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ESBOÇO AULA 03 - A SALVAÇÃO PELA GRAÇA

Leandro Lima

1. Salvação não parece ser um assunto de grande interesse hoje em dia.


2. Se na Idade Média as pessoas chegavam até a “comprar” um lugar no céu
(indulgências), tal era a preocupação delas com a salvação de suas almas, hoje, a
maioria das pessoas nem acredita no Céu ou no Inferno, ou pelo menos, na prática,
não demonstra preocupação.
3. Outras, por outro lado, pensam que um Deus de amor não as jogaria no Inferno e
por isso vivem despreocupadamente.
4. Tudo o que o homem tem construído neste mundo tende a apontar apenas para
este mundo mesmo. A vida aqui tem sido considerada o início e o fim de toda
existência. Até mesmo a pregação em muitas igrejas dos nossos dias tem
colaborado para isso. Enfatiza-se a necessidade de vitórias, prosperidade e
conquistas neste mundo, o que leva naturalmente ao pensamento de que a vida
presente é a única que importa.
5. Hoje as pessoas pagam para tentar ter um paraíso na terra.
6. Transposição de temas que o movimento evangélico moderno tem feito em
relação aos temas tradicionais da pregação bíblica. Na pregação evangélica
histórica, o verdadeiro problema do homem é o pecado, e para resolvê-lo, ele
precisa se arrepender, crer em Jesus, iniciar o processo de santificação através de
uma vida de renúncia, esperando o momento final, quando entrará no reino
celestial e será, então, revestido da perfeição. Na pregação moderna, ou talvez
devêssemos até dizer, pós-moderna, o problema do homem é a falta de
prosperidade (doença, dívida, desentendimentos, etc.). A solução é reconhecer
essa situação desesperante, procurar uma determinada igreja, e tomar parte em
algum ritual de quebra de maldição, ou de garantia do sucesso. A partir daí ele
iniciará um processo de apropriação de bênçãos, no qual terá que ter atitudes de
renúncia, fazendo generosas doações para a igreja, até que alcance a plena
prosperidade.
7. Paulo: “se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais
infelizes de todos os homens” (1Co 15.19).

A salvação do Senhor
1. A Escritura ensina a universalidade do pecado.
2. Paulo diz que “o salário do pecado é a morte” (Rm 5.12; 6.23), e Lorraine Boettner
interpreta: A sentença que foi imposta como resultado do pecado de Adão, inclui
mais do que a decomposição do corpo. A palavra ‘morte’, usada nas Escrituras
com referência às consequências do pecado, inclui toda espécie de mal que é
infligido como castigo desse pecado (...) significa, pois, a miséria eterna do
Inferno e, ainda, o antegozo dessas misérias já nos males sofridos nesta vida.
3. Cometer um pecado ou um milhão não faz diferença quanto à condenação do
Inferno, pois quem quebra um mandamento da lei, quebrou todos (Tg 2.10).
4. Antes mesmo do Éden, Deus já havia decidido sobre a forma como salvaria os
homens. Na eleição, ainda na eternidade, Deus visualizou a obra da salvação. O
próximo passo para a salvação, depois da eleição, foi a Encarnação.
5. O ponto central da salvação que Deus conquistou para nós consiste na morte de
Jesus, muito embora a morte do Senhor não seja o único evento redentivo.
Precisamos entender que Jesus viveu, morreu e ressuscitou para nossa salvação.
Sua vida nos salva, porque ele obedeceu inteiramente a Deus fazendo aquilo que
Adão não tinha feito. Através de sua vida de obediência ele conquistou a justiça
que derrama sobre nós. Sua morte nos salva, porque é a punição que nós
deveríamos receber pelos pecados, mas que ele recebeu em nosso lugar, quando
assumiu a nossa culpa e pagou a nossa dívida. Sua ressurreição nos salva, porque
através dela podemos também viver em novidade de vida. Além disso, a
ressurreição é base para nossa transformação e para a ressurreição futura de nosso
corpo. E a subida de Cristo ao céu garante que ele continue aplicando sua obra
salvadora, tendo agora o governo dos céus e da terra (Mt 28.18, Ef 1.20-22).

Um atalho para o céu


1. A salvação é pela graça, mas os homens têm tido dificuldades em entender o que
isso realmente significa. A maioria das pessoas continua pensando que precisa
conquistar a salvação.
2. Mas aí, diante das dificuldades que elas mesmas se impõem, buscam caminhos
alternativos. Nunca faltaram heresias na história da igreja que oferecessem um
caminho mais curto para o céu, uma espécie de “atalho”.
3. Na Idade Média, foi criado um sistema que “facilitava” bastante a salvação dos
pecadores, era o sistema das indulgências. O perdão vindo da penitência se
estendia apenas às consequências eternas do pecado, ou seja, a única coisa que ele
conseguia era libertar o culpado do inferno. A absolvição não eliminava as
consequências terrenas dos pecados, isso dizia respeito ao sofrimento que alguém
poderia receber como retribuição por seus erros. Acreditava-se que, aqueles que
não recebessem todas essas consequências nessa vida, receberiam no Purgatório.
4. As Indulgências foram um dos principais motivos para o início da própria
Reforma Protestante do Século 16. Foi contra elas, especialmente, que Martinho
Lutero fixou suas 95 teses na porta da Catedral do Castelo de Wittenberg em 31
de Outubro de 1517.
5. Naqueles dias, um Arcebispo chamado Albrecht, endividado com alguns nobres,
conseguiu do Papa o direito de vender indulgências na Alemanha. Ele enviou um
dominicano chamado Teztel...
6. Nada poderia ser mais irônico do que o fato de as pessoas tentarem um atalho para
o caminho mais próximo que existe, ou desejarem comprar a coisa mais gratuita
dessa vida. Mas, foi isso o que aconteceu no período das Indulgências e acontece
até hoje. Entretanto, o fato de a salvação ser de graça, não significa que ela é fácil.
Ainda é o velho caminho estreito ensinado por Jesus, porém, talvez, seja
justamente o fato de ele ser tão simples, que o torna aparentemente tão difícil para
as pessoas.

Esforços inúteis
1. O sistema de Indulgências, bem como todos os sistemas antigos ou modernos que
tentam encontrar atalhos para o céu somente existem por causa da falta de
entendimento de como funciona a salvação, e de qual é a natureza do Evangelho.
2. A igreja da Idade Média não entendia ou não queria entender que a salvação é
pela graça. Em meio às trevas daqueles tempos, Lutero encontrou na carta aos
Romanos a resposta para todas as suas angústias. Ele redescobriu a salvação pela
graça, e teve início a Reforma Protestante. Em Romanos, Paulo diz que o
Evangelho é a manifestação da Justiça de Deus: “A justiça de Deus se revela no
Evangelho”(Rm 1.17). Justiça essa que Lutero, antes da conversão, tanto temia,
pois apesar de tentar cumprir rigorosamente todos os rituais prescritos pela igreja,
jamais se sentia perdoado, e nunca conseguia encontrar paz de espírito.
3. Quando Lutero entendeu que essa justiça, Deus não exige de nós, ao contrário, ele
exige de si mesmo, a paz inundou o coração do monge, pois compreendeu que “o
justo viverá por fé” (Rm 1.17). Em Romanos 3.21 Paulo diz: “Mas agora, sem lei,
se manifestou a justiça de Deus testemunhada pela lei e pelos profetas”. Há um
imenso contraste nessa declaração, é o contraste entre a total depravação do ser
humano que é incapaz de agradar a Deus, e a provisão que o próprio Deus tem
preparado para o homem e que tem se manifestado no Evangelho.
4. Aqueles que desejam conquistar sua salvação através das boas obras deveriam
desistir enquanto é tempo, pois Paulo diz que “ninguém será justificado diante
dele por obras da lei” (Rm 3.20; Ver Gl 2.16).
5. A salvação é um presente de Deus. Ao contrário do que pensavam as pessoas da
Idade Média, e muitas ainda hoje, justiça não se compra, nem se conquista, justiça
se ganha.
6. Paulo diz que a Justiça que se manifestou não é qualquer justiça, algo como uma
auto-justificação humana, mas é a “Justiça de Deus”, que é concedida “mediante
a fé”. Aqui está o único requisito exigido do homem para que seja salvo. Quando
o carcereiro desesperado jogou-se aos pés de Paulo e Silas suplicando como
poderia ser salvo, eles lhe responderam de forma simples: “Crê no Senhor Jesus,
e serás salvo, tu e a tua casa” (At 16.29-31). Na mais famosa declaração sobre a
salvação mediante a fé, Paulo diz “porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e
isto não vem de vós, é dom de Deus” (Ef 2.8).
7. Alguém poderia dizer: “Mas a fé sou eu quem sente, logo isso é um mérito meu,
algo como uma obra minha”. Essa declaração está errada, não fazemos uma troca
com Deus. Não oferecemos a ele nossa fé, e em troca ele nos dá a Salvação. Tudo
o que acontece com relação a nossa salvação é regido pela palavra “graça”, que é
um sinônimo de “gratuito”. Alguém pode me oferecer algo valiosíssimo e me
dizer que não preciso pagar nada, mas se eu lhe oferecer um centavo e ele aceitar,
já não é mais de graça. Pode ser muito barato, mas não é de graça.
8. Para ser de graça, não se pode dar nada em troca. Paulo deixa bem claro que a
salvação é totalmente pela graça na expressão: “Isso não vem de vós, é dom de
Deus”. Ele está se referindo a todo o conjunto da salvação que inclui a fé.
Diríamos então que a fé faz parte do “pacote” da salvação que recebemos como
um presente de Deus.

O significado da salvação
1. Ter vida verdadeira já nesse mundo.
2. Receber perdão completo.
3. Ser livre da ira vindoura.
4. Vitória completa sobre os inimigos.
5. A vida eterna.

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