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A Quinta Medida
Igreja Cristã Maranata;
Quem revelou essa Obra?

2021 Raphael Leonessa

Capa- ilustração /design


Créditos: Paulo S. S. Corrêa

Impressão:
Editora dSete

Primeira edição:
Tiragem 100 unidades

Fonte da capa:
Créditos: Jeremy Thomas
Unsplash

E-mail:
raphaelklicaquinao@gmail.com

PDF: Distribuição gratuita

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Agradeço à Deus por me capacitar para concluir esse trabalho, à minha
esposa Louise que me deu todo apoio, também ajudou a digitar partes
desse opúsculo, a todos amigos ex icemitas e aqueles que ainda fazem
parte da denominação que me ajudaram dando informações, sugestões e
até me enviando materiais. Deus os abençoe ricamente!
Agradecimento especial ao Dr Joel Ribeiro Brinco, in memoriam.

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SUMÁRIO
1. Algumas indicações...................................................................5
2. Introdução à Quinta Medida......................................................8
3. Obra Revelada por quem?
3.1. ICM cumprimento profético..............................................10
3.2. Outra mensagem bíblica....................................................10
3.3. A ICM é uma parte da obra redentora...............................16
4. O “Elo Perdido”........................................................................18
5. Aniquilaram os Dons Espirituais para dar ênfase na QM.........22
6. Autoridade Profética.................................................................26
7. Momento da busca (Bibliomancia)...........................................31
8. Excluíram a teologia e praticam o exclusivismo......................39
9. Clamor pelo Sangue de Jesus....................................................48
10. Como surgiu a Igreja Cristã Maranata?..................................57
11. A igreja de seu “Abílio”..........................................................66
11.1. 28 de Novembro de 1965................................................67
11.2. O Cisma..........................................................................68
11.3. Após o Cisma..................................................................79
11.4. Entrevista com Dr. Joel Ribeiro Brinco..........................81
12. Não toque no Ungido do Senhor.............................................84
13. Quimerismo............................................................................86
Alguns problemas do Quimerismo
13.1. Vocábulo........................................................................88
13.2. Problema teológico........................................................90
13.3. Paradoxo........................................................................94
14. A Quarta Trombeta..................................................................95
15. A Rádio Maanaim...................................................................97
16. Processos...............................................................................104
ANEXO
17. Lista dos processados pela ICM...........................................108

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Algumas Indicações

A Quinta Medida, um livro que descreve o estilo de instituição que é a Igreja Cristã
Maranata (ICM), foi escrito e documentado com o intuito de alertar da problemática
que se tornou o fanatismo da referida instituição. O apologista Raphael Leonessa, com
intrepidez, conseguiu explicitar e expor os fatos doutrinários e existenciais desta
organização bibliofóbica.

No livro o autor mostra como e qual é a metodologia usada pela seita para escravizar
mentes e corações. A obra aponta para o fato de que ali as pessoas sofrem uma lavagem
cerebral profunda e muitas vezes destrutiva, causando grandes prejuízos aos
envolvidos.

A Bíblia, dentro de cosmovisão da seita, é apenas um artefato de manipulação voltada


à prática da Bibliomancia!
O autor mostra o episódio e, diante de uma argumentação puramente teológica,
transmite argumentos ao leitor para que o mesmo possa se proteger de algum ataque
desse tipo ou de alguma armadilha semelhante.

Então, os leitores não só terão informação de um novo movimento sectário, mas


aprenderão como proteger suas mentes e libertar outros que possam estar passando pelo
mesmo engodo. O opúsculo acaba sendo uma ferramenta de múltipla utilidade, mesmo
para aqueles que não se sentem ameaçados pela ICM.
Afinal de contas, muitos modismos e metodologias usadas na referida seita tem suas
práticas repetidas em várias igrejas neopentecostais brasileiras.

Por isso o leitor adquirirá mais que informação de um movimento sectário, receberá
elementos que lhe serão prestimosas em outras realidades.

A obra é inédita e singular até o momento, sendo indispensáveis a sua leitura. O livro
é imprescindível para o enlevo espiritual do leitor e para amplificar o saber teológico
que resgata a mente em Cristo em detrimento de qualquer fanatismo escuso.
Pesquisar este livro, diante da sua originalidade, além de substanciosa obra teológica,
nos fará ser cristãos mais bíblicos e perspicazes na proteção da nossa fé!

João Flávio Martinez, Presidente do Centro Apologético Cristão de Pesquisas


(CACP).

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Embora o título se refira a doutrina da quinta medida da Igreja Cristã Maranata,
Raphael Leonessa, com o espírito investigativo, vai muito além e descortina diversos
outros ensinamentos que merecem a reflexão do leitor, a exemplo da doutrina do
clamor pelo sangue de Jesus, da bibliomancia e do quimerismo.
Recomendo esta leitura a todos, membros, ex-membros, simpatizantes, estudiosos da
religião ou meros interessados em conhecer a Igreja Cristã Maranata sob a ótica de um
apologista.
Sólon Lopes, Canal Maranata Anátema/ Celeiros.com.br

Os movimentos religiosos místicos atuais (no passado eram chamados de pietistas),


tendem a cometer erros semelhantes aos grupos apocalípticos. Se sentem descobridores
de verdades específicas, com isso um sentimento de superioridade e exclusividade
assedia o ego do indivíduo, que ao ser absorvido na coletividade do grupo
"privilegiado", acaba se afastando da simples fé no evangelho, seus postulados
absolutos em Cristo, e diluem os mesmos em pigmentações da religião particular.

O irmão Raphael Leonessa, cujo trabalho apologético é conhecido em seu canal no


YouTube, trás ao público um desses casos. A saber a chamada Igreja Cristã Maranata.

Ele demonstra como elementos comuns de experiências do arraial do profetismo do


misticismo evangélico, recebe uma roupagem denominacional própria faz da Quinta
Medida, e não somente esse elemento exclusivo, mas também o "clamor do sangue de
Jesus", o "Quimerismo" e a "quarta trombeta". Termos que expressam alguma
roupagem bíblica, mas com puro misticismo estranho ao poder do Espírito nos termos
do Evangelho, conforme demonstra o autor a partir de uma base de uma ortodoxa,
bíblica cristã.
Leonessa também levanta as informações históricas do surgimento dessa seita, a partir
dos burgos Presbiterianos, e as demandas locais envolvidas.

Nossa esperança é que reflexões como essas possam curar a referida denominação, ou
iluminar a mente dos que por hora estão presos a esse sistema estranho ao Evangelho
puro de Nosso Senhor."

Pr Luciano Sena, Ministério Cristão Apologético (MCA)

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Prólogo

Mais uma vez me sinto na obrigação de refutar uma estranha doutrina da Igreja Cristã
Maranata, (daqui em diante usarei algumas vezes a abreviação ICM) e tenho por
necessidade escrever-vos, e exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos
santos. (Judas 1:3)
A tal doutrina, é a chamada “Quinta Medida”, não encontramos base bíblica alguma
para sustentar essa crença.
Confesso que há algumas dificuldades em explanar sobre essa doutrina de uma forma
bem pragmática, o motivo é bem simples, ela é inexplicável, insustentável e fantasiosa.

Eu mesmo, quando questionei alguns icemitas sobre a “Quinta Medida” (daqui em


diante, usarei algumas vezes a abreviação QM), eles mesmos não souberam me
explicar de forma objetiva o que seria tal crença, então optei por buscar minhas
respostas em uma literatura da ICM, um livro intitulado “Resumo Histórico, Profético
e Doutrinário, volume 1; ICM ”, este, trás (ou deveria trazer) as respostas dos meus
questionamentos, tendo em vista que há cinco páginas destinadas especificamente a
esse tópico.

Ler os materiais da ICM é um grande desafio, entendê-los por completo é uma missão
que requer muito tempo e dedicação, para no final da leitura vir quase que
automaticamente a pergunta: “Será que eu entendi corretamente o que o autor quis
dizer”? Algumas vezes durante minhas pesquisas, tive que enviar trechos de textos a
alguns ex icemitas para comprovar se realmente tinha o compreendido.

Gedelti Gueiros, presidente da ICM e também professor do Instituto Bíblico


Educacional é o responsável pela exposição da doutrina, percebi que ele tem
dificuldades em transcrever aquilo que é doutrinário para seus fiéis.

Sua escrita é difícil de assimilar e carregada de palavras destacadas em negrito, itálico,


aspas, traços, cores, caixa alta, várias palavras sublinhadas, creio que sem a mínima
necessidade, mas é muito comum essa linguagem nos Maanains, onde são expostas as
doutrinas, sempre acompanhadas dos slides no telão para os membros visualizarem os
gráficos, quadros, figuras, termos e textos muitas vezes fora do seu contexto.

Você já ouviu a expressão: “Nem desenhando deu para entender”? Pois bem, essa é a
realidade de muitos icemitas quando fazem esforços para compreender aquilo que a
ICM ensina.
Mesmo a literatura bem diagramada, corrigida e ilustrada, não é uma leitura fácil e
entendo ser um desafio até para leitores mais experientes e isto, creio ser um perigo,
tendo em vista que muitas pessoas dentro das denominações são simples e com pouca
escolaridade, não familiarizada com exposições de textos mais complexos, resultando
em uma fé cega em seus líderes (pastores) de sua igreja.

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Introdução à Quinta Medida

Essa doutrina da QM não tem base bíblica sólida, tampouco existe algum teólogo na
história defendendo essa crença. Sabemos que ela vem diretamente dessa denominação
e principalmente de seu criador, Gedelti Gueiros, este apela sempre para a “revelação”
quando indagado sobre a natureza dessa crença.

Mas o que seria a QM? A doutrina da QM é artificialmente uma visão mais sofisticada
da revelação de Deus dada somente aos homens mais espirituais.

Tratarei gradativamente sobre ela.


Leiamos:
“Este será o primeiro passo para entendermos mais uma medida, que
poderia ser chamada de quinta medida, essencial para a vida, um elo que
é capaz de ligar o homem à eternidade através do Senhor Jesus, que poderá
ser compreendido como revelação” [SIC]
____________________________________________________________________
Resumo Histórico, Profético e Doutrinário, volume I; ICM_ GUEIROS Gedelti”
pag.12

A doutrina da QM vai na contramão da base do cristianismo, a revelação de Deus em


sua palavra escrita, a revelação que começa em Gênesis e termina no livro de João em
Apocalipse (ou revelação), a ICM foge da proposta das cinco solas da Reforma
protestante, contrariando um dos pilares da fé “Somente as escrituras”, adicionando
na revelação de Deus, revelações de origem humana, falha, mas atribuída a Deus.

Prestando mais atenção ao texto citado, vemos na afirmação “quinta medida, essencial
para a vida, um elo que é capaz de ligar o homem à eternidade”, conseguimos perceber
um erro teológico aberrante, a QM “é um elo” que é capaz de “ligar” uma pessoa a
eternidade, ou seja, a Deus e “essencial para a vida” contradizendo outros pontos
fundamentais da reforma protestante “Somente Graça/Somente fé/Somente
Cristo” > ”Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é
dom de Deus.” (Efésios 2:8)

Quem salva é Cristo, e a única forma de alguém ter certeza de sua salvação é através
do que bíblia revela, nunca revelações extra bíblicas, pois se a pessoa não confia nas
escrituras, confiará em homens?

“Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco acreditarão, ainda que algum dos
mortos ressuscite.” (Lucas 16:31) Vale deixar muito claro que o homem Rico dessa
passagem, ignorou os textos de Moisés e profetas (Tanach) e confiou muito mais em
uma experiência sobrenatural para a salvação de seus cinco irmãos (Lucas 16:28) mas
uma fé inútil. (Ler também Jeremias 17:5.)

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Alguém poderia perguntar: “Mas os crentes pentecostais não acreditam em profecias,
e são revelações extra bíblicas”?
Hoje vemos no cristianismo distorções do pentecostalismo clássico, essa era moderna
de pentecostais está muito fora daquilo que propôs os primeiros e atualmente estão
dando mais valor aos carismas e experiências pessoais, do que propriamente naquilo
que está registrado nas escrituras.
Leiamos o que a nota da bíblia Pentecostal diz a respeito das profecias:

“[…] Embora provenha do impulso do Espírito Santo, esse tipo de profecia


nunca poderá ser considerado inerrante. Sua mensagem estará sujeita à
mistura e erros humanos. Por isso a profecia da igreja nunca poderá ser
equiparada com as sagradas Escrituras. Além disso, a profecia em nossos
dias não poderá ser aceita pela igreja local até que seus membros julguem
o seu conteúdo, para averiguar sua autenticidade. A base fundamental
desse julgamento é a palavra de Deus escrita […] Toda experiência e
mensagem na igreja devem passar pelo crivo da palavra de Deus escrita”
__________________________________________________________
Bíblia de estudo Pentecostal 1995 nota da pág. 1763

Confesso não ser carismático, mas partindo do pressuposto de que esse é o método
bíblico para as interpretações proféticas, faço apenas três perguntas aos icemitas:
1) Somente a liderança que credibiliza as profecias na ICM?
2) Você aceita todas as revelações da liderança sem questionar?
3) Sente muitas dificuldades ao encontrar base bíblica para fundamentar essas
doutrinas?

Se a resposta foi “sim” para as três perguntas, você precisa rever seu conceito sobre a
igreja, liderança e bíblia.
A ICM não afirma ser uma igreja Pentecostal, declara o seguinte:

“A igreja não é pentecostal nem neopentecostal. O pentecostes foi um


acontecimento que ocorreu há quase 2000 anos, inaugurando o
estabelecimento da igreja no mundo, através do Espírito Santo. Uma
ênfase maior ou menor à operação do Espírito Santo não se justifica com
a designação de pentecostal ou neopentecostal. Somos uma igreja que crê
na Palavra de Deus como única regra de fé e prática, que inclui: Batismo
com o Espírito Santo e dons espirituais”.
__________________________________________________________
(Revista: Vem Maranata; 50 anos_edição especial Março de 2018 pag. 14)

A ICM se camufla no meio da teologia do pentecostalismo moderno, porque há


algumas semelhanças com esta, tanto em sua formação pastoral, prédio, grupo de
louvor, escolas bíblicas e um artificial “Sola Scriptura”, mas a realidade é bem distante
da teoria.

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Assim como os membros da Congregação Cristã no Brasil, não se rotulam como
“pentecostais”, fazem os icemitas o mesmo e passam despercebidos no meio da igreja
pentecostal como se fossem mais uma ramificação desta, mas o que os cristãos não
sabem, é que tanto uma quanto a outra, referem-se aos “pentecostais” como:
“Movimento”, “Religião”, “Seita”, “Primos”_ eles tem uma prática exclusivista muito
grande e qualquer ex icemita pode comprovar essa minha afirmação, tendo em vista
que a maioria dos membros não se sentem confortáveis em falar isso abertamente
porque comprovaria seu sectarismo!

Obra Revelada por quem?

A ICM que se auto intitula “a Obra Revelada”, rótulo que é repetido pelos membros
desse grupo, explicitando sutilmente, uma prática sectária.

Vejamos alguns textos:

A) Gedelti Gueiros, declara ser a ICM um cumprimento de profecia bíblica:

“E há de ser que depois, derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e


vossos filhos profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos
mancebos terão visões” Jl 2:28
Por esse motivo, nos furtamos a dar entrevistas fazendo menção a nomes
de pessoas como fundamentos e fundadores. Não é que não mereçam,
pois muitos foram aqueles que tiveram participação efetiva nesse mister,
quando estamos trazendo à memória algo que já existia como um projeto
profético que estava em andamento em todo o mundo, chamado de
avivamento”
_________________________________________________________
Resumo Histórico, profético e doutrinário;GUEIROS Gedelti; ICM volume II pág. 34

Até aí tudo bem. Qual é a diferença da ICM para as demais denominações? Não são
todas o cumprimento do derramamento do Espirito Santo em pentecostes?
Aparentemente tudo correto, até que…

B) Dona Sarah, mãe de Gedelti Gueiros, revelou “outra mensagem bíblica”

Em certa ocasião, nossos pais reunidos, nos convocaram para uma reunião
especial de família […] Todos receberam a ordem: “Sentem aqui”. Minha
mãe tomou a palavra dizendo: “Olhe, Hoje, nesta data, comemora-se
um grande acontecimento, que estava profetizado e esperado por nós
que vivemos aguardando esse dia”[…] “Esse momento profético se
refere a um grande sinal relacionado com a vinda do Senhor Jesus”
(1)

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“Nessa data comemora-se”... refere a data de 1948, quando Israel ganhara o direito de
ser uma nação independente.
Continuemos:
Pelo que ela abriu a bíblia e leu e parábola descrita nos Evangelhos
(Marcos 11:20;22) quando: “Jesus entrou certa vez em determinada
cidade e encontrou uma figueira, e eles foram até a figueira, mas não
acharam os figos”. E a palavra de Jesus foi: “Seque-se a figueira”. Na
saída da cidade, eles viram que a figueira estava seca. Ninguém entendeu
o fato bíblico. “A figueira é Israel; o símbolo de Israel é a figueira,
como a videira é o símbolo da igreja” (2)

Dona Sarah, nessa reunião diz que “Ninguém entendeu o fato bíblico”, será que ela
quis dizer que ninguém antes dela havia compreendido o texto? Dois mil anos se
passaram e somente ela entendeu o texto?
Embora esse texto de Marcos 11 sobre a figueira seca mereça uma boa atenção para
sua análise, todavia esta não é uma passagem sem explicação e de forma alguma se
trata de eventos que vão se cumprir quase dois mil anos à frente, sendo mais específico,
em 1948.
Fazendo uma boa exegese do texto, concluímos que a lição de Jesus se dá naquele
momento, leiamos o que Beacon explana:

“Marcos registra que na manhã do dia seguinte à purificação do Templo (15-19),


passando pelo caminho de volta a Jerusalém, os discípulos viram que a figueira
se tinha secado desde as raízes. No dia anterior, Jesus havia amaldiçoado a
árvore pela sua pretensão de ter folhas, mas não ter frutos (veja 12-14). E
Pedro, lembrando-se desse acontecimento (21), provavelmente com alguma
agitação, chamou a atenção de Jesus para a figueira que agora havia secado
totalmente. A destruição da árvore era tão completa que chamava a atenção. Na
ocasião em que Jesus amaldiçoou a árvore, Ele estava preocupado em
mostrar o Seu descontentamento com a mentira e a hipocrisia. O resultado
daquela maldição que provocou a morte da árvore ofereceu uma ocasião para
outro assunto: o poder da fé, quando aliado a uma oração eficaz. Tende fé em
Deus (22), Jesus disse, e mais do que isso será possível. Talvez apontando para
o monte das Oliveiras, sobre o qual se encontravam, e olhando para o mar Morto
à distância, Jesus ensinou que qualquer que disser a este monte: Ergue-te e lança-
te no mar, e não duvidar em seu coração, mas crer que se fará aquilo que diz,
tudo o que disser lhe será feito”
______________________________________________________________
Comentário BEACON; Marcos_ pág. 294 PDF (Grifo meu)

Outra afirmação de Sarah, mãe de Gedelti em sua fala, é de que “A figueira é o símbolo
de israel e a uva é o símbolo da igreja”, é sabido que a Maranata possui uma queda
pela Teologia Alegórica das Sagradas escrituras, dedicam muito tempo e materiais para
“desvendar o mistério” da simbologia bíblica e propagar essa crença.

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Alguns teólogos, muito sérios têm defendido essa idéia alegórica, todavia a ICM
exagera na criatividade.
Estou mais convencido de que essas “alegorias” (figueira e uva) apenas representam
o “povo” de Deus, nesse contexto.

Os frutos são muitas vezes citados nas escrituras e apenas são usados na pedagogia
pois são os mais comuns para representar fertilidade na região seca da palestina e
obviamente cada texto tem seu próprio contexto.

Esses frutos aparecem juntos ou separados em textos tanto no velho como no novo
testamento.

Alguns exemplos:
No velho testamento:
“ainda há alguma semente no celeiro? Até hoje a videira, a
figueira, a romeira e a oliveira não têm dado fruto. Mas, de
hoje em diante, abençoarei vocês”
(Ageu 2:19)

“A videira, a figueira, a romeira e a oliveira” nesse texto tem representações diferentes


entre si? Cada fruto corresponde algum povo?

No novo testamento:
Vocês os reconhecerão por seus frutos. Pode alguém colher
uvas de um espinheiro ou figos de ervas daninhas?
(Mateus 7:16)

“Uvas e figos” nessa passagem sugerem igreja e Israel? Creio que não.

Outro exemplo, o figo aparece em Marcos 11:13 e videiras em Malaquias 3:11


contrariando o que a senhora Sarah afirmou. E como acréscimo, cito ainda a menção
de azeite e trigo, no antigo e no novo testamento.

Como escrevi anteriormente, cada texto descrito existe seu próprio contexto.
Deixarei para trás os pormenores e continuarei tratando sobre a fala da mãe de Gedelti:

[...]Eu tinha 16 anos e questionei: “E isso, o que quer dizer?” E minha mãe
respondeu: “É que nesta data Israel se organizou como nação, depois de
ter voltado para sua pátria […] Jesus falou profeticamente, sobre o assunto:
“Quando a figueira brotar, eis que está próximo o verão” (Mateus
24:32) Era exatamente isso: Israel voltou à sua pátria. A figueira que
estava morta há 2 mil anos, agora renascia com o povo de volta à sua
pátria. Não interessa a nós se a pátria estaria neste ou naquele lugar, fato
irrelevante, porque nosso interesse é profético. Sabemos que existe um

12
cristianismo histórico, maravilhoso, que nos trouxe até aqui, mas que
existia essa outra mensagem bíblica que não estava situada na disputa
entre o capitalismo e o Comunismo [...] (3)
____________________________________________________________________
Resumo Histórico, profético e doutrinário; GUEIROS Gedelti; ICM volume I_ (1) (2)
pág.29 (3) pág.30 (e 36)

Quem está acostumado com a leitura de materiais apologéticos, percebe que os falsos
profetas escolhem textos que exigem mais atenção e tempo para sua exegese, esses
textos são os preferidos para criar uma “doutrina fantástica” ou uma “interpretação
extraordinária”, aquela que ninguém nunca tinha visto antes (com todo respeito e amor
que tenho pelas pessoas), parece que a senhora Sarah se assemelha a outras profetisas
assim como Ellen White, Mary Baker, Valnice Milhomens, etc, ela criou uma
interpretação profética que não existe base sólida bíblica, mas sim especulativa e que
ela descreve como: “nosso interesse é profético”.
Voltando à fala da senhora Sarah, ela usa o texto de Mateus 24:32 para dar uma nova
interpretação e diz que o texto referia à 1948: “Era exatamente isso: Israel voltou à
sua pátria. A figueira que estava morta há 2 mil anos, agora renascia com o povo de
volta à sua pátria”.

Vou fazer algumas considerações:


O contexto imediato de Mateus 24 trata sobre a revelação de dois eventos proféticos:
Um ocorreria “naquele tempo”, os versos 32-35 é uma referência a queda de Jerusalém
no ano 70 (versos 1e 2), seria uma espécie protótipo do que ocorreria na grande
tribulação e a volta de Cristo.
O outro trata-se da “segunda vinda” de Jesus, nos versos 36-41.

A Parábola da Figueira (24.32-35) se encontra nos três Evangelhos Sinóticos (cf. Mc


13.28-31; Lc 21.29-33).
Alguns eruditos defendem a ideia de que a figueira representa Israel. O seu avivamento
anuncia o verão.
Mas “Lucas acrescenta ‘todas as árvores’ com a figueira, o que pode refletir o seu
interesse tanto pelos gentios quanto pelos judeus”. (W. Barclay)

De qualquer forma, não existe nenhum erudito renomado defendendo com tanta
veemência especificamente de que a fala do Senhor Jesus: “Quando a figueira brotar,
eis que está próximo o verão”, refere diretamente ao evento de 1948 e talvez outra
interpretação creio que entraria em conflito com o versículo 34: "Em verdade vos digo
que não passará esta geração sem que todas estas coisas aconteçam”

Beacon tem uma cosmovisão bem dispensacionalista, vejamos o que ele diz:

13
Geração égenea. Esta palavra inicialmente significava “família,
descendência, raça”.
Algumas vezes se refere a “nação”. O sentido primário nos Evangelhos é
comentado por Arndt e Gingrich da seguinte maneira: “Basicamente, a
soma de todos aqueles que nasceram na mesma época, expandida para
incluir aqueles que estavam vivos na mesma época. Geração,
contemporâneos”.22 Se tomarmos a palavra com esse sentido exclusivo,
a referência só pode ser aos eventos de 70 d.C., na Judéia. Os primeiros
patriarcas da igreja preferiram ampliar o conceito. Crisóstomo e
Orígenes disseram que ela representa aquela geração de fiéis. Jerônimo
sugeriu que o significado era o da raça judaica ou da raça dos homens.
Mas a maioria dos comentaristas modernos defende que a palavra
deveria ser interpretada no seu sentido natural e mais limitado. A
única maneira de relacioná-la com a Segunda Vinda é dizer que a geração
que testemunhar o começo do cumprimento definitivo dos sinais, verá o
final dos tempos. Embora um pouco nebulosa, esta interpretação não deve
ser descartada de forma negligente.
__________________________________________________________
Comentário BEACON; Mateus_ pág. 168 PDF (Grifo nosso)

Como lemos, Beacon dá duas linhas exegéticas para o termo “geração”, uma ligada
àqueles que estavam presentes no tempo do texto (de Mateus 24) e também a
possibilidade de estar associado “àquela geração de fiéis”, e continua: “Mas a maioria
dos comentaristas modernos defende que a palavra deveria ser interpretada no seu
sentido natural e mais limitado”, associando essa geração (de todos ali presente) ao
evento do ano 70 d.C. obviamente estou tratando do verso 32, aquele que Sarah afirma
ser cumprido em 1948 e possivelmente não é a realidade do texto.

Eu prefiro pensar que os sinais últimos que precedem a volta de Jesus, é o que está
descrito no texto (Mateus 24:33), corroborando com a grande maioria dos teólogos.
Não preciso dar uma explicação emblemática e satisfatória nesse livreto, o grande
problema quem tem é a Maranata na pessoa de Gedelti, pois ele é o presidente
doutrinador e autor das literaturas que fazem essa afirmação tão categórica e
“profética”.
Nós temos os sinais que apontam a volta de Jesus, ele tem uma data precisa (1948), o
ônus da prova não é de quem faz a afirmação? Aí entra o “x da questão”. Na ICM não
há respostas totalmente teológicas, há uma grande apelação para o sobrenatural, para a
revelação!

Se não bastasse essa interpretação duvidosa, Gueiros vai apresentar em seu livro uma
fala herética de sua mãe na página supracitada:

Sabemos que existe um cristianismo histórico, maravilhoso, que nos


trouxe até aqui, mas que existia essa outra mensagem bíblica que não
estava situada na disputa entre o capitalismo e o Comunismo
14
[…] No entanto, com todo respeito, tivemos que declarar: os princípios de
nossa fé são intocáveis.
__________________________________________________________
Resumo Histórico, profético e doutrinário; GUEIROS Gedelti; ICM volume I_ pág.30
e 31

Sarah afirma categoricamente que “ que existia essa outra mensagem bíblica”.
Qual seria a outra mensagem bíblica? Seria a Quinta Medida? Revelação dos pastores?
Grupo de intercessão? Clamor pelo Sangue? Quimerismo?
Não fica bem claro o que dona Sarah quis dizer sobre o que seria essa “outra mensagem
bíblica”, mas fica implícito na sequência:

No momento, volto a falar, não importava gênero, pessoas, nomes,


partidos e ideologias. O que nos interessava estava relacionado aos
benefícios proféticos que estão à disposição de todos os homens […]
___________________________________________________________________
Resumo Histórico, profético e doutrinário; GUEIROS Gedelti; ICM volume I_ pág.36

Os “benefícios proféticos” Gedelti se refere, em tese seria aquilo que foi “revelado por
profecia”, mas na prática vejo que é tudo aquilo que é ensinado aos membros, mas não
pode ser comprovado explicitamente nas escrituras.
Esses “benefícios proféticos” é uma porta aberta para a entrada de novas doutrinas
extra bíblicas. Beneficia apenas um outro evangelho exposto na igreja.

Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro
evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema.
Assim, como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo. Se
alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja
anátema.
(Gálatas 1:8,9 ACF)

A bíblia é um livro de uma história central, que é a salvação da humanidade, uma


salvação cristocêntrica, mas a Maranata prega sobre isso?
Gedelti afirma que a Maranata está respaldada sobre a bíblia.

Sua doutrina é exclusivamente baseada na bíblia sagrada.


____________________________________________________
Revista: Vem Maranata; 50 anos_edição especial Março de 2018 pag. 14

Já que a ICM é “exclusivamente baseada na bíblia” os icemitas conseguiriam


facilmente nos mostrar as suas crenças contidas nela não é? Pois bem, não é isso o que
acontece e não vejo outra conclusão, essa “Obra” não é proveniente de Jesus Cristo,
mas sim de Gedelti Gueiros e sua família.

15
C) Gedelti Gueiros, declara que Quinta Medida é uma parte da obra redentora

A QM é uma peça fundamental da ICM, descrito por Gedelti como “parte da obra
redentora”, leiamos:
“Lembro-me que tinha um dízimo para doar à igreja, e disse: “Podemos
começar, eu tenho um dinheiro para ser doado”. E a resposta do Senhor
foi: “Não, você vai dar o dinheiro na igreja de onde você saiu, porque eu
não abandonei o meu povo. Eu quero outra coisa”. Quando passamos a
entender e ver que existe um cristianismo que tenta se expressar em nível
mundial, outro voltado para evangelização, mas quanto a nós, era
requerido algo que nos seria cobrado, que estava ligado ao aspecto
profético do cristianismo.
De um lado cronos, medida histórica restrita aos limites da obra criadora,
em suas quatro partes: largura, altura, profundidade e tempo. Medidas
incapazes de alcançar a fé, algo que é parte da obra redentora, uma
oportunidade de Deus, que vem de cima para o homem, como mistério
de uma quinta medida.
__________________________________________________________
Resumo Histórico, profético e doutrinário; GUEIROS Gedelti; ICM volume I_ pág.35
(Grifo meu)

Ao que tudo indica, Gedelti conversa diretamente com o Senhor e Este responde a
Gedelti, e não através de sua palavra já revelada nas escrituras, que aliás, é o
fundamento da QM, “o profético”.
A resposta do Senhor,“Eu quero outra coisa”, refere à Quinta Medida, que é uma
doutrina atrelada a fé, segundo o texto, faz parte da obra redentora.

Se a QM está ligada a fé, então existe uma condicionante para a salvação da


humanidade que seria crer na quinta medida? A pergunta é pertinente, pois todos os
salvos no mundo deveriam receber instantaneamente a revelação desse “mistério de
uma quinta medida” no ato de sua salvação, mas só a ICM tem essa crença e apenas
nas suas igrejas que é apresentado essa doutrina, logo, só a ICM que tem o genuíno
evangelho. Só a ICM é a detentora da verdade! Um pensamento bastante sectário, creio.

Como já foi mencionado, Gedelti diz que a “quinta medida é essencial para a vida, um
elo que é capaz de ligar o homem à eternidade através do Senhor Jesus”, considerando
que só na ICM que é ensinado a tal QM, o Clamor pelo Sangue, Quimerismo, etc, logo,
ela é a única igreja verdadeira, totalmente baseada na revelação do Senhor, todas as
outras denominações faltam esse “elo perdido”.

Da mesma forma que as Testemunhas de Jeová afirmam ser as remanescentes, pois


guardam perfeitamente o 3° mandamento, não tomando o nome de Deus em vão (Êx
20:7), os Adventistas do sétimo Dia afirmam ser a igreja verdadeira pois guardam todos

16
os mandamentos de Deus, incluindo o 4° mandamento, o descanso no sábado (Êx 20:8),
assim a ICM se caracteriza como uma seita exclusivista, por ser a detentora de tão
maravilhosa graça concedida à ela, “A Quinta Medida”, essa graça que foi revelada
pelo próprio Deus, como já vimos.
Por que somente os icemitas receberam esse mistério?
Por que ninguém em uma história de mais de dois mil anos não viu QM? Isso não é
estranho?
Somente a ICM tem essa doutrina, e afirma que é “a grande Obra que o Senhor quer
realizar nesse tempo, em nossos dias”, essa “Obra” é escrito em maiúsculo para
enfatizar sua importância:

[sic] O inimigo não está do lado dos fiéis, é claro, porque sabe
que pode contar com seus homens e muitos outros fatores
para tentar impedir ou atrasar a grande Obra que o Senhor
quer realizar nesse tempo, em nossos dias.
________________________________________________
Fé sua manifestação histórica e profética; GUEIROS Gedelti_ICM 2018
pág.56
A QM é o novo termo para “profecia” ou “revelação”, é artificialmente uma visão mais
sofisticada da revelação de Deus/ do Espírito Santo, uma crença bíblica distorcida e
obviamente a Maranata não pensa assim.

Estranhamente, de todos materiais consultados, encontrei a data de 2017 como sua


gênese (em: “A Quinta Medida. Instituto bíblico News, ano 1 n°1; janeiro”).
Causou-me espanto, como pôde uma doutrina tão essencial para a santificação cristã
demorar tantos anos para ser formatada? Sim, a QM é uma doutrina fundamental para
o cristão, segundo Gedelti é “a grande Obra do Senhor”, e a coluna dorsal da ICM,
pois ela foi fundada através da “Revelação de Deus” (afirmação de Gedelti que tratarei
adiante).

Verifiquei em muitas mensagens nos canais que publicam materiais da ICM no Youtube,
que quando os pastores vão tratar sobre a QM, eles se perdem nas exposições dos textos
e acabam distorcendo (propositalmente?) o contexto da mensagem bíblica para
arrazoar essa doutrina, chegando até afirmar dislates sem nenhum fundamento bíblico.
Transcrevi um pequeno trecho de uma mensagem do pastor Júnior da ICM de Brasília
para ilustrar essa minha afirmação:

“[…]A Quinta Medida foi revelada para nós [...] Jesus é a Quinta
Medida. Porque Jesus é o evangelho de Deus. Porque o senhor Jesus é a
Salvação que veio pela misericórdia do Pai […]”
_______________________________________________________________
Canal Youtube: ICM-mensagens ICM-Igreja Cristã Maranata “QM alcançada por um homem que
conversou com Jesus na cruz”- publicado em 6 de março de 2017; Ministração em Brasília/ o vídeo
original foi retirado do Youtube, mas tenho esse trecho upado aqui:
https://www.youtube.com/watch?v=RCUuekeDBAs

17
Então Jesus é a Quinta Medida? E só a ICM recebeu essa revelação? Nunca se ouviu
falar da tal Quinta Medida em nossa história, isso quer dizer que ninguém alcançou
Jesus em dois mil anos da história da igreja? Os apóstolos não ensinaram sobre a QM,
será que eles não conheceram Jesus? Que conveniente para a ICM ensinar crenças e
não dar as devidas respostas, não?

Entenda uma coisa muito importante caro leitor, a QM não é somente uma sutil
mudança do termo “revelação”, mas, na prática, é uma crença atrelada a salvação dos
icemitas, que os tornam aficionados e dependentes do corpo de pastores do alto clero
da ICM, pois esses são os detentores da verdade sobre a QM, nenhum membro da igreja
poderá usar dela como um dom vindo de Deus, para confrontar os ensinos errôneos que
são transmitidos nos Maanais por exemplo.
Concluo, se a doutrina da QM não tem base bíblica alguma, logo ela não foi revelada
por Deus.

O “Elo Perdido” (cont. Quinta Medida)

O Elo Perdido, título este, que pode até lembrar duma antiga série de TV, mas dentro
da ICM é um termo doutrinário. Essa crença foi muito difundida nos sites e blogs
icemitas, ensinados pelos professores da EBD e saiu até em famosas revistas. O início
desse novo ensino, pelo que apurei, se dá no primeiro semestre do ano de 2020.

“Fé – o Elo Perdido, foi publicado nas Revistas VEJA e ISTOÉ, duas revistas de grande
circulação em todo território nacional.
Uma fé que o alcança e lhe tira do caminho da cegueira e da morte. Esta Fé é portanto
o elo perdido pela desobediência e hoje, pelo Espírito Santo, se estabelece como
fundamento para ligar o homem do universo criador para o universo redentor o que
fundamenta a caminhada da Igreja viva”.
A citação é do pastor e membro do Grupo Ciência e Fé da Igreja Cristã Maranata,
Tarcísio Nunes Teles, autor do texto “Fé, o Elo Perdido”. (Cf: http://micm.org.br/fe-o-elo-
perdido-publicado-nas-revistas-veja-e-istoe/ consultado 21/02/2021)

A doutrina do Elo Perdido, parece mais uma emenda nos ensinos da ICM para
justificar a Quinta medida, portanto seria parte dessa “colcha de retalhos”.

Como havia escrito anteriormente, toda seita tem um ensino diferente das demais
igrejas cristãs, nesse sentido há uma certa homogeneidade, os falsos mestres
geralmente encontram crenças distintivas dos outros grupos cristãos para ter um
“diferencial” nos cultos, eles não querem se associar à outros crentes.

Uma seita pseudocristã que costuma usar “O Elo perdido” em seus estudos é o
Tabernáculo da Fé.

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“Quantos sabem que a ciência não pode encontrar o elo perdido?
Todos vocês sabem disto. Por que? Aqui está. A serpente [...] Aí
está você. Aí está aquele elo perdido: Agora aqui vem Caim...”
___________________________________________________________________
A SEMENTE DA SERPENTE (verso 128) William M. Branham 28 de setembro de
1958/ Jeffersonville - Indiana - U.S.A.

Branham, em 1958 já havia escrito a história da queda do homem no Jardim do Éden,


alegorizou, interpretando-a como significando que a serpente teve relações sexuais
com Eva e que sua descendência foi Caim, também disse que os descendentes
modernos de Caim estavam se mascarando como pessoas educadas e cientistas, e que
esses descendentes eram "um grande grupo religioso de filhos bastardos ilegítimos"
que constituíam a maioria dos criminosos da sociedade. Ele acreditava que a serpente
era o Elo Perdido entre o chimpanzé e o homem, e especulou que a serpente era
possivelmente um gigante semelhante ao humano. Caim era um Elo Perdido (Cf: Weaver,
C. Douglas (2000). O Healer-Prophet: William Marrion Branham (Um estudo do Profético no Pentecostalismo
Americano /Wikipedia- Consultado 28/02/2021)

Já na ICM, “O Elo perdido” se deu pela desobediência, o pecado afastou o homem de


Deus e agora a humanidade carece de ter essa “fé” novamente.
Mas que tipo de fé seria essa? Na ICM, a fé genuína é aquela que se encontra dentro
da Quinta Medida, pois “Jesus é a Quinta Medida”.

Preciso deixar bem claro que se compararmos os ensinos de William Branham e os


materiais icemitas, vamos encontrar muitas diferenças, entretanto, há algumas
semelhanças que gostaria de considerar rapidamente.

Se você mesmo, caro leitor, fizer uma rápida pesquisa sobre esse sr. chamado William
Branham (ou sobre o Tabernáculo da Fé), nos livros e sites apologéticos, verá
afirmações semelhantes a essas:
1-William Branham é o restaurador da igreja de nossa era;
2-Foi visitado por Deus e depois disso começou a pregar esse evangelho;
3-O evangelho pregado por ele é o verdadeiro e único;
4-Saiu de igreja tradicional e deu início a um novo movimento;
5-Detêm para si a “Fé perfeita” (Título de um programa, apresentado pelo Pr César Augusto);
6-Creem exageradamente no sobrenatural;
7-A mensagem ensinada é a única que leva a verdade;
8-Escutam a voz de Deus (Branham escreveu sobre esse tema em1958);
9-A igreja cristã de hoje está na mesma situação espiritual da igreja de Laodicéia,
portanto essa “obra” restaura a igreja;
10-Os louvores deles são únicos e revelados. Os hinos produzidos e cantados
pelos membros dessa igreja são especiais, os outros hinos estão corrompidos
(movimento gospel).

As mensagens de ambos os grupos são “espiritualizadas” demais, eles extraem lições


para a igreja de textos bíblicos, uma leitura bem apurada revela outro sentido

19
completamente diferente. Costumam dar mensagens bíblicas onde o modelo de uma
igreja bíblica são eles mesmos e criticam todas as outras denominações no mundo.
Leiamos o que o Pr César Augusto disse em uma pregação:

“Entendemos claramente que a linguagem do batista não é igual a do


assembleiano, a do assembleiano não é igual a do congregacional, a do
congregacional não é igual a do adventista, a do adventista não é igual a
do testemunha de Jeová, a do testemunha de Jeová não é igual do católico,
e a do católico não é igual a do espírita e a do espírita não é igual a
nenhuma denominação cada uma tem a sua linguagem, não se entendem
e todos eles querem escapar do juízo mas essa é a maneira provida pelo
homem que tornou essa grande bagunça . Se você notar, aquilo que está
no Gênesis também está no apocalipse, e no apocalipse nós teríamos um
grande mistério que é chamado: a grande babilônia ...” (Minuto 08:55)

“Um monte de gente bobo, que eu estou dizendo que lê a bíblia sem
entender nada” (Minuto 01:09:12)
“O selo de Deus é o Espírito Santo” (Minuto 01:11:15)
“Então isto é o Espírito Santo. O Espírito Santo não sela a vida
desorganizada” (Minuto 01:18:53)
________________________________________________________________________

“O Selo de Deus”/ Pr César Augusto em uma pregação no dia 07/07/13 “O Selo de Deus”/
programa: Fé perfeita https://www.youtube.com/watch?v=E-gPoi1Y3fQ consultado dia
21/03/2021

Assistindo as pregações ou lendo os materiais do Tabernáculo da fé, fica evidente o


separatismo e a fúria contra essa Babilônia (bagunça) que se tornou a igreja de
“Laodicéia”, na mesma pregação supracitada o pastor faz duras críticas contra a igreja
católica e evangélica, semelhantemente ao que vemos nos Maanains, como exemplo o
próprio presidente da ICM já criticou a igreja Católica, Maria e um artista que dizia pra
todo mundo que “fala em línguas, cura pelas águas e tem dons espirituais”, ainda
chamou as demais denominações de movimento (Cf: Presidente da ICM faz duras críticas contra
a ICAR - Google Drive / https://www.youtube.com/watch?v=oxuA-3-07Bc consultado 21/03/21). Ambos
grupos tem o costume de criticar os demais, mas não aceitam críticas. Ambos os grupos
dizem estar respaldados pelas escrituras, mas o que vemos é que estão alicerçados em
crenças supersticiosas de homens que saíram de denominações tradicionais para fundar
outro movimento com crenças distintivas.

O Elo perdido é uma doutrina que ensina fé sem razão:

Lendo o capítulo 11 da carta aos Hebreus, como a Fé se apresenta na


relação do homem com Deus, contrapondo-se a todos os limites da
razão?
EBD 19/04/2020 https://www.youtube.com/watch?v=Bumqg68ZftQ

20
Essa pergunta foi colocada no slide da EBD do dia 19/04/2020, cujo tema “Fé- O Elo
Perdido” foi ensinado aos membros, os pastores usaram o texto de Hebreus 11 para
anular a razão da fé, resultando em uma escola bíblica com evangelho fideísta.
Em poucas palavras, fideísmo é um ensino que despreza a razão e sugere a existência
de verdades absolutas através de experiências pessoais ou sentimentos, a ideia central
do fideísmo é que as questões religiosas não podem ser justificadas por meio de
argumentos ou provas, mas apenas pela fé.

Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das


coisas que se não vêem.
Porque por ela os antigos alcançaram testemunho.
Pela fé entendemos que os mundos pela palavra de Deus foram criados;
de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente.
(Hebreus 11:1-3 ACF)

Esse capítulo trata da visão e da perseverança da fé. Ele nos apresenta aos homens e
mulheres do AT que tinham perfeita visão espiritual e que suportaram grande vergonha
e sofrimento em vez de renunciar a própria fé. O versículo 1 não é de fato uma definição
formal de fé, mas uma descrição do que a fé faz por nós [...] A fé deve ter como alguma
revelação de Deus, alguma promessa de Deus. Não é um tatear no escuro. Ela exige
evidência mais segura no universo e a encontra na palavra de Deus. Ela não está
limitada a possibilidades; invade o reino da impossibilidade. (Cf: William Macdonald;
comentário de Hebreus 11; MC-2008)

[...] o caminho de fé não é novo, mas tão antigo quanto a história do povo de
Deus. Por meio deste caminho de fé, os justos no decurso da revelação especial
foram o que foram. Se não tivessem sido homens de Deus, a geração presente
não poderia desfrutar da rica herança hebraica.
1. O Significado da Fé (11.1)
O autor inicia com uma proposição geral em relação à natureza da fé. Ora, a fé
é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se
não vêem. A palavra fé (pistis) pode significar crença, confiança, fidelidade,
persuasão firme ou convicção firme. Mas na Bíblia ela sempre encontra seu
propósito em Deus. Fé bíblica não é crer em si mesmo ou no homem, mas em
Deus. O uso constante do dativo de instrumento (“pela fé”) neste capítulo não
atribui nenhum poder mágico à fé, mas simplesmente mostra que a fé é o meio
pelo qual recebemos de Deus, a fonte do nosso serviço para Deus e a única base
aceitável de um relacionamento satisfatório com Deus.
Portanto, a proposição do versículo 1, embora não defina fé exatamente, mostra
a) sua relação com a esperança e b) sua relação com o invisível. A palavra
fundamento, no grego hypostasis, traz a idéia de “colocar por baixo”. Neste
caso, esta palavra traz a idéia da confiança de que as nossas esperanças são
válidas e o fundamento para que se realizem. A fé fica na base das coisas que se
esperam e as preserva para nós. Se perdermos a nossa fé, nossas esperanças não
se materializarão. (BEACON Commentary; Hebreus 11)

21
A fé não é um tiro sem mira no escuro, mas a certeza de acertar o alvo. O escritor aos
hebreus não apela para algo novo, não apela para uma “nova medida” ou nova
revelação profética, mas para fatos históricos conhecidos por eles. A fé bíblica não é
sem razão, a fé bíblica deve ser racional.
O povo hebreu era conhecedor da proteção de Deus em Israel não apenas por fé, mas
também por evidências, fatos históricos, e a doutrina do Elo Perdido faz com que os
icemitas desenvolvam uma fé cega, sem parâmetro de medida, podendo ser levados de
um lado a outro ouvindo a voz da própria emoção, não por revelação bíblica.
Deus não exige uma fé cega, sem entendimento. Se a bíblia é a verdade, ela não ruirá
diante do escrutínio. É importante saber a razão por que cremos.

Antes, santifiquem Cristo como Senhor no coração. Estejam sempre preparados


para responder a qualquer que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês.
(1 Pedro 3:15 NVI)

A razão também é importante para entender e aplicar o texto da Bíblia. Não basta ler,
é preciso entender. O entendimento da palavra de Deus ajuda a crer e a transformar a
vida. Uma vez que entendemos racionalmente o que Deus tem feito por nós, faz sentido
nos dedicarmos a ele em obediência e serviço, esse é nosso culto racional.

Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos


corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto
racional.
(Romanos 12:1ACF)

Concluindo, a pergunta feita na EBD com o tema Fé- O Elo Perdido, do dia
19/04/2020 “Lendo o capítulo 11 da carta aos Hebreus, como a Fé se apresenta
na relação do homem com Deus, contrapondo-se a todos os limites da razão?” é
uma pergunta capciosa, feita de forma que confunde os ouvintes e induz ao erro,
porque a fé não contrapõe a todos os limites da razão, mas a fé em Deus é o princípio
para ser verdadeiramente racional e o temor do Senhor é o princípio da sabedoria
(Salmos 111).

Aniquilaram os Dons Espirituais para dar ênfase na QM

Não existe na ICM o ensino e o uso dos dons espirituais para a edificação dos membros
(1 Pedro 4:10), o mais próximo dessa teologia tão significativa é a prática denominada
Momento de busca, que não se parece em nada com a doutrina dos dons espirituais.
O membro não pode questionar ou contestar os pastores biblicamente e é muito
provável que o “membro comum”, será advertido, com uma frase semelhante a essas:
“A letra mata”
“Você está na letra, busque a revelação”
“Cuidado para não cair, você está na letra”

22
“Está fora da Palavra Revelada”
“Você está na quarta medida, somente na quinta medida que se tem a palavra
revelada”

Qualquer questionamento levantado por algum membro da ICM é considerado uma


fraqueza espiritual, carnalidade, uma fé na razão e não uma fé dentro da revelação (fora
da QM). Tudo o que é racional e analisado biblicamente é logo rebatido por algum
pastor e este acusará o fiel de estar fora da QM, ou seja, está agindo na “carne” e não
através do Espírito.

Leiamos:

[sic] A RAZÃO É DO HOMEM_Com suas quatro medidas.


A REVELAÇÃO É DE DEUS– A quinta medida que expõe o mistério
que vence a morte e ressuscita o homem para a vida eterna porém, Deus
abriu um caminho de Luz, que é Jesus, através do Espírito Santo. A
espada flamejante do Gênesis permitiu que, no caminho da árvore da vida,
só entrem aqueles que passam pela Palavra Revelada
__________________________________________________________
A Quinta medida. Instituto bíblico News, ano 1, n° 1 Jan. 2017 pág.3 (artigo escrito
por Gedelti)

O filósofo (ateu) inglês A. C. Grayling, escrevera em suas obras: “a fé é irracional” e


“A fé é a negação da razão”, creio que Gedelti concorda com essa afirmação ateísta.
A conduta dos icemitas transparece a negação da razão e uma ênfase maior na
“revelação” e isso vai contra os ensinamentos das escrituras. (Cf: Romanos 12:1 e 1
João 4:1)

Como escrevi no tópico anterior, para nossa adoração ser “aceitável a Deus”, ela deve
ser “um serviço sagrado” prestado com a “faculdade de raciocínio”, devemos adorar a
Deus “de uma forma digna de seres racionais”, não meros “fantoches sem intelecto”
que são manipulados por outras pessoas e aceitam qualquer revelação atribuída a Deus.

O qual deseja que todas as pessoas sejam salvas e cheguem


ao pleno conhecimento da verdade.
(1 Timóteo 2:4 KJA)

Amados, não creiais a todo espírito, mas provai se os


espíritos vêm de Deus; porque muitos falsos profetas têm
saído pelo mundo.
(1 João 4:1 ARA)

Um requisito fundamental para a fé cristã autêntica é “um conhecimento exato da


verdade”, este conhecimento também vem da razão, e essa verdade racional liberta o
homem dos enganos (João 8:32) e isso inclui libertação de crenças enganosas, tanto
científicas como religiosas.
23
Os icemitas não tem contato com boa teologia e são orientados a não fazer nenhum
curso nessa linha, resultando numa fé frágil e são levados facilmente por todo vento de
doutrina (Efésios 4:14) aparentemente essa prática é uma espécie de “cabresto” nos
fiéis do grupo (essas foram exatamente as palavras de um ex icemita ao entrevistá-lo).

Os icemitas não usam o dom bíblico que Deus concedeu a eles.


Suponho que isso se dá basicamente por dois motivos: a) não são bem instruídos quanto
à realidade dos dons b) precisam do aval do corpo de pastores através da “consulta a
palavra”, para poder usar seu dom.

Todo cristão genuíno tem um dom vindo de Deus e deveria usá-lo, claro, com a devida
ordem e decência (1 Coríntios 14:33,40 Romanos 12:11) assim como deve ser as coisas
de Deus:

Há diferentes tipos de dons, mas o Espírito é o mesmo. Há


diferentes tipos de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. Há
diferentes formas de atuação, mas é o mesmo Deus quem
efetua tudo em todos.
(1 Coríntios 12:4-6)

E ele designou alguns para apóstolos, outros para profetas,


outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres,
com o fim de preparar os santos para a obra do ministério,
para que o corpo de Cristo seja edificado, até que todos
alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de
Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da
plenitude de Cristo.
(Efésios 4:11-13)

Temos diferentes dons, de acordo com a graça que nos foi


dada. Se alguém tem o dom de profetizar, use-o na proporção
da sua fé. Se o seu dom é servir, sirva; se é ensinar, ensine; se
é dar ânimo, que assim faça; se é contribuir, que contribua
generosamente; se é exercer liderança, que a exerça com zelo;
se é mostrar misericórdia, que o faça com alegria.
(Romanos 12:6-8)

Os nossos dons espirituais, ainda que sejam diferentes uns dos outros, são úteis para
que juntos possamos trabalhar para servir a Deus e uns aos outros.

24
Pois assim como em um corpo temos muitos membros, e nem todos
os membros têm a mesma função, assim nós, embora muitos, somos
um só corpo em Cristo, e individualmente uns dos outros.
(Romanos 12:4-5)

Ele não faz acepção de pessoas (Romanos 2:11), Ele não capacitou somente alguns e
deixou outros sem dons. Portanto, os dons são para todos!

Devemos descobrir e conhecer melhor os dons espirituais, colocá-los em prática,


aprender a desenvolvê-los (2 Timóteo 1:6;1 Timóteo 4.14) e então usá-los com amor,
na unção do Espírito Santo, para edificação do Corpo de Cristo para a glória de Deus
e crescimento do Seu reino.

Os dons são concedidos por Deus pelo Espírito Santo, segundo a Sua vontade (1
Coríntios 12:11, 18). É o Espírito Santo quem decide qual é o nosso dom, eles não são
dados de acordo com o nível espiritual em que o crente se encontra, nem pelo número
de anos passados na igreja, nem pelo cargo que alguém ocupe ou por merecimento
(Efésios 4:7).

Não vou tratar pormenorizadamente a respeito da doutrina dos dons espirituais bíblicos,
pois o objetivo desse trabalho não é responder todas as questões, mas fazer a devida
objeção a algumas das falsas afirmações que são apresentadas nas ICM’s.

Um exemplo de como a Maranata menospreza os dons espirituais_ A Maranata


desvaloriza de tal forma os dons bíblicos, que até mesmo o pastor, que deveria ser um
chamado ao ministério (Efésios 4:11 Atos 20:28) se transformou em um simples cargo,
substituível a qualquer momento.

Na ICM, os pastores são aludidos da seguinte maneira: “[Ele] está como pastor’’; e
não pense você que é apenas um mero jogo de palavras, quando a realidade, é que se
um pastor da ICM tropeçar em algum ponto que vai “contra a Obra” (ICM), o corpo
de presbitério remove ele do cargo quando bem entender de forma arbitrária, mas
afirmando que foi o próprio “Senhor que revelou seu fim no ministério”.

Pode acreditar, se você é salvo em Cristo Jesus, certamente tem um dom de Deus, mas
me parece que a ICM aniquila o conhecimento sobre os Dons Espirituais para dar mais
ênfase na QM, assim o alto clero se faz detentor da vida espiritual dos membros da
Maranata.

25
Autoridade Profética

Entendo que os pastores da ICM, se fazem autoridades superiores aos apóstolos, pois
esses eram inspirados por Deus, faziam muitos sinais e prodígios (Atos 5:12 2
Coríntios 12:12) não necessitando provar suas afirmações doutrinárias, mas mesmo
assim vemos que eles usaram um apoio bíblico (antigo testamento) para falar com
autoridade sobre assuntos diversos.

Esse não é o procedimento padrão na ICM, apelam para a “revelação” quando


indagados sobre alguma crença excêntrica.

A inspiração divina é a revelação de Deus através de seu Espírito, dirigido aos profetas
e apóstolos, por isso que a bíblia é um livro singular e inerrante.

“Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da


Escritura é de particular interpretação. Porque a profecia
nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas
os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito
Santo.”
(2 Pedro 1:20, 21ACF)

Toda a Escritura é dada por inspiração de Deus (2Timóteo 3:16) essa é a afirmação
bíblica.
A palavra "inspiração" vem do latin inspiratio.
O verbo Inspirare é composto pelo prefixo in + o verbo spirare (soprar). Inspirare
significa "soprar em" ou "insuflar".

Existem duas correntes teológicas mais comuns sobre a inspiração de Deus. A primeira
afirma que a inspiração é “verbal e plenária”, ou seja, Deus escolheu cada palavra que
foi escrita ou falada por seu servo (inspiração verbal) ex: “E veio a mim a palavra do
Senhor, dizendo” (Ezequiel 17:1) e que essa inspiração se estende por toda a escritura,
em todos os livros, mesmo aqueles chamados de poéticos (ex: Provérbios, Cantares,
Salmos, Eclesiastes etc) essa é a “inspiração plenária”, todos os temas são
divinamente colocados nas escrituras pelo próprio Deus.

A outra corrente defende que tudo o que está na bíblia tem origem divina, mas o homem
também foi usado no processo de formação, tendo a possibilidade de sofrer alteração a
revelação original por algum erro do profeta quando for transferir a mensagem ao
destino final (escrito ou falado), e as próprias palavras escolhidas nos textos podem ter
sido de origem humana nesse processo entre a relação divina e a humana. Também
alguns textos podem ter a posição do autor em relação ao acontecimento registrado.

Em outras palavras, a bíblia foi escrita por Deus e homens em conjunto, podendo conter
pequenos erros, mas não quer dizer que a bíblia não seja inspirada. Essa posição
26
corrobora com o termo “Inspirare ” no tempo clássico do Império Romano, o termo
recebeu a conotação de "respirar profundamente" e o sentido figurativo de "insinuar
algo no coração de alguém", ou seja, Deus colocou a palavra no coração do seu profeta,
mas cabe a ele repassar a mensagem divina escolhendo as palavras precisas. Parece
que essa visão é a mais adotada no meio da teologia liberal, usam do argumento de
“pequenos detalhes ou acréscimos literários” e outras suposições para corroborar com
crenças novas (heresias).

Prefiro ficar com a primeira posição, onde a inspiração é verbal e plenária, logo
inerrante. Creio que o Espirito Santo “soprou” cada palavra para seus profetas, assim
entraria em concordância com os textos bíblicos em que Deus se revelou até a homens
sem tanta escolaridade (como Pedro e João) estes retransmitiram mensagens
maravilhosas e bem profundas.

Mas obviamente que os textos sem erros que me refiro, são os manuscritos originais,
os que temos em nossos dias são cópias com alguns erros, interpolações e por isso que
existem os críticos textuais e a atualização das traduções, porém a palavra de Deus
jamais passará (Mateus 24:35).

Seca-se a erva, e cai a flor, porém a palavra de nosso Deus


subsiste eternamente
(Isaías 40:8 ACF)
Vemos no antigo testamento, a atuação dos profetas inspirados pelo próprio Deus
anunciando a sua palavra muitas vezes deste modo: “Assim afirma o SENHOR dos
Exércitos” (Jeremias 23:16), percebemos que o próprio Deus é quem inspirava a sua
mensagem aos seus servos.
Já no Novo Testamento a revelação aos apóstolos veio direta através do nosso Senhor
Jesus Cristo.
Veja o que Paulo diz na epístola aos Gálatas:

Mas faço-vos saber, irmãos, que o evangelho que por mim foi
anunciado não é segundo os homens. Porque não o recebi,
nem aprendi de homem algum, mas pela revelação de Jesus
Cristo.
(Gálatas 1:11,12 ARC)

E Jesus Cristo afirmou que o que ele ensinava veio do próprio Pai, ou seja, pela mesma
autoridade de Deus (João 12:49 e 50) porque ele é o mediador entre Deus e os homens
(1 Timóteo 2:5) e que Deus é a Palavra e Ele se tornou num homem (João 1:1-14).
Jesus era Deus e estava com Deus. Por outras palavras, Jesus é uma parte da Trindade
de Deus. Muitas pessoas se utilizam de passagens que falam de Jesus estar “junto a
Deus” como evidência que Ele não é Deus, mas outras passagens são muito claras ao
afirmar que Jesus é Deus.

27
Enquanto aguardamos a bendita esperança: a gloriosa
manifestação de nosso grande Deus e Salvador, Jesus
Cristo.
(Tito 2:13 KJA)

Toda escritura é divinamente inspirada por Deus. Os apóstolos falaram aquilo que
ouviram de Jesus, igualmente o Espírito Santo também anunciou a eles as palavras do
próprio Cristo.

Mas, quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará


em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas
dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir.
Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu, e
vo-lo há de anunciar.
(João 16:13,14 ARA)

A bíblia é uma revelação divina, completa e inerrante, uma obra em conjunto, de Deus
Pai, Filho e Espírito, todos princípios básicos para se ter uma boa conduta cristã nesse
mundo estão registrados nas escrituras.
Vou me abster propositalmente de entrar no mérito da questão se cessacionismo ou
continuísmo é a teologia mais precisa, pois teria que dedicar muito mais páginas para
explicar os conceitos detalhadamente e esse não é o meu objetivo nesse trabalho, porém,
é inegável que todos os princípios fundamentais para a vida estão contidos nas
escrituras e não dependemos de novas revelações o tempo todo para saber como
proceder diante dalguma situação que nos encontramos.

A doutrina da QM é uma crença que vai na contramão do que a bíblia ensina.


Enquanto vemos nas escrituras os princípios de Deus estabelecidos para os homens
tanto no antigo como no novo testamento já revelados, a QM ignora esses preceitos e
estimula o icemita a buscar novas “revelações ou orientações” de Deus.

“Sai a Bíblia pela porta do fundo e entra a ‘Revelação’ pela porta da frente”
Essa ilustração define muito bem o que acontece em reuniões nos Maanains.

Certamente você já deve ter assistido alguma vez um desenho ou filme que reproduz
uma cena semelhante a essa. O personagem está em algum local e precisa rapidamente
retirar algo ou alguém às escondidas, então o tira pela porta do fundo, enquanto isso
alguém vai entrando pela porta da frente sem perceber nada.

Na prática, a ICM valoriza muito mais as novas revelações, cancelando as revelações


já contidas nas escrituras e sutilmente vão retirando a bíblia das reuniões.

Para exemplificar isso, vamos a dois casos:

28
1. Um jovem pretende mudar de cidade, ele encontrou uma faculdade mais
acessível e tem alguns parentes que lhe ofereceram moradia, tem amigos nela
e um emprego já à disposição.
2. Uma jovem viu a necessidade de auxiliar uma família que está padecendo
muitas necessidades e resolveu juntar alguns membros da igreja para aliviar
o sofrimento dessa família, dando mantimentos para alimentação e pagando
algumas contas como a de água e luz.

No exemplo n° 1 temos um jovem que precisa saber se é da vontade de Deus que ele
se mude para outra cidade. Uma vida e rotina bem diferente do que ele está vivendo
atualmente.
Nesse caso, em qualquer igreja bíblica, o jovem pensaria em alguns princípios:
A) Onde vou morar, poderei ler a bíblia e fazer minhas orações com
tranquilidade, ou será um lugar com bagunça e festas? (Provérbios 17:1)
B) Vou dar bom testemunho e evangelizar aquele lar? (Atos 16:31)
C) No trabalho novo, vou ter tempo para descansar? (Eclesiastes 4:6)
D) No tempo de minha folga ou no intervalo das aulas, vou conseguir
evangelizar alguém? (Atos 1:8)
E) Tem igrejas bíblicas para poder congregar nessa cidade? (Hebreus 10:25)
F) Se alguma coisa ou alguém me fazer tropeçar, vou ter força para fugir desse
pecado? (Mateus 5:28-30 1 Coríntios 16:13)
G) Irmãos mais sábios e mais maduros na fé me aconselharam? (Provérbios
12:15; 15:22)
Esses são alguns exemplos de “princípios bíblicos” que um cristão usaria nesse
primeiro caso.
No exemplo n° 2 vemos uma jovem querendo auxiliar uma família que está padecendo
muitas necessidades e resolveu juntar alguns membros da Igreja para aliviar o
sofrimento desta. Em uma igreja bíblica ela provavelmente faria o seguinte:
A) Comunicaria o fato aos presbíteros (Hebreus 13:17 Tiago 5,14-15)
B) Os presbíteros entenderiam que a causa é justa (Mateus 5:16 Deuteronômio
15:11)
C) Se tivessem recursos, auxiliariam a família (Deuteronômio 26:12 Atos 4:32-
37; 6:1-4)
D) Se a igreja não tivesse recurso imediato, os presbíteros dariam a liberdade
para os membros que quisessem colaborar com a causa espontaneamente
(Efésios 4:28 Tiago 1:27)
Esses são alguns exemplos de “princípios bíblicos” que um cristão usaria nesse
segundo caso.
Nesses dois exemplos que citei acima, o modus operandi na ICM sempre é a
mesma, apelam para a “Bibliomancia” o que eles chamam de “Consulta a palavra”
uma espécie de lançamento sortes; tratarei adiante.

29
A palavra “princípio” significa origem, o primeiro momento da existência (de algo), o
que serve de base a alguma coisa; causa primeira, raiz, razão.
Quando um cristão precisa tomar qualquer decisão na sua vida, a primeira coisa que
ele deveria pensar seria: “Deus aprova isso? O que Ele pensa sobre tal coisa”? Nas
escrituras estão contidos os princípios de Deus, servos Dele passaram e registraram
diversas experiências e estas são princípios para nós. A Bíblia é um livro que contém
inúmeros princípios, verdades absolutas que não se prendem ao contexto histórico ou
à época em que foram escritas: São princípios, verdades eternas.

Outro exemplo:
Sabemos que Davi, um “homem segundo o coração” de Deus (1Samuel 13:14; Atos
13:22) pôde trazer ruína para a sua vida e família, em 2 Samuel 11.1, lemos que Davi
comete adultério com Bate-Seba: “…no tempo em que os reis costumam sair para a
guerra” Davi ficou em Jerusalém”. Essas palavras parecem ser uma advertência
apontando às circunstâncias em que pecou. Davi negligenciou as suas obrigações como
rei de Israel. Ele deveria ter acompanhado seu exército, mas preferiu ficar em sua casa
na ociosidade, a descansar e passear, enquanto seus homens estavam em batalha (veja
o verso 2 e compare-o com os versos 1 e 11).
Qual é o princípio que essa história nos dá? Aqui aprendemos vários princípios em
nossas vidas:
A) Não seja ocioso, foque em Deus e em seu trabalho! (Romanos 6:11-14
Colossenses 3:23)
B) Não cobice o que não é seu (Deuteronômio 5:21 Mateus 5:28).
C) Você é humano e pode pecar. Cuide-se para que não caia! (1 Coríntios 10:12)
Citei apenas três “princípios” como exemplo, mas poderíamos retirar dessa passagem
muitas outras lições para nossa conduta cristã.
A bíblia é a nossa diretriz moral e é nela que devemos fundamentar nosso bom
procedimento. Nela estão contidos os ensinos essenciais para nós, como: vida no
casamento, no lar, no emprego, na escola, no namoro, alimentação, saúde etc. Mesmo
que a bíblia não trate especificamente sobre o assunto, os “princípios” estão registrados
para nossa orientação.

A doutrina da QM é automaticamente a anulação das escrituras.


A partir do momento em que o membro deve buscar o dom através da Consulta A
Palavra (bibliomancia), sem ao menos ler o que a bíblia já revelou sobre o que o
icemita deseja saber, ele está deixando de crer na revelação de Deus escrita.

A autoridade profética na ICM não é bíblica, mas sim, mística, humana e falha.

30
Momento da busca
(Consulta a palavra ou Bibliomancia)

Estamos entrando em um assunto que merece a devida atenção, um dos pilares da ICM.
O “momento da busca” se dá no denominado “culto profético”, que antecede a reunião
principal (30 minutos antes), é o momento de buscar os “dons espirituais”. Os dons
espirituais referido aqui não são os dons mencionados na bíblia.

Membros batizados e atuantes na igreja, como obreiros, professores, instrumentistas,


podem participar do culto profético conjuntamente ao pastor, diácono ou obreiro que
tenha sido escalado para estar à frente da reunião.

O membro que teve um dom; “sonho, visão ou revelação” que entenda ser de Deus
escreve em um papel esse suposto dom e apresenta para a pessoa que está dirigindo o
“culto profético”, e juntos vão “consultar a Deus” através da bibliomancia, chamado
por eles de “busca à palavra” ou “consulta à palavra”. (obs: aqui as aspas se fazem
necessárias pois os termos são peculiares da seita)

Um dos membros presentes faz o “clamor” e pergunta a Deus se o dom procede Dele,
a Bíblia é aberta, e leem três ou mais textos aleatoriamente, se os textos encontrados
falarem de bençãos, lucros, alegria, vitórias, etc; e corroborar com o dom apresentado,
então foi confirmado.
Se a maioria dos textos falarem de maldição, juízos, pragas etc, não provém de Deus.
Vence a maioria dos textos; os textos “positivos” confirmam o dom, textos “negativos”,
invalidam o dom.

Deus “confirmando” aquele dom, então a mensagem é transmitida no culto para todos
presentes.
Deus não confirmando aquele dom, repetem esse ritual até que alguém receba um outro
dom e esse seja confirmado através da bibliomancia (Consulta a palavra).

O dom, com exceção das “revelações”, que é transmitida em metáforas e os membros


vão “discernir” e entender o que Deus quer falar com aquele dom.
No momento de busca também é definido por meio do dom, quem “traz a palavra” (ou
o sermão) e quem vai ministrar o louvor.

Como você pôde ver, os dons na ICM, é uma espécie de revelação de Deus, uma
revelação mística, humana e sujeito a falhas ou manipulações, o dom bíblico é
totalmente diferente do que vemos na ICM.
O uso do dom que vemos na Maranata não tem nenhum respaldo bíblico, é mais uma
criação da liderança, através de suas experiências “proféticas”, anulando a bíblia
sagrada que é a orientação dos cristãos.

31
Mas o que seria dons do Espírito, biblicamente falando?

Existem três listas bíblicas dos “dons do Espírito”, também conhecidos como dons
espirituais. As três principais passagens que descrevem os dons espirituais são:
Romanos 12:6-8, 1 Coríntios 12:4-11 e 1 Coríntios 12:28. Os dons espirituais
identificados em Romanos 12 são profetizar, servir, ensinar, incentivar, dar, liderança
e misericórdia. A lista em 1 Coríntios 12:4-11 inclui a palavra de sabedoria, a palavra
de conhecimento, fé, cura, poderes miraculosos, profecia, discernimento dos espíritos,
falar em línguas e a interpretação de línguas. A lista em 1 Coríntios 12:28 inclui curar,
ajuda, governos, variedade de línguas.
Todos esses dons espirituais são para edificação do corpo de cristo (1 Coríntios 14:12
Efésios 4:11-13).
[...] Os membros do corpo não discutem entre si nem invejam uns aos
outros nem disputam a respeito de sua importância relativa. Cada parte do
corpo desenvolve sua própria função, não importa quão preeminente ou
quão humildemente oculta seja essa função. Era convicção de Paulo
(Romanos 12:3-8) que assim devia ser a Igreja cristã.
Cada membro da mesma tem uma tarefa a desenvolver, e somente quando
cada membro contribui com a ajuda de sua própria função, o corpo da
Igreja funciona como é devido. […] carismata. No Novo Testamento,
carisma é algo que foi dado por Deus a um homem, que ele mesmo não
teria podido obter ou adquirir. É um dom pessoal, individual que Deus lhe
deu. Em realidade, assim é a vida.
A pessoa pode praticar toda a vida e mesmo assim não tocar piano como
Curtinho ou o violão como Segovia. Estes têm algo mais que uma simples
prática: têm algo mais — o carisma — que é um dom de Deus. A pessoa
pode trabalhar toda a vida e mesmo assim não ser destro no uso de
ferramentas, madeira e metais; outro homem pode trabalhar madeira e
moldar metais com uma destreza especial e as ferramentas parecem parte
de seu corpo; tem esse extra, o carisma, que é um dom de Deus. A pessoa
pode praticar oratória dia após dia, e, entretanto, não adquirir nunca esse
algo mágico que sacode um auditório ou uma congregação; outro salta
sobre uma plataforma ou sobe a um púlpito e tem o seu auditório na mão;
tem esse algo extra, esse carisma que é um dom de Deus. A pessoa pode
trabalhar toda sua vida sem poder adquirir o dom de passar seus
pensamentos ao papel em forma vívida e inteligível; outro vê sem esforço
como seus pensamentos crescem em uma folha de papel diante dele; o
segundo tem esse algo extra, esse carisma, que é um presente de Deus.
__________________________________________________________
BARCLAY Willian; Comentary Romanos (pág.169-171)

Os dons espirituais são para edificação do coletivo, tanto internamente, isto é, dentro
da igreja local (1 Tessalonicenses 5:11;1 Coríntios 3:6-7), quanto fora dela, no mundo
(Marcos 16:15 Atos 12:24).

32
A liderança da Igreja local deveria estimular os dons espirituais dos membros para a
edificação da igreja de Cristo, mas em vez disso, a ICM se mantém detentora dos dons
de seus membros aniquilando a doutrina bíblica dos dons do Espírito e criando um
fantasioso dom que poderá ser manipulado convenientemente.

O dom, que para eles são sonhos, visões ou revelações, é uma verdade espiritual
seletiva, quem vai definir sua autenticidade é a liderança local.
No “momento de busca”, é decidido todo o andamento do culto, o que eles julgam ser
um culto “revelado” com todas as “orientações” de Deus, na realidade pode ser sim
manipulado pela liderança local no momento, seja pelo obreiro, diácono ou pastor.

Como podem manipular o dom?

1- Quando o icemita apresenta um papel escrito o que ele acredita ser um dom
no “culto profético”, o responsável pelo culto, lendo e constatando que esse
poderá causar algum embaraço na igreja, (o dom) é descartado no ato, a resposta
do responsável pelo “culto profético” normalmente é: “O dom não é para o
momento...vamos orar mais”, então o rejeita, evitando dizer: “não é do Senhor”,
para não constranger o icemita.
Sendo assim, não há garantia nenhuma de que uma visão, sonho, revelação seja
qual for o nome dado a esse suposto dom recebido do Senhor para o icemita, será
aceito pela liderança da igreja como uma instrução de Deus para aquele culto.
2- Outra forma de manipulação de dom, é o encerramento das atividades
pastorais. Como havia escrito anteriormente, um pastor na ICM não é pastor, ele
“está como pastor”, assim que este não cumprir as exigências do presbitério,
certamente um dom será revelado para a invalidação de seu cargo na ICM. Em
conversa com um ex pastor, com mais de 30 anos atuando “na obra”, me revelou
que um “companheiro” (é a forma com que um pastor se dirige a outro) foi
retirado do cargo através de uma revelação do presbitério, pois não estava
ligando o satélite (estudo via vídeo conferência transmitido em todas as igrejas),
pois ele acreditava que a igreja local estava precisando de estudos bíblicos mais
aprofundados para a edificação dos membros.

3- Vários dons se tornaram clichê dentro da ICM, esses exemplos que citarei são
bem antigos e conhecidos em muitos locais.
A) Dom manipulado para o membro não faltar dos cultos: “O Anjo do Senhor
foi até a igreja para dar as bençãos a uma irmã, mas como ela não estava, o
Anjo foi embora sem dar as bençãos”.

B) Dom manipulado para o estudante continuar ativo na Obra: “O jovem


estudante estava trabalhando na Obra e não teve tempo de estudar para a prova
final, então o Anjo do Senhor deu as respostas para ele na hora de fazer essa
prova e ele tirou ótima nota”
C) Dom manipulado para um membro não pedir ajuda à igreja: “A irmã
desempregada há tempos, tinha fé que o Senhor supriria todas as suas
33
necessidades, ela foi com fé no supermercado fazer suas compras. Passado as
compras no caixa e ela não tendo com o que pagar, toca um sino no
supermercado. Ela acabara de ganhar toda a compra como prêmio, pois foi ‘a
cliente n° 1.000’”

O “momento de busca” na ICM é uma reunião mística e manipulável. Mística digo,


pois se apegam à bíblia como apenas um amuleto para retirar sorte através da
bibliomancia, rito de origem pagã.
Vejamos a definição de Bibliomancia na Enciclopédia Esotérica:

A Bibliomancia é o uso de livros para prática de divinação. Normalmente


é feita a leitura de passagens aleatórias do livro, em busca de respostas a
questões propostas. Na maioria das vezes utiliza-se livros tidos como
sagrados tal como a Bíblia.
__________________________________________________________
Pequena Enciclopédia Esotérica 2016 Diego Oliveira; Published by Iêla Book pág.9

A prática de consulta a oráculos por meio de sorteio de textos de um livro sagrado não
é uma novidade criada há 50 anos pela ICM. Estima-se que há cerca de três mil anos,
os chineses utilizam um livro sagrado chamado "I Ching" ou "Livro das Mutações", é
um dos maiores legados do povo chinês.

O Livro das Mutações é um conhecimento milenar que surgiu em um período anterior


à dinastia Chou, datando de 1150-249 a.C. Inicialmente o I Ching era formado pelos
“Kua”, signos linguísticos que continham as respostas buscadas pelas pessoas naquela
época.
Alexey Dodsworth mestre em Filosofia e Ética pela USP e estudioso e conhecedor de
oráculos diz:

O I Ching tem sido utilizado ao longo de milhares de anos por se mostrar


eficaz no sentido de buscar o real além do aparente.[...] Acredita-se que
só quem sabe o que procura pode encontrar as respostas.
__________________________________________________________
Alexey Dodsworth www.personare.com.br/O QUE É I CHING 02/07/2015 (Grifo meu)

Por se mostrar “eficaz” a ICM adotou uma prática de adivinhação comum em povos
antigos, mas condenado por Deus:

Quando entrarem na terra que o Senhor, o seu Deus, dá a vocês, não


procurem imitar as coisas repugnantes que as nações de lá praticam.
Não permitam que se ache alguém no meio de vocês que queime em
sacrifício o seu filho ou a sua filha; que pratique adivinhação, ou se
dedique à magia, ou faça presságios, ou pratique feitiçaria ou faça
encantamentos; que seja médium, consulte os espíritos ou consulte os
mortos. O Senhor tem repugnância por quem pratica essas coisas, e é

34
por causa dessas abominações que o Senhor, o seu Deus, vai expulsar
aquelas nações da presença de vocês. Permaneçam inculpáveis perante o
Senhor, o seu Deus.
(Deuteronômio 18:9-13 NVI)

A teologia da Maranata justifica a adoção dessa prática usando o seguinte raciocínio:


assim como nos idos da Antiga Aliança os sacerdotes consultavam ao Senhor pelo
Urim e Tumim, hoje no tempo da Nova Aliança, do Espírito Santo derramado, usa-se a
estrutura e organização da Bíblia como instrumento de “consulta”.

É muito comum esse misticismo no seio das seitas pseudocristãs, por exemplo, a Igreja
de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (Mórmons) crê que Urim e Tumim sejam
duas pedras presas em um arco de ouro, o qual o profeta Joseph Smith Jr. utilizou para
decifrar e traduzir o texto do Livro de Mórmon.

Joseph Smith recebeu revelações através do Urim e Tumim;


Doutrina &Convênios, cabeçalhos das seções 6; 11; 14–16
Recebeste poder para traduzir por meio do Urim e Tumim;
Idem 10:1.
As Três Testemunhas deveriam ver o Urim e Tumim, que foi
dado ao irmão de Jarede no monte;
Idem17:1
O lugar onde Deus reside é um grande Urim e Tumim. A
pedra branca tornar-se-á um Urim e Tumim para toda pessoa
que receber uma.
Idem 130:6–11

Dentro da teologia do Antigo Testamento, uma posição muito comum, é que Urim e
Tumim signifiquem “luzes e perfeições”. Também é aceitável a posição alegórica como
significando “revelação e verdade”, ou “doutrina e verdade”, aparece nesta mesma
forma na Vulgata.
As roupas que Deus havia ordenado que se confeccionassem para o sumo sacerdote
(Êxodo 28.30; Levítico 8.8), estavam ligadas à dois objetos chamados de Urim e Tumim
(presume-se que eram duas pedras, embora alguns acreditem que fosse um único objeto)

A expressão “Urim e Tumim” significa “Luz e Perfeição”.


Não sabemos com certeza o que eram esses objetos, mas
sabemos que estavam relacionados ao peitoral e eram
utilizados para obter orientações do Senhor (1 Samuel 28:6)
________________________________________________
MACDONALD William; Commentary; 2011, Antigo Testamento pág.75

No hebraico, ambas as palavras estão no plural, pois geralmente “im” é um sufixo em


hebraico para formar plural (como em “Elohim”, plural de El – Deus).

35
Em todas as referências bíblicas, as palavras Urim e Tumim ocorrem juntas, com
exceção de Números 27:21 e em 1Samuel 28:6, mencionado apenas o Urim, razão
porque alguns deduzem tratar-se na verdade de um único objeto com dois nomes.

Com o exílio babilônico, o uso do Urim e Tumim tornou-se muito raro. Nos dias de
Jesus e dos apóstolos já não se ouve mais falar destes objetos, deduzimos que seu uso
tinha se tornado obsoleto, embora mesmo no início da igreja, vemos o “lançar de sortes”
(Atos 1:26). Todavia, neste caso, não devemos pensar que se tratava do Urim e Tumim,
pois seu uso era restrito aos sacerdotes. Em nenhum momento os cristãos recorrem ao
uso daqueles objetos sagrados. Esse foi o único caso de ser lançado sortes para
consultar ao Senhor, no Novo testamento.

Antigamente, por meio dos profetas, Deus falou muitas


vezes e de muitas maneiras aos nossos antepassados, mas
nestes últimos tempos ele nos falou por meio do seu Filho
(Hebreus 1:1,2 NTLH)

Deus se revelou de muitas maneiras no passado, pois a revelação de Deus é


“progressiva”, Ele revelou vários aspectos da Sua vontade e plano geral para a
humanidade em diferentes períodos de tempo e certas verdades contidas nas Escrituras
não foram totalmente reveladas por Deus para algumas gerações. Não é porque ele
usou uma jumenta (Números 22) uma sarça ardente (Êxodo 3) ou Anjos (Gênesis 18)
que esse método se torna padrão para o cristianismo em nossos dias. Toda a Escritura
é inspirada por Deus e proveitosa para ministrar a verdade, para repreender o mal,
para corrigir os erros e para ensinar a maneira certa de viver; (2 Timóteo 3:16) A
bíblia é o padrão da revelação de Deus e não a bibliomancia, um método de sorte.

Sólon Lopes Pereira, foi membro ativo da ICM por vinte anos, tendo o cargo de pastor
da igreja por cinco, em 2013, após o seu desligamento escreve com muita propriedade
um artigo bem extenso sobre a bibliomancia, refutando essa crença, leiamos uma parte
de sua explanação:

“Por essa prática (da bibliomancia), Deus tem que ficar à disposição do homem,
em todo o tempo, para respondê-lo na hora que ele desejar e sobre qualquer
assunto, mesmo que a matéria esteja previamente revelada e autorizada pela
palavra de Deus.
Por exemplo, a bíblia nos ensina que a decisão do batismo nas águas é do
homem que deseja ser batizado, bastando apenas que ele tenha sido devidamente
informado sobre quem é Jesus (vida, obra e proposta de salvação) e esteja
convencido de que é isso que ele deseja para si.
Mesmo assim, a igreja bibliomântica utiliza critérios outros que podem impedir
o batismo. E mesmo depois de atendidos os citados critérios o homem ainda não

36
pode ser batizado. Ele tem que passar por uma “consulta à palavra de Deus” para
que se tenha a autorização divina de seu batismo.

Outro exemplo: a mulher que deseja se batizar na igreja bibliomântica, mas que
utilize calça comprida, simplesmente não terá seu nome submetido à “consulta”,
mesmo que ela atenda aos critérios bíblicos para ser batizada. Depois que ela
passar a vestir somente saia ou vestido é que será considerada apta ao crivo da
“consulta à palavra de Deus” para saber se Deus permite que ela seja batizada.
Evidentemente, isso não confere com os ensinamentos bíblicos sobre o assunto,
vejamos:
“Então, o eunuco disse a Filipe: Peço-te que me expliques a quem se refere o
profeta. Fala de si mesmo ou de algum outro? 35 Então, Filipe explicou; e,
começando por esta passagem da Escritura, anunciou-lhe a Jesus. Seguindo eles
caminho fora, chegando a certo lugar onde havia água, disse o eunuco: Eis aqui
água; que impede que seja eu batizado? Filipe respondeu: É lícito, se crês de
todo o coração. E, respondendo ele, disse: Creio que Jesus Cristo é o Filho de
Deus. Então, mandou parar o carro, ambos desceram à água, e Filipe batizou o
eunuco.” (Atos 8:34-38 RA)
Assim, pelo método criado pela Igreja bibliomântica, o critério bíblico
“revelado e explícito” não é suficiente. A palavra de Deus perde
completamente o seu valor neste caso."
_______________________________________________________________
Por Pr. Sólon Lopes Pereira; Texto extraído do site www.celeiros.com.br Maio / 2013 (Grifo meu)

A bibliomancia, chamada por eles de “momento de busca” é somente mais um


misticismo da igreja moderna, uma “novidade”, e de uma certa forma, um método de
manipular uma verdade já revelada como escrevi anteriormente.

Devemos aceitar as orientações de Deus já reveladas nas escrituras, aliás, se Deus já


revelou algo, por que buscar outra revelação? Nem sempre um cristão vai ter uma
resposta imediata, o salmista Davi teve a mesma sensação quando fez essa oração:
“Senhor, por que estás tão longe? Por que te escondes em tempos de angústia”?
(Salmos 10:1) e nem sempre um cristão terá seus pedidos atendidos por Deus da forma
como quer, assim como aconteceu com Paulo, quando pediu em oração “três vezes ao
Senhor para que Ele retirasse seu ‘espinho na carne’, e Deus disse: A minha graça te
basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza” (2 Coríntios 12:8,9).
Deus é soberano, ele faz o que quer com seu servo, e cabe a nós apenas aceitar e o
desafio é não ficar ansioso (Filipenses 4:6-8) e “Dando sempre graças por tudo a nosso
Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo” (Efésios 5:20).
Nem tudo que o homem deseja saber, Deus vai revelar a ele:
As coisas encobertas pertencem ao Senhor nosso Deus, porém as reveladas nos
pertencem a nós e a nossos filhos para sempre, para que cumpramos todas as
palavras desta lei.
(Deuteronômio 29:29 ACF)

37
Esse texto deveria fazer o icemita a ver a Maranata em uma perspectiva mais
transparente. Nem tudo do Senhor é revelado, há muitas coisas que só é do
conhecimento Dele e não é para nós exposto.
O erudito Adam Clarke já comentara:

[…]"O que Deus achou apropriado revelar, ele revelou; o que ele revelou
é essencial para o bem-estar do homem, e essa revelação não é pretendida
apenas para o tempo presente, nem para um povo, mas para todas as
gerações seguintes. As coisas que ele não revelou não dizem respeito ao
homem, mas somente a Deus e, portanto, não devem ser consultadas.
Assim, então, as coisas que estão escondidas pertencem ao Senhor,
aquelas que são reveladas pertencem a nós e aos nossos filhos.[...] Os
judeus sempre consideraram esses versículos como contendo assuntos da
mais alta importância para eles, e colocaram marcas no original ‫לנו‬
‫ ולבנינו‬lanu ulebaneynu, "para nós e para nossos filhos", a fim de fixar
a atenção do leitor em verdades que os afetam individualmente, e não
apenas, mas toda a sua posteridade.
__________________________________________________________
CLARKE Adam; Commentary Deuteronomy 29 (Em inglês, retirado do site
studylight.org/ Grifo meu)

Deus não está preso às escrituras, Ele é o Deus todo poderoso, a Bíblia é o
conhecimento de Deus limitado a nós.
Deus é conhecedor de tudo e sobre tudo, e a Bíblia não revela todo o conhecimento de
Deus; Ela não caberia no mundo. Mas tudo o que ela revela é para nós.

É possível ter um amplo conhecimento da vontade desiderativa de Deus; ela é revelada


em suas emoções, ações, instruções e providência. Podemos descobrir o que Deus
deseja de nós e para nós ao estudar o seu caráter e os seus preceitos. Quando
discernirmos a vontade de Deus dessas maneiras, deveríamos ser levados a servi-lo
com gratidão e sinceridade.
Interessante que as pregações e aulas nas ICM’s são insistentemente no Velho
Testamento; e, por consequência, ignoram, quase que por completo os ensinos e
fundamentos das cartas no Novo Testamento.
Para os icemitas, essa prática é qualificada como “espiritual”, mas na realidade, não é
uma prática honesta e bíblica, será que realmente o Senhor Deus deseja que suas
Sagradas Escrituras sejam ignoradas e se torne objeto místico de lançamento de sortes?

Os sinceros cristãos na ICM são imaturos na fé e com pouco conteúdo teológico em


sua bagagem, já que a igreja não incentiva teologia e os poucos que se arriscam, são
discriminados diretamente ou indiretamente através de pregações públicas, cujo um
dom convenientemente será recebido previamente no culto profético; Frases de efeito
similares à essas são muito comuns: “Está caindo ,está na letra, está na quarta

38
medida”, enfatizando que o membro está estudando teologia, logo não precisa dos dons
revelados (somente dentro) da ICM.

Já no caso de um obreiro ou diácono que se atreva a fazer um curso de teologia, o


mesmo é retirado do cargo para cair no ostracismo, mas o fato é que em conversas
informais com ex icemitas, foi-me revelado casos de membros que ao estudar teologia,
se sentiram na obrigação de sair da ICM pois não podiam “compactuar com tanta
mentira”_ essas foram exatamente as palavras de um ex icemita ditas à mim.

Excluíram a teologia e praticam o exclusivismo

Quando indagados sobre seu credo, muitos têm dificuldades em apontar nas escrituras
textos objetivos que respalde sua fé e solidifique suas doutrinas tornando esta
acachapante, mas pelo contrário, parece-nos que suas crenças são muito frágeis e
facilmente refutáveis.
Embora na teoria exista uma certa teologia para os pastores, como podemos ler:

O curso de doutrinas bíblicas visa oferecer aos pastores, diáconos,


obreiros e demais membros, o aprofundamento no conhecimento da
palavra de Deus. O conteúdo programático irá proporcionar aos
participantes uma melhor compreensão da palavra de Deus. O objetivo é
possibilitar uma instrumentalidade na obra do Senhor.
__________________________________________________________
Revista: Vem Maranata; 50 anos_edição especial Março de 2018 pág. 21 (Grifo meu)

O “aprofundamento no conhecimento da palavra de Deus” citado no texto, o que seria,


caro leitor? Sabemos que nos aprofundamos na palavra de Deus examinando as
escrituras.
Na prática, o que se vê nos Maanains ou até mesmo no Instituto Bíblico
(www.institutoicm.org.br) são ensinos baseados em profecias e em novas revelações
negando o conteúdo bíblico e o próprio presidente da ICM, Gedelti Gueiros disse uma
certa vez:

“Nós não usamos estudo bíblico! Estudo bíblico não é nosso ministério.
O nosso ministério é revelação, então os movimentos fazem estudos
bíblicos, eles pegam um texto e começam a esmiuçar aquele texto; repetir
aquele texto; aplicar uma palavra literalmente naquele texto. Nós não,
vamos naquilo que vai além da letra”
__________________________________________________________
(Estudo MAANAIN vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=qZYeXkiHeaM&t=565s minuto
17:05)

39
Há alguns anos a própria liderança das igrejas locais eram as responsáveis por levarem
os estudos bíblicos. Separavam as crianças e adolescentes em uma sala anexo ao templo
e os próprios pastores ou diáconos levavam a palavra à congregação. Não sei precisar
a data, mas por volta de 2010 fora implantado o sistema via satélite para transmissões
simultâneas de reuniões e seminários.

No início, não era obrigatório fazer a transmissão das mensagens nas EBD’s ou cultos
especiais, mas atualmente se tornou obrigatório esse sistema de cultos, com certa
semelhança a homilia católica, ou seja, todas as igrejas devem transmitir a mesma
mensagem para toda congregação através do “telão”, e “novas revelações, novas
doutrinas, novas orientações, nova dinâmica da Obra” é ali apresentado para todos os
membros, geralmente é Gedelti ou alguém do “alto clero” quem conduz os estudos,
mas muitos pastores não concordam com esse método, mesmo assim transmitem, caso
contrário, o pastor estará sujeito a perder seu cargo na igreja.

O sistema de transmissões via satélite tem alcance continental, possibilitando o


recebimento das transmissões em vários continentes do mundo, exemplo: Continente
americano, Europa Ocidental e partes da Europa, partes do continente africano, asiático,
Europa Oriental (incluindo Rússia Europeia e sua parte oriental) e Oriente Médio,
existem pontos de retransmissão de sinal em Portugal, Ucrânia e Bielorrússia.

“A maioria das Igrejas possui uma antena parabólica e um receptor,


conectados a um projetor de imagens e ao sistema de áudio do
templo, com o objetivo de transmitir um mesmo ensino a todas as
Igrejas conectadas.” (WIKIPÉDIA)

Com esse método de pregação através do satélite, fogem da realidade bíblica. Um


sermão deve ser preparado para o público de acordo com a necessidade do ouvinte.

Paulo quando enviou sua carta à igreja da Galácia tratou sobre um tema principal que
é o da “liberdade dos cristãos”, a importância de andar no Espírito (Gálatas 5:16),
correlacionando ao cumprimento das complexas prescrições do Judaísmo. Alguns
pensavam que era necessária a observância da Lei de Moisés e de suas tradições orais
para a salvação. Entretanto, sua epístola à igreja em Tessalônica, trata
fundamentalmente da Parusia, ou segunda vinda de Cristo e da ressurreição dos mortos.
Paulo entendia que cada igreja tinha seus problemas doutrinários, suas próprias dúvidas
e um contexto diferente entre si.

O problema da igreja da Galácia era o desconhecimento sobre a aplicação da Lei de


Moisés naqueles dias, agora, se Paulo escrevesse para a Igreja da Galácia sobre a volta
de Jesus e para a igreja de Tessalônica ele escrevesse sobre Lei e graça, seus escritos
não teriam a mesma eficácia, embora todos os assuntos sobre a pessoa de Deus e suas
vontades são de fato de nosso interesse, mesmo assim, é importante que a mensagem
bíblica seja em primazia uma que edifique diretamente a igreja naquele momento,
assim como vemos nas cartas apostólicas.

40
Não seria muito eficaz por exemplo, um pregador levar uma mensagem no livro de
Cantares de Salomão à igreja que se encontra em um país onde há perseguição extrema
contra cristãos. Não estou afirmando com isso que os escritos de Salomão não mereça
ser compartilhada com aqueles ouvintes, todavia é crucial que aquela igreja seja
despertada, exortada e orientada à realidade que vivem no momento.

Um sermão à uma igreja deve ser bem preparada através de estudos e muita oração,
pedindo um norte ao Deus para que Ele revele o impacto preciso de sua palavra já
escrita.

Os estudos são rasos e ineficientes, similares à escolinha bíblica de férias, com a adição
de profecias, novas revelações e torção de textos são bem comuns nessas reuniões.
Usam muitas alegorias, por exemplo, lendo sobre a luta de Davi contra Golias
(1Samuel 17), os professores vão ensinar que Golias o filisteu era o inimigo da ‘Obra’
(ICM) e Davi sendo jovem, mesmo assim era um guerreiro valente (1 Samuel 16:18) e
derrotou Golias (Davi representa a Obra-ICM). Sempre as aulas são nessa linha
alegórica, colocando a Obra em toda a escritura.

A ICM é totalmente contra a teologia, um icemita sincero comprovará essa minha


afirmação.
A palavra teologia vem do latim “Theologia”, que é formada a partir da junção de
‘Theos’ (Deus) e ‘Logos’ (estudo de). Essa é basicamente a definição do que é teologia.
A teologia no sentido acadêmico, não é o único caminho que leva a pessoa a Deus,
nenhum teólogo cristão afirmaria tal heresia, pois a salvação é dado de graça e por fé
na pessoa de Jesus (Efésios 2:8), se a salvação fosse dada através de conhecimentos
bíblicos, ela se daria por obras (Efésios 2:9) e isso é inadmissível dentro do campo da
soteriologia (doutrina da salvação dos homens) mas é fato que é uma peça importante
no cristianismo, pois conhecer as vontades de Deus e sua pessoa de forma correta,
prontamente o estudante eliminará as mentiras, enganos, heresias que porventura se
apresentarem de alguma forma diante dele.
A teologia em si não é uma obrigatoriedade no cristianismo, não são todos os crentes
que precisam passar anos se dedicando em um curso teológico em uma faculdade, não
estou afirmando isso, tampouco algum mestre cristão afirmará; todavia, precisamos
deixar muito bem enfatizado a importância do conhecimento correto das doutrinas
bíblicas.

Perguntas para você, caro leitor: És trinitário, anti-trinitário ou unicista? Saberia me


dizer o que é e como definir a Trindade bíblica? A ICM tem uma boa Eclesiologia,
sabes o que é isso? Se uma pessoa perguntar qual a teologia mais precisa, o Calvinismo
ou Arminianismo, você saberia responder?
Essas perguntas são apenas para ilustração da importância da teologia, pois ela é quem
vai tratar os termos, definições, história e semântica das doutrinas do cristianismo
desde a igreja primitiva, claro, não se esquecendo do Antigo Testamento e todo
desdobramento dentro do Judaísmo.
41
Diante dessa explanação, deixo alguns textos para o icemita meditar sobre a
importância de conhecer as escrituras com justeza, não de forma negligente.

Porque desde criança você conhece as sagradas letras, que


são capazes de torná-lo sábio para a salvação mediante a fé
em Cristo Jesus. Toda a Escritura é inspirada por Deus e
útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e
para a instrução na justiça, para que o homem de Deus
seja apto e plenamente preparado para toda boa obra.
(2 Timóteo 3:15-17 NVI)

Os bereanos eram mais nobres do que os tessalonicenses,


porquanto, receberam a mensagem com vívido interesse, e
dedicaram-se ao estudo diário das Escrituras, com o
propósito de avaliar se tudo correspondia à verdade.
(Atos dos Apóstolos 17:11 KJA)

Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não


tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da
verdade.
(2 Timóteo 2:15 ACF)

Jesus respondeu: "Vocês estão enganados!, pois não


conhecem as Escrituras nem o poder de Deus!
(Marcos 12:24 NVI)

Enquanto aguardas a minha chegada, aplica-te à leitura, à


exortação e ao ensino.
(1 Timóteo 4:13 KJA)

Pois tudo o que foi escrito no passado, foi escrito para nos
ensinar, de forma que, por meio da perseverança e do bom
ânimo procedentes das Escrituras, mantenhamos a nossa
esperança.
(Romanos 15:4 NVI)

Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados


em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos
homens que com astúcia enganam fraudulosamente.

(Efésios 4:14 ACF)

42
Pelo que percebo, a ICM doutrina seus fiéis com uma rigidez ditatorial e responde os
questionamentos dos fiéis com um relativo: “Foi revelado”! Além disso, as constantes
repetições de termos icemitas, fazem encucar dislates sectários oriundos da mente de
Gedelti Gueiros e do alto clero da ICM_ “Uma mentira repetida mil vezes torna-se
verdade”_ Essa frase atribuída a Joseph Goebbels, Ministro da Propaganda na
Alemanha Nazista, já se tornou um jargão popular em nossos dias resume bem o tipo
de teologia icemita. Vejamos:

Vivemos o início da igreja como fruto de um despertamento espiritual que


atingiu diversos grupos evangélicos tradicionais e pentecostais,
coincidente com o movimento carismático e que nos despertou para
buscar uma maior intimidade com Deus por meio do batismo com o
Espírito Santo e dons espirituais como experiência de fé pessoal e
dinâmica, sem fugir dos princípios bíblicos do novo Testamento e de toda
a escritura Sagrada.
A conceituação de fé baseada em filosofia, teologia, ideologia, perdeu
em nós um pouco de sua grande influência, nos conduzindo a um
evangelho de maior simplicidade e experiências, de mais comunhão
com Deus, sem a preocupação de qualquer tipo de confronto, já que nossa
preocupação era e continua a ser a de não mudar a verdade.
__________________________________________________________
(Revista: Vem Maranata; 50 anos_edição especial Março de 2018 pág. 15 grifo meu)

Esse pequeno trecho da revista Vem Maranata, traz alguns fatos implícitos, que só fica
claro para quem conhece o modus operandi desse movimento.

A afirmação: “Vivemos o início da igreja como fruto de um despertamento espiritual


[…] que nos despertou para buscar uma maior intimidade com Deus por meio do
batismo com o Espírito Santo e dons espirituais”.
As palavras: “Vivemos/ nos despertou”, está escrito de uma forma que demonstra uma
pluralidade, colocando a ICM junto a outras denominações evangélicas, tanto que
também lemos: “diversos grupos evangélicos tradicionais e pentecostais”, no mesmo
bojo desse suposto “despertamento espiritual” que Gedelti afirma ter ocorrido há uns
50 anos (início da ICM).

Mas o fato é que essa forma de associar a ICM à outras denominações é apenas um
engodo para não chocar o ouvinte/leitor dos materiais dela, pois esse movimento é
exclusivista e sectário, não aceitando associação de forma nenhuma com outros grupos
cristãos.

Em tese todas as denominações cristãs, existem cristãos genuínos. Mas na prática, a


ICM rejeita os ex membros que se desligaram para reunir em outro grupo cristão,
condenando-os como “caídos”, em outras palavras, perderam a salvação.

43
“Esse é o problema dos que caem! Pensam que o Espírito Santo… E
outros que querem acompanhar, pensam que o Espírito Santo está com
aquele ministério...Abandone isso! Deixe pra lá.. caiu, caiu, foi para lá,
deixa ir embora! Ele escolheu o que queria. Ele abandonou a coisa mais
preciosa. […] A linha do Espírito é muito séria e as pessoas pensam que
mudando de lugar tá tudo bem”
__________________________________________________________
Gedelti Gueiros; Mensagem (A partir do minuto 01:13); arquivo:
https://www.youtube.com/watch?v=cP6XgxNNyeY

Essa mensagem de Gedelti Gueiros escâncara a prática sectária, chamando os cristãos


que saíram da ICM de “caídos”, sem pestanejar. É de conhecimento geral no que se
refere ao contexto icemita que há repetições de Jargões pejorativos direcionados a
cristãos de outras denominações. São os não-icemitas chamados de: Movimento,
primos, religião, mescla, eles, movimento religioso, caídos, seita, fracos, ovelha
desgarrada, sambalates, esses são alguns jargões em referência aos não-icemitas,
porém termos em deferência a ICM são estes: A igreja fiel, noiva do Cordeiro, povo
fiel, povo santo, Obra revelada, igreja remida, mordomos de Deus, e outros.
Não se engane, a ICM não tem comunhão alguma com membros de outras
denominações.

Voltando ao texto da Revista Vem Maranta que diz: “A conceituação de fé baseada em


filosofia, teologia, ideologia, perdeu em nós um pouco de sua grande influência”...
Possivelmente a maioria das pessoas ao ler esse trecho, não perceberam o que o autor
quis dizer.
A ICM é uma igreja dissidente da IPB (Igreja Presbiteriana do Brasil) há 50 anos houve
um embate por parte da família Gueiros, lutando para dominar ditatorialmente aquela
IPB de Vilha Velha, essa luta se arrastou alguns anos e Joel Ribeiro Brinco descreve
com excelência esse episódio histórico em seu livro, que apresentarei adiante. Todo
aquele embate, é tratado por Gedelti como uma “luta para o avivamento” mas esse fato
não foi assim. A Maranata geralmente omite que ela é uma dissidência da IPB, parece
que isso é um mero detalhe.

Continua :...“nos conduzindo a um evangelho de maior simplicidade e experiências,


de mais comunhão com Deus, sem a preocupação de qualquer tipo de confronto, já
que nossa preocupação era e continua a ser a de não mudar a verdade.”

Como havia escrito: “uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade”, assim é a
forma de manipulação do alto clero da ICM, repetições de inverdades, até que se
tornem uma verdade. Os jargões diversos na ICM são para encucar na mente dos seus
fiéis os enganos. Quando Gedelti diz: “A conceituação de fé baseada em filosofia,
teologia, ideologia” está implicitamente acusando as outras denominações (e
principalmente a IPB de Vilha Velha especificamente nesse contexto) de serem “caídas”
e igrejas carnais (estão na Quarta medida), pois não dão valor às “profecias”, mas sim
em teologia.

44
Uma palavra que Gedelti usa muito é FILOSOFIA, repetida 43 vezes no livro
“Resumo Histórico e Profético volume II”, um livreto de 48 páginas, mas em todas as
outras obras consultadas por mim vi o mesmo termo escrito. De certa forma, Gedelti
acusa todos aqueles que estudam as escrituras de seguir a linha da Filosofia, no sentido
de “amor pela sabedoria”, e segue dizendo: “nos conduzindo a um evangelho de maior
simplicidade e experiências, de mais comunhão com Deus”_ A Resposta das diversas
dúvidas a respeito da ausência de estudos sistemáticos da bíblia sagrada é essa: “Somos
simples e Deus quer que sejamos simples”/ “Temos experiências com Deus”_ Isso é
apenas um sofisma, ou seja, um argumento ilusório que tem por objetivo de produzir
uma verdade, pois uma pessoa que estuda a bíblia seriamente, não pode ter humildade
e comunhão sincera com Deus? Ou devemos nos tornar ignorantes de tudo para passar
a enxergar as verdades das escrituras? Paulo, Pedro, João e outros, não eram bons
conhecedores do Judaísmo e todo o Antigo Testamento, eles tinham humildade e
comunhão com Deus?

A frase que lemos acima no artigo da Revista Vem Maranata: “...sem a preocupação
de qualquer tipo de confronto, já que nossa preocupação era e continua a ser a de
não mudar a verdade”... Corresponde bem do porquê a Maranata não esclarece
objeções dos seus opositores. Não participam de debates, não produzem materiais
teológicos e apologéticos, visto que se produzissem os tais, deveria existir dentro da
ICM responsáveis para dar as devidas respostas a eventuais objeções das pessoas que
não entenderam os estudos em seus materiais.

Certa vez, uma pessoa que se intitulou ex pastor da ICM, publicou um texto em um
grupo no Facebook, desafiando para um debate bíblico qualquer membro ou pastor da
ICM para responder questões levantados por ele sobre a doutrina da “Quinta Medida”,
não obteve sucesso, o que vi foram várias críticas de pessoas defendendo a Maranata e
desqualificando ele como debatedor, chamando de “Caído”, “Carnal” e dizendo que
eles não têm obrigação alguma em defender uma “verdade revelada”.
Só repetiram o que ouviram ano-após-ano nos Maanains, categorizado a ICM em um
movimento fideísta.
Fideísmo termo derivado do latim fides; fé. É uma prática religiosa que prega que as
verdades, morais, sagradas, vida pós-morte são inalcançáveis através da razão, e só
serão compreendidas por intermédio da fé. Rejeita o emprego da razão para o exercício
da fé, ou seja, prega que a crença religiosa não deve ser apoiada pela razão.
Ensinam que o único atributo de que necessitamos é a fé, nada mais. Os fideístas
procuram se esquivar de qualquer tipo de argumentação, para que possam apoiar sua
fé em Deus sem qualquer tipo de racionalização.
Porém, esta corrente teológica é flagrada em aparente contradição quando utiliza a
própria razão para expor sua doutrina e depois negar seu emprego em questões de fé.

No fideísmo, não há necessidade de conhecimento teológico, a única explicação é


“acreditamos que é assim”, método comum na ICM “Foi revelado”.

45
A ICM não é uma igreja bíblica, mas sim fideísta, e a constante repetição de jargões
se torna numa espécie de lavagem cerebral, usando a “teologia do medo”, como vi
recentemente em uma pregação que dizia: “Cristo está voltando, vai buscar sua igreja...
muitos vão ficar, porque não estão vindo na escola dominical e preferem ficar em casa
dormindo”. O medo faz com que o indivíduo fique suscetível aceitar a proteção de
qualquer “herói”; A bíblia não nos ensina a teologia do medo, mas sim do amor.

Vemos esse método em muitas áreas de nossa vida: O medo de perder o emprego faz
uma pessoa prestar horas extras e outras funções, sem aumento de salário por parte da
empresa. Nas eleições para presidente é muito comum candidatos causarem pânico nos
eleitores, afirmando que alguma catástrofe no país ocorrerá caso o tal candidato ganhe
as eleições.
A igreja na idade média recebia fortunas e terras de pessoas por medo de pestilências
e pragas e durante a Idade Média o clero passou a controlar grande parte dos territórios
feudais. Testemunhas de Jeová ganharam muitos membros ensinando que a “Guerra do
Armagedom” estava próxima. No século XIX, próximo a 1840, muitos cristãos norte-
americanos doaram seus bens à parentes, amigos e suponho que não foram poucos os
que desesperadamente resolveram suas contendas pessoais e pecados, acreditando que
a vinda de cristo se daria no ano de 1843/44, esse grupo ficou conhecido como os
Milleritas.

Esse método da “teologia do medo”, é comum e muito antigo, usado costumeiramente


em igrejas neo-pentecostais, principalmente quando envolve o dízimo, ou seja, se o
sujeito não devolver o dízimo, o “devorador” vai acabar com a vida dele. Para isso,
manipulam o texto de Malaquias 3:10,11 de forma a passar medo no fiel.

As repetições de jargões na Maranata ao classificarem os ex icemitas, como: “Caídos,


mescla, primos, estão na quarta medida, estão na letra (distorcendo o texto de 2
Coríntios 3:6), quem sai não leva Jesus, nem o Espírito Santo”, esses termos em tom
ameaçador tem o propósito de colocar medo no fiel para que ele não saia da igreja. “Se
sair da Obra, cai” ou seja, automaticamente está perdido e condenado.

A ICM não se une a outras igrejas de forma alguma, não estou defendendo o
ecumenismo, mas sim afirmando que as igrejas genuinamente cristãs podem sim ter
comunhão. Eu mesmo já fui ver peça de teatro em outra denominação, já assisti cultos,
já entreguei sopas a moradores de rua com irmãos membros de outras denominações,
isso não é errado! Mas a ICM tem uma repulsa por outras denominações.

“A Igreja Cristã Maranata não ‘fala a mesma língua’ das demais denominações
legitimamente cristãs”.

Lembro de um natal; duas crianças estavam na sala, sentadas em cima de um tapete no


chão com um jogo de dominó esparramado por todo aquele cômodo. Elas fizeram do
dominó carrinhos, rampa, estrada, casinhas com garagem, avião, homenzinhos, se
divertiam muito com todas aquelas pedras, mas na realidade, não sabiam como usar
46
corretamente aquele jogo. Os adultos chegando para jogar, pediram para as crianças
apenas observar como se jogava, para aprenderem, mas como já era imaginado, as
crianças não gostaram de serem colocadas de lado.

Assim é na ICM, usam a bíblia como amuletos, emblemas, enfeites, mas o que vale
mesmo é a “revelação” extrabíblica, através dos dons imaginários.
O jogo dominó tem regras e estratégias, existe uma forma correta para jogar, não
obedecendo o regulamento não há nenhuma condição dos participantes interagirem
entre si, não há condições de usar o jogo da forma correta.
A Maranata não consegue ser uma unidade com as demais denominações, por não ser
uma igreja com padrões bíblicos, impossível a ICM concordar com as demais
denominações genuinamente cristãs, quando essas dão ensinos bíblicos em suas EBD’s,
automaticamente excluem ela como uma igreja co-irmã.

Suplico-vos, queridos irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo,


que concordeis uns com os outros no que falam, a fim de que não haja
entre vós divisões; antes, sejais totalmente unidos, sob uma mesma
disposição mental e no mesmo parecer.
(1 Coríntios 1:10 KJA)

De certa forma é por esse motivo que a ICM orienta seus membros a não visitarem
outras denominações, creio que as palavras mais corretas aqui seriam: “proíbem seus
membros de visitarem outras denominações”, pois há uma grande chance de um
membro conhecer algumas verdades bíblicas e optar por sair da ICM. Essa proibição
nem sempre é direta, como disse, ela vem em um sentido mais suave usando termos
como “aconselhamento”, mas é factual casos de membros atuantes na igreja que ao
visitar outras denominações, perderam seu cargo, e essa é uma atitude ditatorial de
seitas exclusivistas como as Testemunhas de Jeová.

Em uma circular do ano de 2010 lemos:

“[...] Por último, se alguém resolve sair do nosso meio, seja por exclusão
ou por decisão pessoal, sabemos que não levará Jesus, nem o Espírito
Santo, nem a igreja Fiel, e isto serve de advertência para que ninguém se
precipite, levados por enganos em decisões pessoais de terceiros,
irresponsáveis, em certos casos que levam à derrocada a vida espiritual”.
__________________________________________________________
10 junho 2010 Secretaria do Presbitério Espírito Santense da Igreja Cristã Maranata
CIRCULAR Comunicado 046/2010 (grifo meu)

Ao ler esta circular vemos claramente uma atitute sectária e exclusivista, não sei ao
certo os motivos que levaram membros sair da seita em 2010, mas tenho convicção de
que a liderança deveria resolver os problemas da igreja, não ameaçar os membros de
perderem a salvação quando se afastarem da ICM. A “levar a derrocada a vida
espiritual”, é o mesmo que ser destruído espiritualmente, perder a salvação, se tornar

47
um apóstata. Sair da ICM é o mesmo que perder a salvação, quem se atrever a sair da
seita “não levará Jesus, nem o Espírito Santo” com ele, portanto deverá ser um “servo
valente e fiel” e aguentar todos os escândalos e heresias que porventura surgirem
naquele meio. A ICM mantém seus membros presos dentro da sua Obra, não dando
qualquer liberdade cristã aos membros, Ora, o Senhor é o Espírito; e onde está o
Espírito do Senhor, aí há liberdade (2 Coríntios 3:17ACF)

Clamor pelo Sangue de Jesus

O Clamor pelo Sangue de Jesus é feito em todas as orações dentro dos cultos na ICM,
não apenas em cultos, mas em outras ocasiões, por exemplo: Se uma congregação for
em viagem para algum evento de ônibus, faz se o Clamor pelo sangue de Jesus. Durante
a viagem é comum se “renovar o Clamor”, de tempo em tempo oram novamente
Clamando pelo Sangue de Jesus e pedindo as bençãos sobre aquela viagem.
O Clamor pelo Sangue é um tipo de oração mais fervorosa e urgente.

Suponho que você conheça os serviços de transportes no Brasil chamado de SEDEX.


Uma pessoa quando precisa enviar um produto ao seu destino final e não tem tanta
urgência, pode muito bem enviar esse produto através do SEDEX “comum” ou até
mesmo por alguma empresa de transportes, mas se a pessoa tem urgência para que
aquele produto chegue ao seu destino final, então opta pelo envio no SEDEX 10, o
modo de entrega mais rápido, podendo chegar nas mãos do destinatário até 10 horas
depois da postagem.

Na prática, o Clamor pelo Sangue é um tipo de SEDEX 10, uma oração com fervor e
urgência. Pode parecer estranho a comparação, mas se faz necessário: Se dois
indivíduos orarem ao Senhor, um icemita “Clamando pelo Sangue” e um evangélico
orando como é de costume, a lógica icemita é que a oração que chega mais rápido na
presença do Senhor é a oração Clamando pelo Sangue de Jesus.

Esse não é um jargão de origem icemita, o seu início é atribuído aos pioneiros do
“movimento Palavra da Fé”.

A Palavra da fé é um movimento fortemente influenciado por um número de pastores


e professores, como Kenneth Hagin, Benny Hinn, Kenneth Copeland e outros.
O movimento Palavra da Fé cresceu a partir do movimento pentecostal no final do
século XX.
Kenneth Hagin, talvez o mais ilustre, estudou com EW Kenyon e fundou o “movimento
Palavra da Fé” e até hoje este movimento tem se alastrado no Brasil e no mundo todo.
“Um nome bastante conhecido é o R.R. Soares. Líder da Igreja Internacional da Graça
de Deus, responsável pela publicação da maioria dos livros de Kanneth Hagin no Brasil.
Outra pessoa que tem influenciado muitos no Brasil é o engenheiro Jorge Tadeu […] e
ele tem aparecido em programas evangélicos de TV” (como o de Valnice Milhomens)

48
e promovido conferências bastante concorridas em São Paulo. (ROMEIRO Paulo; Super
Crentes 1993 editora Mundo Cristão pág.20)

O que muitos não sabem é que o “Clamor pelo Sangue de Jesus” ou “Sangue de Jesus
tem poder” são tipos de jargões comum nesse movimento.

A Confissão Positiva é uma linha de interpretação da Bíblia e da relação das pessoas


com Deus. Essa teologia recebeu esse nome devido à doutrina de que ao declarar
(confessar) determinada coisa, o desejo está garantido, basta crer e esperar que se
cumpra. O fundamento da confissão positiva é o uso da fé, caracterizado com jargões
e termos peculiares.
Não há outra conclusão, a crença icemita do Clamor pelo Sangue, é mais uma
segmentação da antiga heresia da teologia do “Movimento da Palavra da Fé”.
Há semelhanças entre o clamor pelo sangue de ambos movimentos, precisamos
reconhecer, é necessário confessar com fé pelo sangue de Jesus e o Senhor atenderá o
pedido.

“A expressão ‘confissão positiva’ pode ser legitimamente interpretada de


várias maneiras. O mais significativo de tudo é que a expressão ‘confissão
positiva’ se refere literalmente a trazer à existência o que declaramos
com nossa boca, uma vez que a fé é uma confissão”.
__________________________________________________________
ROMEIRO Paulo; Super Crentes 1993 editora Mundo Cristão pág.6 (Grifo meu)

“É a crença em que o pensamento de uma pessoa é o fator primordial em


relação a suas circunstâncias. Só em ter pensamentos positivos todas as
influências e circunstâncias negativas serão vencidas.[...] Não faz muito
tempo às famosas frases de efeito no meio evangélico eram outras bem
menos danosas para a fé cristã, como, por exemplo: “O sangue de
Cristo tem poder” – nem sempre usada no contexto correto [...]”
_______________________________________________________________
COSTA JÚNIOR Antônio Pereira da ; para o site: monergismo.com;
Há realmente poder em nossas palavras? (Grifo meu)

Essas expressões ou jargões usados em igrejas neopentecostais normalmente são raízes


da distorção do verdadeiro evangelho, para ser mais exato, da renovação carismática
no final do século XX. Frases de efeito tipo: Sangue de Jesus tem poder, é uma
característica da crença no “poder da Palavra”, embora de fato exista a fé, e a fé pode
ser revelada através da fala (Mateus 21:21,22) todavia, não é somente pedindo ao
Senhor com fé, ou “Clamando pelo Sangue” que se obtêm sucesso na oração, pois
devemos pedir de acordo com Sua vontade, não ao nosso bel-prazer.

E esta é a segurança que temos para com Ele: que, se lhe fizermos
qualquer pedido, de acordo com a vontade de Deus, temos a certeza
de que Ele nos dá atenção.
(1 João 5:14 KJA)
49
Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos
deleites.
(Tiago 4:3 ACF)
Ao invés disso, deveriam dizer: "Se o Senhor quiser, viveremos e
faremos isto ou aquilo".
(Tiago 4:15 NVI)

Como um icemita fará um pedido a Deus “segundo Sua vontade”? Em primeiro lugar,
conhecendo a pessoa de Deus! Isso ocorre quando se estuda as escrituras. Viu como é
importante conhecer bem as escrituras bíblicas? Dar valor às palavras de Deus é ser
zeloso com Ele, já que Ele é zeloso conosco (Tito 2:12-14 Salmos 69:9 João 2:12-17)
e isso não é estar na carne, ou na letra, como afirmam.

Quando as pessoas falam de invocar o sangue de Jesus em oração, estão se referindo à


prática de reivindicar ou clamar o poder de Cristo sobre todo e qualquer problema
usando esse jargão: Clamo o sangue de Jesus.
Clamar o sangue de Jesus não tem base alguma nas Escrituras. Ninguém na Bíblia
clama o sangue de Cristo. Aqueles que clamam o sangue o fazem como se houvesse
algo de mágico, MÍSTICO naquelas palavras ou como se utilizá-las em oração fosse
algo mais poderoso. Este ensinamento nasce da visão equivocada e herética de que a
oração é realmente nada mais do que uma forma de manipular a Deus para conseguir
o que queremos, em vez de orar para que a Sua vontade seja feita.

Num trecho de um programa da Rádio Maanaim um dos principais pastores da ICM


conta como a doutrina do clamor pelo sangue de Jesus foi construída a partir de uma
revelação e admitindo que não havia base bíblica para essa doutrina.

“Mas, nós não entendíamos, doutrinariamente, biblicamente o porquê do


clamor... tava na bíblia. O Espírito Santo revelou que nós tínhamos que
clamar pelo sangue de Jesus, nós começamos a fazer até por obediência
a revelação porque os dons espirituais eram uma coisa, como sempre
foram, uma coisa muito forte nas experiências que vinham. Começamos
a fazer e funcionou! Mas nós não tínhamos uma base doutrinária que
definisse bem isso. Pastor Jonas começou a dar aulas nos seminários
nossos sobre o clamor pelo sangue, mas não tinha uma base. Muitos
pastores foram embora achando que nós éramos ...que aquilo era era
MÍSTICO, que era supersticioso clamar pelo sangue, sangue [...]”
_______________________________________________________________
Amadeu Lourenço; Rádio Maanain- Arquivo: Minuto 03:41
https://www.youtube.com/watch?v=5lTMm-kvn7M&t=271s

50
Pr Jonas Marques, que foi a grande influência sobre Gedelti enquanto ele ainda estava
na igreja Presbiteriana, o próprio nome “IGREJA CRISTÃ MARANATA” Gedelti
afirma que veio através de uma revelação dirigida a ele (Cf: Resumo Histórico, profético e
doutrinário; GUEIROS Gedelti; ICM volume I_ pág.37), este foi o principal divulgador dessa
doutrina sem base bíblica e que o próprio pastor Amadeu diz que eles não tinham uma
base doutrinária e que aquilo era MÍSTICO, que era supersticioso.

O Clamor pelo Sangue é uma doutrina que foi criada a partir de uma revelação
extrabíblica e progressivamente passou a “ser criada uma base bíblica” na tentativa de
responder as objeções, assim como é comum em seitas como o tal “Juizo investigativo”
no adventismo, a “Imaculada Conceição” no catolicismo, a proibição da transfusão de
sangue no jeovismo, o Clamor pelo Sangue de Jesus é mais uma doutrina criativa e
peculiar de uma liderança religiosa e uma prática fideísta.

No texto bíblico, sangue significa sacrifício para remissão de pecados, já que no Antigo
Testamento um animal era sacrificado para expiar o pecado do povo (Levítico 16), com
a morte de Jesus, o termo indica a morte expiatória do Salvador, assim também Cristo
foi oferecido em sacrifício uma única vez, para tirar os pecados de muitos (Hebreus
9:28) Ele foi entregue à morte para pagar todos os nossos pecados e ressuscitado para
nossa completa justificação (Romanos 4:25).
Não necessitamos Clamar pelo Sangue de Jesus o tempo todo, a oração é uma conversa
franca com Deus, um filho não se dirige a um pai com uma “chave introdutória de
conversa” toda vez que deseja falar com ele, apenas chega a ele e diz: “Pai preciso de
falar tal coisa...” Jesus disse sobre a oração:

"E quando vocês orarem, não sejam como os hipócritas. Eles gostam de
ficar orando em pé nas sinagogas e nas esquinas, a fim de serem vistos
pelos outros. Eu lhes asseguro que eles já receberam sua plena
recompensa.
Mas quando você orar, vá para seu quarto, feche a porta e ore a seu Pai,
que está no secreto. Então seu Pai, que vê no secreto, o recompensará.
E quando orarem, não fiquem sempre repetindo a mesma coisa, como
fazem os pagãos. Eles pensam que por muito falarem serão ouvidos.
Não sejam iguais a eles, porque o seu Pai sabe do que vocês precisam,
antes mesmo de o pedirem.
(Mateus 6:5-8 NVI)

Outra coisa interessante a observar é que uma heresia leva a produção de disparates
teológicos, por exemplo, para poder defender a prática da oração precedida pelo
Clamor pelo Sangue de Jesus como essencial para que esta chegue a Deus,
indiretamente a pessoa defende que apenas a oração da Maranata é ouvida por Deus.
Isso é um absurdo!
Se o icemita dizer que não é bem assim, ou seja, que Deus escuta todo tipo de oração,
então no ato pergunte para ele:_”Em um culto transmitido ao público, o que

51
aconteceria com um pastor se este orasse sem Clamar pelo sangue de Jesus?” Essa
pergunta derruba toda a tese de que Deus escuta toda oração, pois qualquer pessoa que
ora em público na ICM deve Clamar pelo Sangue antes da oração, caso ele se esqueça
(muito raro isso acontecer) outra pessoa interrompe a oração e Clama pelo Sangue, ou
pede para que se repita a oração, fazendo o Clamor dessa vez.
Por isso concluo que somente a ICM tem o tipo de oração verdadeira.

O que se ensina na Maranata é que o primeiro ato de um culto, é um “solene Clamor


pelo Sangue”, não pode ser feito depois do primeiro louvor, porque a porta da graça
não estaria aberta antes disso. E para comprovar o que estou afirmando transcreverei
uma fala do fundador e presidente da igreja, Gedelti Gueiros no seminário de
principiantes 18 de dezembro de 2004, na aula sobre o Clamor pelo Sangue de Jesus:

[…] “Muito bem! Então o clamor pelo Sangue de Jesus é isso. No começo
de cada culto nós fazemos… É o início de um culto onde todos entram
numa mesma comunhão. Se você na hora da oração quiser renovar o
clamor, você pode renovar, mas é até dispensável, na comunhão é
dispensável. Todas as vezes que você vai entrar na presença do Senhor
é pelo sangue. A porta da graça só se abre pelo sangue. É pelo sangue
que eu clamo agora eu não vou cantar um louvor antes não. Eu primeiro
clamo, depois canto louvor. Eu clamo porque é o meu momento de
comunhão, é ali que Deus abre as portas”.
__________________________________________________________
Gedelti Gueiros; Seminário de principiantes- Arquivo: Minuto 22:45
https://www.youtube.com/watch?v=5lTMm-kvn7M&t=271s

Então, se é só fazendo um Clamor que a porta da graça se abre, posso concluir que
todas as outras denominações evangélicas, ou qualquer outro grupo cristão em todo
mundo não teve sua oração ouvida ou seu culto foi direcionado a Deus.
Nenhum outro Cristão na história da igreja, anterior a Maranata fez uma oração que
foi levada a presença do Senhor, pois nunca se ouviu do tal Clamor pelo Sangue de
Jesus antes do século XX (movimento Palavra da Fé) e para ser bem mais preciso, em
outubro de 1967, com o surgimento da ICM. Foram mais de dois mil anos de orações
não ouvidas por Deus. Foram dois mil anos que a porta da graça esteve fechada para a
igreja, inclusive para os apóstolos de Jesus, enfim essa crença não faz algum sentido
bíblico.

A Salvação que a bíblia apresenta, sempre está associado a vinda do messias.


No Antigo Testamento, a salvação era baseada na fé em um messias que ainda
viria e um cordeiro era morto representando Ele (Cf Êxodo 12; Isaias 53; Compare
com Mateus 27; Lucas 23) Já no Novo Testamento, a salvação se dá por fé no messias
que já veio, o Senhor Jesus Cristo (João 3:16; 2 Timóteo 1:9)

O Senhor Jesus disse que as profecias messiânicas se referem a Ele. Ao ler Isaías na
sinagoga de Nazaré, Ele afirma: “Hoje se cumpre diante de vós esta escritura” (Lucas

52
4, 21). Aos fariseus que se recusavam a crer nele, Jesus diz: “Perscrutai as Escrituras,
já que nelas esperais ter a vida eterna; elas dão testemunho de mim” (João 5, 39).

A porta da graça é aberta a toda pessoa que é salva em Cristo Jesus:

Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com
que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos
vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos).
(Efésios 2:4-5 ARC)

Num dia ainda vindouro, a porta da graça será fechada.

Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e


achará pastagens.
(João 10:9 ACF)

Porfiai por entrar pela porta estreita; porque eu vos digo que muitos
procurarão entrar, e não poderão. Quando o pai de família se levantar e
cerrar a porta, e começardes, de fora, a bater à porta, dizendo: Senhor,
Senhor, abre-nos; e, respondendo ele, vos disser: Não sei de onde vós sois;
(Lucas 13:24,25 ACRF)

Essa aberrante doutrina extrabíblica do Clamor pelo Sangue, faz com que os
seminaristas da ICM criem absurdos nada-teológicos, como essa frase de Daniel
Moreira:

[…] “Com relação agora ao corpo biológico. O Espírito Santo é a


figura de quem? Do sangue. Então quando eu Clamo pelo Sangue de
Jesus eu não estou Clamando por sangue biológico estou clamando pelo
Espírito Santo, estou Clamando pela vida que o Espírito Santo tem.
Estou clamando por todos os nutrientes e recursos que o Espírito Santo
tem para a minha vida espiritual”.[4]

Essa é apenas mais uma “gambiarra teológica” para poder enfiar a força o tal Clamor
pelo Sangue nas escrituras. Desta feita o Espírito Santo; Ruach (‫ )רוח‬em hebraico ou
Pneuma (πνεῦμα) em Grego, nos dois casos o termo está relacionado com “sopro, vento
ou respiração” de Deus e não há como ter sangue em algo imaterial, não-tangível, ou
seja, o Espírito Santo é ligado a pessoa de Deus, não a esse sangue que a ICM criou.

Mesmo afirmando que ele não está “Clamando por sangue biológico, mas sim pela
vida que o espírito tem”, ainda sim essa fala é mais uma “gambiarra teológica” na
tentativa de induzir o ouvinte a acreditar que essa crença é bíblica, porém é só mais
uma cria das revelações da mente dos icemitas do presbitério Espírito-santense. Deus

53
é espírito (João 4:24) e nele há vida mesmo sem sangue, mas foi manifestado em carne
(1 Timóteo 3:16) Jesus, estava no princípio com Deus (João 1:2), vivo, na eternidade,
mesmo sem estar encarnado em um corpo com sangue. Nessa aula nesse seminário,
mesmo sem ter a intenção, Moreira rebaixou Jesus e limitou Ele a um simples ser
humano preso em um corpo carnal.
Moreira apresenta uma argumentação que demonstra o total desconhecimento da
doutrina da Trindade clássica, embora a ICM afirme ser uma igreja trinitária, essa fala
dele só prova a minha assertiva desde o início sobre a QM: “...inexplicável,
insustentável e fantasiosa” -O Clamor pelo Sangue de Jesus igualmente, pois é mais
uma confecção fraudulenta, mas designado como profética, ou seja, através da Quinta
Medida.

Daniel Moreira ainda diz outra coisa que causa estranheza, nessa aula para defender o
tal Clamor, ele afirma que “sem o Espírito Santo não existe comunhão, mas sim
ajuntamento’’, até aqui talvez você concorde com essa fala, todavia se valendo dos
textos de Atos 2:42 e também 1 João 1:7 que diz: “temos comunhão uns com os outros,
e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado”; baseando nesses
textos, Moreira funde o Sangue de Jesus com o Espírito Santo e fica implícito que sem
o “Clamor pelo sangue de Jesus” não há comunhão na igreja.

“Meus irmãos, os dois textos que lemos, mostra com clareza que a
comunhão está associada à oração e corpo […] Quem revela Jesus? Nós
sabemos é o Espírito Santo. Então a comunhão queridos não é
simplesmente um sentimento de estar bem com Deus; a comunhão é
uma doutrina […] A comunhão é somente com a revelação de Jesus.
Se Jesus não se revela não há comunhão, há ajuntamento, há reunião,
mas se Jesus se revela é porque há comunhão […] que é uma ação, uma
operação, uma intervenção, uma ligação que o Espírito Santo faz do
homem da criança, do jovem, da senhora, da igreja com a eternidade. O
momento que nós vivemos, nós já temos aprendido já algum tempo é
o momento do profeticamente, é o momento do Breve” [5]
____________________________________________________________________
Daniel Moreira_ Seminário: “A comunhão e o clamor pelo sangue de Jesus”; Maranatha of
Orlando, Fl; 3° aula Arquivo: https://www.youtube.com/watch?v=CdO21oxBQOs [4] e [5]

Notemos alguns detalhes sobre os textos apresentados (Atos 2:42 e 1 João 1:7):
Os textos não ensinam que devemos ficar repetindo o jargão “Clamor pelo Sangue”.
Os textos não ensinam que a comunhão só se dá “Clamando pelo Sangue”, mas diz
que “se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros”
e a luz pode ser vários tipos:
1-A palavra de Deus, ou seja, a bíblia é a luz para nosso caminho (Salmos
119:105)
2-Jesus é a luz do mundo (João 8:12)

54
3-Deus é a Luz e salvação (Salmos 27:1; 1 João 1:5)
4-Paulo e Barnabé foram luz para os gentios (Atos 13:46)
5-Vós sois a luz do mundo (Mateus 5:14)
6-Boas obras são iluminadas pela luz (Mateus 5:15-16)
7-Com ele mora a luz (Daniel 2:22)
8-A exposição das palavras de Deus dá luz (Salmos 119:130)
Diante desses textos percebemos que: “temos comunhão uns com os outros se
andarmos na luz”- e essa Luz é tudo que engloba nossa Salvação (Sua Palavra, Deus,
Jesus e Espírito Santo).
Interessante que não existe uma verdadeira comunhão fora do que a bíblia apresenta,
pois ela é também é a chamada de Luz:

Lâmpada para os meus pés é tua palavra, e luz para o meu caminho.
(Salmos 119:105)

A verdade gera comunhão. Se os homens realmente andarem na luz, têm


comunhão uns com os outros. Nenhuma crença pode ser
autenticamente cristã se separar o homem de sua relação com os
demais.
Nenhuma igreja pode ser exclusiva e ao mesmo tempo ser a Igreja de
Cristo. A comunhão é a prova da realidade da verdade. Nada que destrua
a comunhão pode ser verdadeiro.
__________________________________________________________
BARCLAY Willian; Comentary 1 João; pág.36 (Grifo meu)

Parece contraditório um grupo que se diz “Obra Revelada” usar um texto que trata
sobre comunhão uns com os outros (1 João 1:7), mas este não entra em comunhão com
outros grupos cristãos. Isso mesmo, a ICM não se alia a outras genuínas denominações
cristãs para nenhum tipo de comunhão ou trabalho. Embora estou notando uma certa
mudança no comportamento da ICM desde 2017 (quando comecei minhas pesquisas),
mas no que se refere “comunhão”, continua a mesma, só se associam entre si e
continuam irredutíveis quanto a isso.

Quando Moreira disse que “A comunhão é somente com a revelação de Jesus. Se Jesus
não se revela não há comunhão, há ajuntamento, há reunião, mas se Jesus se revela é
porque há comunhão”, certamente estava se referindo a QM, ou seja, só existe
comunhão onde há “revelação”, e lembrando que somente na ICM que existe tal
revelação como já vimos.

E usando do silogismo nas confecções doutrinárias de Gedelti Gueiros, o presidente da


ICM, unindo com a fala de Moreira, vemos que ela é a única igreja verdadeira, pois só
ela está na Quinta Medida que expõe o mistério que vence a morte e ressuscita o
homem para a vida eterna, como afirmou Gedelti (Cf -A Quinta medida. Instituto bíblico

55
News, ano 1, n° 1 Jan. 2017 pág.3) e só ela tem o Clamor pelo Sangue de Jesus, que abre
a porta da Graça.
Além disso, também só existe comunhão verdadeira onde tem essa revelação que é a
QM, como ensinou Moreira em seu seminário.

E no final da transcrição da fala de Moreira: “O momento que nós vivemos, nós já


temos aprendido já algum tempo é o momento do profeticamente, é o momento do
Breve”, está se referindo apenas à ICM, que é a única igreja com 100% do culto
“revelado” na QM, a Obra que anuncia a volta de Jesus (Maranata).

O Clamor pelo Sangue de Jesus se tornou um termo banalizado e corriqueiro nas redes
sociais, virando até memes nas páginas de ex icemitas, até mesmo os próprios membros
usam desenfreadamente essa frase de forma cômica.

Jargões no meio cristão podem se tornar motivo de chacotas, lembro o quanto foi
banalizado “o sangue de Jesus tem poder”.
Na exibição da novela Avenida Brasil, da Rede Globo, de 11 de maio de 2012, uma
cena chamou bastante atenção. Foi durante um diálogo travado entre Carminha (atriz
Adriana Esteves) e Débora (atriz Nathalia Dill).
No início da conversa entre as duas personagens um dos assuntos foi sobre o
relacionamento entre Jorginho (ator Cauã Reymond) e Débora. Em dado momento
Carminha se empolga e diz que Débora é a nora de seus sonhos, mas esta mostra-se
um tanto incrédula e diz gostar de Jorginho, porém não sabe se é correspondida.
Carminha retruca: “Gosta. Ele foi enfeitiçado por essa bruxa, e feitiço, sabe o que a
gente faz? Quebra na marra. O Sangue de Jesus tem poder, minha filha!” e a
conversa prossegue.
Lamentavelmente logo após Carminha proferir a frase, o assunto acabou ganhando
destaque, sendo um dos principais que entraram na lista de “Trending Topics” (os 10
mais comentados) da rede social Twitter. Várias zombarias foram proferidas, referindo-
se ao “Sangue de Jesus”.

Muitos cristãos que não assistem novelas (o meu caso), rapidamente foram
surpreendidos por avalanches de memes e vídeos nas redes e tomaram conhecimento
do ocorrido.
Vários memes foram feitos na época e tweetado por muitos perfis famosos, sendo
retwittado (retransmitido) por dezenas de outros perfis.
A frase precisa ser erradicada do vocabulário de muitos cristãos. Como amuleto,
ela nunca surtirá efeito algum. Deverá ser usada apenas quando inserida no contexto
em que se refere ao perdão dos pecados, à salvação, à vida eterna.
Existe alguém que procura continuamente vilipendiar o Sangue de Jesus. É o nosso
principal adversário (1 Pedro 5:8 Efésios 6:11), o Diabo.

56
Como surgiu a Igreja Cristã Maranata?

A Igreja Cristã Maranata é uma Obra revelada_ Frase bombardeada para todos os
lados pela liderança e fiéis icemitas; mas será isso toda a verdade mesmo?

Sabemos que a verdade normalmente é “verificável”, ou seja, passada por testes e


comprovada de alguma forma. Mesmo que não comprovemos a totalidade de uma
afirmação, mas parte dela deveria ser verificada e comprovada se de fato é como foi
afirmada.

01- Um amigo narra para você um acidente de carro que ele testemunhou, conta com
detalhes todo o acontecimento. Na manhã seguinte, você escuta na padaria duas
pessoas conversando sobre o mesmo acidente, logo conclui que realmente aconteceu o
tal acidente. Nesse caso, não precisaria de todos os detalhes serem confirmados, pois
damos crédito as palavras de amigos.
Esse é apenas um exemplo modesto e hipotético de uma verdade “verificável”.

02- Outro exemplo, um caso real: Na cidade de San Diego, (nos EUA.), havia um culto
ufológico chamado Heaven's Gate. Fundada em 1974 por Marshall Applewhite e
Bonnie Nettles (conhecido como Bo e Bip).
Cerca de 40 membros suicidaram ao mesmo tempo.
Eles acreditavam que do outro lado do cometa Hale-Bopp se aproximava um OVNI.
Os membros deste culto criam que se eles morressem de uma maneira simultânea
coordenada com a chegada daquele cometa, suas almas seriam libertadas deste plano
terrestre pelos alienígenas daquela nave espacial.

Pois bem, como você verificaria e comprovaria essa religião? Você poderia ir para o
outro lado do cometa e ver se há um OVNI lá ou não? A resposta é não! Você não
poderia fazer isso.

Isso significa que você não pode comprovar se a religião deles é falsa ou verdadeira,
porque não há método de verificar as afirmações dos líderes dessa religião.
Isso é muito importante, porque a teologia deles não repousa sobre a realidade. Se eu
fosse inventar um falso sistema teológico e tentar obter conversos, não desejaria que
meu sistema pudesse ser provado como falso. Portanto, eu precisaria organizar uma
teologia de tal maneira que não poderia ser refutada e apelaria para o “espiritual ou o
profético”.

A Igreja Cristã Maranata é uma Obra revelada_ E como comprovaremos essa


afirmação tão repetida na ICM?

O meio mais simples de verificação se de fato a ICM é uma Obra revelada, seria
procurarmos na história como surgiu essa denominação. Se é verdade que ela é uma
denominação genuína, oriunda de uma revelação, as evidências falarão por si mesmas.

57
Se ao verificarmos na história que a ICM surge a partir de rompimento com outro grupo
(dissidência) e por motivos insignificantes ou pura vaidade, logo ela é mais outra seita
cristã e não há nada de “tão especial” nela.

Infelizmente há casos em que um cristão deveria sair de uma denominação, quando ela
está vivendo um falso evangelho, desvio de ofertas ou até mesmo uma liderança
corrompida em pecados e escândalos, creio que nesses casos, quando longe de serem
solucionados, um verdadeiro crente deveria se retirar deste grupo.
Um princípio bíblico muito importante é o afastamento do pecado:
Abstende-vos de toda a aparência do mal. (1 Tessalonicenses 5:22 ACF)

Lendo o Antigo testamento, verificamos as várias advertências ao povo de Israel para


saírem da cidade Babilônia, pois ela cometera muitos pecados contra o Senhor
(Jeremias 51:5), seria uma vingança pela destruição do seu Templo (verso11), por todo
o mal que fizera a Jerusalém (verso 24) e ela seria punida por isso (versos 6-9);
O Senhor Deus diz:

O meu povo grita assim: “O Senhor mostrou que estamos certos. Vamos
a Jerusalém contar ao povo o que o Senhor, nosso Deus, tem feito.
(Jeremias 51:10 NTLH)

Diante desse texto do profeta Jeremias, percebemos que Israel por um chamado de
Deus, saiu do meio da confusão religiosa, a Babilônia, pois ela seria destruída, e assim
aconteceu.

Israel permaneceu na presença e amor do Senhor em sua fortaleza- Sião (Jerusalém).


A Babilônia basicamente é um símbolo do Sistema, (ou o mundo): pecado, idolatria e
confiança no governo humano. No livro de Apocalipse, mesmo a cidade já destruída
no tempo do A.T., o “Sistema Babilônico” continua existindo e a advertência ao povo
de Deus também:

E ouvi outra voz do céu, que dizia: Sai dela, povo meu, para que não sejas
participante dos seus pecados, e para que não incorras nas suas pragas.
(Apocalipse 18:4 ACF)

Nesse contexto a meretriz, a grande Babilônia, representa exclusivamente um império


futuro que se levantará no fim dos tempos. Será a confederação da Besta, ou seja, o
sistema político e religioso do Anticristo que dominará o mundo. Logo, o uso do nome
Babilônia é apenas simbólico para se referir a esse governo futuro. Entretanto a
exortação para o afastamento do meio dessa confusão, por parte do povo de Deus,
continua valendo em nossos dias. Assim também, em uma denominação quando há
heresias escancaradas, confusão, governo humano corrompido, o povo de Deus deveria
sair desse meio.

58
Sabemos que em toda igreja local, existem diferenças de opiniões e posições teológicas
dos membros, pois somos seres humanos suscetíveis a erros, nos enganamos muitas
vezes e estamos em constante aprendizado. Porém essas diferenças de opiniões não são
suficientes para causar uma divisão em uma igreja, mas sim uma oportunidade de usar
o bom senso e sabedoria para lhe dar com situações de conflitos.

Os membros com mais sabedoria e conhecimento bíblico, são geralmente aqueles que
apazigua conflitos e tentam chegar a um denominador comum dentro da igreja,
evitando ao máximo divisões e rompimento de laços entre os membros mais sectários.
Paulo escreve:
“...quando vocês se reúnem como igreja, há divisões entre vocês, e até
certo ponto eu o creio.
Pois é necessário que haja divergências entre vocês, para que sejam
conhecidos quais dentre vocês são aprovados”.
(1 Coríntios 11:18,19 NVI)

“Bem pode ser que os distintos grupos estivessem formados por gente que sustentavam
diferentes opiniões. Um grande erudito disse: 'Ter zelo religioso, sem converter-se em
um sectário religioso, é uma grande prova de verdadeira devoção’. Se pensarmos
diferente de outro, com o tempo poderemos chegar a compreendê-lo e até simpatizar
com ele se nos mantemos em comunhão com ele e conversamos; mas se nos fechamos
e formamos nosso pequeno grupo enquanto essa pessoa permanece em seu pequeno
grupo não haverá esperança alguma de chegar a um mútuo entendimento” ( BARCLAY
Willian; Comentary 1 Coríntios; pág. 102, 103).

É muito comum, ao ouvirmos a palavra Seita, lembrarmos logo das Testemunhas de


Jeová, Mórmons, Adventistas do Sétimo dia, etc; sempre relacionada a alguma religião
falsa que professe doutrinas estranhas ao cristianismo ou até mesmo maligna. Mas a
palavra Seita é o resultado de quando uma heresia/ divisão/ facção não é internamente
resolvida em uma assembleia. Há então um rompimento e alguns saem para formar um
grupo distinto. Ainda que as crenças e doutrinas continuem quase as mesmas, aquilo é
uma seita. Pensando nesses conflitos internos, Paulo escreveu:

Rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que
digais todos uma mesma coisa, e que não haja entre vós dissensões; antes
sejais unidos em um mesmo pensamento e em um mesmo parecer.
(1 Coríntios 1:10 ACF)

A Igreja local deve lutar pela unidade de pensamentos, ou seja, tentar resolver conflitos
internos de uma forma branda e com amor, lembrando que as vezes é melhor ter
paciência e adiar um problema mal resolvido, do que romper com a igreja local.
Muitas denominações talvez não tivessem tantas dissidências se usassem o bom senso,
sabedoria, principalmente o fruto do Espírito que é: amor, gozo, paz, longanimidade,
benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança (Gálatas 5:22). Vale deixar

59
enfatizado que unidade de pensamentos, não é o mesmo que unanimidade de
pensamentos.

Unidade em ideias numa igreja local, é quando todos os membros estão dispostos a
chegar em um acordo final ao resolver qualquer questão interna, mesmo que alguns
tem ideias distintas, porém aceitam ou toleram as propostas dos outros membros, para
manter uma boa harmonia dentro do grupo.

Unanimidade de pensamentos, é quando todos os membros de um grupo pensam


perfeitamente iguais.
Em uma casa, nem todos da mesma família são unânimes em pensamentos o tempo
todo. Ao se reunirem para marcar uma viajem, por exemplo, há discussão para resolver
o local e a data. Não haverá uma unanimidade quanto as ideias propostas, mas deveriam
ser unidos ao resolver essa questão, para manter a harmonia e união da família e para
fazer uma boa viajem.

Diante dessas ponderações, creio ficar evidente que cristãos não podem sair dividindo
igrejas a seu bel-prazer, abrindo outras sem o menor critério.

Voltemos a análise sobre a Gênese da Igreja Cristã Maranata.

É bem limitado os materiais que tratam sobre a ICM, quando é mencionada, não há
aprofundamento histórico.
O missiólogo Stephenson Soares Araújo, em seu livro-tese “A Manipulação no
processo da evangelização”, faz uma lista relacionando 36 denominações pentecostais
só no Brasil, em um tom crítico, cita entre essas, a ICM. No bem-afamado livro: “A
história da evangelização do Brasil” de Elben M. Lenz César, menciona a tese de
Araújo_ A ICM juntamente a outras tantas denominações pentecostais estão listadas
em um capítulo com o título “Pentecostais e Históricos precisam tomar cuidado com
o Joio no meio do trigo”, com uma perspectiva dúbia em relação a todas essas novas
denominações, César escreve:

O século XX foi mesmo o século Pentecostal no Brasil e ao redor do mundo.


Começou num modesto instituto bíblico, na modesta cidade de Topeka, no
estado mais central do Estados Unidos, nos primeiros dias de 1900. Logo se
transferiu para Los Angeles, na Califórnia, e de lá para o mundo inteiro por meio
de diferentes denominações pentecostais que foram se formando, tais como:
Assembleia de Deus, Congregação Cristã e Igreja do Evangelho Quadrangular.
Até a Renovação Carismática Católica, que veio a se formar 67 anos depois, tem
alguma ligação com Topeka. Inspiradas nessa onda pentecostal, muitas novas
igrejas pentecostais nacionais foram surgindo no correr dos anos, algumas como
desdobramentos das denominações históricas. Em seu livro-tese A manipulação
no processo da evangelização, o missiólogo Stephenson Araújo faz uma relação
de 36 denominações pentecostais só no Brasil: Católicos Carismáticos,
Congregação Cristã no Brasil, Comunidade Evangélica, Igreja Batista Nacional,
60
Igreja Betânia, Igreja Betesda (mais conhecida como Assembleia de Deus
Betesda), Igreja Cristã Evangélica, Igreja Cristã Maranata, igreja Cristã
Pentecostal no Brasil, igreja de Deus Avivamento Bíblico, Igreja do Evangelho
Quadrangular, igreja do Nazareno, Igreja evangélica Agape, Igreja do Evangelho
Avivamento bíblico, Igreja Evangélica Avivamento do Deus vivo, Igreja
Evangélica Chamas do Avivamento Bíblico, Igreja evangélica Cristo
Ressurrecto, Igreja Evangélica Embaixadores de Cristo, Igreja evangélica
Missionária Pentecostal, Igreja Evangélica povo de Deus, Igreja Internacional
da Graça de Deus, Igreja Metodista Wesleyana, Igreja Missionária, arca da Nova
Aliança, Igreja Pentecostal Boas Novas da Alegria, Igreja pentecostal Deus é
Amor, Igreja Pentecostal Independente, Igreja Pentecostal de Jesus Cristo, Igreja
Pentecostal da Nova Vida, Igreja Pentecostal O Brasil para Cristo, Igreja
Pentecostal O som da Palavra, Igreja Pentecostal Unida do Brasil, Igreja
Presbiteriana Renovada do Brasil Igreja da Restauração, Igreja Tabernáculo
Evangélico de Jesus, Casa da Benção de Deus e Igreja Universal do Reino de
Deus.

Apesar de extensa, a lista de Stephenson Araújo não está completa. Rubens


César Fernandes, do Instituto Superior de Estudos da Religião (ISER), cita mais
algumas: Adventista da Reforma, Adventista da Promessa, Metodista Ortodoxa,
Igreja da Restauração, Congregacional Independente, Cristã Evangélica
Renovada, Sinais e Prodígios, Maranata, Socorristas, Salão da Fé, Evangélica da
Renovação, Jesus é a Verdade, Cristo Vive, Cristã Antioquia, Cristo Rei,
Assembleia de Cristo, Batista Independente, e Templo da Benção. Só aí temos
oitenta grupos pentecostais, sendo um católico e 79 protestantes. Há outros mais
recentes e outros que, tão diminutos e inexpressivos, ainda não são catalogados.
Mais da metade surgiu nas décadas de 60 a 90. Só duas estabeleceram-se aqui
no início do século (Congregação Cristã e Assembleia de Deus). A grande
maioria delas são igrejas não importadas, mas surgidas no Brasil mesmo.
__________________________________________________________
CÉSAR Elbem M. Lenz – História da Evangelização do Brasil; editora Ultimato 2 edição
Agosto 2000 pág. 155 e 156 (Grifo meu)

A quantidade de novas denominações após o século XX é no mínimo duvidoso, qual o


motivo e intenção de tantas novas igrejas sendo criadas no decorrer desses anos?
Ao lermos a confissão de fé, ou literaturas sobre essas novas denominações,
percebemos algumas semelhanças, entre essas, o pentecostalismo (ou neo-
pentecostalismo?) fica notório.

A ICM surge em outubro de 1967, emergindo do seio das igrejas cristãs/evangélicas,


com a promessa de viver uma prática “pentecostal”, ou seja, se utilizando das
“evidências” do Espírito, assim como explica o presidente da ICM, Gedelti:

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“...Em resposta ao anseio de alguns que buscavam uma relação de maior
intimidade com Deus, como resultado de uma operação do Espírito Santo
profetizada para esse tempo, de uma promessa e evidências no
derramamento do Espírito Santo, antecipando o preparo da igreja para o
seu arrebatamento”.
__________________________________________________________
GUEIROS Gedelti; Revista: Vem Maranata; 50 anos_edição especial Março de 2018
pag. 6)

Ao ler esse texto de Gedelti, fica evidente que a ICM é mais uma nova denominação
pentecostal assim como tantas outras, mas eles negam tal afirmação dizendo: “A igreja
não é pentecostal nem neopentecostal”, mas usam argumentos idênticos e tem as
mesmas características de uma igreja pentecostal: “Somos uma igreja que crê na
Palavra de Deus como única regra de fé e prática, que inclui: Batismo com o Espírito
Santo e dons espirituais”.(Cf Revista: Vem Maranata; 50 anos_edição especial Março de
2018 pag. 14)

Estranhamente, a ICM se vale da mesma premissa das novas denominações do


movimento pentecostal, para responder sobre sua origem, mas nega ser uma igreja
pentecostal, indiretamente se assemelha a uma denominação surgida anteriormente a
ela, a CCB (Congregação Cristã no Brasil), esta também se esforça usando todo tipo
de narrativa para tentar se desvincular do movimento pentecostal, mas é bem difícil um
apologeta honesto concordar com as argumentações tanto da CCB quanto da ICM ao
conhecer ambas, pois na prática, tem as mesmas características principais que são:
Batismo com o Espírito Santo, falar em línguas estranhas, revelação ou profecia e dons
de cura.

Outras características peculiares das duas são os louvores em orquestra com hinos bem
selecionados como se esses fossem inspirados pelo próprio Espírito Santo, na ICM é
chamado de “Louvores Revelados”, também a bibliomancia e o mais importante, o
cavalo de batalha, que é a ausência da obrigatoriedade do dízimo, porém existe essa
“obrigatoriedade de forma sutil aos ministros”. Outra semelhança é a manutenção do
prédio e equipamentos, que na maioria das vezes fica por conta dos membros
realizarem o custeio ou até mesmo a mão de obra.

Sobre essa onda Pentecostal do século XX, César considera:

Essa enorme e crescente quantidade de denominações pentecostais causa


no mínimo, muita estranheza, para não dizer escândalo. Se todas se todas
existem para recobrar o chamado batismo do Espírito Santo e seus dons,
por que tantos grupos e também tantas diferenças? [...] O grande problema
é que existe uma grande mistura entre o autêntico e o não autêntico. O
autêntico procede de Deus e o não autêntico procede da natureza estragada
do homem ou mesmo do próprio diabo, que sabe e tem permissão para
transformar-se às vezes, em anjo de luz a fim de enganar com sucesso os

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servos de Deus (2 Co 11:14). A verdade e a mentira estão realmente
presentes no reino dos céus, na igreja visível e no movimento carismático.
Isso não deveria ser novidade, pois Jesus declarou que nem todo o que
proclama o seu senhorio, nem todo o que profetiza em seu nome, nem
todo o que expele demônios em seu nome, e nem todo o que realiza
milagres em seu nome está do seu lado (Mt 7:21,23)
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CÉSAR Elbem M. Lenz – História da Evangelização do Brasil; editora Ultimato 2
edição Agosto 2000 pág. 156 e 157

Embora o presidente Gedelti nega ser a ICM uma igreja pentecostal, lemos na revista
“Vem Maranata” na seção intitulada “Para melhor entendimento”, um texto que fica
implícito a gênese dessa denominação juntamente a outras no avivamento carismático
na década de 60. Ao tratar sobre a sua origem, se valendo da profecia de Joel 2:28,29,
Gedelti escreve:

Assim, a luz dessa palavra profética (de Joel) associada aos grandes movimentos
espirituais da época, chamados de avivamento, ocorrências em diversos grupos
evangélicos no Brasil e no Mundo, que envolveu os mais interessados no assunto,
desejosos de uma experiência de maior intimidade com Deus, através do Espírito
Santo. Ao final da década de 60, a Igreja Cristã Maranata contou em seu início
com um pequeno número de homens e uma mulher que decidiram se aprofundar
mais nas experiências que estavam sendo vividas, como já mencionado, em
diversos grupos e igrejas, cuja doutrina está baseada no batismo com o Espírito
Santo, uma experiência referida na bíblia, reservada para todos aqueles que
desejassem buscá-la.
_______________________________________________________________
GUEIROS Gedelti; Revista: Vem Maranata; 50 anos_edição especial Março de 2018 pag. 7
(itálico, acréscimo meu)

Não posso concluir outra coisa, a Maranata é mais uma seita como tantas outras oriunda
do movimento pentecostal que teve seu início no século XX e que até hoje vem se
alastrando desenfreadamente. Mas o discurso que vemos e ouvimos é outro: A Igreja
Cristã Maranata é uma Obra revelada!

Segundo o presidente Gedelti Gueiros, até o nome dessa denominação foi “revelado”
(Quinta Medida), como podemos ler em uma de suas obras o seguinte:

O nome IGREJA CRISTÃ MARANATA surgiu como revelação ao Pastor


Jonas Marques, nome que parecia esquisito, que nunca vimos. Mas o Senhor
revelou que era esse nome.
______________________________________________________________
(Cf: Resumo Histórico, profético e doutrinário; GUEIROS Gedelti; ICM volume I_ pág.37)

O Senhor revelou um nome de uma seita nova? Não creio, e explicarei por qual razão.

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A Igreja de Jesus não tem um nome específico, embora em nossos dias é comum e até
se faz necessário ter uma placa de identificação, tanto para a localidade se desvincular
de seitas pseudocristãs, mas também para obedecer a Lei de nosso país (Romanos 13:1;
Tito 3:1 e 1 Pedro 2:13-15), embora sabemos que um CNPJ não fabrica uma igreja
instantaneamente, mas sim pessoas convertidas em Jesus que formam uma igreja.

Assim como cada um de nós tem um corpo com muitos membros e esses
membros não exercem todos a mesma função, assim também em Cristo nós,
que somos muitos, formamos um corpo, e cada membro está ligado a todos
os outros.
(Romanos 12:4-5 NVI)

Igreja reunida nos lares, nas praças, em cavernas ou no deserto como vemos em países
onde há grande perseguição contra os cristãos, são feitas de pessoas convertidas e não
é uma placa que define essa congregação, mas sim a fé em Deus e em sua palavra.

Placa de identificação de templo não é mencionado em parte nenhuma das escrituras,


o mais próximo de uma identificação de um templo são os nomes dos locais, por
exemplo: “Igrejas da ásia”, “igreja que se reúne em Éfeso” ou até mesmo “Igreja que
se reúne na casa...” (Romanos 16:5), mas não há nomenclatura ou placas nomeando
alguma igreja_ E por qual motivo que Deus revelaria um nome a uma denominação
aproximadamente dois mil anos depois de ter concluído as escrituras?

Muitos desconhecem um fato interessante, a “Igreja”, “assembleia” ou “ajuntamento”


já existia no tempo do Antigo Testamento, obviamente há diferenças na Velha Aliança
para a Nova Aliança, mas a verdade é que já existia a igreja de Deus no A.T.

Igreja (do grego εκκλησία [ekklesía] através do latim ecclesia) é um ajuntamento de


servos de Deus.
Igreja é uma palavra grega escolhida pelos autores da Septuaginta (a tradução grega
da Bíblia Hebraica). A LXX, traduz esta palavra por ekklēsia e synagōgē, igualmente.
Até mesmo no NT, ekklēsia pode significa a assembléia dos israelitas (At 7:38; Hb
2:12); mas, à parte destas exceções, a palavra ekklēsia no NT designa a igreja cristã,
tanto local (Cf. Mt 18:17; At 15:41; Rm 16:16; 1 Co 4:17; 7:17; 14:33; Cl 4:15) quanto
universal (Cf. Mt 16:18; At 20:28; 1 Co 12:28; 15.9; Ef 1:22).
Alguns exemplos de textos no antigo testamento onde aparecem a palavra “ἐκκλησίας”
(Igreja) pela Bíblia Septuaginta:

Números 20:4 – “Por que trouxestes a Congregação/Igreja de Adonai a este


deserto, para que morramos aqui, nós e os nossos animais?”

Deuteronômio 18:16 – “Conforme tudo o que pediste ao YHWH teu Deus em


Horebe, no dia da Assembleia/Igreja, dizendo: Não ouvirei mais a voz do
YHWH meu Deus, nem mais verei este grande fogo, para que não morra.”
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Deuteronômio 31:30 – “Então Moisés proferiu todas as palavras deste cântico,
ouvindo-o toda a Assembleia/Igreja de Yisrael:”

I Crônicas 29:1 – “Disse mais o rei Davi a toda a Congregação/Igreja: Salomão,


meu filho, o único a quem Deus escolheu, é ainda moço e tenro, e a obra é grande,
porque o palácio não é para homem, mas para o YHWH Elohim”.

Não há uma única menção nas escrituras de um nome ou placa de um ajuntamento ou


assembleia, como por exemplo: “Igreja de Jesus Cristo salva-todos da rua sete”.
Nenhum profeta de Deus ou apóstolo recebeu tal revelação, mas Gedelti acredita
fielmente que o nome Igreja Cristã Maranata é um nome escolhido por Deus para
denominar essa nova seita surgida em 1967.

Apurando a pesquisa sobre a gênese da Igreja Cristã Maranata, chegou ao meu


conhecimento um livro de publicação independente cujo autor é o Dr. Joel Ribeiro
Brinco, um advogado cristão, membro da Igreja Presbiteriana de Vila Velha, livro este
publicado em setembro de 2003.

A obra do Dr. Joel Ribeiro apresenta fatos e com detalhes documentados que revelaram
a consistência da história contada em seu livro.
Com a devida autorização do próprio autor, publicarei abaixo a história do surgimento
da Igreja Cristã Maranata.
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“A igreja de seu “Abílio”

O Sr. Abílio Gueiros era pessoa influente junto a sociedade vilavelhense onde foi
comerciante, proprietário de uma padaria situada no centro da cidade, à distância de
uns duzentos metros do templo da Congregação.
Única padaria no local, todos, diariamente, a ela se dirigiam em busca de pão, biscoitos
e outras guloseimas, sendo seu proprietário muito benquisto na Cidade, conhecido e
respeitado por todos.

Inaugurada a Congregação, sendo ela freqüentada pela família do Sr. Abílio, todos a
ela se referiam como “a Igreja de seu Abílio”.
Não era a Congregação Presbiteriana. Era a “Igreja deu Abílio”.
E, de fato, quando Congregação e depois, nos primeiros anos de organizada em Igreja,
a família Gueiros era a mais proeminente na comunidade presbiteriana de Vila Velha:
O Pastor era filho do Sr. Abílio;
O Sr. Abílio era presbítero da Igreja, bem como seu filho Gedelti;
Outro filho, Jabes, era diácono.

Sua esposa, Sra. Sara, exercia cargos na SAF-Sociedade Auxiliadora Feminina, sendo,
quase sempre, sua presidenta.
O Sr. Abìlio e sua esposa lecionavam na Escola Dominical.
Geldeti organizou a UMP-União de Mocidade Presbiteriana, sendo seu primeiro
presidente.

No púlpito, quando o Pastor Jedaias não pregava, pregava seu irmão Gedelti ou alguém
designado pela família Gueiros.
De fato! A igreja parecia ser do “seu Abílio”

E como o Sr. Abílio dava as ordens na Igreja, amparado por sua família, quando houve
a primeira eleição para pastor, em 1959, ninguém se dispôs a disputar o cargo com o
Rev. Jedaias, filho do Sr. Abílio, pois, se viesse a ganhar, dificilmente teria ele
condições para bem exercer seu pastorado, como veio a ocorrer alguns anos depois.

Mas, isto é outra história !!!


Vimos que o Rev. Jedaias pastoreou a Igreja Presbiteriana de Vila Velha no período de
1954 a 1959, na qualidade de Pastor Evangelista e, no final de 1959, renunciou ao
pastorado efetivo após ter sido eleito para o período de três anos.

A família Gueiros foi uma bênção na Igreja Presbiteriana de Vila Velha, onde seus
membros exerceram liderança inconteste até novembro de 1965.

O Sr. Abílio exerceu o presbiterato durante todo aquele tempo: sua esposa Sara, atuou
ativamente na liderança da Sociedade Auxiliadora Feminina, além de ter sido, por
muitos anos, professora no Departamento Infantil da Escola Dominical.

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Gedelti Gueiros foi o organizador e o primeiro presidente da União da Mocidade, além
de ter exercido o diaconato e, depois, o presbiterato. Na Escola Dominical chegou a
exercer a superintendência.

Jabes gueiros exerceu o diaconato, Nelly Rabelo gueiros, esposa do Rev, Jedaias, foi
supervisora da Liga Juvenil e regente do Coral da Igreja. Jurama Barros Gueiros,
esposa de Gedelti, chegou a presidência da SAF em 1963, sendo substituída no ano
seguinte, 1964, por Jerusa Gueiros Samú, filha do Sr. Abílio.
Mas a paz terminou no dia 28 de novembro de 1965!

28 de Novembro de 1965
Eleição de Pastor

Era pastor da igreja o Rev. Milton Othon de Albuquerque Leitão. Seu mandato estava
chegando ao fim e concorreram ao cargo o Rev. Jedaias Vitalino Teixeira Gueiros, filho
do Sr. Abílio Gueiros, que abandonara o pastorado seis anos antes, em 1959, e o Rev.
Sebastião Bitencourt dos Passos, vindo de uma igreja do sul do Estado, pouco
conhecido em Vila Velha.
A igreja crescera com a chegada de novos membros vindos do romanismo ou
transferidos de outras igrejas.

Com a proximidade da eleição para pastor, a Igreja dividiu-se em sua preferência:


alguns, liderados e sugestionados pela família Gueiros, proclamavam a necessidade de
se eleger o Rev. Jedaias e, outros, considerando, talvez, que ele, alguns anos antes,
abandonara a Igreja após acabar de ter sido eleito, preferiam o novo candidato, Rev.
Sebastião.
A família Gueiros julgava ser muito improvável a eleição do Rev. Sebastião em
desfavor de seu filho Jedaias, face a grande influência que sempre exercera na Igreja,
desde os tempos da Congregação.
Afinal, todos, ou quase todos, conheciam o Rev. Jedaias e, por isso, deveriam apoiá-lo,
elegendo-o Pastor.

O outro candidato, Rev. Sebastião, era um ilustre desconhecido que pregava uma ou
duas vezes na Igreja, em ocasiões passadas, sendo ele muito pretensioso em disputar a
eleição com alguém da família Gueiros.
A Igreja estava dividida entre os partidários da família Gueiros, que desejavam a
eleição do Rev. Jedaias e os que não julgavam ser conveniente tal eleição.

Tal situação faz recordar a Igreja de Corinto, na época do Apóstolo Paulo (1 Co. 1:10-
17). Estava a igreja dividida entre as simpatizantes dos Gueiros e os que desejavam
mudanças na direção da Igreja. Todos pressionados por Abílio e Gedelti, esquecendo-
se que a Igreja não era propriedade de uma família e, sim, de Cristo.

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A pedra fundamental da Igreja é Cristo e não qualquer outra pessoa, como ensina o
Apóstolo Pedro(1 Pe 2:1-10).

Os que formam a Igreja são “raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de
propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamarem as virtudes daquele que os
chamou das trevas para a sua maravilhosa luz…”
A igreja não pode ser manipulada por quem quer que seja.

Resultado: O Rev. Sebastião Bitencourt dos Passos foi eleito pastor da Igreja com 62
votos, tendo o Rev. Jedaias obtido apenas 41 votos.
Assim o triênio 1966/1968, seria Rev.Sebastião o Pastor eletivo da Igreja Presbiteriana
de Vila Velha, eleito pela maioria dos membros da Igreja.
A eleição não apaziguou os ânimos da família Gueiros e os de seus seguidores.

O Cisma

Ainda nos dias do Novo Testamentos surgiram divisões e partidos na Igreja, como se
vê em I Co. 1:11-12 e Ap. 2:14-15, e isso nunca mais parou de ocorrer.
Movimentos cismáticos de grande proporção ocorreram no seio da Igreja, tais como a
divisão ocorrida em 1054 d.C, que deu origem ao surgimento da igreja ortodoxa e no
século XVI com a Reforma Protestante.
Também ocorreu no seio da Igreja Presbiteriana de Vila Velha, de onde surgiu aquela
que veio a se intitular Igreja Cristã Maranata!

Eis os fatos:
A família Gueiros, liderada por Gedelti e seu pai, Abílio, inconformada com a eleição
do Rev. Sebastião Bitencourt dos Passos para pastorear a Igreja, tudo fez para anular a
eleição junto ao PVTR- Presbitério de Vitória.

Influente junto àquele presbitério, conseguiu, em parte, seu intento, pois o Presbitério
acabou não aprovando a eleição do Rev. Sebastião para o pastorado da Igreja “em
virtude da inobservância de preceitos constitucionais indispensáveis”.

Tais “preceitos” nunca foram satisfatoriamente explicados pelo Presbitério. A


anulação da eleição visou apenas dar uma satisfação à família Gueiros, que estava
inconformada com seu alijamento do controle da Igreja, vendo seu desejo de poder ser
atacado pela raiz.

Mas, mesmo tendo conseguido anular a eleição do Rev. Sebastião, os Gueiros não
conseguiram seu intento de colocar o Rev. Jedaias no comando da Igreja pois o
Presbitério, atendendo a vontade da maioria dos membros, convidou o Rev. Sebastião

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para permanecer à frente dos trabalhos na qualidade de Pastor Evangelista e, em 03 de
março de 1966, perante o Conselho da Igreja, ele assumiu o cargo.

Em 21 de maio de 1966, reunido com as ausências de Gedelti, Abílio e Alcary Simões,


que eram contrários à permanência do Rev. Sebastião, o Conselho, inconformado por
não ter conhecimento oficial das razões que levaram o Presbitério a anular a eleição de
pastor realizada em 28 de novembro do ano anterior, e querendo ter um Pastor Efetivo
à frente da Igreja, já que estava em condições de mantê-lo, enviou ofício ao Presbitério
pedindo que em sua reunião extraordinária marcada para daí a dois dias, lhe designasse
Pastor-Efetivo pelo período de três anos, tendo seu pedido atendido, sendo o Rev.
Sebatião designado para o cargo até a data de 23 de maio de 1969. Essa decisão,
praticamente, foi um “balde de água fria” nos propósitos dos Gueiros.
Dos oito presbíteros que compunham o Conselho, o Pastor contava com o apoio de
cinco: Leôncio Antonio Medeiros, vice-presidente do Conselho, Aníbal Brinco Filho,
Wilson Barbosa dos Santos, Amadeu de Oliveira Nascimento e Manoel Gomes Pereira.

Faziam-lhe oposição os Presbíteros Gedelti Vitalino Teixeira Gueiros, Abílio Teixeira


Gueiros e Alcary Simões, que procuravam indispor o Pastor com a Igreja.

Ao final do ano de 1966, em reunião do Conselho do dia 18 de dezembro, embora fosse


contrário à permanência do Rev. Sebastião, Gedelti elogia seu desempenho no
pastorado da Igreja, dizendo “confiar na sua equilibrada direção e evangelização,
fazendo votos de sucesso no ano de 1967”! (sic).

Tais votos nunca foram marcados pela sinceridade pois a grande oposição ao Pastor
Sebastião começou, exatamente, no início daquele ano de 1967, encabeçada por
Gedelti.

Em 1° de maio de 1965 fôra organizada a Congregação da toca, no Bairro de Cruz do


Campo, tendo sido Itamar Médice designado responsável por ela.
Em 1967 Alcary Simões foi designado pelo Conselho para ficar à frente daquela
congregação, tornando-se um verdadeiro ditador, comandado à distância por Gedelti,
não dando nenhuma satisfação de seus atos ao Conselho da Igreja e, em especial, ao
Rev. Sebastião.

Em 13 de maio de 1967, Alcary iniciou a construção de um templo, ao lado da


Congregação de Cruz do Campo, sem autorização do Conselho, sem planta do prédio
e sem verba orçamentária para tocar a obra.
Indagado pelo Conselho, ele disse estar dirigindo a construção com ofertas voluntárias,
não estando a obra do templo vinculada à Igreja Presbiteriana de Vilha Velha, podendo
vir a ser utilizado por qualquer Igreja e que lá poderia pregar qualquer pessoa,
independentemente do Conselho ou do Rev. Sebastião.
Quem financiava a construção não eram ofertas voluntárias e sim, Gedelti Gueiros.

69
Nessa oportunidade, Gedelti e seu pai, Abílio, comandavam uma rebelião no seio da
Igreja, contra o Rev. Sebastião, chegando a exercer sua má influência sobre quase
metade dos membros.
Tentavam introduzir doutrinas alheias ao presbiterianismo, dando ênfase a revelações,
profecias e dons de línguas, deturpando a mensagem bíblica.
Felizmente, Gedelti e seu pai já não lecionavam na Escola Dominical e o professor de
então, não dava oportunidade para que eles e seus adeptos ministrassem, de público,
seus ensinamentos.
Tentaram fazê-lo junto à Congregação do Bairro da Glória, porém ali também não
conseguiram êxito.

Porém conseguiram sucesso junto à Congregação de Cruz do Campo, com o auxílio de


Alcary Simões e de Itamar Médice, que estavam à sua frente, onde, inclusive, chegaram
a impedir o Rev. Sebastião de pregar.
Gedelti, mancomunado com Alcary, violando recomendação do Conselho, autorizou
um pastor de um movimento autodenominado de “renovação carismática”, chamado
Jonas José Marques, a realizar uma série de pregações na Congregação de Cruz do
Campo que, iniciando numa sexta-feira, iria até a quarta-feira da semana seguinte.
No sábado, daquela semana, ignorando que o tal pastor Jonas estava a pregar na
Congregação, o Rev. Sebastião foi à Congregação com a finalidade de realizar culto de
evangelização na casa de pessoas interessadas no evangelho, como freqüentemente
fazia. Não pôde fazê-lo por causa das pregações carismáticas do pastor Jonas,
financiadas por Gedeldi, através de Alcary.
No sábado seguinte, em programa especial da “semana santa” o Rev. Sebastião também
não conseguiu pregar na Congregação porque Alcary convidara um presbítero de outra
Igreja, que havia sido disciplinado pelo Conselho da Igreja Presbiteriana de Vila Velha.

No terceiro sábado, o Rev. Sebastião pediu ao Sr. Teodolino Vieira, membro da


Congregação de Cruz do Campo, para providenciar residência de uma pessoa
interessada no evangelho onde ele pudesse pregar e o Sr. Teodolino lhe respondeu que
Gedelti lhe dissera que o responsável pelos trabalhos naquela Congregação era o
presbítero Alcary e que não haveria culto em casa de particular e, sim, na Congregação,
pois “precisavam buscar poder e que o Pastor, se quisesse, poderia ir à Congregação
como mero espectador”.(!)

Teodolino Vieira, que estava acompanhado por outro membro da Congregação, Sr.
Valentim Pinto da Vitória, disse ao Pastor que a doutrina pregada na Congregação de
Cruz do Campo era “busca do batismo com o Espírito Santo e os dons espirituais, de
acordo com o Movimento de Renovação Carismática” e que a liderança da
Congregação convidara pregadores à revelia do Conselho da Igreja. Ao final, chamou
o Pastor de “Editor de Bula Papal” e responsável por todos os problemas da Igreja
Presbiteriana de Vila Velha, por ter vetado uma série de pregações de Jonas Marques
na sede da Igreja.

70
Alcary, coordenador dos trabalhos na Congregação de Cruz do Campo, pediu ao Rev.
Sebastião para que se afastasse da mesma, “deixando-a em paz” pois não iria permitir
a intromissão de ninguém nos trabalhos.
Depois disso, o Rev. Sebastião deixou de dar assistência pastoral àquela Congregação,
ficando ela, definitivamente, sob o controle de Alcary e Gedelti.

O Rev. Sebastião levou ao conhecimento do Presbitério os problemas existentes na


Congregação e da participação dos rebeldes no “Movimento de Renovação Espiritual”,
tendo o Presbitério criado uma Comissão Especial formada pelos Revs. Francisco da
Sila Neto, Wellste Guida e Rubens Duarte Albuquerque e pelos presbíteros Jaime
Gáudio e Manoel dos Passos Barros, este, sogro de Gidelti (!) para analisarem o
problema, sendo o Conselho da Igreja Presbiteriana de Vila Velha convocado para uma
reunião no dia 04 de julho de 1967, no templo da 1° Igreja Presbiteriana de Vitória. O
Conselho fez-se representar naquela reunião pelos presbíteros Wilson Barbosa dos
Santos, Amadeu Oliveira Nascimento e Manoel Gomes Pereira, que ali ratificaram as
declarações prestadas pelo Rev. Sebastião, ocasião em que o Pastor solicitou seu
afastamento da Presidência do Conselho por sessenta dias para evitar confrontação com
os presbíteros dissidentes.

Registre-se que Manoel dos Passos Barros, designado para compor a Comissão
Especial do presbitério para analisar os problemas que vinham ocorrendo na Igreja
Presbiteriana de Vila Velha, embora fosse presbítero da 1°Igreja Presbiteriana de
Vitória, era sogro de Gedelti e, como o seu genro, também estava envolvido no tal
“Movimento de Renovação Espíritual”.

Gedelti e seu grupo enviaram , ao Conselho da Igreja Presbiteriana de Vila Velha, um


“abaixo-assinado” , protestando sobre a convocação para reunião no dia 04 de julho de
1967, com a Comissão Especial do Presbitério, nos seguintes termos:

“Nós, abaixo assinados, membros da Igreja Presbiteriana de Vila Velha, e


presbíteros eleitos, desejamos expressar formal e enfaticamente, nossa
discordância pela maneira com que estamos sendo tratados, especialmente
usando nosso “direito de protestar” contra a resolução do Presbitério em sua
união extraordinária que resolveu , sem motivo que se possa justificar , isto é,
sem documento legal, ou coisa semelhante, convocar Conselho sob tutela ou
assessoramento de membro desse Concílio. Não podemos , Sr. Presidente,
entender qual a finalidade e objeto de tal convocação, feita fora dos limites de
nossa jurisdição e ainda sem o necessário discernimento da matéria ser tratada,
em meio a convocação e exercício pleno do Presbitério. Estranhamos que, em
tão longa vida deste Conselho, só agora e de modo improvisado, fôssemos
convocados para uma reunião de cuja agenda nada podemos informar, pois não
temos conhecimento da existência de qualquer papel tramitado por esta
competente via. Assim afirmando, queremos levantar nosso protesto por
qualquer resolução que se venha praticar sob qualquer pretexto ou razão,
especialmente por assuntos que não foram considerados preliminarmente por
71
este Conselho ou que fira o preceito legal da Constituição da Igreja (CI) no seu
artigo 63, que ensina neófitos: ‘Nenhum documento subirá a qualquer
Concílio….”. Qualquer atitude assumida por infringência de nossa lei Magna,
reguladora de nosso comportamento, será por nós considerada nula, pleno “jure
ex-vi” o artigo 145, que diz: “São nulas de pleno direito quaisquer disposições
que no todo ou em parte, implícita ou expressamente, contrariem ou ferirem a
CI da Igreja Presbiteriana do Brasil, Vila Velha, 4 de julho de 1967. Ass: Gidelti
Gueiros, Abílio Gueiros e Alcary Simões”.

Interessante nesse abaixo-assinado, escrito por Gedelti, e assinado por Abílio e Alcary,
é que eles se comportam como vítimas de uma trama, como se eles é que fossem
oprimidos e perseguidos pelos demais membros do Conselho ao invés de, como de fato
acontecia, serem eles os algozes do Reverendo Sebastião cujo único pecado fôra o de
ter vencido as eleições para pastorear a Igreja, em detrimento de Jedaias Gueiros,
menbro do clã dos Gueiros.

Gedelti, não satisfeito com o protesto supra, juntou, naquela oportunidade, outro, em
seu nome pessoal:
“Gedelti V.T. Gueiros, abaixo assinado, membro deste Conselho e representante
da Igreja junto ao Presbitério, no uso de suas atribuições constitucionais da Igreja
Presbiteriana do Brasil, vem com respeito, protestar e denunciar o seguinte: O
Rev. Sebastião Bitencourt dos Passos apresentou a Comissão Executiva do
Presbitério de Vitória, queixa contra presbíteros da Igreja de Vila Velha que,
para maior esclarecimento, podemos dividir duas partes: 1°) Queixa contra três
presbíteros: Abílio, Gedelti e Alcary. 2°) Queixa contra suposta infiltração do
Movimento de Renovação Espíritual. O referido Pastor não deu ciência ao
Conselho do encaminhamento desse papel, ficando ilegal qualquer reunião que
venha tratar deste assunto com a presença do Presbitério ou Comissão Especial,
sem o convite do nosso Conselho, pois a CI no artigo 63, diz: “Nenhum
documento subirá a qualquer Concílio, se não for por intermédio do inferior
competente, salvo quando este se recusar a encaminhá-lo”. O artigo 19 do
Código Disciplinar (CD) estabelece o seguinte: “Compete nos Conselhos
processar e julgar originalmente membros e oficiais da Igreja.” Não sendo
maioria do Conselho implicada na queixa, nem tão pouco ministro, não poderá
prevalecer o artigo 45 CD, nem o artigo 20, que diz: “Compete ao Presbitério:
I-Processar e julgar originalmente: a) Ministros; b) Conselhos”.
O artigo 81, letra e da CI, usado como pretexto da referida reunião, está mal
empregado à luz das razões acima expostas e, por este motivo, deixo de
reconhecer a legalidade da reunião do Conselho, pedindo que o referido
protesto seja inserido na ata desta sessão nos ermos em que está redigido. OBS:
Requeiro, em tempo, que seja encaminhado ao Presbitério cópia do presente
protesto. Para clareza firmo o presente. Ass: Gedelti Vitalino Teixeira Gueiros
(presbítero)”.

72
O Presbitério, reunido em 14 de julho de 1967, emitiu a seguinte Resolução, que trata
do envolvimento dos presbíteros no dito “Movimento de Renovação Espiritual”.

1-Considerando os acontecimentos relacionados com algumas Igrejas do


Presbitério decorrentes das atividades desenvolvidas por ministros do Presbitério, que
induziram nessas comunidades pregadores da chamada “Renovação Espiritual”.

2-Considerando que um ministro deste presbitério colaborou com o programa


radiofônico “Hora de Deus”, levantando entre presbiterianos ofertas para manutenção
financeira do referido programa, que pertence, por estilo, ao “Movimento Renovação
Espiritual” ou qualquer outro nome que lhe dê.

3-Considerando que, além da contribuição financeira que esse ministro deu ao


trabalho em tela, tem oferecido, também, a sua colaboração ao mesmo programa como
pregador e, de tal maneira, que deixa a impressão a quantos o ouvem nesse horário,
que a Igreja Presbiteriana homologa tal trabalho.

4-Considerando que o caráter do trabalho a que nos estamos referindo, chamado


“renovação espiritual’ é realizado por pastores e leigos que na maioria tiveram que
abandonar suas igrejas evangélicas de origem, por adotarem as posições de tal
movimento.

5-Considerando que a infiltração desses obreiros pregadores nos arraiais


presbiterianos constitui grande perigo, pois, uma vez que deram razão para divisão nas
igrejas que pertenciam ou para serem excluídos delas, gerarão, sem dúvida, o mesmo
fenômeno a onde quer que aterrissarem.

6-Considerando que um obreiro deste Presbitério rejeitou os apelos deste


Concílio no sentido de não mais participar do movimento em foco, da maneira como
vinha fazendo, isto é, pregando nos seus programas e convidando pregadores da
“renovação espiritual’ para pregar nos púlpitos das Igrejas que pastoreia.
7-Considerando que o comportamento desse obreiro constitui um estímulo a que
a que presbíteros, diáconos e membros das igrejas lhe sigam o exemplo.

8-Considerando que compete ao Presbitério acautelar-se enquanto ainda é tempo,


contra influências que ponham em perigo a unidade, a paz, a ordem e a boa
administração da comunidade cristã sob sua jurisdição, conforme se lê em o “Digesto
Presbiteriano”, página 188.

Recomenda aos Presbitérios que se acautelem contra as influências de seitas heréticas,


como Pentecostalismo e Sabatismo. (O que aqui frisamos é o direito do Presbitério agir
contra o que julgar prejudicial, nos limites de sua jurisdição). A Constituição da Igreja,
em seu artigo 61, diz: “Os Concílios guardam entre si gradação de governo e disciplina
e, embora cada um exerça jurisdição original e exclusiva sobre todas as matérias de sua
competência, os inferiores estão sujeitos à autoridade, inspeção e disciplina dos
73
superiores”. O artigo 62, letra b:” O Presbitério exerce jurisdição sobre os ministros e
conselhos de determinada região”. Artigo 70, letra a: “Dar testemunhos contra erros de
doutrina e prática; determinar planos e medidas que contribuam para o progresso, paz
e pureza da comunidade sob sua jurisdição”, e resolve:

1-Determinar aos Conselhos das Igrejas que não convidem pregadores não
presbiterianos, ligados direta ou indiretamente aos “movimentos de renovação
espiritual”, nem aceitem ofertas suas para pregarem nos púlpitos das igrejas
presbiterianas.

2-Determinar aos seus ministros que sob nenhum pretexto convidem tais
pregadores para quaisquer trabalhos eclesiásticos nos limites de nosso Concílio, nem
aceitem suas ofertas para realizarem trabalhos dessa natureza.

3-Determinar aos seus ministros que, sob nenhum pretexto, não participem como
pregadores nos trabalhos dos ditos movimentos quer seja nos púlpitos das igrejas, quer
em trabalhos radiofônicos, ou quaisquer outros.

4-Determinar aos Conselhos que apliquem aos seus oficiais e membros de suas
comunidades o que acaba de ser exigido dos ministros – pastores do nosso Concílio.

5-Declarar que os trabalhos fraternais ou ecumênicos que se queira realizar entre


os vários grupos evangélicos, nos limites de nosso Concílio, não devem ser promovidos
nem aceitos por pastores, oficiais de Igrejas e de Conselhos, sem consulta prévia ao
Presbitério, através de sua Comissão Executiva, sua possível homologação e inteira
supervisão.

6-Declarar que em face da situação criada pela infiltração das influências dos
chamados “movimentos de renovação espiritual”, mediante a presença de pregadores
pertencentes a tais movimentos nos púlpitos de nossas Igrejas sob a responsabilidade
de ministros e alguns presbíteros de nosso Concílio, nosso Presbitério vem há mais de
um mês, se reunindo em sessões extraordinárias e de tribunal, tratando desse assunto
que muito mal tem causado a todos nós.

7-Declarar que a não observância do que agora se determina, constitui agravante


de precedentes, arrogância, desobediência e não reconhecimento da falta”.

Todos os presbíteros do Conselho da Igreja Presbiteriana de Vila Velha tomaram


conhecimento da decisão supra, inclusive os três presbíteros rebeldes, que persistiram
em sua rebeldia.

Em 6 de outubro de 1967 o Presbitério de Vitória, através de Resolução, faz


considerações sobre as inquietações que continuavam a se verificar no meio
presbiteriano, por influência do “movimento de renovação espiritual”, considerando
que tais inquietações se verificam por falta de orientação doutrinária sobre a doutrina
74
do Espírito Santo, sendo dever dos Concílios” dar testemunho contra erros de doutrina
e prática, e promover e dirigir a obra de educação religiosa evangélica da comunidade
sob sua jurisdição”.

Gedelti e seus acólitos continuavam pregando e praticando doutrinas nitidamente


pentecostais, sob a bandeira do “movimento de renovação espiritual”, aquartelados na
Congregação de Cruz do Campo, suscitando apreensões quanto ao futuro da unidade,
paz e harmonia da família presbiteriana, realizando reuniões onde se verificavam, de
modo claro, os mesmos desvios doutrinários no que diz respeito à compreensão da
doutrina do Espírito Santo, criando dificuldades e suscitando problemas nas igrejas,
fomentando um movimento separatista, procurando aliciar elementos para suas hostes.

O Presbitério de Vitória, reconhecendo que tais pessoas operavam no sentido de


ocuparem e retirarem patrimônio da Igreja Presbiteriana do Brasil e que continuavam
infiltrados como membros de igrejas presbiterianas, não acatando o governo
presbiteriano representado em seus concílios, recomendou às Igrejas sob jurisdição e
aos demais Presbitérios que se acautelassem contra a influência de seitas heréticas,
assumindo posições seguras e definidas contra tais movimentos, exigindo das pessoas
comprometidas com eles, que se definam quanto a sua manifestação de sua fidelidade
à doutrina e acatamento do governo e da disciplina adotada pela Igreja e determinando
que oficiais e membros das Igrejas comprometidos com os movimentos de renovação
ou por eles influenciados, não tivessem oportunidade para ensinar ou pregar nas igrejas.

As igrejas que maior influência sofreram desse “movimento” foram as de Vila Velha,
Itacibá e Afonso Cláudio.
Em 29 de dezembro de 1967, analisando a situação da Congregação da Cruz do
Campo que se tornara o “quartel general” de Gedelti e seus seguidores, à revelia da
igreja, o Conselho assim decidiu:

1-Considerando que foi criada apenas uma Escola Dominical funcionando das
15 horas e que Gedelti e Alcary, conluiados com o superintendente Itamar Alfredo
Médice, mudaram o horário da Escola para as 8 horas, dificultando a visita do pastor à
mesma, e transformaram aquele ponto de Escola Dominical em Congregação com
reuniões de culto em quase todos os dias da semana, inclusive aos domingos, à revelia
do Conselho da Igreja.

2-Considerando que os Presbíteros e os membros que freqüentam aquela


Congregação participam do “movimento de renovação espiritual” e passaram a se
intitular no meio evangélico como “Igreja Cristã Presbiteriana”.

3-Considerando que levam pregadores pertencentes ao “movimento de


renovação espiritual” à Congregação, sem permissão do Conselho, e, desobediência às
recomendações do Conselho e o do Presbitério.

75
4-Considerando que o Rev. Milton Othon Albuquerque Leitão foi afastado do
ministério, preventivamente, por causa do “movimento de renovação espiritual”,
mostrando-se, todavia, desobediente, estando a exercer influência naquela
Congregação.

5-Considerando ser público e notório a deliberação daqueles irmãos de


organizarem, naquele bairro, uma igreja sistemática com o nome de Igreja Cristã
Presbiteriana, este Conselho resolve, suprimir a Escola Dominical do Bairro de
Cruz do Campo, vulgarmente chamada de Escola Dominical da Toca.

A Sociedade Auxiliadora Feminina (SAF), em 29 de dezembro de 1967 informa o


conselho estar passando por uma série crise decorrente da má influência e posterior
abandono das irmãs que passaram às hostes do “movimento de renovação espiritual”.
Também a Junta Diaconal informa a deserção de alguns diáconos para o “movimento
renovação espiritual”.
E assim surgiu a “Igreja Cristã Presbiteriana”, fundada e administrada por Gidelti
Vitalino Teixeira Gueiros, que liderou a divisão na Igreja Presbiteriana de Vila Velha e
arregimentou seguidores em outras igrejas. De presbiteriana a nova igreja anda tinha,
mas o nome presbiteriano servia de chamariz na arregimentação de novos membros
para a nova denominação.
Mais tarde, já consolidada, Gedeldi trocou o nome de sua igreja para “Igreja Cristã
Maranata”, nome que até hoje é por ela ostentado.

A nova igreja precisava dos préstimos de um pastor para organizá-la e Gedelti, para
isso, se serviu do Rev. Milton Othon de Albuquerque Leitão, que havia sido excluído
da Igreja Presbiteriana e necessitava de um “porto seguro” onde se estabelecer. Só que
esse “porto seguro”, não foi tão seguro assim pois, logo, logo, Milton Leitão foi
dispensado por Gedelti e procurou refúgio, novamente, na Igreja Presbiteriana,
arrependido de ter seguido Gedelti em seu movimento cismático.

Quase metade dos membros da Igreja Presbiteriana de Vila Velha seguiram Gedelti,
tendo sido excluídos do rol de membros da Igreja por terem assinado a ata de
organização da “Igreja Cristã Presbiteriana de Cruz do Campo”, conforme informação
dos Srs. João Fausto de Souza e Carmem Sabaine Ribeiro, ambos membros Fundadores
da mesma e o testemunho do pastor Milton Leitão.
Seus Nomes:
1- Hermínio Rocha
2- José Joaquim Ribeiro Filho
3- Alcary Simões
4- João Fausto de Souza
5- Abílio Teixeira Gueiros
6- Mauro Rodrigues Costa
7- Gedelti V. T. Gueiros
8- Itamar Alfredo Médice
9- João Pessoa de Matos
76
10- Moacir Cipreste
11- Nilo Rodrigues da Cunha
12- Teodolino Vieira
13- Valentin Pinto da Vitória
14- Wanderley Simões
15- Wanderley Simões Filho
16- Aziel Cezar do Amaral
17- Rafael Samã
18- Leôncio Marinho
19- Efigênia da Conceição Freire
20- Ivonete Alexandre da Cunha
21-Jurama Barrua Gueiros
22- Jerusa Margarida Gueiros Samu
23- Maria de Souza Pimenta
24- Raymunda Maria de Jesus
25- Sara Vitalino Gueiros
26- Carmem Sabaine Ribeiro
27- Arlete Ferreira dos Santos Vieira
28- Valdira Araújo Simões
29- Edna Junia Gueiros Freitas
30- Ana Marinho
31- Julia Marinho
32- Nilda Rodrigues Leitão
33- Luiz Gonzaga de Almeida
34- Miguel Pinto Lobo
35- Oséias Martins Araújo
36- Oneide Simões
37- Paulo silas Simões
38-Adelinda Dalva B. Simões
39- Adalzira Cipreste
40- Enilcéia Maria Simões
41- Marinete Lima Lobo
42- Nelly Rabelo Gueiros
43- Nilda Aguirre Nascimento
44- Rosa Batista Lobo
45- João Pinto Lobo
46- Nicodemos Henrique Machado
47-Vicente Moreira da Costa
48- Ana Almeida
49- Ana Lucia de Oliveira Batista
50- Ana de Oliveira Batista
51- Albacir Pinto dos Santos
52- Celi Batista Frasson
53- Leni Batista Loureiro
54- Marly Espíndula Simões
77
55- Rosaly Batista Lobo
56- Vera Lucia de Oliveira Batista
57- Eulina de Souza Rocha
58- Amélia Sonia da Rocha Costa
59- Odete Mattos Médice
60- Márcia Cristina M. Médice
61-Mônica Cristina M. Médice
62- Mércia Cristina M. Médice
63- Eleuzes Faria de Albuquerque
64- Eunice Faria de Albuquerque
65- Debaldina dos Santos Rocha
66- Maria da Gloria dos Santos Rocha
67- Antonio Correia
68- Almir de Oliveira e Silva
69- Waldemar Fernades Bourguignon
70- Manoel Vitorino Alves
71- Josias marinho, e outros…

Com os pais, seguiram seus filhos menores:


1- Wanderley Vieira
2- Dilson Vieira
3- Lucia Vieira
4- Ana Marinho
5- Maria Cabral Marinho
6- Ana Margarida Gueiros Freitas
7- Alcary Simões Filho
8- Cláudio Lysias Rabelo Gueiros
9- Jedaias V. T. Gueiros Filho
10- Sérgio Paulo Rabelo Gueiros
11- Antinio Marcos, e muitos outros.

Muitos dos que abandonaram a Igreja Presbiteriana para seguirem atrás de Gedelti
alardearam que a Igreja iria fechar suas portas porque metade dos membros estava
saindo para a Igreja Cristã Presbiteriana, inclusive os mais “importantes” e os mais
“ricos” e, com isto, a Igreja Presbiteriana não teria condições de subsistir.

Luiz Gonzaga de Almeida (33), em uma manhã de domingo, estava vindo de sua nova
“Igreja”, de bicicleta, e, ao passar na frente à Igreja Presbiteriana, por causa da chuva
que começara a cair, procurou abrigo na marquise da Igreja e assim se expressou
comigo:
-Tenho fé em Deus que nunca mais hei de voltar para essa Igreja!
O tempo passou e, num belo dia de domingo, estava eu a lecionar na Escola Dominical,
quando vi Luiz Gonzaga entrar no templo para assistir à Escola, nela permanecendo
até o final da lição.

78
Ao término da Escola, cumprimentei-o e dei-lhe as boas vindas.
Nunca relembrei, com ele, suas palavras de não mais retornar à Presbiteriana e ele
voltou a ser membro da Igreja, tendo pedido sua reintegração após três anos de seu
retorno, no que foi atendido, nela permanecendo até o dia em que veio a falecer, tendo
seu corpo sido velado no templo da Igreja.
Eu agora , posso dizer:
-Graças a Deus, o Luiz Gonzaga voltou.
Muitos outros voltaram. Até o braço direito de Gedelti no movimento separatista, que
foi Alcary Simões, ao final, se desentendeu com Gedelti e, anos depois, voltou a
freqüentar a Igreja Presbiteriana de Vila Velha, até seu falecimento há poucos anos.

Outro que veio para a Igreja Presbiteriana de Vila Velha foi o Sr. Delson Azevedo da
Silveira, em 21/03/70, ocasião em que expôs ao conselho as razões pelas quais estava
deixando a Igreja Cristã Presbiteriana, hoje, Igreja Maranata: relatou que os métodos e
bases doutrinárias daquela Igreja não eram daqueles que foram anunciados quando do
surgimento daquela denominação, não concordando com as diretrizes que ali estavam
sendo observadas.

Após o Cisma

Com a saída do pessoal ligado a Gedelti para formar a igreja hoje denominada
‘Maranata’, a paz voltou a reinar na Igreja Presbiteriana de Vila Velha e, em 28.04.68,
foram eleitos presbíteros os Srs. Ruy Carlos de Mattos Griffo, Joel Ribeiro Brinco e
Aylton Gomes Pereira, em substituição àqueles que abandonaram a Igreja para
constituírem a Igreja Cristã Presbiteriana, sendo ordenados em 02.06.68.
Como vimos, a razão dos membros da IPVV se dividirem entre partidários da família
Gueiros e os contrários àquela família, foi a eleição do Rev. Sebastião em lugar do Rev.
Jedaias para pastorear a igreja.
Jedaias, como não podia deixar de ser, passou para a igreja Cristã Presbiteriana,
organizada por seu irmão Gedelti. Porém, por lá não ficou muito tempo.

Bacharel em direito, fez concurso para juiz de Direito e, em 1987, era Juiz de Menores
em Vitória, quando o povo capixaba, através de reportagem no jornal “A Gazeta”, do
dia 25 de julho, sábado, tomou conhecimento de que ele fôra preso às 4 horas e 50
minutos da manhã do dia 24, numa operação conjunta da Polícia Federal e da Receita
Federal do Paraná, realizada na cidade de Medianeira, a cinquenta quilômetros da
divisa do Brasil com o Paraguai, conduzindo quinhentos mil cruzados de mercadorias
contrabandeadas, sendo autuado em flagrante.

Dirigia um automóvel Escort com placas ‘frias’, do Espírito Santo, como se estivesse
a serviço do poder judiciário e, em sua companhia, estavam um advogado e duas
mulheres. Foram recolhidos no Departamento de Polícia Federal de Foz do Iguaçu, no
Paraná.

79
Os agentes federais e os fiscais da Receita informaram ter iniciado a operação
às 22 horas do dia 23, quinta-feira, na Rodovia BR-277, que liga o Brasil ao Paraguai,
conhecida como a ‘rota dos contrabandos’ e, na madrugada do dia 24, sexta-feira, o
Escort guiado pelo magistrado foi obrigado a parar no posto de Medianeira.

Aberto o porta-malas, entre as bagagens, estava o contrabando: três aparelhos de vídeo-


cassete, uma filmadora, relógios, fitas de vídeo ‘virgens’ e gravadas, além de bebidas,
sendo os objetos apreendidos.
O juiz, o advogado e as mulheres foram conduzidos à Delegacia Fazendária da Polícia
Federal e autuados em flagrante. As duas mulheres conseguiram comprovar que nada
tinham com o caso e foram libertadas, porém o juiz e o advogado ficaram detidos.
À tarde, depois de comprovar que era juiz, Jedaias foi colocado em liberdade, baseado
em um artigo da ‘Lei Orgânica da Magistratura Nacional’.

Um agente da Polícia Federal contou que o Escort marrom escuro, dirigido pelo Juiz
estava com as placas ‘frias’ e no seu interior havia outro jogo de placas ‘frias’, ambas
do Espírito Santo.

Todo o contrabando apreendido havia sido adquirido na Cidade de ‘Puerto Stroessner’,


hoje, ‘Ciudad Del Este’, no Paraguai, na divisa com o Brasil.

O advogado que com ele viajava, de Vitória, continuou preso em Foz do Iguaçu, à
disposição da Justiça do Paraná.

Julgado pelo Tribunal de Justiça do Estado do Espírito Santo, Jedaias foi afastado da
magistratura capixaba, sendo o caso ‘abafado’ e não mais noticiado nos jornais.

Antes deste episódio do Paraná, Jedaias já fôra denunciado pelo Promotor de justiça da
Vara de Menores de Vitória, Jeovah Miranda Ferreira, de estar facilitando o tráfico de
bebês do Espírito Santo para os Estados Unidos e a Europa, através de dois advogados,
o que causou grande polêmica entre o juizado de Menores e o Ministério Público.

Jedaias negou o tráfico de bebês, porém admitiu que havia três adoções em curso,
inclusive que uma das crianças já se encontrava nos Estados Unidos e outra fôra
enviada para a Itália.

O caso dos bebês foi abafado, mesmo tendo o promotor requerido à Polícia Federal
para apurar o tráfico.

Segundo o promotor, as crianças brasileiras eram comercializadas a dez mil dólares.

Tal ato foi denunciado nos noticiários dos jornais e das televisões, sendo aberta uma
sindicância pelo Corregedor Geral da Justiça, que não foi concluída.
E nem o será!

80
Tais fatos mostram que a Igreja Presbiteriana de Vila Velha agiu corretamente, sob a
orientação do Espírito Santo de Deus, ao não eleger o Rev. Jedaias como seu Pastor,
nas eleições de 1965.
Encerra aqui os fatos narrados por Dr. Joel Ribeiro Brinco em seu livro sobre a família Gueiros e o
surgimento da Igreja Cristã Maranata. Fonte: Joel Ribeiro Brinco; Livro: Igreja Presbiteriana de
Vilha Velha- 50 Anos de História; 25 de setembro de 2003 (Páginas 25 até 49)

Entrevista com Dr. Joel Ribeiro Brinco

Por meio do livro do Dr. Joel Ribeiro caiu por terra uma história espiritualizada que a
Igreja Maranata contou para seus membros há mais de 50 anos.
Mas, isso não teria sido possível se o seu relato não fosse tão bem feito e com detalhes
documentados que revelaram a consistência da história contada em seu livro.
Felizmente, hoje a verdade pode ser conhecida e muitas pessoas foram beneficiadas
com a libertação proporcionada pela edição do seu livro.
Como informações adicionais, em um diálogo com o Pr Sólon Pereira (ex pastor e
membro da ICM por mais de 20 anos) pensamos em algumas perguntas para fazer ao
Dr. Joel Ribeiro, sobre o presidente da ICM, Gedelti Gueiros (o dono da instituição)
essas perguntas foram escolhidas pois trata-se especificamente da pessoa de Gedelti,
coisa que o livro dele não aborta diretamente.
O foco principal do livro do Dr. Joel é a Igreja Presbiteriana de Vila Velha, cujo a
família Gueiros tivera passagem por esta e acreditando ter direito a usucapião, se
tornaram “donos” daquela igreja local.
O Dr. Joel Ribeiro era muito próximo a família Gueiros, conversando comigo, disse
que era amigo da família, conhecia de perto o dia a dia deles. Ele me disse fatos sobre
a família Gueiros que me deixou boquiaberto e por hora não poderia descrever aqui
por causa da informalidade da conversa.
O Dr. Joel bem lúcido, me respondeu gentilmente a essas perguntas em uma folha de
caderno escrita a mão e me enviou pelo Correios anexado ao seu Livro juntamente a
autorização de usá-lo neste trabalho.

81
Abaixo, a entrevista com o Dr. Joel Ribeiro Brinco:
Raphael Leonessa: Enquanto Gedelti era membro e presbítero da Igreja
Presbiteriana, ele era humilde, submisso e obediente ao Presbitério de Vitória e
ao pastor local (Sebastião Bitencourt dos Passos), considerando que a Igreja
Presbiteriana integrava a Obra de Deus e que pastores, ou reverendos, eram
ungidos de Deus e que, portanto, não poderia “tocar” neles?
Dr. Joel Ribeiro Brinco: Gedelti nunca foi humilde e obediente ao pastor local e
nunca foi pastor da Igreja Presbiteriana. Ele foi apenas um presbítero como
qualquer outro.A família Gueiros comandou a igreja por muitos anos e quando
perdeu o controle, insubordinou-se e saiu fundando a Igreja Maranata.
Raphael Leonessa: Quando Gedelti iniciou o movimento separatista que culminou
na divisão da Igreja Presbiteriana de Vila Velha, ele já tinha feito o seminário
preparatório para o ministério pastoral da Igreja Presbiteriana? Chegou a ser
reconhecido ou ordenado como pastor, ou reverendo, no ministério da Igreja
Presbiteriana?
Dr. Joel Ribeiro Brinco: Nunca estudou para ser pastor e nunca foi reconhecido
como tal. Gedelti nunca foi ordenado pastor. Ele era apenas formado em
odontologia.
Raphael Leonessa: Quando Gedelti iniciou o movimento separatista, por que razão
o Presbitério de Vitória não impôs a Gedelti uma disciplina formal, uma vez que
ele estava se insurgindo contra suas determinações?
Dr. Joel Ribeiro Brinco: Quando o presbitério resolveu advertir o Gedelti ele
pulou fora da igreja o que foi ótimo para a Igreja Presbiteriana. O sossego voltou
a reinar no meio evangélico.
Raphael Leonessa: Gedelti saiu da Igreja Presbiteriana com a bênção do
Presbitério de Vitória? Se não, porque não houve uma exclusão formal de Gedelti
da membresia da Igreja Presbiteriana?
Dr. Joel Ribeiro Brinco: Ele abandonou o sistema presbiteriano.
Raphael Leonessa: Ao iniciar os trabalhos da Igreja Cristã Presbiteriana, os
dissidentes se apropriaram de algum patrimônio da Igreja Presbiteriana?
Dr. Joel Ribeiro Brinco: Apropriaram-se de uma congregação.
Raphael Leonessa: Ao iniciar os trabalhos da Igreja Cristã Presbiteriana, quem
ordenou Gedelti como pastor? E qual a origem ou de onde veio a autoridade da
pessoa que ordenou Gedelti como pastor?
Dr. Joel Ribeiro Brinco: Ele nunca foi ordenado pastor. Ele pediu ao Rev. Milton
Leitão para organizar a então igreja Cristã Presbiteriana, hoje, Maranata. Quando
não precisavam mais do Milton esse foi escorraçado da Maranata.

82
Raphael Leonessa: No início dos trabalhos da Igreja dissidente, Gedelti convidava
ou aliciava membros da Igreja Presbiteriana para a sua igreja?
Dr. Joel Ribeiro Brinco: A Igreja de Gedelti foi formada com aliciamento de
membros de outras igrejas.
Raphael Leonessa: Quando Gedelti afirma que iniciou a Igreja Cristã Maranata
com apenas 6 pessoas, que receberam uma revelação especial de Deus, isso é
verdade ou mentira?
Dr. Joel Ribeiro Brinco: É mentira que tenha começado sua igreja com apenas 6
pessoas. Nas páginas 42 a 45 do livro eu cito nominalmente 71 membros maiores
e 11 menores aliciados por Gedelti para começar a sua igreja. Revelação especial
de Deus nunca existiu, com certeza.
(...)
Com respeito e admiração pelo seu trabalho.
Joel Ribeiro Brinco
___________________________________________________________________

Diante desses fatos constatados a conclusão é que “quem revelou essa Obra”, não
foi Deus, nem Jesus Cristo e nem o Espírito Santo, mas sim Gedelti Gueiros, o
cabeça da igreja, juntamente a:
1-Manoel dos Passos Barros, engenheiro, professor universitário, diretor do
DER, primeiro presidente do presbitério.
2-Misael Alves Lacerda, oficial reformado da polícia militar do Espírito Santo
(Foi o responsável por secretariar a primeira reunião e quem lavrou a primeira
ata da ICM).
3-Jonas Marques, pastor evangelista, saiu da igreja Congregacional. Esse foi
o responsável por dar o nome a denominação: Igreja Cristã Maranata.
4- Sarah Victalino Gueiros, mãe de Gedelti, professora formada em
pedagogia e economia, e responsável pelo trabalho feminino e com crianças.
Foi quem avaliou os sinais proféticos que colaborou para a gênese da ICM. A
primeira reunião foi feita na casa dela.
(Cf Resumo Histórico, profético e doutrinário; GUEIROS Gedelti; ICM volume I Pág. 29, 32
e 36)
5-Com o falecimento do pastor Barros, em 1986, o professor Edward
Hemming Dodd assumiu a presidência do presbitério, permanecendo até julho
de 2007 quando veio a falecer.
Outros nomes:
6- Pastor Itamar Médice, já falecido, mas foi diácono da ICM.
7-Pastor Mauro Rodrigues da Costa, ainda atuante na área.
______________________________________________________
(Cf ORIGENS/ Pioneiros- Revista: Vem Maranata; 50 anos_edição especial março de 2018
pag. 12 e 13)

83
EM POUCAS PALAVRAS

Não toque no Ungido do Senhor

Frase costumeira dentro desta instituição, não apenas na ICM mas em tantas outras
denominações cujo a liderança quer obter controle dos membros dentro da igreja local.
Textos bíblicos são distorcidos para essa finalidade, como por exemplo:

Não toqueis os meus ungidos, e não maltrateis os meus profetas.


(Salmos 105:15 ACF)

Não toqueis os meus ungidos e aos meus profetas não façais mal.
(1 Crônicas 16:22 ARC)

Todavia, a passagem mais citada é 1 Samuel 24:6 em que Davi, sendo pressionado
pelos seus homens para aproveitar a oportunidade de matar Saul na caverna, respondeu:
E então disse a seus soldados: "Que o SENHOR me livre de fazer tal coisa
a meu senhor, de erguer a mão contra ele; pois é o ungido do Senhor".
(1 Samuel 24:6 NVI)

A expressão “ungido do Senhor” usada na Bíblia em referência aos reis de Israel se


deve ao fato de que os mesmos eram oficialmente escolhidos e designados por Deus
para ocupar o cargo mediante a unção feita por um juiz ou profeta. Na ocasião, era
derramado óleo sobre sua cabeça para separá-lo para o cargo. Foi o que Samuel fez
com Saul (1Samuel 10:1) e depois com Davi (1Samuel 16:13).

O que fazem parecer, os pastores desses grupos do “não-me-toques”, é que existe um


tipo de “imunidade da unção”, mas isso não é verdade.

[…] o problema não é a frase, mas sua interpretação, que resulta numa heresia
manipuladora. Aprendemos que todas as heresias têm um ponto de partida, a
Bíblia.
Esta frase, “não toqueis nos meus ungidos”, tem sido empregada em várias
ocasiões:
1. Para pregadores hereges se defenderem e ameaçarem seus críticos
2. Defender certos obreiros e líderes que estão em pecado
3. Para causar medo no rebanho
ELIAS, Tarles; Escravos das Heresias; 1 edição 2018 editora: Autor da Fé pág. 77 a 79

Jamais os apóstolos de Jesus Cristo apelaram para a “imunidade da unção” ou o “não-


me-toques”, esse costume é principalmente usado pela liderança de seitas neo-
pentecostais para controlar as objeções dos membros dos grupos.
84
Jesus Cristo quando foi confrontado pelos farizeus em sua época, apelou para a
bíblia, Ele citou o antigo testamento para defender sua autoridade e seus ensinos, Ele
não apelou para a “imunidade da unção”. Existe alguém mais ungido por Deus que
Jesus Cristo? Claro que não!

Os apóstolos quando foram confrontados, também citavam as escrituras e respondiam


as objeções dos questionadores. Os capítulos 10 a 13, da segunda carta aos Coríntios,
é a resposta de Paulo aos acusadores, ele não disse “não-me-toques” ou nada do tipo,
respondeu as objeções e confrontou com sua autoridade apostólica.

Por que é que eu não encontro na bíblia a queixa de Paulo a repreensão do tipo,
“como vocês ousam se levantar contra o ungido do Senhor”?

No Antigo Testamento, a unção era feita com óleo, e esse símbolo apontava a unção
da Nova Aliança, a unção do Espírito Santo em todos os salvos:

Escrevo-lhes estas coisas a respeito daqueles que os querem enganar.


Quanto a vocês, a unção que receberam dele permanece em vocês, e não
precisam que alguém os ensine; mas, como a unção dele recebida, que é
verdadeira e não falsa, os ensina acerca de todas as coisas, permaneçam nele
como ele os ensinou.
(1 João 2:26,27 NVI)

Homens de Deus devem dar as devidas respostas com trabalho, argumentos, verdade
e sinceridade.
Não toque no ungido do Senhor é apelação de quem não tem nem argumento.

Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se
envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.
(2 Timóteo 2:15 ACF)

85
Quimerismo

Fui surpreendido quando li na revista Veja, na sessão “informe publicitário”, uma nova
doutrina estranha da Igreja Cristã Maranata, denominada Quimerismo. A surpresa foi
pela publicação conter 3 páginas, valor milionário pago pela igreja, para a revista mais
conhecida do Brasil, pois a ICM nesses últimos anos vem se utilizando de meios
seculares para publicidade, ato condenado por eles mesmos no passado.
Minha surpresa também foi ao ler a matéria e a explicação sobre o tal Quimerismo,
uma crença que não encontramos respaldo bíblico, complexa e que foi enfiada goela
abaixo nos fiéis icemitas.

O Brasil vive uma pandemia nesse ano de 2020 por conta do COVID 19, após a
quinzena do mês de março os estados no Brasil foram entrando em quarentena
decretado por governadores de vários Estados, gradativamente cada estado foi
paralisando parcialmente as atividades em vários setores, entre esses, as igrejas foram
obrigadas a fechar suas portas.
O Quimerismo foi apresentado para os fiéis da ICM nesse período de quarentena, ou
seja, os fiéis também foram pegos de surpresa com uma nova doutrina que eles mesmos
nunca ouviram falar antes dentro dos templos ou fora deles, pois o tal Quimerismo não
faz parte da ortodoxia bíblica.

A nova doutrina fora anunciada na revista Veja, através de um artigo cujo o autor é o
Dr. Miguel Faria Lima, diácono e membro do grupo Ciência e fé da ICM. Após o
anúncio e apresentação, foi reportado no sábado, às 7 horas e no domingo as 14 horas,
no programa “Anunciando o Evangelho Eterno”, transmitido pela Rede TV. (Cf revista
VEJA 6 de Maio de 2020; edição 2685, ano 53, número 19 pág. 12)
No programa da TV, o responsável pela explicação sobre o a doutrina do Quimerismo,
ficou a cargo do médico e pastor da ICM, Amadeu Loureiro Lopes. (Cf
https://drive.google.com/file/d/1ayVpszgrp_nzWZ4aUD0k-burkohZSdvA/view )

A ICM é uma igreja com várias crenças estranhas ao analisar a teologia protestante, e
de fato essa é mais uma.
É necessário definir o Quimerismo como uma "doutrina", não apenas uma mera opinião
pessoal de um pastor, pois esse ensino já foi e está sendo divulgado amplamente em
vários meios de mídia, seja TV, revista, sites e blogs, até mesmo nas redes sociais.
Então o Quimerismo é uma doutrina oficial da ICM!

No programa “Anunciando o Evangelho Eterno”, transmitido pela Rede TV, o


apresentador pastor Sérgio Carlos pediu a ajuda para o médico e pastor Amadeu
Loureiro Lopes, já que o Quimerismo é um “conceito ligado a área da saúde”. Leiamos
a transcrição da explicação do que é Quimerismo que foi divulgado naquele programa.

Amadeu: “Primeiro nós temos que definir Quimerismo. Quimerismo é um fenômeno


genético, raro na espécie humana onde a pessoa teria dois DNA diferentes, dois tipos

86
de genes diferentes, é raro isso, por exemplo a pessoa tem um olho verde e outro olho
castanho, isso é um tipo de Quimerismo.
Se fala em Quimerismo, se aplica alguma coisa quando você fala do transplante de
medula, o que acontece no transplante de medula? Você remove a medula doente do
paciente e introduz uma medula nova, medula vermelha, do doador.
Então o por que as pessoas falam de fenômeno de Quimerismo aí?
Porque o receptor, aquele que recebe a medula nova do doador, acontece um fato
interessante a característica genética desse sangue muda.
Por exemplo, se ele tem um tipo sanguíneo RH positivo e o doador dele for RH
negativo, ou agrupamento ABO, o agrupamento sanguíneo dele passa para o
agrupamento sanguíneo do doador, não aquele dele anterior que foi removido por causa
da enfermidade. Ele passa agora ter geneticamente um sangue daquele que foi o seu
doador.
Isso é muito interessante se nós quisermos aplicar isso dentro da doutrina bíblica, o
apóstolo Paulo, ele é muito enfático em mostrar a igreja como um corpo. E toda a
bíblia fala muito isso, a mudança do pacto lá na ceia mostra corpo e sangue. Isso é
interessante porque, como se aplica isso? Pela fé.
A igreja verdadeira, ela recebeu uma operação do Espírito Santo que é o sangue
de Jesus que é seu Espírito, que produz aí uma fé completamente diferente daquela
que as pessoas as vezes imaginavam.
Que é diferente, que é da obra criadora que não tem nada a ver com a obra redentora.
Essa fé diferente ela está ligada a genética do doador, porque quem doou esse sangue
que nos move nessa hora, que move essa igreja, que é seu Espírito foi o senhor Jesus.
Então agora aquilo que Paulo diz: ‘...eu não mais vivo, cristo vive em mim, a fé que
agora eu tenho eu a tenho no unigênito filho de Deus’, então é uma coisa diferente
então a aplicação da fé nesse caso aí ela passa a ser a fé, e essa é a fé verdadeira, é
aquela que veio pela operação do espírito santo em nós , ou seja o doador quem foi o
doador desse sangue que agora circula nesse corpo, que é a igreja e Paulo fala isso
várias vezes o sangue que circula nesse corpo, que é a igreja, agora é o sangue de Jesus,
é o sangue que foi derramado é o seu próprio Espírito” .
(QUIMERISMO NA TV ICM.mp4 - Google Drive https://drive.google.com/file/d/1ayVpszgrp_nzWZ4aUD0k-
burkohZSdvA/view )

Eu te pergunto, caro leitor, ao ler essa explicação sobre o que é o Quimerismo, você
conseguiu entender bem sobre essa crença?
Ao indagar alguns icemitas, nem eles mesmos conseguiram me explicar com exatidão
o que é o tal Quimerismo.

Ensinando essa doutrina tão peculiar, o que a ICM insinua aos seus membros é que eles
têm o Espírito Santo dentro deles, por isso é que estão na Quinta Medida, essa é a
resposta do porquê não estão "na letra”, a ICM recebe do próprio Espírito de Deus as
revelações pois “Cristo vive neles” através desse Quimerismo.

87
Alguns problemas do Quimerismo

1) Vocábulo

Utilizam-se de um termo da mitologia. Originalmente a palavra Quimera remete a um


monstro mitológico caracterizado por possuir cabeça de leão, corpo de cabra e cauda
de serpente, qualquer bom dicionário traz descrição semelhante a essa. Posteriormente
essa palavra recebeu outras definições.

Embora alguém possa questionar algum dos diversos termos teológicos para defender
essa crença (Quimerismo), vale lembrar que a seita Maranata é contemporânea, todos
os outros termos doutrinários que lemos nos livros de teologia sistemática foram usados
por já existirem, a Maranata criou um termo novo.

Muitos dessas expressões, foram batizados com o nome do inventor da crença como:
arminianismo, calvinismo, pelagianismo, arianismo, marcionismo, sabelianismo etc.
Há também termos que se originaram por simples semântica, a exemplo de apologética
(defesa/resposta) imortalismo/ mortalismo (alma imortal/ alma mortal respectivamente)
entre outros.
Certa vez, um icemita tentou argumentar que a palavra trindade é um termo pagão,
disse que foi o imperador romano no terceiro século quem criou essa crença.

A doutrina da trindade não veio em meados do terceiro século seja pelo concílio de
Nicéia ou qualquer suposição, a trindade já havia sido de certa forma exposta no
Didaquê, anterior ao ano 90 d.C., e parece que Tertuliano, um dos pais da igreja (160–
225 d.C.), foi o primeiro a aplicar o termo Trindade a Deus. Tertuliano usa o termo
(triunidade) em Contra Práxeas, escrito em 213 para explicar e defender a Trindade
contra os ensinamentos de seu contemporâneo Práxeas, que defendia a heresia
88
monárquica. A partir daí, podemos avançar ao longo de um século de discussões,
cismas e debates da igreja até chegarmos ao Concílio de Niceia em 325, quando a
Trindade foi finalmente confirmada como doutrina oficial da igreja. A Trindade é um
neologismo cristão, e não pagão.
Aqui já refuto esse argumento.

Confesso que não tenho tanta resistência com termos teológicos seja qual for sua
origem, pois entendo ser ele pedagógico. O grande problema é o que ele representa.
Qual o problema do termo antropocentrismo por exemplo? Nenhum! O cristão aplicar
esse conceito em sua vida é o erro.

O termo Quimerismo, embora é muito estranho e creio que a ICM deveria pensar em
um nome melhor para essa crença, todavia, em si não me causa muito espanto, visto
que vem da mente dos professores da ICM. Mesmo assim me parece apenas uma
pedagogia e a problemática é o que ele representa.

A doutrina do Quimerismo é mais uma emenda para sistematizar a Quinta medida.


É bizarro como os membros da ICM aceitam qualquer crença sem questionar, sabemos
que a liderança “culpa” o Espírito Santo por tudo, já que tudo é revelado, mas será que
os membros não percebem nada de errado? Será que no íntimo deles, não há alguma
desconfiança sobre a doutrina da ICM?

Como estudante de assuntos teológicos há bastante tempo, não me choca mais esses
termos, como o tal Quimerismo, todavia não consigo entender como que um icemita
aceita uma crença com esse nome.

Muitas coisas comuns em várias igrejas evangélicas, na ICM são extremamente


proibidas por entenderem ser de autoria maligna, idolatria ou ambas.

As irmãs que vão no culto de calças estão sendo influenciadas pelo demônio.
O irmão da ICM que casou com uma crente de outra denominação está em jugo
desigual e passa a ser irrelevante no meio icemita.
Crianças que usam camisetas estampadas de super-heróis de desenhos infantis estão
carregando uma imagem maligna no corpo, seus pais pecaram por isso.
Se alguém orar de costas para o púlpito pecou!
Homem que usa bermuda, barba também está em pecado.
Se escutou alguma música secular, pecou também!
Se foram em um casamento na igreja Católica, aí não tem mais jeito, é um pecador
mesmo!
Me parece que “qualquer coisa” na ICM é pecado, mas usar um termo doutrinário de
origem mitológica não é?

O termo Trindade como exemplo, remete ao “número três, trino, trio”, Já o


Quimerismo nos lembra de quê? É um tipo de alteração genética rara ou se trata de um
monstro mitológico?
89
Comer ovo de chocolate na páscoa ou ceiar no natal é motivo de repreensão na ICM,
por considerarem uma idolatria, mas usar a Quimera como referência doutrinária não
é idolatria?

Segundo a estória mitológica, a Quimera era um invencível “monstro de raça divina”


e foi uma arma para executar um bravo guerreiro da cidade grega de Corinto, conhecido
pelo nome de Belerofonte. Falsos boatos acusaram-no de tramar contra o rei e um
insensato monarca acreditou no que diziam e resolveu matá-lo, receoso das
consequências o monarca não quis o executar na sua própria cidade.
“Quando percebeu do que se tratava, (o monarca) começou a cogitar sobre
o modo como haveria de se desfazer do guerreiro. Primeiro, mandou-o
matar a invencível Quimera, monstro de raça divina, que à cabeça do leão
unia o corpo de uma cabra, que terminava sob a forma de dragão e lançava
constantemente chamas pela boca. Vários heróis tinham, em vão, tentando
vencê-la. Belerofonre, porém, auxiliado pelos deuses, destruiu-a com roda
a facilidade.[...] Ao vê-lo, o monarca pensou: Este homem (Belerofonte) é
certamente protegido pelos deuses e portanto não pode ser mau”
__________________________________________________________
Ilíada de Homero; Capítulo 8, Página 42,43 Martin Claret editora

A Quimera é sem dúvidas uma ficção que nos leva ao paganismo da Grécia antiga,
onde o homem é semideus e o antropocentrismo e o humanismo são escancarados.
Monstros são divinos e homens são extremamente poderosos.

Os icemitas tem orgulho de se intitularem como servos valentes da Obra fiel, igreja fiel,
povo fiel, Obra do Espírito, a noiva, se opondo a tudo que pareça como algo originado
no paganismo, entretanto aceitam uma nova doutrina que lembra de algo pagão, mas
como foi “Deus quem revelou”, então não questionam.

É bem seletivo a aplicação da “idolatria”, do “pecado” e do “paganismo” na ICM, vejo


que o desvio do caráter cristão é reprovado convenientemente pelos pastores da seita.

2) Problema teológico

A ICM é uma denominação que crê na doutrina da trindade, vemos a exaltação a ela
em hinos como o Vive Em Mim, apontado como sendo a própria Igreja Cristã Maranata
a autora:
“Toma-me em Tuas mãos
Fala-me da Tua salvação
Mostra me a Trindade
Vive em mim”

90
A doutrina da Trindade é amplamente divulgada e ensinada nos maanains, nos cultos,
programas de rádio, TV, EBD´s.

[...] a operação da Trindade


(no texto 1 Pedro 1:2) aqui vemos o Pai, o Filho e Espírito Santo
_____________________________________________________
BOLETIM EBD/ ICM pergunta 2; (pag. 3) 31 JAN. 2021

O texto acima foi apresentado no dia 31 de janeiro de 2021 no boletim EBD, e o ensino
foi exatamente sobre a trindade.
Como você pôde ver, a ICM é trinitária e não há problemas nisso, eu creio que a
trindade é uma doutrina cristã ortodoxa. A Trindade é uma crença fundamental do
cristianismo!

Agora, quando eu tento unir o Quimerismo com a Trindade, encontro um erro de


raciocínio que resulta em uma heresia.
Ao analisar a explicação sobre o Quimerismo do médico e pastor Amadeu Loureiro
Lopes, vemos algumas peculiaridades que apontarei aqui.

O Quimerismo “é um fenômeno genético, raro na espécie humana onde a pessoa


teria dois DNA diferentes". Fica implícito aqui que o icemita tem 2 DNAs.
Esse DNA se refere a 2 genes, 2 tipos de naturezas ou ambos?
Será que Amadeu quis dizer que há 2 tipos de DNAs no icemita, mas esse DNA é
apenas uma figura de linguagem?

“[...] Ele (o receptor) passa agora ter geneticamente um sangue daquele que foi o
seu doador”. Aqui o Dr Amadeu que também é pastor e professor da ICM, preciso
enfatizar isso, ele diz que o receptor (icemita), agora tem o mesmo gene do seu doador
(Jesus).

“[...] A igreja verdadeira, ela recebeu uma operação do Espírito Santo que é o
sangue de Jesus que é seu Espírito”. A igreja verdadeira, como vimos é a ICM, ela
recebe o sangue de Jesus que é seu Espírito.
Como assim, o Sangue de Jesus é o Espírito? Então o Espírito Santo não é uma pessoa,
mas sim o sangue de Jesus?
Aqui já fica evidente o desconhecimento sobre a doutrina trindade.
No dia em que fiquei meditando sobre essa fala do Dr Amadeu, automaticamente me
veio à mente algumas perguntas cômicas:
Meu espírito está no meu sangue também?
Se eu perder muito sangue em algum acidente, perderei uma parte de meu espírito?
Se eu receber sangue por transfusão, receberei o espírito do doador juntamente a meu
sangue?
Terei dois espíritos?
Se eu receber transfusão de sangue de um ímpio, como fica minha salvação?

91
As perguntas até parecem idiotas, no entanto o Quimerismo é que me levou a esses
questionamentos tão bizarros, feitas a partir da cosmovisão Tricotômica, me parece que
esse é um pensamento comum dentro da ICM. (Cf: SEMINÁRIO DE JOVENS-MAANAIM
QUELUZ-Setembro de 2014 Tesouro em Vaso de Barro; Corpo Alma e Espírito)

“[...] o sangue que circula nesse corpo, que é a igreja, agora é o sangue de Jesus, é
o sangue que foi derramado é o seu próprio Espírito”. Amadeu insiste em afirmar
que o sangue de Jesus é o próprio Espírito Santo, e esse sangue foi derramado sobre a
igreja. A igreja Fiel, a Obra revelada é a ICM.

Se juntarmos as afirmações:
a) “O receptor passa a ter geneticamente o sangue do doador”.
b) “O sangue de Jesus é seu Espírito”
c) “O sangue de Jesus foi derramado”

Me valendo dessas premissas, usando o raciocínio lógico, não consigo chegar a outra
conclusão: O icemita é um semi-deus!
Não é um mero silogismo, chego essa conclusão em consequência do próprio ensino
do Quimerismo.
Em resumo, o Quimerismo é um fenômeno genético, onde o icemita passa a ter dois
DNAs diferentes, quando recebe esse sangue de Jesus, ele passa a ter a natureza do
doador que é Jesus Cristo.
Somente os icemitas tem o sangue de Cristo correndo em suas veias, o DNA de cristo.
Como o sangue de Jesus é o próprio Espírito Santo, o icemita tem em si tanto o
DNA de Jesus quanto o Espírito Santo.

A doutrina do Quimerismo refuta totalmente a doutrina da trindade.


O termo trindade usamos para descrever um único Deus em três pessoas: o Pai, o Filho
e o Espírito Santo. A Trindade é uma doutrina cristã que trata acerca da diversidade
que há na unidade de Deus, nas pessoas do Pai, do Filho e do Espírito Santo. A palavra
Trindade não aparece na bíblia mas é usado para explicar o conceito bíblico que Deus
é um mas em três pessoas. Essa ideia está bem presente na Bíblia (Mateus 28:19, João
10:30, 2 Coríntios 13:14, 1 João 5:7-8, 1 Coríntios 8:6)

Desde muito cedo a Igreja precisou formular uma doutrina a cerca desse assunto,
especialmente para se proteger de falsos ensinos que já desde a época apostólica
procuravam se introduzir na comunidade cristã, os quais eram influenciados pelo
gnosticismo, pelo platonismo e pelo próprio judaísmo.

De forma bastante resumida, podemos dizer que o ponto principal dessas heresias
atacava a divindade de Cristo e a pessoalidade do Espírito Santo.

O Credo Apostólico foi uma das primeiras confissões de fé que líderes cristãos
produziram para esclarecer as crenças básicas do cristianismo. Ainda que não tenha
sido escrito diretamente pelos apóstolos, o credo foi logo reconhecido como
92
representando fielmente seus ensinamentos mais básicos. Esse credo enfatiza a
humanidade verdadeira de Jesus, um fato que alguns hereges primitivos (especialmente
os Gnósticos) estavam negando.

“Creio em Deus, Pai todo-poderoso, criador do céu e da terra. Creio em Jesus Cristo,
seu único Filho, nosso Senhor, o qual foi concebido pelo poder do Espírito Santo, e
nasceu da Virgem Maria. Padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos; foi crucificado,
morto e sepultado; desceu ao lugar dos mortos; ressuscitou ao terceiro dia; subiu aos
céus; e está sentado à direita do Pai. Voltará para julgar os vivos e os mortos. Creio
no Espírito Santo, na santa Igreja católica, na comunhão dos santos, na remissão dos
pecados, na ressurreição do corpo, e na vida eterna. Amem”.

A palavra Trindade foi usada para explicar o relacionamento eterno entre o Pai,
o Filho e o Espírito Santo. Muitas passagens bíblicas evidenciam a Trindade.
Heresias e crenças falsas começaram a se multiplicar nos primeiros anos da
Igreja, o que continua a ocorrer hoje. Por isso, os Pais da Igreja primitiva
combateram tais erros principalmente em seus escritos, que apresentavam a
Trindade como sendo o ensinamento bíblico sobre Deus.
Eis aqui uma relação de Pais da Igreja que escreveram sobre a Trindade muito
antes do ano 300 d.C. (ou seja, antes do início do 4º século):

90 d.C. Clemente, o terceiro bispo de Roma


90-100 d.C. Didaquê, ou A Doutrina dos Doze Apóstolos
90 (?) d.C. Inácio, bispo de Antioquia
155 d.C. Justino Mártir, grande apologista e escritor
cristão
168 d.C. Teófilo, sexto bispo de Antioquia
177 d.C. Atenágoras, teólogo
180 d.C. Irineu, bispo de Lyon
197 d.C. Tertuliano, líder eclesiástico
264 d.C. Gregório Taumaturgo, líder eclesiástico
_____________________________________________________________
MANUAL DE HERESIOLOGIA DA AGIR/ http://www.cacp.org.br/a-trindade-e-os-fatos-biblicos/

O erro do raciocínio sobre o Quimerismo encontra-se na definição do “Sangue de Jesus


foi derramado”, que para o professor e pastor Amadeu, é o próprio Espírito Santo.
O Espírito Santo também foi derramado sobre a igreja em Atos 2, mas foi derramado
para a Santificação e uso dos dons do Espírito. Já o Sangue de Cristo foi derramado
para a Salvação da humanidade.
São assuntos semelhantes, mas não é o mesmo, não podemos misturar todos os
assuntos bíblicos como se fossem os mesmos, isso trará muitos problemas teológicos
para se resolver, a exemplo, o Quimerismo.

93
3) Paradoxo

Os icemitas gozam de alegria ao confessar publicamente quanto são usados pela


operação do Espírito.
Me parece que eles sentem uma imensa satisfação em gritar para todo mundo ouvir que
as outras denominações estão na letra, mas eles sim estão sendo iluminados pelo
Espírito, através da QM.
Afirmam com toda convicção de que eles não precisam de teologia, pois o próprio
Espírito vive neles, eles têm a influência direta de Jesus, ocorreu o Quimerismo com
eles.

De onde vieram todos esses ensinos?


1-Quinta medida;
2-Louvores revelados;
3-Clamor pelo sangue;
4-Quimerismo;
5-Consulta a palavra para batismo;
6-Uso de simbologia;
7-Uso de numerologia;
8-Obrigação de orar sempre defronte ao púlpito;
9-Não toqueis nos meus ungidos;
10-Já tocou três trombetas, estamos esperando a quarta...

Os ensinos supracitados são comuns na ICM. De onde foram extraídos esses ensinos?
Das escrituras? -Se sim, onde está escrito a palavra Quimerismo ou Quinta Medida na
bíblia? -Resposta: Em nenhum lugar encontramos esses ensinos!
Aqui é que entra o grande paradoxo na ICM.

Os icemitas sentem grande prazer em dizer que “são bíblicos” e que são usados pelo
Espírito Santo, mas a grande verdade é que os todos seus ensinos são teológicos!
Eles criticam a teologia, mas se utilizam da teologia- não a convencional, mas uma
nova teologia criada pelo presbitério Espírito-santense.

Os termos Quimerismo, Quinta Medida, por exemplo, são apenas nomes que definem
uma crença peculiar e excêntrica da ICM.

Teologia é uma apresentação das realidades espirituais apresentadas na bíblia, dando-


nos uma visão de seu conjunto e de suas relações ( Cf: FERREIRA Júlio Andrade; Teologia
Sistemática Contemporânea 2018 Fonte Editorial pag 27) o termo teológico apenas indica um
estudo sobre as escrituras sagradas, assim como Quimerismo, Quinta Medida, Clamor
pelo Sangue etc.

O grande paradoxo é esse, a Igreja Cristã Maranata se utiliza de uma teologia, mas é
contra teologia.

94
A teologia da ICM contraria os princípios da teologia ortodoxa usando outro tipo de
teologia, a QM, a resposta de tudo: Foi revelado!
É bem contraditório negar algo e usando-o.

Nos Maanains, nas transmissões pelo Satélite, no Youtube, nas revistas, etc, o que
vemos são gráficos, textos sublinhados, gibis escatológicos, gráficos parecendo plano
cartesiano, tudo isso com objetivo de doutrinar os icemitas, através da teologia da ICM.
O Quimerismo é uma doutrina que apela para a espiritualização do indivíduo icemita,
onde o sujeito não precisa de teologia para conhecer Deus, todavia a explicação
doutrinária é teológica.
Não há coerência no Quimerismo, como não há coerência em quase tudo na ICM.

A Quarta Trombeta

Interessante ver o modus operandi dos icemitas. É bem semelhante as argumentações


dos membros ao defenderem suas crenças.

Ao serem indagados sobre alguma de suas doutrinas estranhas, iniciam sua defesa
dizendo que só conseguirá entende-las quem crê na revelação (a Quinta Medida da
ICM). Apelam para um texto bíblico, ao lermos percebemos que está totalmente fora
de contexto. Sendo refutados, apelam novamente para a revelação, então acusam os
questionadores de não serem convertidos/transformados pelo Espírito Santo.

O último recurso é o ataque pessoal, acusam os opositores de estarem “Na Letra”. A


palavra viva vem somente dos ensinos da ICM, segundo eles.

Usam a ciência, a história convenientemente. No livro Resumo Histórico, Profético e


doutrinário volume 1, vemos algumas conclusões precipitadas do autor Gedelti
Gueiros, presidente da ICM e professor do instituto bíblico educacional Maranata. Ele
afirma algumas “projeções de sinais proféticos” como:
A derrubada das Torres Gêmeas no dia 11 de setembro é um cumprimento profético de
Joel 2:1-2. (Pag 37 e 38)
“Dia de trombeta” em Sofonias 1:16 foi cumprido na derrubada das torres em Nova
York. (Pag 38)
Também se cumpre no evento da derrubada das Torres, juntamente ao maremoto da
Malásia, Lucas 21: 25-26. (Pag 39)
A primeira Trombeta, Apocalipse 8:7, já soou quando a terça parte das árvores foram
queimadas, e isso já aconteceu. (Pag 40)
A segunda Trombeta, Apocalipse 8:9, se cumpre em 17 de setembro de 1970 quando
Jacques Cousteau disse que 40% dos seres vivos do mar desapareceram. (Pag 40)
A terceira Trombeta, Apocalipse 8:10-11, se cumpre no evento atômico de Chernobil.
(Pag 42)

95
Agradece a TV Globo pelo programa “Cidades e Soluções”, que é “extraordinário, é
notável”- Palavras de Gedelti. (Pag 42)- Me parece que Gedelti assistiu muitos
programas jornalísticos com teor sensacionalista e bem impactantes. Na minha opinião,
ao acompanhar essas notícias ele ficou impressionado de tal forma que foi influenciado
a fazer tais afirmações.

A quarta Trombeta- Última para Igreja. Hoje sabemos que as três


primeiras trombetas foram tocadas porque os sinais foram visíveis e
confirmados cientificamente, restando, agora, o toque da quarta trombeta.
(Apocalipse 8:12)
Revista: Vem Maranata; 50 anos_edição especial, Março de 2018 pag. 49

Gedelti não explica sobre a quinta Trombeta (Ap 9:1-12) sexta Trombeta (Ap 9:13-
21) e sétima Trombeta (Ap 10), apenas diz que a quarta trombeta é a última para a
igreja, não tenho informações sobre o que ocorrerá após a quarta trombeta na visão
escatológica icemita.

Não existem muitos materiais para a consulta sobre a ICM, e ao perguntar sobre
determinados assuntos aos próprios membros, não há uma homogeneidade de
pensamentos. Se tratando sobre a escatologia não é diferente. O pensamento mais
aceito na Maranata é de que a igreja não passará pela Grande Tribulação. Outro
pensamento padronizado entre os membros é de que estamos na nova aliança e não
devemos cumprir a Lei do Antigo Testamento, deduzo que a igreja é dispensacionalista/
pré-tribulacionista.

No programa Conversas Bíblicas, transmitido ao vivo no Youtube, um dos episódios


intitulados: “Arrebatamento-parte1” em 18 de junho de 2020, com a apresentação de
Pr Josias Junior e Pr Antônio Carlos Oliveira, no canal oficial “Igreja Cristã
Maranata”, foi explorado o assunto “a volta de Cristo e o Arrebatamento da igreja”.
A explanação dos pastores me pareceu bem centradas no pré-tribulacionismo. Não vejo
a necessidade de critica-los nesse sentido, pois eles apenas defenderam uma teologia
muito comum e bem aceita em nossos dias, embora eu particularmente não sou adepto.

O grande problema é que mesmo a igreja defendendo o pré-tribulacionismo, entendo


que os professores ainda não compreenderam muito bem essa linha escatológica.
Dentro da visão pré-tribulacionista, ou seja, o pensamento de que a igreja não passará
a tribulação, a corrente mais aceita, a clássica, é de que a igreja fica até nos eventos
proféticos antecedente a Apocalipse cap. 4. (Para melhor compreensão, sugiro ao
querido leitor consultar obras que trate com mais precisão sobre o tema)
Em apocalipse 7, vemos os 144 mil selados de todas as tribos dos filhos de Israel
(verso 4), então vemos soar a primeira Trombeta (capitulo 8:7) concluindo que só
tocará a Trombeta depois do arrebatamento da igreja e após o selamento dos 144 mil.
Claro, há várias interpretações nesse contexto.

96
A ICM peca por afirmar com certeza o que a bíblia não nos revela. Os professores
que deveriam trazer as devidas respostas, não dominam bem os assuntos, isso fica
evidente ao ler e assistir seus ensinos.

Aparentemente a ICM criou um tipo de neopedagogia escatológica, se apropriando


em partes do pré-tribulacionismo clássico e emendando ensinos proféticos do
presbitério Espírito-santense utilizando o método historicista.

Esse método de interpretação escatológica é frágil, me lembro de ter visto um profeta


pregando e dizendo que a pandemia de 2020 trouxe a Grande Tribulação e as vacinas
seriam a marca da besta. Apenas mais uma especulação, sem nenhuma base bíblica.

Em suma: “Cristão não afirma com certeza o que a bíblia não revela com clareza”.

A Rádio Maanaim
Divulgação em massa das doutrinas icemitas.

A ICM tem difundido seus ensinos estranhos de forma incessante por todo território
nacional, uma das ferramentas de divulgação é a Rádio Maanaim, Transmitindo a partir
de Vila Velha, estado do Espírito Santo, com informações sobre cultos, louvores e
várias notícias, focado fielmente em suas doutrinas próprias.

“A Rádio Maanaim é a segunda rádio mais acessada da América


Latina, chegando a mais de 3.000.000 (três milhões) de acessos no
perfil da rádio no Facebook, com a capacidade para atingir e alcançar
todos os países do globo”.
__________________________________________________________
[SIC] Revista: Vem Maranata; 50 anos_edição especial Março de 2018 pag. 16

É descrito por Josias Júnior como um instrumento eficaz de divulgação e resultado de


uma profecia;
Atualmente um dos mais eficazes instrumentos de divulgação de
louvores revelados e da Palavra Viva, a Rádio Maanaim foi inaugurada
e consagrada ao Senhor em julho de 2012, em cumprimento a uma
profecia que apontava este instrumento como Projeto de Deus para
a história de Sua Obra […] Desde o início de suas atividades, a Rádio
Maanaim se manteve no topo, entre as rádios de maior audiência no
Brasil, no seguimento WEB, concorrendo com verdadeiros gigantes da
comunicação.
__________________________________________________________
Josias Júnior; Revista: Vem Maranata; 50 anos_edição especial Março de 2018 pag.
56 e 57 (Grifo meu)
97
Muitas vezes quando se fala em Web-rádio, imagina-se uma pequena rádio em casa,
não tão bem planejada, mas a Rádio Maanaim é uma com grande audiência e constante
em várias regiões de todo mundo que causaria inveja em muitas outras gigantes do
mesmo setor.
Com uma programação voltada exclusivamente aos cristãos, e me parece que
principalmente para fortalecer a fé dos icemitas e proselitismo, a rádio trabalha
incansavelmente para divulgar suas doutrinas, através de mensagens e louvores.

A cada dia, os relatos apresentados promoviam a certeza da Rádio ser


muito mais do que um simples veículo de comunicação, mas uma
forma de evangelizar […] que agregada ao sistema de transmissão Via
Satélite, oferece à ICM toda a estrutura de produção e transmissão de
conteúdo, sempre direcionados pelo Espírito Santo e com o objetivo de
levar, aos quatro cantos da terra, a Palavra de Deus e sua doutrina.
__________________________________________________________
Idem (Grifo meu)

Grifei as palavras que considero “Palavras-chave” na ICM. Os termos “Evangelismo,


Palavra de Deus e Doutrina”, tratam-se especificamente das crenças icemitas, atribuída
por eles ao Espírito Santo através de revelação (ou QM).
Quando dizem que a rádio transmite “Palavra Viva”, refere-se justamente ao “método
icemita” de ensino, ou seja, são estudos, mensagens ou devocionais que alegam ser
revelados pelo Espírito Santo, não um “mero estudo” sistemático ou teológico como
os “primos” fazem (outras denominações).

A rádio Maanaim não faz propaganda de trabalhos de outras denominações cristãs, não
tem o costume de divulgar notícias que vinculem ela a outros grupos evangélicos.
Também não exibem estudos ou pregações de mestres em teologia, tampouco reproduz
“músicas Gospel” (como é costume das rádios evangélicas), pois elas são de outras
denominações, e como sabemos os outros grupos cristãos são considerados como:
Movimento, Primos, Religião, Mescla, Eles, Movimento Religioso, Caídos, Seita,
Fracos, Ovelha desgarrada, Sambalates etc… Assim como habitualmente agem outras
denominações consideradas seita pseudocristã, procedem igualmente os icemitas com
um forte exclusivismo em todos setores de seus trabalhos. Você não vai ver nas
plataformas virtuais das Testemunhas de Jeová por exemplo, a divulgação de palestras
de teólogos de outras denominações. Já no meio evangélico, é comum esse tipo de
procedimento, cito como referência a Consciência Cristã, localizada em Campina
Grande-Paraíba, um evento anual com vários palestrantes cristãos de diversas
denominações que ministram cursos ou exposição da palavra de Deus tanto para defesa
da fé cristã quanto para a propagação do Evangelho.
Assim como outros grupos exclusivistas, a ICM também se aparta totalmente dos
outros grupos cristãos, não tem contato direto, nem debates, entrevistas, palestras etc.

Na rádio Maanaim existe o costume de exibir louvores próprios, chamados de


“louvores proféticos”.
98
O louvor é profético, porque é a expressão de um sentimento, é aquilo
que nos sensibiliza. O hino, louvor ou canção deve ser bonito, mas só terá
valor para Deus se for espiritual. Se a poesia não vier acompanhada
daquilo que é profético, não terá ligação com a eternidade, ela estará
ligada somente com a obra criadora […] O louvor da igreja fiel expressa a
grandiosidade do amor de Deus e a gratidão por este amor na vida da
igreja […] é importante nós entendermos que o louvor cantado pela
igreja Fiel é operado na eternidade.
__________________________________________________________
Revista: Vem Maranata; 50 anos_edição especial Março de 2018 pag.40 (Grifo meu)

Louvores proféticos segundo os icemitas, são louvores revelados por Deus, são
louvores iluminados pelo próprio Espírito Santo, já que a ICM está na Quinta Medida,
ou seja, estão “vivendo o profético, não na letra”.
Para os icemitas, louvor profético está em um patamar mais elevado dentro do
cristianismo na categoria louvor, não é um mero louvor “gospel”, mas uma música
escrita a partir de uma revelação, seja por sonhos, visões, algo que veio no coração no
momento ou qualquer outro tipo de revelação.

A frase: “é importante nós entendermos que o louvor cantado pela igreja Fiel é
operado na eternidade”, extraída da Revista Vem Maranata, me assegura dizer que a
ICM (a igreja Fiel) desqualifica outros louvores que não seja da ICM como louvores
genuínos e só os louvores cantados nos cultos ou na Rádio Maanaim é que produz
algum efeito na eternidade. A conclusão que chego é que somente os louvores da ICM
é que são autênticos, espirituais, embora sabemos que dentro dos cultos também é
comum ouvirmos louvores antigos, como por exemplo, aqueles hinos da harpa, hinos
e cânticos entre outros.
Mas o discurso padrão é que os louvores revelados são espirituais de fato. Como lemos
anteriormente, dizem os icemitas que a Rádio Maanaim foi cumprimento a uma
profecia que apontava como Projeto de Deus para a história de “Sua Obra”, esse tipo
de declaração é comum escutar dentro do movimento, porém essa não é a verdade pelo
que apurei.

Fui informado que a Rádio Maanaim não surge a partir de uma revelação ou profecia
como querem nos induzir a acreditar, mas ela surge a partir de uma guerra do sr. Gedelti
Gueiros, presidente da instituição, tentando usurpar a “Rádio Trombetas” cujo o dono
é o Radialista e pastor Samuel França. A Rádio Maanaim que foi inaugurada e
“Consagrada ao Senhor” em julho de 2012, só surgiu porque o sr. Gedelti Gueiros não
conseguiu ludibriar o dono da “Radio trombetas”.

Já que a versão oficial da ICM sobre os fatos é encontrado facilmente em artigos nos
sites, até mesmo em literatura, procurei o sr. Samuel França para o entrevistar e
gentilmente falou comigo sobre essa questão. Vale enfatizar que o sr. Samuel França
alega ter todas as provas de suas afirmações, algumas destas ele apresentou em um
programa de mais de uma hora na Rádio Trombetas.
99
(confira: https://www.youtube.com/watch?v=lZHolVvMvw4 Pastor Samuel França, da Rádio
Trombetas - YouTube ) Outros documentos estão na justiça anexado a um processo judicial.
O sr. Samuel França me deu as respostas através de áudios no app Whatsapp (Confira:
https://www.youtube.com/watch?v=BeAPoPyDptA ) transcrevi a entrevista e adaptei para a
leitura.

Todo esse capítulo foi revisado pelo próprio sr. Samuel França para avaliação destas
pequenas alterações.
Segue a entrevista:

Raphael Leonessa: Como o sr. Começou a trabalhar com a ICM, qual o tipo de
vínculo com ela?
Samuel França: Conheci a ICM do estado do Espírito Santo em 2006, até então não
tinha conhecimento sobre ela. Eu sou comunicador de rádio desde 1984 sou oriundo
do Rio de Janeiro, e eles descobriram meu telefone e entraram em contato comigo
porque precisavam de um apresentador para fazer a abertura de uma grande reunião no
estádio Mineirão, em Minas Gerais no ano de 2006.
Me contrataram, fiz um acordo de prestação de serviços como profissional
comunicador, aceitei fazer esta abertura desse encontro no Mineirão, cobrei um valor
pelos serviços prestados e ali fiz meu trabalho. Foi a partir desse momento que eu
conheci a ICM, onde eu quero aqui ressaltar que fiquei em um hotel, todos me
receberam muito bem, recebi o cumprimento dos jovens, a organização fantástica então
disso não tenho nada a reclamar, pelo contrário, tenho que elogiar. O comportamento,
a discrição, a modéstia da maior parte é notória. Então foi a partir daí que eu conheci a
ICM, em 2006.

Raphael Leonessa: Porque o sr. Decidiu se desvincular da ICM?


Samuel França: Se fizer uma busca na internet, encontrará minha carta de desligamento
em forma de gratidão pela minha recepção e da minha família. Como havia dito na
primeira pergunta, eu não conhecia a ICM, e como pastor estudei apologética, sendo
assim, [identifico] qualquer tipo de doutrina que é contrária a doutrina bíblica. A ICM
muita gente não sabe, ela tem em suas doutrinas pétreas cláusulas que são
completamente contrárias a bíblia, e isso passei a conhecer no período que estive lá por
cinco anos. Então Jesus disse em João 5:39: “Examinais as Escrituras, porque vós
cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam”; e com o tempo eu
fui enxergando as doutrinas completamente equivocadas, não são costumes, não são
liturgias diferentes, são erros crassos que o servo de Deus não pode aceitar de forma
nenhuma. Uma delas é a bibliomancia, que é a consulta a Deus para qualquer coisa,
não orando não tendo intimidade com Deus, mas simplesmente abrindo a bíblia. Outro
é o Clamor pelo Sangue de Jesus, também o sectarismo, o exclusivismo e não poder
confrontar a liderança.

O presbitério Espírito-santense é como um Papa. Grande parte dos obreiros e pastores


afirmam que o presbitério é infalível e isso é simplesmente surreal. Eu me desvinculei
porque passei a conhecer de modo mais aprofundado a ICM, apesar de seu invólucro
100
ter uma aparência muito boa, mas assim também existem outros grupos não-cristãos,
que são comportados, tem ética, tem modéstia, mas não são bíblicos, ou seja, não
caminham somente para que Cristo seja o Senhor e Salvador.
Então basicamente eu me desliguei porque as doutrinas pétreas da ICM são contrárias
a palavra de Deus: exclusivismo, sectarismo, jarro de flor como amuleto, a oração
obrigatoriamente deve ser feita voltada ao púlpito, isto é um amuleto, é sincretismo, e
dentre tantas outras coisas. Você praticamente tem que abandonar a família se o
conjugue não estiver na “Obra”, que é igreja, para eles é como se [a ICM] fosse um
Deus. Observando essas coisas eu pude atentar que ali era um lugar que aparentemente
é cristão, mas na verdade nega Cristo e sua eficácia. Um dos maiores momentos que
me chamou atenção foi o dono da Igreja (ele não é o presidente, mas o dono!) num
telefonema me elogiou dizendo que eu era muito “bom de bíblia”, estava indo muito
bem mas que agora eu precisava conhecer a “Doutrina de Obra”, então quando ele me
disse isso a “ficha caiu”- Bom, se eu conheço a bíblia que é minha única regra de fé,
prática e conduta, para mim é suficiente para dissipar todas as trevas e preciso conhecer
a Doutrina de Obra, logo, a Obra ou é um acréscimo ou é antagônico as doutrinas
bíblicas. E a partir daí eu olhei com mais minúcia e entendi que se trata de um
movimento manipulador, que alicia mentes e escraviza, que aliena as pessoas.

Então foi por esses motivos que eu saí da igreja, juntamente a minha esposa e nossos
filhos, por entender que a ICM usurpa a glória que pertence a Cristo Jesus, assim como
ela, existem outras igrejas contemporâneas que usurpam a glória de Deus. Querem ser
a mediadora... querer mediar a salvação é gravíssimo. Se os roubadores não herdam o
reino dos céus (1 Coríntios 6:10), imagina aqueles que querem roubar a glória de Jesus.
Então a aparência é interessante... liturgia interessante mas a doutrina não, eles negam
a bíblia como um todo por isso sai da ICM.

Raphael Leonessa: A Rádio Maanaim surgiu através de uma Profecia ou Revelação


de Deus, o senhor concorda com essa afirmação?
Samuel França: Para essa pergunta, respondo João 8:44, “...todo mentiroso é filho do
Diabo”. É mais uma mentira, usando o nome de Deus em vão!
Quando era pastor de uma igreja chamada Alvorada II, no bairro da Grande Vila Velha,
me chamaram para eu pastorear uma igreja na Praia da Costa. Disse que não. Estava
engajado em uma igreja, era uma igreja de periferia, pessoas mais singelas na qual eu
me identifico mais.
O pastor que estava nesta igreja de Castanheiras na Praia da Costa, me chamou para ir
para lá e eu disse que não, que estava identificado com a igreja de Alvorada II. Esse
pastor foi ao dono da ICM e solicitou minha presença e num determinado seminário eu
fui chamado pelo dono da Igreja. Ele me disse que eu tinha que ir para lá por que esse
pastor fez a solicitação para mim. Eu recusei, então ele foi ao dono e o dono exigiu que
eu fosse para aquela igreja. Enfim, já estava próximo a minha saída, o meu
desligamento, só faltava o momento certo para eu me desligar.

101
No culto de despedida é comum a presença de pastores de outras igrejas da região, ali
estavam uns 10 pastores, nesse culto de despedida, em Alvorada II, uma pessoa se
levantou e disse que Deus havia revelado que o pastor Samuel França tinha que sair
dessa igreja e tinha que ir para outra. Estou contando esse fato, para ilustrar as mentiras
descabidas que eles usam em nome de “revelação” por que se foi revelado, quem vai
refutar a revelação? No primeiro culto, quando fui empossado na igreja de Castanheiras
em Praia da Costa, da mesma forma, levantou-se um pseudoprofeta e começou a falar
que Deus tinha preparado o meu lugar ali para eu pastorear e foi pura mentira, pura
invenção. Estou dizendo sobre estas, mas existem de centenas, milhares de profecias/
revelações que eles usam afirmando que foi Deus quem revelou; Só para ilustrar essa
questão da rádio Maanaim que surgiu através de uma revelação. Mentira descabida!
Mentira do Diabo! Eu sou profissional de rádio há 35 anos, comecei no Rio de Janeiro,
trabalhei lá nas grandes empresas do Rio, e até hoje eu milito na área de rádio e
agradeço muito a Deus por essa profissão que ele me deu.

A rádio surgiu porque eu milito na área. Antes o nome da rádio era Clarim e depois que
o pastor Clarício Ribeiro teve um problema grave de pecado, ele foi excluído da igreja.
Como os nomes “Clarim” e “Clarício” são muito semelhantes, resolvemos mudar o
nome para rádio Trombetas. Mas a rádio sempre foi do pastor Samuel França de
Santana, está no CPF dele a marcas e patentes está nesse nome. A Rádio Maanaim
surgiu porque tentaram usurpar como fizeram, estão tentando até hoje, já perderam em
três instâncias porque eles quiseram de qualquer maneira calar a minha boca, queriam
fechar a minha boca, para que eu não refutasse de maneira muito simples as doutrinas
que eles pregam para os incautos, para os indoutos, mas lá tem pessoas maravilhosas
inteligentes, sinceras e honestas. Mas todos lá sendo inteligentes, doutores ou indoutos
estão sinceramente sendo enganados. Essa história que a rádio Maanaim surgiu a partir
de uma revelação, é mais uma mentira, uma hipocrisia, uma falsidade, porque a história
não é essa, a rádio surgiu para que eles (os membros da ICM), a grande massa, não
continuasse ouvindo a verdade que é pregada na rádio Trombetas na qual eu estou
administrando há 11 anos.

Eles queriam disseminar como fazem, disseminar as suas doutrinas equivocadas


antibíblicas como fazem até hoje, tem questões terríveis, terríveis, terríveis [SIC] e
vivem inventando, na verdade é uma mente carnal, uma mente demoníaca eu posso
afirmar isso, porque se opõem a bíblia, e se opõem a bíblia, logo se opõem a Cristo!

São construções humanas que querem disseminar. Quando nós abrimos a boca para
falar a verdade eles tentaram de todas as formas calar a nossa boca para não perder
membros, não perder receita, e tem acontecido isso hoje, estão desesperados.

Perceba o contrassenso de tudo o que eles pregavam há alguns anos, eles diziam que
não iam para mídia, agora contrataram uma empresa de marketing, uma agência de
publicidade de uma marqueteira política* para dar um “up” na marca no nome da ICM,

102
porque a igreja ficou muito maculada quanto as questões de desvios de verbas, que
segundo o Ministério Público ocorreu e eu não quero entrar nesse mérito.

Isso é o de menos, porque roubo desvio de verbas é comum do ser humano, acontece
em todas as grandes denominações lamentavelmente, o que não era para acontecer, mas
onde têm ser humano existem falhas, erros e pecados, mas a questão maior é a doutrina
porque, eu creio em Mateus 23:15 que está escrito assim: “Ai de vós, escribas e fariseus,
hipócritas! pois que percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito; e, depois de o
terdes feito, o fazeis filho do inferno duas vezes mais do que vós.” Pensando nisso que
até hoje eu não me calo, não só para essa seita falsa, mas para todas as outras seitas
falsas ou para aquelas que passam a se desviar da verdade que é a palavra de Deus.

Espero ter contribuído … o nosso abraço em Cristo Jesus Samuel França


________________________________________________________________

*Marqueteira política: Bete Rodrigues, conhecida como a “Bruxa do Marketing” que


foi incumbida de reconstruir a imagem da igreja maranata, abalada por escândalos de
corrupção, segundo o Jornal “ESHOJE”.

A imagem veiculada na época pelo referido jornal: Jornal


ESHOJE; Vitória 22 de fevereiro de 2013, ano XII, número 424 na página 05 pode ser
encontrado também no site:https://issuu.com/jornaleshoje/docs/ edicao_net_-_424
Texto da descrição: “A marqueteira Bete Rodrigues não para. Depois de trabalhar
anos a fio ajudando a eleger governadores e prefeitos, a professora de literatura agora
fará o gerenciamento de mídias sociais de empresas de diversos segmentos. ‘A bruxa’
do marketing político vai do céu ao inferno: além dos campos político e empresarial,
Bete está incumbida de reconstruir a imagem da igreja maranata, abalada por
escândalos de corrupção”

103
Processos
Lemos em 1 Coríntios 6:1-8 uma advertência aos cristãos; Estes não devem ir à juízo
perante os incrédulos, mas sim resolver as questões perante os Santos (1 Coríntios 6:1).
Quando um cristão vai perante um juiz para resolver problemas com outro cristão e
querer algum tipo de reparação, ele já demonstrou sua derrota espiritual.
Ousa algum de vós, tendo algum negócio contra outro, ir a juízo perante os
injustos, e não perante os santos? Não sabeis vós que os santos hão de julgar o
mundo? Ora, se o mundo deve ser julgado por vós, sois porventura indignos de
julgar as coisas mínimas?
(1 Coríntios 6:1,2 ACF)

Cristãos não deveriam estar levando uns aos outros para o tribunal por causa de
assuntos relacionados a igreja, isso é vergonhoso, uma obra do Espírito é o amor que
provém de Deus (1 João 4:1-13).
Lembro de certa ocasião, aqui no Brasil, um pastor foi retirado do cargo e processou a
própria igreja que pastoreava pedindo cem mil reais de indenização. Isso gerou uma
grande repercussão negativa.
Deus foi engradecido? De forma nenhuma! O evangelho foi anunciado? De forma
nenhuma! A igreja que deveria estar pregando sobre a salvação e a volta de Cristo
estava naquele momento se defendendo judicialmente de seu oponente- um pastor da
própria instituição.
Os santos deveriam ter uma maturidade espiritual suficiente para não precisar dos
juízes descrentes deste mundo e resolver as diferenças dentro da igreja.
Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos? Quanto mais as coisas
pertencentes a esta vida? Então, se tiverdes negócios em juízo, pertencentes a
esta vida, pondes para julga-los os que são de menos estima na igreja? Para vos
envergonhar o digo. Não há, pois, entre vós sábios, nem mesmo um, que possa
julgar entre seus irmãos?
(1 Coríntios 6:3-5 ACF)

O processo civil deveria ser evitado de qualquer maneira, mas em alguns casos o
cristão vai precisar se defender do não-cristão judicialmente, como a proteção dos seus
próprios direitos, como no exemplo do apóstolo Paulo que pôde se apropriar da defesa
legal.

Agripa disse a Paulo: Você pode apresentar a sua defesa.


Então Paulo estendeu a mão e fez a sua defesa, dizendo o seguinte: Rei Agripa,
eu me sinto muito feliz em poder estar hoje diante do senhor para me defender

104
de tudo o que os judeus me acusam. E especialmente feliz porque o senhor
conhece muito bem todos os costumes e questões dos judeus. Portanto, peço que
o senhor me escute com paciência...
(Atos 26,1-3 NTLH)

De fato, é vergonhoso o cristão processar cristão, na verdade é já realmente uma falta


entre os cristãos, terdes demandas uns contra os outros. Por que não sofrem antes a
injustiça? Por que não sofrem antes o dano? “Mas vós mesmos fazeis a injustiça e
fazeis o dano, e isto aos irmãos” (1 Coríntios 6:7,8).
No entanto, há algumas circunstâncias em que uma ação judicial pode ser o caminho
apropriado se o padrão bíblico para reconciliação for seguido:
Ora, se teu irmão pecar contra ti, vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir,
ganhaste a teu irmão; Mas, se não te ouvir, leva ainda contigo um ou dois, para
que pela boca de duas ou três testemunhas toda a palavra seja confirmada.
E, se não as escutar, dize-o à igreja; e, se também não escutar a igreja, considera-
o como um gentio e publicano.
(Mateus 18:15-17ACF)

Eu mesmo já precisei de procurar meus direitos numa ocasião, por causa de um serviço
mal prestado por uma companhia de distribuição de força e luz. “Quem não precisou
de ir a juízo não-cristão que atire a primeira pedra”! (ironia) No entanto, processos
judiciais na vida de um cristão deveriam ser muito raros.
Tenho percebido que a ICM segue o texto de Mateus 18 de forma bem seletiva. Quando
a igreja se sente ameaçada de alguma forma, o departamento jurídico logo abre um
processo contra o cristão que o arguiu, considerando-o imediatamente como um gentio
e publicano (não-cristão/ descrente/ímpio). A ICM não tenta uma reconciliação, uma
aproximação ao ex membro, ou opositor teológico.
Não consigo entender qual é o medo dessas igrejas que processam. Jesus disse
que:“...edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”
(Mateus 16:18). O inimigo nunca terá êxito em destruir a igreja de Deus.
Se o medo for a difamação, a calúnia: "Bem-aventurados serão vocês quando, por
minha causa, os insultarem, os perseguirem e levantarem todo tipo de calúnia contra
vocês. (Mateus 5:11), a perseguição à igreja é vista de forma positiva nas escrituras,
obviamente ninguém gosta de ser caluniado, mas ainda assim este foi o que aconteceu
com Jesus Cristo, e diante das ofensas Jesus se calou (Isaias 53:7).
Uma árvore que produz bons frutos, é atacada com pau e pedradas para que o fruto seja
derrubado. Mas várias igrejas que tem o costume de processar não enxergam essas
realidades.

105
Conheço muitos ex membros, boas pessoas que saíram machucadas, feridas
emocionalmente pelo tempo que dedicaram sua vida “na Obra”, muitos desses foram
processados por se voltarem contra a má teologia, eclesiologia da instituição.
Uma simples dona de casa, pessoa de boa índole, foi processada por apenas fazer um
comentário em uma publicação de outra pessoa no Facebook.

A “Igreja” que deveria estar abraçando os ex membros, amando-os, confortando-os, na


realidade estão processando, judicializando, e muitos destes processados são pessoas
desempregadas que precisam até mesmo de ajuda financeira.

O papel da igreja é demonstrar o amor de Jesus, ser o sal da terra e a luz do mundo
(Mateus 5:13-14)
A religião pura e imaculada para com Deus e Pai, é esta: Visitar os órfãos e as
viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo.
(Tiago 1:27 ACF)
Todavia, se cumprirdes, conforme a Escritura, a lei real: Amarás a teu próximo
como a ti mesmo, bem fazeis.
Mas, se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado, e sois redargüidos pela lei
como transgressores.
(Tiago 2:8,9 ACF)
Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem
obras é morta.
(Tiago 2:26 ACF)

Conclusão:
Usam as sagradas escrituras- a Revelação de Deus, de forma conveniente, seletiva e
mística- através da Quinta Medida, que é a revelação sobrenatural do deus deles.
Percebo que a ICM não pode fazer uma mudança radical se tornando como as demais
igrejas bíblicas, genuinamente cristãs, porque tudo foi revelado, se caso apresentarem
mudanças, isso confessará um Deus mutável. Não consigo imaginar um dia a ICM se
tornando uma igreja bíblica de fato.
Embora percebemos pequenas mudanças positivas dentro da denominação, o que eles
chamam de “Obra Dinâmica”, assim mesmo as mudanças são sutis e pouco relevantes.
Cito como exemplo, a antiga narrativa que a internet é coisa do diabo, atualmente a
ICM vem crescendo usando da rede de internet. O que antes era pecado, atualmente é

106
benção. Essas pequenas mudanças tem uma resposta: a Obra é dinâmica! Bem
conveniente...
Na Maranata é tudo revelado- Será que o uso dos dízimos para pagar o custeio de
escritório de advocacia de alto padrão para processarem ex membros, também foi uma
revelação de Deus?
Essas questões são sinceras e gostaria muito de respostas.

Uma teologia com confecção dissimulada em camadas auto excludentes, juntamente


ao gritante sectarismo, concluo que a Igreja Cristã Maranata é uma seita pseudo cristã.

Raphael Leonessa

107
ANEXO
Lista atualizada (até 18/08/21) dos processados pela Igreja Cristã Maranata

108
109
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