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As Bênçãos do Arrependimento
Outra Demonstração de Vigoroso Poder
Uma bênção significativa da Expiação decorre do poder de Cristo para
redimir os espiritualmente mortos. A Morte espiritual é uma forma de
alienação espiritual ou dissolução do relacionamento divino. Mas é mais
do que um banimento geográfico da presença de Deus. Assim como o
corpo físico enfraquece quando acometido por uma doença, da mesma
forma parece que enfraquecemos espiritualmente à medida que nos
envolvemos com cada novo pecado. Talvez percamos nossa capacidade ou
vontade de absorver luz e verdade. Talvez, como um músculo lesado,
perdemos força e resiliência para confrontar cada nova tentação. Sejam
quais forem os aspectos técnicos, a morte espiritual parece resultar numa
forma de degeneração ou entropia espiritual. Tal como acontece com a
morte física, é preciso algum poder para reverter o processo de decadência,
para curar nossas feridas espirituais, para fortalecer nossa fibra espiritual.
Novamente, a Expiação é a fonte desse poder de reversão, a fonte na qual
os homens podem “procurar a remissão de seus pecados” (2 Néfi 25:26).
purificador da Expiação.
Foi exatamente isso que Helamã ensinou: “E ele [Cristo] tem poder,
recebido do Pai, para redimi-los de seus pecados por causa do
arrependimento” (Helamã 5:11; grifo do autor).
E quanto aos que não sentem essa mudança, mas obtêm uma
recomendação para o templo? E quanto aos que têm pecados graves, mas
escapam da repreensão ou da ação disciplinar, enquanto outros na mesma
situação carregam sua cruz? O Presidente Harold B. Lee falou diretamente
sobre esse assunto: “Não há pecadores bem-sucedidos”. 3
‘Ah’, disse o Sr. Hunt, ‘não foi um erro, não. Sabe, essa é a porta do
coração humano. Ela só pode ser aberta por dentro’”. O Élder Kimball
continuou, dizendo: “E é isso que acontece. Jesus pode estar junto à porta,
mas cada um de nós decide se vai abrir a porta”. Os líderes do sacerdócio
4
Como todos nós pecamos, tal como Néfi, a questão não é apenas se
erramos, mas se erramos e estamos agora dispostos a nos arrepender. John
Donne falou sobre a eficácia do arrependimento:
Ensina-me a arrepender-me; porque isso é como
Se tivesses selado meu perdão com teu [de Cristo] sangue.7
acrescentou: “Se a pessoa não sofreu, ela não se arrependeu. (. . .) Ele tem
que passar por uma mudança em seu sistema que o fará sofrer e então o
perdão é uma possibilidade”. Esse sofrimento, por mais intenso que seja,
11
“Você não vai levá-lo. Não trapaceie comigo! Porque com meus
asseclas ele deve vir. (. . .) Aquele que não se arrepende não pode
ser absolvido.
Ele não pode se arrepender e agir ao mesmo tempo
Porque a contradição não o permitiria!”
Ai de mim! Com que violência tremi
Quando ele me agarrou e disse: “Talvez
Você não achasse que eu fosse versado em lógica!”14
A resistência à confissão é algo que acontece até aos bons santos. Eles
podem sentir-se envergonhados ou embaraçados. Talvez acreditem que
seus líderes do sacerdócio tenham um conceito pior deles depois que o
pecado for confessado. Precisamos lembrar que os bispos e os outros
líderes do sacerdócio são amigos que desesperadamente querem ajudar e
aliviar fardos. São seres humanos que cometeram erros, mas que querem
melhorar. São pais para seus rebanhos. Posso honestamente dizer que
como líder do sacerdócio, jamais passei a ter um conceito pior de um
homem ou de uma mulher que voluntária e humildemente confessou. Pelo
contrário, regozijei-me por estarem tentando colocar sua vida em ordem.
Quando Mahatma Gandhi tinha 15 anos, ele roubou algo do irmão. Seu
irmão carregava no braço um pedaço de ouro sólido. Gandhi achou fácil
arrancar um pedacinho para si mesmo. Disse que a dor da culpa foi tão
forte que ele decidiu nunca mais roubar. Tendo saldado a dívida com o
irmão, disse que tomou a decisão de confessar a seu pai — mas tinha
medo, não que o pai fosse bater nele, mas pela dor que isso causaria a ele.
Por fim, ele disse: “Senti que devia correr o risco, porque não poderia
haver uma purificação sem uma clara confissão”. Gandhi resolveu
escrever sua confissão. Fez isso, confessando sua culpa, prometendo
nunca mais roubar e pedindo o devido castigo. Concluiu pedindo ao pai
que não se punisse pelo que Gandhi tinha feito. Naquela época, o pai de
Gandhi estava muito doente e confinado ao leito, que nada mais era que
uma tábua de madeira. Gandhi, tremendo, entregou a confissão ao pai,
depois se sentou diante dele e esperou ansiosamente uma resposta. Em
suas próprias palavras ele conta o que aconteceu:
Esse tipo de perdão sublime não era algo natural para meu pai. Achei
que ele ficaria zangado, diria palavras ásperas e bateria na testa. Mas ele
ficou maravilhosamente sereno, e creio que foi devido à minha clara
confissão. Uma clara confissão, combinada à promessa de jamais cometer
o pecado de novo, quando oferecida ao que tem o direito de recebê-la, é o
mais puro tipo de arrependimento. Sei que minha confissão fez meu pai
sentir-se absolutamente seguro a meu respeito, e isso aumentou o afeto
que ele tinha por mim”. 21
Eliseu disse a Naamã que fosse lavar-se sete vezes no Rio Jordão.
Podemos nos perguntar o que teria acontecido se Naamã, o sírio, tivesse
mergulhado três vezes no Rio Jordão e depois desistido. Será que ficaria
três sétimos limpo? Ou e se ele tivesse mergulhado seis vezes e desistido
— será que estaria seis sétimos limpo? Sabemos a resposta. A purificação
só veio depois que ele mergulhou pela sétima vez, após total submissão à
palavra de Deus. E então se seguiu a purificação! As escrituras relatam:
“Sua carne tornou-se como a carne de um menino, e ficou purificado” (II
Reis 5:14). O mesmo acontece com o pecador, o leproso espiritual. Deve
haver total submissão à vontade do Senhor, um coração quebrantado e um
espírito contrito, até uma confissão, se necessário, para completar o
sétimo mergulho, e então o espírito é purificado “como o espírito de um
menino”.
Por que o Senhor exige uma confissão? É tão difícil. Talvez porque esse
ato a mais do que todos os outros nos faz ajoelhar-nos na mais profunda
humildade. Falando do processo do arrependimento Alma declarou:
“Deixa que te humilhem até o pó” (Alma 42:30). Mas, oh, como é
grandiosa a promessa para os que assim o fazem: “Se confessarmos os
nossos pecados, Jesus Cristo é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e
nos purificar de toda a injustiça” (I João 1:9). Por outro lado, o Senhor
advertiu: “O que encobre as suas transgressões nunca prosperará”
(Provérbios 28:13). A verdadeira natureza do homem sempre acabará
sendo revelada. Todo disfarce, toda farsa, todo subterfúgio pode durar
alguns dias, semanas, meses, talvez até anos, mas por fim o verdadeiro
caráter do homem será expresso em suas palavras, traído em suas ações e
manifestado em seu semblante. Quão melhor seria revelar
voluntariamente o verdadeiro caráter do que ser descoberto
involuntariamente. A confissão é um modo de transpor esse vão.
Um poder purificador
Os frutos do arrependimento nos deixam puros. Isaías declarou: “Ainda
que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos
como a neve” (Isaías 1:18). Na antiga Israel, o Dia da Expiação
simbolizava as consequências que fluiriam do verdadeiro dia da expiação.
Lemos nas escrituras: “Porque naquele dia se fará expiação por vós, para
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purificar-vos; e sereis purificados de todos os vossos pecados perante o
Senhor” (Levítico 16:30; ver também Levítico 23:27–28). Isso somente
era possível por causa do futuro dia de redenção do Salvador. Por meio
dessa Expiação, o Senhor prometeu aos justos que suas “vestes [serão]
branqueadas por meio do sangue do Cordeiro” (Éter 13:10; ver também
Alma 13:11). 23
Senhor advertiu: “Eis que meu sangue não os purificará se eles não me
ouvirem” (D&C 29:17).
Notas
1. Conference Report, outubro de 1953, p. 35.
2. McKay, Gospel Ideals, p. 13.
3. Lee, Stand Ye in Holy Places, p. 221.
4. Kimball, O Milagre do Perdão, pp. 203–204.
5. Frost, “The Road Not Taken”, p. 105.
6. McKay, Gospel Ideals, p. 13.
7. Donne, “Holy Sonnets VII”, p. 249.
8. Smith, Doutrinas de Salvação, comp. por Bruce R. McConkie, 1954–1956, 3 vols., vol. I,
pp. 245–246.
9. Shakespeare, Hamlet, 1.3.78.
10. Kimball, Teachings of President Spencer W. Kimball, p. 88.
11. Ibid., p. 99.
12. Roberts, Gospel and Man’s Relationship to Deity, p. 25.
13. Featherstone, Generation of Excellence, pp. 156–159.
14. Dante, A Divina Comédia, p. 48.
15. Smith, Matthew Cowley, p. 298.
16. Phillips, “The Tennis Machine”, pp. 56–57.
17. Kimball e Kimball, Spencer W. Kimball, p. 197.
18. Coleridge, “The Rime of the Ancient Mariner”, em Williams, Immortal Poems, p. 287;
grifo do autor.
19. Wilde, O Retrato de Dorian Gray, p. 176; grifo do autor.
20. Dante, A Divina Comédia, p. 48.
21. Gandhi, Autobiography, pp. 23–24; grifo do autor.
22. Conference Report, outubro de 1955, p. 124.
23. O poeta John Donne expressou-se eloquentemente sobre o sangue expiatório de Cristo e
Seu maravilhoso poder de transformar um pecador num santo:
Não carecerás de graça, se te arrependeres.
Mas quem te dará essa graça, afinal?
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