar traços de personalidade (Mitchell & Black, 1995).

Mecanismos de defesa: Freud descreveu mecanismos de defesa, como repressão, projeção e


negação, que são usados pelo Ego para lidar com ansiedades e conflitos inconscientes.

Inconsciente: Uma parte significativa da mente, o inconsciente, contém pensamentos, memórias


e desejos não acessíveis à consciência, mas que influenciam o comportamento e as emoções.

2. Referencias bibliográficas
Goleman, D. (1995). Inteligência Emocional. Editora Objectiva.

Hansenne, M. (2003). Psicologia da Personalidade. Lisboa: Climepsi.

LeDoux, J. (1996). The Emotional Brain: The Mysterious Underpinnings of Emotional Life.
Simon & Schuster.

Mitchell, S. A. e Black, M. J. (1995). Freud e Além: Uma História do Pensamento Psicanalítico


Moderno. Basic Books.

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