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2021
FAIT
FACULDADE IGUAÇUANA DE TEOLOGIA
Nova Iguaçu, RJ
Novembro/2021
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 4
RESUMO:
1. INTRODUÇÃO
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Mary Raikes (Anglicana), foi batizado na infância na Igreja Anglicana, na Escola
Santa Maria de Cripta e educado na Escola da Cripta, ambos na rua Southgate, em
Gloucester, e, mais tarde, na Escola dos Reis; tornou-se aprendiz de jornalismo com
seu pai, dono do Diário de Gloucester. Quando seu pai faleceu, em 1757, Raikes
assumiu a editora do jornal, aumentando o tamanho do jornal e melhorando o layout
(Robert Raikes, o anglicano que deu à vida às Escolas Dominicais. Disponível em:
<https://www.ieab.org.br/2021/10/30/robert-raikes-o-anglicano-que-deu-vida-as-
escolas-dominicais/>. Acesso em 27 nov. 2021).
Raikes resolveu estabelecer uma escola gratuita para esses meninos de rua.
Ele iniciou a escola com cem crianças, de seis aos doze ou quatorze anos. A
primeira escola foi instalada na Rua Saint Catherine. Seu objetivo inicial não era
ensinar apenas a Bíblia, mas alfabetizar os alunos e ministrar aulas de religião com o
propósito de reformar a sociedade. Raikes criou um cronograma de estudo e
atividades que ocupava todo o domingo, e dava as pobres crianças conhecimento
bíblico para a alma e instrução secular para melhorarem suas condições de vida
precárias, como será evidenciado na próxima seção (Robert Raikes, o anglicano que
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deu à vida às Escolas Dominicais. Disponível
em:<https://www.ieab.org.br/2021/10/30/robert-raikes-o-anglicano-que-deu-
vida-as-escolas-dominicais/>. Acesso em 27 nov. 2021) .
Este valoroso casal missionário, foi instrumento do Senhor Jesus, para trazer
e inaugurar a primeira Escola Dominical no Brasil. Filho de família abastada, Robert
Kalley nasceu em Mount Flórida, no sudeste de Glasgow (Escócia). Em 1829, obteve
o diploma de Cirurgião e Farmacêutico pela Faculdade de Medicina de Glasgow (O
médico missionário - Robert Reid Kalley. Disponível em:
<https://ministeriofiel.com.br/artigos/o-medico-missionario-robert-reid-kalley/>.
Acesso em 27 nov. 2021).
Robert Reid Kalley faleceu em abril de 1889, com 79 anos. Ficou conhecido
por ser um missionário protestante pioneiro, de cujo trabalho originou-se importantes
denominações evangélicas de língua portuguesa tais como a Igreja Cristã Evangélica
do Brasil, Igreja Presbiteriana de Portugal e a Igreja Evangélica Congregacional do
Brasil. Para a obra batista brasileira, o trabalho do casal Kalley foi de grande
significado. Os Kalleys abriram importantes caminhos, deixando um legado de
preciosas conquistas das quais as gerações seguintes desfrutaram (O médico
missionário - Robert Reid Kalley. Disponível em:
<https://ministeriofiel.com.br/artigos/o-medico-missionario-robert-reid-kalley/>.
Acesso em 27 nov. 2021).
4.1. Igreja sem prédio, mas coração cheio de amor pelas almas!
Na época de sua conversão, a igreja que ele congregava não tinha prédio
próprio, então os crentes alugavam semanalmente um auditório na cidade para
cultuarem a Deus, a partir daí, cada crente pagava o aluguel da sua cadeira; como
Moody trabalhava na sapataria, ele pagava do seu bolso o aluguel de cadeiras para
os jovens que ele evangelizava, ele começou semanalmente a levar 20, 30, 50
meninos a EBD, e chegou a colocar sentados 650 jovens na EBD da Igreja de
Chicago com dinheiro do seu bolso. Moody não era rico, mas tinha muita habilidade
com negócios e aplicava quase tudo que ganhava na obra do Senhor (BOYER,
2002).
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4.2. Moody estabelece sólidas instituições de Educação Religiosa
Minnie Lou Lanier, foi uma missionária que atuou no Brasil, tendo nascido em
1915 no interior dos EUA, viveu os seus primeiros doze anos na fazenda, Minnie Lou
teve uma infância feliz e despreocupada, gozando as belezas naturais que a
cercavam e participando das tarefas normais da vida no campo. Residindo na
fazenda, a pequena Minnie Lou não podia, como as crianças das famílias cristãs na
cidade, frequentar a Escola Bíblica Dominical, mas sempre lia a grande e ilustrada
Bíblia da família. Aos 12 anos, finalmente, Minnie Lou mudou-se com a família para a
cidade. A nova residência ficava bem perto de um grande templo batista, onde se
reuniam cerca de cinco mil membros. Estava ali a oportunidade de frequentar
regularmente os trabalhos (QUEIROZ, 2005).
Aos 17 anos de idade, ela deu a sua profissão de fé, a paz e alegria
extravasavam do seu íntimo, e a experiência da conversão lhe dava a segurança que
antes não possuía. Integrada nos trabalhos de sua igreja desde o memorável dia da
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sua pública profissão de fé, Minnie Lou tornou-se logo sócia assídua e operante da
Sociedade de Moças e professora da Escola Dominical (QUEIROZ, 2005).
Com a idade de 19 anos, Minnie Lou participou de um congresso nacional da
Sociedade de Moças do seu país. Foi uma experiência muito marcante, pois teve o
seu primeiro contato com missionários e com pessoas cristãs de outras terras. Sua
chamada para o trabalho missionário no Brasil, só aconteceu cinco anos mais tarde,
em 1939. O avião que trouxe Minnie Lou o Brasil saiu de Miami no dia 7 de
novembro de 1945, com 21 passageiros a bordo (QUEIROZ, 2005).
Minnie Lou também colaborou de forma toda especial com a obra educacional
da União Feminina Missionária Batista do Brasil,visto que foi professora no Instituto
Batista de Educação Religiosa (IBER), no Rio de janeiro, onde lecionou Novo
Testamento, Educação Missionária e, por mais tempo, História Eclesiástica. No
IBER, ela teve a alegria de encontrar muitos frutos do seu trabalho com Mensageiras
do Rei, vidas que buscam um melhor preparo para um trabalho mais eficiente no
reino de Deus. Foi, portanto, possuída daquele desejo de servir onde a querida
União Feminina mais precisasse, visando à obra de expansão missionária, que
Minnie Lou mudou de setor (QUEIROZ, 2005).
Em sua igreja, no entanto, onde lecionou Novo Testamento, Educação
Missionária e por mais tempo, História Eclesiástica. Em sua igreja, no entanto, onde
ocupou diversos cargos de tesouraria por 12 anos de diretora da antiga Escola de
Treinamento, de professora de Escola Bíblica Dominical, passando por quase todos
os departamentos. Também foi diretora da antiga Escola de Missões, a organização
Mensageiras do Rei esteve, com raras interrupções, sob sua liderança até às
vésperas de sua aposentadoria (QUEIROZ, 2005).
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6. O TRABALHO DE MARCOLINA FIGUEIRA DE MAGALHÃES: a
missionária que abriu caminhos no Sertão do Brasil
Marcolina foi uma menina muito religiosa. Por ser amorosa, era muito querida
pelas freiras. Acreditava nas imagens e tinha muito medo dos crentes, pois havia
sido ensinada a não se aproximar deles. Quando passava por um templo evangélico,
virava o rosto e nunca andava pela calçada da “igreja dos crentes”. A chegada de um
homem crente ao lugar onde Marcolina morava abalou sua fé nas imagens. Ela
perdeu sua tranquilidade, pois ele falava continuamente do Cristo vivo. Marcolina
fugia dele para não ouvir as suas “heresias”. Ao mesmo tempo, em sua casa, a
credulidade na Igreja Católica começa a perder sua força, e ela passava a enfrentar
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problemas. Certo dia, aquele homem, sabendo que a menina tinha uma fé profunda
nas imagens, disse-lhe que sua “Nossa Senhora dos Navegantes “não tinha o poder
que ela pensava que tivesse e aconselhou-a fazer uma experiência. Sugeriu-lhe que
tocasse um palito de fósforo aceso na imagem. Se a santa fosse poderosa, resistiria
ao fogo; do contrário, iria se queimar. Marcolina confiava tanto no poder da sua
“santa” que ingenuamente, resolveu fazer a experiência para provar àquele homem
que ele não tinha razão. Mas ao fazer a prova, o fogo envolveu o “santinho”
completamente. Tentou outra vez, e mais outra, até queimar todos os seus
santinhos. E decepcionada, teve de admitir que o homem tinha razão, pois se
aquelas figurinhas não podiam se defender do fogo, menos ainda poderiam proteger
alguém. Não podia mais crer nos “santinhos” que recebera das freiras e que até
então guardara com todo o carinho (FREITAS, 2001) .
Diante daquela prova da impotência dos “santos”, Marcolina entregou-se a
Cristo. Tinha apenas nove anos de idade. Sua fé era bem simples ainda, e pouco
sabia acerca de Cristo. Apesar disso, não podia mais crer nas imagens. Estava
ansiosa e alimentava um grande desejo: o de crer nas imagens. Estava ansiosa e
alimentava um desejo: o de frequentar uma igreja e trabalhar para Cristo. No
entanto, por muito tempo foi impedida disso. É que a família, especialmente a sua
mãe de criação, ficou escandalizada com a sua conversão e passou a persegui-la;
Marcolina aprendeu alguns versículos da Bíblia, especialmente João 10.1, quando,
pela primeira vez, entrou num templo batista em março de 1922, recitou-o cheia de
fé e convicção: Em verdade, em verdade vos digo: quem não entra pela porta do
aprisco das ovelhas, mas sobe por outra parte, esse é ladrão e salteador. Levou
algum tempo até Marcolina ser batizada, pois teve que receber licença de sua mãe.
Finalmente, aos 13 realizou seu sonho de ser batizada. Através de perseguição da
parte de sua mãe adotiva, foi amadurecendo sua fé e se aproximou ainda mais do
seu Salvador (FREITAS, 2001).
Quando ouvia o Pr. Zacarias Campelo falar sobre Noemi e o seu trabalho
entre os Índios, o coração de Marcolina batia forte. Sentia que Deus queria que ela
se dedicasse ao trabalho entre sertanejos e indígenas. Num dos seus relatórios, o Pr.
Zacarias narrou o trabalho de Noemi, seu sofrimento e morte na taba dos craôs.
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Acentuou a necessidade de alguém que falasse de Cristo aos indígenas. Para
Marcolina foi como se o Senhor lhe dissesse para ir em busca daquelas almas.
Havendo concluído o seu curso na Escola de Trabalhadoras Cristãs (ETC), Marcolina
ensinava uma classe de crianças da Primeira Igreja Batista de Maceió. Era janeiro de
1932 e, nesse tempo, ela foi convidada para uma conversa com o Pr. Manoel Avelino
Souza, então Secretário Executivo da Junta de Missões Nacionais (JMN). É que ele
havia sido informado do ideal de Marcolina. Durante a conversa, ele perguntou-lhe se
aceitaria partir para o campo missionário e passar ali dois anos. Residiria numa
pequena vila e abriria uma escola anexa à igreja. Seria a primeira escola anexa que
os batistas manteriam no sertão. Marcolina reconheceu que o Senhor respondia às
suas orações. Aquela consulta significa a realização do anseio da sua alma
(FREITAS, 2001)
Tudo se encaixa dentro dos propósitos de Marcolina que cria firmemente que
Deus lhe abriria a porta da oportunidade. Para ela, a conversa com o Pr. Avelino era
uma resposta evidente, pois até então pensava em como seria possível ir para os
sertões brasileiros. Na época, não se imaginava em mandar uma jovem para o
sertão, e muito menos para as aldeias dos índios. Marcolina, porém, orava e
aguardava. Sabia que aquele que a chama providenciaria tudo o que fosse
necessário. No dia seguinte, Marcolina recebeu a comunicação do secretário
Executivo da JMN. A junta concordou com o plano e desejava saber se ela queria ir
ao campo missionário e lá ficar por dois anos. É evidente que ela concordou. Na
mesma ocasião, durante a Assembleia Anual da Convenção Batista Brasileira, o Pr.
Manoel Avelino de Souza apresentou Marcolina como a jovem que ia abrir ao campo
missionário Alexandre Silva (FREITAS, 2001).
Naquela cidade, viviam 200 crianças em idade escolar, sem qualquer escola
onde pudessem estudar. Confiante em Deus, a jovem de 23 anos partiu dentre os
seus como Abraão, para uma terra que não sabia onde ficava. No dia 5 de abril de
1932, Marcolina viajou sentada noite e dia sobre sacos de sal, pois o barco era bem
pequeno. Viajou de Maceió para Belém, embarcou num pequeno barco para subir o
majestoso rio Tocantins numa viagem de 20 longos dias. Finalmente, no dia 3 de
maio de 1932, Marcolina chegou a Porto Franco; experiência inédita para uma jovem
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batista, que desconhecia os sertões com que havia sonhado. Dois dias após a sua
chegada à terra para onde o Senhor a levará, Marcolina organizou a Sociedade de
Senhoras (hoje Mulheres Cristãs em Ação) com 10 sócias. Logo, em sua companhia,
as irmãs fizeram uma viagem a São Vicente, onde havia um dos três pontos de
pregação da igreja. As irmãs assumiram a responsabilidade daquele trabalho
evangelístico. Na Sociedade de Senhora, os trabalhos eram alternados, numa noite
faziam o estudo do manual das Senhoras, dirigido pela presidente; na outra,
realizavam culto de evangelização (FREITAS, 2001).
Assim, a obra se desenvolvia com ânimo e entusiasmo e começava a
apresentar uma nova força. Nas noites de segunda-feira, as senhoras ainda
realizavam cultos de oração e faziam visitas evangelísticas às fazendas vizinhas.
Todas as senhoras crentes começaram a trabalhar e a testemunhar Cristo. Marcolina
iniciou logo o trabalho da escola anexa, que era a única escola da vila. Embora
houvesse cerca de 200 crianças em idade escolar, apenas 14 frequentavam a escola
no seu primeiro ano de atividades. Aos poucos, no entanto, o número de alunos foi
crescendo (FREITAS, 2001).
Depois de algum tempo, quando a escola contava com cerca 50 alunos, um
homem, certo dia, bateu à porta e disse a Marcolina que ela era a ruína do povo de
Porto Franco. “O diabo do sertão”; e disse-lhe muitos outros desaforos, mas Deus
levantou alguém para defendê-la. O Juiz de Direito da cidade recriminou a atitude do
homem mal-educado, e Marcolina sentiu-se fortalecida. Certo dia, o Governador do
Estado visitou aquela pequena vila em campanha política. Depois de ver tudo,
ofereceu a Marcolina um salário que era o dobro do que ela recebia da Junta de
Missões Nacionais (JMN), além de uma escola bem equipada, contanto que
aceitasse ser nomeada professora estadual (FREITAS, 2001).
Ela agradeceu tal distinção e continuou o seu trabalho, enfrentando
dificuldades e sofrendo incompreensões, mas satisfeita com as bênçãos que recebia
a cada dia do seu Senhor. Marcolina passou 20 anos em Porto Franco, e através dos
anos, a escola trouxe grandes resultados para o progresso do evangelho naquela
região. Por ali passaram crianças que, tornando-se adultos, vieram a ocupar posição
de destaque na sociedade. Alguns tornaram-se profissionais liberais, enquanto que
outros assumiram posição de destaque na política brasileira. Outros se dedicaram ao
ministério, e muitos outros, apesar de simples, na sua pureza, passaram a viver o
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cristianismo que Marcolina pregou e, sobretudo, viveu. Marcolina viajou
constantemente a lugares vizinhos e, nas férias, foi a regiões mais distantes. Seu
grande anseio era evangelizar, mas seu trabalho como itinerante propriamente dito
só começou após dois períodos de trabalho, de cinco anos cada um. Visitava
fazendas grandes, sítios pequenos e as casas dos sertanejos que se espalharam
pela região, à beira dos pequenos córregos. Seus esforços se estenderam a outras
vilas e cidades, como também às aldeias dos índios, onde realmente estava o seu
coração. Essas visitas eram constantes, e os índios apinajés sempre a acolhiam com
alegria e ouviam a mensagem de salvação. Marcolina foi convocada a ajudar no
Instituto Teológico em Carolina, onde durante seis meses viajava como itinerante,
abrindo pontos de pregação e falando de Cristo a centenas de pessoas. Isso foi de
1946 a 1949, um intervalo no seu trabalho em Porto Franco (FREITAS, 2001).
Voltando a Porto Franco, onde ficou mais um ano, abriu um outro trabalho em
Tocantinópolis, do outro lado do rio Tocantins, uma cidade fronteiriça a Porto Franco
e que se desenvolvia bem mais rápido. Morou ali cinco anos. Em Tocantinópolis, os
padres ordenaram-lhe que não entrasse nos lares católicos para falar da salvação.
Várias vezes ameaçaram bater nela e pagavam as pessoas para não irem aos
cultos. Tempos depois ela foi para Araguatins, onde iniciou outro trabalho agora,
como enfermeira-evangelista, se bem que não deixou de ser professora e até
“pastora”. Abriu um ambulatório no local. O “hospital”, como era conhecido, era
procurado por pessoas que tinham de andar mais de 120 quilômetros. Ali, Marcolina
atendia 20 ou mais doentes por dia, além dos que atendiam nas casas e fora da
cidade. Nunca deixou de falar de Cristo, o Médico dos médicos, aos seus doentes.
Na ocasião, escreveu à Junta, pedindo mais literatura - evangelhos e folhetos - e
disse “Caso a Junta não tenha verba, retire do meu ordenado a importância
necessária para os comprar” (FREITAS, 2001).
A Igreja Batista em Araguatins, que estava meio morta com apenas 11
membros, passou a contar com 50. Marcolina liderou a construção do seu templo
durante cinco anos em que ali estava. O templo está situado na praça principal,
voltado para o majestoso rio Araguaia. Quando terminou a construção e o trabalho
estava fortalecido, ela escreveu à Junta, dizendo que era tempo de mandarem um
pastor para Araguatins. Em 1962, tendo completado 30 anos de trabalho no sertão,
Marcolina foi para Marabá, onde passou mais três anos. Como sempre, trabalhou
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sem poupar esforços e saiu deixando mais uma igreja organizada (FREITAS, 2001).
De Marabá, Marcolina foi para Colinas de Goiás, onde o trabalho já havia sido
iniciado pelo irmão José Nunes. Ela continuou visitando e pregando. Depois, adquiriu
um salão de cultos. Após quatro anos de esforços, tinham um templo e lugar para o
trabalho com as crianças. A igreja foi organizada e tornou-se bastante animada,
tendo também uma escola anexa (FREITAS, 2001).
Porto Franco, Carolina, Tocantinópolis, Araguatins, Marabá, Colinas de Goiás,
São João do Araguaia, São Domingos do Araguaia, todos esses lugares guardam as
pegadas da missionária de Cristo, cuja vida de dedicado trabalho tem sido um
desafio para tantos e se a professora, serva exemplar do Senhor, a enfermeira
dedicada, a pregadora fiel do evangelho que viveu. Num de seus relatórios à junta de
missões nacionais, assim escreveu Marcolina: “Meus irmãos, o que iremos fazer?
Quem irá nos ajudar? O povo está clamando por salvação, mas os obreiros são tão
poucos, o tempo é por demais curto e o Brasil tão vasto! Andei 300 quilômetros,
gastando dois meses nessa viagem. Mas, olhando para trás, posso afirmar: Há
tantos lugares onde a mensagem de Cristo precisa ser pregada! Há tanta gente
clamando, e todo o nosso esforço tão pouco, nada mesmo!” (FREITAS, 2001).
Sem qualquer dúvida ou exagero, Marcolina pode realmente ser considerada
a bandeirante de Missões Nacionais. Foi a primeira jovem solteira a partir para os
sertões distantes como missionária nomeada pela Junta de Missões Nacionais. Foi a
primeira e única missionária a ser sustentada pelas jovens batistas do Brasil por um
longo período (FREITAS, 2001).
6.5. Considerada a primeira professora a dirigir uma Escola Batista dos sertões
Foi a primeira professora a abrir e dirigir uma escola batista nos sertões. Foi a
primeira e única missionária a ser sustentada pelos jovens batistas do Brasil por um
longo período. Foi a primeira itinerante, a primeira enfermeira prática, a primeira
missionária brasileira a sofrer um naufrágio, a primeira jovem solteira a evangelizar
os índios apinajés, a primeira missionária a atuar na Transamazônica, a primeira a
falar de Cristo a centenas de perdidos que jamais teriam ouvido sobre o seu
sacrifício na cruz. Foi a primeira ex-aluna a ser homenageada pelo Serviço Social do
Comércio (SESC). Aqueles irmãos deram ao orfanato por eles mantido o nome de
“Lar Marcolina Magalhães”. No dia 14 de janeiro de 1998, Deus transferiu Marcolina
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para o seu Lar Celestial (FREITAS, 2001).
“Nasceu mais um...e é homem!” foi a notícia que ocorreu naquele dia 18 de
julho de 1900 no pobre casebre do velho José e da sua jovem esposa Maria
Madalena, num lugarejo chamado Santo Estevão, no Maranhão. Aos dezessete
anos, Zacarias chegava como pedreiro à cidade de Carolina, na época, uma das
maiores cidades do Maranhão, e chegou a ser considerado um dos melhores
construtores da cidade (PURIN, 2005).
Foi assim o encontro que Zacarias teve na cidade de Carolina: um encontro
muito especial, porque especial é Jesus, o amigo que ele conheceu. Zacarias fora
criado no catolicismo. Chegou até dirigir rezas e ladainhas, porque era dos poucos,
entre a sua gente, que sabiam ler. Muito pouco, entretanto, chegou a conhecer de
Deus e da Bíblia em suas mãos porque, naquele tempo e lugar, diziam que quem
lesse o “livro dos protestantes” poderia ficar maluco. Ele conhecia apenas algumas
histórias bíblicas que lera num livro. Lendo esse livro, aprendeu que podia falar com
Deus. Esse fato chamou atenção, e ele passou a sentir grande vontade de conversar
com Deus. Começou rezando. Rezava muito, até que compreendeu que podia falar
outras palavras, saídas do seu coração, diferentes daquelas repetições de sempre e
de todos (PURIN, 2005).
Uma história bíblica aqui, uma oração ali, o folheto guardado, todas essas
coisas foram sementes que fizeram nascer no coração de Zacarias um grande e
intenso desejo de ler a Palavra de Deus (PURIN, 2005).
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próximo” (PURIN, 2005).
Conversão e vocação caminham mais ou menos juntas. Quando vivemos a
experiência da conversão, despertamo-nos para utilidade da vida. Então desponta
em nós o desejo de nos tornamos pessoas úteis a Deus. O batismo de Zacarias
aconteceu numa cerimônia muito bonita, num dia de novembro de 1922. Como foi
com Jesus e como tem sido com muitos crentes ainda hoje, o dos rios brasileiros.
Como companheira de batismo, entre outras pessoas, estava a sua irmã mais velha,
Manu (PURIN, 2005).
O rapaz tornou-se um apaixonado pelas almas dos índios. Começou a orar
sobre isso. Em suas orações, pedia a Deus um lugar humilde, dizia-lhe que não fazia
questão de fama ou conforto. Enquanto orava, não conseguia afastar de seus
pensamentos os Índios Craôs (PURIN, 2005).
Zacarias sentiu, então, a necessidade e o desejo de estudar. Era preciso ter
um melhor preparo. Sua inteligência o levava a ir mais longe. Capacidade e força de
vontade não lhe faltavam. Seu ideal, agora, fixava-se na cidade de Recife,
Pernambuco, pois sabia que lá existia o Colégio Batista. Lá seria o lugar certo para
seu preparo. Mas como chegar lá? Na década de 20 tudo era difícil, desde as
estradas e meios de transporte até os meios de comunicação. E de onde viriam os
recursos financeiros? (PURIN, 2005).
Para Zacarias, duas eram as dificuldades maiores: a falta de dinheiro e a
diferença entre doutrinas rígidas que eram ensinadas no Colégio Americano Batista.
Essas dificuldades, entretanto, não assustaram o jovem. Ele sabia em quem cria.
Tudo haveria de se resolver, pois Deus tinha um plano para sua vida. Em Carolina,
Zacarias tinha dois grandes amigos: o Pr. Wootton e o seu patrão, o jovem José
Figueira. Este era muito rico, e era herdeiro único de um riquíssimo fazendeiro da
região. Aconteceu de José adoecer gravemente, não havendo recursos na cidade
para o seu tratamento. Para isso, precisava ir a Belém, a capital mais próxima e com
mais recursos, mas ele não estava em condições de viajar sozinho. Por várias
circunstâncias, nenhum dos seus familiares, no momento, poderia acompanhá-lo. O
que fazer? O jeito era ficar em Carolina, esperando a saúde ou a morte (PURIN,
2005).
Inconformado com o estado de saúde de seu amigo, Zacarias ofereceu-se
para acompanhá-lo. O oferecimento foi aceito com entusiasmo e total confiança, e a
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viagem deu-se logo. Oito dias depois, os dois jovens deixaram a cidade a bordo de
um barco, pois as estradas eram os rios. José abatido pela enfermidade, mas
esperançoso na recuperação, Zacarias, cheio de responsabilidade e tarefas com seu
enfermo, mas prevendo uma porta aberta diante de si. Os dois sonhavam e ambos
viram o seu sonho tornar-se realidade. Com apenas alguns dias de tratamento, tendo
recebido alta do médico, José estava pronto para voltar, com a saúde totalmente
recuperada. Zacarias, após alguma relutância da parte do amigo, finalmente
conseguiu sua liberação para prosseguir sua viagem em busca do ideal de estudar
no Recife. Para expressar sua gratidão, José deu a Zacarias duzentos mil réis
(moeda da época), o suficiente para uma passagem de terceira classe num navio e
mais uns trocados para as primeiras despesas (PURIN, 2005).
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coberta de palha. As carteiras eram paus estendidos à frente dos índios, que
sentavam no chão. A professora era irmã de Zacarias, D. Constância. A semeadura
do evangelho não foi nada fácil, os índios eram fechados, não se deixavam conhecer
nem convencer facilmente. Muitos apegados à sua religião pagã, dedicavam-se
incondicionalmente à adoração do deus Sol e de outros deuses, instituídos entre os
seres da natureza e criados pelas suas crendices. Entre muitas crendices e
superstições, algumas delas eram contra os “cristãos”, que, para eles, eram todos os
que não fossem índios. Era terreno duro, pedregoso, cheio de espinhos, e a semente
encontrava dificuldade para germinar (PURIN, 2005).
Hoje, ao contemplar-se os vastos campos de Missões Nacionais, as inúmeras
igrejas espalhadas pelo interior de Goiás e do Maranhão, escolas como de
Tocantinópolis e de Carolina, é possível saber que representam alguns anos do
pioneirismo intenso e fértil do incansável explorador Zacarias Campelo (PURIN,
2005).
7.3. Zacarias se preocupava em formar a Igreja, formar uma escola anexa e depois
seguir viagem
Outros obreiros foram chegando, ora para juntar-se ao pioneiro, ora para
substituí-lo. Sim, porque o trabalho de Zacarias foi semelhante ao de Paulo: Ele
chegava, abria os caminhos, lançava os alicerces, estabelecia a obra, organizava a
igreja e, tão logo encontrasse alguém para dar continuidade à obra, passava adiante,
a fim de começar nova sementeira (PURIN, 2005).
Certa vez, em Carolina, organizou uma Escola Popular Batista (EPB), hoje
Escola Bíblica de Férias. Só que a EPB cresceu tanto, que se tornou uma escola de
alfabetização. Era o início do Instituto Batista de Carolina. Zacarias também fundou
uma escola em Tocantínia, que deu origem ao Colégio do Tocantins o maior e mais
bem conceituado da região, outra instituição educacional mantida pelos batistas
brasileiros através da Junta de Missões Nacionais (PURIN, 2005).
Sempre que Zacarias organizava uma igreja, fazia funcionar uma escola
anexa a ela - sábio método de evangelizar, além de tornar a igreja um organismo útil
à comunidade. Durante toda sua vida cristã, desde a mocidade, quando teve o seu
encontro com Jesus, Zacarias foi um homem temente a Deus e que sempre procurou
andar nos caminhos do Senhor. Por isso foi grandemente abençoado com a herança
do Senhor: seus oito filhos. E a promessa final do mesmo salmo cumpriu-se em sua
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vida; “[...] e verás os filhos de teus filhos" (Salmos 128:6a). Numa entrevista que
concedeu à revista “A Pátria Para Cristo”, Zacarias relatou como se dedicou, sem
reservas, mais de sessenta anos de sua vida à pregação do evangelho: “Que os
seminaristas digam: “Senhor, eis-me aqui”, e não escolham lugar, nem se
preocupem exclusivamente com quanto vão ganhar, porque o patrão é Jesus Cristo
[…]” (PURIN, 2005).
Na sua velhice, Zacarias foi membro ativo da Primeira Igreja Batista de Niterói
RJ, até o dia 22 de maio de 1991, quando o Senhor o levou para o Céu (PURIN,
2005).
8. CONCLUSÃO
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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BÍBLIA DE ESTUDO DAKE. Tradução de Thiago Ferreira Couto de Freitas. Curitiba,
PR: Atos, 2010.
PURIN, Dulce. O Aventureiro que Deus Usou. Rio de Janeiro: UFMBB, 2005.
Biografia de Zacarias Campelo
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