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TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM A CRIANÇA

RECURSOS FISIOTERAPÊUTICOS NA UTI


Faculdade de Minas

Sumário
TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM A CRIANÇA ................................ 5

Introdução ........................................................................................................ 5

Transtornos da aprendizagem, transtornos das habilidades motoras e


transtornos da comunicação (linguagem) .................................................................. 7

Importante saber .......................................................................................... 9


Transtorno do déficit de atenção-hiperatividade ............................................ 10

Sintomas em crianças e adolescentes: ...................................................... 11


Tratamento ................................................................................................. 12
Transtorno de Oposição Desafiadora (DOD) ................................................. 12

Sinais e sintomas ....................................................................................... 14


Tratamento ................................................................................................. 14
Como reduzir os impactos negativos do transtorno do comportamento
disruptivo? ................................................................................................................ 16

Transtornos Depressivos na Infância ............................................................ 17

Causas da depressão infantil ..................................................................... 19


Tratamento para a depressão infantil ......................................................... 20
Prevenção para a depressão infantil .......................................................... 21
Transtornos Globais do Desenvolvimento (Autismo Infantil) ......................... 23

Como lidar com o TGD na escola? ............................................................ 25


Outras formas de transtornos globais do desenvolvimento são: ................... 26

Transtornos de Tique..................................................................................... 26

Transtornos de Ansiedade na Infância .......................................................... 27

Como os sintomas da ansiedade se manifestam em crianças?................. 28


Tratamento para a ansiedade infantil ......................................................... 29

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Quando buscar auxílio médico ................................................................... 29


Referência ..................................................................................................... 30

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FACUMINAS

A história do Instituto Facuminas, inicia com a realização do sonho de um grupo


de empresários, em atender a crescente demanda de alunos para cursos de
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a Facuminas, como entidade
oferecendo serviços educacionais em nível superior.

A Facuminas tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua.
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de
publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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TRANSTORNOS MENTAIS QUE AFETAM A CRIANÇA

Introdução

O transtorno mental infantil é mais comum do que as pessoas podem imaginar.


Assim como os adultos, as crianças e os adolescentes desenvolvem condições
de saúde mental que, muitas vezes, desencadeiam problemas que afetam os campos
ligados ao seu neurodesenvolvimento, bem como aspectos relacionados à sua
cognição e funcionalidade.

Dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmam que um


em cada cinco adolescentes enfrenta condições de saúde mental. A organização
estima que metade de todos os transtornos mentais começa aos 14 anos. Ainda
segundo a OMS, existem duas grandes categorias dos transtornos que estão
presentes na vida das crianças e dos adolescentes: transtornos do desenvolvimento
psicológico e transtornos de comportamento e emocionais.

Diagnosticar as condições mentais em crianças e adolescentes pode ser difícil,


pois, diferentemente dos adultos, eles geralmente têm dificuldade em expressar seus
sentimentos e problemas. Apesar do desafio, o diagnóstico adequado é parte
essencial para a orientação do tratamento.

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O pensar, a capacidade de utilizar uma linguagem


escrita, falada ou ainda de experimentar sentimentos não
nascem com a criança, estando profundamente
relacionados a seu desenvolvimento.

Desde o nascimento, o bebê vai tendo


experiências na relação com a mãe ou com quem o cuida
que lhe vão permitindo, de forma rudimentar, classificar
"o que é igual ou diferente". Ao cuidar do bebê, a mãe
deverá ser capaz de "traduzir", à sua maneira, as
necessidades do mesmo. Os gestos ou tipos de cuidados
fazem com que o bebê aprenda a discriminar as suas
sensações do ambiente externo. Dessa maneira, é de suma importância que o
cuidador tolere sensivelmente o desconforto do bebê, administrando os cuidados
necessários afetivamente, para que dessa maneira a criança construa uma integrada
condição emocional.

Existem, entretanto, transtornos psiquiátricos que podem ocorrer no


desenvolvimento da criança, os quais examinaremos a seguir e que são:

Causas associadas aos transtornos mentais

Os transtornos mentais em crianças e adolescentes são causados por alguns


fatores determinantes, que podem ser genéticos, biológicos ou até psicossociais. Eles
são divididos em alguns grupos:

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➢ Fatores genéticos: relacionados ao histórico familiar de transtorno


mental;
➢ Fatores psicossociais: relacionados a casos de disfunções na vida
familiar, no ambiente escolar e outros; e situações de estresse;
➢ Fatores biológicos: relacionados a situações de anormalidades do
sistema nervoso central, sejam elas causadas por lesões, infecções,
desnutrição ou exposição a toxinas, como as drogas;
➢ Fatores ambientais: relacionados a problemas enfrentados na
comunidade (violência urbana) e tipos de possíveis abusos (físico,
psicológico e sexual).

Além disso, devido às condições de vida, discriminação, falta de acesso a


serviços ou apoio de qualidade, algumas crianças e adolescentes possuem maior
risco de desenvolverem esses problemas. Isso porque alguns destes jovens vivem
em ambientes frágeis e situações de vulnerabilidade; sofrem com doenças crônicas,
incapacidade intelectual ou outra condição neurológica.

Por isso, as condições de saúde mental em crianças devem ser diagnosticadas


e tratadas por um profissional especialista, com base em sinais, sintomas e pelas
condições que afetam a vida diária de cada indivíduo.

Transtornos da aprendizagem, transtornos das


habilidades motoras e transtornos da comunicação
(linguagem)

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Os transtornos da aprendizagem referem-se a dificuldades na leitura, na


capacidade matemática ou nas habilidades de escrita, medidas por testes padrões
que estão substancialmente abaixo do esperado, considerando-se a idade da criança,
seu quociente de inteligência (QI ) e grau de escolaridade.

No transtorno das habilidades motoras, o desempenho em atividades diárias


que exigem coordenação motora está abaixo do esperado para a idade, como por
exemplo atraso para sentar, engatinhar, caminhar, deixar cair coisas, fraco
desempenho nos esportes ou caligrafia insatisfatória. Muitas vezes essa criança é
vista como desajeitada, tropeçando com frequência ou inábil para abotoar suas
roupas ou amarrar os cadarços do sapato.

Nos transtornos da comunicação a perturbação pode manifestar-se por


sintomas que incluem um vocabulário limitado, erros grosseiros na conjugação de
verbos, dificuldade para evocar palavras ou produzir frases condizentes com sua
idade cronológica. Os problemas de linguagem também podem ser causados por
perturbações na capacidade de articular sons ou palavras.

Não é raro a presença de mais de um desses transtornos de aprendizagem em


uma mesma criança, muitas vezes estando associados com o transtorno de
hiperatividade e déficit de atenção.

O tratamento das dificuldades de aprendizagem inclui muitas vezes reforço


escolar, tratamento psicopedagógico ou até mesmo encaminhamentos para escolas
especiais, dependendo da gravidade do problema. A baixa autoestima, a repetência
escolar e o abandono da escola são complicações comuns nesses transtornos.

Assim, a abordagem psicopedagógico e o aconselhamento escolar são


cruciais. Pode estar indicada também tanto a psicoterapia individual quanto a de
grupo ou familiar, conforme a situação. O tratamento com medicação está indicado

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apenas em casos comprovadamente associados a transtornos que exijam o uso de


remédios, como o TDAH e quadros graves de depressão e fobia escolar.

Importante saber

O transtorno de aprendizagem é citado tanto pelo DSM-V como o CID-10


(Código Internacional de Doenças), na qual se consta uma “suposição de primazia de
fatores biológicos, os quais não interagem com fatores não-biológicos”. Os manuais
trazem consigo alguns pontos que não devem ser considerados como consequência
do distúrbio, são eles:

➢ Doença cerebral ou traumatismo;

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➢ Algum comprometimento visual ou auditivo que não foi corrigido;


➢ Comprometimento na inteligência global;
➢ Falta de oportunidade em aprender;
➢ Mudança de escola (ocasionando descontinuidade educacional).

Transtorno do déficit de atenção-hiperatividade

As crianças com esse transtorno são consideradas, com frequência, crianças


com um temperamento difícil. Elas prestam atenção a vários estímulos, não
conseguindo se concentrar em uma tarefa única e, assim, cometendo erros muitas
vezes grosseiros. É comum terem dificuldade para manter a atenção, mesmo em
atividades lúdicas e com frequência parecem não escutar quando chamadas.

Muitas vezes não conseguem terminar seus deveres escolares, tarefas


domésticas ou deveres profissionais. Têm dificuldade para organizar tarefas,
evitando, antipatizando ou relutando em envolver-se em tarefas que exijam esforço
mental constante. Costumam perder facilmente objetos de uso pessoal. Esquecem
facilmente atividades diárias.

A hiperatividade aparece como uma inquietação, manifesta por agitação de


mãos ou pés e não conseguir permanecer parado na cadeira. São crianças que quase
sempre saem de seus lugares em momentos não apropriados, correm em demasia,
têm dificuldade de permanecer em silêncio, estando frequentemente "a mil".

Outra característica desse transtorno é a impulsividade, que aparece em


respostas precipitadas mesmo antes de as perguntas terem sido completadas. Com
frequência, são crianças que têm dificuldade de aguardar sua vez, interrompendo ou
intrometendo-se em assuntos alheios.

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O transtorno deve ser diagnosticado e tratado ainda na infância para não


causar maiores prejuízos ao desenvolvimento interpessoal e escolar da criança. O
tratamento inclui psicoterapia individual e, às vezes, terapia familiar. Quase sempre
se faz necessário o uso de medicação com um resultado muito satisfatório.

Sintomas em crianças e adolescentes:

Agitação, inquietação, movimentação pelo ambiente, mexem mãos e pés,


mexem em vários objetos, não conseguem ficar quietas (sentadas numa cadeira, por
exemplo), falam muito, têm dificuldade de permanecer atentos em atividades longas,
repetitivas ou que não lhes sejam interessantes, são facilmente distraídas por
estímulos do ambiente ou se distraem com seus próprios pensamentos. O
esquecimento é uma das principais queixas dos pais, pois as crianças “esquecem” o

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material escolar, os recados, o que estudaram para a prova. A impulsividade é


também um sintoma comum e apresenta-se em situações como: não conseguir
esperar sua vez, não ler a pergunta até o final e responder, interromper os outros,
agir sem pensar. Apresentam com frequência dificuldade em se organizar e planejar
o que precisam fazer. Seu desempenho escolar parece inferior ao esperado para a
sua capacidade intelectual, embora seja comum que os problemas escolares estejam
mais ligados ao comportamento do que ao rendimento. Meninas têm menos sintomas
de hiperatividade e impulsividade, mas são igualmente desatentas.

Tratamento

O TDAH deve ser tratado de modo múltiplo, combinando medicamentos,


psicoterapia e fonoaudiologia (quando houver também transtornos de fala e ou de
escrita); orientação aos pais e professores e ensino de técnicas específicas para o
paciente compõem o tratamento.

Transtorno de Oposição Desafiadora (DOD)

Os transtornos da infância diretamente relacionados com o comportamento


são os transtornos de oposição e desafio e o transtorno de conduta. São
caracterizados por um padrão repetitivo e persistente de comportamento agressivo,
desafiador, indo contra as regras de convivência social. Tal comportamento deve ser
suficientemente grave, sendo diferente de travessuras infantis ou rebeldia "normal"
da adolescência.

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O Transtorno de oposição e desafio (TOD) tem maior incidência na faixa etária


dos 4 aos 12 anos e atinge mais meninos que meninas. Tem como característica um
comportamento opositor às normas, discute com adultos, perde o controle, fica
aborrecido facilmente e aborrece aos outros.

No Transtorno de Conduta, que é mais comum entre adolescentes do que


crianças e é mais comum também entre meninos, o padrão disfuncional de
comportamento é mais grave que no Transtorno de oposição e desafio.

Eles frequentemente agridem pessoas e animais, envolvem-se em brigas, em


destruição de propriedade alheia, furtos ou ainda agressão sexual. Sérias violações
de regras, como fugir de casa, não comparecimento sistemático à aula e
enfrentamento desafiador e hostil com os pais também são sinais da doença. Esse
transtorno está frequentemente associado à ambientes psicossociais adversos, tais
como: instabilidade familiar, abuso físico ou sexual, violência familiar, alcoolismo e
sinais de severa perturbação dos pais.

A morbidade desses transtornos com o abuso de substâncias e TDAH chega


a quase 50%. O tratamento dos transtornos de oposição e de conduta envolve
principalmente psicoterapia individual e familiar, e às vezes reclusão em unidades
corretivas. O tratamento das morbidades é fundamental e pode necessitar de
medicação (nos casos de TDAH) ou até internação (em quadros graves de
dependência química).

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Sinais e sintomas
Entre os sinais mais evidentes desse problema destacam-se:

➢ Não aceitam obedecer a regras, principalmente as de conduta social ou


civil;
➢ Apresentam muita dificuldade em desenvolver habilidades sociais;
➢ Gostam de culpar os outros pelos seus próprios erros;
➢ Encaram seu mau comportamento como algo normal;
➢ Desafiam os adultos ou pessoas mais velhas;
➢ São extremamente rancorosas e vingativas;
➢ Gostam de argumentar contra os adultos;
➢ Aborrecem as pessoas por mero prazer.

Tratamento

Como a maioria dos sintomas envolvem as relações familiares, esse distúrbio


exige que o tratamento seja feito paralelamente à psicoterapia dos pais ou
responsáveis. Em algum caos, podem ser prescritos medicamentos para reduzir a
irritabilidade.

Problemas de base comportamental associados a disfunções familiares


tendem a piorar o quadro, já que aumentam o risco para doenças psíquicas
coexistentes. Nesse sentido, quanto antes for o diagnóstico, melhores serão as
chances de recuperação.

Por isso, esses desajustes devem ser identificados e corrigidos com vistas à
reestruturação dos laços familiares. O tratamento objetiva também estabelecer
condições para promover o convívio social harmônico.

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Inicialmente, o tratamento pode ser baseado em programas terapêuticos de


modificação do comportamento. Isso permite moldar as ações da criança ou
adolescente em direções mais benéficas, e em prol de condutas sociais mais
equilibradas.

Em alguns casos, o psiquiatra adota a terapia medicamentosa utilizada em


transtornos depressivos ou para tratar a ansiedade. O prognóstico costuma ser
positivo, já que esses remédios ajudam a restaurar o equilíbrio na liberação de
substâncias cerebrais que controlam as emoções.

Assim, o tratamento para o DOD se resume em:

➢ Psicoterapia para estimular a mudança no comportamento;


➢ Aconselhamento psicológico para pais e filhos;
➢ Terapias alternativas combinadas;
➢ Uso ocasional de medicamentos.

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Como reduzir os impactos negativos do transtorno do


comportamento disruptivo?

Infelizmente, o estilo de vida contemporâneo faz com que muitos pais se


dediquem somente ao trabalho e não reservem tempo para dar atenção aos filhos.
Às vezes, essas questões podem atingir dimensões irreversíveis e comprometer
seriamente a estrutura familiar.

Essa realidade tem sido cada vez mais presente em muitos lares, o que
concorre para atitudes de rebeldia ou de complicações emocionais graves entre os
infantes. Exceto nos casos de desordens fisiológicas, boa parte desses distúrbios
são acentuados pela falta de afetividade e ausência dos pais.

Por isso, a presença dos pais e um diálogo aberto tornam-se fundamentais à


promoção da autoestima e da saúde emocional de muitas crianças e adolescentes.
Sobretudo daqueles que compõem o perfil de “órfãos de pais vivos”.

O aconselhamento combinado com terapia comportamental cognitiva para


pais e filhos traz bons resultados. Porém, essa orientação se restringe aos casos
mais simples: quando o indivíduo não representa risco social.

Para alcançar êxito nessa investida e reduzir os impactos negativos do


transtorno do comportamento disruptivo é necessário adotar algumas alternativas.
A disciplina e a organização da rotina da criança e do adolescente são essenciais.

Os portadores desses transtornos podem ser ajudados quando o ambiente


domiciliar é organizado, existe cumprimento de regras, as técnicas dos pais ou
responsáveis são firmes e os limites são bem definidos.

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No entanto, quando as dificuldades em casa persistem, os pais devem ser


encorajados a procurar assistência profissional. As opções por treinamentos
baseados em técnicas de controle comportamental são imprescindíveis ao êxito
desse processo.

Algumas sugestões para promover a recuperação do controle


comportamental são:

➢ Oferecer acompanhamento psicológico.


➢ Melhorar a afetividade e a comunicação no seio familiar.
➢ Incentivar atitudes de gentileza e de respeito para com os superiores.
➢ Ajudar a criança ou adolescente a melhorar sua relação e integração
com os ambientes de rotina;
➢ Submeter esses indivíduos à terapia multidisciplinar e incluir as
abordagens dos pais e dos professores em relação ao comportamento
apresentado.

Transtornos Depressivos na Infância

O reconhecimento de transtornos depressivos na infância ocorreu no final da


década de 60. Surgiram então três conceitos:

➢ Sintomas depressivos análogos aos dos adultos não existem;


➢ A depressão manifesta-se por sintomas específicos nessa faixa etária;

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➢ A sintomatologia depressiva surge mascarada por outros sintomas ou


síndromes, tais como hiperatividade, enurese, encoprese, déficit de
aprendizagem e transtorno de conduta.

Transtornos depressivos ocorrem tanto em meninos quanto em meninas. Os


sintomas de depressão podem ser: isolamento, calma excessiva, agitação, condutas
auto e hetero-agressivas, intensa busca afetiva, alternando atitudes prestativas com
recusas de relacionamento. A socialização está geralmente perturbada: pode haver
recusa em brincar com outras crianças e dificuldade para aquisição de habilidades.
As queixas somáticas são freqüentes: dificuldade do sono (despertar noturno,
sonolência diurna), alteração do padrão alimentar. Queixas de falta de ar, dores de
cabeça e no estômago, problemas intestinais e suor frio também são freqüentes.

A criança deprimida apresenta incapacidade para divertir-se, algumas vezes


queixando-se de estar aborrecida. Assistem muita televisão não se importando qual
seja o programa. A baixa auto-estima e a culpa excessiva, além da diminuição do
rendimento escolar são característicos da depressão. Apresentam também muita
irritabilidade, sendo descritas pelos pais como mal humoradas.

Os transtornos depressivos da infância podem ser classificados em duas


formas bem distintas. A primeira delas, a distimia que, etmológicamente significa "mal-
humorado", é uma forma crônica de depressão com início insidioso, podendo durar
toda a vida da pessoa. Para firmar este diagnóstico é preciso que o humor seja
depressivo ou irritável e esteja presente quase todos os dias por pelo menos um ano.

A outra forma de depressão, transtorno depressivo maior é caracterizada por


períodos ou crises apresentando uma síndrome depressiva completa (todos os
sintomas descritos anteriormente) por pelo menos duas semanas, causando

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importantes prejuízos na vida da criança. Podem estar presentes alucinações,


ideação ou condutas suicidas. Essa crise é nitidamente diferente do funcionamento
habitual da criança.

Os transtornos depressivos são bastante tratáveis hoje em dia, obtendo-se


bons resultados. Pais que desconfiem que um filho sofra desse mal devem levá-lo a
um psiquiatra ou serviço de psiquiatria para uma avaliação. O tratamento utiliza
medicações antidepressivas e acompanhamento psicológico. Internações são
necessárias em duas situações: quando o paciente fica psicótico (fora da realidade),
o que é raro, ou quando existe risco de suicídio.

Causas da depressão infantil

A depressão em crianças pode ser ocasionada por uma disfunção dos


neurotransmissores e neuroreceptores, tendo influências de fatores genéticos e
hereditários.

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Também é ocasionada por fatores de natureza psicológica, emocionais, como


a mudança de cidade, de casa, de escola, de professores, a separação dos pais,
presenciar discussões em casa, pertencer a famílias disfuncionais e com altos níveis
de depressão, além de abuso de substâncias, ansiedade e comportamentos
antissociais por parte dos pais. Filhos de mães deprimidas têm maior chance de não
desenvolverem sistemas normais de regulação da atenção, da excitação e dos
estados emocionais, ou seja, as primeiras interações com o cuidador podem compor
a base para o desenvolvimento da depressão infantil.

Patologias ou situações como, por exemplo, enfermidades crônicas,


intervenções cirúrgicas, malformações corporais, diabetes, fibrose cística e
hospitalizações prolongadas, podem gerar ansiedade ou quadros depressivos na
infância.

Repetidos eventos estressantes experiências na infância como, por exemplo,


vivências repetidas de fracasso, podem alterar a conduta de crianças, gerando
sentimentos e pensamentos depressivos e facilitando, assim, o desenvolvimento do
transtorno. Problemas de sono também parecem ser fatores importantes para o
desenvolvimento de sintomas depressivos.

A quantidade e variedade dessas experiências vivenciadas formam um


conjunto de fatores de risco potenciais para o desenvolvimento da depressão.

Tratamento para a depressão infantil

Quando os sintomas são percebidos tanto pela escola quanto pelos pais,
muitas vezes eles não sabem exatamente o que trata esses sintomas, levando a
criança à profissionais de saúde que não dão a importância necessária aos sintomas

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depressivos apresentados pelas crianças e adolescentes ou que encontram


dificuldade para realizar o diagnóstico, contribuindo, assim, para o agravamento do
quadro depressivo.

O diagnóstico de depressão nas crianças é realizado a partir do Manual DSM-


V, como a depressão também é sintoma de outros transtornos, acaba não sendo a
primeira opção de diagnóstico, alguns profissionais acabam diagnosticando a criança
com o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), transtorno de
conduta, transtorno desafiador opositivo e transtorno de ansiedade.

Prevenção para a depressão infantil


O ambiente familiar saudável reflete diretamente no desenvolvimento
emocional equilibrado, pois é necessário que supra adequadamente a necessidades

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básicas da criança, como de proteção e acolhimento. É importante fornecer aos filhos


todo o amor e carinho, compreensão, amparo e construindo uma relação de confiança
com eles.

O conhecimento do transtorno depressivo infantil por parte das pessoas que


estão envolvidas com a criança, como pais e professores, a fim de contribuírem para
a identificação precoce dos sintomas.

A criança, quando é bem-sucedida na escola, participa de atividades


extracurriculares, tem sua capacidade intelectual e social preservada, tem relações
positivas com outros adultos fora da família, tem uma percepção positiva de si mesmo
e recebe os suportes sociais adequadamente, têm menores chances de
desenvolverem a depressão.

Para prevenir que mais problemas se desenvolvam na adolescência e na idade


adulta, visto que este transtorno é capaz de comprometer o desenvolvimento das
crianças e seu processo de amadurecimento psicológico e social, é necessário que
seja realizado um tratamento adequado na infância. Caso contrário, os problemas
podem evoluir do menos grave como, por exemplo, ter baixo rendimento escolar e
social, ao mais grave, como grande problema de autoestima, dificuldades de
relacionamento e de desempenho que podem evoluir para comportamento suicida.

Por isso, é importante o papel da psicoterapia, com abordagem individualizada,


para o diagnóstico e tratamento desse transtorno. Quem realiza a psicoterapia com
crianças é um psicólogo. Este verificará os sintomas, e em alguns casos encaminhará
para um psiquiatra a fim de refutar e confirmar a hipótese diagnóstica, além de que
em alguns casos é necessária a medicação, que é feita por um psiquiatra. A
psicoterapia pode ser a única forma de tratamento, ou pode haver a medicação caso
haja um fator genético ou hereditário. O psicólogo e psiquiatra irão trabalhar em
conjunto.

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O diagnóstico precoce é muito importante para que o tratamento seja logo


iniciado e torne mais fácil a modificação dos comportamentos depressivos, tendo em
vista que, ao longo do tempo, estes podem se tornar mais resistentes à mudança.
Quanto mais tempo demorar para estabelecer o diagnóstico do transtorno e dar início
ao tratamento, mais difícil poderão ser essas modificações, visto que os
comportamentos depressivos poderão continuar com o passar do tempo.

Transtornos Globais do Desenvolvimento (Autismo


Infantil)

Esse grupo de transtornos é caracterizado por severas anormalidades nas


interações sociais recíprocas, nos padrões de comunicação estereotipados e
repetitivos, além de um estreitamento nos interesses e atividades da criança.
Costumam se manifestar nos primeiros cinco anos de vida. Existem várias formas de
apresentação dos transtornos globais, não havendo até o presente momento um
consenso quanto à forma de classificá-los.

A forma mais conhecida é o Autismo Infantil, definido por um desenvolvimento


anormal que se manifesta antes dos três anos de vida, não havendo em geral um
período prévio de desenvolvimento inequivocamente normal. As crianças com
transtorno autista podem ter alto ou baixo nível de funcionamento, dependendo do
QI, da capacidade de comunicação e do grau de severidade nos seguintes itens:

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➢ Prejuízo acentuado no contato visual direto, na expressão facial,


posturas corporais e outros gestos necessários para comunicar-se com
outras pessoas.

➢ Fracasso para desenvolver relacionamentos com outras crianças, ou


até mesmo com seus pais.

➢ Falta de tentativa espontânea de compartilhar prazer, interesses ou


realizações com outras pessoas (por exemplo: não mostrar, trazer ou
apontar objetos de interesse).

➢ Atraso ou ausência total da fala (não acompanhado por uma tentativa


para compensar através de modos alternativos de comunicação, tais
como gestos ou mímicas).

➢ Em crianças com fala adequada, acentuado prejuízo na capacidade de


iniciar ou manter uma conversa.

➢ Uso repetitivo de mesmas palavras ou sons.

➢ Ausência de jogos ou brincadeiras variadas de acordo com a idade.

➢ A criança parece adotar uma rotina ou ritual específico em seu


ambiente, com extrema dificuldade e sofrimento quando tem que abrir
mão da mesma.

➢ Movimentos repetitivos ou complexos do corpo.

➢ Preocupação persistente com partes de objetos.

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Como lidar com o TGD na escola?

Crianças com transtornos de desenvolvimento apresentam diferenças e


merecem atenção com relação às áreas de interação social, comunicação e
comportamento. Na escola, mesmo com tempos diferentes de aprendizagem, esses
alunos devem ser incluídos em classes com os pares da mesma faixa etária.

Estabelecer rotinas em grupo e ajudar o aluno a incorporar regras de convívio


social são atitudes de extrema importância para garantir o desenvolvimento na escola.
Boa parte dessas crianças precisa de ajuda na aprendizagem do autor regulação.

Apresentar as atividades do currículo visualmente é outra ação que ajuda no


processo de aprendizagem desses alunos. Faça ajustes nas atividades sempre que
necessário e conte com a ajuda do profissional responsável pelo Atendimento
Educacional Especializado (AEE). Também cabe ao professor identificar as potências
dos alunos. Invista em ações positivas, estimule a autonomia e faça o possível para
conquistar a confiança da criança. Os alunos com TGD costumam procurar pessoas
que sirvam como 'porto seguro' e encontrar essas pessoas na escola é fundamental
para o desenvolvimento.

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Outras formas de transtornos globais do


desenvolvimento são:
➢ Autismo atípico,

➢ Síndrome de Rett,

➢ Transtorno desintegrativo da infância,

➢ Síndrome de Asperger.

O tratamento do transtorno autista visa principalmente uma educação especial


com estimulação precoce da criança. A terapia de apoio familiar é muito importante:
os pais devem saber que a doença não resulta de uma criação incorreta e necessitam
de orientações para aprenderem a lidar com a criança e seus irmãos. Muitas vezes
se faz necessário o uso de medicações para controlar comportamentos não
apropriados e agressivos. O prognóstico destes transtornos é muito reservado e
costumam deixar importantes sequelas ou falhas no desenvolvimento dessas
pessoas na idade adulta.

Transtornos de Tique

A manifestação predominante nessas síndromes é alguma forma de tique. Um


tique é uma produção vocal ou movimento motor involuntário, rápido, recorrente

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(repetido) e não rítmico (usualmente envolvendo grupos musculares circunscritos),


sem propósito aparente e que tem um início súbito. Os tiques motores e vocais podem
ser simples ou complexos. Os tiques simples em geral são os primeiros a aparecer.
Podem ser:

Tiques motores simples: Piscar os olhos, balançar a cabeça, fazer


caretas.
Tiques vocais simples: Tossir, pigarrear, fungar.
Tiques motores complexos: Bater-se, saltar.
Tique vocal complexo: Coprolalia (uso de termos chulos), palilalia
(repetição das próprias palavras), ecolalia
(repetição de palavras alheias).

O tratamento requer medicação e psicoterapia, principalmente para diminuir o


isolamento social que comumente ocorre nesse transtorno.

Transtornos de Ansiedade na Infância

A ansiedade é um sentimento vago e desagradável de medo e apreensão,


caracterizado por tensão ou desconforto derivados de uma antecipação de perigos.
As crianças em geral não reconhecem quando seus medos são exagerados ou
irracionais. Uma maneira prática de diferenciar ansiedade normal de ansiedade
patológica é avaliar se a reação ansiosa é de curta duração, autolimitada e
relacionada ao estímulo do momento.

Os sintomas de ansiedade podem ocorrer em várias outras condições


psiquiátricas tais como: depressões, psicoses, transtornos do desenvolvimento,

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transtorno hipercinético, entre outros. A causa dos transtornos ansiosos infantis é


muitas vezes desconhecida e provavelmente multifatorial, incluindo fatores
hereditários e ambientais diversos, com o peso relativo de cada fator variando de caso
a caso.

Como os sintomas da ansiedade se manifestam em crianças?


Os sintomas podem surgir em sequências alternadas, com períodos mais ou
menos frequentes e de maior ou menor intensidade e duração. É importante estar
atento ao grau de prejuízo funcional que eles estejam causando.

➢ Alterações no apetite.

➢ Dificuldades no sono.

➢ Queda no rendimento escolar.

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➢ Desmotivação.

➢ Medos e preocupações excessivas.

➢ Dores de cabeça.

➢ Tonturas.

➢ Retraimento social.

➢ Oscilação de humor.

➢ Irritabilidade ou apatia.

Tratamento para a ansiedade infantil


O diagnóstico e tratamento precoce podem evitar repercussões negativas na
vida da criança. O tratamento da ansiedade na infância é eficaz com o uso de
medicamentos apropriados, associados à psicoterapia, em especial a terapia
cognitiva comportamental.

Quando buscar auxílio médico

É importante ressaltar que medos, preocupações e angústia podem ser


considerados normais durante as etapas do desenvolvimento psíquico infantil, porém,
são considerados patológicos quando exagerados, desproporcionais aos estímulos e
com duração prolongada.

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Referência

Brasil. Lei Nº 8.069, de 13 de Julho de 1990. [Internet]. [citado 4 de janeiro de


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