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Aula 03 - A Necessidade da Morte de Cristo

Leandro Lima

Objetivo: Entender a necessidade da morte de Jesus para a salvação dos homens pecadores
para fazer justiça ao caráter justo e santo de Deus.

Introdução

Desde os tempos do Apóstolo Paulo muitos consideravam a pregação sobre a morte


de Jesus uma loucura: “Certamente, a palavra da cruz é loucura para os que se perdem”
(1Co 1.18, 23). Não é apenas nos dias de hoje que as pessoas se recusam a aceitar que Jesus
precisava morrer para salvar o mundo. A idéia de que Jesus se sacrificou para substituir o
pecador é rejeitada por muitos como algo inconcebível, animalesco e desprovido de
sentido. Argumentam: “Como poderia Deus matar seu próprio Filho inocente pelos pecados
dos outros? Como poderia isso ser aceitável diante de Deus? Que Deus é esse que se propõe
a aceitar tal troca?” Daí o esforço antigo e moderno por encontrar outras formas de
salvação, e outros significados para a morte de Jesus.
De acordo com o ensino da Bíblia, o pecado do homem levou Cristo a morrer para
satisfazer a justiça de Deus. Esse assunto é vital para a salvação, entendê-lo bem, portanto,
é indispensável. A tendência atual é dizer que Jesus morreu para dar um exemplo. Alguns
vão mais longe dizendo que foi apenas o fracasso de um fracassado. Neste capítulo
procuramos demonstrar que a idéia da morte de Jesus pelos pecados não é algo absurdo,
pois segundo a Escritura, ele morreu para cumprir uma missão que Deus lhe confiou:
Salvar o mundo através de seu sacrifício expiatório. Como vimos ao estudar a Trindade, o
caráter de Jesus como Mediador esteve presente desde o início nas relações entre Deus e a
Criação. Mas chegou o dia quando o Mediador realizou a mais difícil das obras: Pagar com
seu sangue a divida do ser humano perante a lei.

O Mediador da Aliança

O Cristo humano e divino veio para restabelecer o relacionamento entre Deus e os


homens. Um Mediador somente é necessário quando existe algum conflito entre duas ou
mais partes. A função de um Mediador é fazer ligação entre dois oponentes na tentativa de
alcançar a paz. Quando dois oponentes não têm qualquer intenção de fazer as pazes nem
pensam em mediador. Isso mostra que o simples fato de existir um Mediador na relação
homem-Deus demonstra interesse da parte divina em resolver o impasse. Em geral importa
que o mediador seja neutro, e tenha acesso aos dois lados. Ele precisa buscar o melhor para
as duas partes envolvidas no conflito, e não pode favorecer uma em detrimento da outra.
A Escritura apresenta Jesus como o único Mediador entre Deus e os homens: “Porquanto há
um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem” (1Tm 2.5; At
4.12). Como Mediador, sendo Deus e homem ao mesmo tempo, Jesus consegue tratar com
os dois lados, e procura o bem para as duas partes. Como Deus ele consegue se aproximar
de Deus e como homem consegue se aproximar dos homens. O grande conflito a ser
resolvido é a questão da transgressão do homem. O descumprimento humano em relação a
lei de Deus que exige que a sentença de condenação seja executada. Jesus se colocou entre
essas duas partes para fazer um acordo de paz. Porém, a paz somente pode ser alcançada se
Jesus conseguir inocentar o homem. O caminho de Jesus para isso não é negando a
existência do pecado ou minimizando a gravidade do mesmo, mas morrendo no lugar do
homem, desviando a ira de Deus do pecador para si mesmo. Dessa forma, os crentes podem
ter, nas palavras de Paulo, “paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm
5.1). Assim, sempre devemos ver a posição de Mediador de Cristo em relação à salvação,
pois como diz Hodge, “como o desígnio da encarnação do Filho de Deus era reconciliar-
nos com Deus, e como a reconciliação das partes inimizadas é uma obra de mediação,
Cristo é chamado de nosso mediador” 1. Cristo exerce seu papel de Mediador para nossa
salvação como profeta, sacerdote e rei. No Antigo Testamento, para benefício de seu povo,
Deus concedeu aos homens reis, sacerdotes e profetas. Cristo reúne os três ofícios em sua
pessoa, e, portanto, consuma toda a obra divinda de aproximação com o ser humano.

O Ofício Profético de Cristo


A grande função de profeta era anunciar algo da parte de Deus para o homem. O
profeta não tinha uma mensagem de si mesmo para transmitir, ele transmitia a Palavra de
Deus, a qual precisaria ter recebido de Deus anteriormente. O profeta comunicava a
vontade de Deus ao povo através de admoestações, exortações, promessas ou ameaças.
Jesus é o profeta por excelência. Moisés, o grande profeta de Israel anunciou a vinda de um
profeta que devia ser ouvido: “O SENHOR, teu Deus, te suscitará um profeta do meio de ti,
de teus irmãos, semelhante a mim; a ele ouvirás” (Dt 18.15). Quando os homens viram os
milagres de Jesus, especialmente a multiplicação dos pães e dos peixes, declararam: “Este
é, verdadeiramente, o profeta que devia vir ao mundo” (Jo 6.14). Certamente eles estavam
pensando na promessa de Moisés. Pedro entendeu que o anúncio de Moisés se referia a
Jesus, e deixou isso bem claro em seu primeiro sermão: “Disse, na verdade, Moisés: O
Senhor Deus vos suscitará dentre vossos irmãos um profeta semelhante a mim; a ele
ouvireis em tudo quanto vos disser” (At 3.22). O Novo Testamento diz que todos os
profetas do Antigo Testamento eram movidos pelo Espírito de Cristo, ou seja, era o caráter
profético de Jesus que dava aos profetas a revelação, conforme as palavras de Pedro em sua
Primeira Epístola: “Foi a respeito desta salvação que os profetas indagaram e inquiriram, os
quais profetizaram acerca da graça a vós outros destinada, investigando, atentamente, qual
a ocasião ou quais as circunstâncias oportunas, indicadas pelo Espírito de Cristo, que neles
estava, ao dar de antemão testemunho sobre os sofrimentos referentes a Cristo e sobre as
glórias que os seguiriam” (1Pe 1.10-11). Ele está dizendo que os profetas puderam antever
as coisas futuras porque o Espírito de Cristo estava neles e lhes concedia a revelação.
Como profeta, Jesus tem a grande função de revelar o caráter do Pai. João diz:
“Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou”
(Jo 1.18). Jesus revelou o caráter de seu Pai, especialmente através de seu ensino. Suas
explicações sobre Deus, bem como seu amor, sua misericórdia, sua graça, sua justiça, sua
santidade, seu propósito, sua natureza e pessoa, foram manifestações de seu ofício
profético. Cristo é a eterna sabedoria do Pai, ele se tornou o tradutor entre Deus e a raça
decaída que não conseguia falar a linguagem de Deus. Tentar entender Deus à parte de
Cristo é como tentar entender uma nação estrangeira sem um embaixador. Cristo disse:
“Quem vê a mim vê o Pai” (Jo 14.9). Jesus precisava ser Deus, para poder falar a verdade
sobre o Pai, e, ao mesmo tempo, precisava ser homem a fim de que entendêssemos o que
ele estava falando. Cristo é a ponte que liga o finito ao infinito, sua Cruz liga os céus à

1
Charles Hodge. Teologia Sistemática, p. 822.
terra, atravessa o imenso abismo entre o bem e o mal, entre a santidade e a iniqüidade.
Lloyd-Jones está certo em assegurar a importância disso, pois de fato “uma parte de nossa
salvação consiste em nossa recepção desse conhecimento que nosso Senhor nos tem
comunicado”.2 Dessa forma, o Mediador estava fazendo a ponte entre Deus e o ser humano,
revelando-nos um pouco da maravilhosa pessoa do Pai. Toda a revelação está, de certa
forma, na pessoa de Cristo como profeta. Assim, de fato, “desde o início, tanto em seu
estado de humilhação quanto de exaltação, tanto antes quanto depois de seu advento na
carne, Cristo executa o ofício de profeta ao revelar-nos, por meio de sua Palavra e seu
Espírito, a vontade de Deus para nossa salvação” 3. Deus ordenou aos homens, no monte da
transfiguração que ele fosse ouvido (Mt 17.5). Se ele devia ser ouvido é porque de fato é o
portador da revelação. Na pessoa de Cristo, segundo Paulo, estão escondidos “todos os
tesouros da sabedoria e do conhecimento” (Cl 3.2), e nas sábias palavras de Calvino “fora
dele não há nada que valha a pena conhecer” 4.

O Oficio Real de Cristo


Em seus três ofícios, Jesus age como Mediador entre Deus e os homens: “Como
profeta ele representa Deus para com o homem, como sacerdote, ele representa o homem na
presença de Deus; e como Rei, ele exerce domínio e restabelece o domínio original do
homem”5. Cristo é rei supremo sobre todas as coisas desde toda a eternidade, mas isso diz
mais respeito a seus atributos de soberania. Quando pensamos no ofício real de Cristo
estamos nos referindo ao governo que ele exerce a partir de sua obra na cruz. Embora
Cristo seja rei desde sempre, após sua morte e ressurreição, ele foi mais uma vez coroado,
agora como aquele que tem em suas mãos o destino do mundo para efeitos redentivos.
Evidentemente este é um reino espiritual. João descreve essa cerimônia de coroação de
Jesus nos capítulos 4 e 5 do Apocalipse, quando Jesus, descrito por um lado como um
Cordeiro (Ap 5.6) e por outro como o Leão da Tribo de Judá (Ap 5.5), toma o livro da mão
direita do que está assentado no Trono (Ap 5.7), e começa a abrir esse livro que contém os
eventos que consumam o plano redentivo de Deus para o mundo. Os efeitos dessa coroação
levaram Jesus a dizer: “Toda autoridade me foi dada nos céus e na terra” (Mt 28.18).
Aquele que desceu do céu, se fez homem, padeceu a mais terrível das mortes, agora voltou
a seu lugar de glória e assumiu um posto ainda maior de autoridade (1Tm 3.16). Paulo narra
toda essa trajetória de Jesus em sua carta aos Filipenses, numa passagem que bem poderia
ser um cântico dos primeiros cristãos:
Pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a
Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se
em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se
humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz. Pelo que também
Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome,
para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da
terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai
(Fp 2.6-11).
A humanidade (seu povo) participa dessa glorificação, pois Cristo é o seu

2
D. M. Lloyd-Jones. Deus o Pai, Deus o Filho, p. 375.
3
Charles Hodge. Teologia Sistemática, p. 829.
4
João Calvino. Institutas, III,15,2.
5
Louis Berkhof. Teologia Sistemática, p. 358.
representante, e, por causa dela, ele assumiu o posto mais alto do universo, para ajudá-la e
sustentá-la até a consumação de todas as coisas. É nesse sentido que Cristo é chamado por
Paulo na carta aos Efésios de “cabeça da igreja” (Ef 1.22), estando assentado “acima de
todo principado, e potestade, e poder, e domínio, e de todo nome que se possa referir, não
só no presente século, mas também no vindouro” (Ef 1.21-22). Ele governa todas as coisas
para benefício de sua igreja. Seu governo é a garantia de que a redenção finalmente se
consumará, e de que sua morte não foi em vão.

O Ofício Sacerdotal de Cristo


De todos os três ofícios, o sacerdotal é o que se relaciona mais diretamente com a
expiação. O sacerdote se apresentava perante Deus para interceder pelo povo. A função do
sacerdote era “oferecer tanto dons como sacrifícios pelos pecados” (Hb 5.1). No Antigo
Testamento, quando os homens pecavam, precisavam se dirigir ao sacerdote que lhes
ajudaria na oferta do sacrifício pelo pecado. Como Sacerdote, a função de Cristo é nos
reconciliar com Deus, oferecendo um sacrifício que desvie a ira de Deus de sobre nós. A
diferença de Jesus em relação aos sacerdotes do Antigo Testamento é que Jesus é o
sacerdote e a vítima simultaneamente. Esse sacrifício foi, na verdade, o único sacrifício
aceito, uma vez que todos os sacrifícios do Antigo Testamento dependiam dele para terem
valor, e que, após isso, nenhum sacrifício a mais deve ser oferecido. Os sacrifícios do
Antigo Testamento eram
Tipos dos sofrimentos vicários de Cristo, e só obtinham perdão e aceitação de
Deus quando eram oferecidos com verdadeiro arrependimento, e com fé no
método de salvação usado por Deus. Só tinham significação salvadora na
medida em que levavam a atenção do israelita a fixar-se no Redentor vindouro e
na redenção prometida 6.
Jesus consumou sacerdotalmente todo o sistema do Antigo Testamento. O autor aos
Hebreus fala de forma muito clara sobre a função sacerdotal de Jesus e de sua oferta: “Com
efeito, nos convinha um sumo sacerdote como este, santo, inculpável, sem mácula,
separado dos pecadores e feito mais alto do que os céus, que não tem necessidade, como os
sumos sacerdotes, de oferecer todos os dias sacrifícios, primeiro, por seus próprios pecados,
depois, pelos do povo; porque fez isto uma vez por todas, quando a si mesmo se ofereceu”
(Hb 7.26-27). A auto-oferta de Jesus tem um valor incalculável diante de Deus. É o
Sacerdote perfeito que oferece um sacrifício perfeito. Isso nunca foi achado no Antigo
Testamento e nem poderia ser. Por isso o ofício sacerdotal de Cristo faz seu sacrifício ser
não só superior a todos os sacrifícios do Antigo Testamento, mas a própria razão porque
aqueles sacrifícios tinham valor.
A obra sacerdotal de Cristo na terra é a base para sua obra no céu. Assentado à
destra de Deus, Jesus continua intercedendo por seu povo (Rm 8:34). O Apóstolo João
demonstra claramente esse entendimento: “Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para
que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o
Justo” (1Jo 2.1)7. Os advogados humanos tentam provar a inocência do acusado, mas Jesus
sabe que seus “clientes” não são inocentes. A defesa se baseia no fato de que Deus não
6
Louis Berkhof. Teologia Sistemática, p. 366.
7
Deve ser notado que tanto Jesus quanto o Espírito Santo recebem o título de Parakletos (Advogado
ou Consolador). O Espírito Santo é o advogado de Cristo na terra e dos próprios crentes contra o
mundo, e Cristo é o advogado dos crentes no céu junto a Deus e contra Satanás.
pode punir um mesmo crime duas vezes. Se Jesus já pagou com seu sacrifício o pecado do
crente, a justiça divina não poderá mais condená-lo.

A Justiça de Deus e o pecado do homem

A Bíblia não tem ilusões românticas a respeito do homem. O ensino bíblico é que
apesar do homem ter sido criado em perfeita santidade, ele corrompeu-se completamente. A
primeira descrição bíblica que o próprio Deus dá sobre o homem após a queda está
registrada em Gênesis: “Viu o SENHOR que a maldade do homem se havia multiplicado na
terra e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração” (Gn 6.5). Essa forte
expressão “continuamente mau todo o desígnio do coração”, não deixa muita coisa positiva
sobre o homem, pelo menos não aos olhos de Deus 8. Como diz o autor do Eclesiastes:
“Deus criou o homem perfeito, mas ele se meteu em muitas astúcias” (Ec 7.29). Essa
habilidade humana em ser astutamente falso e mentiroso recebe uma ênfase em Jeremias
que diz: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto”
(Jr 17.9). Olhando sem preconceitos para esse versículo, percebe-se que está dizendo que
nenhuma outra coisa do mundo consegue ser tão enganosa e desesperadamente corrupta,
quanto o coração humano. Tão corrupto é o ser humano que consegue dizer de seu criador:
ele não existe (Sl 14.1). O mesmo salmista diria: “Corrompem-se e praticam abominação;
já não há quem faça o bem. Do céu olha o SENHOR para os filhos dos homens, para ver se
há quem entenda, se há quem busque a Deus. Todos se extraviaram e juntamente se
corromperam; não há quem faça o bem, não há nem um sequer” (Sl 14.1-4). A busca divina
por alguém justo apresenta apenas resultados negativos, pois Deus vê algo comum em
todos os seres humanos: o pecado. Como diz Schaeffer, “esta concepção da universalidade
do pecado é o maior e mais genuíno ‘nivelador’ da humanidade” 9. Todos os homens
possuem esta marca terrível em suas vidas, estão todos no mesmo nível.
Mesmo quando as pessoas ouvem o que foi exposto acima, muitas vezes, ainda não
se conscientizam da necessidade da morte de Jesus. Elas pensam: “Por que Deus não
poderia simplesmente perdoar o pecador?”. Em geral se pensa assim: Se nós devemos
perdoar os outros sem exigir nada dessas pessoas, então, por que Deus não poderia
simplesmente perdoar os homens caso visse neles o arrependimento? 10 Será que o seu amor
não é suficiente para perdoar? Esta pergunta ignora duas coisas: O quanto o pecado é
terrível e o quanto Deus é justo. Deus não tolera o pecado. Deus ama a justiça, mas odeia a
iniqüidade (Sl 45.7). Adão e Eva sabiam muito bem disso, pois antes que transgredissem,
ouviram de Deus que no dia em que comessem da árvore iriam morrer com certeza (Gn
2.17). O estabelecimento da lei no Sinai deixou claro que a transgressão acarretava a morte
(Ex 21.12-29; Lv 20.2-15; Nm 35.16-30). O Novo Testamento é ainda mais explícito: “O
salário do pecado é a morte” (Rm 6.23). Para que a justiça de Deus seja mantida, o homem

8
Embora os dias de Noé representem, teologicamente, os piores dias que esse mundo já viu. Deus
entregou o ser humano ao seu próprio pecado, e o homem foi liberado para ser tão mau quanto
possível. Depois do dilúvio, Deus impôs restrições ao ser humano, e não permite que chegue
facilmente ao limite da maldade. Jesus disse, porém, que logo antes de sua vinda, o mundo voltaria
a ser semelhante ao mundo dos dias de Noé (Mt 24.37-39).
9
Francis Schaeffer. A Obra Consumada de Cristo, p. 70.
10
A primeira complicação com esta idéia é que o ser humano nunca conseguiria oferecer a Deus um
verdadeiro arrependimento. O ensino bíblico é que o arrependimento é um dom de Deus (Ver At
11.18; Rm 2.4; 2Tm 2.25).
precisa ser condenado por seus atos. Esta condenação não pode ser outra senão a morte, ou
seja, sofrer a morte de um criminoso, como o homem de fato é. Ou o homem morre a morte
de um malfeitor e agüenta o fardo de ser separado de Deus, ou Deus deixa de ser justo.
Só quando temos isso em mente, é que podemos entender a necessidade da morte de
Jesus. No plano de Deus, Jesus é enviado ao mundo, nasce como homem, cumpre
integralmente os requisitos da lei de Deus, e se oferece como um substituto para receber a
condenação do homem, pois “nossos pecados eram o obstáculo que nos impedia de receber
o dom que ele desejava dar-nos”11. Como Mediador, ele sofre a morte do transgressor que a
lei de Deus exige. Deus não pode passar por cima de sua lei sem ferir sua própria justiça, e
conseqüentemente, sua divindade. Deus não pode perdoar como nós devemos perdoar. Nós
perdoamos porque somos igualmente pecadores, e se deixarmos de perdoar estaremos em
última instância negando o perdão a nós mesmos (Mt 6.14-15). Isso não ocorre com Deus.
Ele é absolutamente justo e santo. Se ele tolerar o pecado, estará abrindo uma exceção que
por fim o tornaria tão injusto quanto o homem. Os ímpios perderão seu tempo implorando
pelo amor de Deus no Juízo Final, pois seu amor não pode anular sua justiça. O amor não
pode levá-lo a transgredir sua própria lei. Mas foi justamente esse amor que levou Jesus a
morrer na cruz para satisfazer a justiça divina (Jo 3.16). Só a morte de Jesus faz justiça ao
caráter amoroso e justo de Deus simultaneamente. Deus não quebra a Sua justiça por amor;
antes, cumpre a justiça em amor; pois como diz Murray: "De fato a graça reina, mas uma
graça reinante à parte da justiça não é apenas inverossímil, mas também inconcebível." 12

A consciência de Jesus

Nos estudos teológicos modernos, às vezes nega-se que Jesus soubesse que
precisava morrer, mas basta observar os Evangelhos para perceber que ele sempre teve essa
consciência. Quando pela primeira vez os discípulos liderados por Pedro reconheceram que
Jesus era o Cristo, o mestre fez questão de lhes dizer: “É necessário que o Filho do Homem
sofra muitas coisas, seja rejeitado pelos anciãos, pelos principais sacerdotes e pelos
escribas; seja morto e, no terceiro dia, ressuscite” (Lc 9.22, Mt 16.21). É interessante que
Jesus tenha dito: “É necessário”. Ele tinha o entendimento de que precisava morrer pelos
pecados dos homens. Pedro, na mesma ocasião, se ofereceu para dissuadi-lo daquela idéia,
conforme Mateus relata: “E Pedro, chamando-o à parte, começou a reprová-lo, dizendo:
Tem compaixão de ti, Senhor; isso de modo algum te acontecerá” (Mt 16.22). A reação de
Jesus foi imediata: “Arreda, Satanás! Tu és para mim pedra de tropeço, porque não cogitas
das coisas de Deus, e sim das dos homens” (Mt 16.23). A resposta de Jesus refletiu o
entendimento de que pelo homem aquilo jamais aconteceria, mas por Deus sim. Sua morte
era necessária, era coisa de Deus, ele tinha plena consciência disso. Jesus Cristo não veio
enganado, ele tinha perfeita consciência do que teria de passar (Is 53). Jesus sabia que a Sua
vida de obediência espontânea ao Pai tinha como rota obrigatória a cruz. Ele sempre soube
que não havia desvios nem atalhos, a cruz era a sua missão, a única alternativa para a
salvação de seu povo. Jesus conhecia as profecias do Antigo Testamento, que, desde
Gênesis 3.15, já indicavam as dores do Messias (Ver Lc 24.26,46/Is 53.1-12/At 3.18; Jo
17.1-3; 1Pe 1.10,11).
Em geral Jesus falou sobre sua morte nos momentos de maior glorificação aqui na

11
John Stott. A Cruz de Cristo, p. 55.
12
John Murray. Redenção: Consumada e Aplicada, p. 19.
terra. Ele fez isso quando os discípulos o reconheceram como Messias. É importante
lembrar que eles esperavam um libertador político e Jesus fez questão de dizer que sua
morte era necessária. Mesmo quando anunciava sua segunda vinda gloriosa sobre as
nuvens, (Lc 17.24), ele advertia: “Mas importa que primeiro ele (o Filho do Homem)
padeça muitas coisas e seja rejeitado por esta geração” (Lc 17.25). Ele tinha a noção clara
de que seu sofrimento precisava acontecer para se cumprir o que estava determinado: “Pois
vos digo que importa que se cumpra em mim o que está escrito: ele foi contado com os
malfeitores. Porque o que a mim se refere está sendo cumprido” (Lc 22.37). Não só
entendia que precisava morrer, como a forma como morreria e o porquê: “E do modo por
que Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja
levantado” (Jo 3.14). A serpente de bronze foi levantada sobre uma haste, como um
antídoto contra a picada das serpentes que feriam o povo de Deus, por causa da rebelião
(Nm 21.4-9). Jesus entendia que seria levantado como um instrumento de cura para os
pecadores, sua morte seria um antídoto contra o pecado.
Jesus sabia que sua morte era necessária para implantar o reino de Deus no mundo.
Por isso, mesmo sentindo a dor da partida e vendo a tristeza nos olhos de seus discípulos
quando anunciava essas coisas, lhes disse: “Mas eu vos digo a verdade: convém-vos que eu
vá, porque, se eu não for, o Consolador não virá para vós outros; se, porém, eu for, eu vo-lo
enviarei” (Jo 16.6-7). A partida (morte) de Jesus era necessária para que o Espírito Santo
pudesse ser enviado e completasse a obra da redenção.
O momento em que Jesus demonstrou a maior consciência da necessidade de sua
morte, talvez tenha sido o seu maior momento de dúvida. Estamos falando do episódio do
Jardim do Getsêmani. Aquela noite, todo o pavor do mundo caiu sobre suas costas. Jesus
estava angustiado, não pelo que muitos gostam de enfatizar, porque estivesse com medo do
sofrimento físico, dos pregos, da agonia da morte ou do ridículo público. Por mais que
essas coisas fossem terríveis, seu temor era por algo muito pior do que todas elas juntas.
Jesus se angustiava pela expectativa de receber sobre si o peso da maldição dos pecados
dos homens, e por causa disso, ser abandonado por Deus. Em toda a eternidade, nunca
houve um instante em que ele não pudesse contemplar o rosto amoroso de seu Pai, mas
agora esse momento estava muito próximo. Daí suas palavras: “Meu Pai, se possível, passe
de mim este cálice! Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu queres” (Mt 26.39).
Ele perguntou a Deus se não haveria alguma outra possibilidade do mundo ser salvo, sem
que precisasse enfrentar a cruz, mas ele mesmo sabia a resposta, por isso orou novamente:
“Meu Pai, se não é possível passar de mim este cálice sem que eu o beba, faça-se a tua
vontade” (Mt 26.42). É evidente, portanto, que Jesus entendia sua missão de morrer pelo
mundo, como está claro em todas estas passagens.
Outras passagens dos Evangelhos sinóticos demonstram a consciência de Jesus a
respeito de sua morte expiatória. Por exemplo, Marcos 10.45: “Pois o próprio Filho do
Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos”
(Ver Mt 20.28). Se Jesus sabia da necessidade de sua morte, é inimaginável que não
soubesse o propósito dela. Se ele falou a seus discípulos do serviço, e falou de seu próprio
ministério como serviço, é natural que ele estivesse pensando no cântico do servo de Isaías,
e pensando de seu próprio chamado à luz disso13. O mesmo pode ser visto nas palavras de
Jesus em Marcos 14.24: “Então, lhes disse: Isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança,
derramado em favor de muitos” (Ver Mt 26.28). A evocação à questão da Aliança é

13
Ver Donald A. Hagner. Word Biblical Commentary, Volume 33b: Matthew 14-28, Mt 20.26.
fundamental para entender o sentido do sangue derramado. O Deus que estabeleceu a
Aliança, e que assumiu a responsabilidade por ela diante de Abraão, foi o Deus que enviou
o seu Filho para assumir a maldição da Aliança. Deus assumiu, ele mesmo, a
responsabilidade pelo cumprimento ou não cumprimento da Aliança 14. Agora pelo sangue
de Cristo, o Mediador, a Aliança poderia ser renovada. É nesse sentido que é chamada de
nova Aliança.
Essas passagens demonstram claramente a consciência de Jesus a respeito de sua
morte e, como diz Warfield “as questões críticas que tem sido levantadas sobre essas
passagens são negligentes”15. Jesus sabia da necessidade de sua morte, e do porquê dela.

Justo e Justificador

A morte de Cristo foi necessária porque somente assim os seres humanos poderiam
ser perdoados, sem que Deus deixasse de ser justo. Jesus morreu para conciliar a justiça e o
amor de Deus. Talvez a melhor explicação bíblica desse assunto se encontre no capítulo 3
de Romanos. Há algo que Paulo deseja provar: Deus somente pode salvar o homem
pecador através de Cristo Jesus, independentemente de obras da lei, e isso não desfaz sua
justiça. Nesse capítulo, Paulo faz questão de enfatizar a realidade do pecado de todos os
homens: “Já temos demonstrado que todos, tanto judeus como gregos, estão debaixo do
pecado; como está escrito: Não há justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há
quem busque a Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o
bem, não há nem um sequer” (Rm 3.9-12). Ele está citando o Salmo 14 demonstrando que
todos os homens sem exceção são pecadores. A questão é: Pecadores devem ser julgados e
como conseqüência receberão a ira de Deus sobre si. Deus precisa fazer isso, caso contrário
estará deixando de ser justo. Especialmente os judeus, poderiam argumentar: E os que estão
tentando obedecer a lei? As pessoas pensam que se buscarem obedecer a Deus, ao final
serão salvos pela misericórdia de Deus, como se a boa intenção fosse suficiente. Paulo diz:
Caminho errado. A lei não foi feita para salvar, mas para apontar o pecado: “Ora, sabemos
que tudo o que a lei diz, aos que vivem na lei o diz para que se cale toda boca, e todo o
mundo seja culpável perante Deus, visto que ninguém será justificado diante dele por obras
da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado” (Rm 3.19-20). Que
opção resta então? De acordo com Paulo, a opção da morte de Cristo. Ele diz: “Mas agora,
sem lei, se manifestou a justiça de Deus testemunhada pela lei e pelos profetas” (Rm 3.21).
A expressão “justiça” que Paulo usa, poderia sugerir que Deus iria punir os homens, mas
Paulo está falando de um outro aspecto da justiça de Deus. É a “justiça de Deus mediante a
fé em Jesus Cristo, para todos e sobre todos os que crêem; porque não há distinção, pois
todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Rm 3.22-23). Ele não está falando de uma
justiça punitiva, mas de uma justiça que absolve, que inocenta. A justiça, porém, só pode
inocentar alguém que seja realmente inocente, e não é esse o caso do ser humano. O
argumento de Paulo é que a justiça de Deus em Cristo, somente é possível “mediante a

14
No texto em que Deus renova a Aliança com Abraão, ele manda Abraão organizar uma cerimônia
comum daqueles dias que simbolizava um pacto. Animais eram cortados ao meio e as metades eram
colocadas umas defronte as outras, deixando um corredor ao meio. Os proponentes passavam juntos
pelo meio dos animais assumindo a responsabilidade em caso de quebra do pacto, que seria a morte.
No caso de Abraão, Deus passou sozinho pelo meio dos pedaços, assumindo inteiramente a
responsabilidade (Gn 15.9-17).
15
B. B. Warfield. Biblical Foundations, p. 193.
redenção que há em Cristo Jesus” (Rm 3.24). A palavra chave aqui é “redenção”. Paulo
explica como funciona esta redenção: “A quem Deus propôs, no seu sangue, como
propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância,
deixado impunes os pecados anteriormente cometidos; tendo em vista a manifestação da
sua justiça no tempo presente, para ele mesmo ser justo e o justificador daquele que tem fé
em Jesus” (Rm 3.25-26). Esses dois versos são o centro da argumentação de Paulo. Deus
mesmo propôs a morte de seu filho, como uma forma de propiciação. A idéia de
propiciação sugestiona algo que apazigua a ira de Deus. O pecado humano como quebra da
lei despertou a ira de Deus, e o sacrifício de Jesus apazigua essa ira. A questão da Ira de
Deus não é bem vista no meio dos estudiosos de inclinação liberal, pois eles vêm Deus
apenas como amor. Baillie é dessa opinião: “Sua ira não deve ser vista como alguma coisa
que precisa ser propiciada e assim transformada em amor e misericórdia, mas deve ser
identificada com o fogo consumidor do amor inexorável de Deus em relação com os nossos
pecados”16. Certamente ele tem bastante dificuldade em compreender que Deus possa ficar
irado contra os pecadores que ele mesmo criou 17. Mas, é um fato bem visível na Bíblia que
a ira de Deus se dirige contra o homem pecador (Ver Jo 3.36; Rm 1.18; 3.5; 9.22; Ef 5.6;
Ap 14.10). O sacrifício expiatório de Cristo faz propiciação pelos pecados dos homens que
crêem, porque satisfaz o requerimento da lei de Deus de que o pecado fosse julgado e
condenado, e assim, ele satisfaz a Ira de Deus.
Na cruz o pecado do homem é julgado e condenado na pessoa de Jesus. Isso cumpre
o requerimento da lei de Deus, e segundo Paulo, explica também o porquê de Deus ter
tolerado os pecados “anteriormente cometidos”. Ele está se referindo aqui aos pecados
realizados na Antiga Dispensação, ou seja, no Antigo Testamento. Precisamos lembrar que
os pecadores do Antigo Testamento ofereciam sacrifícios pelos seus pecados. Estamos
falando aqui do povo de Israel. Aqueles sacrifícios não tinham poder em si mesmos de
perdoar pecados (Hb 10.1). O fato é que eles apontavam para Cristo e na morte de Cristo
encontravam sua razão de ser e sua eficácia. Por esse motivo, na explicação de Paulo, os
pecadores do Antigo Testamento que os praticavam não foram punidos, e Deus não deixou
de ser justo por causa disso. Desde o início Deus tinha “em vista a manifestação de sua
justiça no tempo presente” (3.26). O tempo presente representa o momento do sacrifício de
Jesus. Grudem argumenta: “Como Jesus carregava sozinho a culpa de nossos pecados,
Deus Pai, o poderoso criador, o Senhor do Universo, derramou sobre ele a fúria de sua ira:
Jesus se tornou objeto do intenso ódio e da vingança contra o pecado que Deus tinha
guardado com paciência desde o início do mundo”.18 Cristo recebeu sobre si toda a ira
acumulada de Deus. Devemos pensar realmente que
A cruz foi o cálice do castigo eterno, destilada da ira que estava sendo
armazenada desde o pecado de Adão, concentrada numa poção terrível. O Filho
bebeu o cálice da ira para que pudéssemos beber o cálice da salvação. E quando
ele terminou seu cálice, não sobrou nenhuma só gota para nós que, de forma
grata, recebemos o benefício da sua morte 19.
Paulo continua: “Para ele mesmo ser justo e justificador daquele que tem fé em
Jesus”. Com a morte de Jesus, Deus continua sendo justo ao mesmo tempo em que justifica
16
Donald M. Baillie. Deus Estava em Cristo, p. 216.
17
Ver Wayne Grudem. Teologia Sistemática, p. 478.
18
Wayne Grudem. Teologia Sistemática, p. 477.
19
Michael Horton. Creio, p. 100.
o pecador, a cruz não é algo que influencia o amor de Deus; antes, foi o amor de Deus que
a produziu20. Sem a morte de Jesus, se Deus justificasse o pecador estaria sendo injusto, e
se condenasse estaria sacrificando seu amor. A única forma de que estas duas virtudes
divinas, o amor e a justiça, permaneçam intocáveis é através da morte de Jesus. Por essa
razão, a morte de Jesus foi absolutamente necessária, pois ela é condizente com o caráter de
Deus. Como diz Stott:
O modo pelo qual Deus escolhe perdoar os pecadores e reconciliá-los consigo
mesmo deve, acima de tudo, ser totalmente coerente com seu próprio caráter.
Não é somente que ele deve subverter e desarmar o diabo a fim de resgatar os
seus cativos. Nem é somente que ele deve satisfazer à sua lei, sua honra, sua
justiça ou a ordem moral: é que deve satisfazer a si mesmo21.
Ao morrer na cruz, Jesus estava satisfazendo o caráter santo e justo de Deus, ao
mesmo tempo em que estava dando vazão ao seu amor eterno. Nada demonstra de forma
tão espetacular, e simultaneamente, estes dois atributos de Deus. A cruz demonstra de
forma impressionante a justiça e o amor de Deus.

Conclusão

Apesar da descrença de muitos, Deus continua salvando os homens pela loucura da


pregação do Cristo crucificado. A dificuldade das pessoas com a doutrina da morte de
Cristo se deve a uma incompreensão do próprio caráter de Deus. Como diz Lloyd-Jones:
A dificuldade real que as pessoas têm com esta doutrina é geralmente devido ao
fato de que todo o seu conceito de Deus é inadequado. Ignoram alguns aspectos
do Seu caráter. Enfatizam só um lado, com a exclusão dos outros. Se elas
tomassem a Deus tal como ele é e compreendessem a verdade acerca dele, suas
dificuldades se desvaneceriam22.
Concluímos, portanto, que não havia outro jeito do homem ser salvo sem que Cristo
morresse. A morte do Mediador é a grande demonstração do poder, da soberania, da justiça
e do amor de Deus. Acima de tudo cabe alegria e louvor a Deus por ter estabelecido o plano
da salvação através do sacrifício de Jesus. Não devemos questionar o método de Deus, pois
ele, em sua sabedoria, é o único que tem condições de estabelecer o que é certo.

20
Ver D.M. Lloyd-Jones. Deus o Pai, Deus o Filho, p. 426.
21
John Stott. A Cruz de Cristo, p. 116.
22
D. M. Lloyd-Jones. Deus o Pai, Deus o Filho, p. 425.

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