Pós-graduação Lato Sensu em Educação Especial e Inclusiva
Resenha crítica sobre Fracasso Escolar
Disciplina: Dificuldades de aprendizagem e avaliação da aprendizagem na Educação
Inclusiva Professor: Cloves Gomes de Carvalho Filho Aluno: Sandro Alves de Azevedo Data: 16 de Dezembro de 2022.
A questão das dificuldades de aprendizagem e o atendimento psicológico às
queixas escolares.
Marisa Maria Brito da Justa Neves
Claisy Maria Marinho-Araujo
O artigo começa a tratar sobre a conceituação de dificuldades de aprendizagem
com suas causas/consequências, origens e manifestações.
Devemos entender as dificuldades de aprendizagem do aluno, responsabilidade a
ser compartilhada entre o mesmo, os pais, psicólogos e educadores (Estado/pedagogos/professores) para contornar o fracasso escolar.
Dificuldades de Aprendizagem são Transtornos Específicos da Aprendizagem
com déficits na capacidade individual (disfunção da atenção, da memória, da percepção, da linguagem, da solução de problemas ou da interação social) para perceber ou processar informações com eficiência e precisão, isto é, defasagem no domínio progressivo de habilidades motoras, cognitivas e psicossociais que se inicia no período gestacional, sendo impactado por fatores genéticos, biológicos, ambientais e socioculturais.
Já a aprendizagem é o processo de aquisição de novas informações que ficam
arquivados na memória, em que o cérebro reage aos estímulos do ambiente ativando as sinapses.
Tomando como referência os estudos em Fonseca (1995) para análise das
dificuldades de aprendizagem, ele elenca que na filosofia de ensino para todos, estabeleceu-se uma ideologia de segregação e de fortalecimento dos interesses das esferas sócio-políticas dominantes contribuindo para o fracasso do sistema educacional.
Estudos com pesquisas no fracasso escolar continuam, até porque as
investigações de suas causas e consequências apresentam-se de forma controvertida e sem eficácia. Onde está a culpa? Dividem-se as mesmas ou continuamos no jogo de empurra-empurra? Numa perspectiva diagnóstica, há infraestrutura para incluir esses com dificuldades de aprendizagem? Os profissionais que atuam com esses são estudiosos ou entendidos de como trabalhar essa deficiência neurológica? Há interesse dos envolvidos com a educação em oferecer possibilidades, acompanhamentos e diferentes recursos e estratégias pedagógicas que atendam às necessidades específicas para incluir os tantos com dificuldades de aprendizagem que precisam da formação humana educacional? Modelos ideológicos e confusões conceituais unidimensionais ou unifatoriais predominam na questão.
A dificuldade de aprendizagem em si, isolada no sujeito e descontextualizada da
relação, não pode ser considerada como o fato real e concreto a ser trabalhado, senão tende apenas a transformar-se em mitos, desculpas ou justificativas para fracassos outros, e não tão somente do aluno.
O fracasso escolar no Brasil configura-se como um grave problema social
concentrando-se, basicamente, nas camadas mais empobrecidas da população sendo, portanto, um fenômeno que demanda por contribuições de diversas áreas do conhecimento e, necessariamente, dos conhecimentos advindos da Psicologia.
Os encaminhamentos ao atendimento psicológico às queixas escolares por
problemas escolares são quanto a problemas de aprendizagem e a problemas de comportamento.
A atuação do psicólogo escolar, junto às crianças que apresentam dificuldades
no processo de aprendizagem escolar, tem recebido muitas críticas, sobretudo as que afirmam ser esse tipo de atendimento uma transposição acrítica dos modelos da Psicologia Clínica para a educação, culpabilizando o aluno pelo próprio fracasso e isentando os fatores intraescolares e as questões sociais da promoção do fracasso escolar. Oferecer um espaço de escuta e de interlocução com os professores pode melhorar essa imagem do psicólogo para não perder espaço para os psicopedagogos.
O fracasso escolar é um fenômeno multifacetado e multideterminado e na
causalidade das dificuldades de aprendizagem estão presentes, de forma incontestável, características do indivíduo e do seu meio social.
Segundo Souza (1997), os atendimentos psicológicos dos alunos com queixas
escolares, em relação às dificuldades de aprendizagem, têm sido tratados como fenômenos individuais, decorrentes de determinantes físicos e biológicos desvinculados, portanto, dos determinantes sociais. Assim, a causa do fracasso escolar na maioria das práticas psicológicas é entendida como um problema de âmbito emocional e intelectual provocado por inadequações afetivas ou materiais das famílias, crença semelhante na história pedagógica brasileira em que a origem das dificuldades escolares concentra-se também no aluno e em sua família.
Um programa de atendimento psicológico às crianças encaminhadas com queixa
de dificuldades no processo de escolarização poderia basear-se em um modelo clínico de intervenção em crise, cabendo, também, ao psicólogo “as funções de fonte de suporte e mobilizador de recursos, seja junto à criança, à família ou à equipe de saúde”, já que muitas dessas crianças, que enfrentam circunstâncias adversas na vida escolar, também apresentam na vida pessoal e familiar. Para a dificuldade de aprendizagem recomenda-se mudança no foco de análise do indivíduo, pelo psicólogo, para a relação interpessoal professor-aluno, possibilitando que se considere a influência do contexto cultural, o papel do outro na construção da subjetividade individual e as representações sociais e culturais sobre o processo de ensino-aprendizagem.
Quanto às dificuldades de aprendizagem o problema é dislexia, problema do
aluno ou dispedagogia, problema do professor, consequentemente dificuldade de ensino? De qualquer forma condições biológicas, sociológicas ou psicológicas, com os problemas cognitivos, perceptivos, emocionais, psicolinguísticos, psicomotores, de atenção, de memória do aluno interagem dinamicamente entre si e produzem efeitos que se materializam e revelam-se, na escola, em crianças de todas as classes sociais.
A intenção/desejo de ensinar e a intenção/desejo de aprender perpassa pelas
condições de infraestrutura para que essa conexão se estabeleça. E aí é complexo, quiçá utópico imaginar que investimentos públicos consigam minimizar tais dificuldades ou eticamente ter interesse em cada sujeito, assim como os profissionais/seres envolvidos com as dificuldades diversas dos que não progridem por n motivos a superar.
Referência:
BARBOSA, P. S. Curso de dificuldades de aprendizagem. Universidade Estadual do
Maranhão, São Luís, 2015.
NEVES, M. M. B. J; ARAÚJO, C. M. M. A questão das dificuldades de aprendizagem
e o atendimento psicológico às queixas escolares. Aletheia, n.24, p.161-170, jul./dez. 2006.
Nação tarja preta: O que há por trás da conduta dos médicos, da dependência dos pacientes e da atuação da indústria farmacêutica (leia também Nação dopamina)