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A RELIGIÃO E

O SENTIDO DA
EXISTÊNCIA
A EXPERIÊNCIA DA FINITUDE

Albrecht Dürer, São Jerónimo, 1521.


A EXPERIÊNCIA DA FINITUDE

• Onde quer que existam ou tenham existido sociedades encontramos


religiões.
• O sentido da existência é desde sempre uma preocupação humana:
• Por que razão vivemos?
• Será que a morte física representa realmente o fim do ser humano?
• Se deixarmos de existir com a morte, a nossa vida terá algum sentido?

• Questões representativas da nossa procura do sentido da existência


A EXPERIÊNCIA DA FINITUDE

• O ser humano precisa de sentir controlo sobre a sua vida;


• O ser humano precisa de sentir que explica e prevê a maior parte dos
fenómenos à sua volta;
• Todavia, o ser humano tem consciência da sua circunstância:
• É situado. Não pode escapar à inevitabilidade de estar inserido numa época e
contexto histórico determinados;
• É limitado. Por mais que lute contra a sua morte, esta continua a apresentar-se
como inevitável.
A EXPERIÊNCIA DA FINITUDE

• A religião corresponde à necessidade de dar resposta ao problema do sentido


da existência e apresenta o Universo como criação de um Deus ou deuses e a
morte como transição para um plano transcendente ou metafísico.
• Crer numa existência depois da morte facilita a passagem pelo mundo.
• De acordo com a maioria das religiões, a nossa existência tem sentido na
medida em que cumpre o plano de uma inteligência superior que concebeu o
Universo com um propósito (um desígnio).
• Somos parte desse desígnio e seremos recompensados no Além se o
soubermos realizar
A DIMENSÃO RELIGIOSA

• Todas as definições do fenómeno religioso mostram uma


característica comum: à sua maneira, cada uma dessas
definições opõe o sagrado e a vida religiosa ao profano e à
vida secular.

• Sagrado opõe-se a profano. É uma força que não emana do


mundo físico ou natural mas do mundo sobrenatural.
A DIMENSÃO RELIGIOSA
• O ser humano liga-se ao sagrado através das suas
manifestações: hierofanias.

• Hierofania deriva do grego hierofani, algo de sagrado


revela-se-nos.

• São hierofanias todos os seres, objetos, ações, templos


e/ou lugares que, no contexto de uma determinada
religião, adquirem o valor de sagrado, sacralidade.
A DIMENSÃO RELIGIOSA

A experiência religiosa é
inseparável da consciência que
o ser humano tem do limite
temporal da sua existência – a
morte, isto é, da consciência do
caráter finito da existência
humana.
A DIMENSÃO RELIGIOSA

«A morte é comum a todos, e nem


os deuses dela podem afastar um
homem, por muito que o amem,
quando a Moira funesta da morte o
vier derrubar.» (Homero, Odisseia,
III, 236-238)
A EXPERIÊNCIA DA FINITUDE

• A religião fundamenta e responde ao sentido da existência (teísmo,


fideísmo).
• A religião não esgota as respostas possíveis.
• Há quem defenda que a religião constitui uma resposta ilusória à
problemática do sentido da existência:
A DIMENSÃO RELIGIOSA

• O ateísmo afirma que com a morte física do corpo termina a


vida e a consciência. O ateísmo nega a existência de um
mundo sobrenatural ou transcendente.

• O agnosticismo abstém-se de tomar posição. Considera que


não é possível determinar, através do conhecimento, a
existência de um mundo sobrenatural.
A DIMENSÃO RELIGIOSA

• Os crentes nas diversas religiões


contestam o ateísmo e o
agnosticismo. Afirmam que a
morte é o fim da vida terrena e o
início de uma outra forma de
vida, transcendente e eterna.
A DIMENSÃO RELIGIOSA

• A crença na existência de um Deus único denomina-se


teísmo ou monoteísmo.

• A crença na existência de uma pluralidade de deuses


designa-se politeísmo.

• A crença numa força divina que está presente e penetra em


todas as coisas do mundo denomina-se panteísmo.
Reflexão sobre a
existência de Deus

Interior a uma vivência Exterior às vivências


religiosa religiosas

Teologia Filosofia da religião


A DIMENSÃO RELIGIOSA
• O teísmo é frequentemente o ponto de partida da filosofia da
religião.

• O teísmo defende a existência de um deus único, a sua


omnipresença, omnipotência, omnisciência e suprema
bondade.

• Esta perspetiva é partilhada por judeus, cristãos e


muçulmanos.
Teísmo

omnisciente. omnipotente.

Deus é um ser

sumamente bom, criador do universo mas


moralmente perfeito. independente dele.

único e pessoal.
A DIMENSÃO RELIGIOSA

• Mas será que o Deus descrito pelos


teístas existe de facto?

• O teísmo pretendeu demonstrar


através da razão a existência de
Deus.

• Foram apresentados diversos


argumentos.
Argumento a priori Argumento a posteriori

Este tipo de argumento tem pelo menos Este tipo de argumento parte da
uma premissa cuja veracidade não experiência sensível para alcançar
depende de nenhum dado sensorial. as suas conclusões.

A verdade das suas premissas pode A veracidade das suas premissas


ser conhecida sem recurso à depende de dados sensoriais pois são
experiência sensorial. proposições empíricas.
Razão epistémica Razão prudencial
Racionalidade que procura estabelecer a Racionalidade que aceita determinadas crenças
verdade das proposições procurando como corretas se forem benéficas para nós, e
justificações infalíveis ou muito prováveis. se não existirem alternativas mais plausíveis.

Está na origem dos argumentos cognitivos. Está na origem dos argumentos pragmáticos.
Problema da existência de Deus

Será que Deus existe?

Sim Não

Argumentos Argumento Argumento


cognitivos pragmático cognitivo

Ontológico A aposta O argumento


de Pascal do mal
Cosmológico

Teleológico
Argumento
Cosmológico

Teísmo Argumento Teleológico


(desígnio)

Argumento Ontológico

Fideísmo
Posições acerca da
existência de Deus Pascal

Agnosticismo

Ateísmo Teodiceia (contra-argumento ao ateísmo)


Problema da existência de Deus

Será que Deus existe?

Sim Não

Argumentos Argumento Argumento


cognitivos pragmático cognitivo

Ontológico A aposta O argumento


de Pascal do mal
Cosmológico

Teleológico
POSIÇÕES FACE À
PROBLEMÁTICA DE
EXISTÊNCIA DE DEUS
Argumento
ontológico
Anselmo de Cantuária
Argumento
ontológico

1) Deus (o ser maior do que o qual nada pode ser pensado) existe no pensamento.

2) Se Deus existisse apenas no pensamento (e não na realidade),


poderíamos pensar num ser ainda maior do que ele (que existiria no pensamento e na
realidade).

3) Não podemos pensar um ser ainda maior do que Deus


(o ser maior do que o qual nada pode ser pensado).

4) Logo, Deus (o ser maior do que o qual nada pode ser pensado)
não existe apenas no pensamento, existe também na realidade.
Argumento
ontológico

1) Deus (o ser maior do que o qual nada pode ser pensado) existe no pensamento.

Todos reconhecemos, mesmo os ateus, que possuímos a ideia de Deus, de um ser maior do
que o qual nada pode ser pensado. Um ser tão perfeito, que não é possível imaginar outro
ser que lhe seja superior.

2) Se Deus existisse apenas no pensamento (e não na realidade),


poderíamos pensar num ser ainda maior do que ele (que existiria no pensamento e na
realidade).

Se afirmarmos que tal ser não existe na realidade, mas apenas como uma ideia no nosso
pensamento, podemos imaginar um ser ainda maior do que ele. Nesse caso poderíamos
pensar algo superior a esse ser supremo (algo que existisse quer no pensamento, quer na
realidade).
Mas isto é impossível, é contraditório.
Argumento
ontológico

3) Não podemos pensar um ser ainda maior do que Deus


(o ser maior do que o qual nada pode ser pensado).

Assim, sendo impossível pensar algo superior ao “ser maior do que o qual nada pode ser
pensado”, é uma contradição afirmar que este ser (Deus) é apenas uma ideia sem
existência real.

4) Logo, Deus (o ser maior do que o qual nada pode ser pensado)
não existe apenas no pensamento, existe também na realidade.

Se é contraditório pensar que Ele não existe, conclui-se que Deus, sendo um ser maior do
que o qual nada pode ser pensado, tem que existir quer no pensamento, quer na realidade.
Argumento
Será
Será este
este um um
argumento
bom ontológico
bom
argumento
Objeções
Objeções ao argumento ontológico

A ilha perfeita A existência não é uma caraterística


Se a perfeição implica a existência, então
O argumento confunde a existência de algo
uma ilha perfeita tem que existir
com as suas caraterísticas.
necessariamente.

Dizer que algo existe não é caraterizar esse


Mas, como tal ilha não existe, o argumento
algo. Não podemos dizer que algo existe tal
não pode ser sólido.
como possui cor, peso ou forma.

Como serve para provar a existência de coisas A existência é a condição para algo poder ter
que não existem, não podemos confiar neste todas as outras caraterísticas (peso, forma,
argumento para provar a existência de Deus. etc…).
Argumento
cosmológico
Tomás de Aquino
Argumento
cosmológico

1) Todos os eventos são causados.

2) Se todos os eventos são causados, então, ou cada evento se causa a si mesmo, ou há


uma cadeia causal que regride infinitamente, ou há uma primeira causa.

3) Nenhum evento se causa a si mesmo.

4) A existência de sequências causais que regridem infinitamente é impossível.

5) Logo, tem de haver uma causa primeira.


Argumento
cosmológico

1) Todos os eventos são causados.

A primeira premissa revela o caráter a posteriori do argumento.


Tomás de Aquino parte da observação de que todos os fenómenos estão interligados por
cadeias causais.

2) Se todos os eventos são causados, então, ou cada evento se causa a si mesmo, ou


há uma cadeia causal que regride infinitamente, ou há uma primeira causa.

Se (1) é verdade, então existem três possibilidades de explicar esse facto: a autocausação,
a regressão causal infinita ou a existência de uma causa primordial.

3) Nenhum evento se causa a si mesmo.

Uma causa é por definição anterior ao seu efeito. Assim, a autocausação é impossível pois
nenhum fenómeno pode ser anterior a si mesmo, logo não pode causar a sua própria
existência.
Argumento
cosmológico

4) A existência de sequências causais que regridem infinitamente é impossível.

Se eliminarmos a causa de um efeito qualquer, este não pode existir; numa regressão
infinita nunca encontramos a causa dessa sequência; assim, se não existe a causa dessa
sequência, esta não deveria existir. Mas como constatamos a existência de sequências
causais, não podemos aceitar a regressão infinita de causas.

5) Logo, tem de haver uma causa primeira.

Por exclusão das duas outras alternativas, Tomás de Aquino conclui que existe uma causa
primeira que iniciou todas as sequências causais. Essa causa é Deus.
Argumento
Será este um
Será este um bom cosmológico
bom
argumento

argumento
Objeções
Objeções ao argumento cosmológico

Existem regressões infinitas Falácia da composição

É concebível imaginar a existência de Afirmar que toda uma sequência de


regressões causais infinitas, tal como é causas e efeitos tem de possuir uma
possível imaginar uma sequência de causa porque cada elemento dessa
números que retroceda indefinidamente. sequência possui uma causa é cometer a
falácia da composição.
Objeções ao argumento cosmológico

Raciocínio indutivo Causa primeira ≠ Deus

Afirmar na primeira premissa que todos os Se aceitarmos o argumento cosmológico,


eventos são causados implica realizar só concluímos que existe uma causa
uma indução que não nos dá garantia primeira, não podemos concluir que essa
absoluta da veracidade da sua conclusão. causa é Deus.
Argumento
teleológico
Tomás de Aquino
Argumento
teleológico

1) Algumas coisas sem inteligência atuam em vista de uma finalidade.

2) Ou alcançam essa finalidade por mero acaso, ou são guiadas por algo inteligente.

3) Não é por acaso que tendem para essa finalidade.

4) Logo, existe algo inteligente que dirige as coisas naturais para esses fins.
Argumento
teleológico

1) Algumas coisas sem inteligência atuam em vista de uma finalidade.

Esta primeira premissa mostra novamente o caráter a posteriori do argumento. Tomás de


Aquino parte da observação de que algumas coisas desprovidas de inteligência demonstram
existir em vista de certos fins, certos propósitos.

2) Ou alcançam essa finalidade por mero acaso, ou são guiadas por algo inteligente.

Essa tendência para se comportar em vista de uma finalidade ou é fruto do acaso,


ou é provocada por um ser inteligente (tal como a flecha é orientada pelo arqueiro).
Argumento
teleológico

3) Não é por acaso que tendem para essa finalidade.

Aquino defende esta premissa afirmando que se fosse por acaso, esta tendência para certas
finalidades não seria recorrente. A sua repetição («sempre ou na maioria das vezes») prova
que não é fruto do acaso.

4) Logo, existe algo inteligente que dirige as coisas naturais para esses fins.

Se não é por acaso, conclui-se que tem que existir um ser inteligente e poderoso capaz de
orientar as coisas naturais para os seus fins. Esse ser é Deus.
Argumento
Será este um teleológico
bom
argumento
Objeções
Objeções ao argumento teleológico

Seleção natural Falácia da falsa analogia


A analogia entre a flecha e o arqueiro por
um lado e as coisas naturais e Deus por
A seleção natural é capaz de explicar a outro, não tem por base semelhanças
adaptação dos seres às suas finalidades, numerosas ou representativas.
logo não precisamos de recorrer à
hipótese da intervenção divina. Existem diferenças relevantes entre os
dois polos da comparação.
A aposta de Pascal
Blaise Pascal
FIDEÍSMO

• Fideísmo (do latim fides, fé) é uma doutrina religiosa que prega que
as verdades metafísicas, morais e religiosas, como a existência
de Deus, a justiça divina após a morte e a imortalidade, são
inalcançáveis através da razão, e só serão compreendidas por
intermédio da fé.
• A ideia central do fideísmo é que as questões religiosas não podem
ser justificadas por meio de argumentos ou provas, mas apenas pela
fé.
“Se não acreditardes não compreendereis” Stº Agostinho
FIDEÍSMO

• Blaise Pascal e Santo Agostinho defendem uma forma


mais moderada de fideísmo segundo a qual, apesar de
a fé ter um estatuto privilegiado em matérias religiosas,
podemos apelar à razão para a fundamentá-la.
• Pascal não apresenta um argumento acerca da existência de
Deus. Conclui, através de um raciocínio matemático
(lembrem-se que foi um proeminente matemático – p. ex.
Triângulo de Pascal e a teoria das probabilidades) que é mais
preferível acreditar nela.
Aposta de
Pascal

1) Se entre as alternativas disponíveis, os resultados de uma alternativa X forem melhores


do que os das outras, devemos escolher X.

2) Acreditar em Deus é melhor do que não acreditar, quer Deus exista ou não.

3) Logo, devemos acreditar em Deus.


Aposta de
Pascal

1) Se entre as alternativas disponíveis, os resultados de uma alternativa X forem


melhores do que os das outras, devemos escolher X. (Princípio prudencial)

1. Temos que decidir se devemos ou não acreditar em Deus.

Dado que Deus é algo infinito e a mente humana é finita, as nossas capacidades cognitivas
2.
não conseguem responder a esse problema.

Se a razão epistémica não consegue responder ao nosso problema, então devemos usar a
3.
razão prudencial.

4. Portanto, devemos usar a razão prudencial.


Aposta de
Pascal

2) Acreditar em Deus é melhor do que não acreditar, quer Deus exista ou não.

5. Se Deus existe e acreditamos n’Ele, alcançaremos um ganho infinito na vida após a morte.

6. Se Deus não existe e acreditamos n’Ele, ganhamos alguma felicidade (uma vida virtuosa).

Se escolhermos não acreditar em Deus, quer Ele exista, quer não exista, não alcançaremos
7.
o ganho maior – a felicidade infinita. No máximo, teremos alguma felicidade terrena.

8. Portanto, acreditar em Deus é melhor do que não acreditar, quer Deus exista ou não.
Será este um A aposta de
bom
argumento Pascal
Objeções à aposta de Pascal

Falácia do falso dilema Crença sem valor moral

Crer em Deus porque isso é benéfico


para nós, é uma atitude egoísta que põe
Não há motivos fortes para restringir as
em causa a sua autenticidade.
hipóteses à existência do Deus teísta ou à
ausência de qualquer Deus. Fazer isso é
cometer a falácia do falso dilema, Acreditar em virtude de uma aposta é
excluindo outras possibilidades válidas. contraditório com a santidade que permite
obter a felicidade eterna.
Argumento não teísta

Defende a impossibilidade
ou elevada improbabilidade
do Deus teísta existir.
Argumento do mal
ATEÍSMO

• A religião é uma resposta ilusória.


• O Homem inventou Deus para se sentir protegido.
• O Homem deposita confiança em Deus para evitar o desânimo de se sentir
desamparado no mundo.
• A religião ajuda o ser humano a aceitar e cumprir regras morais, pois fá-las
derivar de um ser divino.
• A religião é uma ilusão criada para fazer face à fraqueza humana.
Consoante estas fraquezas foram ultrapassadas, a religião perderá sentido
ATEÍSMO (O ARGUMENTO DO MAL)

• É inquestionável que o mal existe.


• Mal natural – provocado pelos desastres naturais
• Mal moral – provocado, intencionalmente ou não, pelos seres humanos

• Como compatibilizar o mal com um Deus omnisciente, omnipotente e


sumamente bondoso?
• Se Deus existe não pode existir o mal.
• Se o mal existe, então Deus não é bom, ou não é omnisciente, ou não é
omnipotente, ou não existe.
Argumento
lógico do mal

1) Se Deus existe, então não existe mal no mundo.

2) Existe mal no mundo.

3) Logo, Deus não existe.


Argumento
do mal

1) Se Deus existe, então não existe mal no mundo.

O Deus teísta não permitiria a existência do mal, pois Ele pode eliminar o mal e o
sofrimento (omnipotente), ele sabe que o mal existe e sabe como eliminá-lo (omnisciente) e
Ele deseja apenas o bem (omnibenevolente).
Portanto, se Deus existe, não pode existir o mal.
Argumento
do mal

2) Existe mal no mundo.

Constatamos diariamente que existe mal e sofrimento no mundo. Ao afirmar a existência de


mal no mundo, estamos a negar a consequente da primeira premissa.

3) Logo, Deus não existe.

Da negação da consequente, segue-se a negação da antecedente (Modus Tollens),


ou seja, se existe mal no mundo, o Deus teísta não existe.
Será este um Argumento
bom
argumento
do mal
Teodiceia de
Leibniz
Objeção ao argumento do mal
ATEÍSMO (TEODICEIA ENQUANTO RESPOSTA O ARGUMENTO DO
MAL)

• Teodiceia (theos – Deus + diké – justiça, justificação)


• Tentativa de conciliar as duas existências
• Leibniz – Teodiceia mais famosa. Aponta o mal como sinal do livre-arbítrio
ou uma incontornabilidade metafísica.

Sem o mal não poderíamos escolher fazer o bem. Não seríamos livres.
Teodiceia de
Leibniz

1) O mal é condição necessária de alguns bens.

2) O melhor mundo possível inclui esses bens.

3) Logo, o melhor mundo possível tem que incluir o mal.


Argumento
cosmológico

1) O mal é condição necessária de alguns bens.

Todo o mal tem um significado e um propósito – é um meio para um bem maior. Sem esse
mal, certos bens não existiriam (sem a ofensa não existiria o perdão).

2) O melhor mundo possível inclui esses bens.

Deus sendo perfeito criou o melhor dos mundos possíveis. Mas sem esses bens que surgem
do mal, o mundo não seria o melhor dos mundos possíveis.

3) Logo, o melhor mundo possível tem que incluir o mal.

O nosso mundo, que é o melhor mundo possível, inclui o mal como instrumento de realização
do bem. Se Deus permite o mal, é refutada a primeira premissa do argumento do mal.
Será este um Teodiceia de
bom
argumento
Leibniz
Objeções à teodiceia de Leibniz

Existe mal injustificado O nosso mundo será o melhor possível?

Constatamos a existência de sofrimentos Deus poderia ter criado um mundo com


terríveis que não servem nenhum menos sofrimento sem que com isso se
propósito maior, que são males sem perdesse algum bem.
sentido, sem justificação nenhuma.

Olhamos o mundo e pensamos que podia


Nada de bom se perderia se Deus, a
ser ligeiramente melhor, logo não parece
existir, resolvesse eliminar esses males.
ser o melhor mundo possível.
Argumento
indiciário do mal

1) Se Deus existe, não há males sem sentido.

2) Provavelmente, existem males sem sentido.

3) Logo, provavelmente, Deus não existe.


Exercício
1. O Teísmo é a única posição face ao problema da existência de Deus.
2. O Fideísmo pode ser radical ou moderado.
3. O Fideísmo defende que a razão é fundamental para a compreensão das verdades
metafísicas.
4. Para Kierkegaard a verdadeira fé confia cegamente.
5. Pascal não apresenta um argumento acerca da existência de Deus. Conclui, através de
um raciocínio matemático que é mais preferível acreditar nela.
6. A Teodiceia é a forma mais comum de ateísmo.
7. O ateísmo tenta compatibilizar o problema do mal com a existência de Deus.
8. Para o ateísmo o mal existe porque Deus é omnipotente.
9. Leibniz tenta explicar o mal natural através do livre arbítrio.
10.Segundo o argumento ontológico, a partir da natureza do mundo que nos rodeia,
podemos inferir a existência de Deus.
11.Segundo o argumento ontológico, algo que exista apenas no pensamento poderia ser
ainda mais completo (logo, maior) se existisse na realidade.
12.Segundo o argumento cosmológico, Deus será a causa primeira. A causa incausada.

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