Você está na página 1de 43

INSTITUTO TEOLOGICO DE ENSINO NOVA VIDA 1

SOTERIOLOGIA

Instituto Teológico de Ensino


Nova Vida

%$&+$5(/(07(2/2*,$
DI SCI P LI NA:
T EOLOGIA SIST EMAT ICA

ITENV

MATERIA:

627(
7(5
5,2/2*,$

DIRETOR RESPONSAVEL: PR. VALDEX DA SILVA

PEDAGOGA RESPONSAVEL: IRMÃ MARIA DE LOURDES BANHET CHAMIM

http://itenv.vila.bol..com.br

http://www.itenv.hpg.com.br

PR VALDEX DA SILVA
INSTITUTO TEOLOGICO DE ENSINO NOVA VIDA 2

SOTERIOLOGIA

PARTE I

SOTERIOLOGIA
A CONDIÇÃO DO HOMEM
O SENTIDO DA SALVACAO
O QUE TEMOS DE FAZER PARA SERMOS SALVOS?
COMO SEGUIR A JESUS
A CRENÇA INDUZ À AÇÃO
AS MENSAGENS DO PRÓPRIO JESUS
ZELO CRISTÃO
POR QUE TRAVAR UMA LUTA ÁRDUA PELA FÉ?

http://www.itenv.hpg.com.br

PR VALDEX DA SILVA
INSTITUTO TEOLOGICO DE ENSINO NOVA VIDA 3

SOTERIOLOGIA
PARTE I

SOTERIOLOGIA

DEFINIÇÃO : Soteriologia é a união entre


dois termos gregos "Soteria" que significa
Salvação e "Logia" que significa Estudo.
Portanto Soteriologia é o Estudo da
Salvação.

INTRODUÇÃO : É fundamental que


tenhamos convicção da nossa salvação. A
Bíblia garante que podemos ter convicção
da vida eterna. Sem esta convicção é
impossível viver a vida cristã. Ao fazer o
estudo, examine como está a sua convicção
`a luz da Palavra de Deus.

A SOTERIOLOGIA DOS REFORMADORES

Sem dúvida a data de 31 de outubro de


1517 é de grande transcendência na história
universal. A Reforma exaltou verdades
bíblicas que formam o sustentáculo de
nossa evangelização. De uma maneira e
outra, todos os cristãos evangélicos são
herdeiros da Reforma.
A CRUZ ERA NECESSÁRIA PORQUE JESUS CRISTO NOS SUBSTITUIU
ALI, QUE ERA NOSSO LUGAR, ELE MORREU POR NOSSOS PECADOS E
Embora tenhaEMsido
A NOSSA MORTE, umLUGAR,
NOSSO movimento
LEVOU SOBREde profundas
SI NOSSOS repercussões culturais, sociais e políticas, é de
PECADOS, DOENÇAS E INIQÜIDADES (Is 53; 1 Pe 2:24)
bom alvitre agarrarmo-nos nesta mensagem aos seus fundamentos teológicos e, de maneira
particular, à soteriologia dos reformadores. Para cumprir esse propósito, recorreremos a quatro
grandes postulados da Reforma: Sola Gratia, Solo Christus, Sola Fide e Sola Scriptura.

Só a graça
Ensinam os reformadores que o pecador é justificado unicamente pela graça de Deus,
mediante a fé em Jesus Cristo. Neste caso, a graça é o favor divino que o homem não merece,
mas que, em sua soberania e bondade, Deus quer dar-lhe. A salvação é obra de Deus, não do
homem. Paulo diz: "Pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto [a salvação] não vem de vós, é
dom de Deus; não [vem] de obras, para que ninguém se glorie" (Ef 2.8-9). Em outra Epístola, o
apóstolo explica: "Se é pela graça, já não é pelas obras; do contrário, a graça já não é graça"
(Rm 11.6).
O homem estende a mão vazia para receber, não a mão cheia para oferecer. Não tem nada a
oferecer em troca de sua salvação. Tampouco pode cooperar com a graça divina para salvar-
se. Está morto em seus delitos e pecados. Somente se dispõe a receber o favor de Deus.
O conceito de só pela graça é um golpe mui severo ao orgulho humano. Aqui não há lugar para
a auto-suficiência, nem para a arrogância do que pretende salvar-se a si mesmo e a outros,
mesmo por meio de esforços que aos olhos da sociedade parecem mui nobres e heróicos.
Deus é sempre 'o Deus de toda a graça'(1 Pe 5.10). A salvação sempre foi, é e sempre será
pela graça. Mas esta graça vem em plenitude na pessoa de Jesus Cristo (Jo 1.17). Cristo é o
dom inefável de Deus ao mundo. O homem pode salvar-se em Cristo, não à parte de Cristo.
http://www.itenv.hpg.com.br

PR VALDEX DA SILVA
INSTITUTO TEOLOGICO DE ENSINO NOVA VIDA 4

SOTERIOLOGIA

Só Cristo
A mensagem dos reformadores era cristológica e cristocêntrica. Assim deve ser a nossa. Jesus
declarou: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida, ninguém vem ao Pai senão por mim" (Jo
14.6). E, segundo o apóstolo Pedro, "não há salvação em nenhum outro, porque abaixo do céu
não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos"
(At 4.12).
Compete-nos escutar de novo estas declarações que se opõem radicalmente a todo intento
sincretista ou universalista. Gostemos ou não, o evangelho neotestamentário é inclusivo e
exclusivo. Inclui todos que recebem a Jesus Cristo como único mediador entre Deus e os
homens, e exclui todos que resistem à graça de Deus. Não nos cabe incluir o que Deus não
incluiu, nem excluir o que Ele não excluiu.
Só Cristo salva. Mas, qual Cristo? Definitivamente não se trata aqui do Cristo dos dogmas de
feitura puramente humana, nem do Cristo da imaginação antiga e moderna, nem do Cristo do
folclore latino-americano, nem do Cristo superstar das sociedades opulentas do norte, nem do
Cristo dos poderosos interesses econômico-sociais em nosso continente, nem do Cristo dos
ideólogos de última hora. O Cristo que salva é senão aquele que é revelado nas Escrituras.
O Cristo revelado nas Escrituras é o Cristo Deus - o Logos eterno, associado eternamente com
o Pai e com o Espírito, criador e sustentador dos céus e da terra, o Senhor da vida e da
história, o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, o "que é, que era e que há de vir", o Todo-
poderoso Senhor.
O Cristo revelado nas Escrituras é o Cristo histórico - manifestado no tempo e no espaço, em
data precisa do calendário de Deus, na plenitude da história humana, no contexto de uma
geografia, de um povo, de uma cultura, de uma sociedade.
O Cristo revelado nas Escrituras é o Cristo humano - engendrado pelo Espírito, concebido pela
virgem Maria, participante de carne e sangue, "feito carne", identificado plenamente com a
humanidade.
O Cristo revelado nas Escrituras é o Cristo profeta - o arauto de Deus Pai, intérprete da
Divindade, revelador da vontade divina para seu povo e para toda a humanidade.
O Cristo revelado nas Escrituras é o Cristo sacerdote - o que está sentado à direita da
Majestade nas alturas e "também pode salvar totalmente os que por Ele se chegam a Deus,
vivendo sempre para interceder por eles" (Hb 7.25).
O Cristo revelado nas Escrituras é o Cristo rei, que está para vir - o Juiz de vivos e de mortos, o
Rei dos reis e Senhor dos senhores, o Cristo da renovação total.

Só a fé
A grande descoberta do frade Martinho Lutero nas Escrituras foi que "o justo viverá por fé" (Rm
1.17). Essa verdade bíblica chegou a ser um grito de batalha na Reforma.
A fé é a mão que recebe a dádiva de Deus em Jesus Cristo. Certamente para o evangelista
João, receber a Cristo parece ser um equivalente de crer nele (Jo 1.12). Por meio da fé
fazemos nossos os benefícios de Cristo crucificado e ressuscitado. É nesses benefícios que
descansa nossa segurança eterna de salvação.
A fé mediante a qual somos justificados não é cega, não é mera credulidade. Tampouco é a fé
um mero assentimento à verdade revelada. É muito mais que um mero exercício intelectual.
Ter fé é confiar, é abandonar-se nas mãos de Jesus Cristo, reconhecendo a enormidade de
nossa culpa e a totalidade de nossa incapacidade para libertar-nos por nós mesmos do
pecado. É admitir que os méritos humanos são inúteis para fins de justificação. É lançar mão
do valor infinito da pessoa e obra do Filho de Deus. Ter fé em Jesus Cristo é deixar-se salvar
por Ele.

http://www.itenv.hpg.com.br

PR VALDEX DA SILVA
INSTITUTO TEOLOGICO DE ENSINO NOVA VIDA 5

SOTERIOLOGIA
A fé implica também obediência. Quando o homem crê que o Evangelho é a verdade, sente-se
na obrigação de obedecê-lo. Segundo a doutrina da Reforma, o pecador é justificado só pela
fé, mas a fé que justifica não permanece só. Não é uma fé estéril, muito menos morta. O ensino
de Tiago (2.14-26) se harmoniza plenamente com o ensino de Paulo, o qual afirma que não
somos salvos por obras, mas sim, para obras que Deus "de antemão preparou para que
andássemos nelas" (Ef 2.10). Estas boas obras são o fruto da salvação, não a causa dela.
Crer em Jesus Cristo significa, além do mais, entrar em sério compromisso com Ele, com sua
Igreja e com a sociedade. Não aceitamos Jesus Cristo para evadir nossas responsabilidades
morais e viver como nos agrada, depois de haver adquirido uma apólice de seguro para a
eternidade. No Evangelho há reclamos de caráter ético.
Jesus teve o cuidado de advertir as multidões sobre as dificuldades do caminho que Ele lhes
propunha. Não guardou silêncio sobre as exigências do discipulado. Ninguém poderia queixar-
se de que Ele lhes enganara com a oferta de uma "graça barata". Seu interesse estava na
qualidade, não na quantidade de seus seguidores.

Só a Escritura
Aceitaram os paladinos da Reforma a autoridade suprema das Escrituras, não só no que diz
respeito à doutrina da justificação pela fé. Eles determinaram submeter sua fé e sua vida ao
ditame final do cânon bíblico, e não a outra autoridade, fosse a do magistério eclesiástico, ou a
da razão natural, ou a dos impulsos do coração. Aceitaram e proclamaram as Escrituras como
sua norma objetiva e final. Foi fundamentalmente por essa declaração que os reformadores e a
Igreja oficial daqueles tempos dividiram seus caminhos.
Nessa transcendental decisão, os reformadores não fizeram mais do que continuar uma longa
tradição que vem desde os tempos do Velho Testamento e desde os dias de Cristo e seus
apóstolos. Os profetas apelaram para a lei escrita como sua autoridade final. Cristo autenticou
seu ministério ante o povo com a lei de Moisés, os profetas e os Salmos (Lc 24.44). Os
apóstolos também se apoiaram na autoridade do Antigo Testamento. A Igreja antiga aceitou
ambos os Testamentos e teve assim um cânon mais extenso ao qual apelar para suas
decisões de fé e prática. Os reformadores fizeram que o "Assim diz o Senhor" e o "Está escrito"
ressonassem poderosamente no âmbito da cristandade ocidental.
Através dos séculos o princípio da Sola Scriptura tem sido ameaçado e desafiado pela razão
natural, pelo sentimentalismo pietista, pela pressão eclesial (católica e protestante), ou pela
presunção de líderes que se crêem superdotados para impor ao povo de Deus seu sistema
privado de interpretação.
Os reformadores advogaram não a livre interpretação, mas o livre exame das Escrituras. O
sacerdócio universal dos crentes - outra das grandes doutrinas exaltadas pela Reforma - não
autoriza a ninguém torcer e retorcer o texto bíblico.
Se não acatarmos a norma objetiva das Escrituras, se não nos submetermos ao senhorio de
Cristo, se não estivermos em sintonia com o Espírito Santo, se nos distanciarmos da
comunidade da fé - seremos presa fácil do subjetivismo, ou do relativismo, ou poderemos cair
ingenuamente na trama de uma ideologia, não importa de que cor seja ela.
(Condensação da mensagem pregada na abertura do Segundo Congresso Latino-americano
de Evangelização - Clade II - no dia 31 de outubro de 1979, por ocasião do 462º aniversário da
Reforma Religiosa do Século XVI.

A CONDIÇÃO DO HOMEM

Não se pode compreender a Doutrina da Salvação sem saber-se qual a condição do homem
que dela necessita. Vejamos algumas situações do homem sem salvação :

http://www.itenv.hpg.com.br

PR VALDEX DA SILVA
INSTITUTO TEOLOGICO DE ENSINO NOVA VIDA 6

SOTERIOLOGIA
Escravo do Pecado João 8 : 34 Disse Jesus : Em verdade, em verdade vos digo que todo
aquele que comete pecado é escravo do pecado.

O termo " escravo " significa estar cativo debaixo de poder absoluto, por compra, herança ou
por guerra.

O termo " pecado " significa transgressão da lei divina.

Romanos 6 : 18 Fostes libertos do pecado, e vos tornastes escravos da justiça.

As Escrituras nos mostra que o pecado pode ser dividido em duas classes, a saber :

Pecado por Comissão É um ato que não atende uma condição imposta, em outras palavras, é
fazer o que Deus proíbe.

Pecado por Omissão Ato ou efeito de omitir, deixar de fazer, ou seja, é deixar de fazer o que
Deus manda.

Morto Espiritual Rom. 5 : 12 Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo
pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos
pecaram.

A morte espiritual é um tanto análoga a morte física.

A morte física é a separação entre o corpo e o espírito, quando o espírito abandona o corpo, o
corpo morre. Da mesma forma, quando o espírito se separa de Deus, o espírito morre; da
mesma maneira que o corpo sem o espírito está morto, o espírito sem Deus também está
morto.

Separado de Deus, o homem está morto espiritualmente e impossibilitado, de tomar a iniciativa


da salvação.

Separado de Deus Esta é outra condição do homem sem salvação.

A conseqüência da queda de Adão, foi a exclusão da presença de Deus. Isto é, Deus já não
andava com Adão no Éden.

Gen. 3 : 8 E ouviram a voz do Senhor Deus, que passeava no jardim pela viração do dia: e
escondeu-se Adão e sua mulher da presença do Senhor Deus, entre as árvores do jardim.

Isaías 59 : 2 Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus.

O SENTIDO DA SALVACAO

A simplificação excessiva tem resultado em muitos mal-entendidos quando se trata da Palavra


de Deus, a Bíblia. Considere, por exemplo, o relato em Atos 16:30, 31. Ali um carcereiro fez
uma pergunta sobre salvação. Paulo respondeu: “Crê no Senhor Jesus e serás salvo.” Muitos
concluíram, portanto, à base disso, que tudo que se exige para a salvação é a simples
aceitação mental de Jesus!

http://www.itenv.hpg.com.br

PR VALDEX DA SILVA
INSTITUTO TEOLOGICO DE ENSINO NOVA VIDA 7

SOTERIOLOGIA
Isto é simplificar demais as coisas. Na verdade, a crença em Jesus como nosso Resgatador é
essencial. Mas é também necessário crer no que Jesus ensinou e ordenou, adquirir pleno
entendimento das verdades bíblicas. Isto é demonstrado pelo fato de que Paulo e Silas
subseqüentemente “falaram a palavra de Jeová [ao carcereiro] e a todos os na sua casa”. (Atos
16:32) A salvação também envolve obediência. Paulo mais tarde mostrou isso quando
escreveu que Jesus “tornou-se responsável pela salvação eterna de todos os que lhe
obedecem”. — Hebreus 5:9.

Hebreus 5:11-14

11 A respeito dele temos muito a dizer e difícil de explicar, visto que ficastes obtusos no vosso
ouvir.
12 Pois, deveras, embora devêsseis ser instrutores, em vista do tempo, precisais novamente
que alguém vos ensine desde o princípio as coisas elementares das proclamações sagradas
de Deus e vos tornastes tais que precisais de leite, não de alimento sólido.
13 Porque todo aquele que toma leite desconhece a palavra da justiça, pois é criancinha.
14 O alimento sólido, porém, é para as pessoas maduras, para aqueles que pelo uso têm as
suas faculdades perceptivas treinadas para distinguir tanto o certo como o errado.

Como pode perceber, nenhum destes textos diz que o conhecimento não é importante para a
salvação... Mas vamos continuar:

Já Foi Salvo?

JOÃOZINHO tinha dez anos de idade quando um homem o parou numa feira e perguntou:
“Mocinho, aceita a Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador?” Esta pergunta parecia bastante
estranha a Joãozinho, visto que sempre crera em Jesus. Por isso, respondeu: “Claro que sim.”
“Louvado seja o Senhor!” gritou o homem para todos ouvirem. “Mais uma alma salva para
Cristo!”

Será que a salvação é realmente tão simples assim? Foi o Joãozinho “salvo” a partir do
momento em que disse essas palavras, não importando o que fizesse durante o restante da
sua vida? Muitas pessoas sinceras responderiam que sim. Alguns tratados religiosos dizem
que se deve anotar a data em que se é “salvo”, para poder lembrá-la.

Certo clérigo escreveu que no “momento da simples fé em Cristo, . . . fixa-se permanentemente


o destino da pessoa”. Ele afirmou que a Bíblia diz que a salvação depende de um único e
singelo “ato de fé, não da continuidade da fé”. Outro escritor religioso escreveu: “Trata-se dum
serviço acabado. Ele já foi realizado para você . . . Sua ‘guerra já terminou’. Sua ‘iniqüidade foi
removida’.” No entanto, mesmo aqueles que estão firmemente convencidos de que é assim
podem notar um problema nisso. É óbvio que muitos dos a quem se disse que estão “salvos”
não vivem do modo que a Bíblia diz que devem viver. Uma explicação comum é de que talvez
não tenham mesmo “aceitado” a Cristo.

Então, o que está realmente envolvido em se “aceitar” a Jesus? Trata-se dum único ato de fé
ou é um modo de vida contínuo? Precisa nossa crença ser forte o bastante para motivar-nos a
agir? Podemos realmente aceitar os benefícios do sacrifício de Jesus sem a responsabilidade
de segui-lo?

http://www.itenv.hpg.com.br

PR VALDEX DA SILVA
INSTITUTO TEOLOGICO DE ENSINO NOVA VIDA 8

SOTERIOLOGIA
Muitos querem as bênçãos, mas não a responsabilidade de seguir e obedecer a Jesus. Na
realidade, a palavra “obedecer” muitas vezes os perturba. No entanto, Jesus disse: “Vem ser
meu seguidor.” (Lucas 18:18-23) E a Bíblia declara: “Os que não obedecem às boas novas
acerca de nosso Senhor Jesus . . . serão submetidos à punição judicial da destruição eterna.”
— 2 Tessalonicenses 1:8, 9; Mateus 10:38; 16:24.

A Bíblia diz muitas coisas que suscitam sérias perguntas sobre o que se tem ensinado a
respeito da salvação. Se quiser verificar o que a Bíblia diz mesmo sobre este assunto, achará
muito interessantes as páginas que seguem. Abra a Bíblia e leia os textos mencionados para
ver o que Jesus e seus apóstolos ensinaram sobre este assunto vital.

O QUE TEMOS DE FAZER PARA SERMOS SALVOS?

UM HOMEM certa vez perguntou a Jesus: “Senhor, são poucos os que estão sendo salvos?”
Como respondeu Jesus? Disse ele: ‘Basta aceitar-me como teu Senhor e Salvador, e assim
serás salvo’? Não! Jesus disse: “Esforçai-vos vigorosamente a entrar pela porta estreita,
porque eu vos digo que muitos buscarão entrar, mas não poderão.” — Lucas 13:23, 24.

Será que Jesus deixou de responder à pergunta do homem? Não, pois o homem não
perguntou quão difícil seria ser salvo; ele perguntou se o número era pequeno. Portanto, Jesus
apenas indicou que menos pessoas do que seria de esperar se esforçariam vigorosamente
para receber esta maravilhosa bênção.

‘Não foi isso o que me disseram’, talvez protestem alguns leitores. Talvez citem João 3:16, que
diz: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo
aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (Almeida, rev. e corr.) Mas nós
respondemos: ‘Então, em que temos de crer? Que Jesus viveu mesmo? Claro que sim. Que
ele é o Filho de Deus? Definitivamente. E visto que a Bíblia chama a Jesus de “Instrutor” e
“Senhor”, não temos de crer também no que ele ensinou, obedecer-lhe e segui-lo?’ — João
13:13; Mateus 16:16.

COMO SEGUIR A JESUS

Mas aí surge o problema! Muitos daqueles a quem se disse que são “salvos” parecem ter
pouca intenção de seguir a Jesus ou de obedecer-lhe. De fato, certo clérigo protestante
escreveu: “Naturalmente, nossa fé em Cristo deveria continuar. Mas a afirmação de que ela
definitiva ou necessariamente precisa persistir não tem nenhum apoio na Bíblia.”

Ao contrário, a Bíblia alista práticas imorais que são comuns entre alguns dos que acham que
foram “salvos”. Com respeito a alguém que continuou em tal proceder, ela mandou aos
cristãos: “Removei o homem iníquo de entre vós.” Deus certamente não quer que os iníquos
contaminem Sua congregação cristã. — 1 Coríntios 5:11-13.

Então, o que significa seguir a Jesus e como podemos fazer isso? Ora, o que era que Jesus
fazia? Era ele imoral, fornicador, beberrão ou mentiroso? Era desonesto em negócios? Claro
que não! Talvez você pergunte: ‘Preciso então eliminar todas essas coisas da minha vida?’ Em
resposta, considere Efésios 4:17 até 5:5. Ali não diz que Deus nos aceita não importa o que
façamos. Antes, diz-nos que devemos ser diferentes das nações do mundo, que têm “ficado
além de todo o senso moral, . . . mas vós não aprendestes que o Cristo seja assim . . . Deveis
pôr de lado a velha personalidade que se conforma ao vosso procedimento anterior . . . O
http://www.itenv.hpg.com.br

PR VALDEX DA SILVA
INSTITUTO TEOLOGICO DE ENSINO NOVA VIDA 9

SOTERIOLOGIA
gatuno não furte mais . . . A fornicação e a impureza de toda sorte, ou a ganância, não sejam
nem mesmo mencionadas entre vós, assim como é próprio dum povo santo . . . Pois isso
sabeis, reconhecendo-o por vós mesmos, que nenhum fornicador, nem pessoa impura, nem
pessoa gananciosa — que significa ser idólatra — tem qualquer herança no reino do Cristo e
de Deus.”

Será que seguimos a Jesus quando nem mesmo tentamos viver em harmonia com o seu
exemplo? Não temos de esforçar-nos a harmonizar mais nossa vida com a de Cristo? Esta
questão raras vezes, ou nunca, é considerada por aqueles que dizem, conforme diz certo
tratado religioso: “Venha a Cristo agora — do jeito que você é.”

Um dos discípulos de Jesus advertiu que homens ímpios “transformam a benignidade


imerecida de nosso Deus numa desculpa para conduta desenfreada e . . . se mostram falsos
para com o nosso único Dono e Senhor, Jesus Cristo”. (Judas 4) Então, como poderíamos
transformar a misericórdia de Deus “numa desculpa para conduta desenfreada”? Faríamos isso
por presumir que o sacrifício de Cristo cobre pecados deliberados que pretendemos continuar a
cometer, em vez de pecados da imperfeição humana, que queremos abandonar.
Certamente, não queremos concordar com um dos mais conhecidos evangelistas da América,
que disse que você não precisa “endireitar-se, desistir ou dar meia-volta”.
— Contraste isso com Atos 17:30; Romanos 3:25; Tiago 5:19, 20.

A CRENÇA INDUZ À AÇÃO

A muitos se disse que “crer em Jesus” é um ato singelo e que nossa fé não precisa ser tão forte
a ponto de nos induzir à obediência. Mas a Bíblia discorda disso. Jesus não disse que os que
começam a seguir o proceder cristão sejam salvos. Antes, ele disse: “Aquele que tiver
perseverado até o fim é o que será salvo.” (Mateus 10:22) A Bíblia compara nosso proceder
cristão a uma corrida, cujo prêmio no fim é a salvação. E ela exorta: “Correi de tal modo, que o
possais alcançar.” — 1 Coríntios 9:24.

Portanto, “aceitar a Cristo” envolve muito mais do que apenas aceitar as bênçãos oferecidas
pelo superlativo sacrifício de Jesus. Exige obediência. O apóstolo Pedro diz que o julgamento
começa “com a casa de Deus”, e acrescenta: “Ora, se primeiro começa conosco, qual será o
fim daqueles que não são obedientes às boas novas de Deus?” (1 Pedro 4:17) Portanto, temos
de fazer mais do que apenas ouvir e crer. A Bíblia diz que temos de ‘tornar-nos cumpridores da
palavra e não apenas ouvintes, enganando-nos com falsos raciocínios’. — Tiago 1:22.

AS MENSAGENS DO PRÓPRIO JESUS

O livro bíblico de Revelação (Apocalipse) contém mensagens de Jesus, transmitidas por João a
sete das primeiras congregações cristãs. (Revelação 1:1, 4) Disse Jesus que bastava os
membros dessas congregações já o terem “aceitado”? Não. Elogiou os atos, os trabalhos e a
perseverança deles, e falou do seu amor, da sua fé e do seu ministério. Mas ele disse que o
Diabo os poria à prova e que eles seriam recompensados “individualmente segundo as [suas]
ações”. — Revelação 2:2, 10, 19, 23.

Jesus descreveu assim um compromisso muito maior do que a maioria das pessoas
presumiram ao serem informadas de que sua salvação era um “serviço acabado” assim que o
“aceitaram” numa reunião religiosa. Jesus disse: “Se alguém quer vir após mim negue-se a si
mesmo e apanhe a sua estaca de tortura, e siga-me continuamente. Pois, todo aquele que
http://www.itenv.hpg.com.br

PR VALDEX DA SILVA
INSTITUTO TEOLOGICO DE ENSINO NOVA VIDA 10

SOTERIOLOGIA
quiser salvar a sua alma, perdê-la-á; mas todo aquele que perder a sua alma por minha causa,
achá-la-á.” — Mateus 16:24, 25.

Negarmos a nós mesmos? Seguir a Jesus continuamente? Isto exigiria esforço. Mudaria a
nossa vida. Mas, será que Jesus disse realmente que alguns de nós talvez até mesmo teriam
de “perder a sua alma” — morrendo por ele? Deveras, este tipo de fé vem só com o
conhecimento das coisas magníficas que você pode aprender do estudo da Palavra de Deus.
No dia em que Estêvão foi apedrejado por fanáticos religiosos ficou evidente quem eram os
que “não podiam fazer face à sabedoria e ao espírito com que ele falava”. (Atos 6:8-12; 7:57-
60) E tal fé foi demonstrada no nosso tempo pelas centenas de Testemunhas de Jeová que
morreram em campos de concentração nazistas, em vez de violar sua consciência treinada
pela Bíblia.

ZELO CRISTÃO

Temos de apegar-nos firmemente à nossa fé cristã porque, dessemelhante do que talvez ouça
em algumas igrejas ou em programas religiosos na televisão, a Bíblia diz que é possível
apostatarmos. Ela fala de cristãos que abandonaram “a vereda reta”. (2 Pedro 2:1, 15)
Portanto, temos de ‘persistir em produzir a nossa própria salvação com temor e tremor’. —
Filipenses 2:12; 2 Pedro 2:20.

Foi assim que os cristãos do primeiro século, os que realmente viram Jesus e os apóstolos
pregar, entenderam este assunto? Sim. Eles sabiam que tinham de fazer algo. Jesus disse:
“Ide, portanto, e fazei discípulos de pessoas de todas as nações, . . . ensinando-as a observar
todas as coisas que vos ordenei.” — Mateus 28:19, 20.

Algumas semanas depois de Jesus dizer isso, 3.000 pessoas foram batizadas em apenas um
dia. O número de crentes aumentou rapidamente para 5.000. Os que criam ensinavam outros.
Quando a perseguição os dispersou, isso só serviu para difundir a sua mensagem. A Bíblia diz
que não foram só uns poucos líderes, mas “os que tinham sido espalhados iam pelo país
declarando as boas novas da palavra”. Uns 30 anos mais tarde, o apóstolo Paulo podia então
escrever que as boas novas tinham sido “pregadas em toda a criação debaixo do céu”. — Atos
2:41; 4:4; 8:4; Colossenses 1:23.

Paulo não fazia conversos assim como fazem alguns televangelistas, dizendo: ‘Aceite a Jesus
agora mesmo e será salvo para sempre.’ Tampouco tinha a confiança daquele clérigo
americano que escreveu: “Como adolescente, . . . eu já tinha sido salvo.” Mais de 20 anos
depois de Jesus pessoalmente ter escolhido Paulo para levar a mensagem cristã a pessoas
das nações, este apóstolo trabalhador escreveu: “Surro o meu corpo e o conduzo como
escravo, para que, depois de ter pregado a outros, eu mesmo não venha a ser de algum modo
reprovado.” — 1 Coríntios 9:27; Atos 9:5, 6, 15.

A salvação é uma dádiva gratuita de Deus. Não pode ser merecida. Todavia, exige esforços da
nossa parte. Se alguém lhe oferecesse um presente valioso e você não mostrasse suficiente
apreço para apanhá-lo e levá-lo consigo, sua falta de gratidão poderia induzir o dador a dá-lo a
outra pessoa. Ora, de que valor é o sangue vital de Jesus Cristo? É uma dádiva gratuita, mas
temos de demonstrar profundo apreço por ela.

http://www.itenv.hpg.com.br

PR VALDEX DA SILVA
INSTITUTO TEOLOGICO DE ENSINO NOVA VIDA 11

SOTERIOLOGIA
Os verdadeiros cristãos se encontram numa condição salva por ter uma posição aprovada
perante Deus. Como grupo, sua salvação é assegurada. Individualmente, precisam satisfazer
os requisitos de Deus. Todavia, é possível que falhemos, pois Jesus disse: “Se alguém não
permanece em união comigo, ele é lançado fora como ramo e seca-se.” — João 15:6.

“A palavra de Deus é viva”

A conversa mencionada no começo do artigo precedente ocorreu há quase 60 anos. Joãozinho


ainda crê que a salvação vem somente por meio de Jesus Cristo, mas ele se dá conta de que
precisamos fazer força para alcançá-la. Ele continua convencido de que a Bíblia indica a única
fonte de verdadeira esperança para a humanidade e que temos de estudar este livro
maravilhoso, ser persuadidos por ele e deixá-lo motivar-nos a atos de amor, de fé, de bondade,
de obediência e de perseverança. Ele criou seus filhos para crerem nas mesmas coisas, e
agora tem satisfação em vê-los criar os filhos deles do mesmo modo.
Deseja que todos tenham o mesmo tipo de fé, e faz o que pode para incuti-la no coração e na
mente de outros.

O apóstolo Paulo foi inspirado a escrever que “a palavra de Deus é viva e exerce poder”.
(Hebreus 4:12) Ela pode mudar vidas. Pode motivá-lo a sinceros atos de amor, de fé e de
obediência. Mas você terá de fazer mais do que apenas “aceitar” mentalmente o que a Bíblia
diz. Estude-a e deixe-a motivar seu coração. Deixe-se guiar pela sabedoria dela.

POR QUE TRAVAR UMA LUTA ÁRDUA PELA FÉ?

O livro bíblico de Judas é dirigido aos “chamados . . . e preservados para Jesus Cristo”. Por
acaso diz que eles têm a sua salvação garantida por terem ‘aceitado a Jesus’? Não; Judas
disse a esses cristãos que deviam ‘travar uma luta árdua pela fé’. Apresentou-lhes três motivos
para isso. Primeiro, Deus ‘salvou um povo, tirando-o da terra do Egito’, no entanto, muitos
deles se desviaram depois. Segundo, até mesmo anjos se rebelaram e se tornaram demônios.
Terceiro, Deus destruiu Sodoma e Gomorra por causa da crassa imoralidade sexual praticada
naquelas cidades. Judas apresentou esses relatos bíblicos como “exemplo de aviso”. De fato,
mesmo os crentes “preservados para Jesus Cristo” precisam ter cuidado de não se desviar da
verdadeira fé. — Judas 1-7.

O Que Está Certo?

A Bíblia diz: “O homem é declarado justo pela fé, à parte das obras da lei.” Ela diz também: “O
homem há de ser declarado justo por obras e não apenas pela fé.” O que está certo? Somos
declarados justos pela fé ou por obras? — Romanos 3:28; Tiago 2:24.

A resposta harmoniosa da Bíblia diz que ambas as declarações estão corretas.

Durante séculos, a Lei de Deus dada por meio de Moisés havia exigido que os adoradores
judeus fizessem sacrifícios e ofertas específicos, que observassem dias festivos e cumprissem
requisitos alimentares e outros. Tais “obras da lei”, ou simplesmente “obras”, não eram mais
necessárias depois de Jesus prover o derradeiro sacrifício. — Romanos 10:4.

Mas pelo fato de essas obras realizadas sob a Lei mosaica terem sido substituídas pelo
sacrifício superlativo de Jesus não significa que podemos desconsiderar as instruções da
Bíblia. Ela diz: “Quanto mais o sangue do Cristo . . . purificará as nossas consciências de
http://www.itenv.hpg.com.br

PR VALDEX DA SILVA
INSTITUTO TEOLOGICO DE ENSINO NOVA VIDA 12

SOTERIOLOGIA
[anteriores] obras mortas, para que prestemos serviço sagrado ao Deus vivente?” — Hebreus
9:14.

Como é que ‘prestamos serviço sagrado ao Deus vivente’? Entre outras coisas, a Bíblia nos
manda combater as obras da carne, a resistir à imoralidade do mundo e a evitar seus laços. Ela
diz: “Trava a luta excelente da fé”, põe de lado “o pecado que facilmente nos enlaça” e ‘corre
com perseverança a carreira que se nos apresenta, olhando atentamente para o Agente
Principal e Aperfeiçoador da nossa fé, Jesus’. E a Bíblia nos exorta a ‘não nos cansarmos nem
desfalecermos nas nossas almas’. — 1 Timóteo 6:12; Hebreus 12:1-3; Gálatas 5:19-21.

Não merecemos a salvação por fazer essas coisas, porque nenhum humano jamais poderia
fazer o bastante para merecer tal bênção sublime. No entanto, não seríamos dignos deste
presente magnífico, se deixássemos de demonstrar nosso amor e nossa obediência por fazer
as coisas que a Bíblia diz que Deus e Cristo querem que façamos. Sem obras para demonstrar
a nossa fé, nossa afirmação de que estamos seguindo Jesus seria falsa, porque a Bíblia
declara especificamente: “A fé, se não tiver obras, está morta em si mesma.” — Tiago 2:17.

http://www.itenv.hpg.com.br

PR VALDEX DA SILVA
INSTITUTO TEOLOGICO DE ENSINO NOVA VIDA 13

SOTERIOLOGIA

PARTE II

A VERDADEIRA IDÉIA DA SALVAÇÃO


OS 2 PASSOS PARA A SALVAÇÃO
OS 3 ELEMENTOS BÁSICOS PARA A SALVAÇÃO
A NATUREZA DA SALVAÇÃO
A SEGURANÇA DA SALVAÇÃO
A CERTEZA DA SALVAÇÃO

http://www.itenv.hpg.com.br

PR VALDEX DA SILVA
INSTITUTO TEOLOGICO DE ENSINO NOVA VIDA 14

SOTERIOLOGIA
PARTE II

A VERDADEIRA IDÉIA DA SALVAÇÃO

Há diversas idéias a respeito da salvação. Vamos mencionar algumas das mais importantes e
apontar a que está mais de acordo com a idéia apresentada por Jesus Cristo.

A Salvação e o Passado
Atos 17 : 30 Mas Deus, não levando em conta os tempos da ignorância, manda agora que
todos os homens em todos os lugares se arrependam.

Suponhamos que uma pessoa que não saiba nadar esteja prestes a afogar-se; mas, felizmente
alguém o salva.

A salvação nada tem haver com o


passado da pessoa salva.

A Salvação e o Futuro:- Imaginemos


agora, um condenado a morte, porém
perdoado por alguém cheio de bondade e
amor.

Este perdão garante ao condenado o


livramento do castigo merecido.

Esta salvação visou o livramento do


castigo futuro.

A Salvação de Jesus Lc. 9 : 24 Porque


qualquer que quiser salvar a sua vida,
perdê-la-á; porém qualquer que, por amor
de mim, perder a sua vida, a salvará.

Suponhamos que temos um único grão de arroz no mundo em nossas mãos. Para salvar
esta semente o que temos que fazer ? A melhor maneira de salvá-lo é plantando-o, pois se
colhera centenas deles.

A verdadeira idéia da salvação é, aquela que contempla mais aquilo para o que somos salvos
do que aquilo de que fomos salvos.

A salvação ensinada por Jesus acentua mais o céu com toda a sua glória do que o inferno com
todo o seu horror. Não somo salvos para escaparmos da morte, mas para gozarmos a vida
eterna.

I Jo. 3 : 2 Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifestado o que havemos de
ser.

OS 2 PASSOS PARA A SALVAÇÃO

http://www.itenv.hpg.com.br

PR VALDEX DA SILVA
INSTITUTO TEOLOGICO DE ENSINO NOVA VIDA 15

SOTERIOLOGIA
Mat. 4 : 17 Daí por diante passou - vos, porque é chegado o reino dos céus.

Mat. 18 : 3 E disse: Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes
como crianças de modo algum entrareis no reino dos céus.

Cristo chegara ao mundo, vindo do seio do Pai. Podia descrever as glórias do céu para
comover os homens. Mas a sua mensagem era a mesma :
1. Arrependimento
2. Conversão.

1. Arrependimento
O verdadeiro arrependimento envolve a pessoa toda, todo o seu ser, toda a sua personalidade.
Arrependimento não é apenas mudança de pensamento.

João 3 :3 ...Em verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de
Deus.

Nascer do novo significa "um novo ser uma nova pessoa ou seja uma nova personalidade".

Estudaremos o arrependimento em cada um dos poderes da personalidade : Intelecto,


Sensibilidade, Volição.

• Intelecto
Intelectualmente falando, o arrependimento é uma mudança na maneira de pensarmos:

Em Deus, Em nosso pecado, Nossa relação com o próximo

Antes do arrependimento, o seu pensamento estava voltado para as coisas materiais, agora
consiste em coisas espirituais e eternas.

• Sensibilidade
O prazer e a alegria deixa de fixar-se nas coisas terrenas deste mundo para fixar-se nas coisa
espirituais.

No arrependimento o homem pensa e sente mais em relação a Deus do que em relação ao


pecado.

No Salmo 51 Davi, chora por seus pecados, mas lamenta muito mais a sua infidelidade diante
de Deus.

" Tem misericórdia de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; apaga as minhas
transgressões segundo a multidão das tuas misericórdias. Contra ti, contra ti somente pequei, e
fiz o que mau à tua vista, para que sejas justificado quando falares e puro quando julgares ".

• Volição
Antes do arrependimento o homem quer fazer a sua própria vontade, quer dirigir-se a si
mesmo, quer andar no seu próprio caminho.

http://www.itenv.hpg.com.br

PR VALDEX DA SILVA
INSTITUTO TEOLOGICO DE ENSINO NOVA VIDA 16

SOTERIOLOGIA
Através do arrependimento o homem passa a querer fazer a vontade de Deus e quer ser
dirigido por ele, porque está convencido de que a direção de Deus lhe são as melhores.

Esta mudança na vontade do homem é, de fato, o elemento mais importante no


arrependimento.

2. Conversão
Conversão é uma palavra usada para exprimir o ato do pecador, abandonando o pecado, para
seguir a Jesus.

A conversão pode e deve repetir-se todas as vezes em que o homem pecar e afastar-se de
Deus, porque ela consiste no ato de abandonar o pecado e aproximar-se de Deus.

Emprega-se, geralmente, a palavra conversão para significar aquela primeira experiência do


homem, abandonando o pecado paras seguir a Cristo.

OS 3 ELEMENTOS BÁSICOS PARA A SALVAÇÃO

Rom. 3 : 24 - 25 E são justificados gratuitamente pela sua Graça, pela redenção que há em
Cristo Jesus. Deus o propôs para propiciação pela Fé no seu Sangue, para demonstrar a sua
justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos sob a tolerância de Deus.

Os elementos básicos estabelecidos para salvação conforme escrito pelo Apóstolo Paulo aos
Romanos são :

1. A Graça
Tito 2 : 11 Pois a graça de Deus se manifestou, trazendo salvação a todos os homens.

Graça significa, primeiramente, favor, ou a disposição bondosa da parte de Deus. ( Favor não
merecido )

A graça de Deus aos pecadores revela-se no fato de que ele mesmo pela expiação de Cristo,
pagou toda a pena do pecado. Por conseguinte, ele pode justamente perdoar o pecado sem
levar em conta os merecimentos ou não merecimentos.

A graça manifesta-se independente das obras dos homens.

A graça é conhecida como Fonte da Salvação.

2. Sangue
I Jo. 1 : 7 O sangue de Jesus Cristo , seu Filho, nos purifica de todo pecado.

Em virtude do sacrifício de Cristo no calvário, o crente é separado para Deus, seus pecados
perdoados e sua alma purificada. Sangue é conhecido como a Base da Salvação.

3. A Fé
Ef. 2 : 8 - 9 Pois é pela graça que sois salvos, por meio da

Fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie.

http://www.itenv.hpg.com.br

PR VALDEX DA SILVA
INSTITUTO TEOLOGICO DE ENSINO NOVA VIDA 17

SOTERIOLOGIA
Pela fé reconhece o homem a necessidade de salvação, e pela mesma fé é ele levado a crer
em Cristo Jesus.

Heb. 11 : 6 Ora, sem Fé é impossível agradar a Deus, porque é necessário que aquele que se
aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam.

A Fé conduz-nos ao Salvador, a Fé coloca a verdade na mente e Cristo no coração. A Fé é a


ponte que dá passagem ao mundo espiritual, por isso concluímos que a Fé é o Meio para a
Salvação.

A NATUREZA DA SALVAÇÃO

Vejamos os 3 aspectos da Salvação

1. Justificação
Justificar é um termo judicial que significa absolver, declarar justo. O réu, ao invés de receber
sentença condenatória, ele recebe a sentença de absolvição.

Esta absolvição é dom gratuito de Deus, colocado a nossa disposição pela fé.

Essa doutrina assim se define : "Justificação" é um ato da livre graça de Deus pelo qual ele
perdoa todos os nossos e nos aceita como justos aos seus olhos somente por nos ser
imputada a justiça de Cristo, que se recebe pela Fé.

Justificação é mais que perdão dos pecados, é a remoção da condenação.

Deus apaga os pecados, e, em seguida, nos trata como se nunca tivéssemos cometido um só
pecado.

Portanto Justificação é o Ato de Deus tornar justo o pecador.

Romanos 3 : 24,30 Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em
Cristo Jesus... Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé sem as obras da lei.

A justificação, é realizada no homem quando este passa a crer no Senhor Jesus Cristo como
Salvador, logo que ele crê em Jesus, Deus o declara livre da condenação.

• Cristo Nossa Imputação


Rom. 4 : 6 ...Bem-aventurado o homem a quem Deus imputa justiça sem as obras,...

Imputar é atribuir a alguém a responsabilidade pelos atos de outro. Isto é Jesus Cristo assumiu
nossos pecados, Deus permitiu que Jesus pagasse nosso débito.

• Cristo Nossa Substituição


Gal. 3 : 13 Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo ele próprio maldição em nosso
lugar,...

Como nosso substituto, Cristo Jesus ganhou esta justiça para nós, morrendo em nosso lugar, a
fim de nos salvar e garantir o perdão dos nossos pecados. Somos agora aceitos por Deus,
porque nos foi creditada a perfeita Justiça de Cristo.
http://www.itenv.hpg.com.br

PR VALDEX DA SILVA
INSTITUTO TEOLOGICO DE ENSINO NOVA VIDA 18

SOTERIOLOGIA

Justiça de Cristo
I Cor. 1 : 30 Mas vós sois dele, em Jesus Cristo, o qual para nós foi feito por Deus sabedoria,
Justiça, e santificação, e redenção.

Esta justiça foi adquirida pela morte expiatória de Cristo. Sua morte foi ato perfeito de justiça,
porque satisfez a lei de Deus. Foi também um ato perfeito de obediência. Tudo isto foi feito por
nós e posto a nosso crédito.

2. Regeneração
Regenerar significa : Restaurar o que esta destruído.

Quando se trata do ser humano, Regeneração é uma mudança radical, operada pelo Espírito
Santo na alma do homem.

Esta Regeneração, atinge, portanto todas as faculdades do homem ou seja : Intelecto, Volição
e a Sensibilidade.

O homem regenerado não faz tanta questão de satisfazer à sua própria vontade como de
satisfazer à de Deus. Na Regeneração, ele passa a pensar de modo diferente, sentir de modo
diferente e querer de modo diferente : tudo se transforma.

II Cor. 5 : 17 Portanto, se alguém está em Cristo, Nova Criatura é; as coisas velhas já


passaram, tudo se fez novo.

A Bíblia descreve a regeneração como :

• Nascimento
João 3 : 3 Jesus respondeu, e disse : Na verdade, na verdade te digo que aquele que não
nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.

Uma pessoa, para pertencer a aliança feita a Israel e gozar de todos os seus direitos, precisava
somente nascer de pais judaicos. Para pertencer ao reino do Messias, contudo, uma pessoa
precisa nascer de novo.

Ezeq. 36 : 26 Dar-vos-ei um coração novo, e porei dentro em vós um espírito novo; tirarei de
vós o coração de pedra, e vos darei um coração de carne.

• Vivificação
A essência da regeneração é um nova vida concedida por Deus, mediante Jesus Cristo e pela
operação do Espírito Santo.

Jo. 10 : 10 ... Eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância.

Viver É estar com vida

Vivificar É dar vida

Vivificação É o Ato, a Ação ou o efeito de viver. É usufruir da vida espiritual que Deus
concedeu.
http://www.itenv.hpg.com.br

PR VALDEX DA SILVA
INSTITUTO TEOLOGICO DE ENSINO NOVA VIDA 19

SOTERIOLOGIA

• Purificação
Ato ou efeito de purificar

Tito 3 : 5 Não por obras de justiça que houvéssemos feitos, mas segundo a sua misericórdia,
ele nos salvou mediante a lavagem da regeneração e renovação pelo Espírito Santo.

A alma foi lavada completamente das imundícias da vida de outrora.

3. Santificação
Santificar é tornar sagrado, separar, consagrar, fazer santo.

A Palavra santo tem muitos significados :

• Separação
Representa o que está separado de tudo quanto seja terreno e humano.

I Ped. 3 : 11 Aparte-se do mal, e faça o bem; busque a paz, e siga-a .

• Dedicação
Representa o que está dedicado a Deus, no sentido ser sua propriedade.

Roma. 12 : 1 Portanto, rogo-vos, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos
corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.

• Purificação
Algo que separado e dedicado tem de ser purificado, para melhor ser apresentado. ( imaculado
)

II Cor. 7 : 1 Ora, amados, visto que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda a impureza
tanto da carne, como do espírito, aperfeiçoando a nossa santificação no temor de Deus.

• Consagração
No sentido de viver uma vida santa e justa.

Lev. 11 : 44 Eu sou o Senhor vosso Deus; consagrai-vos, e sede santos, porque eu sou santo.

Muito acentuada se acha no Velho Testamento a idéia de que a santificação consta de uma
relação especial com Deus. As coisas consagradas ao Senhor eram consideradas santas :

Arca do Concerto, O Templo, O Tabernáculo, O Altar, Os Vasos, Os Sacerdotes.

No Novo Testamento, a idéia é a de que a santificação consiste no processo do homem ser


perfeito como Ele é perfeito.

Jesus ensinou que o homem deve procurar aperfeiçoar-se cada vez mais. " Bem-aventurado os
limpos de coração, porque eles verão a Deus ".

Diante do exposto, podemos estabelecer o seguinte :

http://www.itenv.hpg.com.br

PR VALDEX DA SILVA
INSTITUTO TEOLOGICO DE ENSINO NOVA VIDA 20

SOTERIOLOGIA
Santificação é um processo O crente precisa esforçar-se para progredir em santificação.

II Cor.7 : 1 Ora, amados, visto que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda a impureza
tanto da carne, como do espírito, aperfeiçoando a nossa santificação no temor de Deus.

O processo de santificação pode ser comparado ao crescimento de uma pessoa, porém


condicionado à sua vontade.

Os meios divinos de santificação

• Sangue de Cristo
I Jo.1: 7 O sangue de Jesus Cristo, seu filho, nos purifica de todo o pecado.

• Espírito Santo
Fil. 1 : 6 Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou boa obra a aperfeiçoará
até o dia de Jesus Cristo.

• A Palavra de Deus
Jo. 17 : 17 Santifica-os na verdade a tua palavra é a verdade.

Vejamos a seguir o que o Espírito Santo santifica no crente

I Tes. 5 : 23 O mesmo Deus de Paz vos santifique completamente. E todo o vosso espírito,
alma e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor
Jesus Cristo.

• Corpo
Rom. 12 : 1 ... que apresenteis os vossos corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a
Deus, que é o vosso culto racional.

• A Alma
I Ped. 1 : 22 Tendo purificado as vossas almas

• Espírito
Sal. 78 : 8 ... Geração de coração instável, e cujo espírito não foi fiel a Deus.

Glorificação - Glorificar significa honrar, dar glória.

Deus em seu plano de salvação, manifestou a sua glória através de Cristo Jesus, o pecador
pode experimentar esta manifestação pelo Espírito Santo.

O ato final do processo da salvação será a glorificação do crente por Deus.

A Glória de Deus em Nós Em todo o tempo a glória de Deus demonstra poder, autoridade,
virtude e acima de tudo consagração.

É manifestada através da fé.

http://www.itenv.hpg.com.br

PR VALDEX DA SILVA
INSTITUTO TEOLOGICO DE ENSINO NOVA VIDA 21

SOTERIOLOGIA
Foi nos dada através de Jesus e serve para manter a unidade da Igreja.

Jo. 17 : 24 Pai, quero que onde eu estiver, estejam também comigo aqueles que me deste,
para que vejam a minha glória, a glória que me deste, porque me amaste antes da criação do
mundo.

A Glorificação do Corpo
Rom. 8 : 30 E aos que predestinou, a estes também chamou, e, aos que chamou, a estes
também justificou; e, ao que justificou, a estes também glorificou.

A Glorificação do corpo se dará por ocasião do arrebatamento, nosso corpo será transformado
em um corpo glorioso. Neste ato, se dará a glorificação, quando estaremos em corpo
incorruptível, e assim, estaremos para sempre com o Senhor.

Conhecemos que a glória da roseira é a rosa e que a de qualquer árvore são os frutos; mas a
glória do crente o que será ?

I Cor. 13 : 12 Agora vemos em espelho, de maneira obscura; então veremos face a face. Agora
conheço em parte; então conhecerei como também sou conhecido.

Rom.8 : 18 Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são
para comparar coma glória que em nós há de ser revelada.

A Glorificação é o objetivo de nosso serviço realizado

I Cor. 15 : 58 Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na
obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão.

O trabalho do cristão deve ser realizado da melhor forma possível.

Com Amor, dedicação, voluntário, humilde, alegria, sacrificial, sabedoria etç...

A SEGURANÇA DA SALVAÇÃO

É possível alguém que aceitou à Cristo como salvador cair da graça ?

Os que seguem a doutrina de Calvino diz que não e os que seguem a de Armínio diz que sim.

Estudemos então as duas doutrinas :

Calvinismo
A salvação é inteiramente de Deus; o homem absolutamente nada tem a ver com a sua
salvação.

Romanos 8 : 35 Quem nos separará do amor de Cristo ? Será tribulação, ou angustia, ou


perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada ?

Isto porque a sua vontade se corrompeu com o pecado. Desta forma o homem não pode se
arrepender sem a ajuda de Deus.

http://www.itenv.hpg.com.br

PR VALDEX DA SILVA
INSTITUTO TEOLOGICO DE ENSINO NOVA VIDA 22

SOTERIOLOGIA
Efésios 1 : 4 - 5 Assim como nos escolheu nele antes da fundação do mundo, para sermos
santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor. Nos predestinou para ele, para adoção de
filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade.

A doutrina calvinista ensina que Deus predestinou alguns para serem salvos e outros para
serem perdidos. A predestinação é o eterno decreto de Deus, pelo qual ele decidiu o que será
de cada um.

Arminianismo
A vontade de Deus é que todos os homens sejam Salvos, porque Cristo morreu por todos.

I Tim. 2 : 4 O qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno
conhecimento da verdade.

As Escrituras ensinam uma predestinação, mas não individual. Ele predestina a todos os que
querem ser salvos.

Tito 2 : 11 Portanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens.

O homem pode escolher aceitar a graça de Deus, ou pode resistir-lhe e rejeitá-la. Seu direito
de livre arbítrio sempre permanece.

A CERTEZA DA SALVAÇÃO

Todo o cristão deseja Ter a certeza da salvação, ou seja: a certeza de que, quando Cristo
voltar ou a morte chegar, esse cristão irá estar com o Senhor, no céu(Fp1.23;2Co5.8).O
propósito de João ao escrever esta primeira epístola é que o povo de Deus tenha esta
certeza(1Jo5.13).Note que João não declara em parte alguma da carta que uma experiência
passada, ou uma fé morta, é um erro grave. Esta epístola expõe nove maneiras de sabermos
que estamos salvos como crentes em Jesus Cristo.
Temos a certeza da vida eterna quando cremos “no nome do Filho de
Deus”(1Jo5.13;4.15;5.1,5).Não há vida eterna, nem certeza da salvação, sem uma fé
inabalável em Jesus Cristo; fé esta que o confessa como o Filho de Deus, enviado como
Senhor e Salvador nosso.
Temos a certeza da vida eterna quando temos Cristo como Senhor da nossa vida e
procuramos sinceramente guardar os seus mandamentos.” E nisto sabemos que o
conhecemos: se guardarmos os seus mandamentos. Aquele que diz: Eu conheço-o e não
guarda os seus mandamentos é mentiroso, e nele não está a verdade. Mas qualquer que
guarda a sua palavra, o amor de Deus está nele verdadeiramente aperfeiçoado; nisto
conhecemos que estamos nele” (1 Jo 2.3-5;1 Jo 3.24 e 5.2;Jo 8.31,51;Jo 14.23;Hb 5.9).
Temos a certeza da vida eterna quando amamos o Pai e o Filho, e não o mundo(1 Jo 2.15;1 Jo
5.4).Temos certeza da vida eterna quando habitual e continuamente praticamos a justiça, e não
o pecado(1 Jo 2.29).Por outro lado, quem vive na prática do pecado é do diabo(1 Jo 3.7-10;1
Jo 3.9).Temos certeza da vida eterna quando amamos os irmãos(1 Jo 3.14 e 2.9-11 e
4.7,12,20 e 5.1;Jo 13.34,35). Temos a certeza da vida eterna quando temos consciência da
habitação do Espírito Santo em nós.” E nisto conhecemos que ele está em nós: pelo Espírito
que nos tem dado”(1 Jo 3.24). Ver também Jo 4.13:”Nisto conhecemos que estamos nele, e ele

http://www.itenv.hpg.com.br

PR VALDEX DA SILVA
INSTITUTO TEOLOGICO DE ENSINO NOVA VIDA 23

SOTERIOLOGIA
em nós, pois que nos deu do seu Espírito”. Temos a certeza da vida eterna quando nos
esforçamos para seguir o exemplo de Jesus e viver como ele viveu(1 Jo 2.6; Jo 13.15).
Temos a vida eterna quando cremos, aceitamos e permanecemos na “Palavra da vida”, o
Cristo vivo(1 Jo 1.1),e de igual modo procedemos com a mensagem de Cristo e dos apóstolos,
conforme o NT(1 Jo 2.24 e 1.1-5 e 4.6).Temos a certeza da vida eterna quando temos um
intenso anelo e uma inabalável esperança pela volta de Jesus Cristo, para nos levar para si
mesmo.” Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifesto o que havemos de ser.
Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como
é o veremos. E qualquer que nele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também
ele é puro (1 Jo 3.2,3;Jo 14.1-3).

http://www.itenv.hpg.com.br

PR VALDEX DA SILVA
INSTITUTO TEOLOGICO DE ENSINO NOVA VIDA 24

SOTERIOLOGIA

PARTE III

A EXPLICAÇÃO PARA OS APARENTES CASOS DE PERDA DE SALVAÇÃO


FALSOS IRMÃOS
A IMPORTÂNCIA DE PERSISTIR NA FÉ
CRUCIFICANDO NOVAMENTE O FILHO DE DEUS
COISAS QUE SÃO MELHORES E PERTENCENTES À SALVAÇÃO
A GRAÇA SALVADORA DE DEUS
SALVO PELA GRAÇA
A QUEM SE DESTINA A GRAÇA?

http://www.itenv.hpg.com.br

PR VALDEX DA SILVA
INSTITUTO TEOLOGICO DE ENSINO NOVA VIDA 25

SOTERIOLOGIA
PARTE III

A EXPLICAÇÃO PARA OS APARENTES CASOS DE PERDA DE SALVAÇÃO

Será sempre fácil distinguir os membros da igreja que têm autêntica fé salvífica daqueles que
tem apenas um convencimento intelectual da verdade do Evangelho, mas não a autentica fé no
coração? Não, nem sempre é fácil, e a Bíblia afirma em varias passagens que descrentes em
aparente comunhão com a igreja podem dar alguns sinais ou indicações exteriores que os
façam parecer crentes verdadeiros. Por exemplo, Judas, que traiu Cristo, deve ter agido quase
exatamente como os outros discípulos durante os três anos em que esteve com Jesus. Tão
convincente era a sua conformidade à conduta dos outros discípulos, que, ao final dos três
anos de ministério de Jesus, quando ele declarou que um dos seus discípulos o trairia, nem
todos suspeitaram de Judas, mas "começaram um por um a perguntar-lhe: Porventura, sou eu,
Senhor?" (Mt 26.22; cf. Mc 14.19; Lc 22.23; Jo 13.22). Porém, Jesus sabia que não havia fé
genuína no coração de Judas, pois disse a certa altura: "Não vos escolhi eu em número de
doze? Contudo, um de vós é diabo" (Jo 6.70). João mais tarde escreveu no seu evangelho que
"Jesus sabia, desde o principio, quais eram os que não criam e quem o havia de trair" (Jo
6.64). Mas os discípulos mesmos não sabiam.

FALSOS IRMÃOS
Paulo fala dos "falsos irmãos que se entremeteram" (Gl 2.4), e afirma que nas suas viagens
esteve "em perigos entre falsos irmãos" (2 Co 11.26). Afirma também que os servos de
Satanás se transformam "em ministros de justiça" (2 Co 11.15). Isso não significa que todos os
descrentes da igreja que dão alguns sinais de verdadeira conversão sejam servos de Satanás
agindo secretamente para minar a obra da igreja, pois alguns podem estar ainda ponderando
as declarações do Evangelho e avançando rumo à verdadeira fé, outros podem ter ouvido uma
explicação incorreta da mensagem evangélica, e outros podem não ter ainda alcançado a
verdadeira convicção do Espírito Santo. Mas as declarações de Paulo significam que alguns
descrentes dentro da igreja são falsos irmãos e irmãs enviados para perturbar a comunhão,
enquanto outros são simplesmente descrentes que acabarão alcançando a genuína fé
salvífica. Nos dois casos, porém, eles podem dar diversos sinais exteriores que os façam
parecer crentes autênticos.

Podemos ver isso também na declaração de Jesus sobre o que acontecerá no juízo final:

"Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! Entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a
vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos, naquele dia, hão de me dizer: Senhor, Senhor!
Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios,
e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos
conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade." (Mateus 7.21-23)

Embora essas pessoas profetizassem, expulsassem demônios e fizessem "muitos milagres"


em Nome de Jesus, a capacidade de fazer tais obras não garantia que eram cristãs. Diz Jesus:
"Nunca vos conheci". Não diz: "Eu vos conheci um dia, mas já não vos conheço" nem "Eu vos
conheci um dia, mas vos afastastes de mim", e sim: "Nunca vos conheci". Nunca foram crentes
de verdade.
Ensinamento semelhante se encontra na parábola do semeador em Marcos 4. Diz Jesus:
"Outra caiu em solo rochoso, onde a terra era pouca, e logo nasceu, visto não ser profunda a
terra. Saindo, porem, o Sol, a queimou; e, porque não tinha raiz, secou-se" (Mc 4.5-6). Jesus
explica que a semente plantada em solo rochoso representa aqueles que "ouvindo a palavra,
http://www.itenv.hpg.com.br

PR VALDEX DA SILVA
INSTITUTO TEOLOGICO DE ENSINO NOVA VIDA 26

SOTERIOLOGIA
logo a recebem com alegria. Mas eles não têm raiz em si mesmos, sendo, antes, de pouca
duração; em lhes chegando a angústia ou a perseguição por causa da palavra, logo se
escandalizam" (Mc 4.16-17). O fato de eles não terem "raiz em si mesmos" indica que não avia
fonte de vida dentro dessas plantas; do mesmo modo, as pessoas representadas por tais
plantas não têm vida genuína em si. Exibem uma aparência de conversão e aparentemente se
tornam cristas, pois aceitaram a palavra "com alegria", mas, quando vem a dificuldade, elas
não são mais encontradas em lugar nenhum - a sua conversão aparente não foi genuína fé
salvífica no seu coração.

A IMPORTÂNCIA DE PERSISTIR NA FÉ

A importância de persistir na fé é também confirmada na parábola de Jesus como videira, na


qual os cristãos são retratados como ramos (Jo 15.1-7). Diz Jesus:

"Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultar. Todo ramo que, estando em mim, não
der fruto, ele o corta; e todo o que dá fruto limpa, para que produza mais fruto ainda. Se
alguém não permanecer em mim, será lançado fora, à semelhança do ramo, e secará; e o
apanham, lançam no fogo e o queimam." (João 15.1,2,6)

Os arminianos alegam que os ramos que não dão fruto são ainda assim ramos genuínos da
videira - Jesus fala de "todo ramo que, estando em mim, não der fruto" (v.2). Portanto, os
ramos que são apanhados, lançados no fogo e queimados devem representar crentes
autênticos que foram um dia parte da videira, mas caíram e ficaram sujeitos à condenação
eterna. Mas essa questão não é uma implicação necessária do ensinamento de Jesus sobre
essa questão. O símile da videira usado nessa parábola é limitado quanto ao volume de
detalhes que pode dar. Na verdade, se Jesus quisesse ensinar que associados a ele havia
crentes verdadeiros e falsos, e se quisesse usar a analogia da videira e seus ramos, então o
único modo de se referir às pessoas que não tinham vida genuína em si seria falar de ramos
que não dão fruto (lembrando a analogia das sementes que caíram no solo rochoso: "eles não
têm raiz em si mesmos" [Mc 4.17]). Aqui em João 15, os ramos que não dão fruto, embora
estejam de certo modo ligados a Jesus e exibam uma aparência de ramos legítimos, assim
mesmo dão indicação da sua verdadeira condição pelo fato de não dar fruto. Isso é igualmente
indicado pelo fato de a pessoa "não permanecer" em Cristo (Jo 15.6) e ser lançada fora para
secar como ramo arrancado da videira. Se tentamos esticar a analogia um pouco mais, dizendo
- por exemplo - que todos os ramos de uma videira estão de fato vivos, senão nem estaria ali,
então o que fazemos é estender a metáfora além daquilo que ela é capaz de ensinar - e nesse
caso nada haveria na analogia que pudesse representar os falsos crentes. O objetivo da
metáfora é simplesmente dizer que aqueles que dão fruto, dão, portanto, provas de que
permanecem em Cristo; aqueles que não dão fruto, não permanecem nele.

CRUCIFICANDO NOVAMENTE O FILHO DE DEUS

Finalmente, há duas passagens de Hebreus que também afirmam que aqueles que acabam se
afastando podem dar muitos sinais exteriores de conversão e parecer cristãos em muitos
aspectos. A primeira delas, Hebreus 6.4-6, foi muitas vezes usada pelos arminianos como
prova de que os crentes podem perder a salvação. Mas num exame mais detido essa
interpretação não se revela convincente. Escreve o autor:

"É impossível, pois, que aqueles que uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e
se tornaram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus e os poderes
http://www.itenv.hpg.com.br

PR VALDEX DA SILVA
INSTITUTO TEOLOGICO DE ENSINO NOVA VIDA 27

SOTERIOLOGIA
do mundo vindouro, e caíram, sim, é impossível outra vez renová-los para arrependimento,
visto que, de novo, estão crucificando para si mesmos o Filho de Deus, e expondo-o à
ignomínia." (Hebreus 6.4-6)

O autor continua com um exemplo extraído da agricultura:

"Porque a terra que absorve a chuva que freqüentemente cai sobre ela e produz erva útil para
aqueles por quem é também cultivada recebe bênção da parte de Deus; mas, se produz
espinhos e abrolhos, é rejeitada e perto está da maldição; e o seu fim é ser queimada."
(Hebreus 6.7-8)

Nessa metáfora agrícola, os condenados no juízo final são comparados à terra que não produz
vegetação ou fruto útil, mas só espinhos e abrolhos. Quando lembramos outras metáforas
bíblicas em que o bom fruto é sinal de verdadeira vida espiritual e a ausência de frutos
denuncia os falsos crentes (por exemplo: Mt 3.9-10; 7.15-20; 12.33-35), já temos uma
indicação de que o autor está falando de pessoas cuja prova mais confiável da sua condição
espiritual (o fruto que produzem) é negativa, sugerindo que o autor fala de pessoas que não
são verdadeiramente cristãs.
Alguns já objetaram que a longa descrição de coisas que aconteceram a essas pessoas que se
afastaram significa que elas devem ter nascido de novo. Mas essa não é uma objeção
convincente quando se examinam os termos usados. O autor diz que "uma vez foram
iluminados" (Hb 6.4). Mas essa iluminação significa simplesmente que eles compreenderam as
verdades acerca do Evangelho, não que tenham respondido a essas verdades com genuína fé
salvífica.
Do mesmo modo, a expressão uma vez, usada para falar daqueles que "uma vez foram
iluminados", traduz o termo grego hapax, que é usado, por exemplo, em Filipenses 4.6 (quando
os filipenses enviam doações a Paulo "não somente uma vez, mas duas") e em Hebreus 9.7
(que fala da entrada no Santo dos Santos "uma vez por ano". Portanto, essa palavra não
significa que algo acontece "uma vez" somente e não pode ser repetida, mas simplesmente
que aconteceu uma vez, sem especificar se será ou não repetida.
O texto diz ainda que essas pessoas "provaram o dom celestial" e que "provaram a boa palavra
de Deus e os poderes do mundo vindouro" (Hb 6.4-5). Inerente à idéia de provar é o fato de ser
esse provar algo temporário e de a pessoa poder ou não decidir aceitar a coisa provada. Por
exemplo, a mesma palavra grega (geuomai) é usada em Mateus 27.34 para dizer que aqueles
que crucificaram Jesus "deram-lhe a beber vinho com fel; mas ele, provando-o, não o quis
beber". A palavra também é usada em sentido figurado com o significado de "vir a conhecer
algo". Se interpretamos a palavra nesse sentido figurado, como deve ser entendida aqui, pois a
passagem não fala de provar comida de verdade, então isso significa que essas pessoas
compreenderam o dom celestial (o que provavelmente significa que experimentaram parte do
poder do Espírito Santo em ação) e conheceram parte da Palavra de Deus e parte dos poderes
do mundo vindouro. Não significa necessariamente que tiveram (ou não) genuína fé salvífica,
mas pode significar simplesmente que a compreenderam e tiveram alguma evidência do seu
poder espiritual.
O texto também diz que essas pessoas "se tornaram participantes do Espírito Santo" (Hb 6.4).
A questão é o significado exato da a palavra metochos, que é aqui traduzida como
"participante". Nem todos os leitores das traduções da Bíblia sabem que esse termo tem uma
ampla gama de significados e pode sugerir participação e apego bem íntimos, ou então
meramente uma associação mais tênue com a outra pessoa ou pessoas citadas. Por exemplo,
o contexto mostra que Hebreus 3.14 torna-se participante de Cristo significa ter uma
participação bem íntima com ele numa relação salvífica. Por outro lado, a palavra metochos
http://www.itenv.hpg.com.br

PR VALDEX DA SILVA
INSTITUTO TEOLOGICO DE ENSINO NOVA VIDA 28

SOTERIOLOGIA
pode também ser usada num sentido muito mais livre, referindo-se meramente a associados ou
companheiros. Lemos que quando os discípulos pegaram grandes quantidades de peixes, a
ponto de as redes estarem já se rompendo, "fizerem sinais aos companheiros do outro barco,
para que fossem ajudá-los" (Lc 5.7). Aqui, o termo define os que eram meramente parceiros ou
companheiros de Pedro e dos outros discípulos na pesca. Efésios 5.7 usa uma palavra muito
próxima (symmetochos, composta de metochos e da preposição syn ["com]) quando Paulo
exorta os cristãos a ficar atentos aos atos pecaminosos dos descrentes: "... Não sejais
participantes com eles" (Ef 5.7). Ele não está preocupado com a possibilidade de a própria
natureza deles se transformar pelo contato com os descrentes, mas simplesmente com a
hipótese de o testemunho deles ficar comprometido, de a própria vida deles vir a ser
influenciada pelos descrentes.
Por analogia, Hebreus 6.4-6 fala das pessoas que "se associaram ao" Espírito Santo e que,
portanto, tiveram a vida influenciada por ele, mas isso não implica que eles vivenciaram a obra
redentora do Espírito Santo, nem que foram regenerados. Aplicando analogia semelhante ao
exemplo dos companheiros de pesca de Lucas 5.7, Pedro e os discípulos poderiam estar
associados a eles e até ser influenciados por eles, sem sofrer uma completa mudança de vida
por conta dessa associação. A própria palavra metochos possibilita uma gama de influencia
que vai da razoavelmente fraca à razoavelmente forte, pois significa somente "aquele que
participa de, partilha de ou acompanha alguém numa atividade". Foi aparentemente isso que
aconteceu a essas pessoas mencionadas em Hebreus 6, que participaram da igreja e portanto
tiveram contato com a obra do Espírito Santo, sendo sem dúvida nenhuma influenciados por
ele de algum modo.
Por outro lado, diz o texto que é impossível renovar "para arrependimento" as pessoas que
experimentaram essas coisas e depois cometeram apostasia. Alguns já argumentaram que se
esse é um arrependimento ao qual elas precisam ser renovadas, então deve ser um
arrependimento autêntico. Mas isso não é necessariamente verdadeiro. Primeiro, é preciso que
esse "arrependimento" (gr. metanoia) não implica necessariamente arrependimento íntimo do
coração para a salvação. Por exemplo, Hebreus 12.17 usa essa palavra para falar da mudança
de idéia que fez Esaú buscar desfazer a venda do seu direito de primogenitura e refere-se a ela
com o termo "arrependimento" (metanoia). Esse não seria um arrependimento para salvação,
mas simplesmente uma mudança de idéia e o cancelamento da venda do direito de
primogenitura. (Repare também o exemplo do arrependimento de Judas, em Mateus 27.3 -
conquanto com uma palavra grega distinta.)
O verbo cognato "arrepender-se" (gr. metanoe?) é às vezes usado para indicar não
arrependimento salvífico, mas meramente pesar por ofensas individuais, em Lucas 17.3-4: "Se
teu irmão pecar contra ti, repreende-o; se ele se arrepender, perdoa-lhe. Se, por sete vezes no
dia, pecar contra ti e, sete vezes, vier ter contigo, dizendo: Estou arrependido, perdoa-lhe".
Concluímos que "arrependimento" significa simplesmente pesar por atos realizados ou pecados
cometidos. Nem sempre será possível dizer se é ou não genuíno arrependimento salvífico,
"arrependimento para salvação". O autor de Hebreus não se preocupa em especificar se se
trata ou não de arrependimento genuíno. Diz simplesmente que se alguém sente pesar pelo
pecado, compreende o Evangelho e experimenta as várias bênçãos da obra do Espírito Santo
(se dúvida em comunhão com a igreja), mas depois se afasta, não será possível restaurar tal
pessoa novamente a uma atitude de pesar pelo pecado. Mas isso não implica que o
arrependimento foi genuíno arrependimento salvífico.
A esta altura podemos perguntar que tipo de pessoa se define com todos esses termos. São
sem dúvida pessoas que estiveram intimamente ligadas à comunhão da igreja. Sentiram algum
pesar pelo pecado (arrependimento). Compreenderam claramente o Evangelho (foram
iluminadas). Apreciaram os atrativos da vida cristã e a mudança que acontece na vida das
pessoas quando se tornam cristãs, e provavelmente foram atendidas nas suas orações e
http://www.itenv.hpg.com.br

PR VALDEX DA SILVA
INSTITUTO TEOLOGICO DE ENSINO NOVA VIDA 29

SOTERIOLOGIA
sentiram o poder do Espírito Santo em ação, talvez até usando alguns dons espirituais, como
os descrentes de Mateus 7.22 ("uniram-se" à obra do Espírito Santo, ou se tornaram
"participantes" do Espírito Santo e provaram o dom celestial e os poderes do mundo vindouro).
Ouviram a verdadeira pregação da Palavra e apreciaram muitos dos seus ensinamentos
(provaram a bondade da Palavra de Deus).
Mas, depois, apesar de tudo isso, se "caíram [...] crucificando para si mesmos o Filho de Deus
e expondo-o à ignomínia" (Hb 6.6), então rejeitaram deliberadamente todas essas bênçãos e
se voltaram decididamente contra elas. É possível que todos conheçamos (às vezes pela sua
própria confissão) pessoas que estão há muito tempo na comunhão da igreja sem ser cristãs
nascidas de novo. Há muito tempo ponderam o Evangelho, mas continuam a resistir ao
chamado do Espírito Santo, talvez por causa da relutância em entregar a sua soberania a
Jesus, preferindo apegar-se a si mesmas.
Ora, o autor nos diz que se essas pessoas deliberadamente rejeitam todas essas bênçãos
temporárias, então é impossível renová-las para algum tipo de arrependimento ou pesar pelo
pecado. O seu coração estará endurecido, a sua consciência, insensível. Que mais se poderia
fazer para trazê-las à salvação? Se lhes dissermos que a Bíblia é a verdade, elas dirão que já a
conhecem, mas que resolveram rejeitá-la. Se lhes dissermos que Deus atende a oração e
transforma a vida do crente, elas responderão que também já sabem disso, mas que não
querem nada disso. Se lhes dissermos que o Espírito Santo tem poder para agir nas pessoas e
que o dom da vida eterna é indescritivelmente bom, elas dirão que compreendem, mas não
querem nada disso. A sua constante familiaridade com as coisas de Deus e a forte influencia
do Espírito Santo só serviu para endurecê-las contra a conversão.
Ora, o autor de Hebreus sabe que na comunidade à qual ele escreve há alguns em perigo de
cair dessa maneira (ver Hb 2.3; 3.8,12,14015; 4.1,7,11; 10.26,29,35-36,38-39; 12.3,15-17). Ele
quer alerta-los de que, embora tenham participado da comunhão da igreja e experimentado
várias bênçãos divinas, ainda assim, se caírem depois de tudo isso não haverá salvação para
eles. Isso não implica que ele pense que os verdadeiros cristãos possam se perder - Hebreus
3.14 implica bem o contrário. Mas ele quer que essas pessoas alcancem a certeza da salvação
mediante a persistência na fé, e, portanto, sugere que, se vierem a cair, isso mostraria que
jamais foram pessoas de Cristo (ver Hb 3.6: "...mas Cristo é fiel como filho sobre a casa de
Deus; e esta casa somos nós, se nos apegarmos firmemente à confiança e à esperança da
qual nos gloriamos). Portanto o autor quer fazer um grave alerta àqueles em perigo de cair da
fé cristã. Ele quer usar a linguagem mais forte possível para dizer: "Vejam aqui até onde a
pessoa pode chegar na experiência das bênçãos temporárias, sem no entanto realmente estar
salvas". Ele os exorta a vigiar, pois não basta depender de bênçãos e experiências
temporárias. Para isso, ele fala não de uma verdadeira mudança no coração ou de algum bom
fruto, mas simplesmente das bênçãos e experiências temporárias que essas pessoas tiveram e
que lhes deram uma compreensão parcial do Cristianismo.
Por essa razão, ele imediatamente passa da descrição desses que cometem apostasia a outra
analogia que mostra que tais pessoas que se afastam jamais deram fruto autêntico. Como já
explicamos acima, os versículos 7-8 falam dessas pessoas usando a metáfora dos "espinhos e
abrolhos", tipo de frutos que nascem no solo que não tem em si vida prestável, ainda que
receba repetidas bênçãos de Deus (nos termos da analogia, ainda que a chuva
freqüentemente o regue). Convém notar aqui que as pessoas que cometem apostasia não são
comparadas a um campo que um dia deu bom fruto e agora já não dá, mas sim a uma terra
que jamais deu bom fruto, porém apenas espinhos e abrolhos. A terra pode parecer boa antes
do surgimento dos brotos, mas o fruto dá a prova incontestável de que a terra é ruim.

COISAS QUE SÃO MELHORES E PERTENCENTES À SALVAÇÃO

http://www.itenv.hpg.com.br

PR VALDEX DA SILVA
INSTITUTO TEOLOGICO DE ENSINO NOVA VIDA 30

SOTERIOLOGIA
Forte apoio a essa interpretação de Hebreus 6.4-8 se encontra no versículo imediatamente
seguinte. Embora o autor venha falando com muita dureza sobre a possibilidade de apostasia,
ele agora volta a falar da situação da grande maioria dos leitores, que ele julga serem cristãos
de verdade. Diz: "Quanto a vós outros, todavia, ó amados, estamos persuadidos das coisas
que são melhores e pertencentes à salvação, ainda que falamos desta maneira" (Hb 6.9). Mas
a questão é: "coisas que são melhores" que o quê? O plural "coisas que são melhores" forma
um contraste apropriado com "boas coisas" mencionadas nos versículos 4-6: o autor está
convencido de que a maioria dos seus leitores experimentou coisas melhores que as meras
influências parciais e temporárias do Espírito Santo e da igreja, mencionadas nos versículos 4-
6.
De fato, o autor fala dessas coisas dizendo (literalmente) que se trata de "coisas que são
melhores e pertencentes à salvação" (gr. kai echomena sótérias). Essas não são somente as
bênçãos temporárias mencionadas nos versículos 4-6, mas coisas melhores, coisas que não
têm somente influência temporária, mas que são também "pertencentes à salvação". Assim, a
palavra grega kai ("também") mostra que a salvação é algo que não fazia parte das coisas
mencionadas nos versículos 4-6 acima. Portanto, a palavra kai, que não é traduzida
explicitamente nas versões RSV e NVI (mas a NASB chega perto), proporciona uma chave vital
à compreensão da passagem. Se o autor quisesse dizer que as pessoas mencionadas nos
versículos 4-6 estavam realmente salvas, então seria muito difícil compreender por que ele diria
no versículo 9 que estava persuadido de coisas que são melhores para elas, coisas
pertencentes à salvação, ou que carregam em si a salvação além das coisas mencionadas
acima. Ele assim mostra que, se quiser, pode usar uma curta expressão para dizer que as
pessoas "têm salvação" (ele não precisa enfileirar muitas expressões) e mostra, além do mais,
que as pessoas de quem fala nos versículos 4-6 não estão salvas.
O que são exatamente essas "coisas que são melhores"? Além da salvação mencionada no
versículo 9, são coisas que dão real prova de salvação - fruto genuíno (v. 10), plena certeza de
esperança (v. 11) e fé salvífica, do tipo exibido por aqueles que herdam as promessas (v. 12).
Dessa forma ele tranqüiliza os verdadeiros crentes - aqueles que dão fruto e demonstram amor
pelos outros cristãos, que exibem esperança e fé genuína que perdura até o tempo presente, e
que não estão prestes a se perder. Ele quer tranqüilizar esses leitores (que certamente são a
maioria), ao mesmo tempo lançando um forte alerta aos que dentre eles possam estar em
perigo de perdição.
Ensinamento semelhante se encontra em Hebreus 10.26-31. Ali diz o autor: "Se vivermos
deliberadamente em pecado, depois de termos recebido o pleno conhecimento da verdade, já
não resta mais sacrifício pelos pecados" (v. 26). A pessoa que rejeita a salvação de Cristo e
que "profanou o sangue da aliança com o qual foi santificado" (v. 29) merece castigo eterno.
Isso, novamente, é um grave alerta contra a apostasia, mas não deve ser tomado como prova
de que alguém que verdadeiramente nasceu de novo possa perder a salvação. Quando o autor
fala sobre o sangue da aliança "com o qual foi santificado", a palavra santificado é usada
simplesmente para denotar a santificação exterior, como a dos antigos israelitas, por uma
ligação exterior com o povo de Deus. A passagem não fala de alguém genuinamente salvo,
mas de alguém que recebeu alguma influencia moral benéfica mediante o contato com a igreja.
Outra passagem, esta dos escritos de João, é usada para sustentar a possibilidade da perda
da salvação. Em Apocalipse 3.5, diz Jesus: "O vencedor será assim vestido de vestiduras
brancas, e de modo nenhum apagarei o seu nome do Livro da Vida". Alguns sustentam que,
dizendo isso, Jesus sugere que é possível que ele venha a apagar os nomes de algumas
pessoas do Livro da Vida, pessoas que já tinham seus nomes escritos ali e que portanto já
estavam salvas. Mas o fato de Jesus afirmar enfaticamente que não fará algo não pode ser
usado para pregar que fará a mesma coisa nos outros casos! O mesmo tipo de construção
grega é usada para exprimir uma negação enfática em João 10.28, onde Jesus diz: "Eu lhes
http://www.itenv.hpg.com.br

PR VALDEX DA SILVA
INSTITUTO TEOLOGICO DE ENSINO NOVA VIDA 31

SOTERIOLOGIA
dou a vida eterna; jamais perecerão". Isso não significa que algumas das ovelhas de Jesus não
ouvem a sua voz nem o seguem, e por isso perecerão; afirma simplesmente que as suas
ovelhas com certeza não perecerão. Do mesmo modo, quando Deus diz - "De maneira alguma
te deixarei, nunca jamais te abandonarei" (Hb 13.5) - não sugere que deixará ou abandonará
outras pessoas; apenas declara enfaticamente que não deixará nem abandonará o seu povo.
Ou, numa analogia ainda mais próxima, de Mateus 12.32, Jesus diz: "Se alguém falar contra o
Espírito Santo, não lhe será isso perdoado, nem neste mundo nem no porvir". Isso não significa
que alguns pecados serão perdoados no porvir (como alegam os católicos romanos para
sustentar a doutrina da purgatório) - isso não passa de um erro de raciocínio: dizer que algo
não irá acontecer no porvir não implica que pode acontecer no porvir! Do mesmo modo,
Apocalipse 3.5 é apenas uma firme garantia de que aqueles que estiverem trajando vestes
brancas e que permanecerem fieis a Cristo não terão os seus nomes apagados do Livro da
Vida.
Finalmente, certa passagem do Antigo Testamento é muitas vezes usada para argumentar que
as pessoas podem perder a sua salvação: a história do Espírito Santo que se aparta do rei
Saul. Mas Saul não deve ser tido como exemplo de ninguém que perdeu a salvação, pois o
"Espírito do Senhor" se retirou de Saul (1 Sm 16.14) imediatamente depois de Samuel ter
ungido Davi rei, ocasião em que o "Espírito do Senhor se apossou de Davi" (1 Sm 16.13). na
verdade, a descida do Espírito do Senhor até Davi é relatada no versículo imediatamente
anterior àquele em que se narra que o Espírito saiu de Saul. Esse vinculo estreito significa que
a Bíblia não fala aqui de perda total da obra do Espírito Santo na vida de Saul, mas
simplesmente do afastamento do Espírito Santo como meio de consagrar Saul como rei. Porém
isso não significa que Saul foi condenado por toda a eternidade. É simplesmente muito difícil
dizer com base nas páginas do Antigo Testamento se Saul, ao longo de sua vida, foi :
(a) um homem irregenerado que tinha liderança e foi usado por Deus como demonstração do
fato de que alguém digno de ser rei aos olhos do mundo não era só por isso apto para ser
rei do povo do Senhor, ou
(b) um homem regenerado, mas falto de entendimento, levando uma vida que cada vez mais
se afastava do Senhor.

A GRAÇA SALVADORA DE DEUS

A necessidade da graça: Leia estes textos bíblicos: Rm 3.23; Rm 3.19, Gl 3.10 e Rm 6.23a.
É absolutamente impossível que o homem alcance a própria salvação. Ainda que tentemos
cumprir toda a Lei de Deus, jamais seremos salvos, pois ninguém é justificado pelas obras da
Lei (confira Rm 3.20). Assim, vemos que não conseguimos ser salvos pelos nossos próprios
méritos. E, se por nós mesmos não conseguimos nos salvar, temos necessidade da graça de
Deus.

A certeza da graça divina:


A graça de Deus não é uma simples possibilidade, mas é fato divinamente revelado. Leia estes
textos bíblicos: Jo 3.16 e Rm 5.8 e 10.
Vemos que a graça de Deus é a força motriz, e a redenção por Cristo é a causa meritória de
nossa salvação. O homem, perdido por suas próprias obras, é salvo pela graça de Deus em
Cristo. Confira em sua Bíblia: Tt 2.11 e Ef 2.8-9.
Enquanto que a salvação por nossas obras é impossível, pela graça de Deus ela é segura (Rm
4.16).
A doutrina da salvação pela graça diferencia a religião cristã das outras religiões do mundo.
Todas as outras ensinam que o homem pecador deve corrigir-se e fazer coisas que diminuam a
ira de Deus. Estas religiões se diferenciam pelos meios que apresentam para conseguir este
http://www.itenv.hpg.com.br

PR VALDEX DA SILVA
INSTITUTO TEOLOGICO DE ENSINO NOVA VIDA 32

SOTERIOLOGIA
resultado (trabalhos de macumba, sacrifícios, penitências etc), mas concordam que é o homem
que deve alcançar sua salvação pelos próprios esforços.
Já a Bíblia ensina que a salvação do homem é alcançada exclusivamente pela graça de Deus.
Por mais inteligente que seja, o homem jamais poderia ter inventado o plano da salvação tal
como é mostrado na Bíblia (1 Co 2.6-10). Ela é totalmente contrária à nossa maneira de pensar
e chega a ser loucura para nós (1 Co 2.14).
Essa doutrina é a principal da nossa fé e marca a religião cristã como de origem divina,
enquanto que as que não ensinam esta doutrina são simples invenções humanas.

Definição da graça:
E nossa definição de graça (1) não incluímos a bondade que Deus mostra a todas as suas
criaturas (Cf. Sl 145.9), mas (2) nos limitamos à graça pela qual Deus salva os pecadores.
A palavra graça por vezes designa um dom, qualidade, virtude ou poder que Deus dá
gratuitamente ao homem (veja Rm 15.15; 1 Pe 4.10). Mas a graça pela qual Deus nos salva é
atributo ou qualidade pessoal de Deus, atributo que se manifesta em sua atitude para com o
homem e em suas promessas e dádivas. A graça de Deus pela qual somos salvos é o favor de
Deus, que é aquela disposição graciosa, amorosa, aquela boa vontade de Deus para com o
homem de acordo com a qual Ele perdoa os pecados aos que são dignos de morte eterna.
Enfim, graça é o amor que Deus dedica ao homem que não merece este amor (confira Jo 3.16
e Tt 3.4-5).
A graça de Deus nos é dada sem que mereçamos. Leia Rm 11.6. A graça de Deus exclui os
méritos humanos, e os méritos humanos excluem a graça de Deus. Nós não podemos ser
salvos em parte pela graça e em parte porque merecemos. E já que não podemos ser salvos
por merecimento em nossas obras, concluímos que somos salvos apenas pela graça de Deus.

Graça de Deus e Cristo:


Não podemos pensar na graça de Deus separada da obra redentora de Cristo. Deus é gracioso
para com os pecadores apenas em Cristo e por causa de Cristo. Aqueles que confiam na graça
de Deus, mas rejeitam o sacrifício de Cristo em seu favor, confiam em algo que não existe e
não tem, de fato, a graça de Deus e o perdão dos pecados (confira Hb 12.29). A graça de Deus
nos é dada por Jesus Cristo. Leia 1 Co 1.4-9.

SALVO PELA GRAÇA

“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé. Isto não vem de vós; é dom de Deus. Não vem
das obras, para que ninguém se glorie. Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para
as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.” Efésios 2.8-10

Venho novamente falar sobre esses versos, porque eles são muito incompreendidos; a toda
hora eu ensino sobre eles para alguém e sempre escuto dizerem: “eu nunca soube disso!”.

Esses versos dizem claramente que:


• Somos salvos pela graça;
• A graça opera por meio da fé;
• A fé não vem de nós mesmos – ela é um dom;
• Não é através de obras que as pessoas são salvas. Por isso, ninguém pode ser orgulhoso
quanto à sua salvação;
• Não fomos nós quem nos criamos, mas Deus;
• Somos criados em Cristo Jesus;

http://www.itenv.hpg.com.br

PR VALDEX DA SILVA
INSTITUTO TEOLOGICO DE ENSINO NOVA VIDA 33

SOTERIOLOGIA
• Essa nova criação implica boas obras. A nova natureza que ganhamos quando somos
salvos nos levará a fazer boas obras;
• Não escolhemos essas boas ações; Deus preparou-as antes mesmo que nós pudéssemos
andar nelas.

Primeiramente, a graça nos alcança porque Deus nos dá a fé para receber essa graça; somos,
então, salvos. Não merecemos a nossa salvação; ela foi comprada por nós na cruz.
Se pudéssemos merecer a salvação pelas boas obras, Jesus não precisaria ter morrido – Deus
poderia apenas ter enviado um homem que nos motivasse a praticar bons atos. Em vez disso,
Ele propiciou um resgate pelo pecado. Nenhuma motivação ou boa obra pode restaurar nossa
natureza caída ou livrar o homem da pena que ele merece. O sacrifício de Jesus – depois de
recebido pelo homem – significa o início de uma nova natureza e de uma vida livre de culpa.
Nós apenas recebemos esse perdão – não merecemos. Não contribuímos para a nossa
salvação em nada.
Essa é a primeira metade da história ! Uma vez salvos, precisamos produzir frutos. Não somos
salvos para “adormecermos na luz”, mas para praticarmos “as boas obras que Deus preparou
de antemão”. A vida cristã não existe sem as boas obras ! As boas ações não nos colocam no
céu, mas determinam o galardão que receberemos quando lá chegarmos !
Aquele que vive de maneira errada pode ainda ser salvo, mas irá perder seu galardão. O
mundo pode roubar-nos as eternas recompensas.

“Segundo a graça de Deus que me foi dada, lancei eu, como sábio construtor o fundamento, e
outro edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre ele. Porque ninguém pode lançar
outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo. E, se alguém sobre este
fundamento levanta um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, a obra
de cada um se manifestará; pois aquele dia demonstrará, porque será revelada no fogo; e o
fogo provará qual seja a obra de cada um. Se permanecer a obra que alguém sobre ele
edificou, esse receberá galardão. Se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele prejuízo; mas o
tal será salvo, todavia como pelo fogo.” 1 Coríntios 3.10-15

Portanto somos salvos pela graça através da fé – que nos colocará no céu “ainda que pelo
fogo”. Nossas boas obras praticadas sobre o fundamento – que é Jesus Cristo – em pureza e
fidelidade nos garantirão as heranças celestiais.

Os Atributos da Graça Salvadora

A QUEM SE DESTINA A GRAÇA?

A graça de Deus é universal, ou seja, não está limitada a certos indivíduos, os eleitos,
conforme ensina a teologia reformada, mas estende-se a todos os homens. Confira: Tt 2.11; Jo
3.16; 1 Tm 2.4; Ez 33.11. Assim como Cristo é a fonte de perdão para todos os pecados do
mundo, da mesma forma a graça de Deus em Cristo é para todos os seres humanos. Mas a
Bíblia não nos diz que exista graça e redenção também para os anjos caídos.

Então porque poucos são salvos?


O fato de apenas poucos serem salvos (veja Mt 7.13-14), e que estes são salvos apenas pela
graça de Deus, não invalida a verdade de que Deus é gracioso para com todos os homens.
Tanto o fato de que a graça de Deus é universal, quanto o fato de que somos salvos apenas
pela graça, devem ser mantidos à base da Escritura Sagrada. Se a graça de Deus não
incluísse todos os seres humanos, ninguém poderia ter certeza dela, porque neste caso cada
http://www.itenv.hpg.com.br

PR VALDEX DA SILVA
INSTITUTO TEOLOGICO DE ENSINO NOVA VIDA 34

SOTERIOLOGIA
um deveria estar em dúvida sobre se a graça de Deus realmente se destina a ele. Nem pode
alguém ter certeza da graça de Deus se ela depender de algum mérito nosso, porque jamais
poderemos ter a certeza de que somos pessoalmente dignos dela.

Como é a atividade da graça?


A graça de Deus é ativa. Não é um sentimento ocioso, parado. A graça de Deus manifesta-se
naquilo que Ele já fez e ainda faz pela salvação da humanidade. Confira Jo 3.16; Rm 5.8.
Quando o Evangelho da graça é anunciado (At 20.24) Deus continua oferecendo a todos os
seres humanos os benefícios salvadores da redenção em Cristo. Todas as ações de Deus
pelos quais os homens são levados à fé, justificados, santificados, preservados e finalmente
salvos pela fé, são motivados pela graça de Deus. Confira Ef 2.8.

A graça de Deus é séria? É sincera?


Isto se torna evidente não só daquilo que a graça de Deus o levou – e ainda leva – a fazer,
mas também de definidas declarações neste sentido. Confira Ez 33.11; Lc 19.41 e Mt 23.37.
Não deve haver nenhuma dúvida de que a graça de Deus é genuína, honesta e sincera.

A graça de Deus realmente salva?


A declaração e oferta da graça de Deus no Evangelho tem a qualidade natural de impressionar
e mover o coração, e fazer com que a oferta seja aceita. A Palavra de Deus, que oferece esta
graça, age de modo eficaz naqueles que crêem (veja 1 Ts 2.13) . Portanto, a graça é completa
para a salvação, não sendo necessário acrescentar ou fazer nada. A razão porque nem
sempre o pecador aceita esta graça não é uma deficiência ou fraqueza da graça oferecida,
mas sempre é a vontade perversa do homem. Confira Mt 23.37 e At 7.51.

http://www.itenv.hpg.com.br

PR VALDEX DA SILVA
INSTITUTO TEOLOGICO DE ENSINO NOVA VIDA 35

SOTERIOLOGIA

PARTE IV

A SUFICIÊNCIA DA MORTE DE CRISTO


O TRABALHO DA ALMA DE CRISTO
A ALMA DE CRISTO
DEUS SATISFEITO COM O TRABALHO DA ALMA DE CRISTO
CINCO PONTOS DA PREDESTINAÇÃO CALVINISTA
REFUTAÇÃO ELABORADA PELO ARMINIANISMO
A DOUTRINA DA EXPIAÇÃO PARTICULAR –1 JOÃO 2.1-2

http://www.itenv.hpg.com.br

PR VALDEX DA SILVA
INSTITUTO TEOLOGICO DE ENSINO NOVA VIDA 36

SOTERIOLOGIA
PARTE IV

A SUFICIÊNCIA DA MORTE DE CRISTO

Isaías 53:11, “Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará satisfeito; ...”

O TRABALHO DA ALMA DE CRISTO

Foi necessária a morte de Cristo no lugar do pecador. Compreendemos o que é o pecado e o


motivo que levou Cristo a morrer pelo pecador pelas descrições claras que a Bíblia fornece.
Na Palavra de Deus, o pecado é descrito como sendo ausência de justiça ou coisa boa (Sal
14:1-3; 53:1-3; Rom 3:10-18) e como toda a imundícia e superfluidade de malícia (Tiago 1:21).
É também descrito como um recém nascido abandonado na sua imundícia (Ezequiel 16:4,6);
um corpo morto (Rom 7:24), um enfermo com doenças abertas e imundas (Isaías 1:5,6), a
gangrena (II Tim 2:17) e um sepulcro aberto (Rom 3:13). Entendemos o desprezo que Deus
tem pelo pecado quando lemos que não há nenhuma verdade nele (João 8:44), sendo
comparado ao vomito de cães e à lama dos porcos (II Pedro 2:22) e até ao pano imundo de
uma mulher menstruada (Isaías 30:22; Lam. 1:17).

A Bíblia abertamente diz que até o pensamento do tolo é pecado (Prov. 24:9) nos dando o
entender que o pecado é tolice. A Bíblia revela que qualquer coisa sem a fé é pecado (Rom
14:23) nos ensinando que o pecado é o oposto da fé. A Bíblia ensina que o não fazer o bem
que se sabe e deve fazer é pecado (Tiago 4:17) nos ensinando que a maldade do pecado é
desobediência. Sabemos pela Palavra de Deus que o pecado é claramente descrito como
sendo “iniquidade” (I João 3:4; 5:17) nos ensinado que o pecado é contra a lei de Deus.

Para que ninguém tenha dúvidas sobre este assunto, o Apóstolo João diz, pela inspiração do
Espírito Santo, que quem peca "é do diabo" (I João 3:8), convencendo-nos claramente que o
pecado, em todas as suas considerações, é terrível, abominável e diabólico. Pelas descrições
claras e marcantes da Palavra de Deus, entendemos sem a menor dúvida o que levou Cristo à
morte de Cristo, tornando real a salvação.

Tanto o pecado quanto aquilo que levou Cristo a morrer no lugar do pecador pode ser melhor
entendido pela observação dos frutos podres do pecado. Jesus disse: pelos frutos conhecerá
a árvore pois “não pode a árvore boa dar maus frutos; nem a árvore má dar frutos bons” (Mat.
7:16,18). Tiago pergunta: “Porventura deita alguma fonte de um mesmo manancial água doce
e água amargosa?” e também, “pode também a figueira produzir azeitonas, ou a videira figos?”
Em face à evidente clareza da lógica, Tiago resume: “Assim tampouco pode uma fonte dar
água salgada e doce. (Tiago 3:11,12).

À vista de tais verdades, podemos examinar os frutos podres e as obras vergonhosas do


pecado e, com isso, entender melhor a sua natureza e o tipo de preço que foi pago por ele. A
obras do pecado estão listadas várias vezes pela Bíblia (Gal 5:19-21; Apoc 21:8, 27; 22:15),
dando-nos um entendimento da podridão que é o pecado. Aquele ser que foi feito pela própria
mão de Deus na Sua própria imagem (Gen. 1:27; 2:7), o superior de tudo que se achava na
terra (Heb 2:7,8) é agora, como resultado do pecado, um adúltero e homicida (II Sam 11:4,17;
12:4,7) e – a exemplo de Judas – uma pessoa que acha uma alegria entregar o Filho Unigênito
de Deus por dinheiro (Zacarias 11:12; Mat. 26:15). O pecado fez com que esse ser glorioso
viesse a ser uma vergonha (Prov. 14:34) e a não ter nenhum traço da glória de Deus (Isaías
64:6; Rom 3:23, “destituídos estão da glória de Deus”). A criação da mão de Deus, a qual
http://www.itenv.hpg.com.br

PR VALDEX DA SILVA
INSTITUTO TEOLOGICO DE ENSINO NOVA VIDA 37

SOTERIOLOGIA
gozava da voz do SENHOR que passeava no jardim pela viração do dia (Gen. 3:8; Prov. 8:31),
por causa de um só pecado (Gen. 3:6), tornou-se inimiga abominável contra este mesmo
benigno e poderoso Deus, negando-O (Jó 21:14; Sal 10:4; 14:1; Prov. 1:25; Rom 1:21, 28) e
ficando impossibilitado de agradar a Ele e de entender a Sua palavra (Rom 8:6-8; I Cor 2:14).
Aquela criação nobre, em cujo coração foi escrita a lei de Deus (Rom 2:14,15), agora, por
causa do pecado, vive diante dEle sem lei (Oséias 8:12; Rom 1:21, 28) fazendo somente o que
se acha correto nos seus próprios olhos (Deut 12:8; Juízes 17:6; Prov. 21:2). O homem que o
digno Deus fez à Sua própria imagem (Gen. 1:27) agora, pelo fruto do pecado, resiste ao
Espírito Santo (Atos 7:51; Rom 7:21-223; Gal 5:17), é contra a soberania divina (Rom 9:18-20;
Apoc 16:21) e resiste à mensagem de Cristo (Deut 32:15; Prov. 1:25; Jer 32:33; Atos 7:54;
13:50) assim como resiste ao próprio Cristo (Sal 2:3; Mat. 27:20-26). Foi por causa do pecado
que o homem, criado reto e bom, tornou-se maldito e cheio de astúcias (Gen. 1:31; Ecl. 7:29).
O homem, por ser criatura de Deus, tem o dever de temer, honrar, obedecer e dar glória a Ele
(Ecl. 12:13; Apoc 4:11) mas, agora, por causa do pecado, é servo de Satanás e da sua própria
concupiscência (João 8:44; Rom 6:16; II Tim 2:26), e em vez de dar ao Criador toda a honra
que Lhe é divida, anda em auto-suficiência (Êx. 11:4; Daniel 4:30). Uma conseqüência do
pecado é entendida ao se observar a criação, que, feita para dar glória a Deus, anda agora em
completa estupidez, por ridicularizar a mensagem da salvação (I Cor 1:23) e tudo o que é santo
(I Pedro 4:4). O efeito do pecado é visto no homem que mata os que são santos (Atos 7:54;
9:1,2) e menospreza as misericórdias e benignidade divinas (Rom 2:4). O pecado fez com que
o homem a desejasse mais as trevas (João 3:19), a podridão e a imundícia (II Pedro 2:22,
vômito e espojadouro de lama) do que a gloriosa luz. Foi o pecado que fez aquele que foi feito
para gozar a presença de Deus chegar a conhecer a morte e a separação de Deus (Gen. 2:17;
3:22,23; Rom 6:23) e fez com que este tornasse uma afronta à santidade de Deus (Judas
14,15). Entendemos claramente o que é o pecado quando os seus efeitos são examinados.
Não apenas alguns, mas todos os homens estão sob esses efeitos deploráveis (Rom 3:23;
5:12). Se pelos frutos conhecemos a árvore, pelas conseqüências do pecado entendemos o
que ele realmente significa.

Aquilo que é contra a justiça e a santidade divina; aquilo que opera ativamente contra o
onipotente Deus, pode apenas provocar o antagonismo do justo e poderoso Deus (Ezequiel
18:24). É esse fim que o pecado gera: a ira do eterno e santo Deus. Aquele que é o amigo do
mundo tornou-se automaticamente o inimigo de Deus (Tiago 4:4). É esse o fim do pecado: a
“inimizade contra Deus” (Rom 8:6). Aquele que resiste a justa autoridade de Deus será, sem
misericórdia, reduzido a pó (Mat. 21:44; Luc 20:18). Esse “pó” é nada mais do que uma
afrontosa morte aos maus (Mat. 21:41). Quando o pecado é consumado, a morte é gerada
(Tiago 1:15). Não deve pegar ninguém de surpresa pois o resultado, ou fim, do pecado é
conhecido desde o começo (Gen. 2:17, “no dia em que dela comeres, certamente morrerás.”).
A lei avisou do perigo do pecado (Lev 5:17, “E, se alguma pessoa pecar, e fizer, contra algum
dos mandamentos do SENHOR ... será ela culpada, e levará a sua iniquidade;”; Tiago 2:10,
“Porque qualquer que guardar toda a lei, e tropeçar em um só ponto, tornou-se culpado de
todos.”). Os profetas repetiram o aviso (Isaías 3:10,11, “Ai do ímpio! Mal lhe irá; porque se lhe
fará o que as suas mãos fizeram.” ). O Novo Testamento não deixou o povo menos avisado
(Rom 6:23, “Porque o salário do pecado é a morte”; I Cor 15:56, “o aguilhão da morte é o
pecado”). Somente os que negam o que declara claramente a Bíblia, a testemunha pela
natureza (Rom 1:19,20) e da lei escrita no coração de todo homem (Rom 2:14,15) estão em
dúvida ainda hoje sobre o que merece todo pecado. A verdade resumida é: “A alma que pecar,
essa morrerá” (Ezequiel 18:20).

http://www.itenv.hpg.com.br

PR VALDEX DA SILVA
INSTITUTO TEOLOGICO DE ENSINO NOVA VIDA 38

SOTERIOLOGIA
O homem tem responsabilidade em agradar o seu criador, o Supremo Deus, o infinito (Ecl.
12:13). O pecado é contra este Deus. Deus é o eterno e infinito ser (Rom 11:33-36). Por ser
contra tal Deus, a morte é mais do que uma cessação de existência. A morte, o fim do pecado,
é uma eterna e infinita separação de Deus. O primeiro pecado, praticado por Satanás, resultou
em separação imediata da benção de estar aceita na presença de Deus com alegria (Isaías
14:11-15; Ezequiel 28:17). Essa separação continua até hoje e será para toda a eternidade.
Quando o homem pecou pela primeira vez ele foi lançado fora do jardim onde ele gozava a
presença contínua e abençoada de Deus (Gen. 3:8, 23). Quando a época da graça se finda,
entendemos pelas Escrituras o eterno fim do pecado. Para todo pecador que não tem os
pecados lavados pelo sangue de Cristo, o seu fim é: ser lançado fora da presença
misericordiosa de Deus no lago de fogo (Apoc 20:12-15). Estes nunca poderão entrar na
cidade celestial (Luc 16:26; Apoc 21:27). Essa separação é uma separação da misericórdia e
da benignidade de Deus, que agora está no mundo (Rom 2:4; Isaías 48:22, “Mas os ímpios não
têm paz, diz o SENHOR.”). Essa separação é de ter uma existência eterna conhecendo
somente a ira eterna, a maldição e o juízo justo de Deus. A eterna e infinita ira de Deus é
“sobre toda a impiedade e injustiça dos homens (Rom 1:18; Efés. 5:6). A eterna e infinita
maldição de Deus é para “todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão
escritas no livro da lei, para fazê-las” (Gal 3:10). O juízo de Deus é segundo a verdade sobre
os que fazem a abominação do pecado (Rom 2:1,2). Pelo fim terrível do pecado podemos
entender o que é o pecado e o que necessitou Cristo morrer.

A ALMA DE CRISTO

O imensurável amor de Deus por Seu povo determinou a necessidade de um grande Salvador
do pecado. O próprio Filho de Deus, o Jesus Cristo, é quem Deus sabiamente determinou ser
o Único Meio que nos leva a Ele (João 14:6).

Cristo foi o amado de Deus, mesmo antes de nascer na cidade de Belém. “Desde o princípio”
(Prov. 8:22) Cristo ocupava a posição de ser “as delícias” de Deus (Prov. 8:30) ou Aquele em
“quem se apraz a minha alma” (Isaías 42:1). Antes de criar alguma parte do mundo que agora
existe, Cristo tinha glória com Deus (João 17:5), uma posição de amor eterno (João 17:24).
Cristo não somente é eterno mas é o Emanuel, que traduzido é: “Deus conosco” (Mat. 1:21-23).
Quem Deus deu para ser o sacrifício pelos pecadores arrependidos é o atual Jeová (Joel 2:32;
Atos 16:31; Heb 1:8). Não é surpresa então que “Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e
ficará satisfeito” (Isaías 53:11).

No tempo oportuno, Cristo “se fez carne” (João 1:14) para ser como o pecador em tudo, mas
sem pecado. É entendido que Cristo sofreu as limitações da carne em que Ele nasceu (Luc
2:7; Mat. 1:25) pois Ele crescia em estatura (Luc 2:52) e sujeitou-se aos pais (Luc. 2:51).
Como homem, Cristo experimentou cansaço (João 4:6) precisou de dormir (Mat. 8:24), sofreu a
sede (João 19:28), a fome (Mat. 21:18), a emoção (chorou – João 11:35; compaixão - Mat.
9:36; e padeceu das nossas fraquezas (Heb 4:15) conhecendo as fortes dores da vida terrestre
(Isaías 53:3) e a tentação satânica (Mat. 4:1-11; Hebreus 4:15). A sua qualidade de homem foi
declarada de vez quando Ele foi ferido e morreu (Mat. 27:27-35). Pelo fato de Cristo tornar-se
carne, Deus ficou satisfeito com o trabalho da sua alma feito no lugar do homem pecador. Ele
é o único substituto do homem (“Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades,
e as nossas dores levou sobre si; ... Ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído
por causa das nossa iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele ... o SENHOR
fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos.”, Isaías 53: 4-6). Por Cristo ter morrido por nós
[“morreu por nós” (Romanos 5:6-8)] e ter sido feito pecado por nós (II Cor 5:21), toda a obra
http://www.itenv.hpg.com.br

PR VALDEX DA SILVA
INSTITUTO TEOLOGICO DE ENSINO NOVA VIDA 39

SOTERIOLOGIA
destruidora do pecado foi desfeita e vencida. Agora, quando um homem crê arrependido em
Cristo pela fé, tem a remissão de todas as suas ofensas (Efés. 1:7; Col. 1:14). Sendo a alma
do próprio Cristo que faz tal trabalho, o Santo Deus se satisfaz eternamente.

DEUS SATISFEITO COM O TRABALHO DA ALMA DE CRISTO

Deus é completamente satisfeito pelo trabalho da alma de Cristo. Não resta nada que o
pecador arrependido e crente em Cristo faça para contentar Deus para a sua salvação, seja
nesta terra agora ou no céu pelo futuro. Cristo, por sua ressurreição, aniquilou o diabo, que
tinha o império da morte, (Hebreus 2:14) e é aceito eternamente pelo Pai em glória (Hebreus
12:2). Pelo fato de a obra de Cristo ser suficiente a Deus em tudo e para todo o sempre,
proclama-se que “em nenhum outro há salvação” (Atos 4:12). A salvação é exclusivamente por
Cristo, pois a Bíblia, pela inspiração do Espírito Santo, declara que “ninguém pode pôr outro
fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo” (I Cor. 3:11).

Cristo é o Salvador exclusivo para todo e qualquer homem que venha a se arrepender dos
pecados e crer pela fé nEle. É fiel e digna de toda aceitação a palavra que diz que “Cristo veio
salvar o pecador” (I Tim 1:15). Se você se vê como um sujo pecador e condenável diante de
Deus, olhe a Cristo e a ninguém outro (“ninguém vem ao Pai senão por Mim.”, João 14:6). Não
procure um outro mediador ou mediadora pois há um somente, o próprio Jesus Cristo (I Tim
2:5,6). Por ser Cristo o próprio Deus que se fez carne no lugar dos pecadores, Ele é o único
que pode “levar-nos a Deus” (I Pedro 3:18). A sua posição exclusiva é entendida pelo fato de
que a Cristo, o único exaltado soberanamente, dobrar-se-á todo o joelho nos céus e na terra, e
debaixo da terra, para glória do Deus Pai (Fil. 2:9-11). Não existe nenhum outro ser angélico,
humano ou espiritual para receber tal honra. Satisfaça-se com Quem Deus se satisfaz
completa e eternamente.

Deus já deu o Seu Unigênito Filho, Jesus Cristo. O trabalho da Sua alma resulta uma
redenção eterna para todos que venham exclusivamente a Cristo pela fé (Hebreus 9:12;
Romanos 5:1; 8:1). O sacrifício necessário pelo pecado nunca mais será dado novamente. A
mensagem agora a todos os homens e em todo lugar é: Arrependa-se e creia em Cristo (Atos
16:31; 17:30). Todos os que são cansados da escravidão dos seus pecados são mandados a
virem a Este Cristo que satisfaz O Santo Deus (Mat. 11:28-30; Isaías 55:1-3,5,6; Apoc 22:17).

CINCO PONTOS DA PREDESTINAÇÃO CALVINISTA

Em 1537, na obra Instruction in Faith (Paulo T. Fuhrmann, 1949, pág. 36), João Calvino
declarou:
"Ora, a semente da Palavra de Deus só se enraíza e produz frutos nas pessoas que o Senhor,
por Sua eleição eterna, predestinou para serem filhos e herdeiros do reino celestial. Para todos
os outros (que pelo mesmo conselho de Deus foram rejeitados antes da fundação do mundo) a
clara e evidente pregação da verdade só pode ser um cheiro de morte para morte."

Em 1610 foram apresentados aos Estados Gerais da Holanda os famosos cinco pontos
essenciais na teologia calvinista, expostos da seguinte maneira:
1. Que Deus (como alguns asseveraram), por um decreto eterno e irrevogável, ordenou
alguns dentre os homens (a quem Ele não considerava criados; muito menos caídos)
para a vida eterna; e alguns (que eram por grande diferença a maior parte) para a
perdição eterna, sem qualquer consideração a sua obediência ou desobediência, a fim
de manifestar tanto a Sua justiça como a Sua misericórdia; de tal modo que as pessoas
http://www.itenv.hpg.com.br

PR VALDEX DA SILVA
INSTITUTO TEOLOGICO DE ENSINO NOVA VIDA 40

SOTERIOLOGIA
por Ele destinadas à salvação devem forçosa e inevitavelmente ser salvas, e as
demais devem forçosa e inevitavelmente ser condenadas.
2. Que Deus (como outros ensinaram) considerou a humanidade não só como criada,
mas também como caída em Adão, e, conseqüentemente, sujeita à maldição; tendo
Ele determinado livrar alguns dessa queda e destruição e salvá-los como exemplos de
Sua misericórdia; e deixar outros, até mesmo filhos do concerto, sob a maldição, como
exemplos de Sua justiça, sem qualquer consideração a crença ou descrença. Com
essa finalidade, Deus usou também certos meios pelos quais os eleitos fossem
necessariamente salvos e os réprobos fossem necessariamente condenados.
3. Que, por conseguinte, Jesus Cristo, o Salvador do mundo, não morreu por todos os
homens, mas somente pelos que foram eleitos de acordo com a primeira ou a segunda
forma.
4. Que, portanto, o Espírito de Deus e Cristo atuaram nos eleitos com força irresistível a
fim de compeli-los à crença e à salvação, mas que aos réprobos não foi dada
necessária e suficiente graça.
5. "Que aqueles que uma vez obtiveram verdadeira fé jamais poderiam perdê-la por
completo ou terminantemente". A. W. Harrison, The Beginnings of Arminianism (1926),
págs. 149 e 150.
Esse ponto de vista, porém, não se originou com Calvino. Mil anos antes, de acordo com G. F.
Wiggers, Agostinho expressou a mesma idéia:
"Agostinho introduziu no sistema eclesiástico diversas idéias inteiramente novas. . . . Entre elas
encontravam-se a graça irresistível, absoluta predestinação e a limitação aos eleitos da
redenção por meio de Cristo". – An Historical Presentation of Augustinism and Pelagianism,
pág. 368.

REFUTAÇÃO ELABORADA PELO ARMINIANISMO

Em oposição e esses pontos de vista, Armínio e seus colaboradores elaboraram uma refutação
que apresenta cinco argumentos contrários. Mais tarde eles se tornaram a síntese do que se
conhecia por arminianismo. Eram os seguintes:
1. Que Deus, por meio de um decreto eterno e imutável em Cristo, antes de existir o
mundo, determinou eleger para a vida eterna dentre a caída e pecaminosa raça
humana os que por intermédio de Sua graça crêem em Jesus Cristo e perseveram na
fé e na obediência; e, pelo contrário, resolveu rejeitar os impenitentes e descrentes,
para condenação eterna (S. João 3:36).
2. Que, em conseqüência disto, Cristo, o Salvador do mundo, morreu por todos os
homens, de modo que obteve, pela morte na cruz, reconciliação e perdão do pecado
para todos os homens; de tal forma, porém, que só os fiéis a desfrutaram em realidade
(S. João 3:16;1 S. João 2:2).
3. Que o homem não podia obter fé salvadora por si mesmo ou em virtude de seu próprio
livre arbítrio, mas precisava da graça de Deus por meio de Cristo para renovar-se em
pensamento e vontade (S. João 15:5).
4. Que essa graça constitui a causa do início, do desenvolvimento e da conclusão da
salvação do homem; de maneira que ninguém poderia crer ou perseverar na fé sem
essa graça cooperante, e, conseqüentemente, que todas as boas obras devem ser
atribuídas à graça de Deus em Cristo, Todavia, quanto à sua maneira de operar, essa
graça não é irresistível (Atos 7:51).
5. Que os verdadeiros crentes possuíam suficiente poder, mediante a graça divina, para
batalhar contra Satanás, o pecado, o mundo, sua própria carne, e alcançar a vitória
sobre eles; mas, para que pela negligência não apostatassem da verdadeira fé,
http://www.itenv.hpg.com.br

PR VALDEX DA SILVA
INSTITUTO TEOLOGICO DE ENSINO NOVA VIDA 41

SOTERIOLOGIA
perdessem a felicidade de uma boa consciência e fossem privados dessa graça,
deveriam investigá-la mais cabalmente em conformidade com a Escritura Sagrada,
antes de começar a ensiná-la." – Harrison, op. cit., págs. 150 e 151.

Essa controvérsia, que foi ativada por Armínio em 1603, atingiu o ponto culminante no Sínodo
de Dort, em 1618 e 1619, e teve amplas conseqüências. Os seus efeitos se fizeram sentir não
somente na igreja holandesa, mas as divisões alemã, suíça, escocesa, inglesa e francesa, da
igreja cristã, também participaram dessa controvérsia ou se dividiram por sua causa. Desde
então, o arminianismo se tornou o termo usado para exprimir conceitos teológicos contrários ao
calvinismo. Entretanto, os seguidores de Armínio foram mais além em suas declarações do que
o seu próprio mestre. Com efeito, ele ficaria surpreso e até indignado se pudesse ler as
interpretações teológicas de alguns que têm sido classificados como arminianos. E o mesmo se
pode dizer no tocante aos adeptos de Calvino. Parece até que o calvinismo atual sofreu
maiores modificações que o arminianismo.

A DOUTRINA DA EXPIAÇÃO PARTICULAR –1 JOÃO 2.1-2

Esta é outra passagem das Escrituras freqüentemente usada por aqueles que iriam argumentar
que morte de Cristo é para todos e cada um dos homens. Diz-se que a expressão “todo o
mundo” tem que significar “todas as pessoas do mundo”, e que a expressão contrastante “não
somente pelos nossos” inclui, deliberadamente, todos e cada um dos homens como aqueles
pelos quais Cristo morreu, além dos crentes.
Poderíamos responder isso abreviadamente, dizendo que como em outras passagens “o
mundo” significa “as pessoas que vivem no mundo”; assim “todo o mundo”, não significa mais
do que “pessoas vivendo em todo o mundo”, como é mencionado em Apocalipse 5.9, a
respeito dos redimidos. Mas visto que esse texto em 1 João é tão usado, vou sugerir que se
faça um estudo mais detalhado, usando para isso quatro perguntas.

A quem João está escrevendo? Embora seja verdade que as Escrituras são para toda a Igreja,
contudo, muitas de suas partes foram escritas a determinadas pessoas em particular. Tais
partes devem ser entendidas à luz dessa verdade. Notemos portanto que:
João foi especialmente um apóstolo aos judeus – Gálatas 2.9
Ele escreveu àqueles que ouviram previamente a Palavra de Deus (1 João 2.7) e nós sabemos
que a Palavra de Deus era “primeiro ao judeu”.
...o contraste que João fez entre “nós” e “o mundo” deixa claro que ele escreve àqueles que,
como ele mesmo, eram judeus.
...João freqüentemente adverte contra os falsos profetas por exemplo, 1 João 2.19. Visto que
ele escreveu que tais mestres “saíram de nós”, ele está obviamente escrevendo aos seus
compatriotas.

Lembrando a aversão nacional dos judeus contra todos os gentios e a opinião judaica de que
só a nação deles constituía o povo de Deus, o que poderia ser mais natural do que João
enfatizar que Jesus morreu não somente pelos judeus crentes, e sim por todos os crentes
espalhados pelo mundo inteiro? Temos um outro versículo das Escrituras que enfatiza a
mesma coisa: João 11.52. João está claramente desejando evitar que os judeus-cristãos caiam
no velho erro de supor que eles são os únicos cristãos. João insiste em que havia gentios

http://www.itenv.hpg.com.br

PR VALDEX DA SILVA
INSTITUTO TEOLOGICO DE ENSINO NOVA VIDA 42

SOTERIOLOGIA
cristãos, também, no mundo inteiro. Não há aqui uma doutrina no sentido de que Cristo morreu
por todos os homens.

Por que João estava escrevendo? Ele escreveu para confortar os crentes angustiados por seus
pecados, a fim de que eles não se desesperassem. “Se alguém pecar...” Daí, observamos que:
...somente os crentes seriam confortados pelo fato de Cristo ser o seu advogado.
...somente os crentes podem ser confortados; os incrédulos estão sob a ira de Deus.

...João descreve como “filhinhos... cujos pecados são perdoados”.

Em outras palavras o alvo de João se aplica somente aos crentes. Como pode servir de
conforto aos crentes, dizer-lhes que Cristo morreu por todos e por cada um dos homens,
muitos dos quais não são salvos? Este versículo não oferece nenhum conforto, a menos que
seja entendido como significando que Cristo é o Salvador de todos os crentes em qualquer
parte do mundo.

Qual é o significado de “propiciação”? A palavra grega aqui traduzida como propiciação está
relacionada com a palavra traduzida como “propiciatório”, em Hebreus 9.5. Isso nos dá um
entendimento do significado da palavra. O “propiciatório” era a sólida placa de ouro usada para
cobrir a arca na qual estavam as tábuas da lei (Êxcdo 25.17-22). A lei, que acusava os homens
de serem pecadores, estava escondida pelo propiciatório. Essa era uma ilustração de como
Jesus Cristo, pela Sua morte, escondeu a lei de Deus, de modo que ela não pode acusar
nenhum daqueles que crêem nEle. Jesus é a propiciação (propiciatório) do crente. Poderia ser
dito que todos e cada um dos que estão no mundo são livres de serem condenados como
pecadores? Poderia ser realmente discutido que Cristo é a propiciação de todo o mundo, nesse
sentido?
Qual é, então o significado de “todo o mundo”? Esta frase ocorre várias vezes no Novo
Testamento, e freqüentemente não significa todos e cada um dos homens. Por exemplo:
Lucas 2.1 – Mas o alistamento somente aconteceu no Império Romano.
Romanos 1.8 – Mas muitas partes do mundo não tinham ouvido a respeito da igreja de Roma
naquele tempo.
Colossenses 1.6 – Mas muitas partes do mundo ainda não haviam recebido o evangelho.
Apocalipse 3.10 – O mundo inteiro deve sofrer – mas isso não significa todos, sem exceção,
pois alguns serão preservados disso.

Nessas e em outras passagens, todo o mundo significa nada mais que muitas pessoas,
indefinidamente.
Além disso, em certos versículos das Escrituras, frases como “toda a carne” significam nada
mais que todos os tipos de pessoas, como por exemplo: Salmo 98.3; Joel 2.28 (cumprida em
Atos 2.17).
Algumas vezes, de fato, o mundo significa todos, exceto os crentes, como por exemplo: 1 João
5.19; Apocalipse 12.9.
Esses exemplos nos mostram, claramente, que não é essencial entender a expressão “todo o
mundo” como sentido de “todos inclusive”. O sentido não precisa ser outro senão o que o
contexto da expressão sensatamente permite.
Concluo que esta passagem das Escrituras se refere à obra de Cristo para todos os crentes,
judeus e gentios, igualmente. A passagem diz que Cristo é verdadeiramente a propiciação
deles. Ninguém argumenta com seriedade que todos os homens, em todos os lugares, são
realmente salvos por Cristo. Também de nada adianta sugerir que Cristo é uma propiciação
suficiente para todos e cada um dos homens. Jacó não teria sido confortado pelo simples fato
http://www.itenv.hpg.com.br

PR VALDEX DA SILVA
INSTITUTO TEOLOGICO DE ENSINO NOVA VIDA 43

SOTERIOLOGIA
de ouvir dizer que havia bastante trigo no Egito. Ele teria morrido de fome se o trigo não
houvesse se tornado possessão dele. Da mesma maneira, Cristo só pode ser um conforto para
aqueles que, em todo o mundo, são realmente salvos.

Bibliografia

Wayne Grudem. Teologia Sistemática. 1a Edição. São Paulo, Edições Vida Nova, 1999. pp.
664-671.
BERKHOF, L. Systematic Theology. Grand Rapids, Wm. B. Eerdmans Publishing Company,
1972.
BÍBLIA SAGRADA. São Paulo, São Paulo, Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil, 1994.
M’DONALD, JOHN. Mariolatry: Rome’s Doctrine of “Mary”. Norwalk, Agape Chapel Ministries,
sd,
PINK, ARTHUR W. Enormity. Ames, International Outreach, Inc., sd.
STRONG, JAMES LL.D., S.T.D. Abingon’s Strong’s Exhaustive Concordance of the Bible.
Nashville, Abingdon, 1980.
Koehler, Edward W. A., Sumário da Doutrina Cristã, Porto Alegre, Concórdia, 1981)
John Owen, Publicações Evangélicas Selecionadas

COMENTARIOS : Éder Werhrholdt


Ev. José Ferraz
Pr. Valdex da silva
Emílio Antônio Nunez
John Edmiston
Missionário Calvin Gardner

http://www.itenv.hpg.com.br

PR VALDEX DA SILVA

Você também pode gostar