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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP


ICH – Curso de psicologia / Campus Paraíso

Nome: Jéssica Izumi Bueno Nishimori


RA: N2728b-0
Semestre / Período: 10° semestre, noturno
Título da atividade: Fichamento de artigos
Data da realização: 13/07/2022

1. Educação remota: desafios de pais ensinantes na pandemia

O artigo em questão discorre sobre as relações de ensino e aprendizagem no


contexto da pandemia em decorrência da implantação das aulas remotas.
Entretanto, diversos fatores aparecem como impeditivo para que a aprendizagem
ocorra de forma satisfatória.
Tais questões desencadeiam evidentes defasagens e prejuízos na obtenção e
apreensão de conteúdos, principalmente para as crianças na primeira infância.
Essas implicações podem desencadear diversos prejuízos, tanto para as crianças,
quanto aos seus responsáveis. Os danos citados pelo artigo vão desde stress
psicorgânico em decorrência da sobrecarga dos responsáveis, até sérios prejuízos
cognitivos e psicológicos.
Segundo Piaget (1994), as crianças na fase pré-operatória do
desenvolvimento (2 a 7 anos), estão em um momento de aquisição de símbolos,
domínio da linguagem e alfabetização, além de ser um período importante para a
internalização de normas e regras. Entretanto, para que todos esses aspectos sejam
desenvolvidos, torna-se necessário uma regularidade nas atividades realizadas.
Conforme os dados apurados pelos autores, a pandemia tornou explicito os
problemas enfrentados por nosso país no quesito educação. De modo que, antes
mesmo da pandemia a qualidade do ensino era considerada fraca e discrepante em
relação aos países de primeiro mundo.
Outro fator que contribui para insuficiência do aprendizado das crianças no
contexto das aulas remotas é a falta do contato próximo com a figura de ensino. De
cordo com Vygotsky (1991, p. 56 – 61), o modelo ensino-aprendizagem é definido
pelo papel ativo do educador, de modo que deve eliciar os avanços do educando.
Levando isso em consideração, percebe-se que as aulas online prejudicaram essa
relação.
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Vale ressaltar que o artigo evidência também a disparidade econômica e


social no Brasil, de modo que tal questão possui relação direta com a qualidade do
ensino oferecido. A vulnerabilidade social a que certas classes estão expostas
impedem uma parcela relevante da população não tenha acesso a computadores ou
internet, tecnologias necessárias para o acesso às aulas remotas.
Ainda, segundo os resultados apresentados, o fator socioeconômico é um dos
maiores responsável dos impactos na continuidade da aprendizagem. Paugam
(1999, p. 68), elaborou o conceito de “desqualificação social” para falar sobre o
agrupamento realizado pelos órgãos de controle social das camadas mais pobres da
sociedade, de modo que ocorra uma ocultação dessas pessoas, tornando-as
invisíveis para o restante da sociedade.
Do lado dos possíveis prejuízos psicológicos, o artigo ressalta o acúmulo de
responsabilidades que a pandemia exigiu dos responsáveis e familiares dessas
crianças. O contexto da desigualdade e vulnerabilidade social torna esse quadro
pior, pois muitos desses responsáveis não consegue acompanhar a aprendizagem
dos filhos, seja por conta do trabalho ou por não dominarem os conteúdos
ensinados. Desse modo, tais exigências impostas intensificam a ansiedade e
estresse, pois os encarregados não estavam preparados para lidar com essa
sobrecarga.
Além disso, há uma sentimento de angústia atrelado ao medo de adoecer e
necessidade de trabalhar para não perder a renda. Todas essas questões,
contribuem para desencadear um quadro de estresse toxico, caracterizado por um
sentimento de alerta, resultado da vivência de um quadro longo, frequente e
prolongado de estresse. São muitas variantes para o corpo físico e psicológico lidar,
de modo que para enfrentar esse estresse extremo, o artigo sugere as estratégias
de enfrentamento, denominado coping.
Considero que o artigo foi de grande relevância em minha formação
academia, pois aborda um tema que ainda está em evidência. As consequências do
cancelamento de aulas e posteriormente do ensino remoto são perceptíveis e devem
ser analisadas atentamente, ainda mais em relação à possibilidade de desencadear
problemas cognitivos e psicológicos. Nesse sentido a desigualdade e vulnerabilidade
social contribuiu muito para esse cenário, contudo apenas evidenciou um problema
que enfrentamos há tempos.
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Desse modo, acredito que seja nosso papel, como futuros psicólogos atuar
comprometidamente, ofertando o acolhimento dessas famílias que se encontram
fragilizadas emocionalmente em função da vulnerabilidade e invisibilidade social que
vivenciam. Tendo como proposito a escuta, apoio e informando sobre possibilidades,
direitos e meios de ressignificar esse paradigma, mobilizador de angústias e
ansiedades.
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2. Reflexões baseadas na Psicologia sobre efeitos da pandemia COVID-19


no desenvolvimento infantil

O artigo discorre sobre os impactos psicológicos ocasionados pelo contexto


pandêmico que vivemos. É discutido e analisado como se caracterizam esses
prejuízos em relação ao psicológico de crianças, considerando o contexto de
isolamento social e a impossibilidade de sair de casa, assim como as mudanças
relacionadas ao ensino remoto.
As crianças pertencem a um grupo considerado de vulnerabilidade em nossa
sociedade. Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (1990), são assim
consideradas, pois são indivíduos em estado de desenvolvimento cognitivo, físico e
mental. Além disso, possuem a personalidade em desenvolvimento, de modo que
impactos em seu decurso saudável pode gerar impactos para o resto da vida.
Visando essas informações, o artigo trabalha questões relacionadas aos
fatores estressores que podem causar impactos nesses indivíduos e suas
imbricações no desenvolvimento de estresse tóxico e as possibilidades de remediar
tais efeitos através de mecanismos de autorregulação como modo de
enfrentamento.
O artigo é estruturado segundo a teoria do desenvolvimento bioecológico de
Bronfenbrenner (2011), que discorre sobre a importância da família na constituição
do desenvolvimento saudável e adaptativo, além do desenvolvimento de
competências positivas e comportamentais.
Para o autor, os pais possuem extrema importância principalmente na
primeira infância, em relação ao contexto desenvolvimental. Desse modo, são
responsáveis por fornecer os cuidados e suporte necessário necessários e um
modelo de como lidar com as situações complexos, possíveis desencadeadores de
estresse. Dessa forma, o texto indica que uma forma de minimizar os danos das
questões pandêmicas no psiquismo infantil, seria por meio do exercício da
parentalidade positiva.
Entretanto, em nossa sociedade existem aspectos que impossibilitam que
essa parentalidade seja praticada de forma discorrida por Bronfenbrenner (2011).
Tais fatores colocam em risco a possibilidade de um desenvolvimento saudável e
adaptativo. Nesse contexto, citam-se ambientes considerados caóticos, com alto
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nível habitacional, alta de recursos, rotina inexistente, falta de estrutura e controle,


conflitos, etc.
O contexto pandêmico ocasionou um caos em grande escala no mundo, pois
pouco se sabia do vírus, além de sua letalidade e o alto índice de contágio. Além
disso, a falta do contato social e a impossibilidade de sair de casa deixaram as
pessoas em um estado de estresse, ansiedade, medo, angústia, apreensão e
incerteza.
De acordo com Bronfenbrenner (2011), a escola é o segundo lugar mais
importante em relação ao desenvolvimento saudável, adaptativo e de aprendizagem.
Logo, a necessidade de realização das aulas remotamente, resulta em um grande
prejuízo a esses indivíduos.
Em relação ao exposto no artigo, percebe-se que todo o contexto causado
pela pandemia mobilizou enorme estresse na população, de modo que se torna
necessário desenvolver estratégias de enfrentamento, denominado coping como
forma adaptativa a nova realidade que vivenciamos.
Para que o coping ocorra e um evento considerado uma forma de ameaça
deve se recompor três necessidades psicológicas básicas, estas estão relacionadas
ao vínculo afetivo, percepção de controle e autonomia. Vale ressaltar que o coping
pode ser estabelecido de forma positiva ou negativa, tudo depende do ambiente em
que se está inserido. Ao estar inserido em um ambiente caótico, inevitavelmente as
estratégias mal adaptativas surgem, causando grande prejuízo e resultando em
respostas que podem causar ainda mais prejuízo psicológico e emocional.
Dessa forma, considero que o artigo foi muito rico para minha constituição
como futura psicóloga, pois além de aprender sobre um novo autor, considerei seus
postulados muito ricos, visto que de fato a constituição familiar possui grande
influência no desenvolvimento infantil. Considero que os métodos de enfrentamento
de situações de extremo estresse são de fato uteis para fortalecimento e
enfrentamento de condições adversas.
Acredito que o papel do psicólogo nesse contexto pandêmico de extrema
importância, pois se percebe que a vivência desse contexto causou grande prejuízo
ao emocional e psicológico das pessoas. Nosso dever é atuar no fortalecimento,
suporte, acolhimento, de modo a incentivar e orientar sobre os modos adaptativos e
novas formas de resposta mais adaptativas para se resguardar a integridade
psicossocial.
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3. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

BRASIL. Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da


Criança e do Adolescente e dá outras providências. Diário Oficial [da]
República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 16 jul. 1990. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm

BRONFEBRENNER, U. Bioecologia do desenvolvimento humano: Tornando os


seres humanos mais humanos. Porto Alegre, Artmed, 2011

LINHARES, M. B. M. ENUMO, S. R. F. Reflexões baseadas na Psicologia sobre


efeitos da pandemia COVID-19 no desenvolvimento infantil. Estudos de
Psicologia, Campinas, v. 37, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1982-
0275202037e200089. Acesso em: 13/07/2022.

LAGUNA, T. F. S. HERMANNS, T. SILVA, A. C. P. RODRIGUES, L. N. ABAID, J. L.


W. Educação Remota: Desafios de pais ensinantes na pandemia. Revista Brasileira
de Saúde Materno Infantil. Recife, v. 21, 2021. Disponível em:
https://doi.org/10.1590/1806-9304202100S200004. Acesso em: 13/07/2022.

PAUGAM, S. As artimanhas da Exclusão. Análise psicossocial e ética


da desigualdade social. 2° edição. Rio de janeiro, 1999, p. 67-86.

PIAGET, J. O juízo moral na criança. São Paulo, Summus, 1994.

VYGOTSKI, L. S. A formação social da mente. 4 ed. São Paulo, Martins Fontes,


1991.

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