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(Milton Nascimento)
Espera-se que o aluno em formação seja no futuro um agente multiplicador, que levará de forma
estágios clínicos que atuam com crianças que apresentam queixas relacionadas à aprendizagem
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considera a regulação mútua pessoa-contexto e a representação que a pessoa faz a respeito da sua
experiência no contexto (Sameroff, 2010), assim as dificuldades apresentadas pelo indivíduo são
pensadas a partir das interações que esse estabelece com os contextos de desenvolvimento que
transacionais, seja entre domínios adaptativos intrapessoais, seja entre o indivíduo e o meio
Dentro desse contexto sistêmico outros pressupostos teóricos merecem destaque, como
desenvolvimento como sendo atividades que espera-se que o indivíduo cumpra em cada fase do
ciclo vital, a depender da cultura e momento sócio-histórico (Masten & Coastworth, 1998); assim
ao se pensar na demanda de pacientes atendidos (em nosso serviço) com queixas escolares
meninice são bom desempenho escolar, a capacidade de se dar bem com os companheiros e a
adesão às regras da sociedade para comportamento moral e conduta pró-social (Marturano, Elias,
& Campos, 2004; Bornstein, Hahn, & Haynes, 2010; Masten & Coastworth, 1998). Tem-se que
pensarmos nas queixas escolares relacionadas com o não aprender de indivíduos na meninice
(não superadas nessa fase), isso os coloca em situação de maior vulnerabilidade na fase seguinte
adolescência. Quanto aos fatores de risco e de proteção, quer estáticos ou dinâmicos (estáveis ou
são vistos como um evento adverso que põe a criança em risco de desadaptação psicossocial por
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indivíduo na fase seguinte, a adolescência. Diante desse contexto, considera-se que a entrada da
criança no ensino fundamental constitui um período de transição em sua vida no qual ocorrem
várias mudanças, como: convivência em diferentes contextos, maiores exigências do meio social
(mais regras e mais complexas), menor tolerância à dependência e o suporte familiar menos
disponível (Del Prette & Del Prette, 2005; Marturano, Toller & Elias, 2005; Marturano & Elias,
2016). Então, o que são as dificuldades ou distúrbios de aprendizagem que, na maioria das
sinônimos) são pensadas como dificuldades apresentadas pelo indivíduo no aprender sobretudo
escolar, que são decorrentes de uma possibilidade imensa de fatores (internos e/ou externos) ao
mesmo. Considera-se fatores de ordem pessoal, familiar, social, pedagógica entre outros; ressalta-
se que o foco não está apenas nas dificuldades, mas sobretudo nas interações que se estabelecem
e seus sentidos (Santos & Marturano, 1999; Marturano & Elias, 2006; Fonseca, 1995).
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Outra fonte de classificação para os distúrbios de aprendizagem pode ser dada pelo
indivíduo para ser diagnosticado como tendo distúrbio de aprendizagem deve apresentar um de
seis sintomas possíveis: leitura de palavra de forma imprecisa (lenta ou com esforço); dificuldade
numérico, fatos numéricos ou cálculo e; dificuldades no raciocínio. Deve-se considerar ainda que
presença de ao menos um dos sintomas tenha persistido por no mínimo 6 meses, apesar do
indivíduo ter recebido intervenções dirigidas a essas dificuldades. Ressalta-se ainda que os
distúrbios não podem ser decorrentes de deficiências intelectuais, visual, auditiva, transtornos
Já no que tange às dificuldades de aprendizagem, elas são a queixa mais frequente nos
serviços de psicologia, sendo a taxa de meninos maior e associação com outros problemas como
comportamentos externalizantes (Marturano, Elias & Leme, 2014). A clareza das diferenças entre
(visão organicista) se faz necessária, contudo o que mais importa é o indivíduo que as apresenta e
aprendizagem, deve-se ter claro que as consequências funcionais como o baixo desempenho
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funcionais em médio e longo prazo como evasão escolar, menores taxas no ensino superior,
dificuldades que podem estar presentes nos indivíduos, quer com dificuldades ou distúrbios de
aprendizagem, que acabam dificultando, muitas vezes, o diagnóstico preciso. Nesse sentido a
avaliação merece grande atenção, pois além dos recursos da avaliação que cabe ao psicólogo, é
necessária a clareza das limitações existentes e a formação de parcerias com outros profissionais.
comportamentais que prejudicam a interação da criança com pares e adultos de sua convivência
transtornos como depressão, isolamento social, ansiedade, fobia social e doenças psicossomáticas
(Del Prette& Del Prette, 2005; Gresham& Elliott, 1990; Hinshaw, 1992; Patterson, Reid,
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lento na superação das dificuldades e sinalizando uma maior vulnerabilidade dos indivíduos.
microssistema escola central. Sabemos que a maioria das crianças se adapta relativamente bem ao
esperado para a idade. Existe, porém, a parcela de crianças que não corresponde às expectativas
inclusão escolar. Como essa parcela é a minoria dos alunos em números absolutos, por muito
tempo a escola (entendemos aqui como o sistema educacional maior), excluía através de seus
mecanismos ou nem mesmo aceitava esses alunos. Atualmente com a difusão dos
conhecimentos, políticas públicas e leis que visam proteger as necessidades de cada aluno
(inclusive dessa minoria), a escola tem o papel de incluir todos os alunos nas atividades
É na escola onde na grande parte dos casos as dificuldades apresentadas pela criança
começam a ser notadas, pois eles são os que não se adaptam ao modelo esperado, são como
pássaros que não seguem o bando em um momento necessário à sobrevivência. Isso parece
óbvio, visto que tanto as dificuldades como os distúrbios dizem respeito ao aprender acadêmico;
contudo, muitas vezes, essas crianças já davam sinais em outros ambientes de suas dificuldades,
mas essas não eram valorizadas por inúmeras razões. Assim, a escola ocupa um papel central nos
casos de dificuldades ou distúrbios de aprendizagem dado que ela os deflagra e deve auxiliar na
sua superação. É nela que diariamente a criança ou adolescente vivencia sua experiência de não
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importante papel social na vida de seus alunos que, em sua maioria, passam pelo menos um terço
de seu dia no ambiente escolar. Embora seja um ambiente repleto de regras e prazos a serem
seguidos, a escola deve prezar pelo desenvolvimento e formação integral de seu aluno, colocando
em prática ações que visem criar cidadãos conscientes e responsáveis e também melhorar a vida
educacional como também social (Pereira & Carloto, 2016). Por mais que a escola tenha evoluído
no sentido da inclusão desses alunos que por algum motivo não se enquadram em suas
normativas, na prática ainda faltam muitas transformações para que, de fato, os alunos sejam
Nesse cenário busca-se firmar parcerias com a escola de cada um dos pacientes
atendidos, realizando com esta o mesmo trabalho realizado com os pais, um processo de escuta e
orientação. Esse contato muitas veze, é difícil por diferentes razões (culturais, institucionais,
relacionais entre família e escola, histórica entre escola e psicologia entre outras), assim a parceria
desafio não é maior só por esses motivos, mas sobretudo pois é nela que o aluno deve se sentir
presente texto é a família. A família tem forte influência sobre as dificuldades ou distúrbios de
ou potencializando tais dificuldades (fatores de risco). Dentro desse contexto a família tem papel
aprendizagem. Ela não é só informante da queixa mas também parte integrante do atendimento.
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dinâmica familiar, crenças e experiências escolares, práticas educativas, expectativas, entre outros,
de forma a ter clareza nas relações proximais que se estabelecem entre essa e o paciente.
As considerações teóricas postas até aqui guiam as avaliações e intervenções realizadas com a
dificuldades de Aprendizagem”.
Objetivos do Estágio
Esse estágio tem como objetivo geral oferecer ao aluno formação teórica e prática na área
aprendizagem e também de suas famílias. Como objetivos específicos espera-se levar os alunos a:
microssistemas dos quais participa (família e escola), no que tange potencialidades e dificuldades
apresentadas pelo indivíduo e o contexto no qual está inserido; treinar a escolha e utilização de
atitudes que considerem aspectos éticos como: a relação com a clientela atendida; o arquivo da
respostas inadequadas dos alunos a uma exigência da escola e/ou sociedade. Essas podem vir de
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diferentes ordens como sociais, afetivas e neurológicas e que seja qual for a ordem se manifesta
origem e a dinâmica das dificuldades e assim planejar sua intervenção, tendo empatia para
acolher crianças que, ao chegarem ao serviço, trazem consigo uma história de fracasso e
sentimentos de menos valia (baixa auto-estima, baixa auto eficácia), isso tudo traduzido em um
que junto com as crianças chegam suas famílias, também em sofrimento, cansadas, muitas vezes,
de perambularem por serviços à procura de uma ajuda e, acima de tudo, de uma explicação para
atividades são sequenciadas em ordem crescente de dificuldade, de modo que cada nova tarefa
represente um desafio estimulante e possa ser realizada pela criança com mediação apropriada do
adulto (Mentis, 1997). A mediação é entendida como processo de interação entre uma pessoa em
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são diversificadas e envolvem atividades de escrita e leitura, jogos de regras, técnicas expressivas,
alguns princípios são considerados: interesses da criança; faixa etária e sexo; contexto cultural e
final.
A literatura no que tange aos estudos em psicologia escolar tem apontado a necessidade de
trabalhos diretamente no ambiente escolar como forma de redução aos encaminhamentos das
crianças por queixa escolar, na maioria das vezes, por dificuldades de aprendizagem e problemas
de comportamento (Neto et al., 2015). Isso remete à importância do contato com a escola e da
avaliação que essa faz da criança encaminhada ao serviço. Assim, o contato com a escola vai
desde conversas por telefone a visitas mensais para orientação a depender da abertura dessa.
O primeiro passo é fazer uma entrevista com a família sobre o motivo da consulta e da
busca pelo atendimento. A entrevista é feita preferencialmente com ambos os pais ou cuidadores
do paciente. Essa entrevista é extensa, abarcando além de todos os tópicos de uma entrevista
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sobre o desempenho escolar da criança desde seu primeiro contato com instituição educacional
aprendizagem e recursos disponíveis para a criança aprender; como ocorre a lição de casa;
disciplinas que tem mais dificuldade e facilidade; percepção do paciente de suas dificuldades;
escolarização. Essa entrevista pode durar uma sessão ou quantas forem necessárias, geralmente
A primeira sessão lúdica com a criança tem por objetivo maior iniciar a construção do
sabe o porquê de estar ali. A partir da resposta dada é estabelecido um pequeno rapport dizendo
que, como ele, outras pessoas que também têm dificuldades na escola vem ao serviço. A
depender das falas do paciente sobre o que lhe disseram que viria fazer no serviço e o que
compreender por estar ali, é feita uma analogia que o mesmo consiga entender, por exemplo:
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Essa conversa geralmente auxilia muito o paciente a entender minimamente o que será
tratado e o acolhe dizendo que outros também passam pelas mesmas dificuldades. Por vezes, já
nessa primeira sessão os pacientes trazem suas angústias e crenças sobre o não aprender, falas
como “Tenho problema de cabeça”, “ Sou burro”, “ Sou hiperativo”, “ Não sirvo para a escola” e “ Minha
mãe acha que eu sou vagabundo”, são frequentes. Qualquer que seja a fala é feito um acolhimento
Em seguida o paciente é convidado para jogar algum jogo. Geralmente são levados dois
jogos que foram escolhidos previamente a partir das informações coletadas nas entrevistas
4- Sessões de avaliação
ela já tem um laudo com uma hipótese diagnóstica ou, pelo menos, algumas avaliações feitas. A
par dessas informações, somadas com as entrevistas com os pais e sessão inicial com o paciente
começa-se a desenhar a avaliação. É importante escolher materiais e métodos que tragam a tona
recursos e dificuldades do paciente. Aqui não existe um protocolo fixo e sim áreas que devemos
explorar, como: cognitiva (Raven, WISC, Bender e avaliação assistida); afetiva (jogos, dinâmicas e
compreensão, leitura, escrita e matemática, jogos, testes padronizados e outros mais próximos a
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realidade dos pacientes como Provinha Brasi); comportamental (jogos e escalas utilizadas com os
pelo paciente.
descritivos do desempenho e comportamentos dos pacientes (por vezes esses já chegam com
relatório da escola), conversas iniciais por telefone com professores ou coordenadores, conversas
Após a avaliação, a interpretação dos dados é realizada e é feita uma devolutiva com o
comportamentais. As atividades são na sua maioria lúdicas mas com propósitos bem definidos e
pontuados ao paciente sempre que necessário. Não existe um número fixo de sessões semanais,
mas é proposto à família duas sessões visto que acredita-se ser mais adequado para o
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impossibilitada devido a questões econômicas; assim, na maioria das vezes, os casos são
atendidos uma vez por semana. Sabe-se que a redução no número de sessões semanais torna a
intervenção mais lenta mas esse caminho é escolhido para poder auxiliar o paciente em seu
desenvolvimento.
O trabalho em parceria com a escola é central e são feitas tentativas sempre no intuito de
se adequar à abertura que essa fornece. São realizadas diversas formas de contato, como
parcerias que servem para suporte ao paciente, mas também funcionam como modelo possível a
outros alunos.
É importante destacar que o contato com a escola é sempre realizado, mas nem sempre
mostra-se frutífero. As escolas por vezes mostram-se resistentes e reticentes para estabelecer
parceria, por diversas razões (que não serão aqui discutidas), as quais são consideradas legítimas,
embora, por vezes, não sejam legais (um exemplo, “não tenho como dar atenção só para ele porque tem
dislexia, tenho que alfabetizar todos e nem sei o que fazer”, o relato é legítimo quanto as dificuldades na
sala de aula, mas não é legal pois existem leis que primam pela atenção aos alunos de inclusão).
As dificuldades da professora as cobranças que sofre são compreensíveis, mas não é possível
deixar de ter clareza das necessidades do aluno e do quanto precisa da escola e de sua ajuda.
Assim, cabe ao psicólogo em sua atuação persistir e tentar desconstruir essas resistências,
mostrando os ganhos possíveis com a parceria. É pensado que todo professor quer ensinar, quer
que seu aluno aprenda, e que sofre quando isso não ocorre. Nas intervenções objetiva-se escutar
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pais, como ocorrem e seu objetivo. Esse procedimento simples auxilia na questão do vínculo
possibilidade de participação da sessão com os pais. Na maioria dos casos os adolescentes fazem
a opção por não estar junto nas orientações dos pais e parecem bem tranquilos quanto a
situação, falas como “Eles também tem que pensar”, “Ela também precisa”, “Ela têm que aprender a me
compreender”, são comuns. Observa-se que, embora seja nomeado de orientação de pais, na
maioria das vezes são as mães ou responsáveis legais como avó e tia que comparecem.
Quanto aos adolescentes que optam por estar junto durante as orientações de pais, tem
sido observado que são casos nos quais as interações familiares estão em dois extremos: ou
muito positivas, ou negativas. Nesses casos o foco da orientação não é alterado, mas as
interações que ocorrem na sessão sim, visto que o adolescente manifesta suas percepções,
exigindo assim uma maior habilidade no manejo clínico por parte do estagiário. As diferentes
possibilidades de interação com a família são primordiais para uma compreensão precisa e
evolução positiva do caso, afinal o sofrimento com o não aprender é compartilhado por todos
no dia-dia.
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A alta clínica é dada quando avaliamos com o paciente, família e escola que as habilidades
que nos propusemos a desenvolver foram alcançadas. Isso não significa que todo paciente recebe
alta quando está acompanhando a série que cursa. Alguns sim passam a acompanhar, já outros
sabemos que a distância entre os recursos que desenvolveu e o que a escola espera embora tenha
diminuído continua existindo e continuará por questões legais entre outras. É nesse ponto que a
escola é central pois ela passa a ser a grande protagonista da inclusão desse indivíduo.
Na inscrição de triagem diz que Marcelo* é uma criança de 7 anos que chega ao serviço
por procura espontânea da mãe (um primeiro ponto a ser observado), visto que a mãe relata
Na entrevista a mãe relata ser casada e ter mais uma filha, Joana, de 3 anos. Tanto a
família paterna como a materna possuem bons recursos econômicos e boa formação acadêmica.
A mãe trabalhava em uma grande empresa e teve que deixar o cargo para cuidar dos filhos. O pai
trabalha sendo bem sucedido profissionalmente. A mãe revela grande sofrimento por parte da
família em aceitar a condição de Marcelo, já que “toda a família é formada por profissionais
extremamente bem sucedidos”. Marcelo já havia passado por várias escolas, que aconselharam a mãe a
procurar a psicopedagogia e a fonoaudiologia, mas sem sucesso. Marcelo, segundo a mãe, não
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colegas na escola e fazia muitas birras em casa. O relacionamento familiar é descrito como bom,
mas a mãe revela dificuldades de colocar limites nos filhos, o pai mostra-se ausente e as famílias
maternas e paternas parecem ter grande influência nas práticas educativas parentais. Não foram
atividades de vida diária (mãe o trata como um bebê) e diz que o faz porque a criança tem muita
sinalizado a mãe a ajuda psicológica e fonoaudiológica. Na escola a criança não acompanha nem
uma das atividades, tem dificuldades na coordenação motora fina, esquece-se facilmente dos
conteúdos e não tem boa interação com os pares, com frequência é passado para trás, o que
percebe e o deixa triste. A família costuma fazer aos finais de semana atividades junta como
passeios na casa dos avós e no shopping. A mãe traz como recursos da criança ser afetiva e
companheira. Marcelo faz aulas de judô e natação; nessas atividades se dá bem, não apresentando
diferenças em relação as outras crianças. Explorando mais questões relacionadas a escola a mãe
ressalta que o filho gosta de ir a escola embora reclame com frequência de um garoto que bate
nele; quanto as lições de casa costuma ser momento de tortura pois Marcelo mostra-se resistente
e sempre saem brigas e mãe e criança acabem estressados. O pai não participa da lição pois fica o
dia inteiro fora no trabalho. A criança passa por reforço na escola mas segundo a mãe esse não é
efetivo pois nele as crianças fazem a mesma lição que na sala e Marcelo não acompanha. A
criança foi para a creche quando com um ano, depois para a educação infantil e na sequência
ingressou no primeiro ano do Ensino Fundamental, cada etapa em uma instituição diferente e
todas elas particulares. A mãe esclareceu que já na educação infantil solicitaram que procurasse
fonoaudióloga porque Marcelo falava com dificuldade e muitas trocas e no primeiro ano
solicitaram uma psicóloga pois ele não conseguia acompanhar. Atualmente também não
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acompanha e a mãe disse estar insatisfeita com a escola porque eles não colaboram dando
atividades mais fáceis para a criança. Quanto sua dificuldade de interação se dá mais porque os
outros garotos o fazem de bobo, no judô e natação tem amigos e se dá bem. A mãe leva e busca
Na avaliação com a criança foi constatado que Marcelo possuía inteligência dentro da
média esperada para sua idade, com noções de conservação de massa e líquido. Sua motricidade
grossa e fina mostraram-se prejudicadas, estando aquém do esperado para sua idade (dificuldade
sinalizou reconhecer apenas algumas vogais, vocabulário reduzido, trocas de letras na fala, cópia
de palavras muito lenta, escrita espelhada, contagem com recursos concretos até dez mas sem
preservadas. Na parte afetiva sinalizou contato com a realidade, percepção de suas dificuldades,
sentimentos de menos valia e resistência frente a conteúdos escolares, forte oposição frente a
regras e labilidade emocional. Como recursos observou-se que a criança mostrou boa
eletrônicas. É importante informar que nas duas primeiras sessões a mãe teve que entrar junto
Após a análise dos dados, foi realizada a devolutiva com os pais e criança confirmando as
necessidade de ser realizada uma orientação de pais mais voltado a práticas educativas).
procurar por ajuda e foi feita a proposta dos atendimentos serem duas vezes na semana. A mãe
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inicialmente não aceitou alegando dificuldades de horário mas depois de dois meses de
de parceria com a escola e considerando os resultados das avaliações dos profissionais solicitados
entrar na sala. Fez birra, ameaçou se jogar no chão e choramingou; a mãe, então, entrou junto e
trouxe junto filha mais nova. A garota começou a se interessar pelos brinquedos que estavam na
sala, o que também despertou a atenção de Marcelo, que começou a brincar. Sinalizou
números de 1 a 5 ( o que não havia sinalizado na avaliação). Nessa primeira sessão foi necessário
que a mãe e a irmã permanecessem na sala de atendimento; terminado o horário, Marcelo não
queria ir embora e fez muita birra para sair. A mãe, dirigindo-se a ele de forma extremamente
Nas sessões seguintes, a terapeuta teve grande dificuldade em estabelecer vínculo com
Marcelo. Somente quando o vínculo foi avaliado como bom deu-se início ao trabalho com
atividades relacionadas à alfabetização. Até então trabalhou-se com exercícios motores através de
atividades lúdicas como confecção de cartões, pinturas de quadros, construção de alfabeto com
sucatas, exercícios com bola, massinha de modelar, confecção de painéis com grãos de milho e
arroz (para estimulação sensorial), desenhos com diversos materiais e exercícios psicomotores
específicos.
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decorrer das sessões. Marcelo foi muito resistente; por vezes, ficava calado mais de 30 minutos
da sessão porque se recusava a fazer qualquer atividade ou a prestar atenção. Nessas situações era
sinalizado a ele o quanto isso parecia o irritar, contudo, fazia parte do combinado de melhorar
com as coisas de ler e escrever o que lhe daria condições de fazer muitas coisas na escola e
outros lugares como em jogos com outras crianças. Outras vezes, a criança se recusava a entrar
na sala mas acabava cedendo frente insistência da mãe. Pode-se perceber claramente que a
medida que foi aprendendo as letras, tornou-se menos resistente e colaborador nas sessões.
atividades lúdicas com sílabas. Foi um ano de trabalho intenso para que apreendesse sílabas
simples, sendo capaz de reconhece-las, nomeá-las e escrevê-las. Durante as sessões além de jogos
e brincadeiras foram utilizados diferentes materiais que estimulavam a parte motora e davam
abertura a criatividade da criança e interesse por artes. Também foi utilizado computador recurso
Durante esse ano o contato com a escola foi estabelecido, foram realizadas várias
reuniões com coordenadores e professores. Em algumas a mãe participou e outras não. A escola
mostrou-se sempre aberta e disposta a colaborar, contudo, não tinha, clareza de como ajudar e
flexibilizar seu programa para auxiliar a criança. Por vezes, a escola culpabilizou a família dizendo
que haviam desde o início solicitado ajuda. Do outro lado a família dizia que a escola não fazia a
parte dela fazendo a inclusão da criança. O que buscamos fazer foi estabelecer um diálogo entre
as partes deixando claro que o foco era auxiliar a criança independente das falhas cometidas. A
necessidades da criança. Não foi possível criar um plano pedagógico individualizado para a
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criança em parceria com a escola mas aos poucos foram se tornando mais assertivos com
Marcelo.
sessões, participando bem mais. Durante esse período iniciou o tratamento fonoaudiológico, o
vinham ocorrendo.
A criança passou por intervenção durante mais um ano e recebeu alta clínica. Quando da
alta estava alfabetizada, lendo e escrevendo palavras com sílabas e complexas, realizando
operações matemáticas simples, mostrando-se mais adaptada à escola e com alguns amigos. A
terapêutico.
continuava em terapia e passava por avaliação psiquiátrica visto que o comportamento opositor
realizado apenas após um ano de alta, assim orienta-se a família para que, frente a qualquer nova
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Considerações Finais
a atuação junto a uma população frequente nas clínicas de psicologia. A formação desenvolve
trabalho junto as escolas que são parte central na vida dessas crianças.
Trata-se de um estágio que exige do aluno de psicologia além das habilidades esperadas
brasileiro.
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Clarissa Mendonça. III. Barrera, Sylvia Domingos. IV. Oliveira-Cardoso, Érika Arantes de. V. Santos,
Manoel Antônio dos. VI. Título: práticas comprometidas com a comunidade.
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