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A Pessoa de Deus (O Ser de Deus)

Podemos resumir a vida cristã em conhecer a Deus e a nós mesmos. Em uma de suas
orações ele dizia Agostinho Senhor, permite-me conhecer a Ti, para que conhecendo a Ti
eu conheça a mim e isso é tudo”.

Na teologia Sistemática, Teontologia (não é tradução, mas transliteração do grego para o


português. Depara-se aqui com o substantivo Theos (Deus), seguido da forma participial ontos,
do verbo eimi (ser, existir) e, finalmente do substantivo logos [palavra, discurso, reflexão]) ou
Teodiceia é o estudo da pessoa de Deus, sua existência, sua natureza, seu caráter, seus
nomes e títulos, e sua revelação.

Nesse estudo há dois pressupostos bíblicos que devem ser considerados como ponto de
partida: Teísmo: crer na existência de um Deus pessoal, único e transcendental, mas que
se revela ao homem tornando-se imanente. Ele não apenas criou tudo o que existe, mas
continua cuidando, sustentando e protegendo a criação. Trinitarianismo: crer na existência
de um Deus único, que subsiste em três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

Conceito de Deus

Deus é humanamente indefinível. Podemos apenas conceitua-lo de forma limitada, segundo


Ele mesmo se revela. Na Bíblia, Deus é apenas descrito em figuras de linguagem: Deus é
Espírito (Jo 4.24); Deus é Luz (1Jo 1.5; Ap 22.5); Deus é Amor (1Jo 4.8,16); e Deus é um
fogo consumidor (Hb 12.29).

O próprio Deus diz “EU SOU O QUE SOU” (Ex 3.14). C. S Lewis diz: “Quando se trata de
conhecer a Deus, toda iniciativa depende dEle. Se Ele não se quiser revelar, nada do que
façamos nos permitirá encontra-lo”.

A origem de Deus é um mistério. A Bíblia simplesmente declara: “No princípio, criou Deus
os céus e a terra” (Gn 1.1) Deus é a sua própria causa e Ele não tem origem, princípio e fim.
Ele autoexistente ou existe por si mesmo. Ele é preexistente ou já existia antes de todas as
coisas. A sua existência é necessária para a criação (Criador), para a feição (Pai), para a
moral (Juiz) e para a manutenção (Provedor).

Alguns teólogos tentaram conceituar a Deus “Deus é um espírito infinito, perfeito, em quem
todas as coisas têm a sua origem, substancia e subsistência” (Strong).

“Deus é espírito, infinito, eterno e imutável em seu ser, sabedoria, poder, santidade, justiça,
bondade e verdade” (Breve catecismo de Westminster). Mas, a conclusão lógica é que o
finito jamais poderá conceituar o infinito.

A revelação de Deus é geral (natural) ou especial (sobrenatural). A primeira fundamenta-se


e tem como objetivo revelar a todos os homens a existência de Deus (Sl 19.1-6); Rm 1.18).
A segunda, baseia-se na Bíblia e dirige-se aos pecadores eleitos, com o intuito de salvá-los.
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É através da Bíblia que Deus promove a fé no coração do pecador, levando-o a conhecer a


Jesus, o qual lhe dá a vida eterna (Jo.20.30,31; Rm 10.17; Tg 1.21).

A Bíblia revela que Deus é uma pessoa. Ele é distinto dos deuses pagãos e dos ídolos
mortos (Jr 10.14,15). Ele é um Ser vivo e pessoal (Sl 42.2; 1Ts 1.9). Ele criou o universo,
mas não é uma extensão dele (Gn 1.1). Ele não é uma energia cósmica, mas uma
personalidade racional, moral e afetiva, que se relaciona com o homem (Gn 1.26; Jo 1.1-3).

Os Nomes de Deus

A Bíblia registra vários nomes de Deus. Esses não foram inventados pelos homens, mas
destacamos os principais: Elohim. É o primeiro nome de Deus que aparece na Bíblia (Gn
1.1). Significa “Deus forte e poderoso”. Ocorre mais de 2000 vezes.

Yahweh. Significa “SENHOR DEUS”, o Deus da graça e da aliança. É o segundo nome de


Deus que aparece na Bíblia (Gn 2.4). Era o nome mais sagrado para os judeus e aparece
6.519 vezes. Ele é usado em combinações: Jeová Nissi (O Senhor minha bandeira), Jeová-
Raah (O Senhor meu pastor), Jeová Rapha (O Senhor que cura), Jeová Shammah (O
Senhor esta lá), Jeová Tsidkenu (O Senhor Justiça Nossa), Jeová Mekoddishkem (O Senhor
que santifica), Jeová Jiré (O Senhor proverá), Jeová Shalom (o Senhor é paz) e Jeová
Sabaoth (O Senhor dos Exércitos).

Adonai. Significa “Senhor” e apresenta a Deus como Governador e Mestre. Aparece pela
primeira vez em Gênesis 15.2 e 434 vezes no total.

El Sahddai. Significa “Deus todo-Poderoso” fonte de toda a satisfação. Aparece pela


primeira vez em Gênesis 17.1 e mais 6 vezes. El é um nome de Deus que pode ser usado
combinado com outros: El Elyom (Deus Altíssimo – Gn 14.18). El é usado para descrever os
ídolos (Sl 95.3), homens (Gn 33.10) e governantes (Êx 21.6).

Embora a Bíblia registre vários nomes de Deus, fala também do nome de Deus no singular
como, por exemplo, nas seguintes declarações: Não tomarás o nome do Senhor, teu Deus,
em vão”, Ex 20.7; “Quão magnífico em toda a terra é o teu nome! ”, Sl 8.1; “Como o teu
nome, ó Deus, assim o teu louvor se estende até aos confins da terra”, Sl 48.10; “Grande, o
seu nome em Israel”, Sl 76.1; “Torre forte é o nome do Senhor, à qual o justo se acolhe e
está seguro”, Pv 18.10.

No Novo Testamento, os nomes de Deus são:

1. Theos – significa “Deus” e é usado para expressar a divindade, o Deus de todos e de


cada um dos seus filhos (At 17.24, 29; Fp 4.19). Theos equivale a Elohim.
2. Kurios – significa “Senhor”. Equivale a Yahweh e Adonai. Designa a Deus como o
Poderoso, o Senhor, o Dono ou aquele que tem todo o poder e autoridade. Aplica-se
a Deus e a Jesus (At 2.36; Fp 2.9-11).
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3. Pater – significa “Pai” como “Aquele que deu origem” ou “Cridor” (Ef 3.15; Hb 12.9).
É usado para designar a relação entre Deus e os Membros da Sua família (Mt 6.9;
Rm 8.15).

Os Atributos de Deus

A igreja existe para proclamar as “virtudes” de Deus (1Pe 2.9). Essas “virtudes” são os seus
“atributos”, nos quais Ele se revela. Os atributos de Deus são marcas distintivas do seu ser.
Louis Berkhof define atributos como “as perfeições que constituem predicados do Ser divino
na Escritura, ou que são visivelmente exercidas por ele em suas obras de criação,
providencia e redenção”.

O termo “atributo” não é ideal, desde que transmite a noção de acrescentar ou consignar
alguma coisa a alguém, e, portanto, pode criar a impressão de que alguma coisa é
acrescentada ao Ser divino. O termo “propriedade” é melhor, no sentido de indicar algo que
é próprio de Deus somente.

Os atributos de Deus se classificam em duas categorias: incomunicáveis e comunicáveis.

A primeira, são as virtudes exclusivas de Deus que ninguém possui. A segunda, são as
virtudes que Deus possui e Ele comunica aos homens. Louis Berkhof apresenta a seguinte
classificação:

Atributos Incomunicáveis (Deus como ser Absoluto)

1. Autoexistência. Deus existe por si mesmo (Jo5.26). Deus não precisa de nós e nem
do restante da criação.
2. Imutabilidade. Deus é imutável em seu ser, nos seus planos e nas suas promessas
(Ml 3.6; Tg 1.17).
3. Infinidade. Deus está livre de todas as limitações. Essa infinidade alcança a absoluta
perfeição do seu Ser (Mt 5.48), Sua eternidade (Sl 90.2; Ef 3.21) Sua imensidade (At
7.48,49; At 17.27, 28) e Sua unidade, isto é, Ele é numericamente um e seu caráter é
único (1Co 8.6; 1Tm 2.5).

Esses atributos são chamados também de naturais, isto é, virtudes exclusivas que só Deus
possui. São quatro virtudes: Onisciência, onipotência, onipresença e eternidade.

Atributos Comunicáveis (Deus como Espírito pessoal)

1. Espiritualidade de Deus. “Deus é Espírito” (Jo 4.24; 1Tm 1.17).


2. Atributos intelectuais. O conhecimento, a sabedoria e a veracidade (fidelidade) de
Deus são perfeitos em sua natureza e alcance (1Sm 2.3; Jó 37.16; Rm 11.33; Is
44.9,10; 1Tm 2.13).
3. Atributos Morais. São três gloriosas virtudes (a) Bondade de Deus, que se expressa
em seu amor, sua graça, misericórdia e paciência (Mc 10.18; 1Jo 4.7,8; Ef 2.7-9; Dt
4

5.10; Rm 2.4). (b) Santidade de Deus, em sua natureza e manifestação (Ex 15.11;
1Pe 1.16). (c) Justiça de Deus (Sl 119.137).
4. Atributos de Soberania. Deus é soberano em sua vontade e no exercício do seu
poder (Sl 115.3; Dn 4.35; Tg 4.15; Mt 10.29).

Esses atributos são chamados também de morais, isto é, virtudes que Deus possui e não
são exclusivas, pois Ele as transmite aos homens. São cinco virtudes: santidade, justiça,
fidelidade, misericórdia e amor.

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