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SEÇÃO VI – O PORVIR
1 – A SEGUNDA VINDA DE CRISTO
2 – ALGUMAS CONCLUSÕES E QUESTÕES
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SEÇÃO I
I – A REVELAÇÃO DE DEUS
Os Dois Testamentos
O Antigo ou Velho Testamento é o registro da primeira grande etapa da revelação:
os tratos de Deus com a nação israelita. Esboça a história de Israel, de modo a salientar
suas feições significativas, do ponto de vista de Deus. Preserva dizeres e escritos de
homens a quem Deus se manifestou. Os diversos livros que compõem essa biblioteca de
trinta e nove volumes foram escritos e coligidos através de muitos séculos. Até o tempo de
Jesus, Os judeus chegaram a aceitar e destacar esses livros como revelação autêntica de
Deus.
A lgreja Cristã seguiu o exemplo de seu Mestre, ao tomar as Escrituras sagradas
dos judeus como seus próprios documentos abalizados (Lc 24:27,44). Destacou também,
da grande quantidade de material que foi aparecendo, seus próprios livros sacros
distintivos. Formou-se assim o cânon do Novo Testamento, composto de vinte e sete livros,
escritos pelos apóstolos e seus companheiros, os quais registram a vida e os ensinos de
Jesus e a história da Igreja primitiva. E reconhecido, neste cânon, a revelação completa da
pessoa e Obra de Deus em Jesus Cristo Seu Filho Único. Os livros foram incluídos no
cânon do Novo Testamento porque os cristãos reconheciam neles o cunho da autoridade
pela inspiração divina. Assim, não é exato afirmar-se que a Igreja conferiu autoridade aos
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livros; ela simplesmente reconheceu a autoridade que os livros em si possuíam e
demonstravam.
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espécie de máquina de escrever, usados por Deus para registrar o que Ele queria. A alegação
equivaleria tanto quanto ao se dizer que Jesus, ao falar, agia como um gravador de fita divino. A
verdade é que a palavra de Deus veio aos escritores bíblicos de diferentes modos, porém,
geralmente, através do exercício normal das faculdades da mente e da razão que Deus lhes deu,
e nunca como ditafones ou simples gravadores humanos. Sem dúvida se trata de um paradoxo,
uma vez que assim consideramos a Bíblia, simultaneamente, um livro humano e um livro divino;
porém é paradoxo idêntico à crença de que Jesus era perfeito homem e, ao mesmo tempo, o
Filho de Deus. Na verdade, podemos legitimamente empregar essa analogia para nos ajudar a
entender a natureza da Bíblia, uma vez que não caiamos na bibliolatria, que é o erro de encarar a
Bíblia como espécie de encarnação do Espírito Santo, tendo um valor mecânico, mesmo sem
compreensão da sua mensagem. Isto levaria alguém a venerá-la como um ídolo.
Terceira objeção: Pergunta-se se é acertado dizer que toda a Bíblia é inspirada ou que
Deus fala igualmente através de todas as suas partes. A esse respeito, é importante lembrarmos
que a lgreja adotou e separou um cânon da Escritura. Fazendo-o, negou expressamente a
inspiração de muitos outros livros que tratavam da história de Israel e da lgreja primitiva e,
igualmente, afirmou expressamente que os livros aceitos eram inspirados por Deus. A experiência
cristã tem confirmado que de fato Deus se revela aos homens através de toda a Bíblia, ainda que
faça com maior nitidez em certas partes (João, por exemplo) do que em outras (como
Eclesiastes) que são, por assim dizer, periféricas em relação à suprema revelação em Jesus
Cristo. Cremos que Deus inspirou alguém a registrar palavras de homens que estavam
enganados, como a exemplo dos consoladores de Jó, cujos argumentos o próprio Deus refutou.
Não é que o Evangelho de João seja «mais inspirado» do que Eclesiastes; antes, é que, naquele,
Deus estava concedendo a João a mais suprema e plena revelação de Deus, ao passo que, em
Eclesiastes, fornecia o registro das últimas tentativas humanas para conseguir a felicidade
debaixo do sol.».
Outrossim, mesmo que algumas partes da Bíblia pareçam não trazer mensagem de Deus
para nós, em nossa situação atual, é muito possível que tenham falado, ou que ainda venham a
falar, a outras pessoas em situações diferentes. Basta lembrarmos, por exemplo, como o livro do
Apocalipse tem revivido, vez após vez, por para cristãos que sofriam a perseguição. Devemos
lembrar também que a própria Bíblia não nos autoriza a dividi-la em partes mas, antes, a
considerá-la um todo orgânico, tendo cada livro um papel a desempenhar na obra total.
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fosse conseguido, o livro se tornaria incompreensível para a maioria de nós, para todos os que
nos precederam e, dentro de pouco tempo, se tornaria arcaica.
Terceiro, a Bíblia registra uma revelação progressiva de Deus através de muitos séculos e
a povos vários. Não devemos, portanto, tomar suas afirmações isoladamente, mas considerá-las
à luz do todo. Não podemos basear nossas crenças em versículos isolados, destacados de seu
contexto.
Quarto, é inegável que a moderna ciência da arqueologia muito tem feito no sentido de
confirmar a exatidão da história registrada na Bíblia; muito raramente, e em assuntos de pequena
importância, põe um ponto de interrogação ao lado do registro bíblico. Uma vez que a Bíblia
registra uma revelação que se deu através da história, podemos sentir satisfação em saber que o
esboço histórico apresentado na Bíblia é capaz de tanta confirmação arqueológica.
Quinto, muitos problemas, que se alegam existir na Bíblia, devem-se à nossa falta de saber
interpretá-la corretamente. Às vezes procuramos, por exemplo, informações literais em
passagens que devem ser tomadas como poéticas. Através de uma compreensão integral da
Bíblia, podemos descobrir que muitas discrepâncias desaparecem ou são de somenos
importância, no que se refere à verdade da Bíblia, vista como um todo.
Levadas em conta essas considerações, ver-se-á que não carece tanto, de base, quanto
muita gente hoje pensa, a crença na fidedignidade ou (de acordo com termo tradicional)
infalibilidade da Bíblia. Há, é claro, dificuldades em torno dessa crença, como as há em torno da
crença no amor de Deus em um universo onde são tão comuns o mal e a dor; mas podemos
muito bem, duvidar que essas dificuldades sejam suficientes para derribar uma doutrina que a
própria Bíblia atesta.
2 - A NATUREZA DE DEUS
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a) A Existência de Deus
A Bíblia presume que Deus existe (Gn 1:1), e não trata de prová-lo a não ser pela sua
atuação. Faz alusão à insensatez de quem ignora a existência de Deus (Sl 14:1; 53:1). Ver
contudo: Js 3:10; SI 53:1; 90; Is 40:12-26; Jr 10:10-16; Dn 6:26; Jo 4:24; At 17:28; Rm 1:19; 1 Ts
1:9; Hb 11:6.
Fora da Bíblia, há várias linhas de argumento pela existência de Deus, das quais podemos
mencionar as seguintes:
i) Um dos argumentos mais antigos é o chamado cosmológico, porque, contemplando
o cosmos ou universo visível, conclui que o universo não pode ser auto-existente.
Todos os fatos e fenômenos que conhecemos têm sua causa, e se o mundo, da
mesma forma, for dependente, há-de ter sua origem em alguma causa ou algum ser
independente; um Ser autodeterminado é uma necessidade do pensamento.
ii) O argumento chamado teleológico afirma que o homem pensante não pode deixar e
ver, na ordem da Natureza, um plano coordenado, visando a algum propósito, o que
subentende a existência de uma Inteligência criadora. O desenho dá a entender a
existência de um Desenhista.
iii) Há o argumento que podemos chamar de racional, porque leva a sério a autoridade
da razão humana e a convicção inexpugnável de que este mundo é racional. A
própria Ciência só é possivel porque a Natureza corresponde ao que dela pensamos
e nosso pensamento corresponde a Natureza. A Ciência é obrigada a aceitar como
axioma a autoridade da razão; mas evidentemente a razão não pode provar sua
própria autoridade; por isso, não podemos deixar de acreditar que o sistema que
assim corresponde à razão é obra da Razão infinita e universal que dirige o
desenvolvimento da matéria, sendo transcendente e criadora.
iv) O argumento moral parte do senso de obrigação moral que distingue o homem dos
mais inteligentes animais irracionais. É mero sofisma afirmar-se que o bem e o mal
não têm base na ordem eterna das cousas e que tais noções não passam de
«convenção social», pois os estudos antropológicos demonstram que as criaturas
mais primitivas reconheciam o mal da perfídia, da devassidão, do homicídio. Se
ideias morais não podem existir sem o pensamento, um ideal moral absoluto só
pode existir em um Pensamento, que é fonte e sustentáculo de toda a excelência
moral, de toda a realidade.
v) O argumento ontológico salienta que a própria idéia de Deus não nos seria possível
se Deus não existisse. O pensamento humano indica sempre a existência de algo
além de si; não se compreende a mente do homem a não ser que todo o processo
criador que fez nascer essa mente seja dirigido por uma Mente. De qualquer outro
ponto de vista seria impossível confiar no poder da mente para conhecer a verdade.
vi) O argumento humano baseia-se nas experiências e fatos religiosos que, embora
muito diversos, fazem parte integrante da história da humanidade. A história
humana fornece aquela experiência religiosa básica que torna compreensível as
revelações sucessivas que Deus tem feito de Si mesmo e sem a qual a revelação
em Jesus Cristo não seria possível. O valor desses argumentos está no seu
testemunho conjunto da existência de Deus, porém não nos dizem quem é Deus.
Isso jamais poderíamos saber, se o próprio Deus não se tivesse aquela revelado.
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b) Os Nomes Divinos na Bíblia
Este é um estudo vastíssimo, do qual podemos indicar que apenas suas linhas mestras.
Devemos ter sempre em mente a classificação geral dos nomes de Deus e notar que sempre há
uma razão para o uso de um ou de outro dos nomes. Cada nome é indicativo do caráter de Deus
ou do princípio em que se baseia a mensagem. Classificação:
i) Nomes Gerais
El (singular) ocorre umas 250 vezes. O conceito básico que encerra é o de Força. Traz
ainda a idéia de Primeira Causa, como em Gn 14:18-22. Pode-se traduzir por Deus
Altíssimo. E ligado, geralmente, a um dos atributos divinos, como Deus misericordioso
(Dt 4:31), Deus zeloso (Ex 20:5), etc..
Esse uso do hebraico dá várias combinações como: El Elyon (Gn 14, acima); El Olam,
Deus eterno (Gn 21:33); El Shadai, Deus todo-poderoso (Gn 17:1; Ex 6:3).
As formas singulares Elvah e Elah são usadas referindo-se a Deus como Objeto do
culto.
Elohim (plural) ocorre mais de 2.000 vezes e sugere o Deus da Criação, da
Providência e também Supremo Governador. Traz consigo a noção da trindade do
Deus Uno (Gn 1:26; 3:22), ou então seria o plural de majestade.
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lembrança que essas palavras são inadequadas para exprimirem plenamente a maravilha do
caráter de Deus. Podemos considerá-las como analogias ou metáforas que nos ajudam a
compreendê-Lo. Contudo, podemos empregar, com alguma confiança, essas analogias que
descrevem Deus em termos humanos, porque o homem é uma criatura feita à. imagem e
semelhança de Deus (Gn 1:26; 6:6-7; Dt 29:20; 2 Cr 16:9; Jr 15:6).
i) Deus é Amor (1 Jo 4:8,16) - Amor que é absolutamente altruísta, Amor que alcança os
inimigos mais detestáveis, Amor que busca exclusivamente o maior bem de todos os
homens. O amor de Deus se revela supremamente na morte de Jesus Cristo, Seu filho
unigênito, pelos pecadores (Jo 3:16).
ii) Deus é Luz (Is 60:19; Tg 1:17; 1 Jo 1:5). Luz, na Bíblia, simboliza santidade, perfeição,
justiça, verdade, conhecimento e salvação (Sl 27:1; MI 4:2; Jo 3:19; 8:12; 2 Co 6:14; Ef
5:8; Ap 22:5). A santidade é o aspecto moral do amor de Deus.
iii) Deus é Espírito (Jo 4:24; 2 Com 3:17) conceito de difícil alcance para nós. Apresenta a
existência divina como sendo basicamente diversa da nossa existência humana e
corporal (Is 31:3). Por isso a Bíblia se opõe tenazmente à idolatria e a qualquer
tentativa de se fazerem representações materiais de Deus (Ex 20:4-6). Nossos modos
normais, físicos e materiais, de pensar, fracassam quando os aplicamos a Deus.
<<Espirito>> dá também a entender que a existência de Deus é verdadeira e real, livre
das limitações e da corrupção que se prendem à existência corporal.
iv) Sua Infinidade e Eternidade. Deus não é sujeito a limitações a não ser pela sua
própria natureza: Amor sem limite, é Santidade sem limite, é Atividade sem limite (Ex
15:11; Jó 11:7-10; Sl 145:3; 147:5). Ao que podemos entender, o conhecer o passado
ou o futuro é igual para Deus, ao conhecimento do presente; Ele não é limitado pelo
passado nem pelo futuro (Jo 8:58; 2 Pe 3:8; Hb 13:8).
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vii) Sua Imutabilidade e Eternidade. Ver Dt 33:27: Sl 90:2; 102:26-27; MI 3:6; 1 Tm 1:17;
Tg 1:17. Deus não é limitado pelo tempo nem pelo espaço. Seus atributos são
constantes e permanentes. Contrastar-se com o amor humano, e sua emoção instável.
ii) Perfeita Sabedoria. É o atributo de Deus que se manifesta na escolha de fins dignos e
dos melhores meios para a realização desses objetivos. O objetivo final, a que Deus
tudo subordina, é sua própria glória (Rm 11:33; 1 Co 2:7; Ef 1:6,12,14; Cl 1:16).
iii) Perfeita Santidade, Justiça, Veracidade e Fidelidade. São as perfeições divinas que
se manifestam pelo fato de ser Deus luz. Deus é santo, no sentido de Sua absoluta
distinção de todas as Suas criaturas e da Sua exaltação sobre elas em infinita
majestade (Ex 15:11; Is 57:15). É santo também no sentido da perfeição moral, da
isenção completa de impureza moral ou pecado. Na presença desse Deus, o homem
tem a consciência profunda de seu próprio pecado (Jó 34:10; Is 6:5; Hb 1:13). Em
virtude de Sua justiça, Deus mantém o governo moral do mundo e impõe ao homem
uma lei justa, galardoando a obediência e punindo a desobediência (Sl 99:4; Is 33:22;
Rm 1:32). Deus é verdadeiro em Seu íntimo (nele não há hipocrisia), em Sua revelação
(nele não há encenação) e na Sua relação com Seu povo (nele não há falta de
sinceridade). É o verdadeiro Deus em contraste com os ídolos; conhece as cousas
como são e é fiel cumprimento de Suas promessas (fidelidade) (Nm 23:19; 1 Co 1:9; 2
Tm 2:13; Hb 10:23).
e) A Tri-unidade de Deus
ii) Ensinos heterodoxos(heresias). Sabélio, no século III, para evitar o que lhe parecia a
noção de três deuses, ensinou que o Filho e o Espírito Santo não passavam de
atributos, emanações ou modos aparentes de Deus Pai. E o ensino chamado
sabelianismo ou modalismo. Ário, antes do ano de 325 quando foi condenado, deu
muita ênfase à personalidade distinta e separada das Pessoas da Trindade, colocando
o Filho em plano inferior ao Pai e negando a eternidade de Sua condição de Filho;
admitia a divindade deste e em sentido secundário apenas. É o arianismo ou
subordinacionismo. Sócino, no século XVI, e, modernamente, os unitarianos e seitas
semelhantes, têm em comum a opinião de que o Deus uno é uma única Pessoa; daí,
necessariamente atribuem a Cristo e ao Espírito Santo natureza e posição inferior à
verdadeira divindade. É o socinianismo.
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3-A ATUAÇÃO DE DEUS
a) A Criação
Em contraste com as hipóteses humanas, é admiravelmente simples o ensino da Bíblia a
respeito da Criação.
i) Seu Arquiteto: Deus. <<Criou Deus os céus e a terra>> (Gn 1:1). <<Todas as cousas tu
criaste, sim, por causa da tua vontade vieram a existir e foram criadas>> (Ap 4:11).
ii) Seu Construtor: o Filho. Pelo qual fez o universo (Hb 1:2). Tudo foi criado por meio Dele
(Cl 1:16). Sem Ele nada se fez (Jo 1:3). O Espírito de Deus também se achou ligado à obra da
Criação (Gn 1:2).
iii) A Ocasião: No Princípio. «No princípio criou Deus os céus e a terra» (Gn 1:1). Segue-se
uma descrição do fato, de acordo com a revelação que Deus concedeu.
Deu início então o sétimo dia, quando Deus descansou de sua obra (Gn 2:2). O sétimo dia, ao
que parece, continua até hoje, uma vez que não consta que Deus tenha reiniciado sua obra de
criação material, (ainda que Jo 5:17 afirme que Deus, Pai trabalha até agora»). Fora disso,
nenhuma indicação há da duração dos dias da Criação. A hipótese gratuita de terem sido 24
horas cada um, não só está em desacordo com o que sabemos da continuação do sétimo dia
e como fato de somente no quarto dia constar o aparecimento do Sol, do qual dependem
nossos dias atuais, de 24 horas, mas também cria sem motivo um conflito entre o que
sabemos do que Deus diz em seu Livro Escrito, a Bíblia, e o que se entende do que Deus faz
na Natureza; entre a Bíblia e as ciências. E muito melhor cingirmo-nos à singeleza da narrativa
bíblica, na persuasão de que palavra e obra são do mesmo Deus, e de que, quando tudo
soubermos e entendermos, veremos que ambas se harmonizam perfeitamente.
De qualquer modo, o que aqui nos interessa não é o processo nem o tempo que levou a
Criação, e sim: 1) que foi Deus quem a realizou; e 2) que o fez <<no princípio>>.
iv) A Aquisição desse Conhecimento: Pela Fé. «Pela fé reconhecemos que o mundo foi
formado pela palavra de Deus, de modo que as cousas visíveis se originaram do invisível» (Hb
11:3) O grande rádio-astrônomo Bernard Lovell, de Jodrell Bank, falando em 1961 sobre a
origem do Universo, declarou que a astronomia nada podia opinar sobre a existência ou não
de um Criador e que provavelmente nunca poderá fazê-lo. Realmente, a matéria não é da
alçada da Ciência, e sim, da Religião Revelada; o respectivo conhecimento não se adquire
pelas pesquisas, mas pela fé. Trata-se de campos distintos de conhecimento, os quais se
completam, porém não devem interferir um no outro. Quanto a nós leigos, devemos valer-nos
de ambos.
v) O Universo é sustentado pelo Filho - <<pela palavra de seu poder>> (Hb 1:3). <<Nele
tudo subsiste>> (Cl 1:17). Ele mantém aquilo que foi criado por meio dele.
b) A Providência de Deus
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A Bíblia ensina que Deus opera permanentemente em benefício de suas criaturas (Sl 107,
etc.) e sobretudo daqueles que o amam (Rm 8:28). A esse aspecto da atuação divina chamamos
de Providência. Vê-se em:
i) Seu Governo - aquela atividade pela qual Deus rege sobre tudo, de maneira a realizar
Seus planos. Tanto o Antigo como o Novo Testamentos apresentam Deus como o Rei do
Universo (SI 103:19; Pv 16:9; Is 33:22; 44:24-28; Dn 4:3,17; At 5:38-39; Tg 4:12).
ii) Sua Provisão - Os escritores bíblicos atribuem as estações,a chuva e o Sol, ao cuidado
de Deus com os homens e com as demais criaturas Suas (Gn 8:22;48:15; Dt 28:1-14; SI
23:5; 104; 147:8-9; Mt 5:45;6:25-34; At 14:17).
ii) Sua Proteção - Podemos confiar em Deus, que Ele nada permitirá acontecer a nós sem
o Seu inteiro conhecimento e de acordo com Seus perfeitos planos (Mt 10:29-31; 1 Pe 5:7;
Rm 8:28; Jó 2:1-7; Gn 50:20).
iv) Sua Disciplina - A Bíblia relaciona a bênção de Deus com a conduta de Seu povo.
Deus pode permitir contratempos para nossa instrução (Dt 28:15-68; Hb 12:5-10), mas isto
não quer dizer que a Bíblia ensina que todo sofrimento humano tem uma finalidade
disciplinar (cf Jo 9:1-3).
d) Os Anjos
i) Sua Criação, Existência e Natureza. O vocábulo anjo, na Bíblia, significa mensageiro
ou representante. A Bíblia não faz menção direta da criação dos anjos, porém se
depreende estarem incluídos em C1 1:16.
No tempo de Jesus, os saduceus não acreditavam na existência dos anjos (At 23:8), porém
Jesus fazia referência inequívoca e frequente a esses seres. Quanto a seu número, o
escritor aos Hebreus fala de «hostes incontáveis de anjos» (12:22). Um deles, Miguel, é
chamado arcanjo (Jd 9). O Antigo Testamento registra varias aparições de anjos em
passado remoto: a Hagar (Gn 16 e 21), a Ló (Gn 19), etc...
Sabemos, por Mt 22:30; e Mc 12:25, que os anjos são assexos, o que contraria uma
antiga tentativa de explicação de 1 Co 11:10, alusão da qual depreendemos que eles
assistem aos cultos dos discípulos de Cristo, apreciando a <<decência e boa ordem>>.
Seus conhecimentos têm limites (Mt 24:36; 1 Pe 1:12). Não é sujeita aos anjos «economia
vindoura» (o Reino) (Hb 2:5). Cultuam ao Filho (Hb 1:6) e não se admite que a eles seja
prestado culto (CI 2:8; Ap 22:8-9) a não ser no caso do Anjo do Senhor. Quando, na terra,
um pecador se arrepende, há <<júbilo diante dos anjos de Deus>> (Lc 15:10). Jesus
informa, a respeito das crianças, que «seus anjos nos céus vêem incessantemente a face
de meu Pai celeste» (Mt 18:10).
ii) Seu Serviço. Os anjos socorrem os homens, inclusive ao Filho do homem (Mt 4:11;
26:53; Mc 1:13; Lc 4:10; Hb 1:14) e os conduzem até o bem-estar além-túmulo (Lc 16:22).
Vão adiante dos homens para os guiar, proteger ou libertá-los (Gn 24:7; Ex 14:19; 23:20
23; 2 Cr 32:21-22; Dn 3:28; 6:22; At 5:19; 11:7-11).
Comunicam aos homens, da parte de Deus, ordens, promessas, avisos ou repreensões
(Gn 16:9-12, 19; 22:11-18; Nm 22; Jz 2:1-5; 6:11-24; 2 Sm 24:16-17; 1 Cr 21:15-30; 1 Rs
19:5-7; Mt 2:13; 28:2,5; At 8:26; 10:3-6; 11:13-14; 27:23-24). Anunciaram concepção de
Sansão (Jz 13), de João Batista (Lc 1:11-20), de Jesus (Lc 1:26-38 o anjo Gabriel a Maria),
bem como o nascimento (Lc 2:9-15) e a ressurreição (Mt 28:2,5; Lc 24:23; Jo 20:12) de
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Jesus. Futuramente, virāo anunciar o Filho do homem (Mt 16:27; 24:31; 25:31; Lc 9:26; 2
Ts 1:7) e reunir os escolhidos (Mc 13:27).
iii) Algumas pessoas têm hospedado anjos sem os reconhecer como tais (Hb 13:2).
v) Em Gn 18; Ex 3:2,6; Jz 6:22-23, o Anjo de Jeová é o próprio Jeová que assume forma
visível.
vi) Anjos caídos são mencionados em 2 Pe 2:4 e Jd 6 como estando reservados para o
juízo. Pertencem ao diabo (Mt 25:41) e para eles está preparado o lago de fogo. São
incapazes de separar o crente do amor de Deus em Cristo (Rm 8:38). Serão derrotados
por Miguel e seus anjos (Ap 12:7-9). Os crentes hão de julgar os anjos (1 Co 6:3).
vi) Satanás, o diabo. E o príncipe do mal e portanto dos anjos caídos. Seu nome, Satanás,
vem do hebraico que significa «adversário», apontando para sua oposição aos homens.
Ele atua de tal forma nos incrédulos (Ef 2:2) que o mundo inteiro fica sob seu controle (1 Jo
5:19; Lc 4:6; Jo 12:31; 14:30). Os homens descrentes estão sujeitos a ele (At 26:18)
cegados por ele (2 Co 4:4) e enganados por ele (2 Co 11:13, 14). Ele é homicida e
mentiroso por essência (Jo 8:44) e tem poder da morte sobre seus súditos (Hb 2:14).
O crente é libertado do império do diabo (Cl 1:13) mas não de sua tentação (At 5:3; 1 Co
7:5). Ele pôde barrar o caminho de Paulo (1 Ts 2:18) e mandar-lhe um espinho na carne (2
Co 12:7). Ataca os crentes com dardos inflamados (Ef 6:16), enreda com estratagemas
sutis (1 Tm 3:7;2 Tm 2:26; Ap 20:3) e desmoraliza com maledicência (1 Tm 5: 14, 15). Seu
nome diabo (gr diabolos) significa «acusador» (cf Jó 1 e 2), e subentende o desejo de
devorar (1 Pe 5:8), peneirar (Lc 22:31) e derrotar os discipulos de Cristo.
Cristo já conquistou o diabo e seus anjos (Lc 10:18; Jo 12:31). Logo essa vitória na cruz
(CI 2:15) será confirmada no esmagamento de Satanás (Rm 16:20), sendo primeiramente
lançado no abismo (Ap 20:2,3) e depois no lago de fogo (Ap 20:11; Mt 25:41).
SEÇÃO II
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ii) pela atuação divina (Gn 1:26-27).
Que vem a ser essa «imagem de Deus» As opiniões variam, Berkhof, por exemplo,
informa que, de acordo com a opinião:
3) reformada: distingue-se entre imagem natural e moral de Deus, sendo que a primeira
abrange o ser espiritual, racional, moral e imortal, obscurecido, porém não perdido pelo
pecado; a segunda seria a imagem de Deus no sentido mais restrito e consistiria no
verdadeiro conhecimento, justiça e santidade. Neste segundo sentido esta imagem foi,
no homem, perdida pelo pecado e é restaurada em Cristo que é por natureza a Imagem
de Deus (CI 1:15; 3:10; Ef 4:24). Como o homem conservou a imagem no sentido mais
lato, pode ainda ele ser chamado imagem de Deus (1 Co 11:7; Tg 3:9).
Se, entretanto, isso for achado muito complexo e teórico, poder-se-á, com alguma
vantagem, limitar-se ao que a Bíblia ensina, a saber: que o homem, de alguma forma
não física, se assemelha a seu Criador. Recebeu domínio sobre o mundo da Natureza
(Gn 1:28-30) e pode modificar seu próprio ambiente. Possui natureza moral refletida na
sua consciência, sabendo distinguir entre o bem e o mal, entre o amor e o ódio.
ii) os termos «alma» e «espirito» são, muitas vezes, empregados na Bíblia com o
mesmo sentido: comparar, por exemplo: Gn 35:18 e 1 Rs 17:21 com Lc 23:46 e At 7:59;
Ap 9:6 e 20:4 com 1 Pe 3:19 e Hb 12:23;
iii) ambos os termos indicam o elemento espiritual do homem e as vezes parece que o
fazem de pontos de vista diferentes, sendo o espirito o principio de vida e ação que
domina o corpo; a alma, o sujeito pessoal que pensa, sente e decide, e às vezes é a
sede dos afetos;
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ser não material do homem para com o mundo; o espirito (pneuma), sua manifestação
para com Deus pois Deus é espírito, de modo queo homem não pode aproximar-se
dele senão «em espírito» (Jo 4:23, mas isto pode significar «no Espírito Santo»);
vi) daí acharem alguns ensinadores que o descrente é apenas corpo e alma; o crente,
corpo, alma e espirito. Até certo ponto parece ter razão esse parecer; contudo, quanto a
seu ser original, o homem, alma vivente, tinha capacidade para a comunhão com Deus.
Livre para escolher entre a obediência a Deus e a desobediência, o homem, incitado pela
serpente, tomou a decisão errada: desobedeceu. Começou, assim, no mundo, o pecado com
todas as suas terríveis consequências.
A narrativa limita-se a registrar o fato, nada nos informando da maneira ou da razão da
tentação nem de como apareceu o tentador no mundo, onde tudo o que Deus fizera, inclusive a
serpente, era até então «muito bom» (Gn 1:31). Há vislumbres de alguma espécie de rebelião
entre seres angélicos (Gn 6:1-8; Jd 6), o que, porém, apenas nos leva mais um passo atrás, sem
nenhuma explicação da origem do mal. As normas reconhecidas da hermenêutica não nos
permitem a inclusão aqui de opiniões expendidas sobre Is 14;12-15 ou Ez 28, pois essas
passagens tratam declaradamente, uma do rei de Babilônia (Is 14:4) e a outra do rei de Tiro, não
passando de conjectura a e interpretação» de que vê nestas passagens a queda dum arcanjo que
na rebelião se tornou o diabo (vd Sec. I, 3,d,vi, vii).
b) A Natureza do Pecado
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Em relação a nós mesmos, pecado é afetação (ou pedantismo) e auto-suficiência (MI 4:1; Lc
1:51; Tg 4:6; 1 Jo 2:16), a atitude de quem se sente perfeitamente capaz de conduzir sua própria
vida e repugna a interferência por parte de quem quer que seja, mesmo de Deus. É o orgulho
egocêntrico.
c) Os Efeitos do Pecado
O pecado contamina todos os aspectos da vida do homem; seu veneno afeta a tudo que
ele pensa, diz e pratica.
iv) Sofrimento
O Livro de Jó torna bem claro que nem todo sofrimento é resultado do pecado de quem
sofre. No sentido geral, global, porém, o sofrimento é fruto do pecado. Na verdade, um dos
aspectos mais terríveis do pecado é o sofrimento em que ele resulta, mesmo para pessoas que
não participaram daquele pecado (Gn 3:16-19; Rm 8:19-22; Gl 6:7).
v) Escravidão moral
O pecado escraviza o homem: não se trata de uma simples questão de pensamentos e
atos pecaminosos isolados, e sim, de uma força maléfica que toma conta do homem,
manietando-o e tornando-o cada vez menos capaz de praticar o bem (Rm 7:18-20).
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