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CENTRO UNIVERSITÁRIO DOS GUARARAPES

ESCOLA DE SAÚDE
CURSO DE PSICOLOGIA

ISABELE BESERRA DA SILVA


ISLLAYNE KAOANY DE ANDRADE LACERDA
RAISSA ANDRADE LEMOS
TELMA CONCEIÇÃO DA COSTA
THAMIRIS DE SOUZA PIMENTEL

TEORIAS DA APRENDIZAGEM E O FILME CAPITÃO


FANTÁSTICO

RECIFE
2019
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ISABELE BESERRA DA SILVA


ISLLAYNE KAOANY DE ANDRADE LACERDA
RAISSA ANDRADE LEMOS
TELMA CONCEIÇÃO DA COSTA
THAMIRIS DE SOUZA PIMENTEL

TEORIAS DA APRENDIZAGEM E O FILME CAPITÃO


FANTÁSTICO

Atividade prática supervisionada (APS) da disciplina


PROCESSOS PSICOLÓGICOS BÁSICOS
ordenado pela professora Vanessa Benevides Martins Gomes

RECIFE
2019
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SUMÁRIO

1 Introdução…………….…………………….…....…..….………......04

2 O que é aprendizagem………....…………………...….…...…......05

3 Teoria da aprendizagem de Vygotsky……...………………....…06

4 Teoria da aprendizagem de Piaget……...…..……..…….......…..08

5 Capitão fantástico………………………………………...…......…..10

6 Teorias da aprendizagem e o filme Capitão fantástico….........12

7 Referêcias.....................................................................................14
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Introdução
Ao estudar o tema vamos nos deparar com questões sobre uma definição
precisa em relação à aprendizagem. Incomensuráveis são os teóricos que
polemizam a teoria da aprendizagem e seus conceitos. O que acontece no
cérebro de uma pessoa quando ela aprende alguma coisa? Define-se que
ocorram alterações no sistema límbico, correspondendo à suas estruturas,
fisiologia e possíveis patologias que atrapalhem o processo. As experiências e
a maneira como o ser humano lida com as mesma afetam seu cérebro e seu
desenvolvimento.
Para reputar a aprendizagem, portanto, é preciso referir-se às consequências
sobre a conduta. A aprendizagem oportuniza uma modificação no
comportamento, no momento em que alguém aprende algum ato seu
comportamento fica alterado em alguma ângulo, mesmo que a transição não se
evidencie de forma observável.
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Conceito de aprendizagem
Aprendizagem é um processamento de conhecimentos, valores e atitudes que
é assimilado de através das experiências. Esta mudança resulta na
modificação associada entre estímulos e respostas. É um processo que se
caracteriza pela interação entre os conhecimentos novos e os prévios, onde
essa interação é não-arbitrária.
Nesse processo os novos conhecimentos adquirem significado para o sujeito e
a percepção adquire novo significado ou maior estabilidade cognitiva
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Teoria da aprendizagem de Vygotsky

O teórico bielo-russo Lev Vygotsky iniciou suas pesquisas durante o final da


Revolução russa, sendo fortemente influenciado pelo pensamento marxista,
onde tudo é um processo de construção e mudança cultural e histórica. Ele
atribuiu às relações sociais um papel importante no contexto do
desenvolvimento social, estabelecendo assim uma relação entre o pensamento
e a linguagem. À esse processo é dado o nome de socioconstrutivismo.

Vygotsky descreveu que o indivíduo se forma quando em contato com o meio


externo, alterando-o e consequentemente estabelecendo uma relação de
interdependência entre o ambiente e si mesmo. Ele defende que quando
nasce, a criança possui apenas as funções psicológicas básicas, sendo que
essas irão desenvolver-se ao longo das interações sociais que serão
estabelecidas. Esse desenvolvimento se dará através de mediações e
estímulos produzidos externamente e irão conferir ao “ser imaturo” os conceitos
de funcionamento de comportamentais, sociológicos e psicológicos. Em suma,
o ser humano é resultado de uma interação de dupla troca, onde o homem
altera o meio e vice versa. Essa experiência determinante receberá a
nomenclatura de “experiência pessoalmente significativa”.

Ele ainda afirma que as funções psicológicas superiores, provenientes do


contato com o ambiente exterior, só se formarão através do aprendizado. Este
que só poderá ser adquirido a partir do desenvolvimento da linguagem para
então haver uma comunicação e transmissão mais efetiva.

Lev V. desenvolveu os conceitos de desenvolvimento real, desenvolvimento


potencial e zona de desenvolvimento proximal, que podem ser esclarecidos,
respectivamente, como: a capacidade da criança de reproduzir tarefas de
forma independente, sem necessitar da ajuda ou supervisão de terceiros;
etapas de evolução potencialmente alcançáveis pela criança, assim como
tarefas que podem ser realizadas através da mediação de um adulto. Essa
etapa é de extrema importância, tendo em vista que há crianças que não
conseguem realizar tarefas mesmo recebendo as diretrizes para tal; é o grupo
definido para todas as funções, estejam elas totalmente desenvolvidas ou não,
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no caminho desse processo, com potencial de aprendizagem, fora do alcance e


as que tem altas chances de serem atingíveis.
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Teoria da aprendizagem de Piaget


Jean Piaget foi um pesquisador e biólogo suíço que se interessou em analisar
como surge e evolui o conhecimento, e como as crianças constroem a
aprendizagem.
Para Piaget, entende-se que não se pode exigir que uma pessoa resolva
problemas para os quais ela ainda não desenvolveu a estrutura necessária.
Além da maturação neurofisiológica e do crescimento orgânico do corpo,
também são fatores que influenciam nesse processo a carga genética
hereditária, que determina o potencial do indivíduo e o meio, ou seja, as
diferentes influências de estímulos que agem sobre a criança.
Ele concluiu que a aprendizagem começa entre o desequilíbrio entre o sujeito e
o novo objeto.
O crescimento de raciocínio do indivíduo se dá pela complexidade do
ambiente. Quanto mais estímulos ele tem, quanto mais experiências ele passa,
maior o desenvolvimento intelectual dele. Baseado nisso, ele começa a
observar as crianças e vai conceituar alguns termos para a compreensão de
como se constrói o conhecimento. São elas:
 Assimilação: incorporação do novo às ideias já existentes;
 Acomodação: Modificação dos esquemas anteriormente estabelecidos
para lidar com essa nova informação;
 Adaptação: uso do conhecimento;
 Equilibração: promovida da relação entre assimilação e acomodação,
numa constante adaptação às imposições do ambiente. Isso porque a
atividade é provocada pela necessidade.
As fases de desenvolvimento cognitivo descritas por Piaget são:
 1º Fase – Sensação\ Movimento Sensório-Motor (sem linguagem): vai
do
0 a 2 anos, os bebês desenvolvem a capacidade de se reconhecer no
mundo e tem sensações e descobre o mundo através dos seus
movimentos: deitar, rolar, ficar de quatro e engatinhar. Reflexos: choro;
 2º Fase – Pré operatória: vai dos 3 aos 7 anos, marca a passagem do
período Sensório-motor para o Pré operatório, marca o aparecimento da
função simbólica, ou seja, a linguagem; fase dos porquês; no decorrer
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desse período a linguagem vai deixar de ser representativa para dar


lugar a uma linguagem socialmente convencional. A criança apresenta
tanto uma linguagem socializada (com fins de comunicação), como uma
linguagem egocêntrica (que não tem a intenção de comunicação, não
necessita de um interlocutor). Quanto menor a criança, mais destaque
para a linguagem egocêntrica;
 3º Fase – Operatório concreto: Vai dos 7 aos 11 anos; declínio do
egocentrismo, isso significa que a linguagem torna-se mais socializada;
a criança passa a lidar com conceitos como números e relações e a
realização de operações mentalmente e não mais através de ações
físicas como na fase Sensório-motor;
 4º Fase – Operatório formal: Corresponde ao período dos 12 anos de
idade e segue. É nessa fase que a criança começa a raciocinar de forma
lógica e sistemática, ou seja, esse estágio é definido pela habilidade da
abstração total. Suas estruturas cognitivas alcançam seu maior nível de
desenvolvimento e tornam-se aptas para aplicar o raciocínio lógico à
todas as classes de problemas.
Piaget era defensor da escola ativa, onde o aluno não é visto apenas como um
sujeito passivo e pronto para receber o conhecimento e a interação com outras
pessoas é bastante significativa. Não para que ensinem verdades já
estabelecidas, mas para facilitar o processo por meio de atividades adequadas
e considerando o estágio em que o aluno se encontra por via da observação.
Dessa forma a criança consegue fazer suas próprias tentativas, elaborando um
pensamento próprio e sendo ela mesma: um sujeito ativo e fundamental para
seu processo de aprendizagem.
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Capitão Fantástico
A obra em questão se passa nos Estados Unidos, lugar em que é permitido o
homeschooling (ensino domiciliar), assunto muito debatido através de diversas
perspectivas. O filme acompanha a vida de uma família em que os pais
decidiram abandonar os meios convencionais de vida por uma questão
ideológica, para morar o mais distante possível da sociedade, numa floresta de
onde saíam apenas para comprar mantimentos que eles não pudessem
fabricar. Os filhos (Bodevan, Kyelir, Vespyr, Rellian, Zaja e Nai) eram
ensinados por eles a confecção de materiais de sobrevivência, ciências
tecnológicas, sociais e artes, eram sempre incentivados ao pensamento crítico
e tratados com igualdade e respeito; qualquer pergunta feita seria respondida
com honestidade, sem projetar sobre eles os estigmas da idade criados
socialmente. Na obra vemos a história a partir de um recorte temporal: o
momento em que Leslie (a mãe) comete suicídio, depois de um longo período
de depressão, bipolaridade, e instabilidade física e emocional. Os contornos do
filme começam quando o pai de Leslie proíbe Ben (seu marido) e as crianças a
irem ao funeral, ameaçando-o de prisão e se recusando de atender os desejos
da filha, que se reconhecia como budista, de ser cremada.
Após inúmeras discussões, os filhos convencem Ben a realizar o que eles
chamaram de “missão resgatar a mamãe”, que consistiria em ir ao funeral e
impedir que a enterrem, o que era contra seus desejos.
Durante essa viagem, começamos a perceber mais profundamente os
aspectos das relações na família que vivia em modo de democracia constante
para tomada de decisões. Os filhos se mostram extremamente inteligentes,
mesmo os mais novos, que já leem livros tidos como “avançados” e praticam a
política em seus diálogos e são, assim como os demais, extremamente críticos,
não aceitando a emissão de ideias “prontas”, mas sim a leitura e interpretação
de todas as situações, trabalhos e obras.
Também é possível perceber o despreparo emocional que os cerca por terem
sido criados sem contato social além da família, fator que incomoda em pontos
diferentes todos os filhos; esses aspectos somado a emocionalidade de Ben
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guiam o filme, sempre mostrando os momentos em que isso os fez bem ou


mal. Temos muitos acontecimentos que permeiam o enredo, todos para nos
mostrar diferentes recortes das personalidades e relações dos diversos
membros da família.
Esse é um daqueles filmes que se sujeita a mostrar que as relações não são
simples e exatas como as mídias clássicas nos fizeram acreditar, que nada é
preto no branco e tudo está permeado por uma imensa escala de cinza, que
inclui emocionalidade, corporalidade, história pessoal, perspectivas de vida,
frustrações e tudo que pode estar contido em um ser.
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Teorias da aprendizagem e o filme Capitão fantástico


Há uma enorme diferença entre tomar conhecimento de novas informações e
aprender. Tomar conhecimento é o registro na memória e uso eventual ou não
da informação. Aprender envolve um processo mais amplo que a coleta de
uma nova informação, envolve uma ideia de transformação não apenas
registrada na memória, mas usada sendo plataforma de mudanças na vida
pessoal e social. Quem aprende se modifica, passando a agir de acordo com o
resultado da aprendizagem e das relações sociais estabelecidas.

A defesa de um pensamento mais autônomo para as crianças para que elas se


tornem sujeitos de pensamentos críticos, onde exista um ambiente mais
estimulante para elas é a premissa da associação entre as teorias de
aprendizagem desenvolvidas por Piaget e Vygotsky. O ambiente familiar de
Ben não é convencional, no entanto é rico em estímulos de aprendizagem. As
crianças praticam leituras complexas, caçam, escalam montanhas, fazem sua
própria comida e ainda produzem artesanato. É dessa maneira que elas podem
se desenvolver melhor. Contudo, os filhos de Ben não cresceram em
sociedade, que é uma fase importante para o aprendizado. Piaget diz que dos
3 aos 7 anos (fase pré-operatória) a criança desenvolve a linguagem que é a
matriz da socialização, pois é a partir desta que a criança vai poder se
comunicar com as pessoas, adquirir cultura e costumes. No filme, embora as
crianças sejam demasiadamente estimuladas e evoluídas intelectualmente, não
há o processo de socialização fora do círculo familiar na floresta que eles
vivem. Com isso, eles vão se deparar com situações que para outras crianças
que foram desenvolvidas em ambientes tradicionais, são consideradas simples;
mas para eles são totalmente distantes de sua realidade. Há um desequilíbrio
entre a aprendizagem e a socialização.

Na película é possível observar que existe uma interação das crianças entre si
e com o meio selvagem, sendo esse o principal palco das relações com o
sistema externo. Sendo assim, elas estabelecem princípios e regras vigentes
ali e que em convívio social não serão bem aceitas. Por exemplo, dormir em
colchões na grama e caçar o próprio alimento. É possível perceber esse
aspecto baseado nas observações do teórico Lev Vygotsky, que diz que a
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interação do sujeito com o meio e vice versa é o que vai garantir a aquisição de
conhecimento.

Os filhos de Ben interagem entre os irmãos, com os pais, e anteriormente com


a mãe, dessa forma a aquisição de conhecimentos é dada pelo estímulo
constante dos pais à leitura e busca por aprender. Assim eles aprendem tudo
que está em livros, e compartilham através de discussões seu aprendizado.
Esse é outro ponto importante na teoria vygotskiana, que diz que o
aprendizado e a linguagem são conceitos enrelaçados, em que o aquirimento
de um necessita do desencvolvimento efetivo do outro.

Apesar da discrepância nas idades, todos os flilhos são tratados de forma


igualitária, onde os mais novos são, por exemplo, introduzidos à leituras e
interpretações complexas, como Zaja, de oito anos, que quando chamada pelo
pai para apresentar conceitos de leis e direitos dos cidadãos, o faz com
maestria, apresentando seu ponto de vista sobre a circunstância. Os
treinamentos corporais tambem são igualmente intensos para todos e tanto os
mais velhos quanto os mais novos devem escalar montanhas e praticar
pranayama, uma prática de yôga antigo para controle de respiração. Situação
que se mostra benéfica à longo prazo, quando Vespyr sofre um acidente e as
consequências deste não se mostram gradiosas devido à sua impressionante
resistência física. Apesar de serem extremamente convenientes, demasiados
ensinamentos, assim como a transparência do pai em relação à conceitos
entendidos como complexos para o entendimento das crianças desrespeita o
que o bielo-russo determinou como um sistema de zonas de conhecimento,
que são baseadas no que o indivíduo pode aprender de acordo com sua idade
e desenvolvimento.
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Referências

TERRA, Márcia Regina. O desenvolvimento humano na teoria de Piaget.


Disponível em:
https://www.unicamp.br/iel/site/alunos/publicacoes/textos/d00005.htm. Acesso
em 25/05/2019.

MENESES, Hélem Soares de. O período Sensório-motor de Piaget. 2012.


Disponível em: https://psicologado.com.br/psicologia-geral/desenvolvimento-
humano/o-periodo-sensorio-motor-de-piaget. Acesso em: 23/05/2019.

FERRARI, Márcio. Lev Vygotsky, o teórico do ensino como processo social.


2008. Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/382/lev-vygotsky-o-
teorico-do-ensino-como-processo-social. Acesso em: 24/05/2019.

Wikipedia. Zona de desenvolvimento proximal. Disponível em:


https://pt.wikipedia.org/wiki/Zona_de_desenvolvimento_proximal. Acesso em:
24/05/2019.

COELHO, Luana; PISONI, Silene. Vygotsky: sua teoria e a influência na


educação. Revista e-Ped. FACOS/CNEC Osório. Vol. 2. Nº 1. 144-152. Agosto,
2012.

Kozulin, Gindis, Ageyev, Miller, (2003), Vygotsky’s Educational Theory in


Cultural Context, Cambridge: Cambridge University Press. ISBN 0-521-52883-
6.

OLIVEIRA, Marta Kohl de. Vygotsky: Aprendizado e desenvolvimento: um


processo sócio-histórico. 5. ed. São paulo: Scipione, 2010.

Moraes, Silvia Pereira Gonzaga. A CONCEPÇÃO DE APRENDIZAGEM E


DESENVOLVIMENTO EM VYGOTSKY E A AVALIAÇÃO ESCOLAR. UEM-
PR. GEPAPe-USP. GENTEE – UEM

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