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UNIVERSIDADE MUSSA BIN BIQUE

CURSO DE LICENCIATURA EM PSICOLOGIA CLÍNICA

CADEIRA DE PERSONALIDADE E MOTIVAÇÃO

TRABALHO INDIVIDUAL

Descente Docente

Silvia Lissa Dr. Jackson Sabonete

Nampula, aos 26 de Maio de 2023


Índice
Introdução ......................................................................................................................... 3

Contextualização .............................................................................................................. 4

1. A Estrutura da Personalidade ....................................................................................... 4

2. Estágios do Desenvolvimento Psicossexual ................................................................. 5

3. 3 Neurociência e psicologia biológica .......................................................................... 7

Conclusão ......................................................................................................................... 8

Referencias Bibliográficas ................................................................................................ 9

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Introdução

A teoria da personalidade de Freud é um marco fundamental na história da psicologia e


continua a ser amplamente discutida e debatida até hoje. Freud propôs que a
personalidade humana é influenciada por processos inconscientes e por conflitos
internos. Através da psicanálise, ele desenvolveu uma estrutura teórica para
compreender esses processos, destacando a importância das experiências da infância e
das interações com o ambiente.

Este trabalho tem como objetivo revisar e atualizar a teoria da personalidade proposta
por Sigmund Freud, um dos pioneiros da psicanálise. Freud desenvolveu um modelo
complexo e abrangente da mente humana, no qual descreveu a estrutura da
personalidade em termos de três sistemas: o Id, o Ego e o Superego. Além disso, ele
destacou a importância dos estágios do desenvolvimento psicossexual na formação da
personalidade. Neste trabalho, faremos uma revisão das principais ideias de Freud e
exploraremos as contribuições contemporâneas que ajudaram a enriquecer e aprofundar
a compreensão da teoria da personalidade.

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Contextualização

A teoria da personalidade é um campo de estudo que busca compreender e descrever os


padrões de pensamentos, emoções e comportamentos que caracterizam os indivíduos.
Existem várias teorias da personalidade propostas por diferentes psicólogos ao longo
dos anos, e vou apresentar brevemente algumas das teorias mais conhecidas e
influentes.

1. A Estrutura da Personalidade

1.1 O Id: Id: O id é a parte mais primitiva e inconsciente da personalidade. Ele é


guiado pelo princípio do prazer e busca gratificação imediata dos desejos e
impulsos básicos, como fome, sede, prazer sexual, entre outros. O id opera de
acordo com o "princípio do prazer", que busca evitar o desconforto e buscar
prazer imediato sem levar em consideração as consequências ou normas sociais.

1.2 O Ego: O ego é o componente da personalidade que lida com a realidade e


age como um mediador entre o id e o superego. Ele busca encontrar um
equilíbrio entre os desejos do id e as restrições impostas pelo superego e pelas
demandas da realidade. O ego opera de acordo com o "princípio da realidade",
considerando as circunstâncias externas e as normas sociais ao tomar decisões.

1.3 O Superego: O superego representa a voz da consciência e internaliza os


valores e padrões morais da sociedade, bem como os ideais e expectativas
parentais. Ele age como um juiz interno, impondo padrões de comportamento e
buscando inibir os desejos e impulsos do id. O superego é formado durante a
infância por meio da internalização das regras e normas sociais transmitidas
pelos pais e pela sociedade.

Freud acreditava que o conflito entre o id, o ego e o superego era uma fonte de
ansiedade e perturbações psicológicas. O processo de desenvolvimento da personalidade
envolvia a resolução desses conflitos ao longo das diferentes fases do desenvolvimento
psicossexual, desde a infância até a adolescência.

É importante notar que a teoria da personalidade de Freud foi criticada e modificada por
muitos psicólogos e teóricos posteriores. Embora tenha sido influente no campo da

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psicologia, muitos aspectos da teoria de Freud não são mais amplamente aceitos hoje
em dia.

2. Estágios do Desenvolvimento Psicossexual

De acordo com a teoria psicossexual de Sigmund Freud, o desenvolvimento humano


passa por uma série de estágios psicossexuais. Segundo Freud, S. (1905) esses estágios
estão relacionados ao desenvolvimento da sexualidade infantil e à forma como ela se
manifesta ao longo dessas fases. Cada estágio é caracterizado por uma zona erógena
específica, que é uma área do corpo que está especialmente ligada ao prazer sexual.
Aqui estão os estágios do desenvolvimento psicossexual de acordo com Freud:

2.1 Estágio Oral: Estágio oral (do nascimento aos 18 meses): Nesse estágio, a
boca é a zona erógena principal, e a satisfação é obtida através da alimentação e
da sucção. As experiências nessa fase, como a amamentação e o uso de
chupetas, podem influenciar o desenvolvimento posterior da personalidade.

2.2 Estágio Anal: Estágio anal (dos 18 meses aos 3 anos): Nesse estágio, o foco
do prazer é a região anal. A criança começa a desenvolver controle sobre as
funções de eliminação e exploração da região. O treinamento do controle dos
esfíncteres e a experiência de lidar com regras relacionadas à higiene podem
afetar o desenvolvimento da personalidade.

2.3 Estágio Fálico: Estágio fálico (dos 3 aos 6 anos): Nesse estágio, o foco do
prazer é a região genital. As crianças desenvolvem interesse e curiosidade em
relação aos órgãos sexuais e diferenças de gênero. Os meninos passam pelo
chamado complexo de Édipo, em que têm sentimentos de desejo pela mãe e
rivalidade com o pai. As meninas passam pelo complexo de Electra, em que têm
sentimentos de desejo pelo pai e rivalidade com a mãe.

2.4 Período de Latência: Período de latência (dos 6 anos à puberdade): Nesse


estágio, há uma diminuição do interesse sexual manifesto. As energias psíquicas
são direcionadas para atividades intelectuais, sociais e educacionais. As relações
sociais fora do contexto familiar ganham importância.

2.5 Estágio Genital: Estágio genital (puberdade em diante): Nesse estágio, há


um despertar da sexualidade genital e o interesse por relacionamentos íntimos e

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sexuais com outras pessoas. O foco do prazer é a relação sexual e a intimidade
emocional.

3. Contribuições contemporâneas

3.1 Teorias do desenvolvimento pós-freudianas: As teorias de Erik Erikson,


Carl Jung e Melanie Klein expandiram e modificaram os estágios do
desenvolvimento propostos por Freud.

3.2 Psicologia cognitiva: A psicologia cognitiva é uma abordagem dentro da


psicologia que se concentra no estudo dos processos mentais envolvidos no
pensamento, na percepção, na memória, na solução de problemas, na linguagem
e em outras atividades cognitivas. Ela se baseia na ideia de que nossos
pensamentos, crenças, percepções e memórias influenciam nosso
comportamento e nossa experiência (Piaget, J. 1963).

A psicologia cognitiva busca compreender como as pessoas adquirem,


processam e utilizam informações do ambiente. Ela investiga como as pessoas
percebem e interpretam o mundo ao seu redor, como armazenam e recuperam
informações da memória, como tomam decisões, como resolvem problemas e
como usam a linguagem para se comunicar (Piaget, J. 1963).

Alguns conceitos importantes na psicologia cognitiva incluem (Piaget, J. 1963):

Percepção: Estuda como os estímulos sensoriais são processados e interpretados


pelo cérebro para criar uma experiência consciente do mundo ao nosso redor.

Memória: Investigação dos processos envolvidos na aquisição, armazenamento


e recuperação de informações. Isso inclui a memória de curto prazo (ou memória
de trabalho) e a memória de longo prazo.

Atenção: Estuda como selecionamos e processamos informações relevantes,


enquanto filtramos ou ignoramos informações irrelevantes.

Linguagem: Explora como a linguagem é adquirida, compreendida e produzida


pelos seres humanos. Isso inclui a análise da estrutura da linguagem, a
compreensão da gramática e o processamento de significados.

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Raciocínio e solução de problemas: Investigação dos processos envolvidos na
resolução de problemas, tomada de decisões e raciocínio lógico.

A psicologia cognitiva utiliza métodos de pesquisa empírica, como


experimentos controlados e estudos observacionais, para investigar os processos
cognitivos. Essa abordagem tem sido aplicada em várias áreas, incluindo
psicologia clínica, educação, psicologia organizacional e design de interfaces de
computador, entre outras Erikson, E. H. (1950).

3. 3 Neurociência e psicologia biológica

A neurociência e a psicologia biológica são áreas interdisciplinares que exploram a


relação entre o cérebro, o sistema nervoso e o comportamento humano. Embora sejam
termos usados de forma intercambiável às vezes, eles têm algumas distinções sutis.

A neurociência é o estudo científico do sistema nervoso, incluindo sua estrutura, função,


desenvolvimento e mecanismos subjacentes. Ela abrange uma ampla gama de
disciplinas, como neuroanatomia, neurofisiologia, neuroquímica, neurofarmacologia,
neuroimagem e neurologia clínica. A neurociência busca entender como os neurônios e
os circuitos neurais se comunicam e como essa comunicação está relacionada ao
comportamento, à cognição, às emoções e a outros aspectos da experiência humana.

Por outro lado, a psicologia biológica, também conhecida como psicologia fisiológica
ou psicofisiologia, é uma subdisciplina da psicologia que explora a interação entre os
processos psicológicos e os processos biológicos do corpo. Ela estuda como os
processos cerebrais e fisiológicos subjacentes afetam o comportamento e a experiência
mental. A psicologia biológica investiga tópicos como a relação entre atividade cerebral
e emoções, as bases neurais da cognição, os efeitos dos neurotransmissores no
comportamento, entre outros (Klein, 1932).

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Conclusão

Embora a teoria da personalidade de Freud tenha sido objeto de críticas e revisões, suas
contribuições foram fundamentais para o desenvolvimento da psicologia moderna. Sua
ênfase nos processos inconscientes, nos estágios do desenvolvimento psicossexual e na
importância das experiências da infância continua a influenciar o campo da psicologia
até hoje. No entanto, é importante considerar as contribuições contemporâneas para uma
compreensão mais completa e actualizada da personalidade humana, integrando
abordagens cognitivas, biológicas e sociais.

A psicologia cognitiva é uma abordagem que se concentra na compreensão dos


processos mentais subjacentes ao comportamento humano, buscando elucidar como os
indivíduos pensam, percebem, lembram, solucionam problemas e se comunicam.

Em resumo, enquanto a neurociência se concentra principalmente nos aspectos mais


amplos do sistema nervoso, investigando desde a estrutura até as funções complexas, a
psicologia biológica se preocupa especificamente com a relação entre os processos
psicológicos e os processos biológicos. Ambas as áreas compartilham uma abordagem
científica e se complementam para fornecer uma compreensão mais completa do
comportamento humano e da mente.

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Referencias Bibliográficas

Freud, S. (1900). A Interpretação dos Sonhos. Standard Edition, vols. 4-5. Londres:
Hogarth Press.

Freud, S. (1905). Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade. Standard Edition, vol. 7.
Londres: Hogarth Press.

Freud, S. (1923). O Ego e o Id. Standard Edition, vol. 19. Londres: Hogarth Press.

Erikson, E. H. (1950). Childhood and Society. Nova York: W. W. Norton & Company.

Jung, C. G. (1968). The Archetypes and the Collective Unconscious. Nova York:
Princeton University Press.

Klein, M. (1932). The Psychoanalysis of Children. Londres: Hogarth Press.

Bandura, A. (1997). Self-efficacy: The Exercise of Control. Nova York: W. H. Freeman


and Company.

Piaget, J. (1963). The Origins of Intelligence in Children. Nova York: W. W. Norton

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