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Capítulo 23
ORIENTAÇÃO PARENTAL
EM TEMPOS DE PANDEMIA:
CONTRIBUIÇÕES DO
PSICÓLOGO ESCOLAR
ORIENTAÇÃO PARENTAL
EM TEMPOS
DE PANDEMIA:
CONTRIBUIÇÕES DO PSICÓLOGO ESCOLAR
DOI: 10.31560/PIMENTACULTURAL/2021.441.580-595
INTRODUÇÃO
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Com o fechamento das escolas, uma das opções viáveis
encontradas para tentar driblar a situação foram as aulas na modalidade
online, ou EAD – Educação à Distância, que já era regulamentada no
Brasil desde 2017, desde que as medidas de acessibilidade sejam
asseguradas nos meios utilizados, como dispõe no Art. 2 do Decreto
Nº - 9.057, de 25 de maio de 2017 (BRASIL, 2017). Porém, não é o
que os noticiários têm mostrado, como desde maio as aulas tornaram-
se remotas, uma maior responsabilidade em relação à educação dos
estudantes acaba recaindo sobre os pais. O intuito desse capitulo,
através de uma revisão bibliográfica, é compreender como o escopo
teórico e prático da Psicologia escolar pode contribuir para a orientação
dos pais de alunos no período atual de pandemia o qual vivemos,
partindo dos fundamentos da atuação do Psicólogo Escolar, e os
cuidados psicológicos em meio a uma crise humanitária.
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relações escolares e suas interações sociais, atuando em conjunto
com toda a equipe da rede escolar.
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Nesse ponto, o psicólogo escolar é provedor de repassar à
equipe multidisciplinar da instituição seu conhecimento teórico, prático
e suas experiências acerca da educação. Tem o objetivo de desmistificar
o pensamento de que todo o aluno é biologicamente responsável por
seus fracassos escolares, desconsiderando os fatores sociais, culturais
e familiares que podem estar envolvidos nos déficits de aprendizagem
dos alunos. Este também busca enfatizar ainda mais a importância
da relação professor-aluno no processo de aprendizagem. Um estudo
feito por Moreira e Oliveira (2016) analisou a importância da atuação
do psicólogo na solução dos problemas de aprendizagem com origem
em distúrbios psicológicos; de acordo com os mesmos:
(1) o motivo do fracasso escolar não se deve somente à escola e
na relação professor/aluno. Por vezes, o êxito na aprendizagem
sujeita a dissolução de problemas psicológicos, fato que solicita
a intervenção de um profissional da psicologia; (2) a atuação do
psicólogo na instituição escolar não pode se restringir a atender
o educando e a sua família, orientar o profissional da educação,
ou seja, professor, orientador, supervisor é essencial para ocorrer
a superação dos barreiras psicológicas da aprendizagem; (3) o
psicólogo escolar deve atuar não somente de forma curativa,
mas especialmente com enfoque na prevenção. (2016, p.14).
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Segundo o Conselho Federal de Psicologia, além do caráter
preventivo da psicologia escolar, o psicólogo deve favorecer
um ambiente escolar que promova saúde e bem-estar aos seus
frequentadores, visando estratégias que diminuam as dificuldades de
ensino aprendizagem dos educandos (CFP, 1992). Considerando o
contexto atual de Pandemia ocasionada pelo novo coronavírus, Pott
(2020) afirma que o profissional mais apto para atuar na atenção e
cuidado das relações humanas é o psicólogo escolar, pois este é o
profissional com maior conhecimento para favorecer a construção
de um cenário educacional adequado, considerando todo o contexto
de angústia e sofrimento dos alunos e professores, que leva a um
adoecimento mental.
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O impacto causado pela pandemia do novo coronavírus
vem impondo drásticas modificações na rotina da população
mundial. Diversas áreas foram atingidas por essas mudanças,
entre elas, a educação. Logo após a OMS declarar pandemia de
coronavírus, o Ministério da Educação passou a definir critérios para
a prevenção ao contágio da COVID-19 nas escolas. Desse modo,
o desafio fundamental da educação brasileira tem ido se readequar
ao cenário para que os estudantes não sejam prejudicados com a
pandemia (DE JESUS PEREIRA, 2020).
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A quebra de rotinas educativas tem sido objeto de estratégias
de Ensino à Distância (EAD), as quais são existentes desde o final
do século XIX e passaram a possuir maior relevância a partir do final
do século XX conforme a difusão das Tecnologias de Informação e
Comunicação (TICs), não obstante existam limitações relacionadas,
seja ao uso em diferentes níveis, principalmente nas faixas etárias
mais baixas do ensino fundamental e básico, seja à acessibilidade
devido a problemas individuais de inclusão digital ou hardware ou
a problemas estruturais dos backbones de redes em determinadas
localidades (SENHORAS, 2020).
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nas sociedades, de modo que os atores econômicos privilegiados e
com amplo acesso ao ensino privado e às Tecnologias de Informação
e Comunicação (TICs) conseguem minimizar os efeitos pandêmicos
no curto prazo por meio da continuidade educacional via EAD em
contraposição a atores econômicos mais vulneráveis.
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TEMPOS DE PANDEMIA
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É evidente que o bom resultado que a criança alcança em meio
escolar depende não somente da escola como também do contexto
no qual esta se insere e da qualidade de interação familiar. Os pais,
historicamente, ocupam a posição de primeira instituição a prestar
o papel de cuidadores, modelos de comportamento, agentes de
socialização, educadores, etc. dos seus filhos. Contudo, as condições
exigidas por uma criança com problemas no desenvolvimento,
potenciam aumento nos níveis de estresse parentais e clamam destes
pais algumas habilidades que, geralmente, não são cobradas numa
função parental denominada normal (COUTINHO, 2003).
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entre outros (COELHO E MURTA, 2007). No programa preventivo de
orientação parental com base em práticas positivas por Rodrigues et
al. (2019), compunha-se sessões baseadas em ensinar e incentivar
os pais a aplicar de forma prática dois princípios desenvolvidos por
Steinberg em sua obra The 10 Basic Principles Of Good Parenting
(2005) no cotidiano dos seus filhos e em trabalhar as dificuldades
apresentadas por mães, através da estimulação das análises de
contingências e treino de repertório.
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para o trabalho de educação para além da sala de aula remota, sendo
esta a orientação com grupos de pais, visando melhoria na integração
família-escola e nos recursos socioeducativos que podem ser utilizados
em ambiente doméstico.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Certificando-se que um dos maiores estressores para pais e
filhos durante a pandemia é a sobrecarga de demandas no âmbito
familiar e a fragilização do funcionamento das redes de apoio, mostra-
se como uma intervenção favorável, a qual cabe ser encaminhada
às escolas, a orientação parental sobre exercício e manutenção de
medidas socioeducativas durante o atual formato de ensino. Assim,
o debate proposto neste capítulo se mostra apenas uma porta de
entrada das possibilidades de estudos e reflexões sobre a orientação
parental como ferramenta psicológica de grande eficácia no que diz
respeito aos cuidados psicológicos em meio a uma crise humanitária.
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Editora executiva Patricia Bieging
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Revisão Autores e organizadores
Organizadores Fauston Negreiros
Breno de Oliveira Ferreira
Inclui bibliografia.
ISBN: 978-65-5939-044-1 (eBook)
CDU: 37.015
CDD: 370
DOI: 10.31560/pimentacultural/2021.441
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