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DOI:10.34117/bjdv6n7-571
RESUMO
Este artigo tem como objetivo apresentar um estudo teórico que visa discutir e refletir sobre o papel
do psicólogo escolar no ensino superior em um contexto de pandemia. Na análise realizada, utilizou-
se como pressuposto teórico a Psicologia Histórico-Cultural, em especial os conceitos de Vigotski e
também alguns postulados da filosofia de Espinosa. Discutiu-se os impactos para a saúde mental um
contexto de pandemia e isolamento social, destacando-se como as instituições de ensino superior
tiveram que modificar toda sua forma de ensino e aprendizagem através do ensino remoto. Neste
contexto, professores, alunos e equipe gestora convivem com as incertezas em relação a uma efetiva
formação acadêmica e as complexas demandas que multiplicaram-se neste cenário. Frente a estes
inúmeros desafios, propõe-se a importância do cuidado e fortalecimento das relações humanas dentro
do contexto do ensino superior, em especial pelo desenvolvimento de coletivos que sejam capazes de
construir e pensar formas eficientes para o processo de formação acadêmica. Neste sentido, destaca-
se neste artigo o papel do psicólogo escolar enquanto mediador e formador de coletivos entre os atores
do ensino superior a fim de conseguir superar as adversidades de um contexto de pandemia.
ABSTRACT
This article aims to present a theoretical study to discuss and reflect on the role of the School
Psychologist in higher education in a pandemic context. Historical-Cultural Psychology was used as
a theoretical assumption, especially the concepts of Vigotski and also some postulates of Spinoza's
philosophy. The impacts on mental health were discussed in a context of pandemic and social
isolation, highlighting how higher education institutions had to modify their entire form of teaching
and learning through remote education. In this context, teachers, students and administrating staff live
with the uncertainties about an effective academic formation and the complex demands that were
multiplied in this scenario. In the face of these numerous challenges, the importance of caring and
strengthening human relationships within the context of higher education is proposed, especially by
the development of collectives that are able to build and think efficient ways for the academic training
process. In this sense, this article highlights the role of the School Psychologist as a mediator and
trainer of collectives among higher education actors in order to overcome the adversities of a
pandemic context.
1 INTRODUÇÃO
Sou professora no ensino superior e ministro diferentes disciplinas no curso de formação em
Psicologia. No dia 16 de março acordei como de costume, pronta para começar uma semana de muito
trabalho. Porém, não imaginava que naquela semana muita coisa iria mudar. Desde esta data e por
meses, não ministrei aulas presenciais ao passo que novas rotinas e estratégias foram sendo
construídas e ressignificadas para a concretização de uma nova forma de estabelecer os processos de
ensino e aprendizagem. Em paralelo às ações de ensino, em minha pesquisa de pós-doutoramento
discuto o papel do psicólogo escolar no ensino superior, defendendo a importância desse profissional
no que refere-se ao cuidado e trabalho com as relações que permeiam o contexto da educação superior.
Sendo assim, a construção desse artigo teórico é fruto de minha experiência e vivência enquanto
professora no ensino superior em um contexto de pandemia somado aos meus interesses pelo campo
da Psicologia Escolar no ensino superior, o que me fez levantar alguns questionamentos: Quais são
as possibilidades de atuação do psicólogo escolar no ensino superior em um contexto de pandemia?
Qual seria sua importância? Ainda, quais seriam suas possibilidades de trabalho? Sendo assim, este
artigo tem como objetivo apresentar algumas acepções acerca do papel do psicólogo escolar no ensino
superior em um contexto de pandemia.
A crescente propagação do vírus SARS-CoV-2 pelo mundo trouxe inúmeras mudanças que
resultaram em um contexto de intensa imprevisibilidade e incerteza em vários aspectos. Este vírus
não trouxe somente a necessidade de cuidados e novas mudanças de rotina no âmbito da saúde, mas
teve também outros segmentos da nossa sociedade afetados, como por exemplo a educação. No Brasil,
a partir do mês de março de 2020 todas as escolas e instituições de ensino superior suspenderam as
aulas a fim de conseguir controlar a propagação viral. Em um primeiro momento, pensou-se que seria
uma suspensão de curta duração, mas o tempo foi passando e a determinação da Organização Mundial
de Saúde em relação ao isolamento social foi-se consolidando como forma de proteção às pessoas.
Portanto, o que era uma medida provisória de 15 dias, passou a ser de 30 e caminhou-se para a situação
atual em que não se sabe quando seremos liberados do isolamento social de modo que nossas vidas
não encontrem-se em risco. Neste contexto, além dos questionamentos em relação a nossa saúde,
perpassa também os possíveis encaminhamentos no âmbito da formação: como ficam os processos
de ensino e aprendizagem? A formação será interrompida? Se não, como conduzir a formação do
futuro profissional?
Todos os segmentos educacionais sofreram com esse contexto, no entanto o debate que
propõe-se realizar neste ensaio é em relação ao ensino superior. Com a suspensão das aulas
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Inúmeros são os desafios econômicos, sociais e políticos em um contexto de pandemia, e que
afetam de forma expressiva a vida das pessoas e instituições. Em relação ao contexto da educação,
muitas foram as adaptações necessárias para a garantia do isolamento social como forma de proteção
ao SARS-CoV-2. Na maior parte das instituições de ensino superior, em especial àquelas do contexto
privado, adotou-se como principal encaminhamento o ensino remoto das aulas teóricas. A partir desta
medida, uma serie de implicações e alterações foram necessárias e que modificaram de forma
expressiva a forma como ocorrem os processos de ensino e aprendizagem, além da rotina de alunos,
professores e equipe gestora. Neste contexto, muitas são as implicações, possibilidades e riscos em
relação ao oferecimento de um ensino de qualidade. Neste artigo, tem-se a clareza que muitas medidas
são importantes para a garantia de uma qualidade na formação superior, mas ressaltou-se que um dos
caminhos é a construção e o cuidado com as relações humanas frente aos processos de ensino e
aprendizagem em um contexto de pandemia.
A partir destas reflexões, apontou-se o papel do psicólogo escolar como sendo o principal
profissional que poderia ajudar no cuidado e atenção as relações humanas dentro dos muros das
instituições de ensino superior, em especial no que refere-se a construção de coletivos que sejam
potentes para a configuração de novos sentidos e significados em relação ao processo de ensino e de
aprender para todos os atores envolvidos (professores, alunos, equipe gestora). Via de regra, o cuidado
com as relações humanas não é colocado como uma demanda prioritária pelas instituições escolares,
REFERÊNCIAS