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INSTITUTO SUPERIOR DE FORMAÇÃO INVESTIGAÇÃO E

CIÊNCIAS

Curso de licenciatura em Psicologia social do trabalho

Turma: 1º Ano Período: Tarde

Historia da Psicologia Social

Cognição social

Discente:
Artimiza Américo Macamo

Docente:
Célia Cuamba

MAPUTO, 08 de Novembro de 2023


Índice
Introdução..........................................................................................................2

Contextualização...............................................................................................3

O que é cognição social?...................................................................................3

Como a cognição social funciona?....................................................................4

Exemplos de Cognição Social...........................................................................4

Desenvolvimento da Cognição Social...............................................................4

Distúrbios que afectam a cognição social..........................................................5

Diferenças culturais na cognição social.............................................................6

Conclusão..........................................................................................................7

Referências bibliográficas.................................................................................8
Introduçã o
A cognição social representa um componente fundamental na forma como os
seres humanos interagem e se relacionam em sociedade. Refere-se à capacidade
intrínseca de perceber, interpretar e responder aos estímulos sociais presentes em nosso
ambiente, desempenhando um papel crítico na formação e manutenção de relações
interpessoais, bem como no entendimento das complexidades das interacções humanas.
Por meio de uma análise crítica das teorias e experimentos mais relevantes no
campo da cognição social, este trabalho busca fornecer uma visão abrangente e
actualizada deste fascinante domínio da psicologia e das ciências cognitivas. Ao fazer
isso, esperamos enriquecer o entendimento sobre como os processos cognitivos moldam
nossa interacção no mundo social e, por extensão, influenciam aspectos essenciais de
nossas vidas quotidianas.
Contextualização
A cognição social refere-se aos diferentes processos psicológicos que
influenciam como as pessoas processam, interpretam e respondem aos sinais sociais.
Esses processos permitem que as pessoas entendam o comportamento social e
respondam de maneira apropriada e benéfica.
A cognição social é um sub tópico da psicologia social que se concentra em
como as pessoas processam, armazenam e aplicam informações sobre outras pessoas e
situações sociais. Ele se concentra no papel que os processos cognitivos desempenham
em nossas interacções sociais. A maneira como pensamos sobre os outros desempenha
um papel importante em como pensamos, sentimos e interagimos com o mundo ao
nosso redor.

O que é cognição social?


A cognição social não é mais do que um estudo da forma como processamos
a informação (Adolphs, 1999). Neste processamento está inclusa a forma como
codificamos, armazenamos e recuperamos informação de situações sociais.
Atualmente, a cognição social é o modelo e enfoque dominante na psicologia
social. Esta surge em oposição ao behaviorismo puro, que rejeitava a intervenção de
processos mentais na hora de explicar o comportamento (Skinner, 1974).
A cognição social alude à forma como pensamos sobre os outros. Nesse sentido,
seria uma poderosa ferramenta para compreender as relações sociais. Por meio da
cognição social entendemos as emoções, os pensamentos, intenções e condutas
sociais dos outros. Nas interações sociais, compreender o que outras pessoas pensam e
sentem pode supor uma vantagem enorme para nos desenvolvermos nesse contexto.

A cognição social abrange uma série de processos. Alguns factores comuns que
muitos especialistas identificaram como importantes incluem:
 Os processos envolvidos na percepção de outras pessoas e como aprendemos
sobre as pessoas no mundo ao nosso redor;
 O estudo dos processos mentais envolvidos em perceber, lembrar, pensar e
atender outras pessoas em nosso mundo social;
 As razões pelas quais prestamos atenção a certas informações sobre o mundo
social, como elas são armazenadas na memória e como são usadas para interagir
com outras pessoas.

Os esquemas sociais referem-se às representações mentais das pessoas sobre


padrões e normas sociais. Essas representações podem incluir informações sobre papéis
sociais e as expectativas de diferentes indivíduos dentro de um grupo.
Usando uma perspectiva sócio cognitiva, os pesquisadores podem estudar uma
ampla gama de tópicos, incluindo:
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 Atitudes;
 Percepção da pessoa;
 Preconceito;
 Estereótipos;
 Auto-conceito;
 Discriminação;
 Persuasão;
 Tomada de decisões.

Como a cognição social funciona?


As pessoas não se aproximam das situações como observadores neutros – ainda
que muitas vezes tentemos aparentar que sim. Na verdade, elas carregam seus próprios
desejos e expectativas. Estas atitudes prévias vão influenciar o que vemos e lembramos.
Deste modo, nossos sentidos recebem informação que é interpretada e
analisada. Posteriormente, essas interpretações são contrastadas com a informação que
guardamos na memória.
Porém, esta descrição simples não é real. Existem outros fatores, tais como as
emoções, que também condicionam o processo. Lembre-se de que os pensamentos
influenciam as emoções, mas as emoções também influenciam o
pensamentos (Damasio, 1994). Por exemplo, quando estamos de bom humor, o mundo
é (ou parece) um lugar mais feliz. Quando estamos bem tendemos a perceber o presente
com mais otimismo, mas também olhamos o passado e o futuro de forma mais positiva.

Exemplos de Cognição Social


Imagine que você está se preparando para um encontro às cegas. Você não
apenas se preocupa com a impressão e os sinais que está enviando para a outra pessoa,
mas também se preocupa em interpretar os sinais dados pelo seu par.
As perguntas que você pode fazer incluem:
 Como você forma uma impressão dessa pessoa?;
 Que significado você lê no comportamento da outra pessoa?;
 Como você atribui suas acções?
Este é apenas um exemplo de como a cognição social influencia uma única
interacção social, mas existem muitos outros exemplos de sua vida diária. Passamos
uma parte considerável do dia interagindo com outras pessoas, e é por isso que esse
ramo da psicologia foi formado para ajudar a entender como nos sentimos, pensamos e
nos comportamos em situações sociais.

Desenvolvimento da Cognição Social


A cognição social se desenvolve na infância e adolescência. À medida que as
crianças crescem, elas se tornam mais conscientes não apenas de seus próprios
sentimentos, pensamentos e motivos, mas também das emoções e estados mentais dos
outros.

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As crianças tornam-se mais hábeis em entender como os outros se sentem,
aprendendo como responder em situações sociais, envolvendo-se em comportamentos
pró sociais e assumindo a perspectiva dos outros.
Embora muitas teorias diferentes analisem como a cognição social se
desenvolve, uma das mais populares se concentra no trabalho do psicólogo Jean Piaget.

Segundo Piaget, o desenvolvimento cognitivo da criança passa por várias


etapas.
 Durante os primeiros estágios de desenvolvimento, as crianças são muito
egocêntricas. Eles vêem o mundo de sua própria perspectiva e lutam para pensar
sobre como outras pessoas podem ver o mundo;
 À medida que as crianças crescem, elas se tornam cada vez mais hábeis em
assumir perspectivas e têm uma capacidade maior de pensar sobre como e por
que as pessoas agem da maneira que agem em situações sociais.

Mais recentemente, a pesquisa forneceu evidências de que as crianças


desenvolvem a capacidade de pensar sobre as perspectivas de outras pessoas em uma
idade mais precoce do que Piaget acreditava. Mesmo crianças em idade pré-escolar
exibem alguma capacidade de pensar sobre como outras pessoas podem ver uma
situação.
Um dos desenvolvimentos mais importantes no surgimento inicial da cognição
social é o crescimento de uma teoria da mente. Uma teoria da mente refere-se à
capacidade de uma pessoa entender e pensar sobre os estados mentais de outras pessoas.
É o surgimento de uma teoria da mente que é fundamental para ser capaz de
considerar os pensamentos, motivos, desejos, necessidades, sentimentos e experiências
que outras pessoas podem ter. Ser capaz de pensar sobre como esses estados mentais
podem influenciar a maneira como as pessoas agem é fundamental para formar
impressões sociais e explicar como e por que as pessoas fazem as coisas que fazem.

Distúrbios que afectam a cognição social


Certas condições de saúde mental são caracterizadas por interrupções na
cognição social. Exemplos incluem:
 Autismo;
 Transtorno bipolar;
 Transtorno de personalidade borderline (TPB);
 Demência;
 Depressão;
 Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT);
 Esquizofrenia;
 Traumatismo craniano;
 Síndrome de Williams.

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Diferenças culturais na cognição social
Os psicólogos sociais também descobriram que muitas vezes existem diferenças
culturais importantes na cognição social. Ao olhar para uma situação social, quaisquer
duas pessoas podem ter interpretações totalmente diferentes. Cada pessoa traz um
histórico único de experiências, conhecimentos, influências sociais, sentimentos e
variações culturais.
As influências culturais colectivas também podem afectar a maneira como as
pessoas interpretam as situações sociais. O mesmo comportamento social em um
ambiente cultural pode ter significado e interpretação muito diferentes se ocorrer ou for
observado em outra cultura.
À medida que as pessoas interpretam o comportamento, extraem significado da
interacção e, em seguida, agem com base em suas crenças sobre a situação, elas
reforçam e reproduzem ainda mais as normas culturais que influenciam suas cognições
sociais.

Desenvolvimento cognição social


A cognição social se desenvolve lentamente (Fiske e Taylor, 1991). Segue um
processo de tentativa e erro baseado na observação. As experiências directas e a
exploração guiam a aprendizagem. Porém, o conhecimento social é muito subjectivo.
As interpretações que podemos fazer de um evento social podem ser muito diferentes e
erróneas.
Além disso, ainda que contemos com estruturas mentais que facilitam o
processamento e a organização da informação, às vezes estas estruturas tão úteis
também nos traem.
Estas estruturas ou esquemas influenciam a atenção, a codificação e a
recuperação de informação, e podem nos levar a uma profecia auto realizada. Esta é
uma previsão que, uma vez feita, é em si mesma a causa de se tornar realidade (Merton,
1948).
Por outro lado, o conhecimento social é, em parte, independente de outros
tipos de conhecimento. As pessoas que contam com habilidades intelectuais superiores
para a resolução de problemas não necessariamente têm habilidades superiores para a
resolução dos problemas sociais. As habilidades de resolução de problemas podem ser
aprendidas ou ensinadas, separadas das capacidades intelectuais. Por isso, a melhora das
inteligências, como a emocional ou a cultural, é tão importante

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Colocar-se na perspectiva dos demais
Um dos modelos mais úteis sobre a cognição social é o de Robert
Selman. Selman antecipou uma teoria sobre a habilidade para se situar na
perspectiva social dos demais.
Para esse autor, assumir a perspectiva social dos outros é a capacidade que nos
dá o poder para compreendermos a nós mesmos e aos demais como sujeitos,
permitindo-nos reagir diante da própria conduta do ponto de vista dos outros. Selman
(1977) propõe cinco etapas de desenvolvimento para esta perspectiva social:
 Etapa 0: etapa egocêntrica indiferenciada (de 3 a 6 anos). Até
aproximadamente os 6 anos as crianças não conseguem fazer uma distinção
clara entre sua própria interpretação de uma situação social e o ponto de vista do
outro. Também não conseguem compreender que sua própria concepção pode
não ser correcta.

 Etapa 1: etapa de tomada de perspectiva diferencial ou subjectiva, ou etapa


informativo social (de 6 anos a 8 anos). As crianças desta idade desenvolvem o
conhecimento de que as outras pessoas podem ter uma perspectiva diferente.
Porém, as crianças têm uma compreensão escassa sobre as razões que se
escondem atrás dos pontos de vista dos outros.

 Etapa 2: adopção de uma perspectiva auto reflexiva e tomada de


perspectiva recíproca (8 a 10 anos). Os pré-adolescentes, nesta etapa, tomam a
perspectiva do outro indivíduo. Os pré-adolescentes já são capazes de fazer
diferenciações sobre as perspectivas dos outros. Também conseguem reflectir
sobre as motivações que são subjacentes a sua própria conduta a partir da
perspectiva de outra pessoa.

 Etapa 3: etapa da tomada de perspectiva mútua ou de uma terceira pessoa


(10 aos 12 anos). As crianças podem identificar suas próprias perspectivas, as de
seus companheiros, assim como as de uma terceira pessoa neutra. Como
observadores em terceira pessoa, podem contemplar a si mesmos como objectos.

Etapa 4: etapa de tomada de perspectiva individual profunda e dentro do


sistema social (adolescência e idade adulta). Há duas características que distinguem
as concepções dos adolescentes das de outras pessoas. Em primeiro lugar, tornam-se
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conscientes de que os motivos, as ações, os pensamentos e os sentimentos são formados
por fatores psicológicos. Em segundo lugar, começam a apreciar o fato de que uma
personalidade é um sistema de características, crenças, valores e atitudes com sua
própria história evolutiva
Etapa 4: etapa de tomada de perspectiva individual profunda e dentro do
sistema social (adolescência e idade adulta). Há duas características que distinguem
as concepções dos adolescentes das de outras pessoas. Em primeiro lugar, tornam-se
conscientes de que os motivos, as ações, os pensamentos e os sentimentos são formados
por fatores psicológicos. Em segundo lugar, começam a apreciar o fato de que uma
personalidade é um sistema de características, crenças, valores e atitudes com sua
própria história evolutiva
Outra perspectiva com um grande impacto é a norte-americana (Lewin,
1977). Esta forma de entender a cognição social se centra no indivíduo e em seus
processos psicológicos. Segundo esta visão, o indivíduo constrói suas próprias
estruturas cognitivas a partir das interações com seu entorno físico e social.
Como foi visto, a cognição social é a forma como gerenciamos a grande
quantidade de informação social que recebemos todos os dias. Os estímulos e dados
que coletamos pelos sentidos são analisados e integrados em esquemas mentais, os
quais guiarão nossos pensamentos e condutas em ocasiões posteriores.
Estes esquemas, uma vez formados, serão difíceis de mudar. Por isso, segundo a
frase atribuída a Albert Einstein, é mais fácil desintegrar um átomo do que um
preconceito. Nossas primeiras impressões serão cruciais, salvo que coloquemos em
curso um pensamento crítico que nos ajude a desenvolver uma cognição social mais
eficiente e ajustada à realidade

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Conclusão
Ao longo desta exploração da cognição social, mergulhamos em um universo
complexo e fascinante que permeia todas as facetas das interacções humanas. Ficou
claro que a capacidade de compreender e responder aos estímulos sociais é essencial
para a nossa adaptação e sucesso no mundo social.
Através da análise da teoria da mente, pudemos apreciar a habilidade única de
inferir os pensamentos e intenções de outras pessoas, um elemento central na formação
de relações empáticas e na resolução de conflitos. A empatia, por sua vez, emergiu
como um componente crucial na construção de pontes entre indivíduos, permitindo-nos
conectar emocionalmente com os outros e entender suas experiências.
Em última análise, a cognição social é um reflexo da riqueza e complexidade da
experiência humana. Ao desvendar seus mistérios, ampliamos nossa compreensão da
natureza humana e adquirimos as ferramentas necessárias para cultivar relações mais
significativas e uma sociedade mais compassiva e empática.

8
Referências bibliográficas
 Adolphs, R (1999). Social cognition and the human brain. Trends in
Cognitive Sciences 3: 469-79.
 Fiske, S. T. y Taylor S. E. (1991). Social Cognition. McGraw-Hill, Inc.
 Lewin, K. (1997). Resolving social conflicts: Field theory in social science.
Washington, DC: American Psychological Association.
 Merton, R. K. (1948). The self fulfilling prophecy. Antioch Review, 8, 195-
206.

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