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FACULDADE IGUAÇUANA DE TEOLOGIA

A EFICÁCIA DA EDUCAÇÃO RELIGIOSA

MARCIO FONTES TORRES

NOVA IGUAÇU - RJ

2021
MÁRCIO FONTES TORRES

A EFICÁCIA DA EDUCAÇÃO RELIGIOSA

Sob a orientação da Professora


Cinthia Breves

Artigo apresentado como exigência para conclusão


do curso de Bacharel em Teologia na Faculdade
Iguaçuana de Teologia.

NOVA IGUAÇU - RJ

NOVEMBRO/2021
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 1

2. O TRABALHO DE ROBERT RAIKES 2

3. O TRABALHO DE ROBERT KALLEY 3

4. O TRABALHO DE DWIGHT LYMAN MOODY 3

5. O TRABALHO DE MINNIE LOU LANIER 4

6. O TRABALHO DE MARCOLINA FIGUEIRA DE MAGALHÃES 5

7. O TRABALHO DE ZACARIAS CAMPELO 9

8. CONCLUSÃO 12

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 13
1

A eficácia da educação religiosa 1

Márcio Fontes Torres2

RESUMO

Na cultura secular, já é unanimidade que a educação é um dos maiores patrimônios


que um indivíduo pode adquirir na vida. Quem nunca ouviu incentivos sobre o valor
da instrução na vida do ser humano e a falta que a mesma acarreta? Partindo para o
contexto do evangelho de Jesus Cristo, e da própria didática divina observada no
Antigo Testamento, é fato relevante e nítido o valor que Deus sempre deu ao ensino
dos princípios bíblicos desde a infância das crianças Israelitas. Deus ordenou que o
ensino da Sagrada Escritura fosse aplicado pelos pais dentro de casa de forma
incisiva e consistente, pois esse ensino engendraria um caráter reto e sólido e
formaria uma sociedade forte e obediente a Deus, que seria cabeça dentro da
humanidade. Como o foco desta pesquisa é avaliar a eficácia da educação religiosa
cristã, foram analisadas obras com abordagem sobre a Escola Bíblica Dominical e
sobre ministros do Evangelho que investiram na educação cristã a ponto de
fundarem escolas bíblicas e até mesmo seminários bíblicos como o Moody Biblical
Seminary (Seminário Bíblico Moody), que foi fundado no século XIX, em Chicago nos
Estados Unidos, e que funciona até o presente momento.

Palavras-chave: Sagrada Escritura. Educação Religiosa. Escola Bíblica Dominical.


Ministros do Evangelho. Indivíduo.

1. INTRODUÇÃO

A Educação Religiosa tem sido uma das maiores ferramentas para


fortalecimento, consolidação do conhecimento bíblico e crescimento dos servos de
Cristo ao longo da história do cristianismo. Existem diversas variações da educação
religiosa espalhadas nas diferentes correntes cristãs existentes no mundo, como as
Escolas Confessionais, Universidades Católicas e Protestantes, Cultos de Estudo
Bíblico, Institutos Bíblicos, Seminários, Escolas de Catequese, Escolas Sabáticas e
nossas conhecidas Escolas Dominicais (PEARLMAN, 1994).
Olhando para a ótica bíblica vê-se que muitas foram as recomendações que o
Senhor deu, aos seus servos e profetas, da importância da observância da Lei. Uma
das passagens que melhor ilustra essa recomendação está em Deuteronômio
Capítulo 6, nos versículos 6 e 7 onde Moisés enfatiza a ordem de DEUS: “Estas
palavras que hoje te ordeno estarão no teu coração; tu inculcarás a teus filhos, e
delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, ao deitar-te, e ao
levantar-te” (BÍBLIA DE JERUSALÉM, 2002).
Esse relato mostra a exigência de Deus para com Israel e a seriedade e
intensidade que o ensino da Lei deveria ter nos lares onde as crianças hebreias iriam
crescer, pois Deus queria formar uma nação sacerdotal e que servisse de modelo de
1
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao departamento do curso de Bacharel em
Teologia da FAIT - Faculdade Iguaçuana de Teologia, sob a orientação da Professora Cinthia
Breves.
2
Bacharelando em Teologia pela FAIT - Faculdade Iguaçuana de Teologia.
conduta e piedade a toda terra. Reforçando o ensino do texto bíblico Mosaico,
houveram cristãos piedosos que viram o cenário de delinquência em meio aos
adolescentes e jovens de seu convívio e investiram na educação religiosa obtendo
êxito, como DL Moody, arrebanhando jovens ociosos para Escola Bíblica Dominical
(EBD) em Chicago, Robert Raikes que observou os adolescentes ociosos aos
domingos em Gloucester e fundou a primeira escola dominical que se tem registro, e
do mesmo modo George Muller com seus orfanatos/escola pela Inglaterra e outros
Pastores e Obreiros que servem como exemplo.
A sociedade brasileira convive com a realidade da violência, do tráfico de
drogas e da degradação moral generalizada. Fato é que muitos dos criminosos e
delinquentes são oriundos dos contextos mais desfavoráveis da sociedade: crianças
e adolescentes de áreas carentes têm as ofertas de vida fácil no crime organizado e,
além disso, enfrentam as ofertas para se inclinarem ao vício de drogas e meninas
enfrentam a gravidez na adolescência. Esse quadro tem se repetido de forma cíclica
e piorado com o passar dos anos. Foi partindo da premissa que o Evangelho é o
Poder de Deus para a Salvação, e que o Senhor Jesus ordenou pregar o Evangelho
e levar luz aos cativos, que esses servos de Deus usaram o ensino da Palavra como
ferramenta de transformação de crianças, jovens e adultos (PEARLMAN, 1994).
Tendo como base a narrativa bíblica e a obra dos Missionários e Obreiros,
percebe-se o valor e o potencial do Ensino Bíblico e Religioso com foco nos jovens e
crianças como meio de resgate de pessoas desfavorecidas e vulneráveis
(PEARLMAN, 1994). Portanto essa pesquisa buscará pesquisar o trabalho desses
Pastores, Clérigos e Missionários observando a eficácia do ensino religioso às
crianças e jovens e também adultos, e visualizar o êxito que esses servos de Deus
obtiveram em mudar uma realidade de perdição e violência em suas comunidades e
sociedades. É notável o quanto esses obreiros acreditaram e investiram na
Educação Religiosa Bíblica e o quanto a mesma podia mudar qualquer realidade.
O ensino que o Senhor Todo Poderoso ordenou a Moisés em Deuteronômio 6
é um relato nítido de como o Senhor preza pela instrução da sua Lei às crianças.
Deus ditou um padrão de ensino e memorização da sua Lei para os pais praticarem
em casa. Os pais deveriam intimar a Lei de Deus aos seus filhos, e deveriam falar da
Lei do amanhecer ao entardecer, de forma que fica explícito no relato bíblico que a
visão divina preza que a Educação Religiosa deve começar na tenra infância onde o
indivíduo está no momento de formação do caráter (BÍBLIA. DE JERUSALÉM, 2002).

2. O TRABALHO DE ROBERT RAIKES

É fascinante para os amantes de Educação Cristã, ler e visualizar como


Robert Raikes viu as crianças e adolescentes ociosos nas ruas de Gloucester (Reino
Unido) e vendo que estavam entrando na delinquência, utilizou as manhãs de
domingo para dar estudos bíblicos e iniciou com a primeira EBD no mundo.
Robert Raikes (14 de setembro de 1735 - 5 de abril de 1811), filho de Robert e
Mary Raikes (Anglicana), foi batizado na infância na Igreja Anglicana, na Escola
Santa Maria de Cripta e educado na Escola da Cripta, ambos na rua Southgate, em
Gloucester, e, mais tarde, na Escola dos Reis; tornou-se aprendiz de jornalismo com
seu pai, dono do Diário de Gloucester. Quando seu pai faleceu, em 1757, Raikes
assumiu a editora do jornal, aumentando o tamanho do jornal e melhorando o layout
(Robert Raikes, o anglicano que deu à vida às Escolas Dominicais. Disponível em:
<https://www.ieab.org.br/2021/10/30/robert-raikes-o-anglicano-que-deu-vida-as-
escolas-dominicais/>. Acesso em 27 nov. 2021).
Certo dia, ele encontrou um grupo de crianças maltrapilhas brincando na rua e
ficou comovido. A partir dali começou a pensar em uma forma de ajudá-las. No
século XVIII, a Europa vivia a intensa Revolução Industrial, esse processo foi muito
brusco e a maioria dos trabalhadores trabalhava em torno de 16 horas por dia em
troca de baixos salários. Neste cenário surgiu muita exploração de mão de obra
infanto-juvenil, muitas crianças trabalhavam nas fábricas, de segunda a sábado,
durante horas muito longas e ficavam desocupadas no domingo; quase
abandonadas, passando o tempo brincando, brigando e aprendendo toda espécie de
vícios. Essas crianças, constatou Raikes, estavam a um passo do mundo do crime e
ele chegou a ver o destino de muitas delas ao visitar as prisões de Gloucester
(Escola Dominical. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_Dominical>.
Acesso em 27 nov. 2021).
Raikes resolveu estabelecer uma escola gratuita para esses meninos de rua.
Ele iniciou a escola com cem crianças, de seis aos doze ou quatorze anos. A
primeira escola foi instalada na Rua Saint Catherine. Seu objetivo inicial não era
ensinar apenas a Bíblia, mas alfabetizar os alunos e ministrar aulas de religião com o
propósito de reformar a sociedade. Raikes criou um cronograma de estudo e
atividades que ocupava todo o domingo, e dava as pobres crianças conhecimento
bíblico para a alma e instrução secular para melhorarem suas condições de vida
precárias.
A escola funcionava pela manhã, das 10 às 14h, com lições de matemática,
história e inglês. Após o intervalo de uma hora para o almoço, os alunos eram
conduzidos até à igreja para serem instruídos no catecismo. Os alunos que tivem
dominado a lição ou aqueles cujo comportamento tivesse mostrado uma melhoria
notável recebiam pequenas recompensas, como livros, canetas e jogos (Robert
Raikes, o anglicano que deu à vida às Escolas Dominicais. Disponível em:
<https://www.ieab.org.br/2021/10/30/robert-raikes-o-anglicano-que-deu-vida-as-
escolas-dominicais/>. Acesso em 27 nov. 2021).
Em 1784, eram 250 mil alunos matriculados. A taxa de criminalidade de
Gloucester caiu com o advento das escolas dominicais de Raikes, de forma que em
1792 não houve um só caso julgado pela comarca de Gloucester (Robert Raikes, o
anglicano que deu à vida às Escolas Dominicais. Disponível em:
<https://www.ieab.org.br/2021/10/30/robert-raikes-o-anglicano-que-deu-vida-as-
escolas-dominicais/>. Acesso em 27 nov. 2021).
Em 1802, Raikes se aposentou, e, em 1811, após um ataque de coração, veio
a falecer. Seus alunos vieram ao funeral, na Igreja Anglicana de Santa Maria do
Filão, e receberam da Sra. Raikes um xelim e uma fatia de um grande bolo de
ameixa cada um. Quando Raikes faleceu, quatrocentos mil alunos estavam
matriculados nas diversas escolas dominicais britânicas. Nesse ano ocorreu a
divisão em classes, possibilitando a alfabetização de adultos. As Escolas Dominicais
de Raikes são consideradas as precursoras do atual sistema escolar inglês. ( Robert
Raikes, o anglicano que deu à vida às Escolas Dominicais. Disponível em:
<https://www.ieab.org.br/2021/10/30/robert-raikes-o-anglicano-que-deu-vida-as-
escolas-dominicais/>. Acesso em 27 nov. 2021).

3. O TRABALHO DE ROBERT KALLEY

Este valoroso casal missionário, foi instrumento do Senhor Jesus, para trazer
e inaugurar a primeira Escola Dominical no Brasil. Filho de família abastada, Robert
Kalley nasceu em Mount Flórida, no sudeste de Glasgow (Escócia). Em 1829, obteve
o diploma de Cirurgião e Farmacêutico pela Faculdade de Medicina de Glasgow (O
médico missionário - Robert Reid Kalley. Disponível em:
<https://ministeriofiel.com.br/artigos/o-medico-missionario-robert-reid-kalley/>.
Acesso em 27 nov. 2021).
Como médico de bordo conheceu muitos portos, inclusive o do Funchal, na
Ilha da Madeira (Portugal), onde anos depois, fundaria uma das primeiras
comunidades protestantes lusitanas, juntamente com sua mulher, Margaret. Robert e
Margarete casaram-se em 1838. O sonho de Robert era tornar-se missionário na
China, mas considerando a frágil saúde da esposa, os colegas sugeriram-lhe a Ilha
da Madeira, um pequeno paraíso de clima suave. Assim, no dia 12 de outubro do
mesmo ano, o casal chegou ao Funchal, onde já havia uma colónia de escoceses. O
Dr. Kalley fundou um hospital no Funchal e logo se deu conta de que os
madeirenses demonstravam uma surpreendente falta de conhecimento da doutrina
cristã, tendo iniciado o trabalho missionário. Foram fundadas 20 escolas, distribuídas
Bíblias e iniciando um trabalho de missão que encontrou acolhimento. No ano
seguinte, Kalley foi ordenado ao ministério pastoral, no dia 8 de julho (O médico
missionário - Robert Reid Kalley. Disponível em:
<https://ministeriofiel.com.br/artigos/o-medico-missionario-robert-reid-kalley/>.
Acesso em 27 nov. 2021).
Após a morte de sua esposa, Margareth Kalley, em 1851, Robert Kalley
casou-se, no ano seguinte, com Sarah Poulton e partiu para o Estados Unidos, na
América, leu o livro “Reminiscências de Viagens e Permanências no Brasil ". Este
livro o deixou impressionado com os relatos do Rev. Daniel Parrish Kidder, que
estivera no Brasil, pregando e distribuindo Bíblias (O médico missionário - Robert
Reid Kalley. Disponível em: <https://ministeriofiel.com.br/artigos/o-medico-
missionario-robert-reid-kalley/>. Acesso em 27 nov. 2021).
Em 10 de maio de 1855 chegou ao Rio de Janeiro e subiu para Petrópolis, na
residência do embaixador americano Mr. Webb, numa tarde de domingo, 19 de
agosto de 1857. No dia 11 de julho de 1858 organizou a Igreja Evangélica
Fluminense, uma igreja evangélica brasileira sem nenhum vínculo, com 14 membros;
sendo batizado naquele dia o primeiro brasileiro Pedro Nolasco de Andrade (O
médico missionário - Robert Reid Kalley. Disponível em:
<https://ministeriofiel.com.br/artigos/o-medico-missionario-robert-reid-kalley/>.
Acesso em 27 nov. 2021).

4. O TRABALHO DE DWIGHT LYMAN MOODY

D. L. Moody era um sapateiro recém-convertido a Cristo, logo após sua


conversão, percebeu jovens se perdendo em vícios e ociosidade vagando pelas ruas
de sua cidade. Sendo assim, Moody começou a conduzir dominicalmente esses
jovens das ruas de Chicago (EUA) à Escola Bíblica Dominical (EBD) da igreja que
congregava (e que depois viria a ser pastor). Moody usou a educação religiosa para
reverter e resgatar muitos jovens; e começou a trabalhar forte na Educação Religiosa
(BOYER, 2002).
Na época de sua conversão, a igreja que ele congregava não tinha prédio
próprio, então os crentes alugavam semanalmente um auditório na cidade para
cultuarem a Deus, a partir daí, cada crente pagava o aluguel da sua cadeira; como
Moody trabalhava na sapataria, ele pagava do seu bolso o aluguel de cadeiras para
os jovens que ele evangelizava, ele começou semanalmente a levar 20, 30, 50
meninos a EBD, e chegou a colocar sentados 650 jovens na EBD da Igreja de
Chicago com dinheiro do seu bolso. Moody não era rico, mas tinha muita habilidade
com negócios e aplicava quase tudo que ganhava na obra do Senhor (BOYER,
2002).
Moody acreditava tanto no poder da Educação Religiosa e Estudo Bíblico para
resgatar os menos favorecidos, que fundou em 1879 um Seminário para Moças de
origem humilde terem acesso ao estudo bíblico em Northfield e 2 anos mais tarde
abriu um outro Seminário para rapazes de condição semelhante (BOYER, 2002).
Reuben Archer Torrey dizia que Moody havia sido um dos maiores
ganhadores de almas, estima-se que o humilde pastor Moody ganhou em torno de
500.000 almas para o Senhor Jesus. Também reforça a importância do trabalho e
legado de Moody e sua dedicação à Educação Cristã, o fato de que hoje, 122 anos
após sua morte, o Seminário Teológico Moody continua funcionando em Chicago, e
ainda abriu (após a morte de Moody) uma filial em Michigan e da mesma forma que
o Seminário matriz de Chicago, continua todo ano formando e preparando teólogos e
ministros do evangelho de Cristo (BOYER, 2002).

5. O TRABALHO DE MINNIE LOU LANIER

Minnie Lou Lanier, foi uma missionária que atuou no Brasil, tendo nascido em
1915 no interior dos EUA, viveu os seus primeiros doze anos na fazenda, Minnie Lou
teve uma infância feliz e despreocupada, gozando as belezas naturais que a
cercavam e participando das tarefas normais da vida no campo. Residindo na
fazenda, a pequena Minnie Lou não podia, como as crianças das famílias cristãs na
cidade, frequentar a Escola Bíblica Dominical, mas sempre lia a grande e ilustrada
Bíblia da família. Aos 12 anos, finalmente, Minnie Lou mudou-se com a família para a
cidade. A nova residência ficava bem perto de um grande templo batista, onde se
reuniam cerca de cinco mil membros. Estava ali a oportunidade de frequentar
regularmente os trabalhos (QUEIROZ, 2005).
Aos 17 anos de idade, ela fez a sua profissão de fé, a paz e alegria
extravasavam do seu íntimo, e a experiência da conversão lhe dava a segurança que
antes não possuía. Integrada nos trabalhos de sua igreja desde o memorável dia da
sua pública profissão de fé, Minnie Lou tornou-se logo sócia assídua e operante da
Sociedade de Moças e professora da Escola Dominical (QUEIROZ, 2005).
Com a idade de 19 anos, Minnie Lou participou de um congresso nacional da
Sociedade de Moças do seu país. Foi uma experiência muito marcante, pois teve o
seu primeiro contato com missionários e com pessoas cristãs de outras terras. Sua
chamada para o trabalho missionário no Brasil, só aconteceu cinco anos mais tarde,
em 1939. O avião que trouxe Minnie Lou o Brasil saiu de Miami no dia 7 de
novembro de 1945, com 21 passageiros a bordo (QUEIROZ, 2005).
É importantíssimo ressaltar o valor e a importância da Organização
Mensageiras do Rei, não há dentro da Igreja Cristã Brasileira uma organização com
um trabalho que foque em meninas e adolescentes tão sólido, profícuo e frutífero
como as Mensageiras do Rei, Minnie Lou Lanier, com o coração cheio de fervor e
amor pelo Senhor Jesus, plantou com trabalho duro essa semente no solo brasileiro
que frutificou nos 4 cantos desta grande nação (QUEIROZ, 2005).
Em 1949, Minnie Lou começou a trabalhar com a União Feminina Missionária
Batista do Brasil, que naquela época se chamava União Geral de Senhoras. Até
então, meninas de nove anos a quinze anos eram encaminhadas à Sociedade de
Crianças (hoje, Amigos de Missões) ou à Sociedade de Moças (hoje Jovens Cristãs
em Ação), quando não ficavam sem participar de qualquer organização missionária.
Nesse ano, porém, foi criada para elas a organização da União Mensageiras do Rei,
a mais nova organização da União feminina missionária Batista do Brasil. Minnie
Lou, tendo sido eleita a primeira Líder Nacional das Mensageiras do Rei, foi quem
iniciou esse admirável trabalho no Brasil. Para comemorar os 15 anos de existência
da organização, o Departamento Nacional de Mensageiras do Rei realizou o primeiro
acampamento só para rainhas, intitulado Corte Real. Onze estados brasileiros se
fizeram representar com várias mensageiras: Amazonas, Pernambuco, Alagoas,
Paraíba, Rio Grande do Norte, Bahia, Espirito Santo, Minas Gerais, São Paulo, Rio
de Janeiro e o antigo Estado da Guanabara. Através do trabalho e do testemunho
pessoal de tantas adolescentes, Minnie Lou podia perceber que aquelas
mensageiras eram de fato, vidas resplandecentes, que se levantavam para glorificar
a Deus. Com isso, ficava imensamente feliz, pois sentia que empregando seus
talentos e o vigor dos seus anos no preparo das futuras líderes das organizações de
nossas igrejas, das missionárias daquelas que substituiriam a sua geração na
propagação do reino de Deus (QUEIROZ, 2005).
No dia 17 de junho de 1967, Minnie Lou deixou a liderança da organização
Mensageiras do Rei, para assumir a direção nacional das sociedades Femininas
Missionárias, hoje organização Mulher Cristã em Ação. Durante os 18 anos em que
liderou as Mensageiras do Rei, altruisticamente, treinou pessoas que pudessem
substituí-la. Pôde, então, deixar nas hábeis mãos de Edna Pinto de Moraes, (hoje,
Edna Moraes dos Santos) o trabalho que com tanta dedicação e eficiência, implantou
em nossa Pátria. Na ocasião, as estatísticas registravam a existência de 538
sociedades de Mensageiras do Rei espalhadas por todos os estados do Brasil
(QUEIROZ, 2005).
Minnie Lou também colaborou de forma toda especial com a obra educacional
da União Feminina Missionária Batista do Brasil, visto que foi professora no Instituto
Batista de Educação Religiosa (IBER), no Rio de janeiro, onde lecionou Novo
Testamento, Educação Missionária e, por mais tempo, História Eclesiástica. No
IBER, ela teve a alegria de encontrar muitos frutos do seu trabalho com Mensageiras
do Rei, vidas que buscam um melhor preparo para um trabalho mais eficiente no
reino de Deus. Foi, portanto, possuída daquele desejo de servir onde a querida
União Feminina mais precisasse, visando à obra de expansão missionária, que
Minnie Lou mudou de setor (QUEIROZ, 2005).
Em sua igreja, no entanto, onde lecionou Novo Testamento, Educação
Missionária e por mais tempo, História Eclesiástica. Em sua igreja, no entanto, onde
ocupou diversos cargos de tesouraria por 12 anos de diretora da antiga Escola de
Treinamento, de professora de Escola Bíblica Dominical, passando por quase todos
os departamentos. Também foi diretora da antiga Escola de Missões, a organização
Mensageiras do Rei esteve, com raras interrupções, sob sua liderança até às
vésperas de sua aposentadoria (QUEIROZ, 2005).

6. O TRABALHO DE MARCOLINA FIGUEIRA DE MAGALHÃES

Na história da nossa Pátria, há o relato das atividades dos bandeirantes, que


saíram pelos sertões cerrados e distantes à procura de pedras e metais preciosos.
Eles desbravaram a nossa terra, que era então deles. Na Bíblia, há a história de
Abraão, que partiu da sua terra para uma terra que não conhecia, mas que lhe fora
prometida por Jeová e que seria a herança dos seus descendentes (FREITAS,
2001).
Na história dos batistas brasileiros, destacam-se vidas que se dedicaram ao
Senhor em trabalho desbravador, em busca de pedras de alto valor: almas que
seriam ganhas para Cristo e viriam a pertencer à família dos salvos. E, dentre
aqueles que saíram em busca de almas para Jesus, destaca-se uma fiel e dedicada
serva do Senhor, conhecida por todos os batistas do Brasil. Seu nome é Marcolina
Figueira de Magalhães. Marcolina nasceu no estado de Alagoas, em Palmeira dos
Índios, no dia 27 de março de 1909. Seus pais foram José Figueira de Magalhães e
Francisca Figueira de Magalhães. Ambos eram católicos praticantes, assim como a
própria Marcolina e demais parentes. A família de Marcolina possuía bem poucos
recursos materiais. O casal Magalhães lutou muito para criar e educar os seus oito
filhos. Três deles faleceram na infância. Marcolina tinha apenas oito anos de idade
quando seu pai faleceu. Em consequência disso, ele teve que ir morar com uma
família de amigos (FREITAS, 2001).
Marcolina foi uma menina muito religiosa. Por ser amorosa, era muito querida
pelas freiras. Acreditava nas imagens e tinha muito medo dos crentes, pois havia
sido ensinada a não se aproximar deles. Quando passava por um templo evangélico,
virava o rosto e nunca andava pela calçada da “igreja dos crentes”. A chegada de um
homem crente ao lugar onde Marcolina morava abalou sua fé nas imagens. Ela
perdeu sua tranquilidade, pois ele falava continuamente do Cristo vivo. Marcolina
fugia dele para não ouvir as suas “heresias”. Ao mesmo tempo, em sua casa, a
credulidade na Igreja Católica começa a perder sua força, e ela passava a enfrentar
problemas. Certo dia, aquele homem, sabendo que a menina tinha uma fé profunda
nas imagens, disse-lhe que sua “Nossa Senhora dos Navegantes “não tinha o poder
que ela pensava que tivesse e aconselhou-a fazer uma experiência. Sugeriu-lhe que
tocasse um palito de fósforo aceso na imagem. Se a santa fosse poderosa, resistiria
ao fogo; do contrário, iria se queimar. Marcolina confiava tanto no poder da sua
“santa” que ingenuamente, resolveu fazer a experiência para provar àquele homem
que ele não tinha razão. Mas ao fazer a prova, o fogo envolveu o “santinho”
completamente. Tentou outra vez, e mais outra, até queimar todos os seus
santinhos. E decepcionada, teve de admitir que o homem tinha razão, pois se
aquelas figurinhas não podiam se defender do fogo, menos ainda poderiam proteger
alguém. Não podia mais crer nos “santinhos” que recebera das freiras e que até
então guardara com todo o carinho (FREITAS, 2001) .
Diante daquela prova da impotência dos “santos”, Marcolina entregou-se a
Cristo. Tinha apenas nove anos de idade. Sua fé era bem simples ainda, e pouco
sabia acerca de Cristo. Apesar disso, não podia mais crer nas imagens. Estava
ansiosa e alimentava um grande desejo: o de crer nas imagens. Estava ansiosa e
alimentava um desejo: o de frequentar uma igreja e trabalhar para Cristo. No
entanto, por muito tempo foi impedida disso. É que a família, especialmente a sua
mãe de criação, ficou escandalizada com a sua conversão e passou a persegui-la;
Marcolina aprendeu alguns versículos da Bíblia, especialmente João 10.1, quando,
pela primeira vez, entrou num templo batista em março de 1922, recitou-o cheia de
fé e convicção: Em verdade, em verdade vos digo: quem não entra pela porta do
aprisco das ovelhas, mas sobe por outra parte, esse é ladrão e salteador. Levou
algum tempo até Marcolina ser batizada, pois teve que receber licença de sua mãe.
Finalmente, aos 13 realizou seu sonho de ser batizada. Através de perseguição da
parte de sua mãe adotiva, foi amadurecendo sua fé e se aproximou ainda mais do
seu Salvador (FREITAS, 2001).
Quando ouvia o Pr. Zacarias Campelo falar sobre Noemi e o seu trabalho
entre os Índios, o coração de Marcolina batia forte. Sentia que Deus queria que ela
se dedicasse ao trabalho entre sertanejos e indígenas. Num dos seus relatórios, o Pr.
Zacarias narrou o trabalho de Noemi, seu sofrimento e morte na taba dos craôs.
Acentuou a necessidade de alguém que falasse de Cristo aos indígenas. Para
Marcolina foi como se o Senhor lhe dissesse para ir em busca daquelas almas.
Havendo concluído o seu curso na Escola de Trabalhadoras Cristãs (ETC), Marcolina
ensinava uma classe de crianças da Primeira Igreja Batista de Maceió. Era janeiro de
1932 e, nesse tempo, ela foi convidada para uma conversa com o Pr. Manoel Avelino
Souza, então Secretário Executivo da Junta de Missões Nacionais (JMN). É que ele
havia sido informado do ideal de Marcolina. Durante a conversa, ele perguntou-lhe se
aceitaria partir para o campo missionário e passar ali dois anos. Residiria numa
pequena vila e abriria uma escola anexa à igreja. Seria a primeira escola anexa que
os batistas manteriam no sertão. Marcolina reconheceu que o Senhor respondia às
suas orações. Aquela consulta significa a realização do anseio da sua alma
(FREITAS, 2001)
Tudo se encaixa dentro dos propósitos de Marcolina que cria firmemente que
Deus lhe abriria a porta da oportunidade. Para ela, a conversa com o Pr. Avelino era
uma resposta evidente, pois até então pensava em como seria possível ir para os
sertões brasileiros. Na época, não se imaginava em mandar uma jovem para o
sertão, e muito menos para as aldeias dos índios. Marcolina, porém, orava e
aguardava. Sabia que aquele que a chama providenciaria tudo o que fosse
necessário. No dia seguinte, Marcolina recebeu a comunicação do secretário
Executivo da JMN (Junta de Missões Nacionais). A junta concordou com o plano e
desejava saber se ela queria ir ao campo missionário e lá ficar por dois anos. É
evidente que ela concordou. Na mesma ocasião, durante a Assembleia Anual da
Convenção Batista Brasileira, o Pr. Manoel Avelino de Souza apresentou Marcolina
como a jovem que ia abrir ao campo missionário Alexandre Silva (FREITAS, 2001).
Naquela cidade, viviam 200 crianças em idade escolar, sem qualquer escola
onde pudessem estudar. Confiante em Deus, a jovem de 23 anos partiu dentre os
seus como Abraão, para uma terra que não sabia onde ficava. No dia 5 de abril de
1932, Marcolina viajou sentada noite e dia sobre sacos de sal, pois o barco era bem
pequeno. Viajou de Maceió para Belém, embarcou num pequeno barco para subir o
majestoso rio Tocantins numa viagem de 20 longos dias. Finalmente, no dia 3 de
maio de 1932, Marcolina chegou a Porto Franco; experiência inédita para uma jovem
batista, que desconhecia os sertões com que havia sonhado. Dois dias após a sua
chegada à terra para onde o Senhor a levará, Marcolina organizou a Sociedade de
Senhora (hoje MCA - Mulheres Cristãs em Ação) com 10 sócias. Logo, em sua
companhia, as irmãs fizeram uma viagem a São Vicente, onde havia um dos três
pontos de pregação da igreja. As irmãs assumiram a responsabilidade daquele
trabalho evangelístico. Na Sociedade de Senhora, os trabalhos eram alternados,
numa noite faziam o estudo do manual das Senhoras, dirigido pela presidente; na
outra, realizavam culto de evangelização (FREITAS, 2001).
Assim, a obra se desenvolvia com ânimo e entusiasmo e começava a
apresentar uma nova força. Nas noites de segunda-feira, as senhoras ainda
realizavam cultos de oração e faziam visitas evangelísticas às fazendas vizinhas.
Todas as senhoras crentes começaram a trabalhar e a testemunhar Cristo. Marcolina
iniciou logo o trabalho da escola anexa, que era a única escola da vila. Embora
houvesse cerca de 200 crianças em idade escolar, apenas 14 frequentavam a escola
no seu primeiro ano de atividades. Aos poucos, no entanto, o número de alunos foi
crescendo (FREITAS, 2001).
Depois de algum tempo, quando a escola contava com cerca 50 alunos, um
homem, certo dia, bateu à porta e disse a Marcolina que ela era a ruína do povo de
Porto Franco. “O diabo do sertão”; e disse-lhe muitos outros desaforos, mas Deus
levantou alguém para defendê-la. O Juiz de Direito da cidade recriminou a atitude do
homem mal-educado, e Marcolina sentiu-se fortalecida. Certo dia, o Governador do
Estado visitou aquela pequena vila em campanha política. Depois de ver tudo,
ofereceu a Marcolina um salário que era o dobro do que ela recebia da JMN, além de
uma escola bem equipada, contanto que aceitasse ser nomeada professora estadual
(FREITAS, 2001).
Ela agradeceu tal distinção e continuou o seu trabalho, enfrentando
dificuldades e sofrendo incompreensões, mas satisfeita com as bênçãos que recebia
a cada dia do seu Senhor. Marcolina passou 20 anos em Porto Franco, e através dos
anos, a escola trouxe grandes resultados para o progresso do evangelho naquela
região. Por ali passaram crianças que, tornando-se adultos, vieram a ocupar posição
de destaque na sociedade. Alguns tornaram-se profissionais liberais, enquanto que
outros assumiram posição de destaque na política brasileira. Outros se dedicaram ao
ministério, e muitos outros, apesar de simples, na sua pureza, passaram a viver o
cristianismo que Marcolina pregou e, sobretudo, viveu. Marcolina viajou
constantemente a lugares vizinhos e, nas férias, foi a regiões mais distantes. Seu
grande anseio era evangelizar, mas seu trabalho como itinerante propriamente dito
só começou após dois períodos de trabalho, de cinco anos cada um. Visitava
fazendas grandes, sítios pequenos e as casas dos sertanejos que se espalharam
pela região, à beira dos pequenos córregos. Seus esforços se estenderam a outras
vilas e cidades, como também às aldeias dos índios, onde realmente estava o seu
coração. Essas visitas eram constantes, e os índios apinajés sempre a acolhiam com
alegria e ouviam a mensagem de salvação. Marcolina foi convocada a ajudar no
Instituto Teológico em Carolina, onde durante seis meses viajava como itinerante,
abrindo pontos de pregação e falando de Cristo a centenas de pessoas. Isso foi de
1946 a 1949, um intervalo no seu trabalho em Porto Franco (FREITAS, 2001).
Voltando a Porto Franco, onde ficou mais um ano, abriu um outro trabalho em
Tocantinópolis, do outro lado do rio Tocantins, uma cidade fronteiriça a Porto Franco
e que se desenvolvia bem mais rápido. Morou ali cinco anos. Em Tocantinópolis, os
padres ordenaram-lhe que não entrasse nos lares católicos para falar da salvação.
Várias vezes ameaçaram bater nela e pagavam as pessoas para não irem aos
cultos. Tempos depois ela foi para Araguatins, onde iniciou outro trabalho agora,
como enfermeira-evangelista, se bem que não deixou de ser professora e até
“pastora”. Abriu um ambulatório no local. O “hospital”, como era conhecido, era
procurado por pessoas que tinham de andar mais de 120 quilômetros. Ali, Marcolina
atendia 20 ou mais doentes por dia, além dos que atendiam nas casas e fora da
cidade. Nunca deixou de falar de Cristo, o Médico dos médicos, aos seus doentes.
Na ocasião, escreveu à Junta, pedindo mais literatura - evangelhos e folhetos - e
disse “Caso a Junta não tenha verba, retire do meu ordenado a importância
necessária para os comprar” (FREITAS, 2001).
A Igreja Batista em Araguatins, que estava meio morta com apenas 11
membros, passou a contar com 50. Marcolina liderou a construção do seu templo
durante cinco anos em que ali estava. O templo está situado na praça principal,
voltado para o majestoso rio Araguaia. Quando terminou a construção e o trabalho
estava fortalecido, ela escreveu à Junta, dizendo que era tempo de mandarem um
pastor para Araguatins. Em 1962, tendo completado 30 anos de trabalho no sertão,
Marcolina foi para Marabá, onde passou mais três anos. Como sempre, trabalhou
sem poupar esforços e saiu deixando mais uma igreja organizada (FREITAS, 2001).
De Marabá, Marcolina foi para Colinas de Goiás, onde o trabalho já havia sido
iniciado pelo irmão José Nunes. Ela continuou visitando e pregando. Depois, adquiriu
um salão de cultos. Após quatro anos de esforços, tinham um templo e lugar para o
trabalho com as crianças. A igreja foi organizada e tornou-se bastante animada,
tendo também uma escola anexa (FREITAS, 2001).
Porto Franco, Carolina, Tocantinópolis, Araguatins, Marabá, Colinas de Goiás,
São João do Araguaia, São Domingos do Araguaia, todos esses lugares guardam as
pegadas da missionária de Cristo, cuja vida de dedicado trabalho tem sido um
desafio para tantos e se a professora, serva exemplar do Senhor, a enfermeira
dedicada, a pregadora fiel do evangelho que viveu. Num de seus relatórios à junta de
missões nacionais, assim escreveu Marcolina: “Meus irmãos, que iremos fazer?
Quem irá nos ajudar? O povo está clamando por salvação, mas os obreiros são tão
poucos, o tempo é por demais curto e o Brasil tão vasto! Andei 300 quilômetros,
gastando dois meses nessa viagem. Mas, olhando para trás, posso afirmar: Há
tantos lugares onde a mensagem de Cristo precisa ser pregada! Há tanta gente
clamando, e todo o nosso esforço tão pouco, nada mesmo!” (FREITAS, 2001).
Sem qualquer dúvida ou exagero, Marcolina pode realmente ser considerada
a bandeirante de Missões Nacionais. Foi a primeira jovem solteira a partir para os
sertões distantes como missionária nomeada pela Junta de Missões Nacionais. Foi a
primeira e única missionária a ser sustentada pelas jovens batistas do Brasil por um
longo período (FREITAS, 2001).
Foi a primeira professora a abrir e dirigir uma escola batista nos sertões. Foi a
primeira e única missionária a ser sustentada pelas jovens batistas do Brasil por um
longo período. Foi a primeira itinerante, a primeira enfermeira prática, a primeira
missionária brasileira a sofrer um naufrágio, a primeira jovem solteira a evangelizar
os índios apinajés, a primeira missionária a atuar na Transamazônica, a primeira a
falar de Cristo a centenas de perdidos que jamais teriam ouvido sobre o seu
sacrifício na cruz. Foi a primeira ex-aluna a ser homenageada pelo SESC. Aqueles
irmãos deram ao orfanato por eles mantido o nome de “Lar Marcolina Magalhães”.
No dia 14 de janeiro de 1998, Deus transferiu Marcolina para o seu Lar Celestial
(FREITAS, 2001).

7. O TRABALHO DE ZACARIAS CAMPELO

“Nasceu mais um...e é homem!” foi a notícia que ocorreu naquele dia 18 de
julho de 1900 no pobre casebre do velho José e da sua jovem esposa Maria
Madalena, num lugarejo chamado Santo Estevão, no Maranhão. Aos dezessete
anos, Zacarias chegava como pedreiro à cidade de Carolina, na época, uma das
maiores cidades do Maranhão, e chegou a ser considerado um dos melhores
construtores da cidade (PURIN, 2005).
Foi assim o encontro que Zacarias teve na cidade de Carolina: um encontro
muito especial, porque especial é Jesus, o amigo que ele conheceu. Zacarias fora
criado no catolicismo. Chegou até dirigir rezas e ladainhas, porque era dos poucos,
entre a sua gente, que sabiam ler. Muito pouco, entretanto, chegou a conhecer de
Deus e da Bíblia em suas mãos porque, naquele tempo e lugar, diziam que quem
lesse o “livro dos protestantes” poderia ficar maluco. Ele conhecia apenas algumas
histórias bíblicas que lera num livro. Lendo esse livro, aprendeu que podia falar com
Deus. Esse fato chamou atenção, e ele passou a sentir grande vontade de conversar
com Deus. Começou rezando. Rezava muito, até que compreendeu que podia falar
outras palavras, saídas do seu coração, diferentes daquelas repetições de sempre e
de todos (PURIN, 2005).
Uma história bíblica aqui, uma oração ali, o folheto guardado, todas essas
coisas foram sementes que fizeram nascer no coração de Zacarias um grande e
intenso desejo de ler a Palavra de Deus (PURIN, 2005).
A ida para Carolina deu a Zacarias a oportunidade de conhecer a Palavra de
Deus. Numa das casas em que morou, encontrou uma Bíblia. Poderia lê-la? Que
vontade! Quanta curiosidade! Mas tudo o que ele sabia desde a infância era que, se
lesse tal livro, ficaria maluco. E até lhe apontavam pessoas com quem isso
acontecera. Então foi consultar o sacristão da Igreja Católica da cidade. A resposta
foi a seguinte: “Não! Na Bíblia dos protestantes, nem tocar. Mas se você insiste em
ler o livro, venha aqui para ler a Bíblia do padre, através de serviços prestados ao
próximo” (PURIN, 2005).
Conversão e vocação caminham mais ou menos juntas. Quando vivemos a
experiência da conversão, despertamo-nos para utilidade da vida. Então desponta
em nós o desejo de nos tornamos pessoas úteis a Deus. O batismo de Zacarias
aconteceu numa cerimônia muito bonita, num dia de novembro de 1922. Como foi
com Jesus e como tem sido com muitos crentes ainda hoje, o dos rios brasileiros.
Como companheira de batismo, entre outras pessoas, estava a sua irmã mais velha,
Manu (PURIN, 2005).
O rapaz tornou-se um apaixonado pelas almas dos índios. Começou a orar
sobre isso. Em suas orações, pedia a Deus um lugar humilde, dizia-lhe que não fazia
questão de fama ou conforto. Enquanto orava, não conseguia afastar de seus
pensamentos os Índios Craôs (PURIN, 2005).
Zacarias sentiu, então, a necessidade e o desejo de estudar. Era preciso ter
um melhor preparo. Sua inteligência o levava a ir mais longe. Capacidade e força de
vontade não lhe faltavam. Seu ideal, agora, fixava-se na cidade de Recife,
Pernambuco, pois sabia que lá existia o Colégio Batista. Lá seria o lugar certo para
seu preparo. Mas como chegar lá? Na década de 20 tudo era difícil, desde as
estradas e meios de transporte até os meios de comunicação. E de onde viriam os
recursos financeiros? (PURIN, 2005).
Para Zacarias, duas eram as dificuldades maiores: a falta de dinheiro e a
diferença entre doutrinas rígidas que eram ensinadas no Colégio Americano Batista.
Essas dificuldades, entretanto, não assustaram o jovem. Ele sabia em quem criar.
Tudo haveria de se resolver, pois Deus tinha um plano para sua vida. Em Carolina,
Zacarias tinha dois grandes amigos: o Pr. Wootton e o seu patrão, o jovem José
Figueira. Este era muito rico, e era herdeiro único de um riquíssimo fazendeiro da
região. Aconteceu de José adoecer gravemente, não havendo recursos na cidade
para o seu tratamento. Para isso, precisava ir a Belém, a capital mais próxima e com
mais recursos, mas ele não estava em condições de viajar sozinho. Por várias
circunstâncias, nenhum dos seus familiares, no momento, poderia acompanhá-lo. O
que fazer? O jeito era ficar em Carolina, esperando a saúde ou a morte (PURIN,
2005).
Inconformado com o estado de saúde de seu amigo, Zacarias ofereceu-se
para acompanhá-lo. O oferecimento foi aceito com entusiasmo e total confiança, e a
viagem deu-se logo. Oito dias depois, os dois jovens deixaram a cidade a bordo de
um barco, pois as estradas eram os rios. José abatido pela enfermidade, mas
esperançoso na recuperação, Zacarias, cheio de responsabilidade e tarefas com seu
enfermo, mas prevendo uma porta aberta diante de si. Os dois sonhavam e ambos
viram o seu sonho tornar-se realidade. Com apenas alguns dias de tratamento, tendo
recebido alta do médico, José estava pronto para voltar, com a saúde totalmente
recuperada. Zacarias, após alguma relutância da parte do amigo, finalmente
conseguiu sua liberação para prosseguir sua viagem em busca do ideal de estudar
no Recife. Para expressar sua gratidão, José deu a Zacarias duzentos mil réis
(moeda da época), o suficiente para uma passagem de terceira classe num navio e
mais uns trocados para as primeiras despesas (PURIN, 2005).
Zacarias e Noemi chegaram à aldeia dos índios craôs como missionários
enviados pela junta de Missões Nacionais da Convenção Batista Brasileira. De
Carolina até a terra dos craôs foi outra aventura. O trajeto de mais de cento e oitenta
quilômetros foi feito em parte numa canoa, pelo rio Manuel Alves Pequeno, e em
parte a pé. O grupo de craôs ficou em Carolina alguns dias, durante os quais
Zacarias já começou a falar-lhes do amor de Deus. Até lhes ensinou, em sua própria
língua, a cantar “Deixa a luz do céu entrar.” Os índios eram interesseiros e espertos,
queriam viver à custa de presentes, que pediam e até exigiam dos brancos. Com o
objetivo de ganhar a simpatia deles e facilmente viver entre eles, Zacarias teve que
empenhar quase todo o seu salário na compra de carne de vaca e outros alimentos,
além de diferentes objetos, que os índios exigiam dele sob ameaças (PURIN, 2005).
A vida na aldeia não foi fácil. Tanto que não era possível ficar lá
permanentemente. O trabalho era realizado em períodos intercalados entre as
aldeias e a cidade de Carolina. O primeiro período durou três meses. A fome
assolava a região. As enchentes do ano anterior haviam destruído tudo o que se
poderia esperar colher para suprir a falta de alimentos. Os índios achavam que o
missionário recém-chegado era o homem bom que tinha obrigação de resolver todos
os seus problemas. Desse modo, a comida, que já era tão escassa, tinha que ser
dividida e subdividida com eles. Durante esse primeiro período na aldeia,
organizaram a escola para os índios. Funcionava numa barraca construída de paus e
coberta de palha. As carteiras eram paus estendidos à frente dos índios, que
sentavam no chão. A professora era irmã de Zacarias, D. Constância. A semeadura
do evangelho não foi nada fácil, os índios eram fechados, não se deixavam conhecer
nem convencer facilmente. Muitos apegados à sua religião pagã, dedicavam-se
incondicionalmente à adoração do deus Sol e de outros deuses, instituídos entre os
seres da natureza e criados pelas suas crendices. Entre muitas crendices e
superstições, algumas delas eram contra os “cristãos”, que, para eles, eram todos os
que não fossem índios. Era terreno duro, pedregoso, cheio de espinhos, e a semente
encontrava dificuldade para germinar (PURIN, 2005).
Hoje, ao contemplar-se os vastos campos de Missões Nacionais, as inúmeras
igrejas espalhadas pelo interior de Goiás e do Maranhão, escolas como de
Tocantinópolis e de Carolina, é possível saber que representam alguns anos do
pioneirismo intenso e fértil do incansável explorador Zacarias Campelo (PURIN,
2005).
Outros obreiros foram chegando, ora para juntar-se ao pioneiro, ora para
substituí-lo. Sim, porque o trabalho de Zacarias foi semelhante ao de Paulo: Ele
chegava, abria os caminhos, lançava os alicerces, estabelecia a obra, organizava a
igreja e, tão logo encontrasse alguém para dar continuidade à obra, passava adiante,
a fim de começar nova sementeira (PURIN, 2005).
Certa vez, em Carolina, organizou uma Escola Popular Batista (EPB), hoje
Escola Bíblica de Férias. Só que a EPB cresceu tanto, que se tornou uma escola de
alfabetização. Era o início do Instituto Batista de Carolina. Zacarias também fundou
uma escola em Tocantínia, que deu origem ao Colégio do Tocantins o maior e mais
bem conceituado da região, outra instituição educacional mantida pelos batistas
brasileiros através da Junta de Missões Nacionais (PURIN, 2005).
Sempre que Zacarias organizava uma igreja, fazia funcionar uma escola
anexa a ela - sábio método de evangelizar, além de tornar a igreja um organismo útil
à comunidade. Durante toda sua vida cristã, desde a mocidade, quando teve o seu
encontro com Jesus, Zacarias foi um homem temente a Deus e que sempre procurou
andar nos caminhos do Senhor. Por isso foi grandemente abençoado com a herança
do Senhor: seus oito filhos. E a promessa final do mesmo salmo cumpriu-se em sua
vida; “[...] e verás os filhos de teus filhos" (Salmos 128:6a). Numa entrevista que
concedeu à revista “A Pátria Para Cristo”, Zacarias relatou como se dedicou, sem
reservas, mais de sessenta anos de sua vida à pregação do evangelho: “Que os
seminaristas digam: “Senhor, eis-me aqui”, e não escolham lugar, nem se
preocupem exclusivamente com quanto vão ganhar, porque o patrão é Jesus Cristo
[…]” (PURIN, 2005).
Na sua velhice, Zacarias foi membro ativo da Primeira Igreja Batista de Niterói
RJ, até o dia 22 de maio de 1991, quando o Senhor o levou para o Céu (PURIN,
2005).

8. CONCLUSÃO

A proposta desta pesquisa, é avaliar a eficácia da Educação Religiosa como


ferramenta de alcance de pessoas que por diversos motivos, ainda não conhecem
Cristo. Como está relatado nos testemunhos e exemplos vistos acima, todas as
vezes que o ensino sistemático da Palavra de Cristo foi aplicado, muitos frutos foram
gerados. O que ressalta o valor da Educação Religiosa e sua eficácia é o fato de
mesmo em diferentes épocas, diferentes regiões no mundo o resultado das Escolas
Bíblicas sempre era frutífero e trazia mudança para os cidadãos locais. Pode-se citar
como Robert Raikes implantou a Educação Bíblica e secular nas suas Aulas
Dominicais e influenciou fortemente o destino de jovens ociosos em Gloucester;
também foi mostrado o empenho de Moody em conduzir os jovens de Chicago para
a Escola Dominical e depois o mesmo Moody viria a investir mais forte na Educação
Bíblica e fundaria os seminários que serviriam para a formação de obreiros até hoje;
ainda causa grande apreciação, a atuação de Marcolina como professora em terras
indígenas, a dedicação de Minie Lou as Mensageiras do Rei.
É claro e evidente que o efeito da Educação Religiosa é altamente positivo e
coaduna com a ordenança bíblica de ensinar e incutir a Palavra no coração da
criança, do modo como Deus ordenou a Moisés.

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BÍBLIA DE ESTUDO DA REFORMA. Tradução de João Ferreira de Almeida. Barueri,
SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2017.

BÍBLIA DE ESTUDO DAKE. Tradução de Thiago Ferreira Couto de Freitas. Curitiba,


PR: Atos, 2010.

BÍBLIA DE JERUSALÉM. Tradução de Euclides Martins Balancin. São Paulo:


Paulus, 2002.

BOYER, Orlando. Heróis da Fé. Rio de Janeiro: CPAD, 2002.

FREITAS, Ida. A Missionária que abriu Caminhos. Rio de Janeiro: UFMBB,2001.


Biografia de Marcolina Figueira de Magalhães.

JUNGHANS, Helmar. Temas da Teologia de Lutero. Tradução de Ilson Kayser. 2º


ed. São Leopoldo, RS: Sinodal, 2001.

O médico missionário - Robert Reid Kalley. Disponível em:


<https://ministeriofiel.com.br/artigos/o-medico-missionario-robert-reid-kalley/>. Acesso
em 27 nov. 2021.

PEARLMAN, Myer. Ensinando com Êxito na Escola Dominical. Tradução de


Rejane Caldas. São Paulo: Vida, 1994.

PURIN, Dulce. O Aventureiro que Deus Usou. Rio de Janeiro: UFMBB, 2005.
Biografia de Zacarias Campelo

QUEIROZ, Dinalva. Levanta e Resplandece. Rio de Janeiro: UFMBB, 2005.


Biografia de Minnie Lou Lanier.

Robert Raikes, o anglicano que deu à vida às Escolas Dominicais. Disponível


em: <https://www.ieab.org.br/2021/10/30/robert-raikes-o-anglicano-que-deu-vida-as-
escolas-dominicais/>. Acesso em 27 nov. 2021.

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