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A Doutrina da Trindade
A DOUTRINA DA TRINDADE.
ISAIAS LOBÃO P. Jr. – Professor do Seminário
Presbiteriano de Brasília – SPB; Membro da World
Reformed Fellowship e pesquisador do Projeto de
Estudos Judaicos-Helenísticos (PEJ-UnB) .Bacharel
em teologia pela Faculdade Cristã Evangélica,
Bacharel e Licenciado em História pela Universidade
de Brasília.
INTRODUÇÃO
A doutrina da Trindade é talvez, a doutrina mais misteriosa e difícil que
encontramos nas Escrituras. Por isto, é uma insensatez afirmar que podemos dar uma
explicação completa sobre ela. Devido à natureza do assunto, só podemos saber, a
respeito de Deus, e da Trindade, o pouco que as Escrituras nos revelam. A tripla
personalidade de Deus é, exclusivamente, uma verdade da Revelação.
1
J. Scott Horrell. Uma Cosmovisão Trinitária, in Vox Scripturae. 4 (março de 1994).
2
Vale destacar várias obras que discutem os atributos de Deus, entre elas, Louis Berkof, Teologia
Sistemática. - James I. Packer. O Conhecimento de Deus. - João Calvino. As Institutas da Religião Cristã.
Uma das objeções mais comuns alegadas contra a doutrina da Trindade é que
ela implica no triteísmo, ou seja, a crenças em três Deuses. E como veremos adiante, a
formalização histórica da doutrina se deu nas controvérsias anti-trinitárias. Porém, o fato é
que, as Escrituras nos ensinam que há um só Ser, auto-existente, eterno e supremo, em
quem são inerentes todos os atributos divinos. Tanto o Velho como o Novo Testamento
ensinam a unidade de Deus.
3
Louis Berhof. Teologia Sistemática. Luz para o caminho. 1990.
4
BOETTNER, Loraine & WARFIELD, Benjamin. A Doutrina da Trindade. Leira: Edições Vida Nova.
5
O Gnosticismo foi uma heresia refutada pela igreja primitiva. Ele afirmava entre outras coisas, que o corpo
de Jesus Cristo não era real, era apenas uma emanação (ilusória) da divindade.
6
Márcion (85-160 d.C.) Defendia que a matéria era má, enquanto valorizavam o espírito, a salvação
proposta por Cristo, era só para o espírito, não incluía o corpo. Ele rejeitava o Deus do Antigo Testamento,
porque achava que este era um Deus cruel.
7
J.N.D. Kelly. Doutrinas Centrais da Fé Cristã. São Paulo. Edições Vida Nova.1994.
8
Louis Berkohf. Teologia Sistemática. Luz para o Caminho. 1990.
9
Trindade, in KEELEY, Robin. Fundamentos da Teologia Cristã. Editora Vida, pp. 109-116.
diferenças no uso dos nomes de Deus em todo o Velho Testamento, dando origem a
famosa teoria documental.10
Isto mostra que Deus, o Senhor, na Sua maneira de ser e nos pactos firmados
por Ele com os homens, é mais do que um, ainda que ”um só Iavé", quanto à essência do
Seu ser.
10
Para maiores esclarecimentos veja. Gehard Von Radd. Teologia do Antigo Testamento. São Paulo.
ASTE. 1965, para a defesa da posição liberal, e Gleason Archer. Merece Confiança o Antigo Testamento?
São Paulo. Edições Vida Nova. 1990, para a refutação conservadora.
Por exemplo, aquilo que é dito sobre Deus Pai é dito também a respeito do
Espírito de Deus. A expressão “Deus disse" e "o Espírito disse" são repetidamente
intercaladas. E as obras do Espírito Santo aparecem como obras de Deus.
Em Isaías 6.9, Deus diz: "Vai e diz a este povo". No Novo Testamento é citado
da seguinte maneira, At 28.25, começando com estas palavras, "Bem falou o Espírito
Santo a vossos pais, por intermédio do profeta Isaías..." Nesse caso o apóstolo atribuiu o
falar de Deus ao Espírito Santo.
O vocábulo grego logos é traduzido por "Palavra" nas versões modernas, como
a NVI, BLH e Bíblia de Jerusalém. O termo indica que o Logos é uma Pessoa divina, que
estava no princípio da Criação. Interessante notar que na Septuaginta, versão grega do
A.T., a construção poética de Gênesis 1 tem um paralelo formidável com este texto de
João.
11
Benjamin B. Warfield. A Doutrina da Trindade. Portugal. Edições Vida Nova. pp 135
CAMINHOS EQUIVOCADOS
Os servos da congregação que estão encarregados do Salão do Reino dar-lhe-
ão boas vindas com rostos sorridentes e braços abertos. Eles falarão do amor que
encontraram na Organização de Deus, a Sociedade Torre de Vigia, a religião das
Testemunhas de Jeová.12
O Modalismo.
O termo foi cunhado por Adolf Von Harnack, no século XIX. Diz a doutrina:
Deus é um e único. Ele funda uma monarquia cósmica, pois somente Ele é senhor sobre
todas as coisas. É por Ele que os reis e governadores governam. Entretanto, em sua
comunicação com a história, este Deus único se mostrou sob três modos. A mesma e
única divindade aparece sob três rostos e mora em nosso meio de três maneiras
12
David Reed. A Liberdade Religiosa versus o Domínio da Torre de Vigia das Testemunhas de Jeová. In
Defesa da Fé, n. 5 julho/setembro 1997.
13
Gordon D. Fee é um erudito pentecostal, especializado em estudos do Novo Testamento. Ele já lecionou
no Seminário Gordon-Conwell, em Boston, e hoje está no Regent College, em Vancouver, Canadá. O livro
citado foi publicado pela United Press em 1997. Campinas, SP. Para Fee a experiência carismática leva-nos
a um entendimento mais profundo da Trindade. Veja também, Tom Smail. A Pessoa do Espírito Santo. São
Paulo. Editora Loyola.
14
Gordon D. Fee. Paulo, o Espírito e o Povo de Deus. Campinas. United Press. Pp 52
diferentes como Pai, Filho e Espírito Santo. O mesmo Deus enquanto cria e nos entrega a
Lei se chama Pai; o mesmo Deus enquanto nos redime se chama Filho; e o mesmo Deus
enquanto nos santifica e nos dá sempre a vida se chama Espírito Santo. O mesmo Deus
teria três pseudônimos. Deus é indivisível, não existe comunhão de três pessoas nele; o
que existe é a unicidade divina projetando para nós mediante três modos diferentes.
Subordinacionismo.
Ário é o teólogo mais influente que defendeu esta tese. Ele e seus discípulos
enfatizavam o fato de que Jesus foi um ser humano perfeitíssimo, porque ele estava cheio
do Espírito. Nota-se uma influência muito grande do pensamento filosófico grego em Ário.
Para ele o Logos de João não é Deus. Pois Deus não pode se comunicar com o mundo,
Ele é um mistério indecifrável e transcendente. Sua natureza é incomunicável, portanto,
para ser conhecido Ele tem que se servir de um mediador, o Logos. Este Logos não é
Deus, mas pertence a esfera divina. Jesus, cheio do Espírito, alcançou a perfeição a
ponto de merecer um nome divino. Foi adotado pelo Pai como seu filho. O filho
permanece sempre subordinado ao Pai, porque foi criado ou gerado pelo Pai. Também é
chamado de subordinacionismo adocianista ou monarquismo dinâmico, porque, para eles,
Jesus mereceu ser adotado pelo Pai.
Esta corrente pretendia fazer justiça a duas doutrinas básicas da fé. A unidade
de Deus, pois não há ninguém igual a Ele e, ao mesmo tempo, ele possui um
Primogênito, perfeito, divino porquanto foi adotado por Deus, e proposto como mediador,
salvador e caminho exclusivo de acesso ao Pai.
Mas ao afirmar a divindade de Cristo, tem que se lembrar que Ele optou
esvaziar-se e tornar-se submisso ao Pai. Mantendo na Trindade uma subordinação, mas
não como afirmou Ário.
O Triteísmo.
A TRINDADE E A JUSTIFICAÇÃO
Como um Deus perfeitamente santo pode prover perdão aos pecadores? A
análise tem que passar necessariamente pela impossibilidade do Deus uno salvar e pela
possibilidade lógica da pluralidade divina salvar o pecador.
Como é que o Absoluto Moral do universo pode perdoar e ter comunhão com
um pecador? Na Bíblia, Deus é justo, mas também o Justificador de nossos pecados (Rm
3.23-26), precisamente porque ele é mais do que uma pessoa. Por causa da pluralidade
de pessoas, o Deus Triúno pode ser o Santo Juiz sem se comprometer, o Cordeiro
sacrificial que morreu em meu lugar e o Espírito santificador que atua em mim.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARCHER, Gleason. Enciclopédia de Dificuldades Bíblicas. Trad. Oswaldo Ramos. São
Paulo: Editora Vida,1997. 479 pp.
BARTH, Karl. The Holy Ghost and the Christian Life. Translated by R. Birch Hoyle.
London: Frederick Muller Limited, 1938. 86 pp.
BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. Trad. Odayr Olivetti. Campinas: Luz para o
Caminho Publicações, 1990. 791 pp.
FEE, Gordon D. Paulo, o Espírito e o Povo de Deus. Trad. Rubens Castilho. Campinas:
Editora United Press, 1997. 222 pp.
HORRELL, John Scott. O Deus Trino que se dá, a Imago Dei e a Natureza da Igreja
Local. In Vox Scripturae. Revista Teológica Latino-Americana: volume VI, número 2.
Dezembro, 1996. 243-262 pp.
SPROUL, R.C. O Mistério do Espírito Santo. Trad. Bentes traduções. São Paulo:
Editora Cultura Cristã, 1997. 192 pp.