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Os ofícios de Cristo

Os três ofícios de Cristo são: profeta, sacerdote e rei. Historicamente a obra de


Cristo tem sido classificada no estudo teológico nesses três ofícios que dizem
respeito às suas funções como Aquele que revela, reconcilia e governa. Isso
significa que Cristo revela Deus ao homem, provê reconciliação entre o homem e
Deus, e governa sobre todas as coisas.

Os estudiosos falam nos três ofícios de Cristo em conexão com os três tipos de
mediadores que podiam ser encontrados nos tempos do Antigo Testamento. O
primeiro tipo de mediador era o profeta. Os profetas eram os agentes de revelação
da vontade de Deus a Israel. Em outras palavras, podemos dizer que os profetas
eram literalmente os porta-vozes de Deus ao povo da Aliança. Por isso não
frequentemente eles se dirigiam ao povo dizendo: “Assim diz o Senhor” (cf. Isaías
44:6).

O segundo tipo de mediador da vontade de Deus aos homens era o sacerdote. Os


sacerdotes eram responsáveis por apresentar diante de Deus a intercessão e os
sacrifícios expiatórios pelos pecados do povo. Então enquanto os profetas falavam
ao povo, os sacerdotes basicamente falavam pelo povo.

O segundo tipo de mediador era o rei escolhido para governar sobre Israel.
Diferentemente das nações pagãs, Israel devia ter consciência de que seu rei
supremo era o próprio Deus, e o rei terreno era apenas um vice regente que agia
sob a autoridade absoluta do Senhor. Nesse sentido, o rei terreno de Israel era um
tipo de mediador porque através de seu governo, conforme os princípios de Deus,
ele fazia manifestar o governo divino e comunicava o padrão justo e reto do Senhor.

Mas esses três ofícios dos tempos do Antigo Testamento eram apenas sombras de
uma realidade superior; eram ofícios que apontavam para a pessoa e obra do Filho
de Deus, o único, verdadeiro e suficiente mediador entre Deus e os homens.

O ofício de Cristo como Profeta


Quando falamos do ofício de Jesus como profeta, estamos nos referindo ao fato de
que Ele é quem revela Deus e sua verdade aos homens. Os profetas do Antigo
Testamento eram os porta-vozes de Deus aos homens. Eles mediavam a
comunicação divina ao proclamarem a Palavra de Deus.

Mas os profetas veterotestamentários cumpriam essa função com base no ofício de


Cristo como o profeta, ou seja, eles comunicavam e testemunhavam ao povo a
vontade de Deus pelo “Espírito de Cristo” (1 Pedro 10-12). Inclusive, enquanto os
profetas terrenos simplesmente anunciavam a Palavra de Deus, Cristo, Ele próprio,
é a Palavra de Deus. Hoje, seu ofício de profeta continua ativo através do ministério
da Igreja que, capacitada pelo Espírito Santo, anuncia ao mundo a verdade de
Deus.

O ofício de Cristo como Sacerdote


O Antigo Testamento dá grande destaque ao papel ao sacerdócio levítico. Desde
sua instituição oficial pelo próprio Deus no Sinai ao escolher a família de Arão para
ser a linhagem sacerdotal em Israel, ficou claro que o homem não pode se
aproximar de Deus por seus próprios méritos. Então os sacerdotes agiam como
intermediários se apresentando diante de Deus para interceder pelo povo e oferecer
sacrifícios expiatórios.

Mas não eram todos os sacerdotes que podiam entrar na presença de Deus.
Apenas o sumo sacerdote, uma vez por ano, é quem podia entrar no lugar mais
reservado do Santuário –­o Santo dos Santos – para oferecer a Deus as ofertas
expiatórias pelos pecados do povo. Mas antes de entrar no Santo dos Santos, o
sumo sacerdote tinha que oferecer sacrifícios por seus próprios pecados, e isso se
repetia anualmente no que era chamado de “Dia da Expiação”.

Tudo isso, no entanto, mostrava o caráter temporário do sacerdócio da tribo de Levi.


O próprio Antigo Testamento anuncia um sacerdócio superior, perfeito e eterno. No
Salmo 110 o salmista diz: “O SENHOR jurou e não se arrependerá: Tu és sacerdote
para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque” (Salmo 110:4).

O Novo Testamento mostra que essa profecia é cumprida finalmente em Cristo. Ele
é o nosso Sumo Sacerdote, eterno e perfeito. Inclusive, fica claro que Cristo não
exerce um sacerdócio que simplesmente continua o sacerdócio levítico, mas seu
sacerdócio é de uma ordem superior que antecede qualquer sacerdócio humano.
Cristo sempre foi o verdadeiro mediador, e seu sacerdócio era apenas prenunciado
pelo sacerdócio terreno.

O escritor da Carta aos Hebreus explora de forma detalhada essa questão,


mostrando que diferentemente dos sacerdotes de Israel, Cristo não precisou fazer
nenhum sacrifício por seu próprio pecado. Ele se ofereceu a si mesmo como
sacrifício expiatório não por seus próprios pecados, mas pelos pecados de seu povo
(Hebreus 4-10).

Além disso, seu sacrifício foi perfeito e definitivo, ou seja, jamais precisará ser
repetido. Enquanto os sumos sacerdotes de Israel entravam no Santo dos Santos
apenas uma vez por ano, Cristo entrou no Santo dos Santos Celestial uma vez por
todas. Aquele que nos reconciliou com Deus é o mesmo que ainda hoje,
continuamente, intercede na sala do trono em nosso favor.

O ofício de Cristo como Rei


O ofício de Cristo como rei significa que Ele é o governante do Universo. Em sua
pessoa se cumprem todas as expectativas veterotestamentárias de um rei perfeito.
Nos tempos do Antigo Testamento, diferentemente de outras nações, Israel devia
ser uma teocracia e seus reis simplesmente deviam cumprir o papel de vice
regentes do Senhor. Mas todos os reis de Israel falharam em algum ponto em sua
tarefa. Todos eram imperfeitos e corruptos.

Mas o mesmo Antigo Testamento anuncia a vinda de um Rei supremo, perfeito e


eterno (Salmo 110; cf. Amós 9:11). Esse rei, claro, é Jesus Cristo. Os judeus
esperavam que quando Ele visse, Ele logo pudesse assumir um trono terreno e
reinar diante dos homens. Mas o próprio Jesus afirmou que eles estavam errados
ao dizer que seu reino não era deste mundo (João 18:36)

Então Cristo morreu, foi sepultado, mas ressuscitou. A ressurreição de Jesus deu
início ao seu processo de exaltação, que avançou ainda mais quando Ele ascendeu
ao Céu. A ascensão de Jesus significou sua coroação à direita de Deus como o
governante de todo o universo. Então hoje mesmo Cristo já reina no trono celestial,
não somente sobre a Igreja, mas sobre todo o mundo. Mas seu reinado ainda
alcançará um passo final quando Ele retornar com grande glória e poder e seu reino
será plenamente visível a todos.

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