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Curso de Formação e

Aperfeiçoamento de Professores da
Escola Dominical
Textos de apoio
Visão geral da educação cristã
Texto 1: A História da Escola Dominical
Texto 2: A relevância da Escola Dominical no contexto da Educação
Cristã
Texto 3: Guia de postura para professores de Escola Dominical
Texto 4: 10 mandamentos do professor da Escola Dominical

Planejamento, métodos de ensino e recursos didáticos

Texto 5: Administração do tempo de aula


Texto 6: Pedagogia de Projetos: Uma Nova Proposta de Aprendizagem
para a Escola Dominical
Texto 7: Estrutura do projeto pedagógico
TEXTO 1
A História da Escola Dominical
HISTÓRIA DA ESCOLA DOMINICAL NO BRASIL
Os missionários escoceses Robert e Sara Kalley são considerados os
fundadores da Escola
Dominical no Brasil. Em 19 de agosto de 1855, na cidade imperial de
Petrópolis, no Rio de Janeiro, eles dirigiram a primeira Escola Dominical
em terras brasileiras. Sua audiência não era grande; apenas cinco
crianças assistiram àquela aula. Mas foi suficiente para que seu trabalho
florescesse e alcançasse os lugares mais retirados de nosso país. Essa
mesma Escola Dominical deu origem à Igreja Congregacional no Brasil.
Houve, sim, reuniões de Escola Dominical antes de 1855, no Rio de
Janeiro, porém, em caráter interno e no idioma inglês, entre os membros
da comunidade americana. Hoje, no local onde funcionou a primeira
Escola Dominical do Brasil, acha-se instalado um colégio.
Mas ainda é possível ver o memorial que registra este tão singular
momento do ensino da
Palavra de Deus em nossa terra.

HISTÓRIA DA ESCOLA DOMINICAL NO MUNDO


As origens da Escola Dominical remontam aos tempos bíblicos quando o
Senhor ordenou ao seu povo Israel que ensinasse a Lei de geração a
geração. Dessa forma a história do ensino bíblico descortina-se a partir
dos dias de Moisés, passando pelos tempos dos reis, dos sacerdotes e
dos profetas, de Esdras, do ministério terreno do Senhor Jesus e da
Primitiva Igreja. Não fossem esses inícios tão longínquos, não teríamos
hoje a Escola Dominical.
Porém, antes de sumariarmos a história da Escola Dominical em sua
fase moderna, faz-se mister evocar os grandes vultos do Cristianismo
que muito contribuíram para o ensino e divulgação da Palavra de Deus.
Como esquecer os chamados pais da Igreja e lhes seguiram o exemplo?
Lembremo-nos de Orígenes, Clemente de Alexandria, Justino o Mártir,
Gregório Nazianzeno, Agostinho e outros doutores igualmente ilustres.
Todos eles magnos discipuladores. E o que dizer do Dr. Lutero? O
grande reformador do século XVI, apesar de seus grandes e inadiáveis
compromissos, Ainda encontrava tempo para ensinar as crianças. Haja
vista o catecismo que lhes escreveu.
Foram esses piedosos de Cristo abrindo caminho até que a Escola
Dominical adquirisse os
atuais contornos.
A Escola Dominical do nosso tempo nasceu de visão de um homem que,
compadecido com as crianças de sua cidade, quis dar-lhes um novo e
promissor horizonte. Como ficar insensível ante a situação daqueles
meninos e meninas que, sem rumo, perambulavam pelas ruas de
Gloucester? Nesta Cidade, localizada no Sul da Inglaterra, a
delinquência infantil era um problema que parecia insolúvel.
Aqueles menores roubavam, viciavam-se e eram viciados; achavam-se
sempre envolvidos
nos piores delitos.
É nesse momento tão difícil que o jornalista episcopal Robert Raikes
entra em ação. Tinha
ele 44 anos quando saiu pelas ruas a convidar os pequenos
transgressores a que se reunissem todos os domingos para aprender a
Palavra de Deus. Juntamente com o ensino religioso, ministrava-lhes
Raikes várias matérias seculares: matemática, história e a língua
materna - o inglês.
Não demorou muito, e a escola de Raikes já era bem popular. Entretanto,
a oposição não tardou a chegar. Muitos eram os que o acusavam de
estar quebrantando domingo. Onde já se viu comprometer o dia do
Senhor com esses moleques? Será que o Sr. Raikes não sabe que o
domingo existe para ser consagrado a Deus?
Robert Raikes sabia-o muito bem. Ele também sabia que Deus é
adorado através de nosso trabalho amoroso incondicional.
Embora haja começado a trabalhar em 1780, foi somente em 1783, após
três anos de oração, observações e experimentos, que Robert Raikes
resolveu divulgar os resultados de sua obra pioneira.
No dia três de novembro de 1783, Raikes publica, em seu jornal, o que
Deus operara e continuava a operar na vida daqueles meninos
Gloucester. Eis porque a data foi escolhida
como o dia da fundação da Escola Dominical.
Mui apropriadamente, escreve o pastor Antonio Gilberto:
“Mal sabia Raikes que estava lançando os fundamentos de uma obra
espiritual que
atravessaria os séculos e abarcaria o globo, chegando até nós, a ponto
de ter hoje dezenas
de milhões de alunos e professores, sendo a maior e mais poderosa
agência de ensino da
Palavra de Deus de que a Igreja dispõe”.
Tornou-se a Escola Dominical tão importante, que já não podemos
conceber uma igreja sem ela. Haja vista que, no dia universalmente
consagrado à adoração cristã, nossa primeira atividade é justamente ir a
esse prestimoso educandário da Palavra de Deus. É aqui onde
aprendemos os rudimentos da fé e o valor de uma vida inteiramente
consagrada ao serviço do Mestre.
A. S. London afirmou, certa vez, mui acertadamente: “Extinga a Escola
Bíblica Dominical,
e dentro de 15 anos a sua igreja terá apenas a metade dos seus
membros”. Quem haverá de
negar a gravidade de London? As igrejas que ousaram prescindir da
Escola Dominical
jazem exangues e prestes a morrer.

CRONOLOGIA DA ESCOLA DOMINICAL


No Mundo, no Brasil e nas Assembléias de Deus

ANO ACONTECIMENTO
1736 14/09
Nasce Robert Raikes, na Inglaterra.

1780 Robert Rikes, jornalista evangélico (episcopal), com 44 anos,


realiza em
Gloucester, Inglaterra, as primeiras aulas aos domingos pela
manhã para
crianças sobre leitura, escrita, aritmética, instrução moral e
cívica e
conhecimentos religiosos, dando início à Escola Dominical, não
exatamente no
modelo que temos hoje, mas como escola de instrução popular
gratuita, o que
veio a ser a precursora do moderno sistema de ensino público.
As primeiras
professoras foram assalariadas por Raikes.

1783 03/11
Dia Natalício da Escola Dominical, pois Raikes, após três anos
de experiência
com 7 Escolas Dominicais em casas particulares e com 30
alunos em cada uma
delas, alcança êxito em seu trabalho com a transformação na
vida de duas
crianças.
A Escola Dominical passou das casas particulares para os
templos, os quais
passaram a encher-se de crianças.

1784 Quatro anos após a fundação, a Escola Dominical já contava


com 250 mil alunos
matriculados.

1785 Raikes Organiza a primeira União de Escolas Dominicais, em


Gloucester, com
ajuda de William Fox.
Surgem as primeiras Bíblias, Testamentos e Livros para serem
usados
especialmente nas Escolas Dominicais. Raikes publica o
Sunday School
Companion, que era um simples livro de leitura de versículos
bíblicos.
É iniciado o movimento de Escolas Dominicais nos Estados
Unidos da América,
na Casa de William Elliott, inspirado nos exemplos britânicos.
1790 É fundada a primeira União de Escolas Dominicais dos EUA,
em Philadelphia,
para prover salas de aulas e professores para as escolas. Em
Charleston, EUA, a
Conferência Metodista reconhece oficialmente as suas Escolas
Dominicais.

1797 Somente na Inglaterra chega a mil o número de Escolas


Dominicais.

Surgem fortes ataques contra a Escola Dominical. Raikes ‚


1800 acusado de
"profanador do Dia do Senhor", pelo fato de fazer funcionar a
Escola aos
domingos... Tal acusação partiu dos religiosos da época. No
Parlamento chegou
a ser apresentado um decreto para proibir Escolas Dominicais
em toda a
Inglaterra. Tal decreto jamais foi aprovado.
1810 O movimento já contava com mais de três mil Escolas
Dominicais e com
aproximadamente 275 mil alunos matriculados.

1811 Começa a separação de classes para que adultos analfabetos,


assim como as
crianças, também pudessem aprender a ler a Bíblia. O
movimento chega a 400
mil alunos matriculados só na Inglaterra.
5/04
Morre Robert Raikes, aos 76 anos de idade, tendo a Escola
Dominical se
espalhado por toda a Inglaterra e em outras partes do mundo.

1820 Começam os primeiros passos para congregar as Uniões locais


de Escolas
Dominicais numa central - União Americana de Escolas
Dominicais.
1824 25/05
A União Americana de Escolas Dominicais, em Filadelfia, EUA,
torna-se a
representante nacional de 723 Escolas afiliadas e 50 mil alunos.
1831 As Escolas Dominicais chegam a 1.250.000 alunos
matriculados, cerca de 25%
da população da Inglaterra na época.

1832 03/10
Realizada a Primeira Convenção Nacional da União Americana
de Escolas
Dominicais, em New York.

1836 O Rev. Justin Spauding, da Igreja Metodista, organiza no Rio de


Janeiro, entre
estrangeiros, uma congregação com cerca de 40 pessoas e em
junho abre uma
Escola Dominical com 30 alunos, dos quais alguns eram
brasileiros, ensinados
na sua própria língua.
1855 19/08
Robert Kalley e sua esposa Da. Sarah Poulton, casal de
missionários escoceses,
realizam a primeira aula de Escola Dominical para cinco
crianças, em sua
residência na cidade de Petrópolis, Rio de Janeiro, o que
resultaria na fundação
da Igreja Evangélica Fluminense, embrião da Igreja
Congregacional.
1911 Dois meses após a fundação das Assembléias de Deus, é
realizada a primeira
aula de Escola Dominical, na casa do irmão José Batista
Carvalho, na Av. São
Jerônimo, em Belém, PA.
1920 Começa a circular como suplemento do Jornal Boa Somente
em Belém, PA, os
Estudos Dominicais, o embrião da atual revista Lições Bíblicas,
para Jovens e
Adultos.
1930 Lançada a revista Lições Bíblicas para adultos, inicialmente
comentada pelos
missionários suecos Samuel Nyström e Nils Kastberg. A CPAD
ainda não tinha
sido fundada.

1932 25 a 31/7
Realizada a XI Convenção Mundial de Escolas Dominicais, no
Teatro
Municipal do Rio de Janeiro

1943 Lançada a primeira revista para crianças na Escola Dominical


das Assembléias
de Deus, escrita pelas professoras Nair Soares e Cacilda de
Brito.

1955 Surge nova revista infantil da CPAD, chamada Lições Bíblicas


para Criança,
para as idades de 6 a 8 anos. Publicado o primeiro comentário
de Lições
Bíblicas de autoria do missionário sueco Eurico Bergstén, que
viria ser o
comentarista com o maior número de lições escritas: 35.
19/8
Completados 100 anos de fundação das Escolas Dominicais no
Brasil.

1973 Novamente lançada pela CPAD uma revista para crianças por
iniciativa e
comentários do pr. José Pimentel de Carvalho, sob o título:
Minha Revistinha,
para as idades de 4 e 5 anos.

1974 Fundado o Departamento de Escola Dominical da CPAD (atual


Setor de
Educação Cristã), sob a chefia do pastor Antonio Gilberto.
1 a 06/07
Realizado o primeiro CAPED (Curso de Aperfeiçoamento de
Professores da
Escola Dominical), da CPAD e fundado pelo pastor Antonio
Gilberto, na
Assembléia de Deus de São Cristóvão, RJ.
Lançado o Livro "Manual da Escola Dominical", de autoria do
pastor Antonio
Gilberto, best-seller da CPAD e livro-texto do CAPED.
Lançada pela CPAD a revista infantil Estudando a Bíblia (atual
revista Juniores,
para crianças de 9 a 11 anos).

1980 Comemorados os 200 anos de fundação da Escola Dominical


no mundo pela
Associação lnternacional de Educação Cristã (ICEA).
O número de alunos em todo o mundo‚ é estimado em 120
milhões, com cerca
de 2 milhões de Escolas Dominicais (não nos moldes do
modelo britânico de
Raikes) e 8 milhões de professores.
1981 Lançado pela CPAD o Primeiro Plano de Revistas da Escola
Dominical para
Assembléias de Deus, formulado pelo pastor Antonio Gilberto,
que estabelecia,
pela primeira vez, revistas para cada faixa etária da Escola
Dominical.
1982 Lançada a revista Mensageiros da Fé (atual Adolescentes
Vencedores), para
crianças de 12 a 14 anos.
Lançada revista do Mestre para a revista Lições Bíblicas
(Jovens e Adultos),
comentadas pelos missionários João Kolenda Lemos e sua
esposa Doris Ruth
Lemos.

1985 Lançado pela CPAD o Curso Evangelização Infanto-Juvenil


(CEI) destinado ao
treinamento de professoras de crianças e adolescentes (curso
atualmente fora
desativado).

1994
Reformulado e Relançado pela CPAD o Plano de Revistas
formulado em 1974,
com a inclusão de duas novas revistas: Campeões da Fé (atual
Juvenis Lições
Bíblicas), para adolescentes de 15 a 17 anos, e a revista
Discipulando para novos
convertidos.

1996 Lançada a campanha da CPAD Biênio da Escola Dominical -


96/97 "Achei o
Livro na casa do Senhor"
5 a 07/06
Realizado o I Encontro Nacional de Superioridades de Escola
Dominical, no
Hotel Glória, Rio de Janeiro, RJ.

1998 10 a 13/6
Realizado o I Congresso Nacional de Escolas Dominicais das
Assembléias de
Deus, no Riocentro, Rio de Janeiro, RJ.
11 a 20/11
Realizado o primeiro CAPED fora do Brasil, em Moçambique,
África.
Lançado o CAPED em vídeo com 5 fitas.

1999 12 a 15/11
Realizada a Conferência Nacional de Escolas Dominicais, no
Centro de
Convenções da Universidade Federal de Pernambuco, Recife.
Lançada a revista Lições Bíblicas Mestre em CD-ROM.
Lançada a Revista Ensinador Cristão, da CPAD, para circular a
partir do 1º
trimestre de 2000.
Reformulado e relançado o Plano de Revistas da CPAD da
edição de 1994,
tendo as primeiras revistas de Escola Dominical no Brasil
totalmente coloridas e
tendo a inclusão de mais duas revistas: a Maternal, para
crianças de 2 e 3 anos, e
a Discipulado Mestre.

2000 Lançadas as revistas de Escola Dominical da CPAD para toda a


América Latina
pela Editorial Patmos. (editora da CPAD para o mundo
hispânico).
24 a 27/05
Realizado o segundo CAPED fora do Brasil: Nova Iorque, EUA.
Lançado o CEI em vídeo com 4 fitas.
Lançada a Cartilha Escola Dominical Revistas e Currículos,
para pastores,
superintendentes, coordenadores de departamentos e
professores.
Lançada a campanha todos na Escola Dominical cada crente
um aluno, para
mobilizar as Igrejas a envolverem a grande partes de seus
membros que não
freqüentam a Escola Dominical nas Assembléias de Deus.
06 a 09/09
Realizado o II Congresso Nacional de Escolas Dominicais nas
Assembléias de
Deus, no Riocentro, Rio de Janeiro.

TEXTO 2
A relevância da Escola Dominical no contexto da Educação
Cristã

INTRODUÇÃO
A Escola Dominical está inserida em um amplo contexto educacional
denominado Educação cristã. A educação cristã, como instrumento de
formação e aperfeiçoamento do caráter cristão, não ocorre apenas no
ambiente da Escola Dominical, mas em todos os setores e seguimentos
da igreja local. Nesta rica oportunidade, apresentaremos razões que
justifiquem a relevância da ED como principal ferramenta de Educação
Cristã na igreja.

I. É relevante em razão de sua essencialidade.

A – A Escola Dominical não é uma atividade educativa opcional, é


essencial.
Em razão de a igreja estar intrinsecamente associada à educação cristã,
a Escola Dominical
como departamento principal de ensino, não é opcional, é vital, pois,
incrementa e dinamiza todas as atividades e iniciativas educacionais e
evangelísticas dos demais setores.
A Escola Dominical não pode ser considerada apenas um apêndice,
anexo ou assessório na estrutura geral da igreja ou mero departamento
secundário.
Ela se confunde com a própria essência da Igreja. Não é apenas parte da
igreja; é a própria igreja ministrando ensino bíblico metódico, sistemático.
Desde os primórdios a Igreja Cristã perseverava na doutrina e instrução
dos apóstolos. No primeiro século não havia templos. As famílias se
reuniam em suas casas para orar, comungar e estudar a Palavra de
Deus. Os crentes mais experientes ensinavam os neófitos basicamente
de forma expositiva e em tom familiar (homilétike); explicando e
interpretando os pontos mais difíceis das Escrituras de acordo com a
orientação dos apóstolos e diretamente do Espírito Santo.
E hoje? A Igreja está realmente interessada em estudar a Bíblia?

B – Onde fica a ED no programa geral de nossas igrejas? Qual a sua


importância?
Há algumas décadas, na maioria das igrejas tradicionais, era comum o
número de
matriculados na Escola Dominical ultrapassar ao de membros da igreja.
O que podemos
dizer das nossas Escolas Dominicais atualmente?
Enquanto as igrejas tradicionais estão repensando a ED, grande parte
das igrejas pentecostais somente começaram a pensar na relevância do
ensino bíblico sistemático de algumas décadas para cá.
(A CPAD através do Setor de Educação Cristã e especificamente do
CAPED vem realizando um excelente trabalho de conscientização nesta
área)

C – A relevância da Escola Dominical está explicita no seu principal


conceito.
A Escola Dominical conjuga os dois lados da Grande Comissão dada à
Igreja (Mt 28.20; Mc 16.15). Ela evangeliza enquanto ensina.
O cumprimento da Grande Comissão através da ED, pode ser visto em
quatro etapas:

Alcançar – a ED é o instrumento que cada igreja possui para alcançar


todas as faixas etárias.
(A audiência do culto à noite, além de ser heterogênea, não tem
oportunidade de refletir, questionar e interiorizar o conteúdo recebido).
Conquistar – através do testemunho e da exposição da Palavra. Disse
Jesus: "...serão
todos ensinados por Deus...todo aquele que do pai ouviu e aprendeu
vem a mim" (Jo 6.45).
A conversão é perene quando acontece através do ensino.
Ensinar – até que ponto estamos realmente ensinando aqueles que
temos conquistado?
Há quem diga que o ensino metódico e sistemático é contrário à
espiritualidade? Isto é verdade?
"O ensino das doutrinas e verdades eternas da Bíblia, na Escola
Dominical deve ser pedagógico e metódico como numa escola, sem
contudo deixar de ser profundamente espiritual."
Isto significa que devemos ensinar a Palavra de Deus com seriedade e
esmero, apropriando-nos dos mais eficazes recursos educacionais que
estejam à nossa disposição:
“...se é ensinar haja dedicação ao ensino” (Rm 12.7b).
Treinar – devemos treiná-los para que instruam a outros.
Estas 4 etapas estão conjugadas aos 3 principais objetivos da Escola
Dominical que são:
ganhar almas para Jesus; desenvolver a espiritualidade dos alunos e
treinar o cristão para o
serviço do Mestre.

II. É relevante porque é a principal agência de ensino na igreja.


A ED é a maior agência de ensino da Igreja. Nenhuma outra reunião tem
um programa de estudo sistemático da Bíblia com a mesma abrangência
e profundidade. Ajustado a cada faixa etária, o currículo da ED possibilita
um estudo completo das Escrituras em linguagem acessível a cada
segmento, criando raízes profundas na vida de cada crente.
III. É relevante porque é uma escola que transforma.
Foi a criação da Escola Dominical, da forma como é conhecida
atualmente, que mudou a face da Inglaterra, que mudou a face da
Inglaterra. Crianças que antes tinham comportamento marginalizado,
abandonadas à sua própria sorte, começaram a ser atraídas por Robert
Raikes para reuniões sistemáticas com tríplice ênfase: social, bíblica e
evangelística.
IV. É relevante porque fortalece a comunhão com Deus e entre os
irmãos.
Não pode haver crescimento espiritual fora do contexto da comunhão
cristã
“Até que todos cheguemos à unidade da fé e ao conhecimento do Filho
de Deus...” (Ef4.13).
“E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir
do pão, e nas
orações (...) Todos os que criam estavam juntos...” (At 2.42,44).
A Escola Dominical propicia um ambiente favorável ao inter-
relacionamento dos crentes.
Ela representa o lar espiritual onde, além do conhecimento da Palavra de
Deus, compartilham-se idéias, princípios, verdades e aspirações.
V. É relevante porque é ferramenta de evangelização e discipulado.
VI. É relevante na edificação total da família cristã.
Ela não cuida apenas da formação espiritual, mas preocupa-se com a
edificação geral, que inclui:
Bons costumes, exercício da cidadania e a formação do caráter
A ED complementa e, às vezes corrige a educação ministrada nas
escolas seculares.

a) A ED complementa a educação cristã ministrada nos lares.


No Antigo Testamento, entre o povo de Deus, eram os próprios pais os
responsáveis pelo ensino das Escrituras:
“E estas palavras que hoje te ordeno estarão no teu coração; e as
intimará (inculcarás) a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa,
e andando pelo caminho, e deitando-te, e
levantando-te” (Dt 6.6,7).
“Ponde, pois, estas minhas palavras no vosso coração e na vossa alma,
e atai-as por sinal
na vossa mão, para que estejam por testeiras entre os vossos olhos, e
ensinai-as a vossos
filhos, falando delas assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e
deitando-te e
levantando-te” (Dt 11.18,19).
“Ajunta o povo, homens, e mulheres, e meninos, e os teus estrangeiros
que estão dentro
das tuas portas, para que ouçam, e aprendam, e temam ao Senhor,
vosso Deus, e tenham
cuidado de fazer todas as palavras desta lei” (Dt 31.12).
“E o terá consigo (o livro da Lei), e nele lerá todos os dias da sua vida,
para que aprenda a
temer ao Senhor seu Deus, para guardar todas as palavras desta lei, e
estes estatutos para
cumpri-los” (Dt 17.19).
O objetivo final é sempre cumprir: “Sede cumpridores da palavra e não
somente ouvintes
enganando-vos com falsos discursos” (Tg 1.22).
A grande maioria das famílias recebe pouca ou nenhuma instrução na
Palavra de Deus, no
lar, sob a liderança do seu chefe. Em função de a Bíblia perder seu lugar
no seio da família,
a igreja ficou com a grande responsabilidade de providenciar educação
religiosa.
Todo o impacto desta responsabilidade caiu sobre a ED e seus oficiais.
Além de aproximar
pais e filhos na comunhão do corpo de Cristo, A ED introduz crianças,
adolescentes,
jovens e adultos no conhecimento bíblico, afastando-os da ociosidade e
das más companhias.
VII. É relevante porque é fonte de genuíno avivamento.
Hilquias, o sacerdote: “Achei o livro da Lei na Casa do Senhor” (2 Cr
34.15).
É um chamamento à redescoberta do ensino da Palavra de Deus como
base de todo
avivamento. Não há outro caminho para manter a Igreja viva, a não ser o
retorno às
Escrituras, como ocorreu no tempo do rei Josias.

TEXTO 3
Guia de postura para professores de Escola Dominical
Crianças, pré-adolescentes, adolescentes, jovens, adultos e idosos, cada
faixa etária tem suas características próprias. Diferentemente do que se
possa pensar ou parecer, à primeira vista, as regras de postura social
não são uma expressão de soberba ou vaidade.
Muito menos figuram como entrave ao convívio cristão. Ao contrário, são
fatores relevantes no desenvolvimento de uma boa aula e estão inter-
relacionados com a educação, além de constituírem deveres do bom
cristão. Neste encarte, selecionamos 30 dicas em temas variados do
chamado convívio social. O objetivo é ajudar os professores de ED a
serem mais efetivos no seu ofício.
1. Comece sempre a aula na hora marcada para incentivar e premiar o
aluno pontual, mesmo que apenas uma única pessoa esteja presente.
Outros chegarão. Se não chegarem, não se preocupe, porque a lição
será apenas àquele presente. Ainda assim você será usado por Deus.
Não se deixe intimidar ou afetar psicologicamente pela ausência. Dê
apenas uma justificativa. Não caia no erro de ficar explicando os
possíveis motivos pelos quais os demais alunos não compareceram à
aula.
2. Cumprimente cada um que entra como se fosse um candidato à
presidente da República. É muito importante que os estudantes saibam e
experimentem que sua classe é a mais amistosa do planeta.
3. Faça de sua classe uma prioridade.O melhor método de demonstrar à
sua classe que ela é uma prioridade é você encará-la como prioridade
nos seus interesses. Quando melhor preparado estiver o professor, mais
facilidade terá em responder às eventuais perguntas com sinceridade,
mesmo que seja para agendar a resposta para uma próxima aula.
4. Recompense o empenho dos que são assíduos de forma mais
consistente. Envie uma mensagem, dê um cartão ou crie alguma forma
de incentivo extra que seja capaz de demonstrar apreciação por sua
constância e ainda ajude a pessoa a superar suas limitações na
aprendizagem.
5. Dê bom acolhimento ao atrasado, não o puna. Capture a atenção dele
com uma rápida sinopse do que você está ensinando à classe. Emende:
“Maria, temos satisfação pelo fato de que, mesmo atrasada, você tenha
perseverado em estar conosco. Nós estamos discutindo hoje a diferença
entre o crescimento espiritual de José e o de Daniel.....”.
6. Deixe para saber, em particular, o que motivou o atraso. Ouça os
motivos, ofereça ajuda, apoio e um conselho estimulante para que o fato
não venha se repetir. Caso haja reincidência, mantenha a paciência e
pense em nova estratégia para ajudar a pessoa.
7. No caso do atraso crônico, é preciso que se investigue os motivos que
levam a esse comportamento. Cabe ao professor conversar como
individuo, em particular, e explicar-lhe, de modo a conscientizá-lo, que a
Igreja se preocupa com ele não só do ponto de vista da constituição
espiritual, mas também em sua formação como cidadão.
O atrasado crônico pode vir a ser um preguiçoso, o que fatalmente trará
implicações à sua vida profissional (Ec 10.18)
8. Àqueles que faltaram à classe, nunca diga: “Onde você estava?”,
porém “Sentimos muito a sua falta”. A primeira frase já deixa o aluno na
defensiva, porque se sente cobrado. A segunda denota interesse sincero.
Tratá-los como pessoas maduras dá mais resultado, pois os estimula a
agir como tal.
9. Um polegar erguido, um aceno, um piscar de olho ou um toque
precisam ser percebidos e valorizados. Quanto antes forem atendidos,
menos você terá negligenciado em demonstrar a estima e o apreço aos
alunos.
10. Alunos não gostam de olhares indiferentes, de palavras arrogantes
nem de gestos bruscos. Daí manter a concentração durante todo período
de aula é fundamental para poder transmitir equilíbrio aos alunos.
Lembre-se de que muitos chegam à aula depois de terem enfrentado
uma verdadeira guerra espiritual.
11. No caso de ensinar a adolescentes e jovens, refreie a tentação de
quebrar o clima da aula com comentários sobre seus cabelos, roupas ou
estilo de música. Ore para que o
Espírito Santo prepare o momento certo para conversar com o indivíduo
sobre esses temas (PV 15.23). Administre com bom humor as possíveis
influências negativas de um adolescente recém-chegado à igreja e à
classe, sem espantá-lo. Estimule-o à oração em grupo a fim de que o
Espírito Santo convença o coração de qual deve ser o padrão de cabelo,
roupas ou estilo de música. Não se esqueça de ser o mais sincero
possível e bíblico nos comentários (Sl 119.130). entenda que há frase e
frases na vida de uma pessoa.
12. Também no caso de se ensinar a adolescentes e jovens, tome
cuidado para nunca os usar como exemplo nas lições, seja positivo ou
negativo. Estas são as idades do anonimato. Todos ficam pouco à
vontade ao ser ressaltados em algum aspecto. Isto os distanciaria dos
seus pares. Para eles, qualquer coisa é melhor do que ser distinguido.
Melhor é estimulá-los às experiências com Deus e a testemunhá-las
espontaneamente (Jô 1.32)
13. Em caso de instabilidade e indisciplina, é indispensável ao professor
guardar o controle
de si mesmo, a fim de poder pensar sobre a melhor atitude a tomar. O
superintendente da ED deve estar a par de qualquer alteração
comportamental em classe.
14. Evite coisas impertinentes, tais como ficar fungando em classe, enfiar
o dedo no nariz, ficar consertando a roupa íntima, usar decote
inapropriado etc. Todo e qualquer movimento brusco vai atrair a atenção
do público e desviá-lo do que realmente interessa. Para evitar tais coisas
vá ao banheiro antes da aula começar.
15. Cuidado ao chegar muito perto dos alunos. O mau hálito, o odor de
suor ou de um perfume forte demais, ou vencido, podem causar
incômodos.
16. Cuide em ter sempre ações íntegras. Lembre-se: você estará sempre
sendo observado.
A confiança é atualmente um bem cada vez mais raro. Os alunos por
conseqüência, estão cada vez mais desconfiados, céticos e resistentes.
Há tempos, as pessoas acreditariam plenamente em você até que
houvesse um motivo contrário. Hoje é preciso primeiro provar que se
merece confiança, daí a importância da integridade e de um caráter
sólido dentro e fora do círculo religioso.
17. Acredite em seus alunos. Não os trate como crianças. As pessoas
vão avançar ou regredir de acordo com as expectativas daqueles que os
cercam. Aposte nelas sua confiança não apenas de que absorveram
informação, mas de que as colocarão em prática em sua vida diária.
Certamente farão tudo para que você não seja decepcionado.
18. Seja sempre acessível aos seus alunos. Manter a distância pode criar
barreiras de comunhão em Cristo e é um erro fatal para quem deseja
ajudar outros a crescerem diante dos homens e de Deus. Sempre que
necessário esteja disponível e sem barreiras.
19. Dê oportunidades aos seus alunos. Por vários motivos é um erro
grave monólogos.
Ofereça sempre espaço à participação, à superação, ao sucesso e ao
crescimento pessoal. Isso ajudará aos tímidos a adquirirem segurança,
respeito e encorajamento.
Lembre-se de que o aluno de hoje poderá ser i professor de ED de
amanhã.
20. Ouça sempre, porque ouvir os alunos gera novas idéias. Você nunca
saberá quão
próximo estaria de uma idéia valiosa para a dinâmica de sua igreja, a
menos que esteja disposto a ouvir.
21. Planejamento é fundamental para ser bem sucedido – Prepare seu
conteúdo de melhor maneira possível. Ninguém, tem o dever de saber
tudo e de se comprometer a trazer a resposta na próxima aula, quando
não souber ponto questionado, mas se esforce ao máximo possível.
22. Gerenciar o tempo é muito importante. Não fale rápido ou devagar
demais. Tenha sempre alguma atividade extra em stand by para o caso
de o tempo sobrar.
23. Procure sempre respeitar o horário reservado para a aula. Não
ultrapasse o tempo determinado pela superintendência.
24. Não demonstre insegurança – Evite falar alto ou muito baixo e dar as
costas para a turma. Nunca fique olhando exclusivamente para um aluno
em específico. Isso pode coagi-lo. Distribua o olhar.
25. Não se preocupe em se defender ou explicar como você aplica o
ensino. O bom ensino bíblico fala por si mesmo. Lembre-se de que é a
Palavra de Deus quem faz a obra
26. Não confunda ensinar depressa como ensinar melhor. Muitas vezes,
na ansiedade de transmitir muito conteúdo, pode-se confundir os alunos.
É bom ir testando o andamento
por meio de perguntas.
27. Não use o tempo da aula para transmitir seus problemas pessoais
aos alunos. Essa é uma postura anti didática, além de prejudicar seu
próprio trabalho. Ao assumir a classe, deixe seus problemas e
inquietações do lado de fora, pois os alunos são muito sensíveis ao
estado emocional do professor. Também tenha muito cuidado em dar
exemplos de sua vida pessoal. Alunos costumam ficar irritados quando o
professor toma uma boa parte da aula para isso ou quando ainda não
tenha chegado.
28. Quando for fazer o sorteio de um aluno para participar da aula
seguinte, doando uma explanação sobre algum tópico, é necessário
saber quais deles gostariam de participar dessa dinâmica, porque há
aqueles que se sentem constrangidos ao serem escolhidos.
Daí o que poderia ser estimulante pode tornar-se um “pesadelo” e levar o
indivíduo a se afastar da classe.
29. Reserve um tempo apropriado durante a aula para explicar na Bíblia
o propósito do ofertório antes de recolher a oferta dos alunos. Se não
houver uma explicação, eles serão tentados a acreditar que estão
pagando pela aula ou ofertando por obrigação.
30. O professor que se sente responsável pelo cultivo da salvação e pela
formação espiritual de seus alunos dificilmente vai ficar somente fazendo
a leitura do texto da revista em classe. Proceder assim fará com que
seus alunos desconfiem da sua credibilidade, acreditem que você não
estudou nada e que está somente reproduzindo o que anotou o
comentarista.

TEXTO 4

10 mandamentos do professor da escola dominical


1. Amar a Palavra de Deus ao ponto de estudá-la com afinco e
constância.
2. Reconhecer o valor da Educação Religiosa e ter na mais alta estima a
missão do educador.
3. Estar sempre bem preparado para ensinar a Bíblia na classe.
4. Estar sempre em dia com os novos métodos de ensino e procurar
renová-los quando necessário.
5. Dar instrução sem esquecer da educação, isto é, transmitir
conhecimento e ao mesmo tempo formar o caráter.
6. Amar o aluno como a seu próprio filho.
7. Saber que o aluno tem uma personalidade que merece respeito; e
uma vida cristã em desenvolvimento.
8. Amar a igreja da qual é membro, prestigiando com sua presença e
contribuição suas programações e suas promoções.
9. Procurar em tudo ser exemplo digno de ser seguido por seus alunos.
10. Estudar sempre com o fim de aperfeiçoar-se para servir sempre
melhor ao Senhor.

TEXTO 5

Administração do tempo de aula

Exemplo: 50 minutos de aula


1. Introdução (10min) = Cumprimentos, apresentação dos visitantes,
estabelecer relação entre o que vai ser estudado e o que foi estudado na
semana anterior; buscar atrair atenção e o interesse dos alunos pelo que
será ensinado; falar sobre a importância do assunto a ser estudado
(“para que serve”).
“Se o professor não conseguir captar a atenção de seus alunos e deixar
claro para ele o que vai ser ensinado na introdução da aula, não
conseguirá fazê-lo mais.” Lécio Dornas

2. Desenvolvimento (25min) = utilização de métodos e recursos


didáticos para estudar a Palavra, sempre aplicando o conteúdo à
realidade do aluno.
“Uma aula sem aplicação é como se uma pessoa fosse ao médico,
recebesse a receita, mas
não fosse instruída como usar os medicamentos.” Lécio Dornas
3. Integração (10min)= Dinâmica de grupo, atividade de
reflexão/aplicação.
4. Conclusão (5min) = Recapitulação das principais informações
transmitidas e repassar os ensinamentos aprendidos, estimular os alunos
a pesquisarem mais sobre o assunto.
Texto baseado em:
DORNAS, Lécio. Socorro: sou professor da escola dominical. São Paulo,
Hagnos, 2002.
TULER, Marcos. Abordagens e Práticas da Pedagogia Cristã. Rio de
Janeiro, CPAD, 2006.

TEXTO 6

Pedagogia de Projetos: Uma Nova Proposta de


Aprendizagem para a
Escola Dominical
A Pedagogia de Projetos surgiu no início do século passado com o
americano John Dewey.
Este renomado educador, baseou-se na concepção de que a “educação
é um processo de vida e não uma preparação para a vida futura”. Em
outras palavras, a escola deve representar a vida prática, presente, do
cotidiano.
No âmbito da educação cristã, os ensinamentos bíblicos ministrados na
ED têm de sair do campo teórico para o prático, ou seja, os conteúdos de
ensino devem despertar nos alunos motivação para mudança de
comportamento. O professor precisa estar ciente de que todo o
ensinamento bíblico ministrado na ED está, naturalmente, carregado de
realidade e senso prático: “Ponham em prática o que vocês receberam e
aprenderam de mim, tanto as minhas palavras como as minhas ações...”
(Fp 4.9 ARA).
O que é Pedagogia de Projetos
A Pedagogia de Projetos pode ser definida como um método no qual a
classe se ocupa em
atividades proveitosas e com propósitos definidos. Em outras palavras, é
o ensino através da experiência. Este método coloca o aluno em contato
com algum projeto concreto em que esteja interessado e em que planeje
o empreendimento, colha as informações, e finalmente, leve a efeito os
seus planos.
É necessário que o projeto vise um propósito real, e tenha valor prático
para o ensino. Na
Escola Dominical, o método de projetos assume um aspecto
extracurricular, isto é, não é feito totalmente dentro do período de aula.
Muitos trabalhos são iniciados em casa e concluídos na sala de aula.
Considerações importantes
No trabalho com projetos o próprio aluno constrói o conhecimento. O
professor apenas propõe situações de ensino baseadas nas descobertas
espontâneas e significativas dos alunos.
Com o trabalho de projetos, aprender deixa de ser um simples ato de
memorização e ensinar não significa mais repassar conteúdos prontos.
Aprende-se participando, vivenciando sentimentos, tomando atitudes
diante dos fatos, escolhendo procedimentos para atingir determinados
objetivos. Ensina-se não só pelas respostas dadas, mas principalmente
pelas experiências proporcionadas, pelos problemas criados, pela ação
desencadeada.
Objetivos
Em virtude de as atividades educativas serem elaboradas por alunos e
professores, um dos
principais objetivos da Pedagogia de Projetos é promover a integração e
a cooperação entre
docentes e discentes em sala de aula.
Os projetos devem visar também a resolução de algum problema ou
algum empreendimento que esteja em harmonia com os interesses dos
alunos, e relacionados às suas próprias experiências.
Principais características
Uma das principais características de um trabalho educativo realizado
por projetos é a intencionalidade. Todo projeto deve ser orientado por
objetivos claros e bem definidos. O que pretendo com a realização deste
trabalho? Quais resultados posso esperar? Em que sentido meus alunos
serão modificados?
A flexibilidade é outra característica importante. O planejamento de
trabalho deve ser flexível, de modo que o tempo e as condições para
desenvolvê-lo sejam sempre reavaliados em função dos objetivos
inicialmente propostos, dos recursos à disposição do grupo e das
circunstâncias que envolvem o projeto.
A originalidade do projeto demonstra que cada grupo é único, isto é,
possui características próprias. Seus participantes têm ritmos e estilos
diferentes. Portanto, o trabalho de um grupo não deve ser comparado
com o de outro ou contestado. A resolução do problema proposto pelo
projeto de trabalho, se dará em função das experiências e expectativas
dos componentes de cada grupo. O projeto de trabalho deve se
desenvolver apoiado na realidade de cada grupo.
Mudanças de paradigmas necessárias ao trabalho com projetos
O que precisa ser modificado numa proposta de ensino voltada para
projetos?
1. O conceito e a metodologia de ensino.
a) Ensinar não é somente transmitir conhecimentos. Ensinar não é
somente transferir conhecimento de uma cabeça a outra, não é somente
comunicar. Ensinar é fazer pensar, é
estimular para a identificação e resolução de problemas, é ajudar a criar
novos hábitos de
pensamento e ação.
b) O ensino deve ser centrado no aluno e não no professor ou conteúdo.
O ensino centrado
no aluno tem por objetivo criar condições favoráveis que facilitem a
aprendizagem e
liberar a capacidade de auto-aprendizagem do aluno, visando o seu
desenvolvimento
intelectual e emocional.
c) O ensino deve ser participativo e não unilateral. O aluno participa
ativamente do processo ensino-aprendizagem, em vez de comportar-se
passivamente como receptáculo do conhecimento alheio.
d) O ensino deve visar o contato do aluno direto com a realidade. A
maioria dos professores utiliza-se da preleção (exposição oral) para
ministrar suas aulas: explanações,
informações, definições, enumerações, comentários, tudo transmitido
oralmente. O professor precisa evitar o excesso de verbalismo em suas
aulas. Precisa mostrar aos alunos os elementos relacionados às palavras
a que se referem. O professor deve trabalhar com recursos didáticos
visuais e audiovisuais: ilustrações, cartazes, gráficos, fotos, desenhos,
figuras, gravuras, mapas, objetos, materiais tridimensionais etc.
O professor não deve apenas narrar um fato para que se chegue aos
ouvidos, mas representá-lo graficamente para que se imprima na
imaginação por intermédio dos olhos.
2. O tratamento do conteúdo de ensino.
a) O conteúdo dever ser contextualizado; aplicado à realidade dos
alunos. Os ensinamentos bíblicos ministrados na ED têm de sair do
campo teórico para o prático, ou seja, os conteúdos de ensino devem
despertar nos alunos motivação para mudança de comportamento.
Nenhum educador cristão deverá limitar-se ao conteúdo de uma matéria
de ensino disposta em livro ou revista didática. Antes, deve ele em sua
prática docente, considerar suas próprias experiências de vida como
singular fonte de material útil ao bom êxito do ensino. Os livros que o
professor lê, as pessoas com quem tem contato diariamente e cada
experiência pessoal poderão constituir excelentes materiais para auxiliá-
lo na suprema tarefa de esclarecer a Palavra de Deus a seus alunos.
Apesar de o material didático especializado ser de suma importância,
nunca deverá o mestre desperdiçar a oportunidade de enriquecer suas
aulas com sua prática de vida.
b) As informações devem ser transformadas em conhecimento. O
professor não deve valorizá-las excessivamente.
Com o advento da globalização, a informação e o conhecimento estão à
disposição de todos. Hoje uma pessoa pode ter acesso num só dia a um
número equivalente de informações que um sujeito teria a vida inteira na
Idade Média. A massa de conhecimento da humanidade que hoje dobra
a cada dois anos, dobrará a cada 80 dias nos próximos 10 a quinze
anos.
É quase impossível para o professor da classe de Escola Dominical
competir com seus alunos, principalmente os jovens, em termos de
quantidade de informação. Isto em função de os jovens passarem a
maior parte do tempo conectados à Internet. O que fazer?
Os professores deverão ajudá-los a selecionarem e priorizarem as
melhores informações para transformá-las em conhecimento útil às suas
vidas em todas as áreas.
3. O conceito de aprender
Até o séc. XVI aprender era memorizar. A partir do séc. XVII Comenius
considerou que aprender implica: compreender, memorizar e aplicar.
Atualmente sabe-se que aprender é um processo lento, gradual e
complexo. Envolve mudança de comportamento.
“Fixar, compreender e exprimir verbalmente um conhecimento não é tê-lo
aprendido.
Aprender significa ganhar um modo de agir”. (Anísio Teixeira)
O processo de ensinar tem como conseqüência obrigatória, o processo
de aprender. Se o professor ensinou e o aluno não aprendeu, não houve
verdadeiro ensino.
Planejamento
Quais atividades serão propostas? De quais materiais e ferramentas irão
precisar? Quanto vai custar? Quais disciplinas serão envolvidas? Como
conduzirá o projeto? Quantas aulas
disporá para executá-lo? Quais estratégias usará para manter seus
alunos interessados?
Os participantes deverão conhecer antecipadamente todas as etapas do
trabalho. Deve-se considerar a quantidade de pessoas envolvidas, os
recursos disponíveis, a metodologia
utilizada, as fases e o prazo de execução (cronograma), os critérios de
avaliação etc.
É imprescindível que a elaboração do planejamento seja realizada
coletivamente pelos participantes.
No planejamento o professor deverá fazer aos alunos o seguinte
questionamento:
O que? – Sobre o que falaremos/pesquisaremos? O que faremos neste
projeto?
Por que? – Por que estaremos tratando deste tema? Quais são os
objetivos?
Como? – Como realizaremos este projeto? Como operacionalizaremos?
Como poderemos dividir as atividades entre os membros do grupo?
Como apresentaremos o projeto?
Quando? – Quando realizaremos as etapas planejadas?
Quem? – Quem realizará cada uma das atividades? Quem se
responsabilizará pelo que?
Recursos? – Quais serão os recursos – materiais e humanos –
necessários para a execução
do projeto?
Etapas de um projeto
Escolher o tema
Planejar e organizar as ações (divisão dos grupos, definição dos
assuntos a serem pesquisados, objetivos, recursos, procedimentos e
delimitação do tempo de duração)
Partilhar periodicamente os resultados obtidos ao longo da execução
do trabalho
Estabelecer com o grupo os critérios de avaliação
Avaliar cada etapa do trabalho, realizando os ajustes necessários
Fazer o fechamento do projeto
A escolha do tema
O tema poderá ser escolhido pelo professor, por um aluno ou em comum
acordo com a classe. O importante é que ele seja de interesse de todos
os que nele estarão trabalhando.
Exemplos de temas: Vocação, drogas, sexualidade, temas bíblicos,
teológicos, comportamento social etc.
Pode-se trabalhar com um único tema para todos os grupos, ou com um
único tema onde
cada equipe trabalha com uma particularidade, ou ainda com diversos
temas.
É necessário que alguns questionamentos sejam feitos na escolha do
tema: Até que ponto ele vai despertar e manter a atenção dos seus
alunos? Quanto contribuirá para ampliar o conhecimento deles? Quais as
vantagens e desvantagens de escolher este ou aquele tema?
Os objetivos
O que você pretende alcançar com este projeto? O que gostaria que
seus alunos aprendessem com ele?
Problematização
Nesse momento os alunos irão expressar suas idéias, conhecimentos e
questões sobre o tema escolhido. Neste momento, suas experiências,
saberes e história de vida deverão ser bastante valorizados.
Pesquisa e produção
Nesta fase é fundamental a atuação do professor no acompanhamento
da execução do trabalho. Suas intervenções devem levar os alunos a
confrontarem suas idéias, informações e conhecimentos com outras
visões de mundo, ou seja, outras maneiras de ver e analisar o problema
que deu origem ao projeto. A diversidade de visões traz maior riqueza às
discussões e o seu confronto favorece o exercício da autonomia e da
responsabilidade do aluno sobre sua própria aprendizagem.
O professor poderá contribuir com o trabalho, trazendo para a sala de
aula diferentes fontes de informações tais como: jornais, revistas, livros,
documentos, textos colhidos na Internet, organogramas, mapas etc., tudo
de acordo com a proposta do trabalho.
O trabalho deverá integrar-se com ações pedagógicas tais como: visita a
bibliotecas, entrevistas com pessoas da comunidade, vinda de pessoas
de outros lugares para trocar idéias e experiências sobre o tema em
questão.
Na hora de formalizar o projeto oriente-se pelo seguinte esquema:

Turma a que se destina (faixa etária)


Duração
Justificativa (por que escolheu o tema)
Objetivos
Conteúdos trabalhados (disciplinas e assuntos que serão abordados)
Estratégias/procedimentos (como alcançar os objetivos)
Material necessário (relacione os recursos necessários)
Avaliação (como pretende avaliar os alunos)
Avaliação
A avaliação da ação pedagógica deve contar com a participação de
todos os envolvidos, tendo sempre um olhar direcionado aos objetivos
propostos e aos papéis desempenhados.
O professor, ao acompanhar o desenvolvimento do Projeto, pode não só
avaliar sua atuação, como também ser avaliado pelos alunos.
A avaliação do aluno deverá ocorrer durante todo o processo e servir
como parâmetro para o replanejamento das atividades em novos
projetos. O próprio aluno pode se auto-avaliar considerando sua atuação
e desenvolvimento no processo educativo.
Conclusão
Apesar de definidas as etapas de desenvolvimento de um Projeto de
Trabalho, elas têm de ser consideradas como parte de um processo
contínuo, sujeito a mudanças e recontextualizações de acordo com as
necessidades que surgem no grupo durante a sua execução: jamais
poderão ser reduzidas a uma lista de objetivos e etapas estanques a
serem seguidas passo a passo. O planejamento deve ser
suficientemente flexível para incorporar as modificações que se façam
necessárias no decorrer de seu desenvolvimento.
Os conteúdos, as habilidades, a criatividade, por serem trabalhados em
um contexto que dá
a eles significado, são construídos de forma que os alunos não os vêem
como compartimentos fechados do conhecimento, utilizáveis apenas na
situação discutida em sala de aula. Ao contrário, essa metodologia
possibilita aos educandos estabelecer relações em outras situações a
partir do conhecimento apreendido, habilidade extremamente necessária
e valorizada na sociedade atual.
Em sua prática docente, o professor de Escola Dominical cônscio de
suas responsabilidades, deve preocupar-se não apenas em ampliar o
cabedal teórico de seus alunos, mas em orientá-los quanto à
necessidade de traduzirem seus conhecimentos em ação dinâmica e
eficaz. A pedagogia de projetos é uma excelente aliada do professor no
cumprimento desse propósito.

TEXTO 7
Estrutura do projeto pedagógico
Tema: Nome do projeto.
Faixa etária: turma a que se destina.
Quantidade de alunos:
Período: data da execução do projeto. Ex.: de 7 a 11 de julho de 2008.
Duração: Ex.: Dez dias, três meses, um trimestre.
Justificativa: por que escolheu o tema, relevância, fundamentação
teórica do projeto (autores, teoria em que se baseia).
Produto Final: trabalho realizado pelo grupo ao longo do projeto. Ex.:
painel, livro, álbum de recortes, pesquisa, teatro, arrecadação de
alimentos etc.
Objetivos: O que se pretende com este projeto.
Conteúdos: disciplinas e assuntos que serão abordados, veja abaixo.
Conceituais: palavras-chaves, expressões, informações, dados,
etimologia, significado etc.
Ex.: ética, moral, salvação, justificação, dom.
Procedimentais: como fazer, método, técnica. Ex.: pesquisa, dinâmica,
debate, exposição
etc.
Atitudinais: valores, normas e atitudes a serem trabalhadas. Ex.:
respeito às diferenças, o
amor, a solidariedade.
Atividades ou seqüência didática: descrição das atividades a serem
realizadas por aula,
encontro, etapa para alcançar os objetivos.
Material necessário: recursos necessários. Ex.: lousa, canetas, papel
colorido, cartolina, retroprojetor.
Avaliação: como pretende avaliar os alunos, o desenvolvimento do
projeto, a atuação do
educador, ex.: observação, portifólio, avaliação escrita ou oral etc.
Perguntas relevantes na avaliação: os objetivos foram cumpridos? Como
foi minha atuação
durante o projeto? O tema foi relevante para as necessidades dos
alunos? Os alunos foram
participativos, aprenderam os conteúdos trabalhados?

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