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Índice

1. Introdução .............................................................................................................. 2
2. Apresentação de principais conceitos e ideias ...................................................... 3
3. Definição de Fideísmo ............................................................................................ 4
4. Fideísmo:

• Radical......................................................................................................... 5

• Moderado.................................................................................................... 7

5. Aposta de Pascal ................................................................................................... 9

6. Críticas ao fideísmo de Pascal ............................................................................. 10

7. Opinião pessoal acerca do assunto ......................................................................


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8. Conclusão ............................................................................................................. 11

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INTRODUÇÃO

O presente relato refere-se ao ensaio filosófico acerca do Fideísmo, desenvolvido no


âmbito na disciplina de Filosofia, com o objetivo de dar a conhecer as várias vertentes do
mesmo.

Neste trabalho pretendemos dar a conhecer diferentes perspetivas de alguns filósofos e


as suas devidas críticas.

Posteriormente pretendemos partilhar a nossa opinião e reflexão sobre este tema dando
a conhecer os aspetos que mais foram de acordo com a nossa visão filosófica e os que

menos se enquadraram nesse âmbito.

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Ensaio filosófico (Fideísmo)

A filosofia da religião dedica-se a investigar e a analisar de forma racional os


fundamentos das crenças religiosas, tais como a crença de que Deus existe, de que é
omnipotente, de que a existência do mal é de algum modo consistente com o amor de
Deus pelas suas criaturas, de que a fé é racional, entre outros.
O principal problema sobre o qual a filosofia da religião se debate é o problema da
existência de Deus, problema este bastante pertinente para se perceber se a fé religiosa
é racional ou não. A sua fórmula é a seguinte: "Será racional acreditar que Deus existe?"

Para melhor compreendermos este problema e para encontrarmos uma devida resposta,
devemos ter em conta alguns conceitos:

“O que significa ser racional?”

A racionalidade diverge em dois pilares, sendo eles: Racionalidade epistémica e


prudencial;

A primeira rege-se pelas boas razões ou argumentos que evidenciem que uma certa
crença é verdadeira, já a segunda, baseia-se em argumentos que mostram que a crença
beneficia praticamente o crente.

Para além disso, devemos ter noção do que é um Deus teísta, isto é, omnipotente
omnisciente e sumamente bom;

E por fim, devemos ter a noção de fé: “O que significa ter fé em Deus?”

1- Crença: afirma-se uma proposição sobre algo;


2- Comprometimento: ter confiança ou esperança;

1.1 A crença é uma condição necessária da fé em Deus pois não é possível louvar a
Deus sem acreditar que existe um tal de Deus.

Umas das principais teorias formuladas para responder ao problema da existência de


Deus é o Fideísmo, que iremos passar a explicar.

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Fideísmo (definição)

O fideísmo é a doutrina filosófico-religiosa que considera que acreditar em Deus é dar um


salto para lá dos limites e da capacidade de compreensão da razão. Segundo esta
perspetiva, a fé e a razão são incompatíveis, e que só a fé permite acreditar em Deus.

Esta doutrina defende assim, que as verdades morais, metafísicas e religiosas, como o
caso da existência de Deus, a justiça divina após a morte e a imortalidade não se
alcançam por via da razão, apenas sendo compreendidas por intermédio da fé. A falta de
boas razões para acreditar na existência de Deus não é uma boa razão para não ter fé.
Só a fé nos pode pôr em contacto com Deus.

Desta forma, os fideístas defendem que as questões religiosas não podem ser explicadas
por meio de argumentos ou provas, podendo ser apenas entendidas por via da fé.

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◦ Como representantes desta linha de pensamento temos: o
filósofo francês Blaise Pascal, e o filósofo dinamarquês Sorem
Kierkegaard.

Fideísmo radical – Kierkegaard (1813-1855)

Sorem tem uma linha de pensamento mais radical, pois este acredita que não só a razão
não consegue demonstrar a existência e a natureza de Deus, como acreditar nela como
base de argumentos e provas racionais é errado; Ou seja, Não é uma verdadeira fé
religiosa.

Este considera que:

◦ A fé é necessariamente contrária à razão;

◦ As proclamações cristãs (como a encarnação e a trindade), são incoerentes e


envolvem a aceitação de provas inadequadas e de contradição;

◦ A fé é essencialmente um paradoxo que consiste no facto de aceitar a existência


de Deus sem a possibilidade de a comprovar;

O fideísta radical diz-nos que a fé é inequivocamente contrária à razão, envolvendo quem


a tem na adoção apaixonada do paradoxo e na violação ativa dos cânones da razão.
Tertuliano, Bayle e Kierkegaard insistem que as proclamações cristãs, sobretudo as da
encarnação e da trindade, não só parecem paradoxais como têm genuinamente de sê-lo,
e que o crente tem de pôr conscientemente de lado as afirmações que a razão faz
quando a fé a confronta. Tertuliano ficou famoso por dizer que acreditava não apesar de
ser absurdo, mas porque era absurdo. Bayle diz que há uma religião do coração tal como
da cabeça, e que se tem de acreditar apesar da luz da razão ensinar que o que se
acredita é falso. Kierkegaard defende que a fé cristã é duplamente paradoxal: o ato
divino da encarnação que o crente reconhece é paradoxal; e o seu reconhecimento que
envolve um salto de aceitação face não só a provas inadequadas como à simples
contradição. Isto levanta um escândalo lógico que resiste a todas as tentativas dos
apologistas racionalizadores para o domesticar.

É difícil ao filósofo responder ao fideísmo radical, dado que o fideísta radical parece
rejeitar todas as regras a que um filósofo pode apelar. O fideísta parece superficialmente
ter escolhido aceitar as afirmações de uma autoridade e ter posto

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de lado os protestos da outra: parece ter decidido tratar as exortações do seu próprio
intelecto como se fossem as exortações daqueles desejos pecaminosos residuais que a
fé ajuda os crentes a ultrapassar. Mas esta aparência é enganadora.

Não há qualquer dificuldade lógica na sugestão de que se pode sustentar, até com
paixão, uma doutrina que é auto-contraditória, sem se dar conta disso. Contudo, viver
conscientemente a inconsistência é outra coisa.

Se pensarmos que algo do que acreditamos é verdadeiramente paradoxal, então, apesar


de podermos realmente ter essa crença devido a várias causas (incluindo talvez um
encontro com alguém que nós pensamos que tem autoridade divina), passámos também
a acreditar na sua falsidade. Teremos então um conflito de crenças.

Dizer que passamos a abraçá-la sem reservas em toda a sua paradoxalidade é dizer que
não acreditamos, afinal, na sua falsidade, falsidade essa com a qual a crença na sua
verdade está em competição na nossa psique. O fideísta radical evidencia um conflito
interno, mas sustenta verbalmente que foi resolvido. Não se resolve tal conflito negando a
sua presença. Pode-se, é claro, ao longo do tempo, enfraquecer, ou até extinguir, um dos
contendores (não lhe dando atenção, compartimentalizando ou recitando apenas o seu
contrário), mas nesse caso isso quereria necessariamente dizer que não se considera já
que o compromisso da fé é paradoxal. Dizer antes de isso acontecer que se escolheu a
fé em detrimento da razão é entregar-se a uma negação auto-enganadora de um conflito
interno que está condenado a persistir enquanto persistir a consciência do juízo negativo
da razão. Que o conflito não seja agonizante em algumas pessoas (que a paixão seja
feliz) só mostra que o autoengano pode ser bem-sucedido. Apesar de toda a sua
insistência na pureza espiritual da fé, o fideísmo radical é uma forma de falsa
consciência.

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Por sua vez, Pascal, que é aquele que vamos desenvolver mais afundo neste trabalho,
apresenta uma perspetiva diferente.

Ambas, a teoria da teologia natural e a da ateologia aceitam esta premissa:

◦ É racional ter fé no Deus teísta se, e só se, há um bom argumento a favor da


existência do Deus teísta.

Por sua vez, a teoria fideísta, aceita que:

◦ É racional ter fé no Deus teísta mesmo não havendo um bom argumento a seu
favor.

Isto porque, apesar da fé em Deus não apresentar uma racionalidade epistémica,


apresenta uma racionalidade prudencial na medida, pois proporciona benefícios práticos.

Surge, a Aposta de Pascal, a favor de que fé em Deus traz benefícios práticos.

Fideísmo moderado – Blaise Pascal (1623-1662)

Segundo Pascal que escreveu o livro “Pensées”:

A fé é incompatível com a razão;

As crenças baseadas na fé vão para além da razão;

A presença de Deus só é percetível para aqueles que o procuram;

Para Pascal a atitude mais sensata é acreditar em Deus;

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Fideísmo de Pascal

Posição quanto à crença em Deus:

Crente – acredita na existência de um ser divino;

Ateu – não acredita na existência de um ser divino;

Agnóstico – não acredita que Deus existe nem que não existe.

Posição inicialmente adotada por Pascal:


Aposta de Pascal – 4 cenários possíveis

Segundo Pascal, devemos olhar para os custos e benefícios de cada opção, apostando
naquela em que há uma maior hipótese de sermos recompensados.

Concluímos que, quer Deus exista quer Deus não exista, acreditar que Deus existe tem
mais benefícios do que não acreditar em Deus, e nunca um resultado pior.

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Aposta de Pascal

Concluímos o seguinte:

◦ Atitude de apostar na crença por ser a alternativa mais vantajosa, sendo que
promete um ganho infinito, nada de substancial se perde caso se perca a aposta.

◦ Em contraste, se não acreditarmos, arriscamo-nos a perder o infinito, e o que se


ganha, se Deus realmente não existir, é negligenciável.

◦ Assim sendo, segundo a aposta de Pascal, a escolha racional de viver como se


Deus existisse é a melhor das possíveis escolhas.

Devemos ter fé em Deus porque há mais benefícios na fé do que na ausência da


fé.

Exemplo:

Aposto 5€ Não aposto nada

Cara Ganho 5 000€ Perco 5 000€

Corroa Perco 5€ Ganho 5€

R.: Obviamente, é mais seguro apostar 5€ do que não apostar nada, pois as perdas são
menores.

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As críticas apresentadas à teoria de Pascal são as seguintes:

1. Objeção da Ideia de infinito


• Pascal assume de princípio que existe o infinito.
• Se pressupõe a ideia de infinito, também pressupõe a ideia de Deus.

2. A fé religiosa não se pode basear num cálculo


• Argumento inapropriado (interesseiro)

Pascal baseia a crença em Deus num cálculo de modo a averiguar os melhores


resultados. Contudo, uma devoção religiosa baseada num mero cálculo custo
benefício acaba por ser interesseira e egoísta, e, como tal seria moralmente
repugnante para uma relação com Deus.

• “(...) se estivéssemos nós próprios no lugar da divindade, provavelmente


teríamos um prazer especial em impedir a crentes deste calibre o acesso à
recompensa infinita.” – William James

3. Objeção da crença involuntária


• Não podemos decidir acreditar em algo de um momento para o outro.

4. Objeção: A matriz não está bem construída:

A argumentação de Pascal mostra-se bastante incompleta, pois, não tem em


conta muitas possibilidades, Deus pode recompensar toda a gente até mesmo
quem não crê nele, Deus pode não recompensar quem apenas acredita em si
visando a recompensa; apenas considera a existência do Deus teísta, quando
poderia ser deísta ou malévolo e, não temos obrigatoriamente de acreditar ou não
em Deus podemos ser agnósticos.

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Opinião pessoal do grupo acerca do assunto tratado:

Perante a análise de distintas perspetivas de dois filósofos, respetivamente, Kierkegaard


com o seu fideísmo radical, e Pascal com o fideísmo moderado, a nossa opinião conjunta
rege-se pelo fideísmo moderado, o fideísmo de Pascal, pois este tem como base a
crença da possível existência.

O que nos levou a escolher esta corrente fideísta foi o facto de como o próprio nome
indica ser uma corrente moderada, e como foi visto no decorrer do trabalho, este mesmo
foi pouco fundamentado pois é uma divisão de ideias simples e claras.

Isto é, ou se rege pela razão ou pela fé enquanto a outra vertente, a radical sobrepõe a fé
á razão.

Conclusão:

Saltando entre o presente e o passado, podemos observar que a crença religiosa tem
vindo a modificar-se ao longo dos anos, no entanto, as bases filosóficas continuam as
mesmas.

Por fim, pretendemos apresentar os devidos conceitos, ideias e perspetivas á turma.

Pretendemos levar outros a abrir as portas para o mundo de uma das vertentes da
filosofia religiosa.

Tendo em conta os nossos objetivos iniciais, autoavaliamos o nosso trabalho


positivamente, visto que adotámos métodos que nos permitiram ser organizados e
desenvolver a nossa capacidade de interpretação e de pesquisa.

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