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DLfcipulado Edpiritual Dinâmico

ANDRE DE SOUZA SILVA - andrezinhoproducteur@gmail.com - IP: 178.192.35.104


N os últimos anos o termo "discipulado” ganhou ^itatiui de palavTa em
voga na igreja brasileira e em todo o mundo. M uitas foram as tenta­
tivas de conceituá-lo e definir bem seus limites. M as m uitas também
têm sido as perplexidades em tom o do assunto. O que é de fato o dis­
cipulado segundo o padrão bíblico? Como aplicá-lo à nossa realidade
atual? E e m que form ato? Segundo quais princípios e critérios?
Em Duicipulado etipii'itual àiiiâmico, o conceituado pastor e teólogo
Tony E vans destaca quatro aspectos da vida cristã que, bem de­
senvolvidos, conduzirão o crente ao discipulado verdadeiro e de
contornos plenamente bíblicos. Evans m ostra o conceito, o teor,
as circunstâncias e a recom pensa desses quatro elementos básicos;
adoração, comunhão. Escrituras e evangelização.
N esta obra voltamos ao sentido fundamental e tão simples do disci­
pulado como processo de tornar-se semelhante a Cristo.

Tony E vans é pastor batista e titular da Oak Cliff Fellowship Cburch, em Dallas,
Estados Unidos. Graduou-se em teologia pelo Carv-er Bible College e obteve o
mestrado e doutorado em teologia pelo Dallas Theological Seminar^'. Escreveu
vários livros, entre os quais destacamos a série Tony Etuinj diz o que peiua jobre... pureza
jexitaUkHerui ejogoj àe azar/àiivrcio e mim caMmento/paii ,<olteiriM e os livros De folta ao
prinumamare Dewétremendo, todos publicados no Brasil por Editora Vida.

ANDRE DE SOUZA SILVA - Categoria: Crescimento espiritual


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DidcipuLado Etipintuai Dinâmico

0Kla«^lnA a SLaè^clÿueAl
* SnùhÂ.m\mZa S&coííúàa... í$t 9.15.

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Pelo mesmo autor:
De volta ao primeiro amor
Deus é tremendo
Série Tony Evans Diz o Que Pensa sobre
Divórcio e novo casamento
"Loteria e jogos de a^ar
Pais solteiros
Puresp sexual

D a d o s In tern acion ais de C atalogação na P u blicação (cip)


(C âm ara B rasileira do Livro, SP, Brasil)

Hvans, Anthony T.
Discipulado espiritual dinâmico ; os quatro
pilares indispensáveis para a maturidade cristã /
Tony Evans ; tradução Yolanda M. Krievin. — São
Paulo ; Editora Vida, 2000.

Título original ; What matters most.


ISBN 85-7367-299-4

1. Adoração 2. Bíblia - Uso 3. Comunhão -


Aspectos religiosos - Cristianismo
4. Evangelização 5. Jesus Cristo - Discípulos
6. Vida cristã I. Título.

00-3871 cdd -248.4

ín d ic e s p ara catálo go sistem ático

1. Crescimento espiritual ; Vida cristã


248.4
2. Discipulado : Vida cristã 248.4
3. Maturidade cristã : Vida cristã IMH.-I

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DLàcipulado EjpirituaL Dinâmico

TONY EVANS

OS QUATRO P I L A R E S indispensáveis para a maturidade cristã

Tradução
Y O L A N D A K RIEVIN

A Í l a
Prazer, emoção e conhecimento

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01997, de Anthony T. Evans
Título do original ■ W hat matters most,
edição publicada pela
M oody P r e ss,

(Chicago, eu a )

Todos os direitos em língua portuguesa reservados por

P r a z er , E m o ç ã o e C o n h e c im e n t o

Rua Júlio de Castilhos, 280


São Paulo, SP
C E P ■ 03059-000
Telrfax - Oxxl 1 6096-6833

www.editoravida.com.br

P r o ib i d a a r e p r o d u ç ã o p o r q u a i s q u e r m e i o s ,

SALVO EM b r e v e s CITAÇÕES, COM INDICAÇÃO DA FONTE.

Impresso no Brasil / Printed in B razil

Categoria ■ Crescimento espiritual

Todas as citações bíblicas foram extraídas da


Edição contemporânea de A lm eida (e c a ) , c 1 9 9 0 , de Editora Vida,
salvo indicação em contrário.

Gerência editorial ■ Reginaldo de Souza


Assistência editorial ■ Fabiani S. Medeiros

Preparação de texto ■ Jefferson M. S. Costa


Revisão dépravas ■ Silvia T. Silva e João Lira

Diagramação ■ Idéia Dois

Capa ■ Douglas Lucas

E D I T O R A F IL IA D A A

1= ^

SOCIOP L r
CBL
Câm ara Brasileira d o Livro

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Agradecimentos
Mais uma vez qucM'o agradecer às pessoas que me
ajudaram a escrever este livro. Greg Thornton, Bill
Thrasher, Cheryl Dunlop e outros membros da equipe
editorial da Moody Press, e ao meu editor e amigo, Philip
Rawley. '

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Sumário

Introdução 9
1. O que é importante para Jesus 13
2. A verdadeira implicação do discipulado 33
3. Os quatro imperativos em ação 55
IMPERATIVO 1: ADORAÇÃO
4. O conceito de adoração 73
5. O conteúdo da adoração 93
6. O contexto da adoração 109
7. A recompensa da adoração 127
IMPERATIVO 2: COMUNHÃO
8. O conceito de comunhão 145
9. O conteúdo da comunhão 161
10. O contexto da comunhão 179
11. A recompensa da comunhão 195
IMPERATIVO 3: ESCRITURAS
12. O conceito de Escrituras 215
13. O conteúdo das Escrituras 235
14. O contexto das Escrituras 251
15. A recompensa das Escrituras 269
IMPERATIVO 4: EVANGELIZAÇÃO
16. O conceito de evangelização 289
17. O conteúdo da evangelização 309
18. O contexto da evangelização 325
19. A recompensa da evangelização 341
Conclusão 355
Sobre o autor 357

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Introdução

'ÉÈÊsl

Este é um livro sobre discipulado e crescimento espiritual.


Nasceu após mais de trinta anos de pregações e vinte e um
anos de experiência pastoral. Parece-me que um grande número
de cristãos sabe muito vagamente o que significa seguir a Cristo.
Ou, no caso de saberem o que isso significa, não conhecem a
maneira certa de colocá-lo em prática.
Esta realidade torna-se ainda mais complexa para aqueles
que reduzem o nosso compromisso e desenvolvimento em Cristo
a mera “superstição” evangélica, uma espécie de jogo de
adivinhação. Outros a tornam tão complicada que muitos
seguidores preferem desistir.
Eu acho que não temos de aceitar nenhum desses extremos.
O apóstolo Paulo cria que era plenamente possível apresentar
“todo homem perfeito em Cristo” (Cl 1.28) na igreja de Colossos.
Ele acreditava que, no contexto dessa igreja local, cada
membro podia alcançar individualmente a maturidade da
semelhança com Cristo. Nada se di2 acerca de programas,
reuniões, estratégias e atividades infinitas que precisavam ser
criadas a fim de proporcionar o desenvolvimento espiritual
desses discípulos. Em vez disso, as Escrituras mostram crentes
reunindo-se para aprender sobre Cristo através dos quatro
tópicos principais explorados neste livro; adoração, comunhão.
Escrituras e evangelização.
Eu creio que isto é verdade, não porque a igreja não possa
dar ênfase à função, mas antes porque a essência do discipulado

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r e s i d e n o s s a experiência com Cristo. O discipulado, então,
é mais do que a soma de nossas atividades religiosas. É vir a
conhecer Cristo e ter a totalidade de sua vida operando através
de nós (Cl 2.9,10).
A tese deste livro é que Deus providenciou quatro experiências
claramente definidas que permitem nosso crescim ento e
desenvolvimento como discípulos de Cristo: adoração, comu­
nhão, Escrituras e evangelização. Quando os crentes estão
experimentando dinamicamente essas coisas no contexto de
uma igreja local, a maturidade espiritual através do processo
do discipulado é inevitável.
Na verdade, essa maturidade, embora garantida, não é
automática. Cada crente tem uma responsabilidade. É possível
atuar como cristão sem ter passado por essas experiências
plenam ente, o que significa que o discipulado não está
acontecendo, por mais ativa que a pessoa seja espiritualmente.
É ainda possível se prender de tal maneira a uma dessas
experiências que as outras fiquem faltando. Isso nos transforma
em cristãos sem equilíbrio, o que também pode impedir o
processo do discipulado.
Alguns cristãos detêm-se “na Palavra”, enquanto outros
enfatizam a adoração. Alguns apregoam a necessidade da
comunhão, enquanto outros ressaltam a evangelização. Mas
não é nenhum desses aspectos tomado isoladamente que nos
transforma em discípulos autênticos de Cristo. Os quatro juntos
atingem o alvo de nossa maturidade na semelhança de Cristo.
Outro grande erro sobre o discipulado é pensar que ele
possa ser realizado ã parte da igreja local. Muitos cristãos
procuram tornar-se discípulos de Cristo mantendo relacio­
namentos individuais ou com pequenos grupos isolados do
contexto dinâmico de um corpo local de crentes.
Como demonstramos neste livro, isso é uma impossibilidade.
Se não houver igreja local, não existe discipulado, porque
nenhuma pessoa ou pequeno gmpo dispõe de todos os dons e
do poder necessários para dar a qualquer crente todos os recursos
fundamentais ao desenvolvimento dessa pessoa. Isso tem de vir
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Introdução ( 11 I

do corpo mais amplo dos crentes, que de modo especial forma o


corpo de Cristo (Ef 1.22,23), funciona como seu templo (Ef 2.19,22)
e está habilitado com a presença do Espírito Santo (ICo 3.16).
Isso não significa que os pequenos grupos não sejam
importantes. Significa apenas que são importantes dentro da
igreja local, não separados dela. Todos os outros relacio­
namentos de discipulado devem ser considerados suple­
mentares na igreja.
Quando Jesus andou neste mundo com os doze, pôde
fortalecê-los sozinho, já que não tinha fraquezas. Ele foi um
“líder de pequeno grupo”, sem pecado. Mas isso não acontece
hoje em dia. É perigoso colocar todas as suas esperanças
espirituais em um único indivíduo ou em um pequeno grupo
que está desligado da igreja local, porque somos diferentes de
Jesus e não Iransinitimos apenas os nossos pontos fortes.
Passamos também as nossas fraquezas.
Por isso é que Jesus deixou o processo do discipulado nas
mãos do seu corpo (distribuído em assembléias locais). Isso
explica por que as Escrituras dão tanta ênfase à igreja local e
não apenas à igreja universal. Por isso o apóstolo Paulo, o
grande edificador de igrejas, escreveu não a cristãos em
qualquer lugar, mas a cristãos em algum lugar. Portanto, deixe-
me repetir minha tese. Quando os crentes passam, com o
auxílio do Espírito Santo, pelas quatro experiências descritas
neste livro e as tornam parte dinâmica de sua vidas, o
discipulado se desenvolve e adquire-se a maturidade espiritual,
a semelhança com Cristo.
É minha oração que ao terminar este livro você tenha um guia
prático sobre o que significa ser um autêntico discípulo de Jesus
Cristo. Também oro para que você organize sua vida de acordo
com esses quatro degraus que vão levá-lo aonde você quer ir.
Quando você fizer isso, sua vida assumirá uma dimensão de
alegria, poder, graça e vitória desconhecidas até então, apesar
das circunstâncias contrárias. Será assim porque você terá
descoberto o que há de fundamental no discipulado espiritual
dinâm ico.
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o que è\ CAPÍtUIO
importante
para JesuS
1

Se você quiser descobrir o que era mais importante para


alguém, leia suas últimas palavras. Geralmente, o que uma
pessoa considera mais im portante encon tra-se em seu
pensamento quando ela sente que está vivendo seus últimos
dias. Por isso prestamos tanta atenção às últimas palavras,
especialmente daquelas pessoas importantes para nós.
Como indivíduos que procuram ser discípulos obedientes
de Jesus Cristo, precisamos saber o que ele considera mais
importante para que isso tenha primazia em nossa vida. Graças
a Deus não precisahios ficar imaginando. Depois de sua
ressurreição e exatamente antes de sua ascensão aos céus, Jesus
disse aos discípulos — e a nós — o que predominava em sua
mente. Suas últimas palavras na terra estão registradas em Mateus
28.18-20.
Observe o versículo 19: “Portanto, ide e fazei discípulos de
todos os povos”. Eis a missão da igreja, declarada em termos
claros e concisos: discipular o povo de Deus a fim de alcançar
o mundo para Cristo. Se o mandamento de Jesus para a igreja
é fa z e r discípulos, então sua vontade para nós, como crentes
individuais, é que nos tornemos discípulos.
Como realizar a vontade de Cristo para nós é o que vamos
expor nas quatro seções que seguem estes capítulos intro­
dutórios, as quais denomino quatro imperativos absolutos para
quem quer seguir a Cristo: adoração, comunhão. Escrituras e
evangelização. Estes são os elementos essenciais para nos

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tornarmos discípulos de Jesus Cristo amadurecidos e plenamente
ativos.
Ser discípulo de Cristo significa tornar-nos parecidos com
ele. Por isso Jesus disse em Mateus 10.25; “Basta ao discípulo
ser como o seu mestre”. Portanto, tornar-se discípulo é o destino
de nossa vida cristã. Este é o alvo para o qual devemos caminhar.
Neste capítulo quero que você veja o que é discipulado, porque
antes de iniciarmos o processo precisamos ver e entender o
alvo que estamos querendo atingir.
Quero dizer logo de início que ser discípulo, observar e
cumprir os pontos essenciais da vida cristã, é bastante diferente
de apenas ir à igreja uma ou duas vezes por semana. Ficar
entusiasmado porque o pregador o comoveu e o coral o inspirou
é bom, mas não é o suficiente.
Fazer parte da família de Deus é entrar em um mundo
totalmente novo. É uma direção de vida totalmente nova. Se
não entendermos o que isso significa e quais suas conseqüências,
jamais chegaremos à plena vontade de Deus para o seu povo.
O alvo e a pedra fundamental de nossa atividade, aquela que
dá a Deus toda a glória, é que nos tornemos discípulos. O alvo de
Deus não se detém no momento da salvação; essa é apenas a
parte introdutória. O seu desejo é que os salvos se tornem discípulos.
Não basta dizer simplesmente; “Estou a caminho do céu”. A
questão é; você está se tornando parecido com aquele que o
está levando para o céu? Isso é discipulado, e é o que Cristo
deseja de nós.
Vou dar uma definição funcional de discipulado que
abrangerá tudo o que falarmos neste livro; “Discipulado é aquele
processo de desenvolvimento da igreja local que progres­
sivamente conduz os cristãos da infância pai'a a maturidade
espiritual, de tal maneira que se tornam capazi-s de repetir o
processo com outra pessoa”.
Observe que isso leva o discipulado a dar unia volta completa.
Os discípulos devem dar essa volta e fazer oulios discípulos.
Enfim, é desse modo que cumprimos o mandanuMito de Mateus
28.18-20.
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0 conceito do discipulado

o discipulado não era uma idéia nova no período do Novo


Testamento. Fora um conceito bem estabelecido no mundo
grego vários séculos antes de Cristo. A própria palavra discípulo
significa “aluno, estudante”, e os gregos tinham discípulos no
campo da filosofia.
Platão, freqüentem ente chamado o “Pai da Filosofia”,
desenvolveu um sistema de pensamento que lidava com as
questões da epistemologia, isto é, como obter o conhecimento,
e com as questões relacionadas ao significado da vida. Platão
discipulou seu aluno Aristóteles, e este usou o que havia
aprendido criando “ginásios”, ou academias.
No mundo antigo, os ginásios não eram arenas para eventos
esportivos, mas centros de treinamento para ensinar aos alunos
as idéias de Platão e o sistema desenvolvido por Aristóteles,
conhecido como lógica aristotélica. Os alunos assim instruídos
eram “ginatizados”, que é a forma verbal da palavra grega
traduzida por ginásio.
Esse processo de discipulado teve tanto sucesso que permitiu
aos gregos influenciar todo o mundo greco-romano. Tal processo
foi chamado “helenização”, no qual as pessoas não-gregas
começaram a adotar as idéias, a linguagem e a cultura gregas.
Tudo isso fazia parte desse conceito de discipulado.
O Novo Testamento tomou esse conceito e o aplicou em
um contexto espiritual para que pudéssemos conhecer o que
significa ser discípulo de Jesus Cristo. O discipulado implica
um processo de ensino em que o aprendiz ou aluno é conduzido
a determinado alvo.

A informação correta
Considerando que o discípulo é basicamente um aluno, um
dos aspectos do discipulado é a informação. Para se tornar discípulo,
você deve adquirir e dominar um conjunto de conhecimentos.
Portanto, o ensino sempre faz parte do discipulado. E está presente
em um dos quatro imperativos que vamos estudar.
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Jesus era o Mestre dos mestres. Ele ensinou aos seus do2e
discípulos o bê-á-bá do que significa segui-lo. A Palavra de
Deus reúne todo o conhecim ento que Deus deseja que
tenhamos.

A habilidade correta
Conhecimento apenas, no entanto, não faz de você um
discípulo. Você também precisa saber como obter essa infor­
mação e o que fazer com ela. O discipulado implica o desen­
volvimento de suas aptidões. Por isso Jesus, depois de ensinar
seus discípulos, conduzia-os a situações em que pudessem
aplicar o que estavam aprendendo.
Todos nós conhecemos pessoas brilhantes que detêm grande
conhecimento teórico, rnas muito pouco senso prático. Ficamos
nos perguntando como elas podem ser tão inteligentes e ao
mesmo tempo tão incapazes de agir de modo satisfatório em
situações do dia-a-dia.
Não é o que se espera do discípulo. O discípulo deve casar
a informação correta com a habilidade necessária, a fim de
colocar a primeira destas em prática. Por que é importante
compreender isso?
Bem, suponhamos que você precise de uma cirurgia cardíaca
durante a qual seu coração será aberto. O médico entra em seu
quarto na noite anterior à operação e se apresenta. Você aperta
a mão dele e diZ:
— Doutor, isso é muito sério. Quantas dessas operações o
senhor já fez?
— Você é o meu primeiro paciente — ele responde.
Você então contesta:
— Como?
— Você vai ser a minha primeira cirurgia de coração aberto.
— Doutor, puxe uma cadeira. Precisamos conversar. Como
sabe que será capaz de fazê-la?
— Bem, fiz quatro anos de faculdade e especialização, e só
tirei nota 10. Na verdade, tirei o primeiro lugar na minha turma
de formatura. Conheço as partes do corpo e conheço os
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/'

instrumentos cirúrgicos que preciso utilizar. Você não tem nada


com que se preocupar.
Você vai dizer;
— Passar nos exames não faz do senhor um cirurgião. Eu
quero alguém que já tenha feito isso antes.
E o mesmo exigiriam todos os outros pacientes! Por isso é
que o estudante de medicina tem de fazer estágio e residência.
Ele deve ficar ao lado de alguém que já tenha feito muitas
cirurgias antes, que sabe o que fazer quando surgem
complicações e quando depara com coisas que não se encontram
nos livros. O conhecim ento desse médico novo é muito
importante, mas insuficiente. Ele precisa assistir ã cirurgia para
aprender, na prática, a realizá-la.
Isso é discipulado. Ocorre quando uma pessoa conduz
outras por um caminho no qual o discipulador transmite a
informação correta enquanto prepara e desenvolve a aptidão
do discípulo. -
Por isso você não pode ser discipulado simplesmente
aparecendo na igreja nos domingos de manhã ou ã noite. A
adoração coletiva é um componente essencial do seguir a Cristo,
como veremos. Mas, a exemplo do que dissemos solire o co­
nhecimento e a prática, a adoração coletiva por si só não é
suficiente. O discipulado exige que alguém mais experiente
ande ao seu lado.
Temos um exemplo de como fazer discípulos corretamente
em nossas comunidades; o traficante de drogas. Esses indivíduos
são espertos. Eles pegam um garoto e o preparam, dando-lhe o
conjunto de informações necessárias para ganhar dinheiro
rapidamente. Para isso, deixam que o garoto ande ao lado deles
enquanto negociam, e então o enviam sozinho para fazer o
mesmo.
Observe, a questão não é se você vai ser discipulado. A
questão é saber por quem vai ser. Todos somos influenciados
por fatos ou pessoas na vida que configuram o nosso caráter e
ações. O discipulado exige aptidões extraídas de um conjunto
de informações exemplificadas diante de você.
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Quero fazer quatro observações importantes acerca do processo
de se tornar discípulo, fundamentadas na definição acima.

Um processo de
desenvolvimento espiritual

A primeira coisa que você precisa saber sobre como se tornar


discípulo é que o discipulado consiste num processo de
desenvolvimento espiritual. Já citei Mateus 10.25, mas deixe-
me apresentar-lhe de novo esse conceito no contexto do
versículo 24: “O discípulo não é mais do que o mestre, nem o
servo mais do que o seu senhor. Basta ao discípulo ser como
seu mestre, e ao servo como seu senhor”.
Mateus 10 é uma passagem fundamental sobre o discipulado,
e voltaremos a ela mais tarde. Quando Jesus disse que discípulos
devem ser como seu mestre, estava esclarecendo que esse
negócio de ser discípulo é um processo.
Não acordamos no dia seguinte ao de nossa conversão e
descobrim os que som os gigantes espirituais, discípulos
plenamente amadurecidos. A maturidade espiritual leva tempo.
Esse conceito me faz lembrar da história do agricultor que
levou a família à cidade grande pela primeira vez. Todos ficaram
particularmente admirados com o centro comercial. Enquanto
a esposa visitava as lojas, o agricultor levou o filho a um banco
localizado no centro. Ele viu uma senhora idosa entrar em um
recinto. Alguns minutos depois uma bela e jovem mulher saiu
do mesmo recinto. O homem então olhou para o filho e disse:
“Rapaz, corra e vá buscar a sua mãe depressa”.
Infelizmente não podemos ser transformados em discípulos
em apenas alguns minutos — ou mesmo em alguns poucos
anos. Isso leva tempo.

Sem programa
Mas o Novo Testamento não nos fornece um programa
detalhado de como nos tornar discípulos, nem apresenta uma
lista de passos formais e legalistas a ser seguidos.
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llá um bom motivo para isso. Embora o processo de
discipulado envolva certas necessidades básicas comuns a todos
os crentes, nossas experiências espirituais são únicas para nós.
Assim é o processo de nosso crescimento espiritual. Paulo
nos aconselha a desenvolver nossa salvação com temor e
tremor.
Portanto, embora não possamos controlar o fato de que é
preciso tempo para tornar-se discípulo, há muita coisa a dizer
sobre a rapidez com que você se torna discípulo. Há pessoas
convertidas há 25 anos que são m enos desenvolvidas
espiritualmente do que outras que se converteram há cinco.
O problema com os crentes mais velhos é que, embora
tenham tido mais tempo do que os novos, não cresceram como
deveriam. O discipulado relaciona-se ao desenvolvimento
espiritual, não com o tempo em que você é cristão. Você pode
conhecer a Cristo há anos sem nunca ter-se desenvolvido
satisfatoriamente como discípulo.

O processo de discipulado
Jesus destaca isso de maneira pitoresca em Mateus 11.28-30:
“Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados,
e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de
mim, porque sou manso e humilde de coração, e encontrareis
descanso para as vossas almas. Pois o meu jugo é suave e o
meu fardo é leve”.
A palavra aprendei é a forma verbal da palavra “discípulo”.
Jesus está dizendo: “Vinde e sede discipulados por mim”. Este
é um maravilhoso convite para o processo de discipulado.
Jesus também pinta um quadro vívido da aparência do
processo quando fala do seu “jugo”. Provavelmente você já viu
um cavalo, ou mula, ou boi atrelado pelo pescoço e lombos a
fim de puxar uma carroça ou um arado. O jugo é colocado por
três motivos básicos.
Um dos motivos para utilizar o jugo é manter o animal em
submissão, sob o controle de quem está sentado na carroça ou
no arado segurando as rédeas. O jugo torna o conirole possível.
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No discipulado, Cristo está procurando a nossa submissão. Ele
deseja colocar-nos sob seu controle.
O jugo também expressa o trabalho a ser feito. Implica res­
ponsabilidade. Deus o salvou para lhe dar o tipo certo de
responsabilidade.
Em outras palavras, quando uma pessoa coloca um jugo sobre
alguma coisa, ela o faz com um propósito. Há alguma coisa que
deseja realizar. Deus o salvou porque deseja que você realize
algo em sua vida. Mas você só pode cumprir a responsabilidade
quando estiver sob o mesmo jugo de Cristo, sob o controle dele.
Finalmente, o jugo expressa companheirismo. Quando Jesus
diz “Tomai sobre vós o meu jugo”, torna claro que ele também
está sob o jugo.
Era comum no mundo antigo, e ainda hoje em algumas
comunidades, treinar um novilho ou uma mula colocando-os
ao lado de outro animal mais velho, mais experiente. Desse
modo, o mais jovem anda ao lado do mais experiente para
aprender a puxar. Quando o lavrador junta os dois animais,
geralmente ajusta o jugo de maneira que o peso recaia sobre o
animal experiente até que o mais jovem amadureça.
Quando eu era adolescente, meu pai costumava me levar
com ele quando ia pregar. Ele pregava nas esquinas, às vezes,
e me dava um punhado de folhetos para distribuir. Ou ia pregar
em uma cadeia e me levava com ele.
No que me dizia respeito, quando tudo acabava, eu estava
liberado. Eu não sabia que Deus mais tarde me chamaria para
uma vida em que eu precisaria das experiências que tive junto
com o meu pai.
Durante a faculdade, preguei nas esquinas e também nas
cadeias. Eu era, então, o pregador, mas o fundamento da
experiência me fora preparado por meu pai. Ele fazia o trabalho,
mas me levava junto para me mostrar como eu deveria fazê-lo.
Jesus disse em Mateus 11.28: “Se vocês vierem a mim e
estiverem cansados e sobrecarregados, eu lhes darei descanso.
Eu levarei o jugo junto com vocês, e eu puxarei o peso”
(paráfrase do autor).
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o QUE É IMPORTANTE PARa J e SUS
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Um nível diferente
Eu disse antes que nem todo cristão é necessariamente um
discípulo. Você pode perceber a diferença nos versículos 28 e
29. No 28, Jesus diz: “eu vos aliviarei”. Mas, no 29, ele diz: “se
vocês tomarem o meu jugo, encontrarão descanso” (paráfrase
do autor). Qual é a diferença? O versículo 28 é uma posição. O
versículo 29 é uma experiência.
Sempre que a Bíblia fala de descanso, refere-se a desfrutar
da provisão de Deus. Em outras palavras, como crente você
tem o descanso de Deus. Mas talvez não esteja experimentando
esse descanso em sua vida diária porque não aceitou o jugo.
Você tem paz com Deus, mas talvez não esteja desfrutando da
paz de Deus. O mesmo se pode dizer da alegria, do poder e de
muitas outras bênçãos.
Isso não quer dizer, porém, que essas coisas não estejam ã
nossa disposição. A questão é que não estamos subjugados
àquele que pode oferecê-las a nós. O jugo implica um nível
diferente de compromisso.
Mateus 11.28 é um convite à salvação. O versículo 29 é um
convite à comunhão do discipulado.

Um avanço progressivo
para a maturidade

Se o discipulado é um processo de desenvolvimento espiritual,


então para qual alvo temos de avançar? Para a maturidade espiritual:
tornar-se um discípulo adulto, bem preparado, de Jesus Cristo.
Paulo escreveu para os cristãos em Corinto: “Eu, irmãos,
não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais,
como a meninos em Cristo” (IC o 3-1). O termo bíblico em
referência ao cristão amadurecido é “espiritual”. Paulo esperava
que os coríntios estivessem amadurecendo na fé, mas em vez
disso continuavam agindo como criancinhas espirituais.
O interessante é que Paulo fora a Corinto e conduzira essas
pessoas a Cristo mais ou menos no ano 50 d.C. Ele escreveu a
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primeira carta aos coríntios cerca de 55 d.C. e nela dizia: “Vocês
já deveriam ser espirituais agora, mas não utilizaram bem o seu
tempo para o desenvolvimento espiritual”.

A fórmula para o crescimento


Essa passagem aponta para uma fórmula ou orientação muito
simples para o crescimento espiritual: a velocidade multiplicada
pelo tempo é igual à distância. Isto é, a velocidade em que
você cresce na vida espiritual no tempo que lhe foi concedido
determina a distância que você percorrerá pela estrada do
discipulado rumo à maturidade espiritual.
O cristão recém-nascido que mergulha na Palavra e nas coisas
de Deus, em vez de gastar o tempo em outras coisas, pode
partir dos bloqueios iniciais e chegar ã maturidade espiritual
mais depressa do que uma pessoa salva há dez anos que
continua, porém, lutando com o bê-á-bá da fé. É o seu passo
que faz a diferença.
A propósito, se você realmente deseja aumentar o seu passo
espiritual, corra com alguém que é mais rápido do que você,
que pode estabelecer um passo mais vigoroso. É isso que o
discipulado significa na realidade. Você não pode correr a vida
cristã sozinho, nem assumir a responsabiliddae por qualquer
velocidade ou por uma verdadeira perseverança.

Onde você está?


Ainda que você tenha começado devagar ou apressadamente
e, então, tenha tropeçado, a boa notícia é que você pode retornar
ã corrida para a maturidade espiritual. E eu tenho notícias ainda
melhores. Não importa a bagunça que você tenha feito, você
ainda pode cruzar a linha de chegada como vencedor. A questão
na corrida cristã não é como você começa, mas como termina
(Hb 3.14).
A passagem de 1 Coríntios a que me referi acima é importante
porque ajuda a determinar onde você se encontra em seu avanço
para a maturidade. Em 1 Coríntios 2.14— 3-3, Paulo identifica
quatro categorias de pessoas no que diz respeito ã vida espiritual.
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A primeira categoria refere-se ao “homem natural (que) não
compreende as coisas do Espírito de Deus” (2.14). Esse é o
não-cristão, alguém que vive de acordo com o sistema deste
mundo e não consegue receber a verdade espiritual. Se você
perceber que se encontra nessa categoria, sua necessidade
espiritual é vir a Cristo e ser salvo.
Mas existe a possibilidade de você já ser crente, portanto
uma das próximas categorias de Paulo se aplica a você. A
segunda categoria é o homem ou a mulher espiritual (2.15),
aquele que “discerne bem a tudo, e ele de ninguém é
discernido”. Esse é outro extremo do espectro espiritual.
A pessoa espiritual é um cristão amadurecido, um discípulo
bem desenvolvido. O motivo por que os não-cristãos não podem
“discernir” ou entender tal pessoa é que eles não têm “a mente de
Cristo” (v. 16). Mas a mente de Cristo — a capacidade de viver na
perspectiva de Deus, a capacidade de pensar os pensamentos de
Deus ã maneira dele — está à disposição de cada crente verdadeiro.
Um discípulo amadurecido é aquele capaz de fazer escolhas
divinamente instruídas. Paulo está dizendo; “A pessoa espiritual
é capaz de ver, entender e resolver a vida do ponto de vista
divino porque tem a mente de Cristo”. A terceira categoria que
o apóstolo identifica nesse texto são os “meninos em Cristo”
(3 .I). O menino em Cristo é alguém que acabou de nascer na
fé. Os cristãos recém-nascidos não podem estar maduros. Isso
é impossível. Eles podem estar estimulados e crescendo como
loucos espiritualmente, mas ainda não podem ser adultos.
A quarta e última categoria de Paulo é o crente “carnal”
(3-2,3). A diferença entre o crente carnal e o menino em Cristo
é que aquele teve tempo para amadurecer- Deve saber como
viver por uma perspectiva celestial, mas em vez disso pensa e
age como um não-crente- Faz poucos progressos rumo ã
maturidade espiritual. Essa pessoa não aceitou o convite e o
desafio de se tornar discípulo.
E antes que im aginem os que o progresso rumo ao
discipulado maduro é uma questão de pegar ou largar, deixe-
me citar Hebreus 5;
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A esse respeito (sobre Melquisedeque) temos muito que dizer,
mas de difícil interpretação, porque vos tornastes tardios em
ouvir. Com efeito, devendo já ser mestres, por causa do tempo
decorrido, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar os
princípios elementares dos oráculos de Deus, e vos haveis feito
tais que necessitais de leite, e não de alimento sólido (v. 11,12).

O escritor de Hebreus tinha algum alimento espiritual, do


tipo “carne com batatas”, para ensinar a esses crentes acerca do
sacerdócio de Cristo segundo Melquisedeque, mas eles se
tornaram “tardios em ouvir”. Evidentemente, essas pessoas não
estavam crescendo, mas regredindo. Se você não avançar,
retrocederá, pois não existe meio-termo na vida cristã.
Na verdade, o escritor de Hebreus diz que por ocasião de
sua carta os crentes hebreus deviam estar suficientemente
amadurecidos para ensinar e discipular outros. Cada cristão foi
salvo para ser um influenciador — um mestre, um discipulador
— de outro cristão.
Mas os hebreus estavam regredindo, por isso o escritor
prossegue em 5 .l3 ,l4 :

Ora, todo aquele que ainda se alimenta de leite não está


experimentado na palavra da justiça, porque é criança. Mas o
alimento sólido é para os adultos, para aqueles que, pela
prática, têm as faculdades exercitadas para discernir tanto o
bem como o mal.

O alvo
Deveríamos conhecer bem o caminho espiritual porque
fomos treinados — o que, a propósito, significa a palavra
“ginatizado” que comentamos antes. Deveríamos estar ama­
durecidos porque estivemos praticando entusiasticamente.
É o que Deus faz quando nos envia provações. Ele quer que
verifiquemos até que ponto estamos dispostos a aplicar na
segunda-feira o que ouvimos e aquilo a que dissemos “amém”
no domingo. A maturidade espiritual é o alvo do discipulado.
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^
o QUE É IMPORTANTE PARA J e SUS 'i
.............. ................ .........
25 j

Responsabilidade dentro da igreja

Aqui está um terceiro fato importante do discipulado. Deus


criou um ambiente específico para o discipulado se desenvolver.
D eixe-m e repetir o que disse na introdução: não existe
discipulado bíblico fora da igreja local.
As pessoas que dizem estar sendo discipuladas fora do
contexto de uma igreja local não entendem a natureza do
discipulado nem da igreja. Em 1 Timóteo 3-14,15, Paulo diz:

Escrevo-te estas coisas, esperando ir ver-te em breve; para que,


se eu tardar, saibas como convém andar na casa de Deus, que
é a igreja do Deus vivo, a coluna e esteio da verdade-

Isso significa que grupos pareclesiásticos não podem sozinhos


cumprir essa missão.
Alguns desses grupos, em vez de fortalecer a igreja local,
transformaram-se'em seus substitutos. Isso é ilegítimo. Grupos
pareclesiásticos são válidos apenas quando fortalecem e
habilitam a igreja local. Paulo esclarece que a igreja é o contexto
no qual a conduta dos santos é medida e avaliada. A igreja é “a
família de Deus”.

A natureza da igreja
Não me entenda mal. Não estou dizendo que você não pode
ouvir rádio ou assistir ã televisão e beneficiar-se de uma mensagem
ou de qualquer outro programa. Não quero dizer que você não
possa assistir a uma conferência e ser encorajado e ajudado.
Mas todas essas coisas são auxiliares. Podem aumentar e
apoiar o ministério da igreja, mas não podem substituí-la. Uma
criança pode ir ã escola e aprender, mas a escola nunca pode
tomar o lugar do lar.
A igreja é o contexto de Deus no qual o discipulado deve
acontecer. O motivo para isso é a natureza da igreja. Efésios
1 .22,23 é crucial para entender isso porque às vezes é falha da
igreja, e não das pessoas, que o discipulado não aconteça. Por
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quê? Porque de vez em quando a igreja não compreende ou
esquece o que é.
Paulo escreve nesses versículos: “E [Deus] sujeitou todas as
coisas debaixo dos seus pés [de Cristo], e sobre todas as coisas
o constituiu como cabeça da igreja, que é o seu corpo, a
plenitude daquele que enche tudo em todos”.
Observe que, embora Cristo seja cabeça sobre todas as coisas,
ele foi dado apenas à igreja. Portanto, se eu e você vamos
seguir a Cristo, vamos segui-lo fazendo parte da igreja!
Preste atenção também que Paulo chama a igreja de “corpo”
de Cristo, metáfora comum no Novo Testamento. O corpo tem
apenas uma função — executar o que a cabeça ordena. Sempre
que seu corpo parar de fazer o que o seu cérebro determina,
vá depressa para o hospital. Você está gravemente doente.
Portanto, Cristo é a cabeça e a igreja é o seu corpo, manifestado
em cada assembléia local. A tarefa da igreja é executar as ordens
de sua cabeça. É nesse sentido que podemos dizer que a igreja é
“a plenitude daquele que enche tudo em todos”. Hoje Cristo
realiza o que deseja através do seu corpo. Ele completa a igreja
ã medida que a igreja completa os propósitos de Cristo. Essa foi
a intenção de Jesus ao dizer: “E certamente estou convosco todos
os dias, até a consumação do século” (JVIt 28.20).

O alimento da igreja
Exatamente como um nenê precisa de uma família para
providenciar-lhe um contexto de alimentação e desenvolvimento,
cada cristão precisa ser parte dinâmica de um corpo local de
crentes. É triste dizer, mas existem muitas pessoas que
freqüentam a igreja sem participar do ministério. Isso é pecado.
Você pergunta:
— Por que isso é pecado?
Pelo mesmo motivo por que você teria um problema físico
se o seu dedo não estivesse preso ã mão. O dedo ou o cristão
solto é iniitil e não pode se desenvolver.
É pecado não pertencer a uma assembléia local da família
de Deus. Imagine uma criança que só sai do seu quarto para
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comer. Isso não é vida familiar. A vida familiar é participação e
envolvimento dinâmicos.
Um dos motivos por que precisamos do ministério da igreja
para nos tornar discípulos é que nenhuma pessoa pode dar a
outra tudo de que ela necessita para se tornar madura em Cristo.
Precisamos de todo o corpo de Cristo, para que aquilo que estiver
faltando em uma pessoa possa ser suprido por outra. Assim todo
o corpo cresce “pelo auxílio de todas as juntas” (Ef 4.16).
Hebreus 10.23-25 destaca essa mesma verdade. Os cristãos
hebreus estavam passando por momentos difíceis, por isso o
autor insistia com eles:

Guardemos firmes a confissão da nossa esperança, pois fiel é


aquele que fez a promessa. Consideremo-nos uns aos outros,
para nos estimularmos ao amor e às boas obras. Não deixando
de congregar-nos, como é costume de alguns, mas admoestemo-
nos uns aos outros, e tanto mais quando vedes que se vai
aproximando aquele dia.

A palavra congregar aqui vem do vocábulo “sinagoga”. O


escritor está falando acerca do lugar de reunião dos crentes, a
igreja. Mas não apenas do edifício. Está falando da comunhão
dos santos.
Precisamos da reunião do corpo de Cristo porque é esse o
ambiente para o crescimento espiritual. Você pode crescer um
pouco sem a família de Deus, mas não conseguirá atingir a
maturidade plena como discípulo de Cristo.
A igreja é como um hospital. Se você estiver doente, será
bem-vindo. Jesus disse: “Não necessitam de médico os sãos, mas,
sim, os doentes” (Mt 9-12). Conmdo, não conheço nenhum hospital
que só deseje que você se sinta confortável com sua doença.
Nenhum médico vai lhe dizer: “Aqui dentro, vamos deixar
que você tenha todo o câncer que desejar”. A tarefa do hospital
é ajudá-lo a livrar-se de sua enfermidade. O hospital conta com
pessoas treinadas e equipamento necessário para esse trabalho.
O mesmo acontece com a igreja.
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O capítulo 12 da primeira carta aos coríntios é outro texto
das Escrituras que aponta para a necessidade do crescimento
espiritual na igreja. Aqui Paulo diz que todo crente é
importante para o desenvolvimento espiritual dos demais:
“Assim como o corpo é um, e tem muitos membros, e todos
os membros, sendo muitos, formam um só corpo, assim é
Cristo também [...] Ora, o corpo não é um só membro, mas
muitos” (v. 12,14).
Por ser verdade, Paulo prossegue e afirma que nenhum
membro do corpo pode dizer a qualquer outro membro “Não
tenho necessidade de ti!” (v. 21). Pelo contrário, “Deus colocou
os membros no corpo, cada um deles como quis” (v. 18). Por
quê? “Para que não haja divisão no corpo, mas antes tenham os
membros igual cuidado uns dos outros” (v. 25).
O corpo de Cristo destina-se a funcionar da mesma forma
que o corpo físico. Se eu bato o dedão do meu pé direito na
mesa da cozinha, uma série de coisas entrará em ação. Meu
cérebro enviará um sinal ã minha mão esquerda para se estender
e agarrar o dedão direito. Meu cérebro também expedirá uma
mensagem ã perna esquerda: “Prepare-se para sustentar sozinho
este irmão”. Então a próxima mensagem será encaminhada ã
minha boca para avisar a todos que eu dei uma batida com o
meu dedão direito.
O que acontece com o corpo físico também ocorre com o
corpo espiritual de Deus. Temos de demonstrar o mesmo tipo
de cuidado uns pelos outros que o corpo demonstra por si
mesmo. Por isso é egoísmo simplesmente vir ã igreja e dizer:
“Ministrem a mim. Sirvam-me. Incentivem-me. Visitem-me
quando eu estiver abatido. Orem por mim quando eu estiver
sofrendo. Discipulem-me — mas não me peçam para estar ã
disposição para ajudar a discipular os outros crentes”.
Pessoas como essas são mais parecidas com “sanguessugas
de igreja” do que membros, sugando o sangue vital da igreja
sem dar-lhe nenhuma contribuição significativa.

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Um processo transferível

Aqui está o quarto e tiltimo componente de nossa definição


de discipulado. O processo destina-se a ser transferível de você
e de mim para os outros.
O objetivo é que cada membro do corpo de Cristo seja ativo
no desenvolvimento do restante do corpo. Temos de reproduzir
o processo do discipulado na vida dos outros.
Você não pode pagar profissionais para fazer isso por você.
Nem eu nem a diretoria de nossa igreja em Dallas podemos
discipular quatro mil pessoas. É preciso um grande nvimero de
cristãos para desenvolver espiritualmente quatro mil pessoas. É
preciso que o corpo se sustente para que isso aconteça.
Satanás não quer que você se torne um discípulo. Ele
também não quer que você ensine outra pessoa a se tornar
discípulo. Ele adoraria que todos permanecêssemos crian­
cinhas, cristãos imaturos, porque assim não podemos causar-
lhe nenhum prejuízo. As pessoas não têm medo das crianças
de um ano de idade.
Satanás sabe que você não é perigoso até que começa a
crescer. Por isso ele não se importa que você vá ã igreja,
contanto que fique só nisso. Se você não se envolver nesse
negócio de discipulado, se você não começar a crescer na fé
e também não ajudar os outros ele ficará feliz em deixá-lo ir
ã igreja. Mas, se a sua fé começar a crescer e alcançar outros,
você se tornará uma ameaça para Satanás. Uma coisa que ele
não suporta são discípulos reproduzindo a vida de Jesus Cristo
em outros cristãos.

Imitadores de Deus
Paulo foi um discipulador notável. Ele podia dizer: “Sede meus
imitadores, como também eu sou de Cristo” (ICo 11.1). Não há
nada errado em seguir pessoas se elas estão seguindo a Cristo.
Mas tudo está errado se essas pessoas não estão seguindo a Cristo.
O perigo real para a maioria de nós, crentes, não é que
vamos mergulhar subitamente nas profundezas e escorregar
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para o pecado grosseiro, jogando nossa fé de lado. É claro que
isso pode acontecer, e nenhum de nós está imune a essa queda.
No entanto, creio que um perigo mais comum é assimilarmos a
verdade, não fazer nada com ela, continuar a assimilar mais
verdade, assentarmo-nos confortavelmente sobre ela, e pros­
seguir nesse processo até ficarmos tão inchados espiritualmente
que não podemos mais nos mover.
Devemos nos exercitar, utilizando o que aprendemos para
mudar nossa vida, nossas comunidades e ajudar a trazer outras
pessoas para a fé. Caso contrário, o que estamos assimilando
deixa de aimentar-nos.
Sabemos que é possível comer tanto desse alimento que,
em vez de nutrir e edificar o corpo, na verdade começa a
trabalhar contra ele. Isso pode acontecer no reino espiritual, e
de fato acontece o tempo todo.
O discipulado mantém a gordura afastada, permitindo que
queimemos as calorias espirituais quando colocamos em prática a
verdade de Deus. O que Deus procura são pessoas que imitem a
Cristo; isto é, que pareçam com ele e ajam exatamente como ele.

Ensinando os outros
Eu amo o desafio que Paulo fez a seu discípulo Timóteo em
2 Timóteo 2.1,2:

Tu, pois, meu filho, fortifica-te na graça que há em Cristo


Jesus. E o que de mim, através de muitas testemunhas ouviste,
confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também
ensinarem os outros.

Paulo está dizendo a Timóteo que faça com a próxima


geração de líderes o que ele mesmo fez com Timóteo: passar
adiante a verdade de Cristo. O discipulado é um processo de
transferência. O ciclo não se fecha até que eu e você estejamos
ensinando a outra pessoa o que Deus operou em nossas vidas.
Agora deixe-me voltar a Hebreus 5.12, que já examinamos
antes. Vimos que os hebreus tinliam regredido tanto espiri­
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tualmente que o escritor precisou dizer-lhes: “Eu tenho al­
guma coisa a lhes ensinar, mas vocês não estão preparados”
(cf.v. 11).
O problema não se resumia apenas no fato de que os próprios
crentes hebreus não estivessem tão amadurecidos espiritualmente
como deveriam estar. Não tinham capacidade de ensinar aos
outros, quando na verdade já deveriam fazê-lo. Aliás, eles
mesmos precisavam de mamadeira. Seu aparelho digestivo
espiritual estava subdesenvolvido. Como resultado, outros
cristãos que precisavam saber o que eles sabiam também estavam
subnutridos.
Nossas igrejas estão cheias de pessoas que seguem a Cristo
há dez, quinze, até mesmo vinte anos, incapazes de apontar
uma única pessoa que estejam atraindo para a fé. Os discípulos
em perspectiva nos rodeiam: em nossos casamentos, em nossas
famílias, na igreja, na vizinhança, no trabalho.
Encontrar um candidato para o discipulado geralmente não
é o problema. O problema é que são muitos os santos que
permanecem inativos em vez de entrar no jogo.
É fácil sentar nas arquibancadas e aplaudir. É outra história
entrar no campo e jogar a partida. Temos uma porção de críticos
profissionais em nossas igrejas, mas não um número suficiente
de discipuladores. Deus não o chamou para ser crítico. Ele o
chamou para edificar a verdade dele na vida de outra pessoa.
O discipulado é um processo que envolve alguns conceitos
básicos, que denominaremos quatro imperativos absolutos.
Falaremos sobre eles, sobre suas implicações e sobre como
você pode colocá-los em prática em sua vida e na vida de
outros.

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A verdadeira
implicaçâp do
discipulado
2

Quantas vezes você ouviu alguém dizer; “Se eu soubesse no


que estava me metendo, nunca teria dito sim”?
Provavelmente, muitas vezes . E tenho certeza de que você
já disse isso mais de uma vez. Todos nós já passamos por isso.
Daí a importância de saber do que se trata antes de assumirmos
um compromisso.
O mesmo acontece com o discipulado. Se você pretende
fazer o que for necessário para tornar-se discípulo de Cristo e
segui-lo, deve saber o que ele espera de você. Precisa conhecer
as verdadeiras implicações dessa decisão. E é justamente o que
Jesus Cristo quer que você saiba.
Portanto, antes de prosseguir, quero examinar algumas
passagens-chave sobre discipulado e seus desdobramentos.
Então no capítulo 3 estaremos preparados para examinar um
grupo de pessoas que colocam o discipulado em ação.

A prioridade do discipulado

A primeira coisa que precisamos discutir são as prioridades


do discipulado. Já demonstramos como isso é importante para
Jesus, mas a questão aqui é quanto importa para nós. Para
tanto, quero examinar uma passagem interessante das Escrituras,
Lucas 9-57-62. O que vamos ver aqui é que Jesus chama os
discípulos para segui-lo mesmo quando não há garantias de
prt )gresso.

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Talvez você diga: “Espere um pouco, Tony. Eu acho que
você acabou de dizer que Jesus deseja que saibamos no que
estamos nos envolvendo quando o seguimos”. Sim, ele deseja.
Mas conhecer as implicações do discipulado não significa ter
cada uma de suas perguntas respondidas. É também muito
diferente de fazer um contrato particular com Deus.
Os três homens em Lucas 9 precisavam aprender que Jesus
não oferecia garantias ou negócios especiais, mas a si mesmo.
Isso era tudo de que eles precisavam.
O que estou dizendo é que no discipulado somos chamados
para seguir a Cristo, ponto-final. Não é seguir a Cristo com a
garantia de que teremos um teto sobre as nossas cabeças. Não
é segui-lo contanto que saibamos de onde virá a nossa próxima
refeição. Não é segui-lo em nossos próprios termos, quando
estivermos preparados.
O fato é que ser um discípulo implica estabelecer tal
prioridade que nos comprometemos a seguir Jesus para onde
quer que ele nos conduza e a fazer o que quer que ele nos
peça. Jesus quer que o sigamos porque o amamos, não porque
amamos o que poderíamos receber dele.

Prioridade manifestada em ação


Assim, em Lucas 9, quando Jesus e os discípulos se dirigiam
para Jerusalém (v. 7), um homem disse a Jesus: “Seguir-te-ei
para onde quer que fores.” E Jesus lhe disse: “As raposas têm
covis, e as aves do céu ninhos, mas o Filho do homem não tem
onde reclinar a cabeça” (v. 57,58).
Nós sabemos que Jesus não tinha um lar permanente. E
sabemos que ele estava a caminho de Jerusalém para morrer
na cruz. Portanto, o que ele estava dizendo a esse discípulo em
potencial é que se ele o seguisse, não teria garantia de nada.
Teria de segui-lo e andar pela fé.
Observe o que esse homem disse: “Jesus, eu te seguirei para
onde quer que fores”. Esposa, lembra-se de quando disse a seu
marido a mesma coisa: “Querido, aonde quer que você for, eu
irei?”. É um compromisso tremendo.
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Ksse homem falava sério ao dizer que queria ser um discípulo?
Não somos informados se ele seguiu a Jesus, mas a resposta de
Jesus e o contexto sugerem que ele não estava realmente
preparado para ser discípulo. Ele dizia a coisa certa, mas não
tinha consciência do que estava dizendo.
Ele precisava entender que discipulado não é uma prioridade
teórica, mas uma prioridade manifestada em ação (v. em Mt
21.28-31 <2 outro exemplo). Eu creio que esse homem estava
pensando: Eu o seguirei p a r a qualquer lugar, Jesus, enquanto
eu gostar. Mas Jesus não faz tais contratos. Qualquer lugar é
qualquer lugar.

Prioridade imediata
Eu tenho uma secreta suspeita de que o segundo homem de
Lucas 9 estava ouvindo a conversa de Jesus com o primeiro
homem. Jesus voltou-se para esse segundo homem e disse:
“Segue-me” (v. 59)-
Trata-se de um caso totalmente diferente, porque este homem
não se ofereceu para seguir a Jesus, como o primeiro. Ele
respondeu: “Deixa-me que primeiro eu vá enterrar meu pai”.
Mas Jesus disse: “Deixa aos mortos o enterrar os seus mortos,
porém tu vai e anuncia o reino de Deus” (v. 60).
Quando lemos isto, ã primeira vista nos parece que Jesus foi
um tanto insensível. Os filhos não precisam honrar seus pais?
O que estava acontecendo? O contexto, porém, torna claro
que o pai deste homem ainda não morrera. Se o pai estivesse
morto e ele só precisasse assistir ao funeral, estaria em casa. Os
judeus enterravam seus mortos vinte e quatro horas após o
falecimento.
Além disso, a resposta de Jesus acerca dos mortos sepultando
os seus próprios mortos indica que o pai não estava morto.
Quando você viu pessoas mortas enterrando outra pessoa morta?
Em minha vizinhança, ninguém faz isso. Pessoas mortas não
podem enterrar outras pessoas mortas.
Jesus está dizendo a este indivíduo: “Que os espiritualmente
inoitos sepultem os fisicamente mortos”. Que aqueles que não
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conhecem a Deus andem por aí e cuidem dos arranjos do hineral.
Jesus queria que este homem fosse pregar o evangelho.
O que aquele homem estava dizendo a Jesus era que desejava
adiar a decisão de se tornar seu discípulo por um período de
tempo indefinido até que seu pai se fosse e toda a herança e
negócios da família fossem resolvidos. Em outras palavras, ele
queria que Jesus aguardasse até que ele estivesse livre de todos
os problemas.
Mas Jesus disse que não havia possibilidade de negociar.
Lembre-se, estamos falando sobre a prioridade do discipulado.
Jesus vem em primeiro lugar. Sempre haverá problemas.
Eu vejo alguma coisa mais aqui. Se esse homem tivesse ouvido
Jesus dizer que não tinha onde descansar a cabeça, provavelmente
teria pensado: Espere um pouco. Isto p o d e ser um m au negócio
p a ra mim, econom icam ente falan d o. Antes de com eçar a seguir
fesus, seria m elhor providenciar m inha segurança financeira.
Seria melhor eu fic a r em casa até receber m inha herança.
Em outras palavras, ele estava tentando garantir sua
segurança, cobrir sua retaguarda, compensar suas apostas. Jesus
não se importa que você reserve algumas horas para sepultar
uma pessoa querida, mas este homem estava pedindo alguns
anos para se garantir antes de entregar-se a Deus. Jesus disse
que não esperaria. ,
Alguns cristãos não estão prontos para se tornarem discípulos
porque os negócios ainda não deslancharam, os filhos não estão
criados, ou não ganharam dinheiro suficiente. Eles continuam
dizendo para Jesus : “Senhor, depois que os negócios estiverem
bem e as contas estiverem todas pagas, estarei aí!”.
Mas para Deus não há barganha. Ele não quer as sobras. Ele
não quer esperar. Ele é o Pai, ele não precisa esperar! Além
disso, eu e você sabemos que Satanás tem a habilidade especial
de nos fazer adiar as coisas realmente importantes. Quando
acabamos de resolver uma coisa, aparece outra. Então dizemos;
“Senhor, eu vou segui-lo depois. Eu começarei a viver para ti
mais tarde. Apenas me dê um pouco mais de tempo”. Pare com
as barganhas. O discipulado exige obediência imediata.
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Prioridade de relacionamentos
Agora vamos olhar para o terceiro homem de Lucas 9-61,62.
l'al como o primeiro, ele toma a iniciativa. “Senhor, eu te seguirei,
mas deixa primeiro eu me despedir dos que estão em minha
casa.”
Parece justo. Você está se preparando para ficar longe por um
longo período de tempo. 1'alvez você nem saiba se vai retornar.
Por isso quer ir para casa, fazer sua mala e dizer adeus ao pessoal.
Mas Jesus disse: “Ninguém, que lança a mão do arado e olha
para trás, é apto para o reino de Deus” (v. 62). Eis a questão. O
homem não queria apenas voltar para casa. Ele estava olhando
para trás. Na época do Novo léstamento, quando a pessoa se
preparava para uma longa viagem, não dizia apenas um rápido
até logo. A festa podia durar muitos dias.
Aqui Jesus não está colocando objeções a um rápido beijo
de despedida. Ele está falando sobre a família que faz um
discípulo em potencial olhar para trás e pensar duas vezes em
desistir de tudo para seguir a Jesus.
Posso imaginar a família deste homem lhe dizendo: “Você
vai fazer o quê? Você vai seguir este Homem que mal conhece
a lugares nos quais nunca esteve? Você nem sabe como ele vai
cuidar de você. Ele nem pode lhe prometer um quarto de hotel!
Não é uma boa idéia.”
Mas Jesus diz que qualquer um que olhar para trás depois
de iniciar o caminho do discipulado não está apto para o seu
reino. Por que isso? Porque não se pode arar olhando para trás.
Se você pretende usar o arado para abrir um sulco em linha
reta, seus olhos devem estar voltados para a frente. Jesus está
dizendo que se tentarmos arar olhando para trás, vamos
atrapalhar o plano dele.
Lembra-se da mulher de Ló? Ela deixou Sodoma, mas Sodoma
não a deixou. Ela ouviu todo aquele fogo e enxofre chovendo
do céu atrás dela, e começou a pensar: Meus amigos estão lã.
Todas as lojas nas quais eu gostava d e fa z e r compras estão lá. O
hanco no qu al eu tenho guardado o meu dinheiro eslá lã. Tudo
(lue é importante p a ra mim está lá em Sodoma.
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Então ela olhou para trás apesar da advertência do anjo
CGn 19 . 17), e Deus a fez parar ali mesmo Cv. 2ó). Ela se tornou
a resposta a uma pergunta trivial da Bíblia. Ela foi julgada
incapaz de prosseguir.
Que diferença com Abraão, em Gênesis 22. Deus pediu e
recebeu Isaque, o filho de Abraão. A boa notícia é que quando
você dá prioridade a Deus e lhe entrega o que você tem de
melhor, ele lhe dá prioridade e lhe oferece o que ele tem de
melhor. Se você faz de Deus uma prioridade, ele lhe mostra o
caminho das pedras.

O preço do discipulado

Para se tornar apto em qualquer coisa é preciso pagar o


preço. Não se acorda de manhã transformado em um profis­
sional. É preciso estar pronto a pagar o preço.
Da mesma forma, não se acorda subitamente em uma manhã
como discípulo amadurecido, com o poder de Deus operando
plenamente em sua vida. Há um preço a pagar para seguir a
Jesus. O discipulado tem um preço.
Muitas pessoas querem vir ã igreja e dizer: “Não esperem
muita coisa de mim. Não quero pagar nenhum preço. Estou
aqui apenas para que vocês me sirvam”.
Se alguém pensa desse modo, não vai se sentir muito ã
vontade na igreja, ou pelo menos não deveria se sentir. Não é
assim que as coisas funcionam.

O preço dos relacionamentos


Podemos vê-lo em Lucas 14.25-33, onde Jesus explica
detalhadamente o preço de tornar-se seu seguidor:

Certa vez ia com ele grande multidão. Voltando-se, disse-lhes:


Se alguém vir a mim, e não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher,
e filhos, e irmãos, e irmãs, e até nesmo a sua própria vida, não
pode ser meu discípulo (v. 25,26).
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Um grande número de pessoas se intimida quando ouve
isto. Este texto tem sido distorcido e interpretado das maneiras
mais absurdas. Jesu s estaria exagerand o a questão do
discipulado? Será que realmente temos de od iar aqueles que
nos são mais íntimos?
Não seria menos escabroso se Jesus dissesse apenas: “v^mem-
me mais do que a qualquer outra pessoa”? Mas ele não disse
isso, portanto, temos de perguntar o que Jesus quis dizer com
aborrecer a família.
A chave disto é que Jesus não está falando de nossos
sentimentos. Ele está falando de nossas decisões. Ele está dizendo
que ao tomarmos uma decisão na vida, e mamãe, ou o marido,
ou a esposa, ou o irmão nos diz “vá para a esquerda”, enquanto
Jesus diz “vá para a direita”, temos de ir para a direita. É simples
assim.
A questão em jogo aqui é a autoridade. Eu e você devemos
estar prontos a renunciar às pessoas mais preciosas de nossas
vidas se realmente desejamos seguir a Cristo. Ele não será o
número dois no coração de ninguém.
Alguém pode dizer: “Isto não está certo”. Bem, suponha
que um homem diga ã esposa: “Se outra mulher entrar em
minha vida, você terá de ficar de lado”. Você acha que a esposa
dele vai solidariamente concordar e aceitar a troca? Nem eu!
Ela não precisa aceitar, porque merece ser a única mulher
na vida do seu marido. Ele tomou essa decisão quando se casou
com ela. Se outra mulher diz a um homem “vá para a esquerda”
enquanto sua esposa está dizendo “vá para a direita”, e ele for
para a esquerda, esse irmão está com problemas!
A essência do compromisso matrimonial significa que todas
as outras pessoas ficam em segundo lugar. Às vezes os seus
queridos vão pensar que você os odeia por não colocá-los
acima de Jesus. Às vezes um membro da família dirá: “Se você
me amasse, faria isso”. E Deus está dizendo: “Se você me ama,
não fará”.
Não deve haver nada em minha vida que mereça meu
compromisso, minha determinação e minha paixão mais do
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í

que meu amor por Jesus Cristo. Esse sentimento deve superar
o amor que tenho por minha esposa e por meus filhos, de
modo que às vezes pode parecer que eu os odeio.
Um dos motivos por que nossas orações não estão sendo
respondidas, nossos casamentos não estão sendo curados e
nossos problemas não estão sendo resolvidos é porque muitos
de nós queremos apenas “as coisas boas” da vida cristã. Não
queremos odiar tudo e vir a C.risto.
A Bíblia nos diz para amar nossos cônjuges e filhos. Cristo,
no entanto, está falando sobre a questão da autoridade. Se
você tiver de fazer uma escolha entre Cristo e qualquer outra
pessoa ou qualquer outra coisa, você o escolhe sempre.
Eu descobri que queria me casar com Lois quando ela me
disse que Cristo seria sempre o primeiro em sua vida. Era assim
que eu também me sentia. Eu queria me casar com alguém
para quem Cristo fosse o principal, não eu, porque ela em
troca nunca seria a principal em minha vida.
Mas eu posso dizer que qualquer pessoa que coloca Cristo
em primeiro lugar no casamento jamais sairá perdendo. Colocá-
lo em primeiro lugar significa que eu amarei minha esposa da
maneira como Cristo ama a igreja. Você não perde “aborrecendo”
seu cônjuge quando comparado ao seu amor a Cristo. Você
ganha. Mas isso significa pagar o preço. Se você quiser seguir a
Jesus, ele exige prioridade sobre o relacionamento humano
mais íntimo que você tiver.

O preço no sofrimento
O discipulado também exige uma disposição para sofrer.
Jesus disse: “Qualquer que não tomar a sua cruz, e não vier
após mim, não pode ser meu discípulo” (Lc 14.27).
Sabemos que a crucificação era a pena de morte mais
imputada pelos romanos. Eles amarravam os braços do homem
condenado à pesada barra horizontal da cruz e faziam-no
carregá-la por toda a da cidade até o local da crucificação.
Segundo o relato de João, Jesus precisou carregar a sua cruz
pelas ruas de Jerusalém até o Calvário.

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Os rom anos faziam o crim inoso carregar a sua cruz
publicamente para expô-lo e para dizer que Roma estava certa
e aquele homem errado. A cruz do homem condenado era a
prova de sua culpa e ainda transmitia ao povo que se aglomerava
pelo caminho a idéia de que aquele homem era digno de morte
porque o governo romano o havia considerado culpado.
Jesus está nos dizendo: “Eu quero que vocês carreguem a
sua cruz pela cidade”. Jesus quer que nos identifiquemos com
ele de tal forma que, quando formos acusados de ser cristãos,
digamos: “Sou culpado.” Quando formos acusados de amar e
seguir o Senhor Jesus Cristo, reconheçamos a acusação. “Você
está certo. Eu sou um deles. Você me pegou!”
É isto que significa tomar a sua cruz, ser discípulo de Jesus
Cristo. Significa ficar exposto publicamente, identificar-se com
Jesus Cristo em todos as áreas de sua vida. Significa que, se a
sua família e seus amigos não quiserem mais identificar-se com
você, está tudo bem. Você vai continuar identificando-se com
Cristo. Significa que, se por causa dos seus padrões as pessoas
se afastarem de você, está tudo bem.
Jesus não vai dar meia-volta e segui-lo se você acompanhar
essas pessoas. Ele lhe diz: “Segue-me”.
Há outra coisa que você precisa saber acerca da cruz. Quando
um homem carregava a sua cruz pela cidade, essa viagem era
apenas de ida. Ele se dirigia para a morte. Por mais que desejasse
voltar pelo caminho trilhado, não poderia. Ele estava a caminho
do local da execução.
Antes, Jesus havia dito: “Se alguém quer vir após mim, negue-
se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e siga-me” (Lc 9.23).
Jesus não estava falando de morte física, uma vez que não se
pode morrer fisicamente todos os dias. Ele se referia ao que o
indivíduo deveria fazer dia após dia em sua vida.
Negar-se a si mesmo não significa apenas renunciar a alguma
coisa que você deseja. Significa dizer não aos seus desejos e
planos para a vida. Significa renunciar a qualquer coisa que
Deus não deseja para você. É sacrificar a sua vida diariamente
para Cristo.

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A renúncia dói, não é mesmo? Mas faz parte do preço do
discipulado. Jesus diz: “Ame-me a ponto de renunciar a qualquer
coisa que eu não quiser para você.” Mas nós nos amamos, e
gostamos de satisfazer nossos anseios.

Renunciar a seus direitos


Isso nos leva ao terceiro preço do discipulado: abdicar de
todos os direitos relativos a cada aspecto da vida. Este é um
estágio mais adiantado do conceito de autonegação.
Jesus nos apresenta duas ilustrações do que ele quer dizer
em Lucas 14.28-32. A primeira é de um construtor que tem de
calcular o custo do seu projeto (v. 28-30). Nenhum construtor
deseja colocar os fundamentos de seu edifício e em seguida
descobrir que subestimou os custos de tal forma que precisa
parar de construir.
Jesus está dizendo que ser discípulo dele implica algum
planejamento, alguns cálculos de sua parte. Você tem de planejar
para seguir a Jesus. Eu poderia pregar sobre discipulado em
minha igreja, e alguém poderia dizer: “Amém, Pastor. Estou
com o senhor. Estou entusiasmado com a questão de ser
discípulo”.
Mas Jesus diz: “Espere um pouco. Pegue a sua calculadora
espiritual. Some os custos. Certifique-se de que você entende o
que está dizendo. Certifique-se de que você tem o capital
espiritual de que precisa para concluir, e não só para iniciar.
Avalie se há alguma coisa em sua vida que o impeça de ser
meu discípulo.”
A segunda ilustração do Senhor é de um rei que está a
caminho de lutar contra outro rei (v. 31,32). Se o rei que está a
caminho leva com ele dez mil soldados e o outro rei tem vinte
mil, o primeiro rei é esperto e pára a fim de considerar se essa
batalha é uma boa idéia. Se ele chega ã conclusão de que vai
ser arrasado, envia uma delegação para negociar a paz. Ele diz:
“Vamos fazer um acordo.”
A questão é que não existe neutralidade. O rei tem de
lutar ou fazer um acordo. Ele não pode simplesmente ficar
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olhando para o nada, à espera de que o seu exército seja
dizimado.
Se você é crente, Satanás está atrás de você quer decida ou
não tornar-se um discípulo. Satanás vai jogar o exército dele
contra você não importa o que você faça, porque nós estamos
em guerra. Considerando isto, é melhor tomar uma decisão.
Olhe antes de dar o salto — mas depois de olhar, certifique-se
de que vai pular.
Nos versículos de 33 a 35, Jesus levanta a questão do
preço de ser seu discípulo. Ele não pode realmente utilizar
pessoas que não estejam prontas a am á-lo de maneira
suprema, que não estejam prontas a carregar a sua cruz
diariamente, que tenham avaliado o preço e tenham dito
“não, obrigado”, que não estejam prontas a desistir de tudo
em favor dele (v. 33)-
Pessoas como essas são “sal sem sabor”. Elas estão no reino,
mas nada acrescentam ao programa e ao plano de Deus.
Uma vez que você tenha decidido seguir a Cristo a
qualquer preço, descobrirá o outro lado do discipulado, que
é a recompensa de ser discípulo de Jesus. Vamos falar acerca
disso no final deste capítulo e nas quatro seções principais
do livro.
Mas antes de começar a contabilizar as recompensas, você
precisa somar os custos. Jesus não quer que você comece
com ele e, depois, volte atrás, abandone o barco, ou desista
da batalha.

A marca do discipulado

No cenáculo, na noite antes da crucificação, Jesus disse estas


palavras muito familiares:
Novo mandamento vos dou: Amai-vos uns aos outros. Como
eu vos amei a vós, assim também deveis amar uns aos outros
(Jo 13.34,35).

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Jesus estabeleceu um relacionamento permanente entre ser
discípulo dele e o amor. O amor é a marca, a etiqueta de iden­
tificação de um discípulo assim como o distintivo do policial
serve para a identificação deste.
A Bíblia diz duas coisas básicas sobre o amor. Primeiro,
devemos amar a Deus de todo o nosso coração, alma e forças
(Dt 6.5; Mt 22.37). Não importa se você utiliza a mente, o
corpo, ou o ser interior, o amor a Deus deve ser prioridade
absoluta.
O segundo fato bíblico básico acerca do amor é que somos
ensinados a amar nosso próximo como a nós mesmos (Lv 19-18;
Mt 22-39)- De acordo com Jesus, estes dois conceitos são tão
abrangentes que as Escrituras estão apoiadas neles (Mt 22.40).
Se você puder cumprir estas duas ordens, terá cumprido
condensadamente a Bíblia toda.

Ordem para amar


O amor bíblico é um sentimento ordenado por Deus. Isto é
muito importante. Sendo o amor bíblico uma ordem, significa
que temos capacidade de amar quando não sentimos vontade,
e mesmo quando for incômodo.
O amor que nos distingue como discípulos de Jesus é o
amor ágape, que implica servir os outros ainda que seja às
minhas próprias custas. O amor bíblico significa que farei a
vontade de Deus para você, quer você mereça ou não, e quer
eu sinta vontade ou não.
O amor no discipulado é mais uma ordem do que um
sentimento. Certamente pode incluir nossos sentimentos, e com
freqüência inclui. Somos capazes de amar pessoas das quais
nem mesmo gostamos porque recebemos ordem de amá-las.
Talvez elas não sejam as pessoas que escolheríamos para o
jantar dos nossos sonh os, mas podem os atend er suas
necessidades quando as conhecemos, pois um discípulo ama
como ato de obediência a Cristo.
Sabe por que tantos de nós, crentes, estamos sofrendo em
nossos relacionamentos? Porque adotamos a maneira do mundo
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de reagir. Em vez de agirmos sob o comando e conforme u
vontade de Deus, agimos de acordo com nossa própria vontade.
Portanto um mau relacionamento nos causa insônia, úlceras e
dores-de-cabeça.
Não podemos tirar da cabeça a pessoa que não suportamos
porque nos recusamos a reagir em obediência. Mas se amarmos
a pessoa e buscarmos o melhor para ela, não nos importa o
custo, vamos descobrir que o fardo dos maus sentimentos
desaparecerão. O amor bíblico proporciona uma grande
liberdade.

Um amor novo
Em João 13 .34, Jesus chamou de um “novo” mandamento
essa ordem para amar. Uma vez que sabemos que o Antigo
Testamento nos ordena que amemos os outros, em que sentido
o mandamento de Jesus é novo? O que há de novo sobre o
amor dos seus discípulos?
Primeiro, ele é novo quanto ao propósito. O propósito do
amor do crente é dar testemunho diante do mundo. No Antigo
Testamento, todo o sistema de sacrifícios de Israel devia ser um
testemunho do verdadeiro Deus diante do mundo. Mas agora,
nós, os crentes, somos instruídos no sentido de que o nosso
amor deve ser o nosso testemunho diante do mundo.
Segundo, este amor é novo no que se refere à identidade.
No Antigo Testamento, a pessoa se identificava como verdadeiro
israelita circuncidando-se. No tempo do Novo Testamento, as
pessoas eram batizadas por João Batista para mostrar que eram
discípulos de João e de Deus.
Mas Jesus diz que esses critérios exteriores já não representam
as características definidoras (embora o batismo do Novo
Testamento ainda seja um sinal de obediência a Cristo). A nova
marca identificadora do discípulo é o amor ágape. Provavelmente
você conhece muitas pessoas que amam de forma condicional.
Mas com certeza você não conhece um grande número de
pessoas que amam mesmo não sendo amadas. Este tipo de
amor é o sinal do verdadeiro discípulo.
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Terceiro, esse amor de que Jesus está falando é novo no que
se refere à intensidade. “Ninguém tem maior amor do que este,
de dar alguém a própria vida pelos seus amigos” ( J o 15.13). Os
discípulos devem ter um amor mútuo tão intenso que estariam
prontos a dar a vida uns pelos outros. É amor no mais alto nível.
Quarto, esse amor é novo no que se refere ao poder. É
fornecido por meio de uma capacitação sobrenatural do Espírito
Santo. “O amor de Deus está derramado em nossos corações
pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5.5).
Agora você está pensando, Tony, eu n ão consigo a m a r assim.
Você está absolutamente certo! Eu também não. É preciso a
atuação sobrenatural do Espírito Santo em nossa vida para
podermos amar assim.
Quinto, esse amor é novo no que se refere ao seu resultado.
Ele determina quão próximos estamos de Deus. João escreveu
anos depois:

E nisto sabemos que o conhecemos [a Deus]: se guardamos os


seus mandamentos. Aquele que diz: Eu o conheço, e não guarda
os seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a verdade
[...] Aquele que diz que está na luz, e odeia a seu irmão, até
agora está nas trevas. Aquele que ama a seu irmão permanece
na luz, e nele não há nenhum tropeço. Mas aquele que odeia a
seu irmão está nas trevas, e anda nas trevas; não sabe para onde
vai, porque as trevas lhe cegaram os olhos (IJo 2.3,4,9-11).

Se você se recusar a obedecer ao “novo mandamento” de


Jesus de amar uns aos outros. Deus vai mantê-lo cego de modo
que você não saberá para onde está caminhando na sua vida.

Imitação do amor de Cristo


Nós estamos falando sobre imitar o amor de Cristo. Ele é o
nosso modelo. Inserida em João 13-34 está a frase-chave: “como
eu vos amei”. Como é o amor de Jesus? Seria preciso outro
livro para descrevê-lo totalmente, mas vamos examinar algumas
características.
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Em primeiro lugar, o amor de Jesus toma iniciativa. João


escreve; “Nós o amamos porque ele nos amou primeiro”
(IJo 4 . 19). Deus não esperou até que fôssemos amáveis para
nos amar. Ele não esperou que lhe pedíssemos. Ele amou
primeiro.
Normalmente, impomos condições para o nosso amor. “Bem,
quando você começar a fazer a sua parte, eu começarei a fazer
a minha”. “Você começa primeiro”. Mas quando imitamos o
amor de Cristo, dizemos: “Mesmo se você nunca corresponder,
eu ainda o amarei”. “Mesmo se você nunca mudar, é isto que
Deus deseja que eu faça por você”. “Mesmo se você nunca me
retribuir. Deus deseja que eu o ame”.
Imitar o amor de Cristo também significa satisfazer as
necessidades que Deus coloca diante de nós. Novamente é
João que explica o que isto envolve:

Quem tiver bens do mundo e, vendo o seu irmão necessitado,


cerrar-lhe o seu coração, como estará nele o amor de Deus?
Meus filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por
obra e em verdade (IJo 3-17,18).

Se amamos, não podemos fechar nosso coração a uma


necessidade à qual Deus nos deu a capacidade de satisfazer. A
razão de possuirm os bens m ateriais é para atender às
necessidades. Paulo nos instruiu a ser “generosos em dar e
prontos a repartir” (ITm 6.18; v. tb. 2Co 9.6,11; Gl 6.10). Os
discípulos estão prontos a ajudar, mesm o se estiverem
necessitando de ajuda. Este amor opera nos dois sentidos.
O amor de Cristo também é punitivo. Ele não ignorar nem
tolera o pecado. A Bíblia diz: “O que retém a vara odeia a seu
filho, mas o que o ama a seu tempo o disciplina” (Pv 13.24).
Por que o amor dá umas palmadas? Porque o amor quer manter
a criança longe do inferno. O amor deseja manter a disciplina
de Deus afastada da criança. Por isso o amor disciplina e
julga.

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Uma testemunha poderosa


Finalmente, nosso amor uns pelos outros tam bém vai
identificar-nos perante o mundo como discípulos de Jesus.
Manteremos um poderoso testemunho público quando amarmos
uns aos outros (Jo 13.35). O que Jesus está fazendo aqui é dar
ao mundo o direito de examinar nossa credibilidade.
Maridos e esposas, as pessoas podem dizer que vocês são
cristãos pela maneira como amam o seu cônjuge? Pais, as pessoas
podem dizer que vocês são cristãos pelo modo como amam
seus filhos?
O amor do qual estamos falando não é simples amor humano
natural. Apenas o Espírito Santo pode produzir em nós um
amor como o de Cristo. Não pode surgir de outra maneira. Os
não -cristãos certam ente podem amar, mas não podem
desenvolver o amor do qual Jesus está falando.
Os não-cristãos deveriam olhar para nós e perguntar: “Como
vocês podem amar assim?”. Esta pergunta deveria ser feita.
Isso significa que o nosso amor deveria ser público, deveria
ser visível. Jesus disse que o mundo deveria se capaz de dizer
que nós pertencemos a Cristo. Mas a única maneira de o mundo
saber disto é por meio do nosso amor, a marca dos discípulos
de Jesus.

A produtividade do discipulado

Uma quarta realidade que eu quero apresentar-lhes acerca


do discipulado é a sua produtividade. A vontade de Deus é
que cada discípulo se torne um colaborador máximo para o
propósito e para o plano de Deus no mundo. Jesus chama a
isto dar frutos. A passagem clássica sobre a produção de fmtos
é João 15.

Iniciativa de Deus
Jesus diz em João 15.1: “Eu sou a videira verdadeira, e meu
Pai é o agricultor”. Como tudo mais no discipulado, Deus inicia
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f
O processo. A produtividade de um discípulo inicia-se e é
estimulada pelo cuidado e pela poda divinos.
Jesus talvez tenha dito isso quando ele e os discípulos
atravessavam o Vale do Cedrom a caminho do Jardim do
Getsêmane. O Vale do Cedrom era conhecido por suas videiras
saborosas. Jesus talvez tivesse apontado para uma daquelas
videiras e dito: “Cavalheiros, esta sou c l i . K u s o u a videira
verdadeira”.
A palavra grega traduzida como “verdadeira” significa “real”.
Jesus está dizendo: “Eu sou a videira real. Qualquer um que se
apresente por aí como a videira é um impostor”.
Jesus é a videira, e é responsabilidade do Pai cuidar da
videira. Deus é o agricultor, Jesus é a videira, e nós somos os
ramos. “Todo ramo em mim que não dá fruto ele o corta, e
todo ramo que produz fruto ele o poda, para que produza
mais fruto” (v. 2). Eu quero guardar a idéia do “podar” para o
final, porque é um con ceito importante. Mas aqui quero
considerar as importantíssimas palavras “em mim”.
Nos livros escritos por João, a frase “em mim” indica um
relacionamento orgânico; isto é, são os verdadeiros crentes
nos diversos estágios de seu desenvolvimento espiritual. A
preocupação de Cristo é levar seus filhos de um simples
relacionamento para uma comunhão íntima com ele através
do processo do discipulado. Por exemplo, o relacionamento
matrimonial não produz necessariamente uma comunhão
íntima. Você pode ter tão-somente assinado um papel. Você
pode estar casado, mas isso não significa que faíscas de amor
estão explodindo em sua sala de estar. O objetivo do casamento
é mais do que relacionamento. É comunhão íntima.
É o que Jesus está dizendo aqui em João 15.2. Observe o
progresso quando esta comunhão íntima se desenvolve. O
discípulo primeiro “dá fruto”, depois “mais fruto” e, então, “muito
fruto” (v. 2,5).
Finalmente, no versículo 16, Jesus diz que sua vontade é
que “o vosso fruto permaneça”. Nossa comunhão íntima com
Cristo deveria produzir fruto duradouro.
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O caráter da árvore
O que mais deveríamos saber acerca da frutificação na vida
espiritual? O fruto reflete o caráter da árvore ou da videira da
qual faz parte. Quando nos aproximamos de uma macieira na
época da colheita, esperamos encontrar maçãs. Se encontramos
a árvore sem frutos, ou se encontramos peras, alguma coisa
está errada.
Macieiras devem produzir maçãs. Pereiras devem produzir
peras. Videiras devem produzir uvas. E os cristãos devem
produzir frutos ã semelhança de Cristo. Nós refletimos o caráter
da videira da qual fazemos parte.

O fruto da árvore
Aqui está outra verdade sobre a fertilidade espiritual. O
propósito de ser frutífero é tal que você pode impulsionar outros
para Cristo. Expressando-me de outra forma, você produz frutos
para que outra pessoa experimente um pedacinho deles e seja
abençoada.

Ramos estéreis
Agora vamos voltar para João 15.2, em que Jesus disse: “Todo
ramo em mim que não dá fruto, ele [Deus, o vinhateiro] o
corta”. Quero lhe dar aqui uma palavra de encorajamento.
Todo vinhateiro fica muito preocupado com videiras
improdutivas. Por favor, observe que esses ramos estão “em
mim”, isto é, em Cristo. Eu creio que eles estão em comunhão
com Cristo, mas ainda não estão produzindo fruto.
Então o que Jesus quer dizer com “cortar”? Esta palavra pode
ser literalmente traduzida como “levantar”. Com freqüência, nas
vinhas do Oriente Médio, alguns ramos da videira ficam caídos
no chão onde não recebem suficiente luz do sol e ainda ficam
cobertos de sujeira.
Em suas visitas diárias, o vinhateiro procura esses ramos e
os “escora”, amarrando-os a uma estaca ou vara. Isso impede
que os ramos toquem o chão e corram o risco de ser sufocados,
imposibilitando a frutificação. Ao levantar, portanto, os ramos
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para que o máximo de luz solar os atinja, inicia-se o processo
de produção do fruto.
Jesus escora todo ramo em comunhão com ele que jaz no
chão, para que possa produzir fruto. Como Deus ergue esses
ramos? Um dos m eios é en corajan d o-os. Deus faz isto
especialmente com os novos cristãos. Um crente recém-convertido
pode estar enfrentando um problema insolúvel. Deus então
providencia uma saída. Deus vem e liberta esse cristão. Ele
responde a oração de uma maneira tão espantosa que o crente
vê-se dizendo: “Obrigado, Jesus”.
Coisas como essas podem dar início à produção de fruto
porque a Bíblia diz que o louvor de nossos lábios é fruto
produzido por Deus (Hb 13.15). Isto faz parte do processo de
“escoramento” que estimula a produção de fruto.
Assim inicia-se o processo. Mas é quando o discípulo começa
a dar fruto que Deus realmente inicia a obra. Ele começa a
podar-nos para que produzamos “mais fruto”.
Deus não fica satisfeito com a falta de frutos. Mas também
não fica satisfeito com pouco fruto. Quando você sai da
improdutividade e passa a produzir algum fruto. Deus diz: “Eu
quero ver mais frutos”. Então ele começa a podan A poda
consiste em aparar os rebentos de um ramo, os quais sugam a
vida que deveria ir para o ramo.
No cultivo das videiras, esses rebentos são chamados,
apropriadamente, de “ladrões”. São brotinhos que aparecem
na ligação da videira com o ramo e que chupam a seiva vital da
videira, seiva essa que se destina aos ramos. Se os ladrões não
forem podados, o ramo ficará desnutrido, já que não recebe da
videira os nutrientes necessários. Por isso o agricultor poda
esses brotos. Acaba com eles.
Caso você não saiba, a poda dói — assim como a autonegação.
Toda vez que Deus inicia a poda em sua vida, vai doer um
pouquinho. Mas quando você entender que a poda visa à
produção de mais fruto, você conseguirá agüentar a dor. Deus
não poda seus ramos, seus discípulos, para impedir que cresçam.
Ele os poda para que sejam mais produtivos do que nunca.
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A recompensa do discipulado

Este é o quinto e último ponto que quero destacar sobre o


discipulado. O chamado para o discipulado é uma prioridade
cara, mas produz uma grande recompensa:

Quem vos recebe, a mim me recebe, e quem me recebe, recebe


aquele que me enviou. Quem recebe um profeta na qualidade
de profeta, receberá galardão de profeta, e quem recebe um
justo na qualidade de justo, receberá galardão de justo. E quem
der a beber ainda que seja um copo d’água fria a um destes
pequeninos, por ser meu discípulo, em verdade vos digo que
de modo algum perderá o seu galardão (Mt 10.40,42).

Há uma grande recompensa em ser discípulo de Jesus. Não


existe nenhuma recompensa em apenas ser membro de igreja.
Um dia, Pedro observou Jesus recusar o pedido de um homem
rico que dizia desejar juntar-se aos discípulos, mas sem abrir
mão de suas propriedades. Então Pedro viu Jesus voltar-se para
os discípulos e dizer: “Quão dificilmente entrarão no reino de
Deus os que têm riquezas!” (Mc 10.23).
Então Pedro disse: “Espera um pouco, Jesus! Tu nos pediste
para fazer uma porção de coisas. Tu nos pediste para deixarmos
mãe e pai, irmãos e irmãs. Nós abandonamos nossa pescaria
por ti. O que vamos receber em troca?” (v. 28, paráfrase do
autor). Jesus respondeu nos versículos 29,30:

Em verdade vos digo que ninguém há, que tenha deixado casa,
ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou mulher, ou filhos, ou
campos, por amor de mim e do evangelho, que não receba
cem vezes tanto, já no presente, em casas, irmãos, irmãs, mães,
filhos e campos, com perseguições, e no mundo por vir a vida
eterna.

O que Jesus está dizendo é que se sua mãe o rejeita porque


você está seguindo a Cristo, Deus vai lhe dar novas mães no
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corpo de Cristo. Se o seu pai se afastou de você, Deus vai lhe
dar novos pais no reino.
Deus não deve nada a ninguém. Se você lhe der tudo o que
é seu, ele lhe dará tudo o que é dele. Um dos motivos por que
muitos de nós parecem ter tão pouco de Deus é que ele tem
muito pouco de nós — talvez algumas horas no domingo de
manhã, e é só.
Não existem atalhos para o discipulado. É difícil e custoso.
Mas as recornpensas são incríveis, tanto nesta vida como na
próxima! Você está preparado para ir? Vamos em frente!

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Os quatí^
imperativ^ps
em ação

Eu gosto de pipocas feitas no microondas, particularmente


quando assisto a um bom filme ou jogo de futebol. É interessante
observar a completa transformação das sementes duras e inteiras
em petiscos macios e gostosos. Essa metamorfose ocorre porque
o calor das microondas aquece a umidade dentro de cada grão
de milho até que a transforma em vapor. Nesse momento, a
pressão cresce tanto que a casca já não consegue conter a
umidade e ocorre a explosão. O que antes era não-comestível
e indigesto agora é bastante saboroso, comestível e digerível.
O importante aqui é o ambiente. Quando as microondas
trabalham adequadamente, os grãos de milho são transformados.
O que as microondas são para a pipoca, a igreja local é para
o cristão. A igreja local é o contexto e o ambiente que Deus
criou para transformar cristãos em discípulos de Cristo, razão
por que fomos criados e remidos. Uma vez que todos os
verdadeiros crentes possuem o Espírito Santo, já temos a
umidade interna necessária ao processo de transformação.
Se a transformação não acontecer, podemos concluir que as
sementes não estão no ambiente adequado, nem preparadas
para a transformação, ou as microondas da igreja não estão
funcionando apropriamente, nem produzindo o calor necessário
para que a pressão do Espírito Santo faça o crente “estourar”
em uma coisa diferente. De que outro modo poderíamos explicar
a existência, hoje, de tantos cristãos derrotados, sem alegria,
sem poder, irados, amargos, vazios?

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Eu creio que falha da igreja em produzir discípulos é a razão
principal do fracasso de tantas igrejas. Essa deficiência provocou
o surgimento da psicologia popular secularizada contemporânea
com um verniz cristão, que cobra preços exorbitantes para fazer
o que a igreja deveria estar fornecendo como resultado natural
de seu ministério. Esta tese certamente não isenta os crentes
individuais de sua responsabilidade pessoal de seguir a Cristo
pelo caminho do discipulado.
Reconhecemos, no entanto, que além da responsabilidade
pessoal Deus criou um contexto para que esse processo ocorra.
Assim como as microondas que não funcionam são de pouca
utilidade para os grãos de milho, as igrejas que não produzem
“calor” suficiente e não atuam adequadamente não terão muito
sucesso na produção de discípulos, autênticos seguidores de
Cristo.
Eu acho que o caminho para o discipulado não é nem de
perto tão complexo como o fazemos. Creio que a igreja que
oferecer as quatro experiências vitais que Deus espera que cada
cristão busque e que cada igreja forneça experimentará a alegria
de conduzir seus membros ã vida do discipulado e ainda os
ajudará a se tornarem autênticos seguidores de Cristo.
Poucas pessoas discordariam que a maior igreja da história
foi a igreja primitiva, a igreja dejerusalém dos primeiros capítulos
de Atos. Essa igreja estava pegando fogo, revestida pelo Espírito
Santo, explodindo no cenário do Dia de Pentecostes.
Um dos motivos por que essa igreja era tão dinâmica deve-se
ao fato de ela ter começado de maneira grandiosa. Jesus disse
aos discípulos em Atos 1.8: “Não organizem igrejas até que o
Espírito Santo apareça” (paráfrase do autor). Eles lhe obedeceram,
e o Espírito apareceu no Pentecostes com grande poder.
Atos 2 mostra que essa igreja começou a crescer no momento
em que passou a viver a realidade de seus membros tornarem­
se discípulos de Jesus. Isso foi possível por causa das quatro
e x p e riê n c ia s vitais in sp irad as p elo E sp írito, que são
fundamentais para aqueles que pretendem seguir a Cristo no
discipulado.
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Você já sabe que o testemunho do crente é um dos quatro
imperativos para os discípulos de Cristo. Não é necessariamente
a primeira coisa que o Espírito cultiva na vida do discípulo,
pois não creio que exista uma hierarquia entre essas quatro
experiências essenciais do discipulado. Em vez disso, elas
precisam operar simultaneamente em nossas vidas enquanto
crescemos e nos desenvolvemos.
Já que o testemunho é o primeiro desses quatros imperativos
que aparecem em Atos 2, vamos considerá-lo em primeiro lugar.
Nas quatros seções seguintes, ao tratar detalhadamente de cada
uma dessas necessidades, você verá que a ordem entre elas foi
alterada.

Testemunho dinâmico

Quando o Espírito Santo desceu no Pentecostes para fazer


nascer a igreja em Atos 2, aconteceram algumas coisas. Uma
delas foi que a igreja (especialmente Pedro) levantou-se para
dar um testemunho cristão dinâmico e ousado.

Ousadia para testemunhar


O evento mais claro do testemunho da igreja em Atos 2 foi
o grande sermão de Pedro no Pentecostes. Este é o mesmo
Pedro que pouco tempo antes — quando o mestre fora
condenado diante do sumo sacerdota — estivera assutado
demais para admitir que conhecia Jesus.
“Nem conheço esse homem”, Pedro tinha dito quando da
prisão e crucificação de Jesus (v. Lc 22.57). Mas quando o Espírito
assumiu a liderança no Dia de Pentecostes, Pedro estava pronto
para se colocar de pé e ousadamente proclamar Jesus. De
repente, o assustado Pedro se tornou o destemido Pedro.
Qual foi a diferença? O Espírito de Deus. O Espírito Santo
assumiu o controle sobre Pedro. O apóstolo estava prestes a
decolar em sua vida espiritual. Ele ia experimentar coisas que
jamais sentira antes porque agora seria uma testemunha fiel de
Jesus Cristo.
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Uma das coisas que você deve pedir a Deus — se quiser
crescer com o cristão — é que ele o ajude a testemunhar.
Você diZ: “Mas eu não sou ousado, sou inibido. Sou uma
pessoa retraída”. Bem, o fato é que a maioria de nós só é
retraída quando quer. Conheci muitas pessoas “retraídas” que
se tornavam extrovertidas e desinibidas quando seu time
predileto entrava em campo. Em outras palavras, quando
algo estimulante ocorre em sua vida, você consegue expressá-
lo naturalmente.
Um dos motivos que leva muitos cristãos a não falarem de
Cristo aos outros é porque perderam o entusiasmo acerca de
Cristo. Quando Jesus for emocionante para você, não conseguirá
guardá-lo para si mesmo. Quando algo estimulante ocorre
internamente, você quer expressá-lo externamente.
Se você é uma pessoa reservada, se você acha difícil falar de
Cristo com os outros, leia Atos 4. As autoridades judaicas haviam
ordenado aos apóstolos que parassem de pregar e ensinar acerca
de Jesus, apoiando as ordens com ameaças (v. 18-21). Os dis­
cípulos dirigiram-se então para a igreja e contaram exatamente
o que as au torid ad es lh es d isseram . A ig reja p ô s-se
imediatamente a orar, lembrando a Deus o seu poder e o fato
de que tudo isso acontecia em virtude de seu plano predeter­
minado (v. 23-28).
Observe o pedido de oração da igreja no versículo 29: “Agora,
ó Senhor, olha para as suas ameaças, e concede aos teus servos
que falem com toda a ousadia a tua palavra”.
Essa é uma oração que você também pode fazer. Peça a
Deus que lhe dê ousadia para que você se intimide diante
deste mundo que rejeita a Cristo, porque há pessoas ao seu
redor esperando para ouvir as boas novas que você ouviu.
Você é o tradutor de Deus para levá-las até elas.

Os resultados do testemunho
Se você vai seguir a Cristo como seu discípulo, tem de ser
uma testemunha. Os crentes que estavam no cenáculo e que
receberam o Espírito no Pentecostes tornaram-se testemunhas.
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O resultado desse testemunho e do sermão de Pedro naquele
dia especial foi o acréscimo de quase três mil novos crentes ao
corpo de Cristo.
Isso é testemunho! E por favor observe que estas quase três
mil pessoas não vieram por causa de um programa evangelístico.
Elas vieram porque o povo de Deus sentia-se estimulado pela
presença do Espírito Santo. Estava entusiasmado com Jesus, e
esse entusiasmo explodiu em uma grande campanha evange­
lística em que muitas pessoas foram salvas.
O testemunho deles também foi além das palavras. “Em cada
alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais eram feitos pelos
apóstolos” (At 2.43). Além de testemunhar em palavras através
de seus discípulos, Deus também testemunhou através de ações.
Os discípulos demonstraram a veracidade e a autenticidade do
evangelho por meio de seu trabalho.
Em outras palavras, além de uma mensagem a ser ouvida,
havia também o poder de Deus para ser visto. Eu e você não
podemos operar milagres por nós mesmos, mas podemos
mostrar o poder de Deus. Talvez por isso muitos de nós, crentes,
ficamos calados acerca de Cristo. Não temos poder verdadeiro
para mostrar. Nada aconteceu em nossas vidas.
Naqueles primeiros dias da igreja em Jerusalém, um forte
testemunho espalhou-se, tanto em palavras como em obras.
Havia tal dinamismo, que pessoas eram salvas todos os dias
(v. 47). O Espírito de Deus encheu de tal maneira o povo de
Deus que não conseguiam guardar a fé apenas para eles. O
resultado foi salvação de não-crentes todos os dias.
Isto deveria estar acontecendo em nossas igrejas se nos
espalhássemos semanalmente para testemunhar de Cristo em
todo lugar, mas deixe-me perguntar-lhe: Qual foi a última
pessoa a quem você falou de Jesus Cristo? Se não consegue se
lembrar, você precisa refletir se seu crescim ento, com o
discípulo, está ocorrendo como deveria. Testemunhar de Cristo
é, portanto, uma das características da pessoa que deseja seguir
a Jesus, e é também uma necessidade absoluta para ser
discípulo dele.
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Crescendo na palavra

Junto com o seu testemunho dinâmico, os crentes da igreja


primitiva estavam crescendo no conhecimento da Palavra de
Deus. Em Atos 2.42 lemos: “E perseveravam na doutrina dos
apóstolos”. Com que freqüência estamos fazendo isto? Esta
passagem diz que isso ocorria “todos os dias” (v. 46), assim
como todos os dias pessoas estavam sendo salvas.

Desejando a Palavra
Isto é o que poderíamos chamar de educação do discípulo.
É o processo pelo qual a Palavra de Deus sai do papel e entra
em nossos corações e em nossas vidas. Para o espírito de um
discípulo de Jesus Cristo, a Palavra de Deus é tão necessária e
desejável quanto o alimento é para o corpo. Ao contrário do
que ocorre com o alimento físico, uma pessoa não pode receber
excesso de alimento espiritual.
Na verdade, quando se trata de alimento espiritual, alguns
perdem peso rapidamente. Alguns estão perdendo o peso que
não poderiam perder. Outros tornam-se magros demais. Por
quê? Porque não estamos recebendo alimento.
A Palavra de Deus destina-se a nutrir o crente. São as
Escrituras que nos capacitam a viver a vida cristã. Sua mente é
a chave para se tornar um discípulo de Cristo, porque você é ò
que você pensa (Pv 23.7). Se sua mente é confusa, você terá
uma vida confusa. O corpo reflete os processos ideológicos, e
muitos de nós entramos na vida cristã mentalmente deformados,
contaminados por um sistema ímpio.
Nossa mente precisa ser renovada (Rm 12.2). Só então nossa
vida será transformada. Descobri que tentar mudar as atitudes
das pessoas sem alterar seu modo de pensar só funciona
temporariamente, como um remendo.
Se você quer ajustar o que faz, deve primeiro consertar o
que pensa acerca do que faz. A transformação da mente ocorre
através do estudo e da prática da Palavra. Todos nós sabemos
o que é lavagem cerebral. É a repetição de certos dados muitas
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e muitas vezes até que o cérebro os absorva e a pessoa creia
naquilo de todo o coração, passando a agir de acordo com as
informações absorvidas.
Um grande número de crianças é vítima de lavagem cerebral
durante os anos de formação. Se durante algum tempo você
disser a uma criança “Você não é boa. Você não consegue fazer
nada direito. Você nunca chegará a ser alguém”, essa criança
vai desenvolver uma auto-imagem tão deficiente que passará a
acreditar nessas informações negativas.
Tais crianças foram programadas para dizer “Eu não posso”
quando confrontadas com algum desafio. Elas precisam de
reforço mental positivo, de um pouco de lavagem cerebral
positiva. Elas precisam de alguma coisa que altere seu modo
antigo de pensar.
É exatamente isso o que a Palavra de Deus faz. Muitos de
nós temos hábitos em nossas vidas dos quais gostaríamos de
nos libertar. Mas dizemos “Não posso” porque sofremos uma
lavagem cerebral nesse sentido, O inimigo trabalha para nos
fazer crer que nunca teremos vitória nessa área.
A Palavra de Deus pode, no entanto, mudar isso, se nos
alimentarmos dela tão regularmente como alimentamos os nossos
corpos. Os crentes em Atos 2 dedicavam-se ã doutrina, ou seja,
ao que os apóstolos lhes ensinavam. Eram as Escrituras de primeira
mão. O Novo Testamento ainda não tinha sido escrito e concluído.
Por isso a doutrina dos apóstolos era a Palavra de Deus autorizada.

Apagando velhas gravações


Se você vai se tornar um discípulo, precisa ter uma
experiência dinâmica com a Palavra de Deus. O Senhor tem de
começar a suprimir as velhas gravações em sua mente, as velhas
maneiras de pensar. Uma das maneiras de apagar antigas
gravações é gravar por cima delas material novo. Os dados que
Deus deseja gravar em seu coração e mente são as leis e os
mandamentos dele. Por isso memorizar porções da Bíblia é um
instrumento de ensino tão poderoso. Aqueles versículos ficam
armazenados em seu banco de memória.
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/
-■V-

Quando se trata de nossa educação espiritual, temos um


Mestre divino. A obra do Espírito Santo é revelar a Palavra a
você. Jesus disse que o Espírito nos faria lembrar todas as coisas
que ele nos ensinou (Jo 14.26).
Paulo nos dá uma palavra poderosa acerca de como vencer
o diabo e suas tentativas para destruir nossas vidas espirituais;

Pois embora andando na carne, não militamos segundo a carne.


As armas da nossa milícia não são carnais, mas sim poderosas
em Deus, para destruição das fortalezas. Derrubamos
raciocínios e toda altivez que se levante contra o conhecimento
de Deus, e levamos cativo todo pensamento à obediência de
Cristo (2Co 10.3,5).

Observe as palavras e frases que Paulo utiliza aqui. Satanás


tenta criar especulações e outras coisas “contra o conhecimento
de Deus”. Qual é a melhor defesa contra a tentativa de Satanás de
sujeitar seu processo dedutivo? É “levar cativo todo pensamento”
a Cristo. Aprisione seu pensamento no conhecimento de Deus. Tal
conhecimento encontra-se apenas na Palavra de Deus!
Isso é decisivo porque no momento em que você começa a
pensar de acordo com os padrões do mundo e de toda gente,
lhe sobrevirão os pensamentos derrotistas. Muitos crentes estão
sendo derrotados por causa da m aneira com o pensam.
Permitiram que Satanás e o mundo, e não Cristo, capturassem
o seu pensamento.
Houve um tempo em que as pessoas aprendiam na escola a
pensar direito, caso isso não tivesse sendo ensinado em casa.
Se não aprendessem na escola, mais do que provavelmente
aprenderiam na igreja. Hoje, as pessoas têm sorte se conseguem
aprender pelo menos em um desses lugares.
O que aconteceu? O conhecimento de Deus foi sistema­
ticamente removido da cultura. Deus agora foi empurrado para
a periferia da cidade, não está mais no centro. Isto significa que
se você quiser atingir a maturidade ccmo discípulo de Jesus
Cristo, terá de fazer um esforço consciente de participar de sua
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Palavra. Você não vai conseguir muita ajuda ou incentivo da
cultura, se é que vai receber alguma ajuda.

Obedecendo a Cristo
Paulo diz que o objetivo de levar cativos nossos pensamentos
é podermos ser obedientes a Cristo. Você precisa conhecer a
Palavra de Deus para que possa viver a Palavra de Deus. Você
não estuda nem aprende a Bíblia para ser aprovado em testes.
É apenas aplicando a Palavra que ela se torna parte de sua
experiência.
Você pode estudar o manual de trânsito o dia inteiro, mas
isso não fará de você um bom motorista. Você precisa saber o
que há no manual, mas para aprender a dirigir terá de entrar
no carro com um instrutor e praticar.
Jesus disse na Grande Comissão que devemos fazer discípulos
indo, ensinando e batizando. Ensinando o quê? “A guardar” —
fazer — “todas as coisas que eu vos tenho mandado” (Mt 28.20).
Portanto, sempre que eu e você abrimos o Livro, nossa oração
deveria ser: “Senhor, mostra-me o que tu queres que eu faça”.
Todos os domingos quando você vem à igreja, sua oração
deveria ser: “Senhor, abre tua Palavra e fala a mim”.

Desenvolvendo o desejo
Quando os dois discípulos desanimados estavam a caminho
de casa, em Emaús, naquela primeira Páscoa, Jesus Cristo
ressuscitado juntou-se a eles na estrada e lhes ensinou a respeito
dele mesmo na Palavra (Lc 24.27).
Mais tarde, quando Jesus desapareceu, eles disseram: “Não
ardia em nós o nosso coração quando, pelo caminho, nos falava
e quando nos abria as Escrituras?” (v.32). Então eles se levantaram
e correram de volta a Jerusalém para contar a todos que agora
criam na Ressurreição. Jesus havia mudado o modo de pensar
daqueles homens ensinando-lhes as Escrituras.
Você diz: “Claro, se Jesus viesse e ensinasse em nossa classe
de Escola Dominical no próximo domingo, nossos corações
arderiam. Ficaríamos entusiasmados com a Palavra”.
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Bem, posso lhe dizer duas coisas. Primeiro, isso não vai
acontecer. E segundo, você tem uma coisa ainda melhor! Você
tem o Espírito Santo habitando em você para tornar viva a
Palavra de Deus. Na verdade, ele está ansioso para colocar
fogo em seu coração!
Portanto, se você deseja seguir a Cristo, se você quer que os
imperativos do discipulado se tornem reais em sua vida, você
precisa desenvolver uma fome insaciável pela Palavra de Deus.
Você deve cultivar amor pela Palavra. Se neste momento você
não tem esse amor, essa fome, não finja. Vá ao Senhor e ore
com sinceridade: “Senhor, dá-me gosto pela tua Palavra. Torna-
a mais preciosa e mais valiosa para mim do que o alimento que
eu consumo para manter meu corpo sadio”.
Eu não sou muito amigo dos vegetais, mas como o ex-
presidente George Bush, consegui gostar de brocolis. Ainda
estou lutando com abóboras e quiabos. Ainda não me
especializei a esse ponto. Mas com os brócolis já passei da
aversão para a tolerância. Ainda não consigo amá-los.
Eu sei que preciso comer alguns vegetais, por isso escolhi os
brócolis. Agora, toda vez que como fora, se possível peço brócolis.
Naturalmente, nas primeiras vezes que comi brócolis, precisei
cobri-los com tanto queijo quanto possível para escondê-los e
ajudar a melhorar o gosto. Mas agora já consigo comer brócolis
sem queijo. Adquiri gosto por eles, mas precisei comê-los
repetidas vezes para chegar a esse ponto.
Algo semelhante acontece quando se trata de desenvolver o
gosto pela Bíblia. Você não pode experimentá-la uma vez por
ano e, então, espantar-se por que ela não tem gosto bom. Você
tem de alimentar-se dela dia após dia. É assim que a Bíblia se
torna doce ao seu paladar.
As pessoas abrem suas Bíblias e dizem: “Não compreendo o
que está escrito lá”. Lendo-a apenas uma vez por ano, não é
possível entender. “É difícil demais.” Talvez é porque você não
adquiriu gosto pela Palavra de Deus.
Para adquirir o gosto pelo estudo da Bíblia, você precisa
disciplinar-se para sentar e 1er, quer tenha ou não vontade
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Os QUATRO IMPERATIVOS EM AÇÂO
-w.-,,.—,,,«— .

de fazê-lo. Quanto mais tempo você passar com a Palavra,


mais vai entendê-la. E quanto mais entendê-la, mais desejo
terá de lê-la.
Você sabe que está se tornando um discípulo quando fica
dia após dia na Palavra. Você não fica esperando o domingo
para que alguém o alimente. Você sabe que está amadurecendo
quando aprende a alimentar-se sozinho. Quando a Palavra de
Deus tornar-se preciosa para você, então você estará no
caminho certo.

Comunhão que transforma a vida

A terceira experiência em seguir a Cristo encontra-se lá em


nosso versículo fundamental. Atos 2.42. Junto com a dedicação
à doutrina dos apóstolos, os crentes se dedicavam à comunhão.

Mais do que café com bolinhos


A comunhão bíblica não é apenas café com bolinhos na
Escola Dominical, ou uma refeição no salão de festas. A
comunhão é o compartilhamento de nossas vidas com os outros
crentes. Você nunca chegará à maturidade completa em Jesus
Cristo sozinho. Você não pode se tornar um discípulo de Jesus
Cristo independentemente dos outros.
Por isso a igreja é tão importante. É a “lareira” onde uma
lasca de lenha toca na outra mantendo o fogo. Na verdade, os
crentes da igreja em Jerusalém não partilhavam apenas suas
vidas uns com os outros. Partilhavam também suas propriedades,
socorrendo quaisquer necessidades que surgissem (At 2.44,45).
Isso também faz parte da comunhão.

Mantendo o fogo aceso


Se você está ficando desanimado em sua vida espiritual,
deve aproximar-se dos que estão acesos para que o fogo deles
acenda seu viver. Se você está perdendo o seu fogo espiritual e
se mantém isolado, vai acabar virando cinza.
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Por isso a pergunta que devemos fazer é — estamos ligados
a outros crentes que também desejam permanecer acesos? A
comunhão destina-se a manter o fogo aceso. Na igreja primitiva
não existia um cristão sem igreja. Eles viviam em comunhão
dinâmica uns com os outros.
Precisamos uns dos outros porque os melhores de nós podem
ficar espiritualmente desanimados. Os melhores de nós às vezes
querem desistir da luta. Os melhores de nós às vezes caem de
cara no chão. “Aquele, pois, que pensa estar em pé, cuida para
que não caia” (IC o 10.12), porque podemos cair ali, logo ao
dobrar a esquina.
Nós precisamos manter um relacionamento vivo com outros
santos que podem nos animar. Mas não é bem isso o que
fazemos. Trocamos comunhão por entretenimento. Observe,
quando você está sendo entretido, não precisa fazer nada.
Apenas fica sentado e deixa que alguém o divirta.
Os relacionamentos são difíceis. Exigem trabalho. O entre­
tenimento é fácil. Tudo o que você precisa é de uma poltrona
e de um controle remoto. Por isso é que tantos indivíduos e
famílias estão se escondendo diante de uma televisão, a grande
assassina dos relacionamentos.
Eu acho que a televisão é o maior impedimento para a
edificação dos relacionamentos dinâmicos, porque absorve
muito tempo. Famílias inteiras nunca conversam entre si porque
cada um está em um quarto assistindo a um programa diferente.
Pelo menos antigamente havia uma única televisão e todos
assistiam à programação na mesma sala. Mas agora temos
televisores por toda parte, e os membros da família não ficam
sequer no mesmo recinto.
É o que acontece com a família da igreja, também. A comunhão
simplesmente não acontece. Você precisa planejar a comunhão,
separar tempo para cultivar amizades com outros crentes.

Focalizando Cristo
Aqui temos mais alguma coisa sobre a comunhão bíblica. A
comunhão não é comunhão se Jesus Cristo não faz parte da
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conversa. Se você me convida para assistir a um jogo de futebol
e tudo o que fazemos é assistir ao jogo e comer, não temos
comunhão. A comunhão sempre se destina a incentivar uns
aos outros à espiritualidade, a edificar uns aos outros na fé. A
verdadeira comunhão sempre tem um objetivo espiritual.
Isto não significa que o alimento não possa estar envolvido.
Atos 2.46 deixa claro que havia muitas refeições de confrater­
nização no início da igreja. Teremos uma grande refeição de
celebração e confraternização no céu (Ap 19.9).
A questão aqui, no entanto, não é simplesmente reunir-se e
comer, e chamar a isso comunhão. A refeição apenas apresenta
um contexto natural para isso. O que acontece e o que
conversamos quando estamos reunidos é o que importa.
Deveríamos ter um período de comunhão fortalecedora e de
encorajamento da fé.
Nos tempos da escravidão, o domingo era um dia muito
importante. Era o dia em que os escravos não tinham de
trabalhar. Mas o mais importante é que podiam se reunir para
adorar, e então dedicar a maior parte do dia à comunhão. Uma
irmã trazia salada de batatas, outra, frango frito e outra ainda,
milho. Reunidos, eles desfrutavam de uma refeição.
Essa comunhão dominical era muito importante para os
escravos porque todos tinham de voltar a trabalhar na segunda-
feira, que era um dia penoso, angustiante e difícil. Por isso o
reforço do domingo era essencial.
À medida que ficamos mais ricos e mais independentes, no
entanto, perdemos a necessidade que tínhamos uns dos outros.
A comunhão na Bíblia serve para nos mostrar que precisamos
dos outros crentes. Você não pode ficar sozinho. Nem eu.

Adoração dinâmica

o quarto imperativo no seguir a Cristo é a adoração.


Novamente em Atos 2.42, os crentes dedicavam-se “no partir
do pão (celebrando a ceia do Senhor) e nas orações”. No
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versículo 46 vemos que eles iam ao templo todos os dias, e o
faziam “louvando a Deus” continuamente (v. 47).

Nossa fornalha espiritual


A adoração é a fornalha da vida espiritual. É basicamente a
celebração de Deus pelo que ele é e pelo que tem feito. Deus
é o ponto central da adoração. Portanto, conforme aprende­
remos na próxima seção, o ponto a ser considerado aqui não é
necessariamente o que você recebe da adoração. O mais
importante é o que Deus recebe dela. A adoração não se inicia
com o que Deus fez por você hoje. Começa com o que você
fez por ele.
Louvar, adorar e celebrar a Deus pelo que ele é e tem feito
é a maneira de chamar a atenção de Deus. Ele responde ã
nossa adoração. Na verdade, vamos constatar que Deus nos
convida a adorá-lo. Ele tomou a iniciativa. Você ficará surpreso
pela maneira como o Espírito de Deus vai incendiar sua vida
cristã quando a adoração se tornar não um acontecimento,
mas uma experiência; não um programa, mas um modo de
vida. Isso inclui a adoração pública e particular, porque ambas
são essenciais para os discípulos de Jesus Cristo que estão em
desenvolvimento.

Um motivo para adorar


Muitos de nós querem desistir quando alguma coisa dá
errado. Mas nossos antepassados não desistiam quando seu
mundo desabava. Por quê? Porque muitos deles tinham o que
nós não temos, um estilo de vida de adoração.
Não importa o que esteja errado em sua vida, sempre há um
motivo para adorar, para louvar a Deus. Não me entenda mal.
Louvar a Deus não significa que você esteja negando seu
problema. Se está lá, está lá. Mas o que Paulo diz? “Não andeis
ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e pela
súplica, com ações de graças, sejam as vossas petições
conhecidas diante de Deus” (Fp 4.6). Se você quiser o poder
de Deus em seu viver, então a adoração deve fazer parte de sua
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vida diária; celebrar a Deus, exultar nele pelo que ele é e pelo
que ele tem feito.

O resultado dos imperativos

o que acontece quando você se torna um tipo de cristão


que dá testemunho, que aprende a Palavra, que tem comunhão
e que adora? Se estas quatro experiências fazem parte de sua
vida cristã normal, garanto-lhe que você vai progredir em seu
discipulado. O crente que está falhando em uma ou mais dessas
áreas deve tomar cuidado.
Quando um cristão não aparece regularmente para a
adoração, alguma coisa não vai bem em sua vida. Quando ele
não sente desejo de estar com outros cristãos, ou negligencia a
Palavra e silencia acerca de Jesus Cristo semana após semana,
alguma coisa está errada.
Quando, porém, nos submetemos ao Espírito de Deus para
que ele possa cultivar essas coisas em nós, nossa vida é
estimulada. Naqueles crentes da igreja primitiva essas quatro
necessidades estavam fortemente presentes. Em virtude disso,
pelo menos duas coisas aconteciam. Tinham poder espiritual e
viam resultados espirituais.
Atos 2.43 diz: “Em cada alma havia temor”. Essas pessoas
estavam maravilhadas diante da obra que Deus realizava no meio
delas. Isso não significa que todas elas operavam milagres. Os
apóstolos realizavam os milagres, mas todas estavam admiradas.
Todas sentiam que Deus estava operando de maneira poderosa.
Quais foram os resultados? Nós já lemos em Atos 2.44,45,
que o egoísmo estava sendo deixado de lado. Eles começaram a
se preocupar uns com os outros. Começaram a repartir uns
com os outros. Então, no versículo 47, vemos que as pessoas
estavam sendo salvas todos os dias como resultado desse
ministério dinâmico da igreja.
Quero ressaltar novamente que nada disto ocorreu como
resultado de um programa. Foram conseqüências da propagação
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de sua experiência com Deus. As coisas aconteciam tão depressa
que não havia tempo para desenvolver programas. Eu não me
oponho a programas. Mas eles nunca podem substituir a
experiência do Espírito.
Minha responsabilidade e visão para a nossa igreja em Dal­
las é que avancemos mais na experiência com Deus em vez de
fazer programas para ele. A igreja é como um casamento.
Você não pode simplesmente programá-lo e achar que vai
encontrar a felicidade. Você e seu cônjuge podem sair juntos
toda sexta-feira, mas sem alguma interação dinâmica entre
vocês só podem programar-se para o tédio.
Podemos estruturar a igreja de forma tão meticulosa que
nem mesmo o Espírito de Deus poderá achar uma brecha no
programa para penetrar nele. Meu desejo para você, enquanto
passa pelas quatro seções deste livro, é que não se utilize
dos quatro imperativos do processo do discipulado de Deus
apenas como uma fórmula. Misturando isto e aquilo, colocan­
do uma pitada de algo mais, não sairá um discípulo amadu­
recido.
Em vez disso, eu espero que o Espírito de Deus o capacite
a fazer dessas coisas uma realidade viva enquanto você procura
seguir a Cristo e se tornar seu discípulo.
Não tente, também, tornar sua a experiência ou a rotina
espiritual de outra pessoa. Deus não está tentando tornar-nos
todos iguais. Temos um alvo comum: sermos discípulos
totalm ente am adurecidos, mas nem todos chegam os lá
exatamente pelo mesmo caminho.
Ao ler este livro, quero que você tenha uma experiência
com Deus através do seu testemunho, da Palavra, da comunhão
e da adoração. Quando estes quatro pontos essenciais estiverem
operando em sua vida, você terá descoberto o que é o
discipulado espiritual dinâmico.

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IMPERATIVO 1:

Adoração

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o conc^to
de adoraòão

Agora estamos preparados para começar a examinar as quatro


experiências necessárias para seguir a Cristo. Quero começar
com a adoração por pelo menos três motivos: primeiro, porque
adoração se tornou uma palavra popular nos círculos cristãos;
segundo, porque para muitos crentes a adoração ainda é um
conceito estranho; e terceiro, porque a adoração é fundamental
para tudo mais na vida cristã.
Temo que um número expressivo de pessoas venha à igreja
porque é domingo, em vez de vir adorar no domingo. Elas
vêm descobrir qual é o “entretenimento” do dia, em vez de
louvar o santo nome de Deus. E muito mais filhos de Deus vêm
para ser abençoados e não abençoar.
Um dos grandes motivos disto é que muitos cristãos não
sabem como adorar no restante da semana, por isso não estão
preparados para adorar no domingo. Este é um problema que
vamos tratar nesta seção. Espero que quando tivermos terminado
você seja um adorador melhor, porque o que a igreja precisa
hoje é de adoração mais pura, adoração mais focalizada,
adoração mais bíblica.
Às vezes, a adoração se perde entre muitas outras coisas, e o
resultado pode ser trágico. Lembro-me de uma história verídica
da mãe que deu uma festa depois que seu nenê foi batizado na
igreja. Ela convidou amigos e familiares para celebrar o grande
evento depois do culto. O bebê foi levado ao quarto dos pais e
colocado na cama, onde dormia profundamente: à medida que

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os convidados iam chegando, eles tiravam seus casacos e os
colocavam no quarto.
Mais tarde, uma das pessoas perguntou; “Onde está o bebê?”.
A mãe percebeu que em meio às festividades esquecera a criança.
Quando foi ao quarto, descobriu que os casacos dos convidados
haviam sido colocados sobre o bebê, sufocando-o.
Eu não posso imaginar nada mais trágico para uma família.
E não posso imaginar nada mais trágico para a família de Deus
do que abafar a verdadeira adoração, sepultando-a sob todos
os outros trastes que utilizamos. Quando abafamos a adoração,
simultaneamente abafamos nosso desenvolvim ento com o
discípulos de Cristo.
Portanto, enquanto tentamos desenvolver este conceito
chamado adoração, quero me voltar para uma das passagens
mais complexas no Novo Testamento sobre adoração. Trata-se
da conhecida história da mulher samaritana junto ao poço,
descrita em João 4.
Meu propósito aqui não é recontar os detalhes deste
episódio. Você pode 1er os quinze primeiros versículos da
história que reproduzem a conversa de Jesus com esta mulher.
Ela realmente está interessada na oferta de água viva que Jesus
lhe faz até que ele lhe diz; “Vai, chama o teu marido, e vem
cá” (v. 16).
O que Jesus estava fazendo, naturalmente, era confrontar
a mulher com o seu pecado. Ela reagiu com o qualquer
pecador quando esbarra com a santidade de Deus — esqui­
vou-se do assunto. Mas nos versículos 17 e 18, Jesus esclareceu
a questão relativa à situação conjugal e moral daquela mulher.
Ela respondeu; “Senhor, vejo que és profeta” (v. 19). Acertou!
Isto nos leva ao cerne de nosso assunto. Em cinco curtos
versículos (20-24), aprendemos uma batelada de verdades
sobre adoração. Quero fazer diversas observações sobre a
abordagem do tem a em Jo ã o 4, com eçan d o com uma
advertência genérica que considero essencial para percebermos
se estamos captando o fundamento.

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Prioridade da adoração

observe o cenário da vida real que Deus usa para nos ensinar
sobre adoração. Não foi em um culto no templo; foi junto a um
poço, em qualquer lugar. Esta mulher, os discípulos e o restante
dos samaritanos eram pessoas reais, tão humanos quanto
possível. A adoração está relacionada a gente de verdade.
Havia também necessidades e problemas reais ali. Jesus
estava com fome. Aquela mulher precisava de salvação. E os
discípulos de Jesus estavam ali atônitos porque ele conversava
com uma samaritana. A própria mulher trouxe ã tona a
hostilidade secular entre judeus e samaritanos. Portanto, havia
ali um conflito racial.
No meio desta loucura da vida real, Jesus falou sobre a
adoração. Por quê? Porque se adorarmos da maneira certa, as
outras coisas com as quais gastamos tanto na tentativa de corrigi-
las serão reparadas muito mais depressa.
Essa mulher samaritana captou o verdadeiro sentido da
adoração a Deus, por isso parou de se prostituir. Porque Jesus
deu a seus discípulos a visão correta de Deus, eles foram capazes
de confraternizar-se com seus ex-inimigos, os samaritanos.
É interessante que mais tarde Jesus disse aos discípulos:
“Erguei os vossos olhos, e vede os campos” (v. 35). Imagine o
que eles viram quando levantaram os olhos? Samaritanos vindo
ao encontro de Jesus! Como Jesus ficou dois dias na cidade, os
discípulos devem ter ministrado a eles também (v. 40). Os
próprios samaritanos deixaram de lado velhos preconceitos para
aceitar a Cristo.
O que eu estou dizendo é que se adorarmos corretamente,
muitas coisas que estão afligindo os crentes agora serão
resolvidas.
Portanto, vamos para os versículos 20-40, uma seção que eu
chamo de “adoração concentrada”. Podemos extrair uma grande
dose de “essência” doce desses poucos versículos, porque a
palavra ad oração foi empregada de uma forma ou de outra
por dez vezes. Esta é uma verdade muito complexa.
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As esferas da adoração

A primeira coisa que devemos aprender acerca da adoração


é que ela acontece em duas esferas: piiblica e particular.

Disse-lhe a mulher [...] Nossos pais adoraram neste monte, mas


vós, os judeus, dizeis que é em Jerusalém o lugar onde se deve
adorar. Disse-lhe Jesus: Mulher, crê-me, a hora vem em que
nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai (v.19,21).

Os samaritanos tinham edificado seu próprio templo, no


monte Gerizim, para rivalizar com o templo de Jerusalém, e
tinham criado o seu próprio culto. Jesus, no entanto, dizia a
essa mulher que a adoração não é, antes de mais nada e
principalmente, um lugar. É um estado do coração e da mente.
A adoração não se relaciona com o lugar onde você está. Ela
começa com o que você é.
Se você não aprendeu a adorar como um modo de vida,
então freqüentar um edifício não vai modificar nada. A Bíblia
diz que o corpo do crente é um templo — a igreja — do Deus
vivo (ICo 6.19). Portanto, se você é cristão, você está na igreja
o tempo todo. Você é a igreja. Não estou falando aqui de
individualismo radical. Nós também temos a responsabilidade
de adorar coletivamente. A adoração piiblica e particular visarh
complementar-se.
Se o Espírito de Deus está vivendo em sua vida, você não
pode sair da igreja. Portanto, a pergunta que Deus faz é: “Que
tipo de igreja você tem quando não está no edifício da igreja?
Que tipo de igreja você tem no trabalho, em casa?”.
Nós estamos sempre na igreja porque nossos corpos são o
templo de Deus. Muitos crentes estão confusos porque só
adoram na igreja aos domingos.
Se pudéssemos aprender a estar na igreja sendo apenas as
pessoas que Deus deseja que sejamos, então estaríamos sempre
adorando-o. O resultado é que estaríamos sempre crescendo espiri­
tualmente e assim nos tornando discípulos melhores de Cristo.

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/

Obviamente, supõe-se que a adoração é a que acontece na


casa de Deus. A igreja reúne pastores, professores, corais e
tudo o mais para dirigir o povo de Deus em adoração. A igreja
é uma esfera de adoração. Mas quando você põe em atividade
a outra esfera de adoração, quando ela faz parte do que você
é, então você ressuscita.

Adoração pública
As pessoas que têm problema com a adoração pública, ou
coletiva, geralmente revelam que nenhuma adoração particular
autêntica está acontecendo em suas vidas. A adoração pública
é essencial por diversos motivos.
Primeiro, a adoração pública nos lembra que Deus é “nosso
Pai que está no céu” e não apenas “meu Pai”. Isto é, a adoração
pública demonstra que você reconhece que não é um filho
único no reino, mas parte de uma família maior. Os crentes
isolados são contrários ao conceito de família. Ignorar e
negligenciar a adoração pública é insultar a Deus como o cabeça
de uma família da qual você é apenas uma parte.
Segundo, há coisas que Deus fará por você na adoração
pública que não estão necessariamente disponíveis na adoração
particular. Foi no contexto da adoração pública que a igreja
primitiva experimentou certas atividades milagrosas do Espírito
Santo (At 2.42,44; 12.1,12).
Terceiro, a adoração pública destina-se a beneficiar outros
além de você. Deus deseja usá-lo e a sua adoração para encorajar
outros (Hb 10.24,25). É o cúmulo do egoísmo pensarmos apenas
em nós mesmos quando se trata de adoração.
Assim como as pessoas em um evento esportivo alimentam
o entusiasmo umas das outras quando o time da casa marca
pontos, os cristãos devem alimentar uns aos outros quando
celebramos a glória de nosso grande Deus, o “marcador de
pontos” do universo.
O quarto motivo — e o mais importante — é que Deus
espera que adoremos e ele aguarda o seu povo no local da
adoração pública (ICo 11.18,24). Portanto, deixar de adorar
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coletivamente como o corpo de Cristo é uma afronta ao Deus
que nos convida para a sua mesa — assim como seria uma
afronta se as crianças se recusassem a vir à mesa quando o
chefe da casa as chama para jantar. Nenhum “jantar” espiritual
particular, por m elhor que seja, pode substituir nossa
necessidade de nos juntarmos ao restante da família de Deus
à mesa dele.

Adoração particular
Se o úniço momento em que Deus ouve os hinos de louvor
que você lhe entoa é no domingo, se o único momento em
que você interage com a sua Palavra é no domingo; e se o
único momento em que você tem comunhão com os outros
crentes é no domingo, então sua vida espiritual vai tornar-se
anêmica.
De acordo com as palavras de Jesus em João 4, a adoração
não deve ocorrer apenas em Jerusalém. A adoração está em
você porque o Espírito de Deus habita em você. Por isso Salmos
113-3 diz: “Desde o nascer do sol até o seu ocaso, louvado seja
o nome do Senhor”. Isto é, louvor e adoração devem fazer
parte da rotina diária da vida. Todos os dias os passarinhos
cantam e as abelhas zumbem como parte do louvor da criação
a Deus. I
Estou falando de devoção a Deus. Manifestar devoção não é
ler um versículo por dia para manter o diabo afastado. Não é
só recitar uma oração sem pensar no que se está falando, nem
agradecer mecanicamente pelas refeições sem que as palavras
tenham algum significado. Ter devoção é adorar. É dizer: “Deus,
eu te adoro”.
Ao entender que a carne que está em seu prato veio de um
animal que Deus fez, você compreende que o Senhor merece
ser louvado. Ao entender que a água que você bebe vem da
chuva que ele supriu, você compreende que o nome dele deve
ser louvado. Ao entender que a mesa à qual você come foi
talhada da madeira de uma árvore que Deus fez, você está
pronto para louvá-lo.
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/

Deus merece o seu louvor. Ele deseja a nossa adoração


particular e coletiva junto com o corpo de crentes. Essas são as
esferas da adoração, e elas estão interligadas. Qualquer pessoa
que adora particularmente não terá problemas em adorar junto
com outros crentes e tornar-se o discípulo que Cristo salvou
para ser.

O valor da adoração

Se Deus está buscando alguma coisa, essa coisa deve ter


muito valor. De acordo com as palavras de Jesus; “Mas vem a
hora, e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão
o Pai em espírito e em verdade, pois o Pai procura a tais que
assim o adorem” (Jo 4.23).

Procurando adoradores
Por que a adoração é tão valiosa? Porque Deus a está
buscando. A declaração de Jesus é realmente assombrosa. Ele
diz que o seu Pai está procurando adoradores autênticos. A
questão é que eles são difíceis de achar.
Não entenda mal. Deus não está procurando adoradores
porque precisa deles. Deus não está procurando adoração
porque de alguma forma será diminuído se não a obtiver. Deus
não está procurando adoradores entre nós porque, se não o
adorarmos, nada mais na criação o fará.
De maneira nenhuma. Na verdade, o universo inteiro adora
a Deus. Leia os dez primeiros versículos do Salmo 148 e você
verá que o salmista abrange exatamente todo o universo criado
quando se trata das coisas que louvam a Deus.
Tudo está presente. Os seres celestiais, inclusive os anjos,
adoram a Deus. Os corpos celestes — o sol, a lua e as estrelas
— o adoram. Todas as espécies de animais desde os “monstros
marinhos” (v. 7) até as “aves voadoras” (v. 10) o adoram. Mesmo
as coisas inanimadas como a água, a neve, o vento, o fogo, e o
granizo louvam o Senhor.
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Portanto, Deus não está sentindo falta de adoração. O universo
inteiro foi criado para louvá-lo. A Bíblia nunca fala de Deus
saindo à procura do louvor das formigas. Ele não sai ã procura
do louvor das baleias ou das montanhas. Estas coisas já o louvam.
A única busca de Deus é adoração dos seres humanos.

Merecedor de adoração
Por que Deus está procurando adoradores humanos? Porque
ele os merece. Ele merece adoração, e deseja saber quem
compreende isso. Portanto Deus está procurando adoradores,
pessoas que vão louvar e adorar o seu nome.
Isso torna Deus egocêntrico? De modo nenhum! Isso significa
que Deus está focalizado em sua própria glória? Correto! O
motivo é que não há nada nem ninguém maior do que Deus a
quem ele pudesse apelar, ou a quem nós pudéssemos dar a
nossa adoração.
Uma vez que não existe ser maior do que Deus para receber
glória. Deus reivindica toda glória e adoração para si mesmo.
Por isso Paulo diz que Deus faz tudo para o louvor de sua
própria glória (Ef 1.6,12). Qualquer pessoa assim gloriosa merece
ser adorada. Por isso Deus está buscando adoradores.

A escolha da adoração

Eu disse acima que o único grupo no universo entre os


quais Deus procura adoradores é a raça humana, eu e você.
Somos a única categoria da criação que tem de pensar se vai
ou não adorar a Deus.
Somos o único grupo do universo que, ao se levantar pela
manhã, tem de decidir: “Nesta manhã, vou dar a Deus a adoração
que ele merece?”. Somos os únicos que têm de se perguntar:
“Sinto-me disposto a adorar hoje?”.
Para o restante da criação, a adoração é automática. Para
nós, seres humanos, a adoração tem de ser uma escolha
consciente. Deus criou você para que fosse adorador dele, mas
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/

o Senhor quer ver se você vai cumprir o propósito para o qual


você foi criado. A adoração é escolha sua.
Não interprete mal. A adoração é uma escolha para os seres
humanos agora, mas um dia todos adorarão a Deus para sempre.
A Bíblia diz que um dia “todo joelho” vai se dobrar e “toda
língua” vai confessar “que Cristo Jesus c o Senhor, para glória de
Deus Pai” (Fp 2.10,11).
A escolha que temos é adorar espontaneamente, por amor.
Mas toda pessoa vai adorar a Deus na eternidade, até as que
estiverem no inferno. Não há ateus no inferno. As pessoas no
inferno sabem muito bem quem é Deus.

Adorando na eternidade

observe bem, se você é cristão, Deus não o salvou sim­


plesmente para livrá-lo da ira vindoura. Ele o salvou para que
você o adore. Cem milhões de anos a partir de agora, e você
estará adorando a Deus. Por toda a eternidade, com certeza,
você estará adorando a Deus.
Se o universo existe para adorar a Deus, e você foi criado
para adorar a Deus, então você precisa saber uma coisa. Se você
não estiver adorando a Deus como modo de vida, não pode
estar realmente vivendo. Você pode existir sem adoração, mas
não pode viver sem adoração porque este é o motivo de você
estar aqui.
Como o coração no corpo, a adoração é a bomba interna que
mantém vivo nosso espírito. Por isso é que uma das grandes
artimanhas de Satanás é evitar que façamos da adoração a Deus
um modo de vida.
A adoração é valiosa porque Deus a busca e porque você
foi criado para isso. Ao não adorar, é você que está perdendo.
E não Deus. Nossa falha na adoração não o diminui. Ele vai
manter a sua glória. A questão é; você quer participar? Eu
quero!

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O significado da adoração

o que é isto que a Bíblia chama de adoração? A palavra em


si tem relação com prestar homenagem ou atribuir de valor a
uma coisa ou pessoa. A adoração, portanto, é a celebração de
Deus pelo que ele é e pelo que ele tem feito.

Reconhecendo a Deus con\o Deus


Expressando de outra forma, a adoração é toda homenagem
que presto a Deus. É a minha alegre reflexão do valor de Deus,
meu reconhecimento de que ele é Deus. Quando ele não é
reconhecido como Deus, não está sendo adorado.
Malaquias, o livro do Antigo Testamento, destaca isso de
maneira poderosa, diálogo de Deus com Israel;

O filho honrará o pai, e o servo ao seu senhor. Se eu sou pai,


onde está a minha honra? E se eu sou senhor, onde está o
respeito para comigo? diz o Senhor dos Exércitos a vós, 6
sacerdotes, que desprezais o meu nome. Mas vós perguntais:
Em que desprezamos nós o teu nome? Ofereceis sobre o meu
altar pão imundo, e dizeis; Em que te havemos profanado?
Nisto que dizeis: A mesa do Senhor é desprezível (Ml 1.6,7).

Então Deus no versículo 8 explica como o povo o tem


desonrado; trazendo animais enfermos e deformados para
oferecê-los em sacrifício ao Senhor no templo. Ele está
recebendo os restos.
Por isso Deus questiona os sacerdotes de modo perspicaz;
“Ora, apresenta-o ao teu governador! Terá ele agrado em ti, e
te será favorável?” (v. 8). Eles estavam oferecendo a Deus
sacrifícios que não pensariam em o ferecer no jantar às
autoridades humanas.

Dando honra
Qual é o problema? Vir à igreja não é o mesmo que adorar.
Os sacerdotes estavam no templo, prestando o seu serviço a
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Deus. Mas não lhe estavam prestando a honra e demonstrando o
respeito devidos. Adorar significa honrar a Deus pelo que ele é.
Possivelmente, na maioria das manhãs você se levanta, vai
ao trabalho e honra seu patrão. Você pula da cama, veste-se e
vai para a empresa prestar-lhe homenagem. Você honra o seu
patrão comparecendo ao trabalho e cumprindo suas tarefas
diariamente.
Você vai honrar o seu patrão não necessariamente porque
gosta dele, mas porque o seu dinheiro está no bolso dele. Ele
tem a chave do cofre. É o patrão. A honra que você lhe presta
fundamenta-se na posição que ele ocupa.
Deus diz: “Se você dá às pessoas alguma coisa melhor do
que você me dá, então não está me honrando como o Senhor
dos exércitos”. Por isso Deus disse aos sacerdotes do tempo de
Malaquias: “Tentem oferecer seus restos aos seus governantes
humanos. Se eles não aceitam seus restos, o que os faz pensar
que eu aceitarei essas ofertas?” (v. Ml 1.8).
Falar de adoração, significa dar “ao Senhor a glória devida
ao seu nome” (Sl 19-2). Adorar é dar a Deus o que ele merece,
e nada menos.
O que muitos de nós chamamos de adoração é na realidade
apenas o resto de nossa energia, o resto de nosso tempo, o
resto de nossos recursos. Achamos correto dedicar-nos a várias
atividades no domingo pela manhã e à tarde, e então à noite,
quando estivermos bastante cansados, irmos à igreja adorar.
Isso não é adoração.
Vou lhe dizer o que é adoração. Quase todas as pessoas que
vivem em Dallas já testemunharam o que é verdadeira adoração
em nível humano. Acontece quase todos os domingos durante
o outono e o inverno. Algumas pessoas podem chamar tal evento
de jogo de futebol, mas os fãs do “Dallas Cowboys” conhecem-
no por adoração.
No momento da adoração, milhares de pessoas vão à casa de
adoração chamada Estádio do Texas. Ou vão para casa ocupando
salas separadas para adoração. Em seu “santíssimo”, assentam-se
e adoram diante de um púlpito sobre o qual está a tevê.
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Essa adoração é tão importante que as pessoas avisam que
não querem ser perturbadas durante o período do culto de
adoração. Também não querem se atrasar para a adoração.
Além de desejarem pegar o primeiro hino, querem estar lá para
a chamada à adoração, o show antes do jogo. Elas também não
se queixam se o culto de adoração durar três horas. Estão prontas
a oferecer adoração suplementar, se forem convocadas.
Milhares de pessoas por toda Dallas vão contemplar a glória
dos “Cowboys”. E quando o time faz alguma coisa digna de
louvor, elas pulam e gritam.
Quando tudo acaba, e a bênção após o jogo é declarada,
essas pessoas vão refletir na coragem dos que estão no campo
e louvá-los por sua bondade. Os jogadores serão glorificados
pelo que são e pelos grandes feitos realizados.
Estou gracejando um pouco, mas nem tanto. Se uma equipe
esportiva pode exigir esse tipo de adoração, o Deus do universo
não pode exigir muito mais?

O objeto da adoração

Observe o que Jesus diz em João 4 acerca do objeto de


nossa adoração: ,

Mas vem a hora, e já chegou, em que os verdadeiros adoradores


adorarão o Pai em espírito e em verdade, pois o Pai procura a
tais que assim o adorem. Deus é Espírito, e importa que os que
o adoram o adorem em espírito e em verdade (v. 23,24).

As pessoas dizem: “Hoje vou ã igreja para adorar a Deus”.


Mas a questão é: “Quem é o Deus que você vai adorar?”. Jesus
responde esta pergunta nesses dois versículos.

Ele é o Pai
O Deus que somos convocados para adorar é definido como
nosso “Pai”. Em primeiríssimo lugar, ele é nosso Pai, pois nos
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criou e a tudo que existe. É dono de tudo isso. Deus merece
ser adorado porque “do Senhor é a terra e a sua plenitude, o
mundo e todos os que nele habitam” (Sl 24.1).
Se você é cristão. Deus também é seu Pai porque você é
membro da família dele. Isso significa que a adoração é um
negócio de família. Nós não adoramos a Deus apenas porque
ele é o Criador, mas porque ele é o “Papai”, o Chefe amoroso
de nossa família, a quem nós obedecemos. Nós o adoramos
por causa do relacionamento.
O Deus que adoramos também é o “Pai de nosso Senhor
Jesus Cristo” (Ef 1.3). Isso quer dizer que você não pode adorar
a Deus se deixar Cristo de fora.
Por isso é que muitos grupos que anunciam cultos de adoração
semanais não estão realmente adorando. O Deus ao qual adoram
não é o Pai do Senhor Jesus Cristo. O problema dos Testemunhas
de Jeová, que querem chegar a Jeová mas negam a Cristo, é que
não podemos ir ao Pai exceto por meio de Cristo. Ele é o único
Mediador entre Deus e o homem (ITm 2.5).

Ele é Espirito
Jesus prossegue dizendo que Deus é espírito, portanto você
não pode adorar a Deus com o seu corpo apenas porque na
essência Deus não é corpóreo. Isto é, ele não tem corpo. Quando
dizemos que Deus é espírito, estamos dizendo que ele é
imaterial. Ele é invisível, mas é uma Pessoa com intelecto,
vontade e emoções.
Portanto, se você vai adorar esse Deus imaterial, invisível,
Jesus diz que sua adoração deve brotar de dentro, da parte
invisível de você. Veja, o seu corpo pode aparecer na igreja
enquanto o seu espírito continua em casa. Você pode ter o
corpo de um adorador, mas não ter o coração de um adorador.
Sendo Deus espírito, ele lida principalmente com o reino
invisível, não com o reino visível. Você pode ir à igreja tendo
aparência de adoração e cheiro de adoração. Você pode ter o
penteado da adoração ou a maquiagem da adoração. A maioria
de nós nos arrumamos fisicamente para a adoração.
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Muitos cristãos também têm os movimentos da adoração.
Quando o coral canta, alguém movimenta as mãos, sacode a
cabeça em sinal de adoração. Alguns enxugam lágrimas de
adoração. Mas se tudo o que Deus obtém de nossa adoração é
físico, não estamos adorando a Deus porque ele não é físico.
Deus é espírito, e aqueles que o adoram devem adorá-lo em
espírito.
A verdadeira adoração não é manifestada por meios físicos.
Algumas pessoas acham que não adoraram se não mexeram o
corpo. Mas a verdade é que, se o espírito não se movimentar,
não importará o que o corpo faça.
Não me entenda mal. Deus não ignora o corpo, mas Ele não
começa com o corpo. Deus sempre começa com o espírito
porque assim ele é. Este é o problema dos subsídios artificiais
da adoração, quer seja uma cruz pendurada no pescoço de
alguém ou um quadro de Jesus.
Deus pergunta: “A quem, pois, fareis semelhante a Deus?”
(Is 4 0 .1 8 ). Sua cédula de id en tid ad e posui uma foto.
Normalmente, essas fotografias são tão ruins que nos sentimos
envergonhados de mostrá-las a alguém. Desculpamo-nos,
dizendo: “Realmente é uma fotografia muito ruim”. Qualquer
um pode perceber que você tem uma aparência bem melhor
do que aquilo! Qualquer figura que você apresentar de Deus
será ruim porque ele tem uma aparência bastante superior.
Deus não pode ser comparado a nada, exceto a ele mesmo.
Quando adora a Deus, você está adorando um ser invisível que
só pode ser “visto” e conhecido pelo espírito.
Naturalmente, em Jesus Cristo, Deus manifestou-se na forma
humana. Jesus sentou-se e conversou com a mulher junto ao
poço. Ela pôde vê-lo, mas não pôde perceber que ele era Deus
feito homem. Apenas quando o Espírito Santo conectou-se
espiritualmente com ela é que a mulher conseguiu perceber.

Ele é o auditório
Sendo Deus o objeto de nossa adoração, a questão não é se
nos sentimos bem quando adoramos. Não há nada de errado
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com os sentimentos bons em nossa adoração, mas isso não é o
principal. A questão na adoração é: como Deus se sente?
A congregação se levanta para cantar, e nós não cantamos
porque não gostamos do hino. O comentário de Deus é: “Eu
pensei que você estivesse cantando para mim. Se você veio
para me adorar, o fato de você gostar ou não do hino é
irrevelante”. Isso não significa que você vai cantar cada palavra
de cada hino. Talvez você discorde da teologia, ou seja incapaz
de cantar o hino com honestidade. Mas isso é diferente de
recusar-se a cantar porque o estilo o desagrada. A adoração
não é para o seu benefício; é para a glória de Deus.
Muitos de nós vamos ã igreja com uma m entalidade
retrógrada. Então dizemos: “Coral, cante para mim”. O coral
não deve cantar para nós, mas liderar-no no louvor que
entoamos a Deus. O propósito na pregação é dar ao povo a
Palavra de Deus, ouvir a voz de Deus em sua Palavra.
Se você vai adorar apenas para receber, então você está
dizendo, em essência: “Deus, adore-me. Preste atenção em mim.
Focalize-me. Destaque-me. Glorifique-me”. Mas não é esse o
convite. O convite é para adorar a Deus. Quando a bênção for
dada, se Deus não aplaudir, teremos falhado.
Se Deus não aplaudir quando adoramos, nada significam os
aplausos dos outros. Se Deus não aplaude quando o coro canta,
não importa a nossa oração. Quando eu prego, se Deus não
aplaude, não importa se as pessoas gostaram do sermão. Se
Deus não disser “muito bem”, nós não adoramos.

Ele é glorioso
Vimos para adorar, não para que Deus nos adore. Vimos para
que ele se sinta bem. Sim, nós nos sentimos bem quando adoramos
em espírito, mas é um benefício adicional. Não é a nossa
motivação. Vimos adorar a Deus por causa de sua glória intrínseca.
A glória de Deus está, portanto, ligada ã pessoa dele. Faz
parte do que ele é. O oposto de glória intrínseca é glória
atribuída. Toda glória humana é glória atribuída. Por exemplo,
coloque uma roupa escura em um homem ou uma mulher e a
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\

pessoa se transforma em “Vossa Excelência”. Coloque um jaleco


branco em alguém, e ele passa a ser “Doutor”. A mesma glória
ou honra é atribuída a um policial. Mas quando essas pessoas
deixam de lado seus mantos, aventais ou uniformes, são pessoas
comuns. Não quero dizer que não são dignos do nosso respeito.
O que estou dizendo é que a glória delas lhes é atribuída pela
posição que ocupam. Não é parte essencial de sua composição
como seres humanos.
A glória de Deus não é assim. Não podemos tirá-la dele. O
que o molhado é para a água e o azul para o céu, a glória é
para Deus. É intrínseca. Você não pode estragá-la, mas pode
reconhecê-la. Você pode louvá-la. Você pode glorificá-la, mas
não pode mudá-la. Esse é o Deus que adoramos. Ele possui
glória intrínseca.

A essência da adoração

A observação final que eu quero fazer sobre João 4.12,24


refere-se ã essência da adoração. Jesus prova isso quando diz:
“Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em
espírito e em verdade” (v. 24).
A essência da adoração é que ela deve ser as duas coisas,
autêntica, vinda do interior do homem, do espírito, e exata,
refletindo a verdade acerca de Deus. A verdadeira adoração
envolve as emoções e a mente. Ela deve incluir ambos, o coração
e a razão.
Se nós vamos seguir a Cristo como seus discípulos, devemos
aprender a adorar a Deus com a atitude correta e as in­
formações corretas. Isso é o que é necessário para adorar a
Deus.

A atitude correta
Já falamos sobre o que Jesus quis dizer por adoração em
espírito. Deus é espírito. É nesse momento da adoração que o
Espírito Santo torna-se ativo. Sua tarefa é ligar o espírito humano

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a Deus, que é espírito. Por isso Jesus disse a Nicodemos: “O
que é nascido do Espírito é espírito” (Jo 3-6). O Espírito Santo
liga nosso espírito interior com Deus.
Mas para que o Espírito Santo faça o seu trabalho, o coração
do crente tem de estar buscando a Deus. Você deve estar disposto
a entregar sua vida a Deus e deixar que ele seja Deus. Você não
pode transformá-lo em alguma coisa diferente do que ele é e
esperar que Deus tenha comunhão com você. Ele só tem
comunhão com você nos termos dele. Estamos falando sobre
seguir a Cristo, não sobre Cristo seguir a nós.
Seu espírito se dedica a adorar quando você lida com o
pecado, entrega-se ao Espírito Santo e louva a Deus. Essa é a
matéria-prima de que o Espírito Santo precisa para ligar em
adoração autêntica seu espírito humano com Deus. Esta é a
atitude, o sentimento, da adoração.

As informações corretas
O sentimento da adoração também precisa estar unido à
verdade (Jo 4.24®. Quanto mais você conhece acerca do Deus
que está adorando, melhor será a sua adoração. O desconhe­
cimento não é bem-aventurança quando se trata de adoração.
Muitos de nós, cristãos, adoramos pouco porque sabemos
pouco e, portanto, crescemos pouco. Se você tem apenas um
conhecimento mínimo de Deus, vai exaurir-se realmente muito
depressa. Por isso é que alguns cristãos ficam sem ter o que
dizer depois de trinta segundos de oração — e por que algumas
pessoas oram durante trinta minutos sem dizer nada. Não sabem
como falar a Deus porque seu conhecimento dele é muito
pequeno.
Quanto mais você conhece a Deus, mais profunda é a sua
adoração. Quanto mais você sabe acerca de Deus, melhor se
torna a sua adoração. Por isso Jesus diz que nossa adoração
deve corresponder à verdade.
Que verdade? Algumas pessoas alegam que não existe
uma coisa chamada verdade. Outras dizem que é você de­
terminar o que é verdade. Como cristãos, no entanto, temos
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um padrão objetivo de verdade, independente e além da
opinião humana.
O próprio Jesus alegou ser a verdade: “Eu sou o caminho, a
verdade e a vida” 0 o 14.6). Naquela mesma noite Ele orou ao
pai, “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” 0 o
17.17). Portanto, temos uma Pessoa viva e uma Palavra escrita
que são a verdade absoluta, em concordância perfeita uma
com a outra.
Quando o seu coração busca a Deus fundamentado na
verdade da revelação dele, então Deus Espírito Santo aviva a
chama do seu espírito humano. Isso é adoração em espírito e
em verdade.

Evitando os extremos
Existem dois extremos quando se trata de adoração. Um é
espírito sem verdade. São as pessoas que desejam que sua
adoração as comova, as estimule e as agite. Mas na realidade
não querem lidar com a revelação de Deus. O que resulta é
emocionalismo vazio.
O outro extremo é a verdade sem espírito. Estes são os
indivíduos que têm as regras para todos seguirem. Embora falem
a verdade, ela nada significa. Chamamos a isso ortodoxia morta.
É como o comentário que um ex-professor meu de seminário
fez acerca de uma das igrejas da Europa. Ele dizia que você
podia ser salvo lendo a doutrina delas, mas ninguém se
importava. As catedrais estavam literalmente frias e vazias.

Desejo zeloso
Jesus disse que as nossas necessidades de adoração abrangem
tanto espírito como verdade. O alvo não é adorar apenas por
obrigação, mas por desejo de submissão. Você não adora só
porque se espera que você o faça como cristão, mas porque é
a coisa mais importante que você pode fazer.
Imagine um marido que no aniversário de casamento diz ã
esposa: “Querida, chegou aquela data novamente, e eu tenho a
obrigação de lhe trazer flores. Olhe aqui uma dúzia de rosas.

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f

Eu já cumpri minhas responsabilidades neste aniversário de


casamento”.
Provavelmente ele vai receber as rosas de volta na cara dele!
Por quê? Porque embora ser um marido fiel envolva obrigação,
uma esposa também deseja saber que ser marido dela é a maior
alegria dele.
O que Deus deseja é que você o adore porque isso é a sua
obrigação mais agradável. Ele quer ouvi-lo dizer: “Querido Deus,
eu quero conhecê-lo. Quero amar-te. Quero servir-te.”
Se você não sente desejo de adorar, insisto para que você
cumpra a obrigação rogando a Deus o desejo de cumprir a
obrigação. Deus quer o seu coração para que você seja transfor­
mado no tipo certo de discípulo.

Tornando-se um adorador

o motivo por que tantos cristãos podem ser tão santarrões


dentro da igreja e tão completamente anticristãos no estacio­
namento é porque não compreendem a adoração. Pensam que,
ao entrar na igreja, ocorrerá, de alguma maneira, algo mágico.
Mas não é assim. O segredo está no crente. Chama-se Espírito
Santo.
Veja, se você não esteve adorando a Deus a semana inteira,
um coração adorador não vai precipitar-se subitamente do nada
e cair sobre você no dom ingo. Algumas pessoas ficam
emocionadas na igreja, mas quando a bênção é proferida voltam
ao normal.
O que aconteceu com elas? Nada. Esse é o problema. Nada
aconteceu porque elas não adoram a Deus do jeito que ele deseja
ser adorado, em espírito e em verdade. O combustível da adoração
é a verdade de Deus. A fornalha da adoração é o espírito do
homem. O fogo da adoração é o Espírito Santo. Quando os três
se reúnem, temos adoração.
Você p o d e enganar as pessoas. £u posso enganar as pessoas.
No entanto, a Bíblia diz que Deus vê o coração (ISm 16.7).
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Você pode levar todos a pensar que está adorando, quando no


íntimo sabe que Deus não está recebendo sua atenção exclusiva
nem a entrega total de seu coração.
Não há dúvida de que Satanás nos tenta desviar de uma
posmra de adoração, como já dissemos. O que não pode, porém,
é roubar o amor que sentimos por Deus. Lá no íntimo, sabemos
quanto o amamos.
Agora mesmo, você pode estar pensando: “Sei que devo
fazer da adoração plena um padrão em minha vida. Mas ainda
não consegui chegar lá”. Então aqui vai a pergunta; “Você quer
chegar lá? Está se preparando para isso?”.
Se de fato deseja adorar a Deus, nada poderá detê-lo.
Ninguém o impedirá de cumprir esse imperativo, para que possa
seguir a Cristo e tornar-se um verdadeiro discípulo!

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o conteúdo
da adoração

Em Salmos 34.1, o salmista escreveu: “Louvarei o Senhor em


todo o tempo; o seu louvor estará sempre na minha boca”.
Esse é o tipo de adoração que Deus deseja de você e de
mim. Ele deseja que ponhamos a adoração em nossas bocas
com tanta freqüência e com tanto deleite quanto colocamos o
alimento.
Na verdade, nosso desejo de adorar deveria ser como o
nosso impulso para comer. Se a necessidade de alimentação
não for atendida, sentimos dor. Quando passamos algum período
mais extenso sem comer, o corpo reclama — o que não é de
todo mau para alguns de nós! Mas quando passamos um período
de tempo extenso sem adorar, enfraquecemos espiritualmente,
o que é um desastre.
O motivo disso é que fomos feitos para adorar. Deus nos
criou para ele. Quando não atendemos a esse impulso, ou quando
utilizamos esse impulso para adorar alguma coisa ou alguém
além de Deus, definhamos e ficamos espiritualmente anêmicos.
O escritor de Hebreus disse: “Portanto, ofereçamos sempre
por meio dele a Deus sacrifício de louvor” (13-15). A adoração
não é um local ou um evento. É um modo de vida.
Conforme vimos no capítulo anterior. Deus está buscando
aqueles que vão adorá-lo. Não entenda mal. Deus não está
buscando apenas adoração. Ele é adorado abundantemente.
Os anjos o adoram. A natureza o adora. Os animais o adoram.
Mas ele procura pessoas que o adorem. Por quê? Porque Deus

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quer ver quantas criaturas feitas à sua imagem o adorarão
contínua e voluntariamente, da maneira como ele é adorado
por sua criação celestial e por sua criação terrena inconsciente.
Você não pode seguir a Jesus Cristo sem desenvolver um estilo
de vida de adoração.
Por isso temos de perguntar: Do do que é feita a adoração?
Qual é o seu conteúdo? Temos um bom quadro do conteúdo
da adoração em Êxodo 24.1'11, a descrição do grande culto de
adoração no qual a aliança de Deus com o seu povo foi ratificada.
Vamos examiná-la e observar os componentes da adoração.

Convite divino

A adoração começa com um convite divino. “Depois [Deus]


disse a Moisés; Subi ao Senhor, tu e Arão, Nadabe e Abiú, e
setenta dos anciãos de Israel. Adorai de longe” (Êx 24.1).

Deus convoca a adoração


A adoração é sempre um convite de Deus. O pregador não
convoca você para adorar. Não é o coro que o chama para
adorar. É Deus que o chama. “Subi ao Senhor”. Portanto, quando
você não adora, você rejeita a Deus. Quando você não adora,
você diz a Deus: “Estar contigo não é tão importante para mim”.
Não estou falando apenas do seu culto dominical, mas da
experiência cotidiana de adoração que Deus deseja de nós. O
povo de Deus não deveria rejeitar o convite do Senhor para
adorar. Os salmos estão repletos de chamados para adoração,
convites para um encontro com Deus.
Se o seu patrão lhe dissesse: “Venha cá. Temos uma reunião
às 9 horas”, você estaria lá às 8:55, porque a convocação partiu
do patrão. E o que dizer do convite de Deus para adorá-lo? Ele
ordena que nos apresentemos diante dele — individualmente,
como uma família, e depois como congregação.
Eu quero gastar um pouco mais de tempo nessa questão do
convite divino para adorar porque isso é fundamental. Vou
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deixar um pouco Êxodo 24 e considerar o salmo 95, um grande
salmo que também começa com um convik' ou convocação
para a adoração:

Vinde, cantemos ao Senhor, cantemos com jiibilo à rocha da


nossa salvação. Apresentemo-nos ante a sua 1'acc com louvores,
e celebremo-lo com salmos. Porque o Senlior é o gnmde Deus,
e grande Rei acima de todos os deuses (v.l-.^).

Convite para cantar


Cantar é simplesmente colocar a verdade divina na música.
Mas observe que não se trata apenas de cantar. O salmista diz:
“com júbilo”. Anime-se! Não é só um hino, é um estado de
espírito. É alguma coisa que sentimos. É alguma coisa que
penetra em nossas emoções.
Observe que o auditório é: “o Senhor” e “a rocha” (v. 1),
“sua face” e “ele” (v. 2). Não é simplesmente o coral cantando
para a congregação, ou a congregação cantando para o pregador.
É o Senhor que deseja ouvir nossas vozes. Se Deus não ouvir
você cantando, não importa quem mais ouve.
Por que deveríamos cantar com entusiasmo para o Senhor?
Porque ele é um Deus grande. Ele é o rei de todos os reis, em
cujas “mãos estão as profundezas da terra, e as alturas dos
montes”, porque “seu é o mar, pois ele o fez, e as suas mãos
formaram a terra seca” (v. 4,5).
Isso é grandeza! Você conhece alguém mais que possa fazer
o que Deus faz? O salmista diz que Deus fez as montanhas.
Alguém que você conhece é um criador de montanhas? Andamos
sobre a terra que ele fez. Você conhece algum outro criador de
terra além de Deus? Eu também não.
No versículo 7, somos chamados de “povo do seu pasto e
ovelhas da sua mão”. Eu gosto disso porque significa que não
somos proprietários da terra. Somos simplesmente pasto-
readores na terra de Deus.
Porque nosso Deus é um Deus grande, deveríamos gritar de
alegria. Não deveria haver murmuração e lamentação na
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presença dele. O edifício da igreja deveria sacudir-se quando
levantamos nossas vozes a Deus. Afinal, ele mesmo pergunta:
“A quem me fazeis semelhante?” (Is 40.25). Se podemos fazer
um estádio esportivo estremecer, deveríamos, devemos ser
capazes de sacudir algumas poucas paredes com a nossa
adoração.
Mas com demasiada freqüência somos como o garotinho
que estava orando junto à cama. “Senhor”, ele orava, “obrigado
pelo culto de hoje. Foi um culto maravilhoso. Eu gostaria que
você pudesse ter estado lá.”
Temo que muitas vezes Deus não esteja presente em nossos
cultos porque não atendemos ao convite de nosso grande Deus.
Vamos realizar aquele nosso eventinho religioso, não para nos
encontrar com aquele que não é semelhante a qualquer outro
e que nos chama para vir. Parte de seu convite para adorar é
para levantarmos nossas vozes em louvor jubiloso.
Você cantaria de alegria por causa das circunstâncias? Não
necessariamente. Há alegria porque tudo está perfeito em casa?
Não. Há alegria por ausência de problemas em sua vida? Não.
A alegria existe porque você está levando toda essa bagunça
para um grande Deus!
Se o gerente do ban co cham á-lo para n ego ciar um
empréstimo visando a saldar seus compromissos financeirps,
você não ficará alegre porque está com problemas financeiros.
Você ficará alegre porque tem alguém que pode ajudá-lo a
pagar as contas.
Quando acontece algo importante em sua vida, você deseja
expressá-lo com os lábios e o corpo. Não há nada de errado
em ficar entusiasmado na adoração, porque nada requer seu
entusiasmo mais do que Deus. Ele é digno de ser louvado. Ele
é digno de que você expresse plenamente sua adoração.

Convite para mover-se


A Bíblia diz que quando Deus libertou Israel do Egito, Miriã
e as mulheres de Israel pegaram seus pandeiros e dançaram
para Deus (Êx 15.20,21). Elas dançaram e cantaram a grandeza
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de Deus por ter aberto o mar Vermelho e libertado o seu povo,
e afogado o exército de Faraó.
Quando Davi trouxe a arca da aliança a Jerusalém, estava
tão tomado de alegria que “dançava com todus as suas forças
diante do Senhor” (2Sm 6.14). Mas quando Mical, a esposa de
Davi, olhou pela janela e o viu dançando, ela disse: “Vejam o
bobo com quem me casei” (cf. v. 16,20).
Davi, no entanto, disse a Mical: “Eu não estava dançando
para você. Eu estava dançando para o meu grande Deus.
Quando o Senhor permitiu que eu trouxesse a arca da aliança
para casa, meus pés não conseguiam permanecer quietos.
Minhas mãos não podiam se manter paradas. Ele é um Deus
muito grande” (v. 21, paráfrase do autor).
Depois que Mical condenou Davi por sua adoração. Deus
fechou a sua madre e ela ficou estéril pelo resto da vida (v. 23).
Eu creio que foi porque ela se atreveu a fazer o que a Bíblia
declara que nunca podemos fazer: su focar o Espírito Santo. Ela
tentou evitar que Davi louvasse ao Senhor por sua grandeza.

Convite para prostrar-se


Mas adoração implica mais do que clamores de alegria e
mais que animação. No Salmo 95, também somos informados:
“Oh, vinde, adoremos e prostremo-nos, ajoelhemos diante do
Senhor que nos criou, pois ele é o nosso Deus” (v. 6,7a).
Deus nos convida a uma adoração plena de emoções. Isso
pode ser visto na própria Bíblia. Em um momento os adoradores
podem estar dançando e gritando em celebração, e no próximo
ajoelham-se em humildade silenciosa. Em determinado momento
estão celebrando a grandeza de Deus. No próximo humilham-
se diante de sua face.
O fato é que na adoração o movimento físico está sempre
associado com a atitude emocional. Por isso, em momentos de
alegria, cantamos e celebramos. Em momentos de dependência,
prostramo-nos. Os israelitas prostravam-se diante de Deus.
Quando a mulher imoral aproximou-se de Jesus, prostrou-
se diante dele, quebrou “um vaso de alabastro com ungüento”
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f
\

sobre os pés de Jesus, e então enxugou-os com o próprio cabelo


(Lc 7.37,38).
O fariseu que hospedava a Jesus pensou; “Se este fosse
profeta, saberia quem e qual é a mulher que lhe tocou, pois é
pecadora” (v. 39). Jesus precisou explicar-lhe que quando uma
pessoa é perdoada pelo muito, ela ama mais (v. 47).
O motivo por que nós não nos prostramos em adoração é
por que não nos lembramos do que Deus fez. O salmista chama
Deus de “Senhor que nos criou” (Sl 95.6). Ele é nosso Criador
e nosso Redentor.
Embora o salmo 95 nos convide a adorar, ele termina com
uma advertência; “Não endureçais os vossos corações como
em Meribá, como no dia da tentação no deserto, quando vossos
pais me tentaram, me provaram e viram a minha obra” (v. 8,9).
O Senhor continua dizendo através do salmista que o povo
que ficou indiferente e rebelde contra ele não entraria no
repouso de Deus (v. 10,11).
Deus quer que o levemos a sério. Em outras palavras, não
vá até ele apenas porque deseja gritar. Não vá apenas porque
deseja sentir-se bem. Vá porque você compreende quão grande
e maravilhoso ele é.
Um dos nossos problemas hoje é que não levamos Deus a
sério. Na verdade não cremos que ele é Deus. Se crêssemos,
empalideceríamos diante do nosso pecado e sofreríamos por
causa dele. Não agiríamos como se nada houvesse acontecido.
Correríamos ao altar, agarraríamos os chifres em que se
costumava amarrar os animais do sacrifício, e diríamos; “Tenha
misericórdia de mim, pois sou pecador”.

O convite para o silêncio


Outra parte do convite para adoração é o silêncio. Eu gosto
do convite para adoração enunciado pelo profeta Habacuque;
“Mas o Senhor está no seu santo templo; cale-se diante dele
toda a terra” (Hc 2.20).
Quando criança, às vezes eu e meu pai começávamos a falar
ao mesmo tempo. Ele tentava me dizer alguma coisa, e eu
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continuava falando. Meu pai dizia: “Silêncio, rapaz. Não vê que
eu estou falando? Quando seu pai está falando, você deve ficar
calado”.
Há ocasiões na adoração quando não dizemos nada. No
meio do silêncio pensamos reverentemente na grandeza de
Deus, e não há nada mais para ser dito.
Quando eu fui ao Grand Canyon pela primeira vez e me
aproximei da beira do precipício daquele imenso buraco no
chão, fiquei impressionado, sem palavras. Minha língua ficou
grudada no céu da boca devido à grandiosidade do lugar.
Quando fui à índia e vi o Taj Mahal, tudo que consegui dizer
diante de sua grandeza foi “puxa”.
Quando você percebe quem é Deus, fica sem palavras,
porque nosso grande Deus às vezes nos desarma. Tudo o que
se pode fazer é fica calado. Sofonias 1.7 nos ordena: “Cala-te
diante do Senhor Deus!”. Zacarias 2.13 diz: “Cale-se toda a carne
diante do Senhor”.
É com o uma entrevista coletiva com o presidente. Os
representantes da imprensa estão ali, e todos falando, mas
quando o presidente entra no recinto, de repente tudo fica
realmente em silêncio. O líder chegou. Todos se aquietam para
ouvir o que ele tem a dizer. Quando Deus está no recinto, às
vezes você tem de ficar em silêncio.
Por isso o convite para adorar inclui celebração, clamores,
danças, reflexão e silêncio. Deus exige e merece todas essas
expressões de adoração. Ele nos convida a nos juntarmos ao
restante do universo para louvá-lo. “Subi ao Senhor” foi o seu
convite para Moisés e os outros em Êxodo 24.

Revelação divina

o essência da adoração inclui não apenas o convite divino,


mas também a revelação divina. Vamos voltar para Êxodo 24,
onde Deus faz o seu convite:

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Veio, pois, Moisés e relatou ao povo as palavras do Senhor e
todos o s estatutos, e o povo respondeu a uma voz: Tudo o que
o Senhor falou, faremos. Moisés escreveu todas as palavras do
Senhor e, tendo-se levantado pela manhã de madrugada,
edificou um altar ao pé do monte, e doze colunas, segundo as
doze tribos de Israel [...] Então tomou o livro da aliança, e o leu
ao povo, e eles disseram: Tudo o que o Senhor falou faremos,
e obedeceremos (v. 3,4,7).

As “palavras do Senhor” são a sua revelação, sua auto-


declaração. Observe, as únicas coisas que eu e você podemos
saber acerca de Deus são as que ele decide nos contar. Eu me
canso de ouvir as pessoas dizendo por aí: “Bem, acho que
Deus gostaria disto ou daquilo”.
A única maneira de saber o que Deus deseja é quando ele diz
a você. Não podemos simplesmente imaginar o que Deus deseja.
Ele é suficientemente grande para falar por si mesmo. Vamos
examinar três áreas relacionadas com a revelação.

Leitura da Palavra
Primeiro, temos a leitura do que Deus disse. Paulo mencionou
a Timóteo que dedicasse atenção especial à leitura pública das
Escrituras na congregação em Éfeso (ITm 4.13). Em Neemias
8.1-8, o sacerdote Esdras ficou em pé e leu a Palavra quando a
aliança foi renovada. As pessoas ficaram de pé enquanto Esdras
abria “o livro da lei” (v. 1), e elas choraram enquanto ele lia os
mandamentos de Deus.
Moisés reviu a aliança com o povo, então escreveu as palavras
e as leu. Nas Escrituras, a leitura da Palavra de Deus chamava a
atenção do povo porque eles compreendiam que a mensagem
transmitida era a verdade de Deus.
A simples leitura da Bíblia tem poder em nossas vidas. Se
nunca lemos a Palavra, estamos perdendo alguma coisa. Você
diz: “Mas eu não entendo tudo”. Pode ser verdade, mas não
significa que vai continuar sem entender. O motivo por que
lemos a Bíblia nos cultos é que ouvir a Palavra pode abrir
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/ ^
o CONTEÚDO DA ADORAÇÃO *i,101 }

nosso entendimento. Muitos crentes nunca chegam a entender


a Bíblia porque nem mesmo a lêem. Mas há poder na leitura da
Palavra de Deus.

Proclamando a Palavra
A seguir vem a proclamação da Palavra, isto é, anunciar o
que Deus disse.
Moisés anunciou a aliança ao povo (Êx 24.3) e explicou o
que ela significava. Por isso é que a maior parte do culto de
adoração é a proclamação ou pregação da Palavra de Deus.
Não me entenda mal. A pregação não é a única parte da
adoração. Algumas igrejas utilizam a música simplesmente para
introduzir sermão. Não está certo. A adoração inclui a Palavra,
mas o sermão não é a soma total dela.
A proclamação, no entanto, é essencial para a adoração. É
através da Palavra que Deus fala. O teste de qualquer homem
que fica por trás do púlpito é: “Ele é fiel ã Palavra?”. Deus
proíbe que eu ou qualquer outro pastor distorça o que ele
disse. Moisés transmitiu aos israelitas o que Deus dissera.
Nossa igreja em Dallas recebe uma grande quantidade de
pedidos de pessoas que desejam utilizar o nosso púlpito para
prom over m ovim entos p o lítico s ou so ciais. D eus está
certamente preocupado com estas coisas — e a Bíblia fala de
interesses políticos e sociais — , contudo na adoração deve-se
anunciar o que Deus disse, não o ponto de vista particular de
determinada pessoa.
Os sermões não se destinam apenas a dar informações. A
proclamação da Palavra, esclarecendo seu significado e sua
aplicação às nossas vidas, pretende convidar pessoas para que
respondam positivamente a Deus. Uma pessoa pode ir à igreja
todos os domingos, tomar notas durante o sermão e ainda assim
não ser ajudada em nada.
Não há nada de errado em anotar coisas que chamam a
atenção do ouvinte. Deus, no entanto, não está tentando encher
nossos cadernos, mas modificar vidas. O propósito de um sermão
é desafiar as pessoas com a verdade de Deus. Por isso é que o

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\

terceiro aspecto da revelação divina na adoração é a resposta


ao que Deus ordena.

Reagindo à Palavra
A resposta esperada é um compromisso de obediência.
Quando Moisés terminou de narrar a aliança divina, o povo
reagiu imediatamente com um voto de obediência (Êx 24.3).
Depois, quando ele leu o livro da aliança, eles reagiram no­
vamente, acrescentando as palavras: “Nós obedecerem os!”
(v. 7).
A única coisa que Deus deseja saber na bênção apostólica
de um culto de adoração é como nossas vidas serão diferentes
porque aceitamos o seu convite e nos apresentamos para adorá-
lo. Se você não pode responder a esse convite, então você
apenas assistiu a uma cerimônia religiosa. Adorar, além de ouvir
é responder a Deus. Sem resposta não há discipulado.
Isso significa que, no final de cada sermão, devemos fazer a
pergunta: “O que vou fazer de maneira diferente porque estive
na presença de Deus e ouvi suas expectativas a meu respeito?”.
Na verdade precisamos fazer essa pergunta todos os dias quando
fazemos do culto um estilo de vida.
Se você deseja crescer na fé, a maneira mais rápida é
perguntando-se: “O que vai mudar em minha vida porque eu
ouvi a voz de Deus?”. Eu não estou dizendo que todas as vezes
que você abrir a Bíblia ocorrerão mudanças radicais em sua
vida. Às vezes a mudança pode ser bem pequena, mas a Palavra
de Deus propõe-se a modificar e refazer-nos à imagem de Cristo,
por isso devemos estar preparados para obedecer a Deus. Ele
sempre responde à declaração: “Nós faremos”, não apenas “Nós
ouviremos”.

Presentes para Deus

o terceiro elemento que contribui para a essência de nossa


adoração são os presentes para Deus.

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Em Êxodo 24.4,5, somos informados de que Moisés construiu
um altar e então “enviou alguns jovens dos filhos de Israel, os
quais ofereceram holocaustos, e sacrificaram ao Senhor sacrifícios
pacíficos de novilhos”. Moisés não ia entrar na presença de
Deus sem uma oferta.

Nossas ofertas
Deus merece nossas ofertas pelo que ele é e tem feito. Você
não se apresenta a um rei sem um presente. Quando adoramos,
perguntamo-nos: o que oferecemos a Deus ao entrar na sua
presença?
Quando eu e você nos apresentamos a Deus, devemos ir
com uma oferta. Vimos que oferecemos um “sacrifício de louvor”
(Hb 13 .15), uma oferta de nossos lábios e corações. Mas também
vamos com uma oferta tangível, as ofertas que representam o
trabalho de nossas mãos. Ouvimos muitas pessoas da igreja, e
também os de fora, perguntando por que as igrejas precisam
recolher ofertas todos os cultos.
O motivo básico é o que eu mencionei anteriormente, que
Deus merece nossas ofertas. Ele também ordenou que lhe
trouxéssemos nossas ofertas. Deus quer que reconheçamos que
tudo o que somos e tudo o que temos vem dele. Nossas ofertas
são uma maneira de demonstrar a Deus que entendemos essa
verdade.
Se você entra na presença de Deus sem as ofertas que ele
merece e pede, está lhe dizendo: “Na verdade, não preciso de
você. Eu consegui sozinho este emprego. Eu tenho energia
própria para fazer este trabalho. Portanto, este dinheiro é meu.
Estes recursos são meus. Você deveria se sentir feliz porque eu
estou aqui”.

O melhor que temos


Além de Moisés enviar aqueles moços com uma oferta, não
foi qualquer oferta. Sabemos pela Lei que os animais oferecidos
a Deus para sacrifício tinham de ser os melhores: sem nenhuma
mancha ou defeito. As ofertas de Israel deviam ser puras e
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limpas. Tinham de ser ofertas reais, dadas com alegria. Tinham
de ser as melhores, as “primícias” do que o povo possuía.
Uma das passagens mais críticas do Antigo Testamento,
mencionado no capítulo anterior, é Malaquias 1.6-10, onde Deus
condenava o seu povo porque lhe traziam restos.
Foi uma repreensão dolorosa porque levar as sobras
constituíam um imenso insulto à grandeza de Deus. Nossas ofertas
devem dizer a Deus: “Tu és um Deus grande para atender minhas
necessidades deste modo. Tu és um Deus grande para me dar
um lugar para morar, um carro para dirigir, roupas para vestir e
alimento para comer. Tu és um grande Deus!”.
Observe, não se dá gorjeta para um grande Deus. Não se
dão as migalhas de nossa mesa. Você lhe dá o que ele merece.
Uma família estava à mesa do jantar um dia queixando-se
do culto da igreja. O filho disse: “Gente, aquele pregador gagueja
e não consigo entender o que ele diz. Que sermão horrível”.
A filha disse: “Naquele coro todos são desafinados”.
A mãe acrescentou: “Foi um culto horrível e longo demais”.
O pai ficou frustrado ouvindo todas aquelas queixas. Olhou
para sua família e disse: “Calem-se! O que esperavam por vinte
e cinco centavos?”.
É o que fazemos com tanta freqüência. Queremos o melhor
da parte de Deus, mas lhe damos gorjetas. Queremos todo o seu
poder, mas lhe damos os nossos trocadinhos. Queremos todã a
sua glória, mas lhe damos ofertas que ele não pode utilizar.
No tempo de Malaquias, Deus disse a Israel: “Não me tragam
seus sacrifícios doentes. Tentem dá-los a seu líder terreno e
vejam se ele aceita. Não me dêem seus carneiros imprestáveis,
seus carneiros cegos. Eu sou um grande Deus. Apresentem-me
grandes ofertas, ou fechem as portas do templo e as tranquem”.

Três tipos de ofertantes


Alguém disse que há três tipos de ofertantes: a pedra, a
esponja e o favo de mel. Para se obter algo de uma pedra, é
preciso bater nela com um martelo. Então tudo o que se obtém
são pequenas lascas e fagulhas.
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Para se obter água de uma esponja, é preciso espremê-la.
Quanto mais esprememos mais água obtemos, mas é preciso
continuar espremendo.
Já um favo de mel goteja doçura. O mel vem fluindo. Quando
o povo de Deus compreende o que o Senhor fez por nós, não
é preciso instruir ou implorar para contribuirmos. Daremos pela
nossa imensa gratidão por ser um Deus tão grande.
Na verdade, às vezes deveríamos levantar-nos durante u oferta
e aplaudir o privilégio que temos de ofertar. Deveríamos clamar
alegremente porque fomos abençoados com força suficiente
para trabalhar e assim termos algo que ofertar.

Consagração divina

A consagração é o quarto componente da adoração, su­


cedendo em ordem lógica ao convite, à revelação e à
contribuição;

Tomou Moisés a metade do sangue, e a pôs em bacias, e a


outra metade do sangue espargiu sobre o altar [...] Tomou,
pois, Moisés aquele sangue e o aspergiu sobre o povo, e disse;
Este é o sangue da aliança que o Senhor fez convosco no tocante
a todas estas palavras (Êx 24.6,8).

Moisés pegou o sangue dos sacrifícios que os jovens


ofereceram e o dividiu em duas partes. Metade aspergiu sobre
o altar e a outra metade sobre o povo. O sangue é sempre um
meio de consagração porque permite a comunhão entre os
pecadores e um Deus santo. Qualquer um que deseja adorar a
Deus tem de chegar a ele através do sangue de Jesus.

O sangue de Cristo
A comunhão com o Deus santo só é possível mediante o
sangue. No Antigo Testamento, o sangue dos sacrifícios de
animais servia como mediador entre os homens e Deus. Mas
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agora o sangue de Jesus Cristo tornou-se o “único mediador”
entre Deus e nós (ITm 2.5).
Quando nos reunimos para a ceia do Senhor em ato de
adoração, o fazemos pelo corpo e sangue de Jesus. Come­
moramos seu único e suficiente sacrifício pelo pecado.
Reunimo-nos para adorar apenas Jesus, que é digno porque
foi morto, e com o seu sangue comprou a nossa salvação (Ap
5.9).
Pode parecer estranho para nós que Moisés tenha aspergido
o sangue sobre o povo. Mas quando aceitamos a Cristo, Deus
asperge o sangue de Jesus sobre nós. O sangue de Cristo já
purificou o propiciatório celestial, por isso agora podemos ter
comunhão com Deus. O sangue da aliança derramado na
cerimônia de ratificação em Êxodo 24 antecipava o sangue de
Cristo.
Jesu s Cristo nos consagrou com o seu sangue e nos
aproximou de Deus. Só podemos adorar a Deus por meio de
Jesus. Ele se abaixou e pegou você com uma mão, então
estendeu-se e pegou o Pai com a outra mão, e reuniu ambos.
Por isso o hino cantado no céu é: “Digno é o Cordeiro, que foi
morto” (Ap 5.12).

Nossa consagração
A igreja celebra a ceia porque é o símbolo da nova aliança,
o símbolo de nossa consagração. Celebramos a ceia do Senhor
— comendo o pão e bebendo o vinho — em memória do
sacrifício vicário de Jesus, pois ele é nossa vida, nosso propósito
e nossa razão de viver
Nós fomos feitos filhos de Deus pelo sangue de Jesus Cristo.
Podemos orar porque Cristo é o nosso intercessor. Se andarmos
nos seus caminhos, seu sangue nos purifica de todo o pecado
(IJo 1.7); mas, se ainda assim pecarmos, temos um advogado
junto ao Pai (IJo 2.1).
Jesus nos consagrou a Deus, tornando-nos aceitáveis ao Pai
mediante o sangue derramado na cruz. Por isso temos de nos
consagrar pessoalmente a ele todos os dias como nosso “culto

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racional” (Rm 12.1). Quando nos levantamos de manhã, temos
de dizer: “Querido Deus, por causa de Jesus, sou teu hoje”.
Consagrar-se é um lembrete de que somos cidadãos dos
céus. Pertencemos ao céu. A consagração é um componente
essencial da adoração.

Iluminação divina

Este é o quinto com ponente que junto com os quatro


anteriores formam a essência da adoração. Quando todas as
peças estiverem no lugar, você experimentará a iluminação
divina. Vamos examinar novamente a história de Êxodo 24:

Subiram Moisés e Arão, Nadabe e Abiú, e setenta dos anciãos


de Israel, e viram o Deus de Israel. Debaixo dos seus pés havia
como que uma calçada de pedra de safira que se parecia com
o céu na sua claridade. Mas Deus não estendeu a sua mão
contra os escolhidos dos filhos de Israel; eles viram a Deus, e
comeram e beberam (v. 9-11).

Eu gosto disso. Quando eles adoraram corretamente, viram


a Deus. E, em vez de serem consumidos pela espantosa presença
do Senhor, tiveram uma festa!

O que é preciso para ver Deus


Nosso problema hoje é que temos muitas pessoas procurando
Deus, a quem não querem adorar. Elas dizem: “Senhor, eu não
te vi na semana passada”. Mas você adorou na semana passada?
“Senhor, hoje eu não senti a tua presença”. Você adorou hoje?
Moisés e seus companheiros viram a Deus quando adoraram.
Alguns filhos de Deus são “educados” demais para adorar, auto­
conscientes demais para caírem de joelhos, reservados demais
para clamarem por Deus em cânticos. Outros estão ocupados
demais para adorar, ligados demais ao trabalho ou ã televisão.
Simplesmente não conseguem encontrar tempo para adorar.
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Observe, se você não consegue encontrar tempo para adorar,
não fique surpreso por não ver a Deus. Não se admire se você
não vir a mão dele se movendo em resposta às suas orações e o
poder dele operando em sua vida. Se você não tem tempo nem
desejo de adorar, não se admire se Deus permanecer invisível.
Mas quando Moisés e os outros adoraram, eles viram a Deus.
Eles não viram apenas um esboço nebuloso e desgastado de
alguma coisa. Não sabem exatamente que visão de Deus eles
tiveram, mas eles viram a Deus sobre um pavimento de s a ^ !
Era como o céu do meio-dia reluzindo gloriosamente. Eles
a Deus em seu verdadeiro esplendor. Eles viram a glória i

Adoração como estilo de vida


Você quer ver a glória de Deus? Aprend£ÍÀ\a(dQm4o! Submeta-
se ã adoração contínua, como estilo <c:/
De vez em quando não resolve. L ^ c ^ o por semana, na
igreja, não é suficiente parar-que^wcê^eja a glória de Deus
como esses homens a viran^M a^-í^ando você transformar a
sua vida em uma vida d e^ d o r^ ão; quando você apresentar o
seu corpo “cornA / a< tíí(^ vivo, santo e agradável a Deus”
(Rm 12.1); qu apd ^à^w ração for um compromisso seu, então
Deus vai ih tó in a ^ e para você.
A ad x^ d ãa^ ^ chave porque é a única coisa que você pode
dar que não precisa de nada. Pense nisso. O qúe
x^fce^á-ífpessoa que tem tudo? Bem, as pessoas sempre parecem
\m(X)ntrar algum tipo de presente porque na realidade ninguém
no mundo tem tudo.
Mas Deus tem. “Do Senhor é a terra e a sua plenitude, o
mundo e todos os que nele habitam” (Sl 24.1). Deus possui
tudo. Ele não precisa de nada. Então, o que você pode lhe dar
que ele realmente deseja? Sua adoração!
Deus quer ouvi-lo dizer: “Louvarei o Senhor em todo o tempo;
o seu louvor estará continuamente em minha boca” (Sl 34.1).
Você está preparado para adorar a Deus? Você deseja acima de
tudo louvá-lo, dar-lhe a glória devida ao seu nome? A adoração
é uma necessidade absoluta para os que querem seguir a Cristo.
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o contexto
da adoração

Eu espero que agora você esteja percebendo que a adoração


não é apenas uma experiência particular entre Deus e você.
Nem um evento que ocorre uma vez por semana no qual você
participa e adora, por uma ou duas horas, e então retoma a
vida do ponto onde a deixou como se nada houvesse acontecido.
Nada disso. A adoração é tanto particular quanto pública. É
pessoal e coletiva. Além de adorar a Deus em seu dia-a-dia,
você também precisa adorá-lo com as pessoas que integram o
corpo de Cristo: a igreja. A adoração coletiva é um dos
imperativos essenciais para seguir a Cristo.
A igreja é, de fato, o contexto principal de nossa adoração.
Por isso é que a igreja é a nova entidade de Deus através da
qual ele está efetuando um trabalho novo. Por isso, neste capítulo
quero falar do contexto da adoração.
Eu sempre disse que qualquer pessoa que esteja adorando a
Deus pessoal e particularmente também tomará a sério a
adoração coletiva. Todos nós já ouvimos pessoas dizerem: “Eu
posso adorar a Deus em casa. Eu não preciso ir à igreja”.
Talvez você tenha dito isso, ou pelo menos pensado. Mas
Deus sempre convoca seus adoradores pessoais para serem
seus adoradores coletivos. Conforme veremos, a igreja (o povo,
não o edifício) é o contexto no qual encontramos a nossa
identidade de adoradores.
A idéia do povo de Deus como uma comunidade adoradora
se reporta a um pasado distante. Quando Moisés foi a Faraó,
a primeira coisa que disse em nome de lavé foi: “Deixa ir o

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meu povo, para que me celebre uma festa no deserto” (Êx
5.1). Deus estava dizendo: “Deixa o meu povo ir para me
adorar”. Quando Israel finalmente saiu do Egito, Deus reuniu
o povo como uma comunidade de crentes e adoradores de
lavé (Êx 13).
Vivemos em um mundo no qual as pessoas querem adorar
do mesmo modo como preparam sua comida instantânea.
Querem ser fregueses participantes do McAdoração, de onde
podem sair do mesmo jeito que chegaram. Elas querem adoração
“drive-thru”, onde encostam o carro para fazer o pedido, comem
como quiserem e vão para casa. A idéia de vir e sentar-se para
jantar com Deus está se perdendo.
A vontade explícita de Deus, no entanto, é que o seu povo
se reúna regularmente como seu corpo para adorá-lo. Nos
primeiros dias da igreja, os crentes se reuniam diariamente.
Depois passou a ser uma experiência semanal em que eles
separavam o Dia do Senhor para adoração, fundamentados na
ressurreição de Jesus Cristo (At 20.7).
A idéia de separar para o Senhor um entre os sete dias da
semana foi estabelecida desde o princípio, nas Escrituras. O quarto
mandamento instruía Israel a guardar o sábado (Êx 20.8,11). Era
um dia reservado para Deus, para reconhecer que ele provera
os seis dias anteriores. Era também uma declaração de que p
povo de Deus dependia dele para sustentá-los na semana
vindoura.
Para a igreja, esse dia especial de adoração é o Dia do Senhor,
o primeiro dia da semana. É o dia em que nos reunimos para
celebrar a nova vida e a nova aliança que desfrutamos em
virtude da morte e ressurreição de Cristo.
E, a propósito, a adoração coletiva do povo de Deus não é
apenas aqui na terra. O livro de Apocalipse contém diversas
cenas no céu onde muitos anjos e pessoas estão reunidos ao
redor do trono em adoração. Estão na eternidade para adorar a
Deus (Ap 5.13; 7.9-17; 14.1-3; 15.1-4; 19.M 0).
A cena em Apocalipse 19 é a da igreja remida vindo para “as
bodas do Cordeiro” como sua noiva. O que estou dizendo é
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que a igreja como contexto para adoração não é uma idéia
temporária. Adoraremos a Deus por toda a eternidade como
sua noiva.
Portanto, podemos adorar a Deus particularmente, e é o
que devemos fazer. Não quero retirar nada do que disse acerca
da adoração como modo de vida. Se você está adorando a
Deus apenas no domingo, sua vida espiritual ficará subnutrida.
Mas se você não estã adorando no contexto do seu corpo, sua
vida espiritual também se tornará anêmica. Por quê? Porque
Deus construiu a vida cristã de maneira que certas coisas ele
fará porque você o adora particularmente, e outras porque
você o adora coletivamente.
Há, portanto, um equilíbrio entre adoração individual e
coletiva. Eu e você não nos desenvolveremos completamente
nem amadureceremos como discípulos cristãos até que ambos
os aspectos da adoração estejam ativos em nossas vidas.

Um novo ambiente

A igreja é o contexto principal de Deus para a adoração


porque, ao reunir-nos, somos introduzidos em um ambiente
totalm ente novo que não experim entam os na adoração
particular.

Uma nova platéia


Na adoração. Deus é a platéia e nós, os atores. Você não
deveria vir à igreja para ver seus amigos ou para ouvir o coro
ou o pregador. Naturalmente eles têm um lugar na adoração.
Mas quando nos reunimos para adorar, vamos nos encontrar
com Deus, bendizê-lo, glorificá-lo e ouvi-lo.
O coro é importante porque a música que cantam fala de
Deus. O pregador é importante porque ele ministra sobre Deus.
Os santos são importantes porque eles vieram, como um povo
unido, para se encontrar com Deus. Esse é o novo ambiente,
diferente de qualquer outra coisa na terra.
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Observe, se você retirar Deus de cena, o culto de adoração
deixa de ser especial. Retire Deus do sermão, e este poderá
muito bem se transformar em uma palestra motívacional para
uma organização cívica. Retire Deus da música, e ela passará a
ser apenas outro concerto. Sem Deus, os santos reunidos
poderão se transformar em uma fraternidade ou associação ou
qualquer outro grupo de interesses partilhados.
Quando nos reunimos para adorar a Deus como seu povo,
supõe-se que seja uma história muito diferente. Somos
participantes comuns da obra de Cristo. Reunimo-nos com ele.
Se alguém lhe pergunta por que você vai à igreja, diga-lhe:
“Estou indo para me encontrar com alguém”. Parte do novo
ambiente da adoração é a nova platéia.

Uma nova cidade


De acordo com o autor de Hebreus, nossa adoração coletiva
também nos transporta para uma nova cidade. Em Hebreus 12,
ele escreve:

Não tendes chegado ao monte palpável e ardente, e à escuridão,


e às trevas, e à tempestade, e ao sonido da trombeta, e ao som
de palavras tais, que quantos o ouviram rogaram que não se
lhes falasse mais, porque não podiam suportar o que se lhes
mandava: Se até um animal tocar o monte, será apedrejado. E
tão terrível era a visão, que Moisés disse: Estou todo aterrado e
trêmulo (v. 18-21).

Há um culto de adoração durante o qual nenhum santo


dormiria! Foi o que aconteceu quando Deus deu a Lei a Moisés
no monte Sinai (Êx 19-16,25). Leia a história você mesmo e verá
exatamente como esse acontecimento foi solene e assustador.
O povo de Israel foi advertido para não se aproximar do
m onte. Deus não queria que nem mesmo os sacerdotes
atravessassem a barreira ao redor do monte. O povo teve de
consagrar-se e ficar de lado enquanto essa cena espantosa se
desenrolava. Até Moisés ficou assustado e fora de si.
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Se você estivesse lá naquele d a e desobedecesse us instruções
de Deus, a santidade dele o teria matado. Deus advertiu Moisés
para dizer ao povo que não tocasse na base do monte Sinai a
fim de que não morresse. A santidade de Deus proibia um
contato pessoal com ele.
Não é isto o que acontece quando nos achegamos a Deus
como sua igreja para adorá-lo. É por isso que vamos a uma
nova cidade:

Mas tendes chegado ao monte Sião, e à cidade do Deus vivo, à


Jerusalém celestial, e aos muitos milhares de anjos, à universal
assembléia e igreja dos primogênitos inscritos nos céus. Tendes
chegado a Deus, o juiz de todos, e aos espíritos dos justos
aperfeiçoados, a Jesus, o Mediador de uma nova aliança, e ao
sangue da aspersão (Hb 12.22-24).

No Antigo Testamento, a cidade de Deus era o monte Sião,


Jerusalém, a cidade santa, o lugar onde se adorava a Deus.
Quando nos reunimos para adorar a Deus, vamos a uma nova
cidade: “a Jerusalém celestial”.
Quando você se reúne com os santos para adorar a Deus,
fisicam ente você pode estar no edifício da igreja, mas
espiritualmente é como se você estivesse na cidade celestial.
Paulo nos fala das bênçãos espirituais que Deus concede nas
“regiões celestiais em Cristo” (Ef 1.3)
Em adoração, somos como que transportados para uma
cidade totalmente nova. Portanto, você “está em dois lugares”
ao mesmo tempo quando adora. Seu corpo pode estar no banco
de uma igreja, mas, se você estiver adorando com sinceridade,
seu espírito está na Jerusalém celestial, a nova cidade de Deus.

Uma nova multidão


Quando você adora, é “transportado” à nova cidade de
Deus, onde encontra um novo grupo de pessoas. De acordo
com Hebreus 12.22, quando você adora a Deus, está na
companhia dos anjos. Por que o escritor diria isso? Pelo fato
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de que os anjos no céu estão adorando a Deus vinte e quatro
horas por dia.
Em Isaías 6, o profeta viu os anjos adorando o Senhor no
seu trono. Eles clamavam: “Santo, Santo, Santo é o Senhor dos
Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória” (v. 3)- Quando
você adora, junta-se aos anjos ao redor do trono de Deus,
prostrando-se diante dele e declarando a grandeza do Senhor.
Mas nos beneficiamos também, porque Hebreus 1.14 diz
que os anjos são espíritos ministradores enviados para servir
em nosso benefício. A beleza de ser transportado para a
Jerusalém celestial e ficar na companhia dos anjos é que, ao
voltar para a terra, os anjos vêm junto.
Há uma provisão de Deus de que, quando nos reunimos
para sua adoração, seus anjos nos servem. São invisíveis. Você
não pode vê-los. Mas, quando nós, os crentes, nos reunimos
para adoração, os anjos estão muito envolvidos conosco porque
estamos onde eles estão.
Este novo grupo também inclui “a universal assembléia e
igreja dos primogênitos” (Hb 12.23). Além de nos associarmos
com os anjos na adoração coletiva, também nos associamos
com todos os outros crentes que estão adorando. Da mesma
forma com o uma rede de com putadores pode conectar
pessoas em todo o mundo, estamos vitalmente conectados
com todos os outros crentes ao redor mundo que estão
adorando a Deus.
Nesta nova multidão também se encontram os santos do
Antigo Testamento, chamados “espíritos dos justos aperfeiçoados”
(v. 23). Quando adoramos, estamos na companhia espiritual
de Abraão, Isaque e Jacó — e também com Paulo e Pedro e
todos os santos que já se foram.
Mas fica ainda melhor. Na adoração, estamos também ligados
ao próprio Deus (v. 23). Conforme vimos no capítulo anterior.
Deus enuncia o convite para a adoração. Nós o adoramos porque
ele nos convida para o adorarmos.
Quando você adora, está fazendo o mesmo que Pedro e
Paulo. Por isso, em um sentido, a adoração é mais do que
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mistura de culturas. Tanto os “mortos em Cristo” como aqueles
que ainda estão vivos adoram a Deus.
Finalmente, Hebreus 12.24 diz que, ao adorar, também nos
associamos com Jesus. Aprendemos no capítukí 4 que ele é o
mediador da nova aliança. Quando adoramos, nos ligamos a
Cristo e participamos dos benefícios da nova aliança.
Ao adorarmos, somos também aspergidos cuni o seu sangue.
Falamos sobre a importância do sangue em um capítulo anterior,
portanto não vou falar nisso aqui novamente.
Você sabe por que Satanás deseja mantê-lo afastado da
adoração junto com o corpo de Cristo? Ele quer isolá-lo para
que você não mantenha comunhão com Deus e os santos, como
Cristo ensinou, o que você também experimentará na nova
cidade.

Uma nova identidade

Quando adoramos como corpo de Cristo, além de entrarmos


em um novo ambiente, também assumimos uma ncwa identidade.
O apóstolo Pedro nos dá esta informação em 1 Pedro 2.4-10,
onde ele faz uma lista de cinco aspectos de nossa nova identidade
como povo de Deus.

Um novo edifício
Em primeiro lugar, Pedro diz que somos um novo edifício;

Chegando-vos para ele, pedra viva [...] vós também, como pedras
vivas, sois edificados como casa espiritual para serdes sacerdócio
santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais, aceitáveis a
Deus por Jesus Cristo (v. 4,5).

Deus está edificando para si uma nova casa de adoração —


só que não tem paredes, portas, janelas e um número do lado
de fora. A casa de adoração de Deus é o povo que entra no
edifício da igreja todas as semanas.
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/

Durante alguns anos, nossa igreja em Dallas se reunia para


adorar em um ginásio no nosso centro familiar. Mas se alguém
perguntasse ao nosso povo aonde ia aos domingos, ninguém
dizia que se dirigia ao ginásio, mas que ia à igreja.
Como eles podiam dizer isso? Um dos motivos é porque iam
encontrar-se com Deus, e não bater bola. Outra razão é porque
vinham como parte de um grupo de pessoas cujo relacionamento
com Deus é semelhante. Vinham como parte integrante da nova
casa de adoração de Deus.
A adoração pode transformar um ginásio em um santuário
porque os adoradores trazem com eles o santuário quando vêm.
Por isso Israel podia adorar a Deus em um tabernáculo portátil ou
em um templo permanente. Quando a casa espiritual de Deus se
reúne, não importa se a estrutura física possui vitrais ou não.
Somos pedras vivas porque estamos ligados à “pedra viva”,
Jesus Cristo (v. 4). Jesus é o edificador, e ele está edificando
uma casa única. Seu plano é que todos nós como pedras vivas
nos encaixemos em seu único edifício.
Ninguém nunca construiu uma casa com apenas um tijolo.
Cada um dos tijolos é importante, e se você tiver uma quantidade
suficiente deles pode construir uma casa. Mas um só tijolo não
compõe uma casa. Você pode ser um bom discípulo, mas não
pode ser a reunião do corpo de Cristo. Você pode apenas sçr o
tijolo que contribui para o todo.
Observe as implicações desta verdade para a adoração. Pedro
faz uma con exão direta com a adoração no versículo 5 ao chamar
a igreja de “sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios
espirituais, aceitáveis a Deus por Jesus Cristo”.
Quais são os sacrifícios que oferecemos? A Bíblia nos
apresenta alguns. Um é a oferta do seu corpo a Deus como
“sacrifício vivo, santo” (Rm 12.1).
Eu tremo quando as pessoas me dizem: “Eu não fui ã igreja
domingo passado, mas estive com vocês em espírito”. É difícil
adorar com espíritos. A adoração sempre inclui seu corpo. Deus
quer usar o seu corpo para os propósitos dele, mas, para isso,
você precisa entregar os membros do seu corpo ao Senhor.
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Outro sacrifício para o qual somos chamados é o “sacrifício
de louvor” a Deus “fruto de lábios que confessam o seu nome”
(Hb 13 . 15). Damos testemunhos, oramos e cantamos como
ofertas de louvor e gratidão a Deus.
O versículo seguinte de Hebreus diz: “Não vos esqueçais de
fazer o bem e de repartir com outros, pois com tais sacrifícios
Deus se agrada” (13.16). Um motivo da importância da adoração
coletiva é que junto com você há irmãos e irmãs cujas neces­
sidades você pode ajudar a atender — assim como eles poderão
ajudá-lo quando você estiver em dificuldades.
A Bíblia também diz que dar é um sacrifício que devemos
oferecer a Deus (Fp 4.18). Paulo chama a contribuição de
“sacrifício agradável e aprazível a Deus” porque é partilhar o
que Deus tem dado a você para beneficiar o plano de Deus
para outros.
Quando Pedro diz que esta casa espiritual está sendo edificada
por Cristo (IP e 2.5), ele utiliza o verbo “construir”, que significa
criar, encorajar, fortalecer. Quando o Novo Testamento se refere
à edificação da igreja, o foco está sobre a igreja, não sobre os
edifícios.
Um dos propósitos fundamentais da adoração é que os
crentes possam se reunir para edificar-se mutuamente na fé e
encorajar uns aos outros. Nosso alvo principal na adoração é o
próprio Senhor, mas o transbordamento de nossa adoração
deveria tocar outras pessoas.
Normalmente faço uma analogia com a lenha da lareira. Um
único pedaço de madeira queima depressa e não produz muito
fogo. Se você quer um fogo alto, precisa colocar uma pilha de
toras tocando umas nas outras. É essencial que elas se toquem.
Quanto mais madeira, maior é a fogueira.
Se você quer que uma fogueira espiritual se acenda em
sua igreja, é melhor tocar nos outros crentes e deixar que
eles também o toquem. Por isso a Bíblia tem tanto a dizer
acerca da igreja edificando-se a si mesma. Paulo diz em
C olossen ses 3-16: “A palavra de Cristo habite em vós
abundantem ente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e
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admoestando-vos uns aos outros. O pronome vós é plural.
Deus habita em você ricamente quando você se reúne com
outros crentes em adoração, para ensinar, admoestar e enco­
rajar uns aos outros.
Já observou que você pode ir à igreja de mau humor, e sair
de lá totalmente diferente? Uma das causas dessa mudança de
humor foi o contato com outras pessoas que pensam como
você. É mais ou menos o que acontece em um jogo de futebol.
Você pode assistir a um jogo na tevê e apreciar uma boa partida.
Mas quando você está nas arquibancadas, sua reação será
totalmente diferente. Por quê? Porque você não está come­
morando sozinho. Está lado a lado com outras pessoas que
também estão de pé comemorando e a emoção é compartilhada.
Você pode preferir ficar em casa e assistir ao jogo na tevê,
porque é mais cômodo do que encarar o esforço de ir ao estádio,
mas o impacto em você não será o mesmo. Alguma coisa ficará
faltando.
Quando nos reunimos para adorar como casa espiritual de
Deus, somos transformados pelo seu Espírito. As coisas que ele
realiza entre nós são diferentes das que faz quando estamos
sozinhos.
Um empreiteiro estava com problemas no segundo andar
de um edifício. O primeiro andar fora concluído, mas no
segundo andar nada parecia encaixar-se. Então o empreiteiro
descobriu que estava seguindo a planta errada para aquele andar.
Se vamos seguir a Cristo, se nosso discipulado precisa ser eficaz,
devemos seguir os mesmos planos. Todos temos de seguir o
mesmo projeto de adoração. Por isso é que precisamos nos
ater à Palavra de Deus.
Primeira Coríntios 14 provavelmente tem mais a dizer acerca
da adoração coletiva do que qualquer outro capítulo no Novo
Testamento. Nos versículos 24 e 25, Paulo diz que quando a
igreja está reunida em adoração e todo o corpo está está sendo
edificado pela Palavra de Deus, um incrédulo presente no culto
pode ficar admirado com o poder de Deus e cair com o rosto
em terra para adorar.
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o CONTEXTO DA ADORAÇÃO
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\1 1 9 j
Por isso a adoração jamais é definida apenas pelo que
acontece na plataforma. Como já dissemos antes, você não vai
à igreja para observar o desempenho de outras pessoas. A
adoração é participativa.
Certa semana, uma visitante veio falar comigo após o culto
para expressar sua alegria. — Nunca vi nada parecido — ela
disse. — Posso conhecer a Deus como essas pessoas conhecem?
Isso é o que a adoração faz. É bom adorar sozinho, mas
quando nos reunimos em um lugar, adorando a Deus em espírito
e em verdade, levantando nossas vozes a Deus e edificando-se
mutuamente, alguma coisa deve tremer. Alguma coisa especial
deve acontecer.
Não é possível que você saia bocejando do culto de adoração.
Quando toda essa energia e poder se reúnem, algum calor será
gerado. Por isso a questão da adoração não é simplesmente se
você sente vontade ou não de adorar, mas se os seus irmãos e
irmãs precisam de você para adorar com eles.
O motivo por que eu e você, como crentes, podemos nos
firmar como casa espiritual é que a igreja é edificada sobre a
pedra angular, que é Jesus Cristo. Em IPedro 2.6-8, o apóstolo
nos lembra que há apenas uma pedra angular que Deus está
utilizando para edificar a igreja adoradora. Essa pedra é Jesus
Cristo, e se ele não for a sua pedra angular será a sua “pedra de
tropeço” (v. 8). Aqueles que rejeitam Jesus vão tropeçar nele e
cair diretamente no juízo. Esta questão de conhecer e adorar
Jesus não é coisa sem importância!
Se, no entanto, para você, Jesus é pedra preciosa (v. 7), não
poderá deixar de adorá-lo junto com o corpo dele. Não poderá
deixar de estar disposto a adorá-lo a semana inteira Você carrega
fotografias de pessoas queridas e as exibe com orgulho. Você
fala aos outros dos seus queridos. É assim que nos sentiremos
acerca de Jesus quando o adorarmos da maneira certa.

Geração eleita
Gastamos bastante tempo examinando o primeiro aspecto
mencionado em Pedro sobre nossa nova identidade, casa
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espiritual de Deus, porque o apóstolo dedicou bastante espaço
a ela.
No versículo 9 desse texto, Pedro nos dá, em rápida recessão,
mais quatro verdades relativas à nova identidade que temos
em Cristo como seus adoradores. Sabemos que a referência de
Pedro é coletiva e não apenas individual porque ele usa o
pronome vós. Vamos ver o que Pedro diz a nosso respeito
como corpo de Cristo.
Parte de nossa nova identidade significa que somos “geração
eleita”. Eu e você não passamos a fazer parte do corpo de
Cristo pelo que fomos. Integramos o corpo de Cristo porque
fomos selecionados, “escolhidos” para participar dele.
Por isso é que em Jesus Cristo não existem diferenças de
raça ou de classe (Gl 3-28). Isso não significa que deixamos de
ser judeus ou gentios. Não precisamos negar que somos negros
ou brancos, hispânicos ou asiáticos, ou seja lá o que somos.
Deus reconhece as raças. Ele as criou.
O que a Bíblia quer dizer, no entanto, é que todos nós na
igreja fazemos parte de uma agenda maior. Q uando os Estados
Unidos vão para as Olimpíadas, o país vai como uma nação.
Americanos negros, americanos hispânicos, americanos brancos,
americanos asiáticos, todos integram a equipe. Mas quando um
am ericano ganha uma medalha, a bandeira americana é
hasteada, apenas um hino nacional é tocado.
Quando você vai para as Olimpíadas, você faz parte de um
grupo maior. Você não está ali apenas para representar o seu
grupo. Ele pode ser legítimo, mas é pequeno. É também assim
no corpo de Cristo. Somos uma nova raça na qual todas as
antigas diferenças são irrelevantes para a nossa unidade em
Cristo. Por isso eu e você não podemos nunca permitir que
nossa visão obstusa controle nossas decisões cristãs. Não
podemos permitir que nossa cultura controle o relacionamento
que mantemos com Jesus Cristo. Somos raça eleita, escolhida
por Cristo para realizar uma agenda totalmente nova. A
adoração é uma m aneira maravilhosa de expressar essa
unidade.
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Todos OS que conhecem a Cristo e atravessam a porta de
nossa igreja em Dallas são aceitos “no Amado” (Ef 1.6)
independentemente de cor, categoria social ou cultura. Per­
tencem à nossa raça. Isso não nega sua identidade racial ou
cultural, mas essas categorias são suplantadas pela categoria
internacional maior de filhos de Deus.

U m sacerdócio real
Pedro também diz que nós somos “sacerdócio real”. Eu gosto
da palavra rea l Ela tem um quê de rei. Eu não me importo
com o que as pessoas pensem de mim lá fora, no mundo. Na
igreja, somos as duas coisas: ninguém e alguém. Vou explicar.
Na igreja, você não é ninguém no sentido de não ser maior
do que o seu próximo por causa do seu status social. Um homem
abastado de nossa comunidade me procurou e me disse que
desejava uma posição de liderança na igreja. Eu lhe disse que
em nossa igreja as pessoas chegavam à liderança pelo método
antigo. Tinham de fazer por merecer. Ele ficou um pouco
ofendido e respondeu; — Você não sabe quem eu sou — . Eu,
então, lhe disse: — Não, mas estou começando a descobrir.
Eu lhe expliquei que uma pessoa precisa provar que é
espiritual para ser líder. Ele ficou ofendido porque pensava ser
alguma coisa. Mas Deus não tem nenhum privilégio por nossa
causa, nós é que somos privilegiados pela graça que ele nos
concede. Segundo os padrões do mundo, não existem “muitos
sábios” e “muitos poderosos” entre nós (ICo 1.26).
Por outro lado, em Cristo somos alguém porque represen­
tamos seu sacerdócio real. No tempo da escravidão, os escravos
não eram ninguém. Homens adultos eram cham ados de
“moleques” e tinham de dizer “sim, sinhò” e “não, sinhò”. Não
eram ninguém até o domingo de manhã.
No domingo de manhã, o “moleque” se tornava “diácono
Jo n e s”. A “negrinha” se tornava a anciã da igreja. O que
acontecia? Eles entendiam que na presença de Deus, quando
vinham adorá-lo, eram a realeza. O sangue do Rei corria em
suas veias. Eles sabiam que podiam chegar-se a l^eus.
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A beleza de ser cristão é que você não precisa de ninguém


para ser conduzido a Deus. Jesus já o fez. As pessoas podem
orar e interceder por você, naturalmente, mas através de Jesus
Cristo, Deus é diretamente acessível porque você é sacerdote
dele.
Portanto, quando nos reunimos para adorar e louvar a Deus
com nossas vozes, aproximamo-nos dele porque somos seus
sacerdotes. Você se lembra de que em Atos 12 Pedro foi preso
e encarcerado por Herodes. A igreja, então, orou fervorosamente
pelo apóstolo (v. 5), e uma luz brilhou em sua cela quando um
anjo o libertou.
Os sacerdotes reais de Deus foram até o Senhor em oração.
No versículo 5 de 1 Pedro 2, Pedro nos chama de “sacerdócio
santo”, significando que somos separados por Deus para seu
propósito.
Referimo-nos a uma combinação que não pode ser derrotada:
como santos somos aptos a servir a um Deus santo, e sendo
reais somos capazes de servir o Rei dos reis. Portanto, somos
alguém quando vamos à casa de Deus oferecer os nossos
sacrifícios como sacerdotes.

U m a nação Santa
Pedro ainda não terminou. Ele chama a igreja de “nação
santa” (v. 9)- Este é o outro lado de nossa identidade de raça
escolhida. Nós nos reunimos como uma nova raça para formar
uma nova nação.
Santo não significa perfeito. Jamais atingiremos a perfeição
nesta vida, mas a nossa paixão deveria ser a santidade. Ser um
povo santo significa sofrer pelo nosso pecado. Afligimo-nos
quando nos rebelamos contra Deus e lhe desobedecemos.
Confessamos nosso pecado em vez de tentar escondê-lo.
Levamos o nosso pecado à cruz para que possa ser crucificado.
Pedro está dizendo que quando nos reunimos, precisamos
nos definir como povo santo, um povo cuja paixão é agradar a
Deus. Adoração santa é o único tipo de adoração que Deus
aceita.
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Povo adquirido
A descrição final que Pedro faz de nós como crentes em
IPedro 2.9 é “povo adquirido”. Somos um povo especial por
causa de quem nos possui.
Muitos de nós têm heranças familiares, objetos que passaram
de geração a geração. Alguns deles têm valor real, enquanto
outros não têm valor a não ser para nós. Mas até mesmo a
herança sem muito valor, vale para você um milhão de dólares
porque era o broche da mamãe, o relógio do papai. Essas coisas
não têm preço.
Nós mesmos não temos muito valor, mas para Deus não
temos preço porque lhe pertencemos. Ele nos quer bem, e não
nos abandonará por nada.

Um novo estilo de vida

Pedro tem uma palavra final para nós em 1 Pedro 2.9, 11,12.
Porque fomos introduzidos em novo ambiente de adoração e
porque assumimos nova identidade, devemos viver um novo
estilo de vida ao irmos para casa. Pedro diz que o propósito de
tudo isso é “para que anuncieis as grandezas daquele que vos
chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”.
Diversas metáforas podem servir para mostrar como esse
novo estilo de vida é vivido no cotidiano.

“ Fazendo propaganda” de Deus


Expondo de maneira simples. Deus quer que falemos dele.
Você sabe o que uma agência de publicidade faz. Ela vende
alguma coisa, destacando suas melhores qualidades. Deus diz
que devemos apresentar as qualidades e a natureza dele.
Por que devemos fazer propaganda de Deus? Porque ele é o
Deus invisível. As pessoas só podem ver como Deus é olhando
para nós. Somos como aqueles indivíduos que costumavam andar
para baixo e para cima pela calçada usando aqueles antigos cartazes
de propaganda. Deveríamos ser a propaganda itinerante de Jesus.
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Sua igreja faz uma boa propaganda de Deus? Se alguém
quisesse descobrir como Deus é e como será o céu, deveria
poder visitar nossas igrejas para observar.

Travando uma batalha


Leia o versículo 11 do nosso texto, em que Pedro descreve
nosso estilo de vida como uma guerra: “Amados, peço-vos,
como a peregrinos e forasteiros, que vos abstenhais das
concupiscências da carne, as quais combatem contra a alma”.
Por que você deveria resistir à carne em vez de se entregar
a ela? Porque toda vez que você agrada à carne atrapalha o seu
espírito. Se você satisfaz a carne, ela vai se sentir bem. A má
notícia é que o seu espírito vai se sentir mal. Sua carne pode
fazê-lo se sentir bem por algum tempo, mas espiritualmente ela
não pode levá-lo a lugar nenhum.
Você não pode agradar a carne seguindo a Cristo como seu
discípulo obediente. Você não pode agradar a carne, por exem­
plo, e ainda assim dizer que deseja que Deus atenda suas
orações. Você não pode agradar a carne e ainda assim querer
que Deus intervenha em sua vida. Se você estiver agradando a
carne, estará na verdade lutando contra o que Deus deseja
para você.

Tornando público
Em vez de nos entregarmos às nossas concupiscências,
precisamos publicar nossos atos de fé:

O vosso procedimento entre os gentios seja correto, para que,


naquilo em que falam mal de vós, como de malfeitores,
observando as vossas boas obras, glorifiquem a Deus no dia
da visitação (iPe 2.12).

Gosto disso. Pedro diz que devemos tornar públicas as nossas


ações. Pare de ser um cristão “agente secreto”. Isto não é
pretensão ou exibição. É praticar o cristianismo autêntico de
modo que ninguém possa criticar.
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Por que não deveríamos tornar público que somos de Cristo?
Todos os outros grupos fazem propaganda de suas causas. Uma
vez que todas as outras causas tornaram-se públicas, o povo de
Deus também precisa apresentar-se e mostrar Cristo ao mundo
que observa. Que o mundo veja suas boas ações e o seu espírito
cristão.
A melhor maneira de mostrar que o cristianismo é real é ser
um cristão real. Chegou a hora de ser como Paulo, que não se
envergonhava do evangelho (Rm 1.16). Isto é o que acontece
quando adoramos coletivamente como o corpo de Cristo.
Penetramos em um novo ambiente e recebemos uma nova
identidade, para que possamos viver um novo estilo de vida.

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A recoiftoensa
da adoração

Existe uma recompensa para aqueles que seguem a Cristo


em adoração?
Esta é a pergunta que quero considerar com você ao
finalizar esta seção sobre o primeiro dos quatro pontos
essenciais no discipulado de Cristo. O que será diferente em
sua vida se você começar a fazer da adoração um modo de
vida, em vez de uma fantástica peça teatral de duas horas no
domingo de manhã? Que benefícios você pode esperar tor­
nando-se o tipo de adorador que Jesus diz que o Pai procura
Qo 4.23)?
Q uero m ostrar-lhe pelo m enos seis b en e fício s, seis
“contracheques”, se quiser, de que você vai desfrutar se
desenvolver um estilo de vida de adoração. Quer falemos de
adoração individual, adoração em família ou adoração coletiva
da igreja, existem incríveis recom p ensas à espera dos
adoradores que são autênticos discípulos de Cristo. É claro
que os verdadeiros adoradores não se aproximam de Deus
perguntando: “O que vou receber em troca?”. A adoração é
para a glória de Deus, não nossa, e Deus m erece nossa
adoração quer obtenhamos ou não alguma coisa para nós
mesmos. Mas Deus determinou abençoar aqueles que o adoram
em espírito e verdade.

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Intimidade com Deus

A primeira coisa que a adoração fará por você é permitir-


lhe um contato íntimo com Deus. O salmista escreve: “Con­
tudo, tu és santo, entronizado entre os louvores de Israel”
(Sl 22.3).
Algumas versões dizem que Deus “habita” entre os louvores
do seu povo. Não importa como você traduza o conceito: se
você quiser atrair a atenção de Deus, adore. Se você quiser
ouvir o céu, adore. Se você quiser ver Deus envolvido em sua
vida, adore.

Carregando seu altar


Os santos do Antigo Testamento entendiam isto. Na verdade,
eles o entendiam tão bem que carregavam seus altares com
eles! A Bíblia conta que Noé, Abraão, Jacó e Moisés, todos eles
construíram altares e adoraram a Deus em momentos críticos
de suas vidas.
Moisés, por exemplo, construiu um altar no meio do deserto
depois da derrota de Amaleque (Êx 17.15). Não importava se
era sábado ou não. O tabernáculo para a adoração formal ainda
nem fora construído. A linica coisa que importava era que Deus
agia e Moisés adorava.
Vimos no capítulo anterior que a igreja é o contexto principal
para adoração. Mas, como dissemos, isso não exclui de maneira
nenhuma a adoração pessoal. Se você tiver um problema na
segunda-feira, não pode simplesmente dizer: “Gente, não
consigo esperar o domingo para levar isto ao altar!”.
É muito tempo entre a segunda-feira e o domingo. É melhor
carregar o seu altar junto com você, porque o Senhor habita
entre os louvores do seu povo.
Observe, sempre que adoramos. Deus se faz presente. Por
isso a adoração é crucial não apenas para nós como indivíduos,
mas para a família. Se você é o chefe de sua família, deveria
reuní-la para adorar. Reserve tempo para cantar, ler as Escrituras
e orar pelas coisas que estão no coração de vocês.
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f '•

A RECOMPENSA DA ADORAÇÃO \129

Era o que meu pai costumava fazer quando ele não tinha
trabalho suficiente e nós não sabíamos de onde viria a nossa
próxima refeição. Ele reunia a família ao redor do “altar da
família” e dizia: “Vamos adorar”. Eu não sabia de onde vinha
aquele feijão, mas ele aparecia na mesa! Agora eu sei que é
porque Deus habita entre os louvores do seu povo. Quando
adoramos, ele se entroniza bem no meio de nossos louvores e
de nossa adoração. Sempre que adoramos verdadeiramente.
Deus se faz presente.
A adoração traz para perto de você o Deus que parecia estar
“tão longe”. Adorar diminui a distância aparente entre você e
Deus. Se você acha que Deus está longe, pode ser porque você
não está adorando. Longos intervalos entre nossos períodos de
adoração levam a um relacionamento distante com Deus.

Aproximando-se
Em Hebreus 10.19-22, o autor faz o convite:

Portanto, irmãos, tendo ousadia para entrar no Santo dos Santos,


pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos
consagrou, pelo véu, isto é, pela sua carne, e tendo grande
sacerdote sobre a casa de Deus, cheguemo-nos com verdadeiro
coração, em plena certeza de fé, tendo o coração purificado de
má consciência, e o corpo lavado com água limpa.

Ele está dizendo: “Aproximem-se de Deus. Por causa do


sangue de Cristo, vocês não têm motivos para continuar afastados
de Deus”.
Isto é realmente um convite de Deus para entrarmos na sua
presença em adoração. Você pode dizer: “O que vou encontrar
quando chegar lá?”. O escritor de Hebreus responde a isso:

Visto que temos um grande sumo sacerdote, Jesus, o Filho de


Deus, que penetrou nos céus, retenhamos firmemente a nossa
confissão. Pois não temos um sumo sacerdote que não possa
compadecer-se das nossas fraquezas, porém um que, como
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\

nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado. Cheguemo-nos,


pois, com confiança ao trono da graça, para que recebamos
misericórdia e achemos graça, a fim de sermos socorridos no
momento oportuno (4.14-16).

Você di2: “Eu estou com problemas. Preciso de soluções. Meu


mundo está se desmoronando”. Aproxime-se de Deus em adoração
e você vai encontrar à sua espera um sumo sacerdote complacente.
Existe uma grande diferença entre aproximar-se de Jesus e
aproximar-se de outra pessoa. Como pastor, procuro compreender
o meu povo e compartilhar com ele em seu sofrimento. Posso
marcar um encontro e convidá-los ao meu escritório, ou posso
pegar o telefone e dizer: “Eu compreendo”.
Às vezes, isso é tudo o que posso dizer. Quando o médico
diz ao paciente que não há cura para a sua enfermidade, posso
condoer-me, mas não posso resolver o problema. Eu não posso
supri-la com “graça”, a fim de socorrê-la “no m omento
oportuno”. Esse crente precisa aproximar-se de Alguém que
possa suprir toda a misericórdia e graça necessárias.
Observe, o problema em aproximar-se de outras pessoas é
que também elas têm fraquezas e problemas. Mas o que eu
adoro em nosso Deus tremendo é que todos podemos nos
aproximar dele simultaneamente, e ele não falha com ninguém.
Isso não quer dizer que, ao adorarmos, todos os problemas
desaparecerão e todas as enfermidades serão curadas. Deus
nunca prom eteu tal coisa. O que ele prom ete é toda a
misericórdia e graça de que precisamos.
Entretanto, vou adverti-lo de uma coisa. Quando você se
aproxima de Deus, está se aproximando do “Santo Lugar”. Você
está se aproximando de Alguém que tem um padrão totalmente
diferente. Aproximar-se de Deus é como colocar-se sob um
aparelho de raio x. Ele vai olhar através de você e penetrar na
alma. Você está se aproximando de Alguém que vai expor seu
pecado e limpá-lo.
Por isso é que na adoração temos de orar: “Deus, sonda-me
e me mostra quem eu sou realmente”. Até que Deus faça isso,
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ele não pode nos ajudar em nossa necessidade porque é o
Santo. Seu médico não está interessado em aliviar seus sintomas
sem tratar a causa do seu problema.
A cura de Deus é simples. “Mas se andamio.s na luz, como
ele na luz está [...] o sangue de Jesus Ciisto, seu Filho, nos
purifica de todo pecado” (IJo 1.7). Quando nos aproximarmos
de Deus, ele nos mostrará o verdadeiro problema.
Você sabe o que acontece ao entrar em uma cozinha escura
à noite e subitamente acender a luz. A luz vai revelai- tudo o
que estiver ali; se a cozinha está limpa e bem arrumada, ou é
um recinto com montanhas de louça suja, baratas correndo em
disparada e uma lixeira transbordante. Se você quiser se
aproximar de Deus, tem de fazer uma limpeza.
Um dos motivos por que muitos de nós não ouvimos Deus
quando vam os adorar é que não o fazem os com um
“verdadeiro coração” (Hb 10.22). Não nos aproximamos
limpos. Tentamos esconder nosso pecado como se Deus não
pudesse vê-lo. Tentamos cobri-lo, no caso de Deus piscar
enquanto o fazemos.
O que precisamos entender é que aproximar-nos de Deus
significa vir nos termos dele e no campo dele. Por isso aqueles
santos do Antigo Testamento normalmente se prostravam para
adorar. Eles sabiam com quem estavam tratando. Eles sentiam
a dor dos próprios pecados. Eles entendiam que estavam se
aproximando de um Deus santo, em cuja luz resplandecente
nós nos vemos como realmente somos.
Você não pode aproximar-se de Deus e dizer “Estou em
ordem” se não estiver em ordem. O motivo por que alguns
de nós fazem as mesmas orações o tempo todo é que não
querem dizer a verdade. Se disséssemos a verdade, estaríamos
de joelhos o dia inteiro.
No entanto, quando estamos preparados para nos apresentar
limpos a Deus, quando nos aproximamos dele com um coração
sincero, sua palavra para nós é; “Aproxime-se, filho. Acon­
chegue-se a mim e adore”.

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Uma fé restaurada

Eu sei que há crentes que já pensaram em desistir da vida


espiritual. Eles consideraram a possibilidade de parar, retroceder,
ir por outro caminho. Por quê? Eles vão trabalhar todos os dias e
vêem os pecadores ganhando as promoções. Tentam servir a
Deus e parece que não vão a lugar algum. Tentam fazer as coisas
direito, mas são aqueles que fazem tudo errado que progridem.
Coisas como essas às vezes levam o povo de Deus a pensar:
Será qu e a vida cristã vale a pen a? De qu e vale fa z e r as coisas
certas qu an do os que fa z e m errado é qu e progridem?

Invejando os perversos
Se você já se sentiu tentado a pensar assim, precisa fazer o
mesmo que o autor do salmo 73. Tem de ir à casa de Deus,
porque a adoração lhe faz lembrar que aquilo que você vê não
é tudo. Um segundo benefício da adoração é que ela restaura a
sua fé.
No salmo 73, encontramos um crente que estava pensando
se valia a pena servir a Deus. Ele sabia como as coisas deviam
funcionar: “Verdadeiramente bom é Deus para com Israel, para
com os limpos de coração” (v. 1). Mas não estava funcionando
para ele. Ele se encontrava sobre uma casca de banana espiritual
(v. 2), pronto a escorregar a qualquer momento.
O que levou o salmista a pensar em desistir da retidão? Ele
tirou os olhos de Deus e olhou para os perversos. Ele se tornou
invejoso da “prosperidade dos ímpios” (v. 3). Ele viu as contas
bancárias, os carros e as casas deles. Pareceu-lhe que ímpios
não sofriam, que seus corpos eram sadios e que eles não tinham
problemas como as outras pessoas.
Por ruim que fosse, o que realmente importunava o salmista
era que essas pessoas perversas orgulhavem-se de seus maus
caminhos. Elas usavam seu orgulho como um colar (v. 6). Elas
se enfeitavam com arrogância. Elas afrontavam a Deus.
Por isso o salmista concluiu: “Estou desperdiçando meu
tempo mantendo puro o meu coração. Tudo o que eu consegui
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foram problemas” (v. 13,14, paráfrase do autor). Isso não lhe
parecia justo, então deduziu que devia buscar outro caminho.
E ele sabia onde buscá-lo.
Por isso eu amo o final do versículo 16 e o versículo 17:
“Fiquei sobremodo perturbado, até que entrei no santuário de
Deus, então entendi o fim deles”. Em outras palavras, ele foi
adorar. Então tudo mudou. O salmista viu algo que jamais vira
antes — o final da história.
O que a adoração fez pelo salmista foi demonstrar-lhe que
é o perverso, não o justo, que está sobre a casca de banana
(v. 18). Ele viu que não precisava se preocupar com escorregões
porque Deus o estava segurando pela mão (v. 23). Então ele
confessou que Deus era tudo quanto precisava (v.15-18). Sua
fé foi restaurada.

Uma nova perspectiva


Na adoração. Deus permite que você veja coisas que
normalmente não veria. Você já foi adorar deprimido ou confuso
quanto ao que deveria fazer apenas para Deus lhe mostrar a
resposta através de alguma coisa que você vê, ouve, ou lê?
Quando isso acontece, você sai da adoração dizendo: “Estou
pronto para prosseguir”.
O que aconteceu? Você entrou em uma nova esfera. Você
viu um programa diferente. A adoração modifica sua perspectiva.
Foi o que aconteceu com os três “homens judeus”, Sadraque,
Mesaque e Abede-Nego, na Babilônia (Dn 3).
A história é familiar. O rei Nabucodonosor ordenou a todos
que adorassem sua imagem de ouro. Mas logo chegou a
denúncia: “Há uns homens judeus” que não “adoram a estátua
de ouro que levantaste” (v. 12). Eles decidiram que adorariam
apenas ao Deus de Israel, por isso estavam preparados para
encarar o fogo de uma fornalha ardente (v. 21).
Talvez você esteja passando pelo fogo em seu trabalho. Você
falou com o seu supervisor, procurou o supervisor do supervisor.
Se pudesse, iria até o presidente da companhia. Mas já procurou
o Deus do universo? Já adorou? Quando aqueles moços hebreus
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insistiram em adorar a Deus, e “Nabucodonozor” os jogou no
fogo, uma quarta Pessoa, que parecia o Filho de Deus, apareceu
(v. 25).
Observe, Deus não os livrou do fogo, mas esteve com eles
no fogo, e eles não foram queimados. Eu não sei pelo que
você está passando agora ou vai passar amanhã. Mas se você
adorar, mesmo se Deus permitir que você passe pelo fogo, ele
vai aparecer com material ã prova de fogo!
Na adoração. Deus tem um meio de restaurar sua fé. Davi
testemunhou: “Refrigera a minha alma” (Sl 23-3). A adoração lhe
oferece um carro, mas nós nos voltamos em busca de uma carona.
Alguns podem até mesmo ter um frasco de comprimidos em
uma mão e uma garrafa de bebida na outra. Essas coisas alteram
sua perspectiva, não duvide disso. Mas lhe oferecem apenas uma
ilusão, não uma nova perspectiva. A adoração restaura a sua fé.

A adoração e a provisão de Deus


Gênesis 22 nos mostra como a adoração é crucial para a
nossa fé. Deus mandou Abraão fazer a coisa mais difícil que já
se ordenou a um ser humano: “Toma o teu filho, o teu único
filho, Isaque, a quem amas, e vai ã terra de Moriá, e oferece-o
ali em holocausto” (cf. v. 2).
Você percebe o que Deus estava dizendo a Abraão? Ele dizia:
“Abraão, eu quero que você me adore. Eu sei que isso é difícil,
mas quero que você construa um altar e realize um culto de
adoração para mim”. Abraão entendeu o que Deus queria. Ele
disse aos seus servos: “Eu e o rapaz iremos até lá e, havendo
adorado, voltaremos a vós” (Hb 11.17-19).
Lembre-se de que dissemos que os patriarcas construíam
altares sempre que desejavam adorar a Deus. Foi exatamente o
que Abraão fez aqui (Gn 22.9). Ele estava preparado para
cumprir a ordem de Deus de matar Isaque porque sabia como
adorar! A capacidade de Abraão de adorar a Deus mudou toda
a sua perspectiva.
Quando Abraão levantou a faca sobre Isaque, o “o anjo do
Senhor bradou desde o céu”. Qual foi o veredicto? “Agora sei
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f1 135 ^|
_ _A_RECOMPENSA
___ _ _DA
_ _ADORAÇÃO

que ternes a Deus”. Então Abraão viu um carneiro preso entre


os arbustos (v. 11-13).
A adoração vai levá-lo ao carneiro de Deus nos arbustos. A
adoração vai levá-lo aonde Deus deseja que você esteja. Não
importa o que você está procurando — um(a) companheiro(a),
um novo emprego, uma nova perspectiva, um carneiro preso
nos arbustos — , não vá procurá-lo deixando de lado a adoração
ou o seu relacionamento com Deus.
Você pergunta; “Como?”. Isso mesmo. Você não vai procurar
marido ou esposa. Você vai procurar adoração. Pode imaginar
Abraão caçando pelos arbustos do monte Moriá, tentando
apanhar uma cabra ou um cabrito das montanhas para sacrificá-
lo e assim não ter de oferecer Isaque?
Se Abraão tivesse feito isso, você não estaria lendo a respeito
dele em Gênesis 22 — ou em Hebreus 11. Deus tinha o carneiro
preso. Esse animal não iria a nenhum lugar.
Isto é muito relevante no contexto em que vivemos. Por
exemplo, um dos grandes problemas de nossa sociedade é a
falta de homens santos para se casarem com nossas jovens
santas. Mas se os solteiros começarem a se sentir frustrados e
desesperados por um companheiro(a), podem cometer um
grande erro.
Eu digo às moças solteiras em nossa igreja que se Deus tem
um marido para elas, esse homem está preso em um arbusto.
Ele não vai a lugar nenhum. Se o nosso compromisso é adorar
a Deus, ele pode nos mostrar onde o arbusto está. Isso não
constitui problema para Deus.
A adoração restaura a sua fé. Ela o capacita a permanecer
firme quando tiver vontade de desistir. Se você sentir vontade
de desistir, adore a Deus.

Inimigos derrotados

Um terceiro benefício ou recompensa da adoração é que ela


cuida dos seus inimigos.
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Você tem algum inimigo? Alguém que tenta derrubá-lo, ou
quer magoá-lo? A melhor maneira de lidar com os seus inimigos
é adorando. Há um grande exemplo em 2 Crônicas 20.1-20.
O rei Jeosafá de Judá ficou sabendo que “os filhos de Moabe,
e os filhos de Amom” estavam se preparando para atacá-lo (v. 1).
Jeosafá ficou apreensivo, mas observe o que ele fez. Ele
convocou um jejum em todo Judá e fez um culto de adoração
(v. 3,4). Quando o povo todo se reuniu para buscar o Senhor,
Jeosafá fez uma oração fervorosa (v. 5-12). Deus respondeu
por meio de um homem chamado Jaaziel, que garantiu ao rei
que ele sairia vitorioso sem atirar uma só flecha (v. 14-17).
Ao ouvir essas palavras, Jeosofá e o povo se prostraram diante
do Senhor em adoração, enquanto os levitas se levantaram para
cantar louvores a Deus (v. 18,19). Você percebe o que estava
acontecendo ali? Jeosafá e o povo de Deus venceram esta batalha
com os rostos em terra diante do Senhor em adoração.
Só depois que se prostraram em adoração é que ficaram
prontos para se levantarem na manhã seguinte e enfrentarem o
inimigo. Na verdade, a manhã seguinte foi apenas uma
continuação da adoração, porque Jeosafá colocou os cantores
diante do exército (v. 20-12).
Enquanto o povo estava cantando e louvando ao Senhor,
ele cuidou de Moabe e Amom, fazendo-os lutar uns contra os
outros, destruindo-se mutuamente. Tudo o que Judá encontróu
no campo de batalha foram os corpos (v. 22-24).
Como Jeosafá e o povo de Judá reagiram? Levaram os
despojos para Jerusalém e seguiram diretamente para a “casa
do Senhor”, para adorar (v. 28)!
Você diz que já fez tudo para resolver o problema dos seus
inimigos? Talvez se você adorasse. Deus transformaria os seus
inimigos em escabelo dos seus pés. Talvez você precise crer
em Deus quando ele diz: “Minha é a vingança; eu retribuirei”
(Rm 12.19). Talvez a questão seja deixar que Deus trave as suas
batalhas por você em vez de você lutar sozinho.
Jeosafá viu um exército que fora destruído enquanto ele
estava com o rosto em terra diante de Deus. Os muros de Jericó
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ruíram enquanto Josué marchava ao redor deles. Por adorarem,
nenhum dos líderes sofreu perdas. A adoração salva vidas. A
adoração economiza tempo. A adoração derruba sua Jericó.
A Bíblia diz que Jesus Cristo “para isto [...] se manifestou:
para destruir as obras do diabo” (IJo 3.8). Quando o seu
adversário espiritual aparece, se você se voltar para Cristo em
adoração e entregar-lhe o problema, você verá mais coisas
resolvidas, e em menos tempo.
Este aspecto da adoração é muito significativo pura a
comunidade afro-americana. Nós testemunhamos este modo
de lidar com os inimigos na marcha para Selma, nos degraus
do edifício da assembléia legislativa em Montgomery, Alabama,
e em cidades por todo o interior do Sul dos Estados Unidos.
Quando as autoridades chegaram, com etendo atos de
violência, os manifestantes se ajoelharam. Eles cantaram e
oraram, e o governo federal enviou tropas para proteger os
manifestantes da liberdade. Toda vez que as autoridades apa­
reciam com um cachorro, cassetete, ou alguém cheio de ódio
se aproximava, os manifestantes se ajoelhavam e oravam. Eles
adoravam.
Então vieram os Panteras Negras*, não com oração nem hinos,
mas com armas. Isso não mudou nenhuma lei. O governo federal
não enviou tropas para proteger o interesse deles. Não foi a
ação dos Panteras Negras que fez com que os afro-americanos
deixassem de andar na parte de trás dos ônibus. É por causa
dos manifestantes que caíram de joelhos e adoraram. O motivo
por que eu posso comer em qualquer lugar é que os homens
se puseram de joelhos e adoraram. A adoração mudou as leis
do país.
A Bíblia diz: “Como ribeiros de águas é o coração do rei na
mão do Senhor; a tudo o que quer o inclina” (Pv 21.1). Deus
mudou os corações de nossos líderes em Washington, D.C., na
década de I960. O Senhor os orientou e alertou quanto ã

* Organização política fundada em 1966, nos e u a , por Bobby G. Seale e Henry


P. Newton, com a finalidade de defender os direitos dos negros. (N. do E.)
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injustiça. Deus falou porque o povo adorou. A adoração mudou
a feição da cultura americana.
Se Deus pode fazer isso por uma nação, ele pode fazê-lo
por você. Ele pode ajudá-lo em seu trabalho e em sua situação
se você apenas adorar. A adoração resolve o problema com
seus adversários.

Satisfação na vida

Aqui está um quarto benefício da adoração. O salmista


colocou-o desta forma; “Na tua presença me encherás de alegria,
com delícias perpétuas ã tua direita” (Sl 16.1).
É com isto que muitos cristãos lutam. Seu problema tem
pouca ou nenhuma relação com a pessoa que trabalha ao
lado deles. O problema está neles mesmos. Alguma coisa está
errada dentro deles. Por causa disto, muitos crentes enfrentam
situações difíceis que eles mesmos criaram. São como o homem
que foi trabalhar um dia levando como refeição um cachorro-
quente. Sentou-se na hora do almoço, deu uma mordida no
sanduíche e o jogou fora, aborrecido. “Odeio salsicha!” Seu
colega lhe perguntou; — Sua mulher lhe fez um sanduíche
ruim hoje?
O homem então disse; — Não, eu mesmo fiz o sanduíche.
Muitas pessoas são assim. Comemos sanduíches de salsicha,
mesmo quando detestam os salsicha. O problem a é que
continuamos fazendo para nós sanduíches de salsicha.
A beleza da adoração é que Deus pode intervir em nossa
desordem e revertê-la. Ele pode pegar a salsicha e transformá-
la em filé mignon. Ele pode mudar o caos de nossa vida e
trazer satisfação e paz.
Jó é um grande exemplo da alegria que a adoração pode
proporcionar. Eis aí um homem cuja vida se desfez. Depois de
perder os filhos e as propriedades, “Jó se levantou, rasgou o
seu manto, rapou a sua cabeça e, lançando-se em terra, adorou”
(Jó 1.20). Jó confessou que tudo o que tinha era de Deus, por
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isso Deus tinha o direito de tomá-lo. “Bendito seja o nome do
Senhor”, foi a sua conclusão (v. 21).
Você talvez diga: “Não é esse tipo de satisfação que eu quero!
Não é o caminho que eu desejo tomar para alcançar a paz
interior”. Eu não estou dizendo que Jó não ficou desesperado.
Estou dizendo que ele sabia para onde se voltar quando tudo
ruiu, e o Senhor o sustentou.
Mas se Jó não tivesse a paz interior de um adorador, ele não
teria sobrevivido à provação. Até sua esposa o aconselhou a
amaldiçoar a Deus e acabar com tudo (2.9).
Se você conhecer a satisfação que só um estilo de vida voltado
à adoração pode proporcionar, você continuará caminhando
mesmo quando encontrar um bilhete azul sobre a sua mesa.
Quando a empresa estiver em dificuldades, você pode se pôr
de joelhos e dizer: “Senhor, tu me deste este emprego. Eu só
posso perdê-lo se tu permitires. Eu quero te agradecer porque
tu dás empregos, e tu os tiras. Considerando que tu dás e tiras,
eu me entrego a ti. Mostre-me onde está o meu próximo
emprego”.
Isso é o que você faz quando adora. Você leva o problema
a Deus. Adorar lhe dá satisfação e paz no meio dos problemas.
Em um furacão, enquanto os fortes ventos circulam, sempre há
um lugar cheio de paz, e é no centro dele. Quando Jesus Cristo
é o centro de sua tempestade, você pode ter paz no meio dos
problemas.
Essa é a diferença entre Marta e Maria (Lc 10.38-42). Marta
não tinha paz porque estava muito ocupada na cozinha. Ela
estava alvoroçada e furiosa dizendo que se colhe o que se planta.
Mas Lucas diz que Maria apenas assentou-se aos pés de Jesus,
adorando-o. Maria estava quieta. Poupando-se sem se preocupar.
E o que aconteceu? Jesus disse que Maria fez a escolha certa.
Quando o caos se estabeleceu, ela sabia a quem se apegar.
Se investíssemos o tempo que gastamos ao telefone contando
aos outros o que vai mal em uma conversa com Jesus, estaríamos
muito mais à frente. Quando aprendemos a adorar, descobrimos
que as águas se acalmam.
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A adoração pode não diminuir a tempestade, mas pode mudá-
lo enquanto você está no meio dela. Por isso Hebreus 12.2 nos
aconselha a manter os olhos em Jesus.

A salvação dos outros

Uma quinta recompensa da adoração é algo que talvez você


não perceba. A adoração atrai pessoas a Cristo.
Lembra-se de Atos 2.46,47, um dos textos fundamentais deste
livro? Lemos que enquanto os crentes praticavam diariamente a
essência do discipulado de Cristo, inclusive a adoração, as
pessoas eram salvas todos os dias. Quanto mais adoração, mais
pessoas salvas você verá.
Por exemplo, estou convencido de que algumas pessoas
são crentes hoje porque tiveram mães que não pararam de
adorar. Quando esses jovens foram para a faculdade e
começaram a se desviar do caminho do Senhor, suas mães
continuaram orando: “Senhor, traze meu filho perdido de volta
para casa”.
Hoje essas pessoas são cristãs, não porque elas buscaram a
Deus, mas porque Deus ouviu as orações da mamãe e foi buscá-
las. A adoração pode levar pessoas a Cristo e trazer de volta
que se desviaram.
Fico imaginando quantos cristãos que tencionam abandonar
seus cônjuges já adoraram pensando neles? Alguém pode dizer:
“Adorar?! Eu quero apenas sair deste casamento. Deus não pode
querer que eu seja tão infeliz”.
Se a pessoa não adorou pensando em seu (sua) cônjuge,
não há fundamentos para a esperança. Mas quando o esposo
ou a esposa cai de joelhos e diz: “Senhor, eu apenas vim para
adorá-lo. Meu casamento tornou-se uma confusão, apenas tu
podes consertá-lo. Vem e glorifica-te através do meu casamento”,
então Deus pode agir. A adoração pode trazer de volta o cônjuge
que se desviou.

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~...... ..........
Vidas transformadas

Uma sexta e última recompensa do ato de adorar é a


transformação que ela produz. Em 2Coríntic)s 3-18, Paulo diz:
“Mas todos nós, com o rosto descoberto, refletindo a glória do
Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma
imagem, como pelo Espírito do Senhor”.
Paulo está se referindo a Moisés, que colocou um véu sobre
o rosto depois de estar no monte Sinai para receber a Lei
(2Co 3.7,13). De acordo com Êxodo 34.29, quando Moisés
subiu à presença de Deus, seu rosto começou a brilhar.
Se você já esteve no Texas em um dia quente de verão, sabe
como é fácil começar a transpirar. Se estiver muito quente,
você não terá de fazer coisa alguma para seu rosto começar a
“brilhar”. Tudo o que precisa é estar lá. O sol fará o resto. Por
quê? Porque você está na presença de um poder espantoso
que o transforma.
O rosto de Moisés começou a brilhar adorando a Deus no
monte. Seu brilho começou a se desvanecer, por isso ele cobriu
o rosto com um véu. Mas o nosso brilho não precisa nunca se
desvanecer, porque refletimos a imagem da glória de Deus em
nossa pessoa interior.
Como isso acontece? Pelo poder do Espírito Santo. Quando
adoramos a Deus, o Espírito nos leva ã presença de Deus, e o
“brilho do Filho” nos afeta. Faz-nos brilhar. Há muitas coisas
em nossa vida que precisam ser transformadas. E precisamos
ver outras pessoas ao nosso redor sendo transformadas.
O melhor fundamento para essa transformação é a adoração.
Com certeza, também precisamos de outras coisas, mas se
estabelecermos nossas bases na adoração, estaremos edificando
sobre areia movediça. Precisamos adorar. Quando adoramos,
somos transformados. Quando adoramos, o Espírito de Deus
com eça a mudar as coisas, transformando as pessoas —
inclusive nós.

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“ O vencedor é...”

Eu gosto de assistir os programas de premiações especiais


na televisão. Como você sabe, são sempre shows populares, e
eu acho que sei por quê. Porque todos eles concedem honrarias.
O apresentador lê as indicações e abre um envelope. Então
vem o grande momento; “E o vencedor é...”. O nome é lido, o
vencedor pula de sua poltrona ao receber a honra que lhe é
devida sob os estrondosos aplausos da multidão. Milhares de
pessoas se reúnem no auditório, e milhares mais assistem na
TV, apenas para aplaudir os vencedores.
Quando você adora, você está dizendo; “Deus, eu te indico
para receber a honra. Não existe nenhum outro nome no
envelope, porque só tu és digno. Ninguém pode fazer o que tu
podes”.
Quem é capaz de fazer as coisas que Deus faz? Quem pode
criar duas células que, unidas, geram a vida humana? Quem
pode falar e criar um universo? Quem pode manter todas as
coisas em perfeito equilíbrio? Apenas Deus. Ele é o Vencedor!
Dê-lhe o prêmio.
Quando adoramos, uma coisa espantosa acontece. Deus
partilha o prêmio conosco! Quando nos aproximamos dele para
dar-lhe todo o louvor e toda a glória devidos ao seu nome, ele
nos recompensa por nossa adoração.

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IMPERATIVO 2:

Comunhão

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o concèito
\ capítulo

de comunhão
8

Quando iniciamos as atividades de nossa igreja em Dallas


em 1976, sentei-me um dia para pensar sobre o nome que
daríamos a este novo trabalho. O título “Oak Cliff” parecia
bastante óbvio, uma vez que se trata da região de Dallas em
que se localiza a igreja.
Era importante para mim ter a palavra Bíblia no nome da
igreja, porque seria um sinal para todos de que a Palavra de
Deus seria o centro de tudo o que fizéssemos, a Unha de
orientação de nossas atividades.
Essa parte era fácil. Mas quando cheguei à liltima palavra,
lutei com ela um bocado. A idéia inicial era simplesmente
acrescentar a palavra igr^a e chamá-la de Igreja Bíblica de
Oak Cliff. Mas isso não refletia a idéia que eu queria destacar
sobre o que uma igreja deveria ser. Depois de algum tempo, a
palavra com u n idade ganhou.
A comunhão é muito importante para o povo de Deus. Este
livro defende que você não pode ser um discípulo de Jesus,
dinâmico e em crescimento, sem praticar a comunhão dinâmica.
É um dos imperativos absolutos para seguir a Cristo como seu
discípulo.
Neste capítulo, falaremos a maior parte do tempo sobre o
livro de 1 João. Mas antes de irmos para lá, quero tocar de leve
no texto fundamental deste livro. Atos 2.42-47.
Lemos nesse texto que os primeiros discípulos “perseveravam
[...] na comunhão, no partir do pão” (v. 42). Então o versículo

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46 nos diz que eles tinham comunhão diária “partindo o pão
em casa” e “comiam juntos com alegria e singeleza de coração”.
A comunhão era de suma importância para o seu trabalho
como igreja, como discípulos de Jesus Cristo. A comunhão é de
suma importância para nós também; portanto, vamos passar os
próxim os quatro capítulos desm ontando este co n ceito ,
examinando-o de perto, e então montando-o novamente.
Isto é importante porque quando uma igreja deixa de ser
uma comunidade, torna-se uma organização. Pode ser conhecida
por seus programas, sua música, sua pregação, ou por algum
aspecto especial, mas deixa de ser conhecida pela qualidade
de seus relacionamentos. Deus não destinou a igreja para ser
m eram ente uma organização, mas um organism o, uma
comunidade que pulsa e respira, dinâmica, viva.

O princípio da comunhão

Vou iniciar nosso estudo sobre comunhão definindo o


vocábulo “comunhão”. Ele é oriundo da tradução da palavra
grega koinonia. É um termo interessante. Significa basicamente
“aquilo que é comum”. A língua na qual o Novo Testamento
foi escrito é chamada de grego coiné porque era a linguagem
comum daquele tempo, a língua que o povo falava nas ruás.
Quando algo é comum significa que é partilhado. Por isso o
Novo Testamento utiliza este termo para designar comunidade,
pois indica partilhamento, comunhão ou participação no corpo
de Cristo. Ter comunhão é ter alguma coisa em comum, desfrutar
de um relacionamento partilhado.
Se eu fosse tentar uma definição formal de comunhão, seria
esta: Comunhão é o partilhamento íntimo dos cristãos na
singularidade da vida de Cristo. É um relacionamento partilhado.
Enquanto você medita nisso, vamos considerar alguns conceitos
errados de comunhão. Em primeiro lugar, o mais comum é igualar
comunhão a uma atividade social. Parece que quando se trata da
igreja, a comunhão será sempre ligada a “comida e divertimento”.
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Os cristãos costumam dizer uns aos outros: “Por que você
não vem lá em casa para comer alguma coisa e desfrutarmos
de um pouco de comunhão?” que, sendo interpretado, sig­
nifica: “Vamos nos reunir para assistir ao jogo de futebol ou
bater um papo, e comer alguma coisa”. Não há nada de errado
nisso, mas não se encaixa no conceito bíblico de comunhão.
Para outras pessoas, comunhão se associa a um lugar. Como
a maioria das igrejas denominam o local onde as pessoas se
reúnem para atividades sociais e refeições? O salão da
comunhão.*
É possível que a verdadeira comunhão aconteça no salão de
festas da igreja, mas não é garantido. Comunhão é mais do que
um lugar onde os santos se reúnem para se divertir. É preciso
mais do que um evento e um cardápio para que a comunhão
aconteça.
Comunhão é um conceito poderoso, e se ficar reduzido
simplesmente a uma reunião ou a um local ou a um cardápio,
perde a sua potencialidade. Fica destituído de seu significado real.

Comunhão e alegria
o primeiro princípio de comunhão que eu quero examinar
se encontra nos versículos iniciais de IJoão 1, nosso texto
principal para esta parte de nosso estudo. O apóstolo João
inicia sua carta dizendo:

O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com


os nossos olhos, o que contemplamos, e as nossas mãos tocaram,
isto proclamamos com respeito ao Verbo da vida (pois a vida foi
manifestada, e nós a vimos, e testificamos dela, e vos anunciamos
a vida eterna, que estava com o Pai, e nos foi manifestada). O
que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que também
tenhais comunhão conosco. E a nossa comunhão é com o Pai, e
com seu Filho Jesus Cristo. Estas coisas vos escrevemos, para
que a nossa alegria seja completa (v. 1-4).

' No Brasil seria o equivalente ao salão social ou salão de festas. (N. do T.)

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João diz que há uma relação direta entre a profundidade de
sua comunhão e a extensão de sua alegria como cristão. A
perfeição de sua alegria depende da riqueza de sua comunhão.
Em outras palavras, se você não estiver experimentando
comunhão dinâmica, alguma coisa está faltando em sua vida
cristã. Se você se sente como um santo de meio-período com
alegria parcial, um dos ingredientes que faltam em sua vida
pode ser a comunhão.
Atualmente existem muitos cristãos solitários no corpo de
Cristo. Você conhece pessoas assim. Elas vêm à igreja usando
suas máscaras. Quando vão embora, as pessoas quase dizem;
“Quem era aquele homem mascarado?”, “Quem era aquela
mulher mascarada?”. Ninguém realmente sabe porque eles se
isolam dos outros crentes.
Não estou menosprezando os outros cristãos, porque também
sou afetado por essa tendência. O que temos feito em nosso mundo
contemporâneo é trocar nossa intimidade por “brinquedos” com
os quais brincamos. Substituímos os relacionamentos pela televisão.
Muitos de nós como povo de Deus encontramos nossos grandes
momentos de realização não juntos, mas isolados. Trabalhamos
arduamente o dia todo e voltamos para casa cansados, querendo
aiguém ou alguma coisa que fale conosco sem exigir que
respondamos. Por isso nos esparramamos na frente da tevê.
Agindo assim, renunciamos à comunhão. Maridos hão
conversam com as esposas, esposas não conversam com os
maridos, pais não conversam com os filhos, filhos não conversam
com os pais. Todos eles apenas passam uns pelos outros com
um aceno, e a comunhão, o relacionamento, a intimidade ficam
perdidos. E quando a comunhão se perde, nossa alegria se
dissipa.

U n ião e intim idade


Deixe-me mostrar-lhe outro princípio de comunhão, uma
relação vital que eu creio que João está fazendo em 1 João 1.1-4.
Observe que a comunhão apresenta dois aspectos; união e
intimidade.
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Chamo de união um relacionamento formal com Cristo.
Relacionamo-nos com Deus Pai através de nosa fé em seu Filho,
Jesus Cristo. A salvação nos leva à união com Cristo, da mesma
forma como a cerimônia do casamento une formalmente um
homem e uma mulher.
Mas além de nossa união formal com Cristo, desfrutamos de
uma parceria vigorosa proporcionada pela intimidade. A
intimidade intensifica a união devido ã proximidade, ao
companheirismo e ã coesão. Se você tem união sem intimidade,
alguma coisa está faltando, com o muitos casais podem
prontamente testemunhar.
Veja, você pode até casar-se e estabelecer uma união legal e
oficial, mas isso não cria necessariamente a intimidade. Muitas
pessoas que se casam não estão apenas entusiasmadas em formar
uma união. Estão antecipando a proximidade, a intimidade do
casamento.
Essa ligação, o partilhamento experimental de duas vidas,
seria o resultado da união formal do casamento. Quando a
união está ligada à intimidade, existe a comunhão.
Se tudo o que você tem é união, só poderá falar sobre isso.
Você pode pegar um gmpo de pessoas que pertence ã mesma
igreja e dizer que elas têm união porque todas se identificam
com o mesmo corpo local de crentes.
Mas se não estiverem experimentando intimidade com
Cristo e uns com os outros, em que vida toca vida, coração
toca coração, com zelo e preocupação mútuos, então a união
não será o que poderia ser. A alegria por fazerem parte desse
corpo, mesmo local, não será tão intensa quanto deveria.
Como conseqüência, o seu desenvolvimento espiritual ficará
mirrado.
A intimidade é o que está faltando em tantos casamentos. E
quando falta intimidade, a união é vazia. Não estou menos­
prezando a união. Você não pode chegar ã intimidade sem
união, pois estará edificando sobre uma base incompleta.
Normalmente surgem oportunidades de falar sobre questões
raciais em todo Estados Unidos. Um dos problemas que temos
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é que as pessoas querem manter relacionamentos inter-raciais
sem o fundamento para a união correta.
A razão por que parece que nunca resolvemos o problema
racial de maneira significativa é que as pessoas não estão
trabalhando com as mesmas suposições. Elas não têm os mesmos
fundamentos. Estão partindo de pontos diferentes, por isso
chegam a conclusões diferentes. Até que resolvamos o problema
da união, nunca chegaremos ã intimidade. E até que vejamos a
união e a intimidade como dois elementos essenciais na comunhão
bíblica, continuaremos a enfrentar tensão racial, a manter
casamentos infelizes e relacionamentos pouco profundos na igreja.

O processo da comunhão

Há um processo para a comunhão. Ela apresenta uma


dimensão vertical e outra horizontal. João fala de ambas em
1 João 1.3: “O que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos,
para que também tenhais com unhão conosco. E a nossa
comunhão é com o Pai, e com seu Filho Jesus Cristo”.
Vou tratar primeiro do segundo desses elementos, a dimensão
vertical da comunhão. João está dizendo: “Se você quiser ter
comunhão comigo e com os outros apóstolos, então você
precisará ter comunhão com Deus, porque é com ele que temos
comunhão”.

A com unhão com eça com C risto


A comunhão dinâmica com outros crentes começa com nossa
comunhão dinâmica com Cristo, a qual deve ser o fundamento,
o que determina a legitimidade da comunhão.
As pessoas quase sempre se reúnem em termos puramente
humanos ou culturais. Podem ter a mesma cor de pele ou
pertencer ao mesmo grupo étnico, podem gostar das mesmas
coisas, podem viver no mesmo bairro. Isso é excelente para o
mundo, mas quando se trata da igreja de Jesus Cristo, ele é o
ponto de partida de nossa comunhão.
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Quando as pessoas que usam o nome de Cristo tomam
suas decisões baseadas na raça ou na cultura ou em qualquer
outro critério, a comunhão é interrompida. A comunhão entre
os cristãos tem de começar com o qu e temos em com um em
Jesus Cristo.
Então, se eu e você estivermos comprometidos com Cristo,
teremos intimidade um com o outro. Nosso compromisso com
Cristo se torna o ponto de partida para esse princípio de
comunhão (v. ICo 1.9). Tentar edificar a comunhão sobre qual­
quer outra base é começar no lugar errado.
Por isso a Bíblia diz que um cristão não deve se casar com
um não-cristão nem manter qualquer relacionamento íntimo
entre um crente e um incrédulo (2Co 6.14). A luz e as trevas
não têm nada em comum. Não existe comunhão entre eles. A
comunhão deve começar com Jesus Cristo.
Um encontro que deixa Jesus Cristo de fora não é verdadeira
comunhão cristã. É apenas uma reunião social. Novamente,
não há nada de errado nisso. Apenas lhe dê o nome certo;
uma festa, um jogo de basquete, um encontro para lanchar e
jogar futebol, um jantar. Mas para que alguma coisa se
qualifique como comunhão cristã, Jesus Cristo tem de aparecer.
Se Jesu s nunca aparece na conversa, se nunca se fazem
referências diretas ou indiretas a ele como o padrão que os
reuniu ali, então o que vocês têm não é coin on ia bíblica.
Vocês têm um encontro.
Estou sendo duro porque isso é fundamental. Em primeiro
lugar e principalmente, eu e você fomos chamados para termos
comunhão com Jesus Cristo. Pedro escreveu; “Desse modo ele
nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas, para que
por elas vos torneis participantes da natureza divina, havendo
escapado da corrupção, que pela concupiscência há no mundo”
(2Pe 1.4).
A palavra participantes tem a mesma raiz que o vocábulo
coinonia. Pedro está dizendo que nós nos tornamos “comun-
gantes” na vida de Cristo através da salvação que ele nos
garantiu.
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A com unhão flu i p ara os outros
Quando os santos estão em comunhão com Jesus Cristo,
essa dinâmica automaticamente transborda para os relacio­
namentos com outros crentes. Nossa comunhão horizontal é
simplesmente umaa extenção de nossa comunhão vertical.
Isto significa que se o seu relacionamento com Deus não se
manifestar em preocupação com o povo de Deus, você não é
tão íntimo do Senhor como pensava ser. Se a sua união com
Deus não produzir uma intimidade com ele que se estenda em
benefício de outros crentes, você não é tão espiritual como
pensava ser.
Se um crente vem ã igreja toda semana e assimila a Palavra
de Deus, mas ninguém mais se beneficia do que o Senhor está
fazendo em sua vida, ele é um santo carnal, que não mantém
comunhão.
Como sei disso? Veja 1 João 4.20: “Se alguém disser: Amo a
Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso. Pois aquele que não
ama a seu irmão, a quem viu, como pode amar a Deus, a quem
não viu?”.
Se houver uma falha em sua comunhão com Cristo, haverá
uma falha na dinâmica de sua comunhão com os outros. Se
você parar de comungar com Cristo verticalmente, haverá uma
perda de comunhão com os outros horizontalmente.
Observe como funciona. O crente para quem Jesus Cristo já
não representa tudo será rejeitado pelos outros cristãos para os
quais Jesus é tudo.
Isto acontece quando você começa a ouvir coisas assim:
“Ele é um fanático”, “Ela está levando essa questão espiritual
longe demais”, ou “Claro, eu vou ã igreja, mas ninguém precisa
esquentar tanto a cabeça para ser cristão”.
Por que isso acontece? Um cristão está em comunhão íntima
com Deus, e o outro está satisfeito com a união. O desvio que
você vê em nível horizontal é conseqüência do desvio em nível
vertical.
Não permita que um cristão carnal prejudique a sua
comunhão com Jesus Cristo. Não se deixe controlar por pessoas
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que não querem comungar com Cristo. Quando elas se forem,
você vai continuar precisando de Jesus perto de você.
Os grandes santos de Deus descobriram através das Escrituras
que essa comunhão com o Senhor era essencial. Em Isaías 26.9,
o profeta clamou: “Com minha alma te desejo de noite, com o
meu espírito, que está dentro de mim, madrugo a buscar-te”.
O salmista escreveu em Salmos 5.3: “Pela manhã, ó Senhor,
ouve a minha voz”. Em Salmos 25.5, Davi diz: “Por ti espero o
dia todo”. E em Salmos 63.6, ele confessa: “Na minha cama,
lembro-me de ti; medito em ti nas vigílias da noite”. Ele não
podia excluir Deus de sua mente.
Esses crentes entenderam o poder da intimidade com Deus.
Jesus sabia da importância da comunhão com o seu Pai (Mc 1.35).
Ele era Deus em carne, mas sabia que precisava de íntima
comunhão com o Pai para agir adequadamente em sua huma­
nidade.
Muitos de nós estão tentando levar uma vida cristã vitoriosa
com base na união, mas sem desenvolver a comunhão. Isso é
com o tentar m anter um casam ento feliz sem nenhum
desenvolvimento ou crescimento após o dia da cerimônia.
Se a única maneira de você relacionar-se com Deus se baseia
no que lhe aconteceu no dia em que você o aceitou como seu
salvador, se você está contando com esse dia para manter-se
perto do céu, você é um santo derrotado. A comunhão exige
intimidade constante.
Quando nós, maridos, deixamos de amar nossas esposas
como deveríamos, alguma coisa está errada com nosso relaciona­
mento com Deus. Esposas, quando vocês deixam de relacionar-
se com os seus maridos como deveriam, alguma coisa está
errada com o seu relacionamento com Deus. Sim, pode haver
alguma coisa errada com a outra pessoa. Mas eu estou falando
sobre uma questão mais profunda: sua intimidade com Deus.
Quando você está em comunhão com Deus, ele opera em
sua vida para que sua alegria seja com pleta, apesar das
circunstâncias. Um dos motivos por que as pessoas desistem
com tanta freqüência e se sentem derrotadas em sua vida cristã
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é que não têm reservas de alegria para recorrer a elas em
momentos de provação. São crentes que extraem toda a sua
alegria das circunstâncias, e quando elas são adversas entram
em colapso, porque sem uma comunhão dinâmica com Deus
não têm nenhuma reserva espiritual para recorrer.

O impedimento da comunhão

De acordo com o apóstolo João, existe uma coisa que


interrompe a nossa comunhão com Deus e com os outros.
Vamos voltar para 1 João 1 e ver o que é:

Esta é a mensagem que dele ouvimos, e vos anunciamos: que


Deus é luz, e nele não há treva nenhuma. Se dissermos que
temos comunhão com ele, e andarmos nas trevas, mentimos, e
não praticamos a verdade (v. 5,6).

O pecado interrompe a comunhão com Deus. E você pode


estar certo de que se o pecado interrompe a comunhão com
Deus, vai interromper a comunhão com os outros. Para evitar o
pecado, o crente tem de andar na luz de Deus, pois é através
dela que podemos resolver conflitos e manter ou restaurar a
comunhão uns com os outros.

Luz e trevas
Observe, se nós discutimos, precisamos de alguém para
iluminar a situação. Você tem o seu ponto de vista, eu tenho o
meu. Mas quando permitimos que a luz de Deus ilumune a
questão, o certo e o errado se tornarão evidentes.
A luz de Deus é a sua Palavra revelada, infalível. Por isso,
conforme já disse no início do capítulo, eu queria que o nome
da nossa igreja incluísse a palavra Bíblia. Era uma declaração de
que tudo o que fizéssemos seria governado pela Palavra de Deus.
Considerando que não há treva nenhuma em Deus (v. 5),
não podemos andar nas trevas e ter comunhão íntima com ele.
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nem com os outros cristãos, pois não podemos ver claramente
nas trevas.
Não pode haver comunhão quando a luz de Deus não tem
perm issão de brilhar em determ inada circunstância. Se
persistimos em seguir o pecado nas trevas, perdemos a luz de
Deus. E quando perdemos a luz de Deus, perdemos o benefício
da intimidade com ele. Começamos a comungar com as trevas
do pecado.
O capítulo 10 da primeira carta aos Coríntios retrata este
contraste muito bem. Paulo pergunta: “Não é o cálice da bênção,
que abençoamos, a comunhão do sangue de Cristo? E não é o
pão que partimos a comunhão do corpo de Cristo?” (v. 16). Ele
está falando da ceia do Senhor.
Então ele diz no versículo 21: “Não podeis beber o cálice do
Senhor e o cálice dos demônios; não podeis ser participantes
da mesa do Senhor e da mesa dos demônios”.
Paulo está dizendo que não podemos andar pelos dois
caminhos. Nós diríamos atualmente: “Não se pode chupar cana
e assobiar ao mesmo tempo”. Você não pode buscar a comunhão
com Deus e ter comunhão com o diabo. Você não pode ser um
discípulo de Jesus Cristo e ser um santo de meio-período. Você
não pode seguir a Jesus e andar nas trevas.

Im itações dem ais


É um problema que temos na igreja hoje em dia: muitos
cristãos de meio-período. Temos excesso de cristãos s d n —
“Somente aos domingos à noite” — que querem brincar de
joguinho religioso. Mas isso é uma imitação de cristianismo.
Você pode fazer muita coisa com uma nota falsa, especial­
mente se for bem feita. Com ela, você pode comprar manti­
mentos, gasolina, pode comer e fazer uma porção de outras
coisas. Mas quando a nota falsa chega ao banco, sua verdadeira
natureza é exposta. Será totalmente inútil. Temos muitos cristãos
assim, pessoas que não têm nada para oferecer aos outros no
que se refere à autêntica comunhão porque não lidam com a
verdade. João diz: “Venham para a luz de Deus e vamos lidar
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com a verdade, para podermos ter comunhão com Deus e uns
com os outros”.

Com unhão genuína


Se uma igreja pretende tornar-se uma grande igreja, sob o
aspecto bíblico, não atingirá seu objetivo principalmente por
causa das pessoas que sobem ao púlpito no domingo ã noite.
Ela alcançará por causa dos relacionamentos formados nos
bancos e continuados na manhã de segunda-feira. Porque ali
há um grupo de pessoas que se importam umas com as outras
e se amam com base no qu e tem em com um em Cristo.
Recentemente tivemos um exemplo de comunhão genuína,
bíblica, em nossa igreja em Dallas. A esposa de um querido
casal de nossa igreja ficou gravemente enferma quando um
vaso sanguíneo da cabeça rompeu-se.
Convocamos toda a congregação para orar enquanto essa
irmã oscilava sobre um tênue fio entre a vida e a morte. Eu
tinha orado com o seu marido. Alguns de nossos membros
ofereceram-se para ajudar. Uma família hospedou os dois filhos
do casal durante o período em que a esposa estava no hospital
para que o marido pudesse lhe dar toda a atenção.
O corpo se reuniu ao redor dessa família. Necessidades foram
atendidas enquanto a família de Deus ministrava em nome de
Jesus Cristo. Deus respondeu misericordiosamente a oração, e
essa irmã se recuperou.
Isso é a prática da comunhão. Um sermão apenas não pode
fazer isso. Um coral sozinho não pode fazer isso. Quando a
vida entra em colapso, você precisa da coin on ia do corpo de
Cristo. Você precisa do ministério daqueles que estão seguindo
a Cristo como seus discípulos obedientes.
Romanos 12.15 diz: “Alegrai-vos com os que se alegram, e
chorai com os que choram”. Em outras palavras, não deixe que
nenhum santo ria ou chore sozinho. Certifique-se de que a
família de Deus está lá, nos bons ou nos maus momentos.
Por que é importante que você pratique a coinonia bíblica?
Porque a Palavra de Deus nos ordena (Gl 6.2). Mas temos outro
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motivo. Um dia você vai chomr. Não importa como a sua vida
está arrumadinha agora, vai chegar um dia em que você vai
chorar — e não vai querer chorar sozinho. Você vai precisar da
comunhão do corpo.
A questão é: você está ocupado demais em seu próprio
mundo para participar da coinonia? Nesse caso, você está
ocupado demais para se tornar discípulo de Jesus Cristo.

O produto da comunhão

Quando uma igreja é marcada pela verdadeira comunhão, o


que ela produz? Reveja o nosso texto fundamental em Atos 2:

Todos os que criam estavam juntos e tinham tudo em comum.


Vendiam suas propriedades e bens, e repartiam com todos,
segundo a necessidade de cada um (v. 44,45).

Observe as palavras juntos e comum. Os crentes levavam a


sério a sua comunidade. A cena em Atos 4 é semelhante:

Era um o coração e a alma da multidão dos que criam, e ninguém


dizia que coisa alguma do que possuía era sua própria, mas
todas as coisas lhes eram comuns [...] Não havia entre eles
necessitado algum. Pois todos os que possuíam herdades ou
casas, vendendo-as, traziam o preço do que fora vendido, e o
depositavam aos pés dos apóstolos (v. 32,34,35<3).

As necessidades são atendidas


Sua comunhão atendia às necessidades do corpo. Não havia
programas de assistência social nem subvenções gover­
namentais em Jerusalém, apenas a coin on ia da igreja. Quando
um cristão tinha alguma necessidade, era coberta pela família
de Deus porque eles partilhavam.

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A unidade é desenvolvida
Outro produto da comunhão é a unidade do corpo. Quando
o corpo está operando, quando cada membro sente que faz
parte de alguma coisa maior, quando os santos compreendem
que a igreja é o conjunto dos crentes unidos estre si, ocorre um
dinamismo.
De acordo com Efésios 4.12,13, os santos estavam aptos a
fazer a obra do ministério para “a edificação do corpo de Cristo,
até que todos cheguemos à unidade da fé”. Isto é, todos vamos
na mesma direção, crendo nos mesmos pontos essenciais da fé.
O resultado desta união é a maturidade, de acordo com
Paulo. Em vez de sermos levados de um lado para o outro
como crianças (v. 14), “cresçamos em tudo naquele que é o
cabeça. Cristo” (v. 15). Isto exige a operação de “todo o corpo”
(v. 16). Cada junta, cada ligamento, cada vaso sanguíneo no
corpo é importante.
Todos nós temos válvulas no coração. Elas se abrem e se
fecham o dia inteiro. Podem ser pequenas, mas se aqueles
pequeninos irmãos se fecharem e assim permanecerem, tudo
está acabado. Eles regulam o fluxo do sangue para o coração,
são absolutamente críticos. Aquele irmão sentado no banco
com o qual não é fácil lidar pode muito bem ser uma válvula
cardíaca no corpo de Cristo!

Tempo para coinonia

Se você quiser ser um discípulo de Jesus Cristo, tem de


compreender a importância da comunhão bíblica. Se você é
parte do corpo de Cristo e membro da igreja local, mas ninguém
progrediu por causa disso, você não compreende o que significa
a vida de Cristo em você.
A vida de Cristo tem o propósito de trabalhar em você de
modo que o poder e a bênção dele possam fluir através de
você para os outros. Muitos de nós somos cristãos sem escoa­
douros. Queremos receber tudo, mas não damos nada.
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Deus quer que sejamos discípulos amadurecidos, mas isso
não vai acontecer sem comunhão significativa. Isso quer dizer
que você deve fazer duas coisas. Você tem de reservar tempo
para estar com Deus e precisa reservar tempo para estar com
os outros.
Não procure uma hora conveniente em sua agenda para
praticar a comunhão, porque não vai encontrá-la nunca. Como
os outros imperativos dos quais estamos falando, a comunhão
tem de ser prioridade. Eu e você não podemos ficar ocupados
demais para estarmos junto de Jesus e uns dos outros, e ainda
assim nos intitularmos discípulos de Cristo.

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o contèydo
da comuiihão

Estamos aprendendo o preço de seguir a Cristo, de ser seu


discípulo. Vimos que um discípulo de Cristo tem de ser um
adorador. Nas duas últimas partes do livro, veremos que um
discípulo é também um aluno e uma testemunha. Mas por
enquanto, precisamos compreender que o discipulado implica
coinonia, comunhão autêntica.
Se a sua igreja é uma igreja típica, reúne pessoas que crêem
que se chegarem em tempo para ouvir o sermão na manhã de
domingo, cumpriram sua responsabilidade cristã semanal. Elas
apareceram, o pregador apareceu. Deus apareceu — e todos
foram felizes para casa.
Pessoas que praticam esse tipo de cristianismo deixam de
compreender a natureza da igreja e da fé que professam. Ser
discípulo significa muito mais do que ouvir sermões ou participar
de estudos bíblicos, e apenas assimilar a verdade.
O problema é que proclamação sem comunhão leva a
ortodoxia morta. É a verdade sem vida. Por outro lado, comunhão
sem proclamação da verdade leva ao sentimentalismo vazio. Isto
é religião “touchy-fals”*, sem nada para tocar ou sentir.
vMgumas pessoas dizem: “Nossa igreja prega a Palavra.” Outras
pessoas dizem: “Bem, nossa igreja ama as pessoas.” Se uma igreja
não pode dizer as duas coisas, é uma congregação deficiente. O

* Referência a um a grupo de terapia que confere importância ao toque


mútuo. (N. do E.)

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fato é que quando você se tornou parte da família de Deus, herdou
uma casa cheia de irmãos e irmãs. Se você é casado, sabe exatamente
o que estou dizendo. Você não se casou apenas com o seu cônjuge.
Você se casou com a família dele ou dela e herdou um punhado
de cunhados, cunhadas, sobrinhos, sogro, sogra, inclusive os bons,
os mins e os feios. Eles vieram junto nesse acordo.
Quando você se tornou membro da família da fé, herdou
alguns parentes. E agora você sabe que há algumas pessoas no
corpo de Cristo que podem tornar a vida difícil. Conta-se que o
líder indiano Mahatma Gandhi disse que se tornaria cristão se
não fossem os cristãos.
Infelizmente, o povo de Deus às vezes pode causar esse
tipo de efeito nas pessoas. A resposta aos problemas e desafios
da vida no corpo de Cristo não é recusar Cristo, naturalmente.
A resposta de Deus é co in o n ia — com unhão autêntica,
biblicamente fundamentada.
Gostaria de examinar a comunhão sob quatro aspectos-chave
que, creio, resumem o conteúdo de nossa comunhão. Essas
idéias estão contidas na frase “uns aos outros”, que é utilizada
repetidas vezes em todo o Novo Testamento para expressar o
aspecto relacional do discipulado.
Se você já estudou a expressão “uns aos outros” das Escrituras,
sabe que há várias delas. A seguir, é apresentada uma lista das
principais. Isolaremos quatro dessas exortações que são críticas
para o conceito de comunhão e que englobam as restantes (as
quatro estão aqui em negrito);

João 13.14 — Lavar os pés uns dos outros.


João 13.34,35 — Amar uns aos outros.
Romanos 12.16; 1 Tessalonicenses 5.13; 1 Pedro 3.8 — Viver
em paz uns com os outros.
Romanos 12.10b; Eilipenses 2.3 — Honrar uns aos outros.
Romanos 14.13 -— Parar de julgar uns aos outros.
Romanos 15-7 -— Aceitar uns aos outros.
Romanos 15-14; Colossenses 3.16 — Ensinar e admoestar
uns aos outros.
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Romanos I 6.I 6; 1 Coríntios 16.20;
2 Coríntios 13.12; 1 Pedro 5-14 — Saudar uns aos outros
com ósculo santo.
1 Coríntios 1.10 — Concordar uns com os outros.
1 Coríntios 9.19; 2 Coríntios 4.5; Gálatas 5.13 — Servir
uns aos outros.
1 Coríntios 12.15 — Ter igual cuidado uns dos outros.
Gálatas 5.26 — Não irritar, nem invejar uns aos outros.
Gálatas 6.1 — Restaurar uns aos outros.
Efésios 4.2; Colossenses 3.13 — Suportar uns aos outros.
Efésios 4.32; 1 Tessalonicenses 5.15 — Ser bondosos uns
com os outros.
Efésios 5.19-20 — Cantar uns aos outros.
Efésios 5.21 — Sujeitar-se uns aos outros.
Colossenses 3.9 — Não mentir uns aos outros.
1 Tessalonicenses 4.18; 5.11 — C onsolar-nos e
encorajar-nos uns aos outros.
Hebreus 10.24 — Estimular uns aos outros ãs boas obras.
Tiago 4.11 — Não falar mal uns dos outros.
Tiago 5.9 — Não nos queixarmos uns dos outros.
Tiago 5.16 — Confessar os pecados uns aos outros.
1 Pedro 4.9 — Oferecer hospitalidade uns aos outros.
1 Pedro 5.5 — Sermos humildes uns com os outros.
1 João 1.5-7 — Ter comunhão uns com os outros.

Gostaria que você percebesse que a comunhão não é


irrelevante na mente de Deus. Não é um pós-escrito, um adendo
ao assunto principal, um acréscimo para nos sentirmos melhor.
Coinonia é um dos quatro imperativos absolutos para seguir a
Cristo. Portanto, vamos examinar o conteúdo da comunhão.

Amar uns aos outros

o primeiro “uns aos outros” que eu quero discutir é a ordem


de Jesus em João 13.34,35:
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Novo mandamento vos dou: Amai-vos uns aos outros. Como
eu v o s amei a vós, assim também deveis amar uns aos outros.
Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se vos
amardes uns aos outros.

Paulo disse em 1 Coríntios 13.1-3 que seja o que for que


você fizer no serviço cristão ou em sacrifício, até mesmo dando
a sua vida, se você não amar, tudo não passa de perda de
tempo. Você pode fazer não sei quantas coisas para Deus, mas
se o amor não for a sua motivação. Deus não vai apreciar.
“Qualquer coisa menos amor”, Paulo diz; “é igual a nada”.

O coração da coinonia
Hoje, o amor é mais ou menos como uma moeda que foi
tão desvalorizada que não vale quanto pesa. Utilizamos a
palavra amor para descrever nossos sentimentos por tudo,
desde o alimento preferido até a equipe esportiva preferida.
Então temos pessoas que dizem: “Eu amo simplesmente tudo
e todos”.
O amor tem sido tão desvalorizado e tão mal utilizado que a
maioria das pessoas já nem sabe mais o que ele é. O amor
perdeu o seu significado porque nós o esvaziamos de sua
definição bíblica, que não é principalmente emoção mas um
ato da vontade pelo qual buscamos o bem dos outros no nível
mais elevado.
O amor está no âmago da comunhão. O amor é para a
comunhão o que a galinha é para a canja. Sem ela, o que sobra
é apenas um caldo de arroz sem substância.
Infelizmente, é o que acontece na vida de muitos cristãos.
Eles não sabem como praticar a comunhão amorosa; portanto,
ficaram com um caldo aguado e não com uma sopa que contém
carne de galinha.

A verdade em ação
Eu disse antes que o amor bíblico é um ato e uma decisão
voluntários. Portanto, quero lhe dar três palavras simples que
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/

eu penso que captam o verdadeiro significado do amor. O


amor bíblico é verdade em ação.
O amor bíblico exige um conjunto de verdatics. Se você
ama o que está errado, então o seu amor é ilegítimo, não importa
quanto você se sinta bem a respeito disso. Se t'Slá errado, não
é amor.
Ainda que você saiba o que está certo, se nada fi/er a respeito
disso, também não é amor. Se você ouve a verdade de Deus,
mas isso não modifica o que você faz, você nào compreende o
amor que impulsiona a comunhão. O amor é verdade em ação.
Assim João nos fala do amor:

Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós.
E devemos dar a nossa vida pelos irmãos. Quem tiver bens do
mundo e, vendo o seu irmão necessitado, cerrar-lhe o seu
coração, como estará nele o amor de Deus? Meus filhinhos,
não amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em
verdade (Ijo 3.16-18).

Observe que duas coisas precisam ser praticadas: a verdade


e as “obras” ou a ação. Dizer a coisa certa e não fazer a coisa
certa uns aos outros não basta. João pergunta: “Como pode o
amor de Deus habitar em nós se apenas falamos em amor, não
andamos nele?”.
Se o personagem do filme O con tador de histórias fosse um
pastor, ele diria: “O amor é como ele faz”. Isto é, você pode
medir o amor por sua ação. Se você conhece pessoas no corpo
de Cristo que estão sofrendo ou estão passando necessidades,
e você diz: “me importo”, alguma coisa deveria acontecer. O
doente deveria receber consolo e ajuda; o necessitado deveria
ver atendidas suas necessidades legítimas.
A ilustração que João faz sobre o amor no versículo 17 é
poderosa. “Você tem os bens e vê um irmão passando neces­
sidade, mas não faz nada. Como isso pode ser amor?” Para a
pessoa que declara ser discípulo de Jesus Cristo, o amor deve
ser traduzido em ação.
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Todo marido sabe que não basta apenas dizer à esposa: “eu
te amo, querida”. Ela precisa vê-lo agindo para se convencer
disto. O amor pode certamente ser expresso em palavras, mas
apenas palavras não bastam.
Quando marido e esposa estão tentando restaurar o seu
relacionamento, a questão no aconselhamento deve sempre ser:
“O que você vai fazer a respeito disso?”. Se não aparecer uma
solução nesse nível, não é autêntica. O apóstolo Tiago pergunta:

Se o irmão ou a irmã estiverem nus, e tiverem falta de man­


timento cotidiano, e algum de vós lhes disser: Ide em paz,
aquentai-vos e fartai-vos, mas não lhes derdes as coisas
necessárias para o corpo, que proveito há nisso? (Tg 2.15,16)

Se o seu irmão estiver com fome e precisar de um sanduíche


de presunto, não lhe diga apenas: “Vou orar por você”. Se ele
precisasse de oração, teria pedido oração. Ele precisa é de um
pouco de presunto e queijo entre duas fatias de pão com
maionese.
Conforme disse no capítulo anterior, muitos de nós somos
cristãos sem escoadouros. Recebemos, mas não deixamos sair.
Por isso Deus diz: “Eu não quero entrar nesse bairro.”
João escreve: “Se alguém disser: Eu amo a Deus, e odiar o
seu irmão, é mentiroso. Pois aquele que não ama a seu irnião,
a quem viu, como pode amar a Deus, a quem não viu?” (IJo
4.20). Você sabe que ama a Deus pela maneira como se relaciona
com os membros da família dele.
Temos excesso de “amor teórico” e pouco “amor prático”.
Amor é a verdade em ação. O motivo por que muitos de nossos
relacionamentos no corpo não são espiritualmente produtivos
é que não estamos em ordem com Deus.
Se não houver tempo, e energia e gastos, ou transtorno em
prol de seus irmãos e irmãs no corpo, nenhum esforço seu
para ajudar alguém em sua família local de crentes, João diz
que você não ama a Deus. Não importa quantos domingos
você vá à igreja, está vivendo uma mentira.
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Afeto entre santos
Amar uns aos outros também envolve afeto legítimo entre
os santos. Leia Romanos I 6 .I-I 6 e verá a palavra saudai repetidas
vezes, culminando com “Saudai-vos uns aos outros com ósculo
santo” (v. 16). Esta é uma saudação que nasce do relacio­
namento, da coinonia. Paulo está falando de afeto profundo,
legítimo, entre o povo de Deus.
Há um belo exemplo disto em Atos 20.37, em que os anciãos
de Éfeso repetidamente beijaram Paulo quando este lhes disse
que não o veriam mais. Isto era amor autêntico, coinonia real,
na família de Deus. É o tipo de amor que reconhece nossos
encontros como uma reunião de família.
Pedro adverte-nos: “Amai-vos ardentemente uns aos outros
de coração”. A palavra ardente significa estender-se em amor
para seus companheiros cristãos.
Eu lhe darei uma boa notícia acerca disso. Você não precisa
gostar necessariamente da pessoa que você tem de amar. Deus
não ordena que você goste de mim. “Gostar” tem a ver com
nossos atributos preferenciais, emocionais. Ninguém vai gostar
de todos de maneira igual. Você não precisa gostar de mim,
mas tem de me amar.
Você dirá: “Mas não podemos simplesmente ligar e desligar
o amor”. Verdade? Quem lhe disse isso? Essa é a maneira de
pensar do mundo. O amor bíblico pode ser ordenado porque
é controlado por sua vontade, não por suas emoções. O amor
bíblico diz: “Esta é a verdade, e isto é o que eu vou fazer à luz
da verdade”.
Precisamos de tempo para manifestar afeto uns aos outros,
mas posso começar a amar agora mesmo. Por isso Jesus pode
nos dizer: “Amai os vossos inimigos”. Você pode não gostar
dos seus inimigos, mas o amor bíblico diz que você pode
escolher fazer o que é certo até mesmo pelos seus inimigos,
para a glória de Deus. Isso é amor, e é uma grande parte que
preenche a nossa comunhão com conteúdo.

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Servir uns aos outros

o segundo “uns aos outros” que eu quero examinar em


relação à comunhão é a ordem de Paulo: “Servi-vos uns aos
outros” (Gl 5.13)■
Podemos ver este conceito na prática em uma passagem
cheia de erudição, Romanos 12.1-8. Nos versículos 1 e 2, Paulo
enunciou seu famoso chamado para apresentarmos nossos
corpos a Cristo. Nos versículos 4-8, ele falou em ministrar ao
corpo de Cristo através do uso de nossos dons espirituais.
Assim, os versículos 1 e 2 falam do amor a Deus. Os versículos
4-8 falam de servir aos outros. Mas Paulo deixou um versículo
muito interessante entre estas duas seções:

Pois pela graça que me é dada, digo a cada um dentre vós que
não saiba mais do que convém saber, mas que saiba com
moderação, conforme a medida da fé que Deus repartiu a cada
um (v. 3).

Uma visão pretensiosa de si mesmo


Eis por que não temos mais servos em nossas igrejas. Temos
pessoas demais com uma visão pretensiosa de si mesmas.
Eizeram uma auto-análise errada. A avaliação de si mesmas
supera a de Deus. A maioria de nós precisa de alguém que nos
ajude a evitar que nos tornemos presunçosos.
Minha mãe me telefonou um dia e disse:
— Garoto.
— Percebi imediatamente que ela estava aborrecida comigo.
Por isso perguntei:
— O que foi, mãe? — e ela disse:
— Você não me telefona há três semanas.
Eu respondi:
— Mamãe, eu estive muito ocupado.
Ela disse:
— Ouça, menino. Sempre que você estiver ocupado demais
com aquilo que estiver fazendo e não puder pegar o telefone
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para falar com sua mãe, você estará trabalhando demais. Sempre
que estiver ocupado demais para falar com sua mãe, alguma
coisa está errada.
Ela tem razão. Sempre que você estiver ocupado demais,
importante demais ou fazendo sucesso demais para deixar que
o amor de Deus opere por seu intermédio para servir outra
pessoa, alguma coisa está errada com você. Precisamos do
espírito de humildade que Deus exige c que Jesus mostrou.

Lavar os pés uns dos outros


Em João 13, Jesus e os discípulos estavam no cenáculo para
a última ceia. Os discípulos estavam preocupados acerca de
quem seria o maior entre eles. Portanto, não estavam interessados
em se rebaixar para lavar os pés uns dos outros, como era o
costume daquele tempo.
Esses importantes discípulos, que logo seriam apóstolos,
ficaram olhando à volta e imaginando: “Quem é que vai fazer o
papel de servo aqui?” Mas nenhum tomou a iniciativa.
Sem uma palavra, Jesus pegou uma bacia e uma toalha e
começou a lavar os pés deles. Estamos falando do Filho do
Deus vivo, de Deus em carne, servindo os outros na tarefa mais
servil que se possa imaginar.
Quando foi a última vez que você pegou uma toalha ou fez
qualquer coisa para servir alguém? A verdadeira comunhão exige
que sirvamos uns aos outros sem que nos peçam. Ninguém
pediu a Jesus para pegar a toalha e lavar os pés dos seus
discípulos. Ele o fez porque veio para servir, não para ser servido
(Mc 10.45).
Depois que terminou de lavar pés dos discípulos, Jesus lhes
disse: “Ora, se eu. Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós deveis
também lavar os pés uns dos outros” 0 o 13.14).
Eu não estou defendendo o ritual do lava-pés. Estou dizendo
que a comunhão, nosso partilhamento da vida de Jesus Cristo,
implica serviço desinteressado.
Mas continuando com o exemplo de lavar os pés, deixe-
me dizer que antes de lavar os pés de outra pessoa, observe a
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temperatura da água que vai utilizar. Não lave os pés de alguém
com a água fria da insensibilidade e da indiferença. Não fique
dizendo: “Dê-me esses seus pés sujos. Deus mandou que eu
lavasse os seus pés fedidos, e eu vou fazer o que Deus disse!”
Quando você serve com esse tipo de coração duro e uma
atitude de murmuração, está lavando os pés da pessoa em
água muito fria.
Também não lave os pés de alguém em água quente, ou lhe
queimará os pés. Um espírito de crítica diz: “Eu lhe disse isso,
e se você tivesse me ouvido, não estaria nessa situação na qual
eu tenho de ajudá-lo. Eu espero que você queime os pés quando
os colocar na água”.
Não, quando lavar os pés de outra pessoa, use água morna;
nem quente demais, nem fria. Talvez você precise fazer uma
pequena correção e dar uma pequena instrução, mas mantenha
a água morna, tolerável, benéfica. Foi o que Jesus fez.

Nenhum serviço egoísta


Em Filipenses 2.3, Paulo diz: “Nada façais por contenda ou
por vanglória”. Não sirva os outros pelo que poderá lucrar com
isso. Não transforme o seu serviço em uma transação.
Uma vez precisei pedir a um homem que saísse de nossa
igreja porque ele veio procurar homens de negócios com os
quais pudesse negociar. Ele queria saber em qual ministério a
maioria dos homens de negócios servia para poder se associar
a eles. Estava interessado em serviço egoísta.
Não há nada de errado com negócios realizados entre crentes.
Mas essa não deveria ser a motivação para o seu serviço. A
motivação para o serviço deveria ser a de ajudar outra pessoa.
Romanos 12.10 nos diz que devemos honrar uns aos outros;
isto é, ajudar a outra pessoa a ter boa aparência.
Primeira Coríntios 12.25 é importantíssima para a comunhão.
O desejo de Deus é que “não haja divisão no corpo, mas antes
tenham os membros igual cuidado uns dos outros”.
Quando alguma coisa entra em seu olho, o corpo todo entra
em ação. Uma das mãos vai até lá, os canais lacrimais começam
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a lavá-lo, as pernas param para que você possa focalizar aquele
ponto. Todo o corpo entra em ação porque uma poeirinha
entrou no olho.
Você não gostaria que o seu corpo dissesse: “Por que toda
essa atenção?”. É apenas um olho. Você ainda tem outro olho
bom do outro lado. Seu corpo não reage desse modo. Por quê?
Porque quanto mais depressa o restante do corpo atacar o
problema, mais depressa será resolvido.
Q uando um m em bro do corp o de Cristo tem uma
necessidade, outros membros deveriam se sentir inclinados a
dizer: “Vamos resolver isso”. Isso é comunhão bíblica. Acontece
quando um membro do corpo está sofrendo e os outros correm
para resolver a necessidade através do serviço.
Se tivéssemos mais desse tipo de vida no corpo, teríamos
muito m enos necessidade de psicólogos profissionais, e
pouparíamos bastante dinheiro do povo de Deus no processo.

Restaurem uns aos outros

o terceiro “uns aos outros” que nos ajuda a destacar o


conteúdo da comunhão se encontra em Gálatas 6. É duro,
porque exige que carreguemos os fardos de um irmão ou uma
irmã que errou para que ele ou ela sejam restaurados:

Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma ofensa, vós,


que sois espirituais, corrigi o tal com espírito de mansidão.
Mas olha por ti mesmo, para que não sejas também tentado.
Levai as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de
Cristo (v. 1 e 2).

Consertar avarias
Os cristãos precisam de restauração em diversos níveis.
Primeiro, precisamos restaurar o irmão ou a irmã que foi
“apanhado” em pecado. A palavra corrigir aqui significa
consertar uma rede rasgada ou engessar um osso quebrado.
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A figura é a de certo crente surpreendido em pecado como
um urso ou algum outro animal que cai em uma armadilha e
fica preso. O urso não esperava nem planejava ser apanhado
na armadilha. Ele simplesmente entrou nela e ficou preso.
Há membros do corpo de Cristo que são apanhados pelo
pecado. Eles não pretendiam pecar, ou não perceberam os
efeitos totais de suas ações. Foram “surpreendidos” pelo pecado,
apanhados na armadilha do pecado. E, como um animal cujos
ossos estão sendo esmagados pela armadilha, precisam de
alguém para libertá-los e consertar o osso quebrado.
Como os crentes são apanhados em pecado? Talvez não
tenham o conhecimento correto, por isso em ignorância fizeram
uma escolha ruim e ficaram impedidos de prosseguir. Ou talvez
caminham junto com a multidão, sem saber realmente para
onde ela se dirige. Quando a multidão tem problemas, eles
também os acabam tendo.
A questão é que essas pessoas não têm a força necessária
para se libertarem da armadilha do pecado. Paulo diz que nossa
tarefa é tirá-los de lá. Mas são muitos os cristãos que não querem
sair. Querem fofocar. “Você já sabe o que o João fez? Foi
apanhado”. “O Guilherme nunca deveria ter ido ali. Se não
tivesse ido, não estaria agora com problemas”.
Não é disso que um irmão apanhado em armadilha precisa.
Ele precisa que alguém abra a armadilha e o tire de lá. Observe
as qualificações daqueles que deveriam ajudar a pessoa
apanhada pelo pecado.
Primeiro, os ajudadores deveriam ser espirituais. São pessoas
que conhecem a Deus e andam com ele. Ao ser apanhado em
uma armadilha, você não precisa de “amadores” para ajudá-lo!
Segundo, os ajudadores deveriam ser humildes. A pessoa
apanhada deve ser restaurada em “espírito de mansidão” (v. 1).
Se você estiver sofrendo, não precisa de alguém para cutucar a
ferida. Você precisa de alguém que possa enfaixar o ferimento,
não provocar mais dor.
Terceiro, a restauração deveria ser coletiva. Os pronomes
em Gálatas 6 estão no plural.
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Quarto, os ajudadores deveriam proceder com cautela.
Precisam manter um olho em si mesmos, para não caírem na
mesma tentação. Não pense que você é melhor do que a pessoa
que foi apanhada, porque há uma armadilha à sua espera na
próxima esquina.
Quando um companheiro crente é apanhado pelo pecado,
a igreja que pratica comunhão autêntica corre para socorrê-lo.
A igreja não é um pelotão de fuzilamento. Somos pessoas que
consertam ossos quebrados.
Eu não posso ensinar Gálatas 6 sem me lembrar do dia em
que quebrei dois ossos da perna num jogo de futebol, em
1970. Definitivamente minha perna precisava ser restaurada.
Fui levado de ambulância para o hospital. Os cirurgiões abriram
minha perna e colocaram uma placa de aço sobre os ossos.
Até hoje essa placa está ali, mantendo tudo no lugar.
O que eu não precisava naquele dia era de um cirurgião
perguntando: “O que é que você estava fazendo afinal de contas
no campo de futebol?”. Também não precisava de um cirurgião
dizendo: “Eu não estou com vontade de operar hoje. Dêem um
jeito nessa perna!”. Eu precisava de um restaurador compassivo,
capaz, que soubesse o que estava fazendo e pudesse consertar
minha perna.

Restaurando o crente carnal


Além de restaurar o que foi apanhado, temos de ajudar o
carnal. O crente carnal é diferente do crente que foi apanhado.
Este não pretendia necessariamente mergulhar no pecado. Ele
ficou atolado e não sabe como sair.
Mas a pessoa carnal sabe o que está fazendo, não se importa,
e vai continuar agindo daquela maneira. O apóstolo Tiago diZ:

Meus irmãos, se algum dentre vós se desviar da verdade, e


alguém o converter, sabei que aquele que fizer converter um
pecador do erro do seu caminho salvará da morte uma alma, e
cobrirá uma multidão de pecados (Tg 5-19,20).

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Se você vê um crente caminhando intencionalmente para o
erro, aí está uma pessoa carnal. Você tem de procurá-lo e fazê-
lo voltar. Por quê? Porque ele não vai voltar sozinho.
A pessoa que está presa quer sair. Mas a pessoa carnal não
quer necessariamente sair, porque se sente inclinada para o
erro. Sua tarefa é buscá-la para restaurá-la antes que Deus lhe
tire a vida por causa do seu pecado.
O motivo por que não o fazemos é que a situação é arriscada.
Foi arriscada para Paulo. Em Gálatas 4.16, Paulo perguntou:
“Fiz-me, acaso, vosso inimigo, dizendo a verdade?”.
Se você procura restaurar um cristão carnal como um ato
genuíno de comunhão, você se arrisca a ferir seus próprios
sentimentos. Você se arrisca ã rejeição. Muitas pessoas dizem:
“Por que eu correria esse risco?”.
A resposta está em Tiago 5.10: O crente errado corre o risco
de morte. A perda dele será maior do que a sua. A essência da
comunhão é que nós somos uma família, e quando se trata de
família não ficamos apenas sentados observando alguém se
destruir. Isso é família. Assuma o risco.
Ao restaurar a pessoa, você precisa perdoá-la. Deixe-me dizer-
lhe o porquê lembrando-o de uma parábola familiar que Jesus
contou em Mateus 18.21-35. Trata-se do servo que devia a seu
rei mais de “dez mil talentos” (v. 24), uma quantia tremenda
em dinheiro. Como o escravo não podia pagar a dívida, o rei
ordenou que ele e sua família fossem vendidos para saldá-la.
Mas o escravo atirou-se aos pés do rei e implorou: “Senhor, sê
generoso comigo e tudo te pagarei” (v. 26).
O senhor teve misericórdia do seu escravo e perdoou-lhe
toda a dívida. Mas, então, esse escravo saiu e encontrou um
companheiro que lhe devia algumas centenas de dólares.
Embora o rei tivesse perdoado àquele indivíduo uma dívida
imensa, ele exigiu que o companheiro lhe pagasse imediatamente.
O outro escravo implorou misericórdia assim como o primeiro
fizera, mas sem resultado.
O escravo perdoado pelo senhor jogou o outro escravo na
prisão até que este pudesse lhe pagar a dívida. O problema foi
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que outros escravos contaram ao rei o acontecido. O rei se
enfureceu e mandou o escravo perdoado “aos verdugos” até
que pagasse toda a dívida (v. 34).
A questão é que se você não perdoar, vai acabar em situação
pior do que a pessoa que precisava de perdão. Se você não
perdoar, vai acabar em sua própria prisão espiritual.
Se uma pessoa se arrepende, já está assumindo as conse­
qüências da dor e do remorso pelo que fez. O homem que
pecou em Corinto (ICo 5) havia se arrependido, por isso Paulo
insistiu com a igreja para que fosse menos severa porque a
disciplina poderia sobrecarregá-lo com tristeza (2Co 2.6,7).
Estavam criando uma prisão espiritual para esse homem.
Por que aprisionar a você e aos outros quando Deus os
quer libertar? Isso significa que você deve dizer à outra pessoa:
“Eu não considerarei mais este pecado em sua conta. Pode ser
que você tenha de suportar as consegüências, mas eu o libertarei
da dívida deste pecado”.

Interrompendo a comunhão
O que acontece quando a restauração é recusada, quando a
pessoa envolvida não se arrepende? É uma coisa difícil, mas a
Bíblia é clara. Você não pode mais ter nenhuma comunhão
com ela.
Com referência à questão mencionada em I Coríntios 5, Paulo
disse no versículo 11: “Mas agora vos escrevo que não vos
associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, ou
avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador.
Com o tal nem ainda comais”.
Isso significa eliminar os almoços com um cristão que não
se arrepende do pecado. Ele não será mais convidado para
jantan Não haverá mais nenhuma comunhão com essa pessoa.
É preciso esclarecer: “Vou ajudá-lo a se recuperar, mas não vou
ajudá-lo a desobedecer a Deus”.
É aí que o cristianismo enrijece, mas é necessário restaurar o
crente pecador à comunhão com Deus e à comunhão com os
outros membros do corpo.
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Exortar uns aos outros

o quarto “uns aos outros” que, eu creio, dá conteúdo à


nossa comunhão encontra-se em 1 Tessalonicenses 5.11: “Pelo
que exortai-vos uns aos outros”.

A tarefa de um consolador
O alvo da exortação é edificar os demais crentes. Por quê?
Porque estão desanimados. O que os teria deixado desanimados?
Circunstâncias podem tê-los deixado assim. O pecado pode tê-
lo feito. Sua tarefa não é arrasá-lo ainda mais. Sua tarefa é
encorajá-lo, tornar-se seu animador espiritual.
Priscila, minha segunda filha, era uma animadora da torcida
na escola. Espantosamente, o seu desempenho era melhor
quando o time dela estava perdendo. Por quê? Porque a tarefa
do animador é dar esperança e incentivo. É o que devemos
fazer se vamos seguir Jesus praticando a comunhão autêntica.
Em 1 Tessalonicenses 4 temos um exem plo de Paulo
consolando os crentes de Tessalônica. Algumas pessoas da igreja
haviam morrido, e os outros ficaram preocupados porque nunca
mais veriam aqueles irmãos e irmãs.
Paulo escreveu aquela grande passagem nos versículos 13­
17 para corrigir essa idéia e dar-lhes esperança: “Portanto, con­
solai-vos uns aos outros com estas palavras”. As equipes es­
portivas precisam de animadores de torcida. As crianças precisam
de pais que as incentivem. E os membros do corpo de Cristo
precisam de incentivadores.

As ferramentas do incentivador
Para sermos bons consoladores, bons incentivadores,
precisamos conhecer os “gritos de guerra”.
O que os incentivadores cristãos precisam conhecer?
Precisamos conhecer a Palavra de Deus, porque é a Palavra
que utilizamos para consolar os outros crentes. Nosso consolo
deve ser bíblico para ser genuíno. Incentivadores ignorantes
são maus incentivadores.
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o CONTEÚDO
........ DA COMUNHÃO
.................. .. 1.177

Observe, você não aprende a Palavra de Deus apenas para


si mesmo. Você a aprende para poder usá-la no ensino a outros.
Essa é a essência do discipulado, que é o quadro maior que
estamos examinando neste livro.
Romanos 15.14 diz que devemos “admoestar-nos uns aos
outros”. Essa palavra relaciona-se ao aconselhamento e à
orientação de outro cristão. Um bom consolador cristão é um
bom conselheiro.
Na Comunidade Bíblica de Oak Cliff, vemos o ministério do
encorajamento em operação. Tínhamos um casal em nossa igreja
que estava sofrendo profundamente por causa de um grande
desgosto. Sentei-me com eles, aconselhei-os e conversamos.
Mas do que eles mais precisavam eu não podia lhes dar. Eles
precisavam de alguém que tivesse passado pelo que eles estavam
passando. Por isso eu os apresentei a outro casal que trilhava o
caminho que eles estavam trilhando.
Este outro casal foi capaz de fazer o que eu não conseguira
porque eu não havia passado pelo sofrimento que eles
enfrentavam. Mas este segundo casal de nossa igreja veio ajudar.
Pegou o primeiro casal pelas mãos, e andou com eles através
de sua luta.
Deus usou esse ministério para dar início a um processo de
reversão. Este casal ajudador pegou a Palavra de Deus e pôs
em prática a comunhão bíblica. Hoje, é uma alegria quando
olho para a igreja todos os domingos ou quartas-feiras e vejo as
duas pessoas que estavam sofrendo profundamente regozijando-
se agora no Senhor.
Isso é o que a verdadeira coinonia faz. Salva relacionamentos
e edifica vidas e renova a esperança daqueles que se sentem
incapazes de agüentar. A coinonia diz: “Eu sei onde você está.
Vamos nos reunir ao redor da Palavra de Deus”. Ela encoraja,
edifica e dá esperança.
Até que a igreja assuma esta responsabilidade seriamente,
os cristãos jamais conhecerão o poder da graça de Deus que
lhes é destinado através de sua igreja. Temos de parar de mandar
os outros fazerem o que Deus confiou à igreja.
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Sem propaganda falsa
Você já deve ter visto jardins onde o proprietário colocou o
aviso “Cuidado. Cão Bravo”. O fato é que não há cão nenhum.
O aviso é apenas uma artimanha para assustar as pessoas. Trata-
se de propaganda falsa.
A igreja tem um aviso pendurado no portão de sua entrada
que diz: “Entre. Momentos de Comunhão”. Às vezes, entretanto,
não é isso o que acontece lá dentro. Não existe verdadeira
comunhão.
Eu disse à nossa igreja: “Não vamos usar o nome Comunidade
Bíblica de Oak Cliff enquanto não tivermos comunhão aqui
dentro. Não vamos dizer às pessoas: ‘Entre para conhecer a
autêntica coin on ia’, se não temos amor, nem serviço, nem
restauração, nem encorajamento para oferecer. Se afirmamos
que temos comunhão, vamos partilhar”.
O que eu desejo para a minha gente em Dallas, desejo para
cada crente que quer ser discípulo de Jesus Cristo. Se dizemos
que temos um cão, vamos ouvi-lo latir. Quando as pessoas nos
conhecem, que possam dizer duas coisas: “Puxa! como essa
pessoa ama o Senhor”, e “Puxa! como essa pessoa ama os
outros”. Quando se tratar de comunhão, se as pessoas disserem
isso a nosso respeito, terão dito tudo.

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rvâ:i-

o contéxto CAPÍTULÚ
da comur^hâo
10
/

Um dos shows mais populares da televisão americana dos


últimos anos foi o programa humorístico Cheers. As pessoas
se reuniam aos milhares ao redor dos aparelhos de tevê todas
as semanas para assistir a um grupo de pessoas solitárias
que se agrupavam regularmente em um bar da vizinhança
para conversar.
As personagens do programa partilhavam os bons e os maus
momentos. Falavam da morte e da vida, da vitória e da derrota,
e de outros assuntos do cotidiano e dos relacionamentos huma­
nos. Cheers alcançou todo aquele sucesso porque mostrava a
luta de pessoas em busca do que o Novo Testamento chama de
coinonia: comunhão.
A “happy hour” dos bares trata disso. As pessoas não se
alegram bebendo. Podem beber sozinhas em casa. Elas procuram
momentos de alegria e uma comunhão significativa. Desejam
estar em um ambiente onde vidas tocam vidas. Querem falar,
contar, congregar.
Mas a comunhão autêntica não será encontrada em um bar
local ou no clube mais quente da cidade. Isso porque a comu­
nhão acontece em um contexto teológico e bíblico. Se quisermos
seguir Jesus Cristo como seus discípulos, é essencial que
entendamos o contexto da comunhão.

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Deus e os relacionamentos

Deus gosta de se relacionar. Deus nunca soube o que é ficar


sozinho. Ele é um ser triúno: Deus Pai, Deus Filho e Deus
Espírito Santo. Quando não havia anjos e nenhuma criação
como nós a conhecemos. Deus estava em relacionamento e
comunhão dinâmicos, íntimos, poderosos e expressivos com
ele mesmo.
Portanto, não deveríamos ficar surpreendidos porque, em
seu gênio criativo. Deus fez um mundo que exige relacionamentos
para funcionar adequadamente. Os peixes nadam em cardumes,
os lobos vivem em matilhas, o gado se reúne em rebanhos, e as
abelhas em enxames.
Não deveríamos ficar surpresos porque Deus, quando
observou a sua criação, declarou que tudo era bom com uma
exceção: “Não é bom que o homem esteja só. Far-lhe-ei uma
adjutora que lhe corresponda” (Gn 2.18). Deus estava dizendo:
“Se Adão está sozinho, ele não é como eu, pois eu existo em
relacionamento”.
Ao coletivizar o seu povo. Deus criou uma comunidade e
formou o que a Bíblia chama de uma aliança. Ela uniu o povo
com Deus em comunhão vital à medida que partilhava sua
vida. Na dispensação do Novo Testam ento, a igreja é a
comunidade da aliança de Deus, o contexto que ele destinou
para funcionamento da coinonia.
A igreja é mais do que uma sala de aula para instrução
espiritual. É mais do que um teatro para apresentações espi­
rituais ou uma organização para realizar programas espirituais.
A igreja é um o rg an ism o d e stin a d o a p o s s ib ilita r
relacionamentos espirituais. Quando falta a comunhão bíblica,
autêntica, a igreja se torna um lugar estéril, vazio. Mas quando
a coin on ia acontece, a igreja é um am biente dinâmico,
pulsante, no qual as pessoas encontram-se vivas.

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A igreja como uma fam ília

A Bíblia menciona três metáforas ligadas ao relacionamento


na igreja que eu quero considerar neste capítulo: família, corpo
e comunidade. Vamos examinar cada uma delas com atenção.
Quando Paulo concluiu sua carta aos gálatas, deu esta
palavra de instrução: “Então, enquanto temos oportunidade,
façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da
fé” (Gl 6.10).
Aqui estão, em um versículo, as duas coisas, uma metáfora
bíblica fundamental para a igreja e uma convocação para se
praticar a comunhão dentro da igreja quando houver neces­
sidade. Paulo ainda desenvolve o conceito da igreja como família
em 1 Timóteo 3. Ele esperava encontrar-se com Timóteo em
breve, mas escreveu:

Se eu tardar, saibas como convém andar na casa de Deus, que


é a igreja do Deus vivo, a coluna e esteio da verdade (v. 15).

Isto acrescenta outra dimensão à família. Além de a igreja


ser as próprias pessoas da fé, também é o lugar onde Deus
habita. A igreja é a casa de Deus. Como o templo era a casa de
Deus no Antigo Testamento, a igreja é a casa de Deus no Novo
Testamento.

Unindo-se à família
Isto significa que, quando você se tornar parte de uma igreja
local, estará se unindo a uma família. O que faz de nós uma
família? Nós todos temos o mesmo Pai (Ef 3.14,15). Todos nós
experimentamos o mesmo nascimento e temos o mesmo sangue
espiritual fluindo em nossas veias. Nosso relacionamento na
igreja transcende os relacionamentos étnicos, os de clã ou de
família na terra.
As implicações desta verdade são desconcertantes. Paulo as
desenvolve em Efésios 2, ao dizer que Deus tomou judeus e
gentios, que eram alienados uns dos outros e encontravam-se

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muito distantes religiosa, socialmente e em todas as outras formas
concebíveis, e os reuniu em Cristo (v. 13,14). Jesus Cristo
“destruiu a parede de separação, a barreira de inimizade que
estava no meio, desfazendo na sua carne a lei dos mandamentos,
que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois
um novo homem, fazendo a paz” (v. 15).
Em outras palavras, Jesus Cristo uniu judeus e gentios em
uma nova entidade, a igreja, na qual as pessoas já não mais se
relacionam umas com as outras como judeus e gentios (Gl 3-28),
mas apenas como irmãos e irmãs em uma família.
Observe como Paulo resume esta incrível realidade nova
em Efésios 2.19: “Assim já não sois estrangeiros, nem forasteiros,
mas concidadãos dos santos, e da família de Deus”.
Se você deseja entender a coinonia — Paulo ensina — deve
se identificar com a família. Para alguns de nós, isso é difícil,
por causa das famílias em que crescemos. Alguns crentes tiveram
experiências familiares ruins, por isso a idéia de igreja como
família não soa de maneira positiva para eles.
A igreja deveria ser uma alternativa para as experiências
familiares ruins. Deveria ser a família que dá sentido à família.
Deveria ser um lugar onde a autêntica família está sendo
formada, porque não é a família do seu papai, mas é a família
de Deus. Ela opera por um padrão diferente, e os relacionamentos
são determinados por um conjunto diferente de critérios.

O significado da família
Que significado tem esta família que nós chamamos de igreja?
Eu quero lhe mostrar em Mateus 12 um incidente na vida de
Jesus Cristo na terra:

Falando ele ainda à multidão, sua mãe e seus irmãos estavam


do lado de fora, pretendendo faiar-lhe. Disse-lhe alguém: Tua
mãe e teus irmãos estão lá fora e querem falar-te. Porém ele
respondeu ao que lhe dera o aviso: Quem é minha mãe e
quem são meus irmãos? E, estendendo a mão para os discípulos,
disse: Aqui estão minha mãe e meus irmãos. Pois todo aquele
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que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu
irmão, irmã e mãe (v. 46-50).

Isto é profundo, porque Jesus está dizendo: “Minha verdadeira


mãe, irmãos e irmãs são os meus discípulos, aquelas pessoas
que estão comprometidas a fazer a vontade do meu Pai”. Esta
deveria ser toda a motivação de que você precisa para tornar-
se discípulo de Cristo. Ele o considera membro da sua família
quando você o segue!
Alguns de nós temos relacionamentos mais íntimos com
irmãos e irmãs na família de Deus do que temos com nossos
irmãos biológicos. Alguns de nós não têm um pai verdadeiro
até que encontram um homem de Deus que se importa com
eles. Alguns de nós jamais conheceram uma mãe de verdade
até que encontraram uma mãe espiritual na igreja.
Jesus certamente honrou e respeitou sua mãe. Mas ele estava
dizendo que os laços de sua família biológica não eram tão
profundos como os laços espirituais que ele tinha com os seus
discípulos. As pessoas que preferiram segui-lo eram sua
verdadeira família.
A igreja deve ser uma família. Então, é de causar espanto
que na igreja primitiva seus membros não se reuniam apenas
no templo, mas também comungavam “em casa”? (At 2.46.)
Aqueles primeiros crentes entendiam que é possível fazer
muito mais ao redor de uma lareira do que em um vestíbulo.
Eles entendiam que precisavam estar juntos não apenas no
domingo, mas de segunda a sábado também, para estimularem-
se, encorajarem-se e motivarem-se uns aos outros.

O ministro da família
Essa atmosfera familiar é notável no Novo Testamento. As
necessidades materiais dos crentes eram resolvidas porque
eles constituíam uma família. Conforme vimos no capítulo
anterior, Jo ã o diz que sabem os que o am or de D eus
perm anece em nós quando abrimos nossos corações às
necessidades dos irmãos (IJo 3.17).
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Ser uma família também significa atender às necessidades
espirituais. Dois outros textos que estudamos no capítulo anterior
foram Gálatas 6.1 e Tiago 5.19,20. Estes versículos nos dizem
que, ao ver um irmão ou irmã cair em pecado, não devemos
ficar simplesmente ao lado olhando ou dizendo: “Vá em frente,
arranje problemas”.
A igreja é uma casa, uma família. Quando se trata de família,
todos têm de contribuir. O cristão que deseja apenas vir à igreja
todas as semanas e aquecer um banco é como uma criança que
vem para casa apenas para comer e dormir, e recusa-se a
relacionar-se com os outros membros da família.
Não é assim que uma família deveria agir. Assim também a
igreja. Ela deve ser um ambiente de coin on ia, de vidas
partilhadas.

A igreja como corpo

o Novo Testamento não compara a igreja apenas a uma


família. A metáfora mais comum de Paulo para a igreja é
principalmente a do corpo. Mais de quinze vezes o apóstolo
diz que o ministério da igreja pode ser compreendido em termos
do funcionamento do corpo humano.
Uma passagem clássica que apresenta esta imagem é Efésios
4.7-1Ó. Não quero citar essa passagem inteira aqui, pois você
pode abrir a sua Bíblia e lê-la por si mesmo. Mas quero fazer
algumas observações sobre os versículos-chave deste texto
importante.

O aspecto do desenvolvimento
Um aspecto da imagem do coipo que Paulo ensina em Efésios
4 é o do desenvolvimento. No versículo 13, Paulo diz que o
corpo de Cristo deve ser edificado pelo serviço “até que todos
cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho
de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da
plenitude de Cristo”.
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No versículo 15, Paulo diz que o alvo é crescer “em tudo
naquele que é o cabeça, Cristo”. Isto é, o alvo para um corpo
é crescer e desenvolver-se até atingir a maturidade. Observe
que esta maturidade é alguma coisa que nós “todos” deveríamos
atingir (v. 13). Isto significa que cada membro do corpo deve
crescer, e você só pode fazê-lo quando as partes do corpo
estão ligadas.
É aí que a comunhão é extremamente fundamental. Se você
está desligado do restante do corpo, não vai se desenvolver
espiritualmente. Nenhuma parte do corpo crescerá se estiver
desligada. Não tem fonte de vida.
Deus edificou o corpo espiritual assim para que o crescimento
e a maturidade apenas ocorram no contexto da vinculação.
Deus não tem nenhum agente independente operando por si
mesmo.
O desenvolvimento também requer um contexto de unidade.
Efésios 4.13 fala de “unidade da fé” como o primeiro alvo para
0 crescimento do corpo. Paulo o expõe dessa maneira em
1 Coríntios 12:

Assim como o corpo é um, e tem muitos membros, e todos os


membros, sendo muitos, formam um só corpo, assim é Cristo
também. Pois todos nós fomos batizados em um só Espírito,
formando um só corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos,
quer livres; e a todos nós foi dado beber de um só Espírito
(v. 12,13).

Qual é a palavra recorrente aqui? Um. Fala de uma comu­


nidade de propósito. Cada membro do corpo deve andar
pelo mesmo caminho. Você não pode fazer o seu pé direito
andar para frente e o seu pé esquerdo andar para trás e
achar que vai chegar a algum lugar. Para que o corpo
progrida, deve haver unidade de propósito. Todos devem
avançar na mesma direção conform e são instruídos pela
cabeça, Jesus Cristo.

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O aspecto da direção
A igreja como corpo deve receber o direcionamento do
mesmo lugar que o seu corpo físico: da cabeça.
Leia Efésios 4.15, que diz: “Cresçamos em tudo naquele que
é o cabeça. Cristo”. Cristo é a cabeça do corpo. A tarefa da
cabeça é dirigir o corpo. Portanto, se a igreja vai seguir a Cristo
e ter comunhão dinâmica, temos de receber nossas dicas de
Cristo. Observe, se você será discípulo de Cristo, questão decisiva
não é o que sua mãe ou seu pai lhe disseram. Vamos crer que
eles o ensinaram corretamente nas coisas de Deus, mas para o
discípulo de Jesus o padrão de obediência é o que a cabeça lhe
diz para fazer.
Eu penso que isto é o que Jesus estava querendo dizer na
passagem de Mateus 12. Como Cabeça do corpo, Jesus não
estava sob a direção de sua família terrena. Ele dá direção ao
corpo. É a vontade do Pai que os seus discípulos devem seguir,
não os desejos de outra pessoa.
Recebemos nossas dicas de Cristo — o que significa que
não faremos as coisas da maneira que o mundo faz. Por exemplo,
um discípulo de Jesus Cristo não faz negócios da maneira que
o mundo. Um discípulo não considera a moralidade do mesmo
modo que o mundo torne. Uma vez se tornando parte do corpo
de Cristo, você parecerá estranho para o mundo.

O aspecto da diversidade
Aqui está outro aspecto para a metáfora da igreja como um
corpo que não consideramos com freqüência: a diversidade do
corpo. Isto é importante para uma comunhão autêntica, porque
o corpo funciona bem apenas quando cada membro está
executando a tarefa que lhe foi designada.
Paulo expõe 1 Coríntios 12 a diversidade do corpo claramente
em:

Se todo corpo fosse olho, onde estaria o ouvido? Se fosse todo


ouvido, onde estaria o olfato? Mas Deus colocou os membros
no corpo, cada um deles como quis (v. 17,18).

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Também vemos diversidade sugerida em Efésios 4.16, em
que Paulo se refere a cada junta suprindo o que é necessário e
“cada parte” operando adequadamente.
Isto significa que nossa unidade não anula nossa diversidade.
Eu nem sei como você chamaria a uma coisa que fosse apenas
olho, só sei que não a chamaria de corpo. Seria uma monstruo­
sidade. A igreja se torna uma monstruosidade ciuando todos
querem ser iguais.
A beleza do corpo de Cristo é que ele precisa de olhos e
orelhas e narizes e de todas as partes. A igreja é um lugar onde
pessoas de diferentes raças, diferentes cores de pele, diferentes
personalidades e diferentes classes sociais podem se reunir e
trabalhar em bela harmonia.
Cada m em bro de uma orquestra não toca o mesm o
instrumento, mas todos tocam o mesm o hino. Se todos
estivessem tocando diferentes hinos ao mesmo tempo, seria
outra história. No entanto, cada instrumento da orquestra é
necessário para expressar plenamente a música que o regente
escolheu para tocar.
O corpo de Cristo opera como uma boa orquestra: partes
diferentes fazendo o seu trabalho, produzindo bela música sob
a direção de nosso divino Regente, Jesus Cristo. Há unidade na
música, mas diversidade nos instrumentos.
Muitos maridos dizem: “Eu e minha mulher somos muito
diferentes”. É natural que vocês sejam diferentes. Se ambos
fossem iguais, um de vocês seria desnecessário. O problema
em muitos casamentos não é que marido e mulher são tão
diferentes. O problema é que eles não estão trabalhando para
o mesmo propósito. Não estão tocando o mesmo hino.
Quando falta a unidade de propósito, a diversidade pode
produzir conflito. A idéia é manter a diversidade e desenvolver
um plano de unidade.
Eu falei em um encontro dos “Guardiões da Promessa” em
Charlotte, na Carolina do Norte, não muito tempo depois que
uma igreja de negros da comunidade fora incendiada. O pastor
da igreja veio ao encontro e contou como a comunidade cristã
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se reuniu para reconstruir sua igreja. Ele disse: “A primeira
coisa que fizemos foi derrubar as paredes velhas”.
Essa declaração continha uma dupla verdade. Essa comu­
nidade não apenas derrubou as paredes físicas, mas também
derrubou as paredes da divisão racial e espiritual. O que
aconteceu foi que algumas pessoas brancas vieram a um bairro
no qual jamais haviam entrado. Pessoas que pertenciam a uma
classe social diferente vieram para um lado da cidade onde
nunca estiveram antes. Outros aceitaram ajuda de pessoas das
quais nunca teriam aceitado antes.
Todas essas pessoas trabalharam juntas, e a beleza disso é
que aquilo que fizeram foi além da reconstrução de uma igreja.
Elas fizeram juntas coisas que não haviam feito como comuni­
dade em algumas centenas de anos. Tudo isso aconteceu porque
colocaram sua diversidade em operação para uma agenda comum
em nome de Jesus Cristo. Elas praticaram a verdadeira coinonia.
A igreja é capaz de fazer isso com cada problema de divisão
e conflito que enfrentamos. Se houver unidade sem diversidade,
ocorrerá mesmice, e isso é enfadonho. Se existir diversidade
sem unidade, haverá confusão e divisão. O corpo de Cristo
deve ter unidade expressa em diversidade. Não existe conflito
entre as duas.

O corpo em operação
Para que tudo isto funcione, todo o corpo tem de trabalhar.
Os santos devem ser equipados “para o desem penho do
ministério” (Ef 4.12). Todo o corpo deve estar “bem ajustado, e
ligado pelo auxílio de todas as juntas” (v. 16). A comunhão
implica serviço.
Um membro do corpo de Cristo que não trabalha não está
contribuindo para a coinonia. Um santo que não serve é uma
sanguessuga espiritual, que drena o suprimento de sangue do
corpo sem acrescentar nada de volta. Todos os que vêm à
igreja todas as semanas e não fazem nada além de sentar e se
encharcar são sanguessugas espirituais, não discípulos autênticos
de Cristo.
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Suponha que você tivesse uma mão que dissesse: “Eu não
estou com vontade de trabalhar hoje”. Suponha que o seu pé
dissesse: “Eu não tenho vontade de andar hoje”. Como já disse
antes, se as partes do seu corpo pararam de receber direcio­
namento da cabeça, feche este livro e vá procurar um médico.
Você é uma pessoa muito doente.
As atividades de uma parte têm um efeito tremendo sobre
as outras porque o corpo está intimamente ligado. Deixe os
olh os fech ad o s por um dia, e a sua e ficiê n cia ficará
prejudicada. Deixe seus pés tirarem um dia de folga, e você
não irá a parte nenhuma. O mesmo acontece com os seus
ouvidos ou mãos ou qualquer outra parte do corpo que você
possa imaginar. Quando uma parte do corpo deixa de
funcionar a capacidade de funcionamento das outras partes
é afetada.
Quando apenas um membro de um corpo local de crentes
decide se transformar em uma sanguessuga espiritual, tomando
mas não dando, ele ajuda a matar a coinonia. Alguma coisa
que poderia ser feita não está sendo feita, porque alguém deseja
os benefícios do corpo, mas não quer funcionar no corpo.
C ada junta tem de fazer a tarefa para o corpo crescer.

As necessidades do corpo
Antes de passarmos para a terceira e última metáfora da
igreja que eu quero examinar, deixe-me m encionar duas
necessidades do corpo de Cristo: vida autêntica de vinculação
dinâmica.
Muitos dos seguidores de Cristo são o que chamo de
Frankensteins espirituais. Você se lembra do monstro de
Frankenstein? Ele foi costurado por um homem cujos sonhos
produziram uma criatura que ele não podia controlar. O ser era
anatomicamente correto e estruturalmente exato, mas não tinha
vida significativa. Foi preciso um relâmpago para dar vida ao
monstro, mas era uma pseudovida.
Como discípulos de Cristo, não precisamos de uma vida de
Frankenstein. A igreja deve ser um corpo com vida autêntica,
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crescendo e se desenvolvendo a fim de se tornar semelhante a
Cristo.
Então como saber se você é um monstro Frankenstein ou
não? Uma maneira de saber é observar como você reage a
alguém que está apaixonado por Jesus Cristo. Se você acha que
essa pessoa é um pouco exagerada, um tanto fanática, então
você pode estar sofrendo de falta de vida verdadeira.
Quando alguém está doente, muitas vezes se esquece da
sensação de sentir-se normal. Se a sua temperatura espiritual
está baixa, alguém com temperatura normal pode parecer febril
para você. Então a pessoa que deseja viver totalmente para
Jesus Cristo, que deseja sacrificar-se pela causa de Cristo, pode
parecer um pouco anormal.
Para os integrantes do corpo de Cristo, deveria ser natural
estar apaixonado por Jesus. É normal que os discípulos de
Cristo façam sacrifícios para segui-lo. Você pode medir a
autenticidade de sua vida espiritual observando a reação que
tem diante do chamado ao compromisso e à submissão total
lançado aos discípulos.
A outra necessidade do corpo é a vinculação dinâmica. Vou
fazer uma ilustração. Minha neta chupa o dedo o tempo todo.
Isso não é incomum para uma menina da idade dela. Mas
imagine se ela chupasse um dedo que não fizesse parte de sua
mão. Seria repulsivo. Chupar o dedo é aceitável, desde que ele
pertença ao próprio bebê.
Uma pessoa que rói unhas não presta muita atenção para a
unha que arrancou. Por quê? Porque a unha já não está mais
vinculada ao corpo. Não serve para nada a não ser para jogar
fora e ser esquecida. Ninguém fica muito preocupado com um
pedaço de unha que foi cortado do corpo.
Um dedo ou uma unha que estão vinculados ao corpo são
úteis. Mas uma vez destacadas do corpo, essas partes morrem.
Observe aonde quero chegar. Se você não estiver vinculado
ao restante do corpo de Cristo através da comunhão autêntica,
vital, você murchará espiritualmente. Mas, quando é parte
operante do corpo, floresce e cresce.
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A igreja como uma comunidade

A igreja é uma família e um corpo. Também é uma comuni­


dade. Isso significa que a igreja é um lugar onde você muda de
“eu” para “nós”.
Embora o Novo Testamento não utilize a palavra com unidade
para descrever a igreja, a imagem de comunidade aparece em
diversos lugares. No melhor sentido do termo, uma comunidade
é um grupo de pessoas comprometidas umas com as outras,
que pertencem umas às outras.
Como comunidade de crentes em Jesus Cristo, pertencemos
ao próprio Cristo (Rm 14.8). Somos também “membros uns dos
outros” (Rm 12.5). Pertencemos uns aos outros. Esta é outra
passagem de “uns aos outros” como as passagens que estudamos
no capítulo 9. O “uns aos outros” das Escrituras fala de comu­
nidade.

Uma comunidade de relacionamentos


De acordo com Gálatas 2.9, Paulo diz que quando o Concilio
de Jerusalém (At 15) reconheceu o seu chamado para pregar
aos gentios, os apóstolos em Jerusalém estenderam “as destras
da comunhão” a Paulo e Barnabé. Eles foram introduzidos na
coinonia da igreja, onde pertenceriam uns aos outros.
A igreja é a comunidade onde podemos encontrar relacio­
namentos positivos, que influenciam. Isto é importante porque
a Bíblia diz: “As más companhias corçompem os bons costumes”
(IC o 15.33).
Em 1 Coríntios 6.15, Paulo nos lembra que nossos corpos
são “membros de Cristo”. Como tais, não podemos nos juntar
àqueles que praticam o pecado.
A mensagem aqui é tão forte como em 2 Coiíntios 6.14,15.
“Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis”, Paulo diz.
Por quê? Os crentes não têm nada “em comum” com os incrédulos.
Esta é a palavra coinonia. Deus diz que não podemos ter
verdadeira comunhão com aqueles que estão fora de Cristo. Não
tente partilhar uma vida com pessoas que não conhecem a Deus.
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Os pais cristãos que desejam que seus filhos recebam
influências positivas, cristocêntricas, reconhecem a importância
da comunidade na qual essas crianças vivem. Eles não querem
seus garotos atraídos para as drogas, gangues ou crimes, por
isso preocupam-se com quem seus filhos praticam a coinonia.
Se a criança diz; “Eu vou até a casa do Jaques”, o pai deveria
dizer; “Quem são a mamãe e o papai do Jaques? Como eles
são? Eu preciso conhecê-los antes de você começar a andar
com o Jaques para cima e para baixo”.
Os pais estão preocupados com a comunhão dos seus filhos
porque as crianças vão partilhar suas vidas com as pessoas da
comunidade. Quando os filhos voltam da escola para casa com
palavras que você nunca ouviu antes nem deseja que eles as
aprendam, você sabe o que aconteceu. Eles estão em um
ambiente em que se dizem coisas negativas, e eles as aprendem.
Por isso agora você tem de corrigi-los.
Assim como você se preocupa com os seus filhos. Deus se
preocupa com os filhos dele. Ele nos quer em uma comunidade
que vai promover a justiça, que não vai nos arrastar para o mal.

O poder da comunidade
Para que a comunidade exista, é preciso haver atruísmo.
Muitas pessoas vivem apenas para três pessoas; “eu, me e
i
comigo”. Mas isto não é comunidade.
Eu não estou condenando o cuidado que cada um deve ter
com ele mesmo. Estou falando de interesses próprios que o
impedem de servir outra pessoa, interesses próprios que dizem;
“Estou interessado apenas com o que me beneficia”. Hebreus
10.24,25 diz que precisamos nos reunir em coinonia para “nos
estimularmos ao amor e às boas obras”.
A comunidade também resolve o problema do racismo.
Romanos 10.12 diz que, em Cristo, as barreiras são derrubadas.
Jesus construiu uma cerca bastante grande para incluir todos
em sua comunidade.
Conta-se a história de alguns soldados que desejavam sepultar
um amigo em um cemitério local. O sacerdote, porém, disse
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que não poderiam sepultar o amigo deles no cemitério porque
os lugares estavam reservados para os membros da comunidade.
“Vocês podem sepultá-lo fora do cercado”, disse o sacerdote,
“mas não dentro”. Por isso sepultaram o amigo deles fora do
cercado.
No dia seguinte os soldados voltaram para colocar algumas
flores na sepultura, mas não conseguiram encontrá-la. Foram
procurar o sacerdote e disseram: “Enterramos o nosso amigo
aqui, mas não conseguimos mais encontrá-lo. Procuramos por
toda parte fora do cercado. O que aconteceu?”.
O sacerdote disse: “Vou lhes dizer o que aconteceu. Eu não
consegui dormir a noite passada depois que lhes disse que não
poderiam sepultar o seu amigo dentro do cercado. Por isso
levantei-me de madrugada e passei o restante da noite mudando
a cerca de lugar. Agora o seu amigo está do lado de dentro”.
Jesus não mudou apenas a cerca; ele a derrubou (Ef 2.14).
Eu e você estamos agora do lado de dentro, e há lugar para
todos em Cristo. Por isso aqueles que entram pela porta da
igreja — seja qual for a cor, raça, cultura ou condição social —
são iguais a todos que estão do lado de dentro. Não existem
grandes “eus” e pequenos “vocês” na comunidade de Cristo. A
cruz é a grande niveladora, porque todos somos apenas
pecadores necessitados de um Salvador junto à cruz.
Somos uma comunidade. O racismo, o culturalismo e o
classismo são contestados por compreendermos que há lugar
para todos junto à cruz. Jesus derrubou a cerca para aqueles
que aceitaram a sua morte na cruz, por isso todos são bem-
vindos. A qualquer um que deseja seguir a Cristo deve-se
estender a mão direita da comunhão da comunidade de Cristo.
A sociedade de um modo geral não encontrará uma solução
para o problema do racismo até que seja modelada pela igreja.
A única coisa indesejável que as pessoas poderiam introduzir
na comunidade de Cristo é o pecado que elas não querem
resolver. O pecado não é bem-vindo na comunidade, mas as
pessoas são. Portanto, seja qual for sua raça ou nível social, não
fique tão orgulhoso achando que isso o eleva acima dos outros.
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A igreja é o local onde você deveria ser capaz de ser você mesmo
e dizer a verdade. Nós mentimos uns aos outros o tempo todo.
Alguém diz; “Como vai?”. E você responde: “Muito bem”, quando
na verdade está morrendo por dentro.
Mas uma verdadeira comunidade é um local onde você pode
falar de seus sofrimentos e de suas lutas e encontrar braços
amorosos de uma comunidade coinonia, não um ombro frio.

Melhorando a casa

Mencionei o programa de televisão Cheers no início do


capítulo. Outro programa campeão de audiência nos Estados
Unidos é Home improvement, programa humorístico em que
um casal dá dicas de “faça você mesmo”. Eles ensinam como
consertar o que está quebrado em casa e como reformar o que
precisa ser melhorado.
O que precisa ser consertado? Precisamos consertar nosso
egoísmo. Precisamos reformular nossas prioridades para termos
tempo de seguir a Cristo como seus discípulos e para dedicarmos
tempo aos outros. Alguns lares na comunidade cristã precisam
de “melhorias”.
A igreja é a família de Deus, o corpo de Cristo, a comunidade
dos salvos. É o contexto de Deus no qual a comunhão autêntica
deve ser vivida. Vamos pôr a nossa casa em ordem, vamos pôr
o corpo em movimento de modo que cada junta e ligamento
funcionem adequadamente. Vamos arrumar e reformar os lares
de nossa comunidade cristã, para termos algo coerente e
aceitável para mostrar ao mundo que nos observa.

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A recortipensa
da comutíhão

Já que nos envolvemos na discussão do segundo dos quatro


imperativos absolutos no discipulado de Cristo, chegou a hora
de fazer a mesma pergunta a respeito da comunhão que fizemos
sobre a adoração, no capítulo 7. Isto é, há uma recompensa
para a prática da autêntica coinonia? Que compensação temos
na comunhão como discípulos de Cristo?
Há uma grande recompensa quando praticamos a comunhão
como discípulos de Jesus Cristo. Deus faz alguma coisa por nós
que ele não poderia nos dar sem coinonia. Descubro no Novo
Testamento que Deus nos recompensa em diversos níveis
quando levamos a comunhão a sério. A primeira recompensa
da comunhão é que ela produz unidade.

A recompensa da unidade

Discutimos um pouco a questão da unidade no capítulo


anterior, mas quero examiná-la novamente sob este título.
Quando o corpo de Cristo pratica a comunhão, a unidade é o
resultado inevitável.

Unidade quando há necessidade


De fato, a comunhão da igreja é tal que quando os cristãos
da igreja primitiva se dedicaram aos quatro ministérios essenciais
que estamos discutindo neste livro (At 2.42), mantiveram todas

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as suas propriedades em comum. Todos estavam juntos e tudo
era comum. Eles vendiam as propriedades e partilhavam com
aquele que tivesse alguma necessidade (v. 45). Perseveravam
“unânimes todos os dias” (v. 46).
Então, em Atos 4, os discípulos reuniram-se novamente depois
que as autoridades advertiram os apóstolos a não pregarem
mais no nome de Jesus. Os crentes se reuniram e oraram, e
quando terminaram “m oveu-se o lugar em que estavam
reunidos” (v. 31)- Então Lucas diz novamente que “era um o
coração e a alma da multidão dos que criam” (v. 32).
A comunhão da igreja foi expressa em sua união, tanto
material quanto espiritual, e essa comunhão contribuiu para o
sentimento de unidade que impregnava a igreja em Jerusalém.

Unidade e diversidade
Conforme dissemos no capítulo anterior, a unidade da igreja
ocorre no meio da diversidade. A unidade não significa tentar
fazer todos parecerem iguais e dizerem a mesma coisa. Graças
a Deus pelas nossas diferenças. O desafio é utilizar essas
diferenças, criar uma equipe e alcançar o mesmo alvo.
Muitas pessoas gastam tempo demais tentando modificar os
outros em nome da unidade. O que estão buscando de fato é a
uniformidade. Mas Deus pretende que sejamos diferentes.
Quando a comunhão genuína opera, podemos desfrutar e até
celebrar nossas diferenças sem permitir que discriminações de
qualquer tipo nos separem.
Já falei em muitas conferências dos Guardiões da Promessa.
Em Modesto, na Califórnia, as igrejas se reuniram transracial e
transculturalmente para assistir ã conferência. Vi um grande
exemplo da unidade do corpo de Cristo no meio da diver­
sidade.
Os homens da cidade apareceram na reunião dos Guardiões
da Promessa usando a mesma camiseta, que exibia os seguintes
dizeres: “A Igreja de Modesto”. Eram homens de diferentes
igrejas, diferentes raças e diferentes experiências, mas que uma
vez juntos tornavam a igreja de sua cidade.
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Descobri que esses irmãos fizeram muito mais do que apenas
usar camisetas iguais. Eles se uniram rompendo todas as barreiras
e fecharam muitos dos clubes de dança topless de sua cidade.
Eles decidiram permanecer juntos e unificar-se na causa de
Cristo, e as coisas aconteceram.

A cura da desunídade
A razão por que perdemos tanto tempo “desimidos” no corpo
de Cristo é que não temos uma visão suficientemente grande
para nos reunir a fim de alcançar a unidade. Podemos ser
diferentes, mas trabalhamos juntos quando temos de enfrentar
algo maior do que nós.
As pessoas brigam porque desejam vencer. Elas brigam
porque pensam mais em si mesmas do que deveriam pensar
(Rm 12 .3). Mas quando a comunhão funciona, você entende
que é pela graça de Deus. Há diferentes funções e obrigações
entre os discípulos de Jesus Cristo, mas todos são iguais junto
ã cruz.
Não importa quais são os nossos títulos na empresa onde
trabalhamos. Não importa quanto somos importantes no mundo.
Na família de Deus, somos todos pecadores salvos pela graça.
E isso significa que você veio para servir.
Uma coisa que tornou a igreja de Jesus Cristo única no
Novo Testam ento era que judeus e gentios, que não se
suportavam, foram unidos em um só corpo. Jesu s Cristo
derrubou as barreiras entre eles. Não havia mais separação,
apenas unidade.
É aí que você sempre começa. Se eu tenho um coração
voltado para Deus e você tem um coração voltado para Deus,
podemos acertar tudo. Mas se não temos corações voltados
para Deus, eu e você podemos ter a mesma cor da pele, ou
pertencermos ao mesmo grupo étnico, e ainda teremos um
problema. A questão principal é o pecado, não a pele. A questão
é o que se encontra em nossos corações.

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A recompensa do poder

Um benefício ou uma recompensa que desfrutamos da


unidade em nossa comunhão é o desencadear do poder do
Espírito Santo. O livro de Atos revela com clareza que o poder
do Espírito foi desencadeado quando todas as pessoas
representavam uma unidade e estavam em comunhão.

Unidade e poder
Muitos dos discípulos de Cristo não vêem o poder de Deus
em suas vidas porque não agem em união. Quando estamos
desunidos, o Espírito Santo se retrai. Por isso Paulo nos diz
para preservar a unidade do Espírito (Ef 4.3). Ele vai operar
apenas onde houver unidade, não conflito e discórdia.
Voltando a Atos 4, quero que você observe que algumas
coisas poderosas começaram a acontecer quando o poder do
Espírito foi derramado. No incidente a que me referi acima,
quando os discípulos oraram, “todos foram cheios do Espírito
Santo, e anunciavam com ousadia a palavra de Deus” (v. 31).
Esse poder continuou quando os apóstolos testemunharam com
“grande poder” (v. 33).
Você quer ver alguns milagres? Descubra a coinonia. Ela é
tão poderosa que Deus diz que não responderá a oração de
um marido que não esteja em comunhão com sua esposa (iP e
3.7). “Se um marido não estiver tratando a sua esposa ade­
quadamente”, diz o Senhor, “não chame o Espírito Santo para
nada”.
Você consegue perceber por que Satanás está trabalhando
com tanto afinco para semear o pecado da discórdia e do conflito
entre o povo de Deus? O diabo sabe que onde houver confusão,
o Senhor não estará. Deus julga a discórdia; ele não a abençoa
com o poder do Espírito.
Eu preciso continuar destacando isto porque é de fundamental
importância. Volte para Atos 1.14: “Todos estes [isto é, os dis­
cípulos] perseveravam unanimemente em oração e súplicas, com
as mulheres e Maria, mãe de Jesus, e com seus irmãos”.

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Então, em nosso texto básico. Atos 2.42, quero destacar mais
uma vez que aqueles discípulos primitivos “perseveravam [...]
na comunhão”. Em outras palavras, antes que o Espírito descesse
em grande poder no Dia de Pentecostes, e depois que seu
poder foi desencadeado, os discípulos estavam fazendo a mesma
coisa — reunindo-se em intensa oração e coinonia.
Eu lhe digo que o poder do Espírito Santo é desencadeado
quando o povo de Deus se reúne na presença dele. Em Atos
4 .31 , o edifício tremeu quando o Espírito Santo foi derramado.
O Espírito estava dizendo; “Eu sou livre para entrar e fazer a
minha obra porque eles estão trabalhando comigo”.

Poder v-s. programa


É espantoso. Essas pessoas não tinham nenhum programa.
Deus Espírito Santo simplesmente apareceu e sacudiu as coisas.
Às vezes nos programamos até a morte. Aparecemos com um
programa novo para atender a esta ou aquela necessidade, ou
para tentar fazer alguma coisa funcionar. Na maioria dos casos,
não precisamos de programas novos. Precisamos apenas de
poder novo nos velhos programas.
Alguns casais cristãos não precisam apenas de algum tempo
longe de casa para acertar as coisas, precisam do poder do
Espírito Santo em seu lar. A igreja precisa de unidade de mente
e unidade de coração, pois só assim o Espírito Santo virá e
desencadeará o seu poder.
Quando os primeiros discípulos se reuniram em comunhão
íntima e oraram, eles viram o poder de Deus ser derramado. É
realmente espantoso sentar e ler os primeiros capítulos de Atos.
Toda vez que vemos o povo de Deus de comum acordo, o
Espírito Santo aparece.
Se quiserm os ter algum poder em nosso discipulado,
precisamos que o Espírito Santo nos sacuda da maneira como
sacudiu aquele edifício em Jerusalém. Isso acontece no meio
da coinonia.

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A recompensa do amor

Outra recom pensa da com unhão é que as pessoas se


apaixonam tão profundamente por Jesus que não conseguem
conservá-lo apenas para si. •
Nós, pregadores, estamos sempre esmurrando o púlpito e
insistindo com o povo de Deus para testemunhar. “Saiam e
dêem testemunho. Partilhem sua fé com alguém esta semana.
Falem de Jesus a alguém no trabalho. É responsabilidade de
vocês testemunhar de Cristo”.
Mas apenas dizer ao povo que testemunhe nunca vai
funcionar. O segredo do testemunho não é um sermão, mas
apaixonar-se pelo Salvador.

Apaixonando-se
Lembra-se da primeira vez em que você se apaixonou? Você
não parava de falar no objeto de seu afeto. Eu já vi pessoas
caladas falarem muito quando se apaixonaram. Eu já vi pessoas
tímidas mostrarem fotografias que você nem pediu para ver,
quando estão apaixonadas.
Quando você está apaixonado, fala sobre sua paixão. A moça
pega o telefone e diz para a amiga; “Menina, você não vai
acreditar, mas eu o encontrei”. O rapaz diz; “Deixe-me falar-lhe
dessa menina maravilhosa que conheci”. Você vai falar nissò
até as pessoas não conseguirem mais ouvir — e você continuará
falando.
Nosso problema é que não estamos apaixonados por Jesus
o suficiente para falar dele desse jeito. Nossa fé se tornou uma
tarefa, um emprego, uma cerimônia dominical. Os crentes em
Atos não precisavam fazer um curso de evangelização para se
tornarem testemunhas poderosas de Cristo.
Não me entenda mal. Não há nada de errado em aprender a
partilhar a sua fé. Mas treinamento não é um substituto para o
amor. O amor dos discípulos por Jesus Cristo permitiu-lhes
vencer qualquer medo de falar dele. O amor nos torna ousados
(IJo 4.18).
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Algumas semanas antes do Pentecostes, os discípulos estavam
fugindo e se escondendo das autoridades religiosas. Mas quando
a igreja se reuniu e o Espírito Santo foi derramado, eles come­
çaram a falar de Cristo com grande ousadia. De repente, ninguém
mais podia fazê-los calar.
Os governantes disseram a Pedro e João: “Nós vamos
espancá-los se vocês não pararem de falar de Jesu s”. Eles
responderam: “Não podemos deixar de falar do que temos visto
e ouvido”, porque “mais importa obedecer a Deus do que aos
homens!” (At 4.20; 5.29).
Por que tantos de nós que reivindicamos ser discípulos de
Cristo podemos viver dia após dia, semana após semana, mês
após mês, sem ao menos mencionar o nome dele? Provavelmente
porque não o amamos como antes (Ap 2.4,5).
Quando os crentes se reúnem em um contexto de coinonia,
comunhão autêntica, um dos benefícios alcançado é que nosso
amor a Cristo é intensificado. E quando isso acontece, ninguém
é capaz de nos fazer calar.
Isto é exatamente o que aconteceu no Pentecostes. Não passe
tão rapidamente por Atos 2.1. Os discípulos estavam “todos
reunidos no mesmo lugar” quando foram cheios do Espírito
Santo e começaram a falar em línguas (v. 1-4). Ninguém podia
impedi-los de partilhar a mensagem de Cristo.
Muitas pessoas estão preocupadas com a questão de falar
em línguas. Minha preocupação é por todos aqueles discípulos
que não estão falando de Jesus na língua que eles conhecem!
Em vez de buscar certo dom fora do comum, precisamos nos
apaixonar por Jesus novamente e sermos cheios do Espírito
Santo. Então não teremos nenhum problema de falar do Senhor.

O fogo do amor
O que a coin on ia faz aos crentes é o que as toras de lenha
amontoadas em uma lareira fazem umas às outras. O fogo se
espalha de um para outro. A paixão de um crente acende outro
crente, e o fogo começa a se espalhar. As pessoas começam a
se apaixonar por Jesus e a falar dele.
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É por isso que gosto de ficar perto dos cristãos que estão
entusiasmados com Cristo. Eu quero que o seu fogo me aqueça.
Eu quero que o seu entusiasmo se torne o meu entusiasmo,
que a sua alegria seja a minha alegria.
Você diz: “Parece que eu preciso disso, Toninho. Eu não te­
nho nenhuma alegria em minha vida cristã”. Então descubra
alguns cristãos alegres e comece a comungar com eles.
Você precisa de paz em seu coração? Tenha comunhão com
outro crente que sabe o que significa paz. Sua fé não é muito
forte? Descubra um grupo de cristãos que saibam o que é confiar
em Deus, e permita que o fogo deles acenda a sua fé. Isso é
discipulado. É o que ele faz. Os dividendos são imensos.
Contudo, em vez de procurar fogo, muitos crentes seguem
outro caminho. Têm dificuldades em confiar em Deus, por isso
misturam-se com outras pessoas que têm dificuldades em confiar
em Deus. O resultado é que se tornam um grupo de pessoas
céticas. Uns alimentam o problema dos outros.
Esse não é o tipo de comunhão de que a Bíblia fala. A
verdadeira coinonia acende um fogo de amor e devoção por
Jesus Cristo. Um fogo logo apaga quando há apenas uma tora
de lenha na lareira. Acrescente mais lenha, e você terá fogo de
verdade. Essa é a recompensa da comunhão.
Nas Olimpíadas de Verão de 1996, em Atlanta, vimos os
recordes olímpicos sendo derrubados. Isso acontece em todos
os Jogos Olímpicos. Por quê? Por que não atingimos um ponto
em que os antigos recordes não possam ser quebrados? Bem,
além do melhor treinamento, penso que um dos motivos é
uma forma terrena de coinonia.
Quando todos aqueles atletas e centenas de milhares de
espectadores se reúnem, o ambiente fica tão “elétrico”, tão vivo,
que inspira os atletas a atingirem o desempenho máximo. Eles
ultrapassam o nível normal de sua capacidade. Eles realizam
grandes feitos porque o ambiente os incentiva.
Isto é o que eu chamo de coinonia terrena. A igreja precisa
da mesma dinâmica. Vamos amar a Jesus intensamente e fazer
grandes coisas por ele quando os discípulos fervorosos
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incendiarem outros discípulos. Quando as pessoas se tocam
umas às outras em genuína comunhão, o Espírito Santo fica
livre para agir.

O s resultados do am or
Leia comigo outra vez, em Atos 2.47, o último versículo desse
grande capítulo. Observe a última frase. Kn((uanto os discípulos
praticavam os quatro imperativos, inclusive a comunhão,
“acrescentava o Senhor à igreja aqueles que iam sendo salvos”.
Em outras palavras, o discipulado daqueles homens estava
produzindo resultados espetaculares. Os santos não estavam
apenas incendiando uns aos outros em seu amor a Cristo, mas
outros também estavam observando o fogo. Quando eles se
espalharam pela cidade de Jerusalém para trabalhar, ou
participar de atividades sociais, Jesus fazia de tal maneira parte
de suas vidas que os pecadores vinham para ver a razão
daquele poder.
Então os santos podiam dizer: “Venha cá e deixe-me explicar-
lhe o que Jesus fez por mim. Eu estava perdido no pecado, mas
ele me achou. Eu estava no abismo, mas ele me tirou de lá”.
Como as pessoas de antigamente costumavam dizer: “Olhei
para as minhas mãos, elas pareciam novas. Olhei para os meus
pés, também pareciam novos. E desde aquele maravilhoso dia,
minha alma tem estado satisfeita”.
A beleza da comunhão é que ela opera não apenas quando
estamos juntos, mas também quando estamos espalhados pelo
mundo. Quando nos apaixonamos por Jesus e incendiamos
uns aos outros, as chamas vão atrair os incrédulos que desejam
saber do que se trata. Então as pessoas vão ouvir de Jesus
Cristo e vão aceitá-lo como Senhor e Salvador.

U m novo m andam ento “ antigo”


Em Jo ã o 13-34, Jesu s disse a seus discípulos: “Novo
mandamento vos dou: Amai-vos uns aos outros”. Depois ele
acrescentou estas palavras: “Nisto conhecerão todos que sois
meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (v. 35).
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Jesus está dizendo que o maior testemunho que você pode
dar como discípulo dele é o seu amor pelos outros crentes. O
já falecido filósofo cristão Francis Schaeffer chamava o amor de
“última apologética”. É um testemunho que ninguém pode negar.
Mas é difícil deixar esse tipo de testemunho quando não há
nenhuma comunhão operando entre os discípulos de Cristo.
Nossa “ligação”, nosso senso de pertencer ao grupo, faz as
pessoas perceberem que Jesus é real. Em uma cultura em que
as pessoas estão desligadas, solitárias, feridas e procurando o
amor em todos os lugares errados, a coinonia autêntica é uma
poderosa defesa da pessoa e obra de Cristo.
Jesus chamou o mandamento de amar uns aos outros de
“novo mandamento”. Mas escrevendo sobre a mesma coisa anos
mais tarde, o apóstolo João diz: “Não vos escrevo mandamento
novo, mas um mandamento antigo, que desde o princípio
tivestes” (IJo 2.7).
Como pode este mandamento ser novo e velho ao mesmo
tempo? Da mesma forma que o sol é novo e velho. O sol existe
desde a criação. Mas, o sol é novo a cada dia no sentido em
que a luz que irradia é nova todos os dias. O sol existe “desde
o princípio” da criação, mas o seu efeito é novo a cada dia.
Da mesma forma o amor de Cristo. Ainda que exista “desde
o princípio”, deve surgir novo a cada manhã em seu coração e
produzir o brilho do sol na vida de outras pessoas. Quando a
comunhão opera do modo certo, produz esse efeito. O amor é
uma tremenda recompensa da comunhão.

A recompensa do partilhamento

Agora chegou a hora de sermos ousados, de atacarmos algo


que é intensamente prático. Uma recompensa final da comunhão
que quero considerar é o que chamo de recompensa do partilha­
mento.
A realidade é que quando a igreja primitiva se reunia na
prática da coinonia, as necessidades do corpo de Cristo eram
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/ \
A RECOMPENSA DA COMUNHÃO ^2 0 5 ^ ]

atendidas. Os discípulos iam em frente e cavavam fundo em


seus bolsos, quando necessário, para suprir as necessidades
uns dos outros.
Vou apresentar-lhe as implicações desta posição ousada. Não
havia necessidade de programas do governo. Não se reclamava
nenhuma iniciativa da “Grande Sociedade”. Não se desejava
“energia positiva”. Se você me conhece, sabe que este é um
princípio muito importante para mim. A igreja jogou a sua
responsabilidade e vocação sobre o governo, e nós criamos
uma desordem que está confundindo a vida das pessoas.

Necessidades m ateriais são atendidas


Observe o que se disse da igreja em Jerusalém:

Não havia entre eles necessitado algum. Pois todos os que


possuíam herdades ou casas, vendendo-as, traziam o preço do
que fora vendido, e o depositavam aos pés dos apóstolos. E
repartia-se a cada um, segundo a sua necessidade (At 4.34,35).

Quando a coinonia é autêntica, as necessidades legítimas


do corpo de Cristo são supridas pelos membros do corpo.
Quando Lucas diz que não havia nenhuma pessoa necessitada
na igreja em Jerusalém, precisamos nos lembrar de uma coisa:
eles não estavam lidando com algumas pessoas apenas, mas
com milhares. No dia de Pentecostes, três mil pessoas foram
salvas (At 2.41). Mais tarde, mais cinco mil foram salvas e
incorporadas ã igreja (At 4.4). Tudo isso aconteceu no espaço
de apenas algumas semanas. Também não eram pessoas ricas.
O que produziu essa atitude de coração aberto, de mão
aberta, entre os discípulos? Foi a coinonia. “Era um o coração
e a alma” de todos os discípulos (At 4.32).
Precisamos perceber que a comunhão não é algum tipo de
compromisso de além-túmulo, “lá no doce porvir”. Diz respeito
aos problemas corriqueiros da vida. Obsen^e que esta incrível
contribuição era totalmente voluntária. Os discípulos o faziam
por vontade própria.
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Foi isto que colocou Ananias e Safira na difícil situação de
Atos 5. Eles fingiram um compromisso total quando na verdade
estavam mantendo para si parte do seu dinheiro. Pedro disse
que eles nem precisavam fazer uma oferta (At 5.4), mas sua
pretensa generosidade os levou a mentir ao Espírito Santo
causando grande preju ízo ao corpo que dependia do
compromisso deles. A coinonia falsa custou-lhes a vida. Não foi
simplesmente porque mentiram; mas também pelo objeto da
mentira. O bem-estar do corpo estava em jogo.
A coinonia autêntica, por outro lado, diz: “Se meu irmão ou
irmã tiver uma necessidade legítima e eu puder atender a essa
necessidade, então pegarei o que Deus me deu e colocarei à
disposição desse irmão ou irmã”.
A palavra-chave aqui é necessidade legítima. Sabemos que
há pessoas que tentam tirar vantagem da generosidade da igreja
para suprir necessidades ilegítimas.
O que constitui uma necessidade legítima? Primeiro, é uma
necessidade que a pessoa não consegue resolver sozinha. A
igreja não tem obrigações com pessoas que simplesmente se
recusam a trabalhar. Paulo diz que se um homem não quiser
trabalhar, não deve comer (2Ts 3.10). A pessoa que diz: “Eu
não gosto de trabalhar”, precisa passar fome até que goste de
trabalhar. Sua fome não é uma necessidade legítima. Se ela não
souber fazer nada, precisa aprender.
Uma necessidade legítima também é uma necessidade que a
família da pessoa não pode ajudá-la a resolver. Não leve à
igreja necessidades que a família pode resolver. A família é a
primeira responsável pelas necessidades dos seus membros.
Cada um de nós deve carregar “o seu próprio fardo” (Gl 6.5),
que significa as responsabilidades normais da vida.
Outro elemento de necessidade legítima é que ela seja
realmente uma necessidade. O irmão que se recusa a comer
hambúrguer porque prefere carne assada provavelmente não
está com bastante fome.
Mas se uma pessoa é incapaz de suprir sua própria
necessidade, e sua família também não puder ajudá-la, então
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leve o problema à igreja. Era isso o que os membros estavam
fazendo em Jerusalém, e os discípulos contribuíam para atender
às necessidades.
Deixe-me mostrar-lhe a poderosa “recompensa” que isto
produz. Você talvez se lembre deste versículo familiar; “Mais
bem-aventurada coisa é dar do que receber” (At 20.35). Jesus o
disse, por isso sabemos que é importante. Mas nos lembramos
dele e o recitamos apenas no Natal quando gastamos quantias
imensas com pessoas cuja felicidade está intimamente ligada à
nossa própria.
Mas Jesus estava dizendo que quando você dá aos que
necessitam, você mesmo é “abençoado” ou feliz. Como isso
acontece? Porque quando você abençoa os outros, ofertando
no momento da necessidade deles. Deus se torna o seu
“abençoador”, suprindo-lhe no seu momento de necessidade.
Pense nisso durante trinta segundos mais ou menos e você
entenderá por que é mais bem-aventurado dar do que receber.
Vou-lhe dar um exemplo deste princípio que vai deixá-lo
boquiaberto. “Não vos esqueçais da hospitalidade, pois por ela
alguns, sem o saber, hospedaram anjos” (Hb 13-2). Precisamos
falar acerca disto.
O escritor de Hebreus está dizendo que, ao abrirmos o
coração e a casa em hospitalidade, podemos estar fazendo
mais do que imaginamos. Os “hóspedes” aqui não são apenas
pessoas que vieram da rua dizendo; “Quero me hospedar
em sua casa”. Esses hóspedes eram irmãos e irmãs em Cristo
que o anfitrião ainda não conhecia. Sabemos disto por causa
do contexto no versículo 1, em que o autor diz; “Permaneça
o amor fraternal”.
Ele está falando de comunhão dentro da família de Deus.
Naquele tempo, os evangelistas e os pregadores itinerantes
precisavam da hospitalidade dos crentes locais quando andavam
de um lugar ao outro.
Quando você oferece esse tipo de hospitalidade, a Bíblia
diz que você pode hospedar um “anjo”. A palavra grega para
anjo significa “mensageiro”. Poderia ser um, literalmente, anjo
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OU uma pessoa que estivesse agindo como mensageiro sob as
ordens de Deus.
Em outras palavras, quando Deus trouxer um irmão ou
uma irmã em Cristo à sua casa, e v o cê tiver oportunidade de
lhe abrir a porta, dê-lhe liberalmente do que você tem. Deus
pode ter uma mensagem ou uma bênção especial para você
nessa visita.
Isso já aconteceu comigo. Certa vez, pediram-nos — a mim
e a Lois — que hospedássemos um irmão em Cristo que fora
recomendado por uma pessoa respeitável. Hospedamos esse
irmão em nossa casa. Naquela ocasião estávamos passando por
uma grande dificuldade financeira. Eu estava estudando, e não
tínhamos dinheiro. Mas acolhemos esse irmão da melhor maneira
que pudemos, com o pouco que tínhamos.
Depois que ele partiu, encontrei em minha caixa de correio
no Seminário de Dallas um cheque de 2 500 dólares desse
mensageiro de Deus. Se tivéssemos nos esquivado de hospedar
esse homem, teríamos deixado de receber uma bênção.
Eu sei o que você está pensando. “Nesse caso, vou hospedar
qualquer um!”. Mas eu não posso lhe garantir um retorno
financeiro. Eu posso dizer que você será abençoado, “feliz”,
quando ajudar a atender as necessidades do corpo de Cristo.
Alguns anos atrás, uma das famílias de nossa igreja perdeu a
casa em um incêndio. Os santos que moravam na vizinhança
correram para ajudar, e a coinonia foi colocada em prática.
Mais tarde, este irmão veio me dizer: “Pastor, eu só queria que
você soubesse: o cristianismo é real”. Ele não estava falando
dos meus sermões. Ele estava falando do “sermão” do povo
que o amou e a toda sua família em uma crise. Este é o tipo de
sermão de que mais necessitamos; não apenas um sermão do
púlpito, mas um sermão dos bancos. Isto é coinonia poderosa.
Quando a igreja pratica a verdadeira coinonia, a igreja não
precisa de assistência social. A igreja afro-americana dos Estados
Unidos trabalhava até mesmo no tempo da escravidão, quando
as pessoas não tinham quase nada e não havia ajuda do governo,
nem subsídios federais e nenhum sistema de assistência social.
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Mas todos comiam. Meninos sem pai tinham um papai. Todos
tinham uma família mais ampla. Por que faziam isso? Porque a
igreja compreendia que quando a família de Deus trabalha,
Deus cuida dos seus filhinhos.
Quando não trabalhamos é que precisamos da assistência
social. Não deveria haver nenhuma pessoa na igreja que
dependesse do sistema de assistência social para as necessidades
básicas da vida. Se um crente cumpriu sua responsabilidade
pessoal e familiar ao máximo de sua capacidade e ainda está
passando necessidades, a igreja deveria dar um passo e atender
essas necessidades.

Necessidades em ocionais eram atendidas


Pensamos no apóstolo Paulo como um supersanto que
conseguia resolver tudo sozinho. Mas em 2 Coríntios 7.6, ele
diz: “Mas Deus, que consola os abatidos, consolou-nos com a
vinda de Tito”.
Paulo sentiu-se solitário e desanimado naquela ocasião na
Macedônia. Ele precisava da companhia de seus cooperadores
no evangelho. Ele tinha uma legítima necessidade emocional
de consolo e companheirismo. No final de sua vida, Paulo
também sentiu-se solitário (2Tm 4.9-11).
Paulo também ajudou a socorrer as necessidades emocionais
de seu filho espiritual, Timóteo. Depois que Paulo deixou
Timóteo em Éfeso para pastorear a igreja de lá, o apóstolo
escreveu palavras muito ternas para encorajar seu discípulo,
que era tímido (2Tm 1.3-7).
Sem conhecê-lo ou saber de sua situação, posso dizer com
confiança que haverá crentes solitários sentados ao seu redor
na igreja no próximo domingo. Como sei disso? Porque há
pessoas solitárias e desanimadas por toda parte. É uma
epidemia. É onde precisamos praticar um dos mandamentos
de “uns aos outros” do Novo Testamento, relacionados no
capítulo 9: “edificai-vos uns aos outros” (ITs 5.11).
Naturalmente, o encorajamento não é a única necessidade
emocional que os discípulos enfrentam. Às vezes precisamos
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de uma calorosa mão no ombro para nos incentivar e, às vezes,
de um empurrão para nos fazer andar. Seja qual for o caso,
somos recompensados pela comunhão quando nos dispomos
a atender as necessidades uns dos outros.

Necessidades espirituais eram atendidas


O atendimento de necessidades espirituais é outra recom­
pensa da comunhão. Como dissemos no capítulo 10, isto
certamente inclui resgatar um irmão ou irmã que foi ap an h^ o
em pecado (Gl 6.1) e aquele que está deliberadam^
desobedecendo a Deus e arriscando-se a morrer (Tg
Ainda melhor é evitar que um companheiro crente ^^<fesvie
do caminho. Hebreus 3-13 diz: "... exortai-vos^u^^òs outros
todos os dias [...] para que nenhum de v^; pelo
engano do pecado”. Isto é m anuten^^<^^^1@ y preventiva.
Considerando que o pecado é tão in cn fêlm ^ te enganoso, seria
bom advertirmo-nos uns ao^,-Qutí^qtianto às armadilhas.
Também penso no serv r^ €§pirttual que Áqüila e Priscila
realizaram em favor d ê -A p o tô ^ t 18.23-27). Apoio era um
poderoso pregactor^^fliOi não tinha ainda todas as peças do
seu q u eb ra-calp ^ u b ^ o g ico no devido lugar. Então Áqüila e
Priscila o c lQ ím Q ^ a e lado e “lhe declararam com mais precisão
o c a m in ^ Idb^^us” (v. 26).
^EijfYD^W^palavras, o casal leigo doutrinou o pregador. E,
dando Apoio estava preparado para seguir adiante, os
ípulos em Éfeso escreveram uma carta de recomendação
3*ara ele (v. 27).

Uma palavra final

Como pastor, com freqüência sou questionado sobre alguma


necessidade ou algum problema: “O que a igreja vai fazer a
respeito disso?”. As pessoas que perguntam geralmente estão
buscando uma solução organizacional, que venha de cima para
baixo. Mas a igreja não foi criada para trabalhar de cima para
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baixo. Pelo contrário, ela trabalha de baixo para cima. Isto
significa que os crentes deveriam se preocupar com vários
problemas: “O que estou fazendo a respeito disso?”.
Não me entenda mal. A estrutura oficial da igreja deveria
fazer todo o possível para personificar a comunhão bíblica.
Mas para que isso funcione direito, a iniciativa deve partir de
cada discípulo que segue a Cristo. Coinonia exige que cada
membro do corpo faça uma parte, partilhe da vida de Cristo.
Por isso fico entusiasmado com muitas coisas que estão
acontecendo em nossa igreja. Os crentes estão levando os
doentes para o hospital, visitando os enfermos, consolando os
desanimados e aconselhando os quebrantados. Casais que estão
andando com Cristo estão ensinando outros casais a fortalecer
o seu casamento, em vez de acabar com ele
Sim, a Comunidade Bíblica de Oak Cliff ainda é uma casa
em construção, exatamente como a sua igreja. Mas deixe-me
partilhar com você um exemplo inusitado de comunhão que
testemunhamos aqui em Dallas no outono de 1995.
Devíamos nos mudar para o nosso novo salão de cultos em
1- de- outubro daquele ano. Enviamos convites para todo os
Estados Unidos. Pessoas viriam de todos os lugares para celebrar
conosco.
A empreiteira, contudo, alertou: “Vai ser uma data apertada.
A única maneira de conseguirmos isso seria se os membros da
sua igreja ajudassem. Uma vez terminada a construção, a limpeza
vai ser uma tarefa enorme. Para termos este lugar pronto para
o primeiro domingo de outubro, a igreja tem de se envolver no
trabalho”.
Dois domingos antes da data da inauguração, eu disse ã
congregação: “Agora o trabalho é por nossa conta. Os emprei­
teiros fizeram todo o possível para a construção ficar pronta.
Para finalizar tudo, eles precisam que todos se envolvam no
trabalho por uma semana”.
As pessoas vieram às centenas na segunda, na terça, na quarta,
e todos os dias até a sexta-feira. Ainda era um prazo apertado,
mas no dia 1= de outubro, quando abrimos as portas do novo
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santuário, o chão estava limpo. Havia envelopes nas estantes
dos bancos. Passou-se um pano nos assentos e as janelas foram
lavadas. Celebramos a Jesus Cristo em nossas novas instalações
naquela data.
Como isso aconteceu? Tivemos unidade de propósito para
alcançar um alvo. Poderíamos ter ficado de fora dizendo: “A
tarefa é grande demais para ser feita em uma semana”. Em vez
disso, dissemos: “Se todos fizerem alguma coisa, tudo será feito”.
Fizemo-lo por causa da coinonia.
Se nós, na qualidade de discípulos de Jesus Cristo, o
seguirmos com uma só mente e um só coração, cada um fazendo
a sua parte, veremos Deus nos mandando uma “recompensa”
além de qualquer coisa que podemos imaginar.

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IMPERATIVO 3:

Escrituras

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o concèito
de Escritilras

Chegamos agora ao terceiro elemento do que estamos


chamando de imperativos absolutos no discipulado de Cristo; a
Palavra de Deus. Precisamos ser homens e mulheres compro­
metidos com a Palavra se queremos crescer e amadurecer como
discípulos.
Referindo-nos novamente a Atos 2 somos informados de
que os crentes na igreja primitiva “perseveravam na ‘doutrina’
dos apóstolos” (v. 42). Quero que você tenha em mente que
essas pessoas estavam recebendo as Escrituras de primeira mão
porque o Novo Testamento ainda não fora escrito. O ensina­
mento dos apóstolos tinha total autoridade, e a igreja submetia-
se a essa autoridade.
Isso é importante, porque o âmago de todo o conteúdo das
Escrituras e o seu relacionamento com o nosso discipulado é a
questão da autoridade. Antes de podermos nos tornar discípulos
em crescimento, amadurecidos, de Jesus Cristo, temos de decidir
quem e o quê vai controlar o processo de tomada de decisões
em nossa vida.

Fontes de autoridade

o mundo nos apresenta várias opções quando se trata de


responder à questão de quem e o quê aceitaremos como
autoridade. Por exemplo, o racionalismo ou a razão é a auto-

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ridáde para alguns. A mente é o elemento fundamental em
suas escolhas.
Entretanto, existem pelo menos dois grandes problemas
quando permitimos que a mente, os processos lógico, seja a
nossa fonte de autoridade. O primeiro problema é que a mente
é finita, isto é, está sujeita a limitações. Ninguém sabe tudo. Há
muitas coisas de que nós sequer suspeitamos.
Outro problema do uso da razão como base de autoridade
é que a nossa mente é pecadora. Você não pode depender de
sua mente para lhe dar uma informação moral exata acerca da
vida. Ao combinar contingência e pecado, o resultado é uma
mente excessivamente limitada.
Outras pessoas não dependem de suas mentes, mas de seus
sentimentos. São orientadas apenas pelas emoções. Eu não quero
denegrir a importância de nossas emoções, mas o problema de
depender delas como fonte de autoridade é que as emoções
são instáveis. Elas mudam constantemente.
Para alguns de nós, na verdade, as emoções mudam a cada
momento. Somos pessoas muito emotivas. Quando as coisas vão
bem, estamos bem. Quando as coisas vão mal, estamos mal. As
emoções não foram idealizadas para se tornarem autoridade final.
Há ainda outras pessoas que dizem: “Deixe a consciência
ser o seu guia”. Elas descansam em seus próprios instintos mo­
rais, seu senso de certo e errado.
O problema em fazer de nossa consciência a fonte de
autoridade é que ela apenas reflete aquilo que a alimentou. Se
a sua consciência andou recebendo informações erradas, poderá
se sentir bem com alguma coisa errada, ou mal quanto a algo
certo. Você poderia estar operando com um instinto moral
inexato, e nós sabemos pelas Escrituras que a consciência pode
ser corrompida (Tt 1.15).
Se escolhemos a razão, as emoções ou a consciência como
fonte básica de autoridade, estamos com problemas, porque
todas as três são im perfeitas. Há apenas uma fonte de
autoridade sobre a qual as decisões da vida deveriam repousar,
e esta é a Palavra de Deus.
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Para ajudá-lo a avaliar a necessidade absoluta das Escrituras,
quero explorar junto com você, neste capítulo, os três conceitos
que vão capacitá-lo a beneficiar-se do maravilhoso presente de
Deus na Palavra. Estes conceitos são edificados sobre três
importantes palavras: revelação, inspiração e iluminação.

O conceito de revelação

Revelação é exposição divina, é Deus expondo informações


de si mesmo que ele deseja que a sua criação conheça. A
revelação é como puxar uma cortina para ver o que há por trás
dela. É a exibição do que está encoberto ou oculto.
A revelação é de suma importância porque conhecemos de
Deus apenas o que ele decide revelar. Deus é completamente
diferente de você e de mim — tão diferente que os teólogos o
chamam de “Totalmente Outro”. Embora tenhamos sido feitos
à imagem dele. Deus é diferente de sua criação e separado do
pecado, o que o coloca tão acin:\a de nós que vê-lo significa
morrer, exceção feita a Cristo.
' Deus está tão fora e tão acima de nossa esfera de realidade
que se ficássemos entregues ao nosso raciocínio, às nossas
emoções ou à nossa consciência para imaginá-lo, realmente
não o conseguiríamos. Qualquer coisa que imaginássemos seria
diferente do Deus das Escrituras.
Vamos ver por que é importante para Deus revelar-se para
nós. Deus disse através do profeta Isaías: “Pois os meus
pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos
caminhos os meus caminhos, diz o Senhor. Assim como os
céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos
mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos
mais altos do que os vossos pensamentos” (Is 55.8,9).
Deus diz aqui duas coisas muito importantes. Primeira, “eu
sou diferente de vocês. Meus pensamentos e caminhos são
diferentes dos seus”. Mas, em vez de reconhecer que Deus é
totalmente diferente, as pessoas hoje estão tentando criar um
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Deus à sua própria imagem. Sempre que tentamos ajustar Deus
aos nossos pensamentos ou sentimentos, ficamos com alguma
coisa diferente do Deus que se revela a nós.
Deus também diz em Isaías 55: “Sou superior a vocês”. Muitos
de nós já vimos nossos filhos virem a nós e tentarem nos
aconselhar sobre como devemos governar nossos lares. Eles
não têm experiência como pais, mas pensam que sabem como
deveríamos executar nossas tarefas. Eles não compreendem a
lacuna existente entre pais e filhos.
O que as crianças tentam fazer com seus pais, nós tentamos
fazer com Deus. Tentamos aconselhá-lo sobre como ser Deus.
Nunca fomos Deus. Nem mesmo sabemos o que significa ser
Deus. Nunca criamos nada, mas queremos aconselhar a Deus.
Contudo, Deus deve se revelar para que o conheçamos porque
ele é superior a nós.

A revelação é pessoal
Qual é a natureza da auto-revelação de Deus nas Escrituras?
Temos uma resposta em Isaías 55. É de Deus a palavra que
“sair da minha (dele) boca” (v. 11). Isto é, a revelação de Deus
é intensamente pessoal. Está intimamente ligada à sua pessoa.
Portanto, quando você abre a sua Bíblia, não está apenas se
ocupando de estudo acadêmico. Está realmente procurando
compreender uma Pessoa. Nas Escrituras, Deus se revela.
Quando você lê a Palavra, você vê Deus.
Mas você também descobre que Deus está olhando para
você através de sua Palavra. O escritor de Hebreus nos conta:

Pois a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que


qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de
dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir
os pensamentos e intenções do coração. E não há criatura
alguma encoberta diante dele (4.12,13«)-

A Bíblia não é um objeto inanimado. Ela é viva porque é a


Palavra do Deus vivo que se revela de uma maneira pessoal.
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Quando você lê a Bíblia, está olhando para Deus e ele está
olhando para você. Por isso a Bíblia é uma necessidade absoluta
para nós como discípulos de Cristo.

A revelação tem propósito


A revelação de Deus também tem propósito. Ele diz que
quando nos envia a sua Palavra, “ela não voltará para mim
vazia, mas fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que
a enviei” (Is 55.11).
“Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa” (2Tm
3-16). As Escrituras são benéficas. Elas agem, fazem em nossas
vidas as coisas que Deus tem o propósito de fazer. Deus não
expôs a sua revelação para a examinarmos e votarmos. E ele
não nos joga palavras a esmo sem nenhum propósito em
mente.
Cada palavra que sai da boca de Deus está impregnada com
seu propósito. E porque a Palavra de Deus também está
impregnada com a vida dela, ela tem o poder de realizar os
propósitos do Senhor. A Palavra de Deus sempre produz o
efeito que ele quer produzir.

A revelação é especial
Uma terceira característica da revelação é que ela é o que
eu quero chamar de especial. Isto é, a Bíblia é a Palavra de
Deus com pleta para nós, mas ela não pretente ser uma
descrição total de como Deus é, ou um registro total de tudo
o que Deus faz.
O último versículo do evangelho de João é importante aqui.
O apóstolo diz que se todas as coisas que Jesus fez fossem
escritas detalhadamente, “nem ainda o mundo todo poderia
conter os livros que seriam escritos” (Jo 21.25).
É uma declaração espantosa. Lembre-se, João está falando
de uma pequena fatia da vida terrena de Jesus, seu ministério
de três anos. João diz: “Eu não estou lhes dando todo o material
porque a Biblioteca Nacional não poderia conter o registro do
que Jesus fez”.
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Os evangelhos apenas nos dão os pontos altos do ministério
de Jesus, os detalhes particulares que o Espírito Santo deseja
que saibamos. A revelação é particular porque é seletiva.
Deuteronômio 29-29 diz: “As coisas encobertas pertencem
ao Senhor nosso Deus, porém as reveladas pertencem a nós”.
O que Deus nos revelou sobre ele é o que ele quer que o
saibamos. Entretanto, ele não nos contou tudo.
Às vezes temos de dizer a nossos filhos: “Isso não é da sua
conta”, ou “Quando eu achar que você deve saber, eu lhe conto”.
Há ocasiões em que você acha que não há necessidade de
revelar tudo o que sabe. Deus também.
Por que a revelação de Deus é específica? Um dos motivos é
que não poderíamos compreender tudo mesmo. E nunca
poderemos. Na verdade, depois de estarmos no céu há cem
milhões de anos, ainda não saberemos tudo o que há para
saber sobre Deus. Ele é inesgotável.

A revelação é progressiva
Os primeiros versículos de Hebreus deixam claro que a
revelação de Deus é progressiva: “Havendo Deus outrora falado
muitas vezes, de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a
nós falou-nos nestes últimos dias pelo Eilho” (1.1,2a).
O Deus que falou através dos profetas no Antigo Testamento
falou através de Cristo no Novo Testamento. Deus nos deu a
sua revelação passo a passo, não todos ao mesmo tempo.
A revelação é progressiva. A Bíblia contém 66 livros escritos
por mais de 40 autores, em um período de cerca de 1 500 anos.
Mas revela uma mensagem única. A Bíblia é a revelação
progressiva de Deus, não uma revelação completa dada de
uma só vez através de uma pessoa.

A revelação é perfeita
A última coisa que desejo que você veja sobre a revelação
de Deus é que ela é perfeita. João 17.17 diZ: “Santifica-os na
verdade; a tua palavra é a verdade”. Isso significa que não há
pronunciamento de Deus que não seja a verdade. Verdade é
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aquilo que corresponde à realidade. A Bíblia é o a única fonte
garantida da verdade. Nós somos autênticos, sinceros de vez
em quando, mas as Escrituras são a verdade absoluta, incon­
dicional.
A Palavra de Deus é verdade porque Deus é verdade. Sua
Palavra corresponde ao seu caráter. Deus é perfeito, por isso a
sua revelação é necessariamente perfeita (Rm 3-4).
Na revelação. Deus puxa a cortina para que tenhamos um
vislumbre de como ele é. Temos o suficiente para saber o que
ele espera de nós, mas não tudo, pois o mundo não poderia
contê-lo.
Eu acho que leva um tempinho para entender alguém que
pode criar um universo apenas abrindo a boca e dizendo “Haja”.
Eu ainda estou tentando compreender um microcomputador.
Estou tentando me tornar um “entendido em computador”. Mas
a única maneira de nos tornarmos “entendidos em Deus” é através
de sua auto-revelação. Temos essa revelação nas Escrituras.

O conceito de inspiração

Aqui está o nosso segundo conceito referente às Escrituras,


a segunda das três palavras mencionadas no início do capítulo.
Revelação diz respeito ao conteúdo das Escrituras. Inspiração
se refere ao registro desse conteúdo.
O significado da palavra inspiração perdeu um pouco do
significado em sua conotação atual. Dizemos: “Fiquei inspirado
quando o coro cantou”. “O pregador me inspirou”. “Era um
poema inspirador”. Queremos dizer que a pessoa ou a peça
fez que nos sentíssemos bem. Elevou o nosso espírito.

“ Inspirada por Deus”


Aquele é um emprego medíocre da palavra e não expressa
adequadamente o conceito bíblico. Lemos antes em 2 Timóteo
3-16 que “toda Escritura é divinamente inspirada”. A palavra
grega aqui, theopneustos, é formada de dois vocábulos: “Deus”
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e outro que significa “expirar” ou “exalar”. Portanto, toda
Escritura é a “exalação” de Deus.
Quando Deus nos deu a Escritura, ele exalou ou expirou a
palavra sobre os autores, que a registraram. Esse é o significado
de inspiração. As Escrituras são o próprio hálito, a própria palavra
de Deus.
Quando falamos da inspiração, nos referimos ao processo
através do qual Deus supervisionou a composição das Escrituras
de modo que a sua mensagem fosse registrada sem erro.
Todos nós conhecemos pessoas que questionam se a Bíblia
afinal de contas foi inspirada. Outros questionam se a Bíblia
inteira é inspirada, ou apenas parte dela. Entretanto, 2Timóteo
3.16 diz que a inspiração de Deus se aplica a toda a Escritura.
Ela é toda “exalação de Deus”. Ela é toda o próprio hálito de
Deus, sua própria Palavra.

Concedida através de mensageiros


Isto ajuda a explicar textos como o de Atos I .I 6, em que
Pedro está falando da necessidade de substituir Judas entre os
apóstolos. Ele diz: “Irmãos, era necessário que se cumprisse a
Escritura que o Espírito Santo predisse pela boca de Davi acerca
de Judas, que foi o guia daqueles que prenderam a Jesus”. No
versículo 20, Pedro continuou citando Salmos 69.25 e Salmos
109.8 e aplicou aqueles textos a Judas.
A questão é: quem estava falando nos salmos, o Espírito
Santo ou Davi? Davi escreveu o versículo, mas Pedro disse que
o Espírito Santo o enunciou. Portanto, a Bíblia sustenta que
aquilo que os seus autores humanos escreveram é o mesmo
que a palavra enunciada por Deus.
As Escrituras são realmente de Deus, ainda que neste caso
vieram da boca de Davi. O Espírito Santo de Deus falou através
de Davi. As Escrituras vieram da boca de Deus, ainda que fossem
transmitidas através de um mensageiro humano. Isso por causa
da inspiração.
Lembra-se de quando você era criança e seus pais lhe pediam
que dissesse algo a seu irmão ou irmã? Você ia e dizia: “Mamãe
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disse para fazer isto”, ou “Papai disse que você precisa fazer tal
coisa”, Essa era a voz da autoridade.
Você mesmo não tinha nenhuma autoridade sobre seus
irmãos. Mas quando introduzia a fórmula: “Mamãe disse”, tinha
a autoridade da mamãe porque estava entregando a mensagem
dela, não a sua. Portanto, se o seu irmão ou irmã desobedecesse
ã sua palavra, seus pais considerariam isto uma desobediência
direta a eles, porque na realidade era deles a palavra que você
transmitiu. Mas se você tentasse mudar a mensagem ou
acrescentasse “Mamãe disse” ã sua própria vontade, enfrentaria
problemas porque estaria falando por si mesmo com uma
autoridade que não lhe pertencia.
É o que muitas pessoas estão fazendo hoje com a Palavra de
Deus. Estão dizendo que Deus disse coisas que nunca disse, ou
estão negando o que Deus realmente disse, a fim de usurpar a
autoridade dele em suas próprias vidas. Querem assumir a
autoridade que Deus nunca pretendeu dar-lhes.
Por isso, para nós, discípulos de Jesus Cristo, as Escrituras
devem reinar como autoridade suprema. A Palavra de Deus
não é a opinião de alguma pessoa. É Deus comunicando com
aútoridade através da pena de outra pessoa. Temos de obedecer
ãs Escrituras se declaramos seguir a Cristo.

Registrado por outros


Portanto, quando se trata de inspiração, o fato é que Deus
exalou a palavra. Como o processo resulta numa Bíblia livre de
erro se seres humanos imperfeitos estiveram envolvidos? O
apóstolo Pedro, que foi um daqueles seres humanos imperfeitos,
diz-nos como aconteceu:

Acima de tudo, lembrai-vos de que nenhuma profecia da


Escritura é de particular interpretação. Pois a profecia nunca
foi produzida por vontade dos homens, mas os homens
santos da parte de Deus falaram movidos pelo Espírito Santo
(2Pe 1.20,21). ■

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Em outras palavras, nenhum escritor bíbhco jamais se
sentou e disse: “Vou escrever o que penso. Vou colocar a
minha própria marca nesta doutrina. Vou escrever o que
sinto”. Não foi assim que aconteceu. Os autores das Escrituras
apenas escreveram quando foram “movidos” pelo Espírito
Santo. Esta é a palavra-chave para entender inspiração. A
palavra grega pherom en oi, traduzida por “movidos”, significa
ser “carregado ou impulsionado”, como o vento impulsiona
a vela de um barco.
Esta é também a palavra utilizada em Atos 27.15 para
descrever o que aconteceu quando o navio em que Paulo estava
foi apanhado por uma tempestade e finalmente destruído.
“Sendo o navio arrebatado (pela tempestade), e não podendo
navegar contra o vento, demos mão a tudo e nos deixamos ir à
toa.” A expressão “ir à toa” é repetida no versículo 17.
Compare isso com o que acabamos de ler em 2Pedro 1.21 e
você terá o quadro de como a inspiração divina operava. O
que o vento foi para as velas daquela embarcação, o Espírito
Santo foi para os autores das Escrituras. Eles foram movidos
pelo Espírito para onde Deus queria que fossem, não para onde
eles queriam ir. Eles escreveram o que Deus desejava que
escrevessem.
Os autores das Escrituras foram como as velas de unia
embarcação que captam o vento e são impulsionadas por ele.
Exatamente como o navio de Paulo foi tomado pelo vento, os
autores bíblicos foram tomados pelo “vento” ou “hálito” de
Deus, o Espírito Santo.
Explicando em outras palavras, os autores das Escrituras
ficaram à mercê do Espírito, como o navio ficou à mercê do
vento. Isso não significa que simplesmente receberam um
ditado do Espírito. Eles não perderam suas personalidades.
Cada escritor bíblico tem o seu próprio estilo e vocabulário.
Mas Deus usando as diversas personalidades destes “homens
m ovidos p elo Espírito San to ”, exp ressou sua p erfeita
revelação.

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Guardados pelo Espírito
Alguém pode ainda dizer: “Quando pessoas estão envolvidas
no processo, o resultado não pode ser perfeito e livre de erro”.
Poderia ser verdade se não fosse pelo fato de Deus superintender
e controlar o registro das Escrituras. O homem estava envolvido,
mas Deus estava no controle. Essa é a diferença entre a Bíblia
e qualquer outra coisa na qual seres humanos imperfeitos estejam
envolvidos.
Proteger sua Palavra do erro não é mais difícil para Deus do
que proteger Jesus Cristo de uma natureza pecadora embora
ele tivesse nascido de mãe humana. Jesus nasceu de uma mulher
que era pecadora e imperfeita como o restante de nós, mas ele
foi sem pecado (Hb 4.15).
Como isso aconteceu? O Espírito Santo esteve envolvido.
Ele veio sobre Maria (Lc 1.35) a fim de evitar que a
pecaminosidade do homem corrompesse a justiça de Deus.
Da mesma forma, Deus inspirou homens imperfeitos para
registrarem a revelação dele. Isso significa que esses homens
deviam deixar o Espírito governar suas vidas.
A propósito, temos aqui uma grande lição espiritual. Se você
permitir que o Espírito Santo governe a sua vida de modo que
você vá para onde ele desejar — em vez de você inflar suas
velas para ir onde você quiser — , você chegará a algum lugar.
Mas quando eu e você tentamos viver segundo a nossa
própria vontade, determinação e independência, quando
sopramos os ventos em nossas próprias velas, então não
deveríamos ficar surpresos se não chegamos a lugar algum.
Seguir a Cristo no discipulado significa fazer o que os autores
das Escrituras fizeram: submeter-se ao Espírito Santo de Deus e
deixá-lo nos dirigir para onde ele deseja.
Portanto, assim como protegeu Jesus do pecado, o Espírito
Santo protegeu a Bíblia do erro, através de sua influência
controladora na composição das Escrituras. O Espírito preservou
a verdade de Deus milagrosamente de modo que aquilo que
foi escrito é o que Deus disse. João o diz desta maneira:

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Se recebemos o testemunho dos homens, o testemunho de
Deus é maior, porque o testemunho de Deus é este, que de
seu FÚho testificou [...] E o testemunho é este: Deus nos deu a
vida eterna, e esta vida está em seu Filho [...] Estas coisas vos
escrevi (IJo 5.9,11,13i3).

Observe a liltima frase. O testemunho de Deus tornou-se


uma revelação escrita de Deus para o seu povo. Deus Espírito
Santo inspirou João a escrever o que o Senhor desejava que
soubéssemos e em uma linguagem que pudéssemos entender.
Por quê? Para que tivéssemos um registro permanente do
testemunho de Deus.

O resultado perfeito
O resultado da inspiração é este: Por causa da obra de
supervisão do Espírito no registro das Escrituras, o que nós
temos está isento de erro, pois é o cânon autorizado das
Escrituras. A palavra cânon refere-se ã coleção dos 66 livros
que formam a Bíblia.
A propósito, a igreja também crê que o Espírito Santo orientou
o processo de seleção desses livros. Havia outras epístolas e
outras histórias escritas circulando pela igreja primitiva, mas
não eram Escrituras autorizadas, inspiradas. O Espírito Santo
supervisionou o processo para determinar quais livros eram
exalados por Deus, e quais não eram.
Portanto, vou repetir. O resultado da inspiração é um
cânon, uma coleção de livros, que é inerrante (sem erro). Na
Bíblia, temos a revelação autorizada de Deus preservada em
registro escrito. Temos tudo o que Deus queria revelar sobre
ele mesmo.
Por que a inerrância é tão importante? Porque se houver
uma falha em qualquer porção das Escrituras, não saberemos
se podemos confiar nela em outras porções. Se Deus chama a
isto de sua Palavra, e se houver um erro nela, como saberei
que posso confiar em Deus? Que outros erros poderia ele ter
cometido (ou permitido) que eu desconheço?
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Mas deixe-me dizer-lhe: se a Bíblia é infalível, um Livro sem
erro, então você pode crer em Deus cem por cento do tempo.
Eu confio parcialmente em muita gente. Eu preciso de um Deus
em quem possa confiar plenamente.
Aqueles que rejeitam a inspiração das Escrituras têm de lutar
contra Jesus Cristo, porque Jesus creu que elas eram a Palavra
de Deus. Ele disse em Mateus 5:

Não penseis que vim destmir a lei ou os profetas; não vim para
destruí-los, mas para cumpri-los. Em verdade vos digo que até
que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da
lei, sem que tudo seja cumprido (v. 17,18).

A “menor das letras é o nosso familiar “jota ou til”. A menor


das letras no alfabeto hebraico é escrita como um apóstrofo em
inglês (‘). Um “traço de pena” é uma pequenina linha que
distingue uma letra hebraica de outra.
Jesus estava dizendo: “A Palavra de Deus é tão verdadeira
e tão autorizada que será cumprida até a mais minúscula porção
de uma letra hebraica”. Na verdade, mesmo depois que este
universo se for, a Palavra de Deus ainda estará vigorando. O
resultado da inspiração é a Palavra de Deus que não pode
falhar.
Podemos ver este tipo de exatidão detalhada através das
Escrituras. O profeta Miquéias disse que o Salvador nasceria
em Belém, uma cidadezinha na Judéia (Mq 5.2). Miquéias
escreveu isso cerca de 700 anos antes de Jesus nascer. Como
Miquéias conhecia esse detalhe com tanta antecedência? Porque
ele foi “impulsionado” pelo Espírito de Deus. A revelação
divina veio através da inspiração divina, resultando em um
registro exato.
Provérbios 30.5,6 diz: “Toda palavra de Deus é perfeita...
Nada acrescentes às suas palavras, para que não te repreenda e
sejas achado mentiroso”. Deus não precisa de sua ajuda ou da
minha para ter a mensagem dele registrada. Se ele quisesse
escrever mais, teria escrito mais.

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Tudo o que precisamos saber para viver de modo santo está
no Livro. Não precisamos apresentar a Deus nossas idéias e
nossos sentim entos acerca das Escrituras. Se tentarm os
acrescentar algo às palavras dele, ou retirar algo delas, seremos
comprovadamente os mentirosos, e não ele.
No cenáculo, Jesus profetizou que através do Espírito Santo
ele lembraria aos apóstolos tudo o que eles precisavam saber
(Jo 14.26; 16 .13). Portanto, quando eles se sentaram para redigir
as Escrituras, o Espírito tomou as providências para que tudo
fosse escrito exatamente como Deus desejava que fosse escrito.
Isso é inspiração.

Fé e inspiração
Por que é tão importante que você creia na inerrância e
autoridade das Escrituras? Porque sem fé é impossível agradar
a Deus (Hb 11.6). O problema com algumas pessoas que se
dizem discípulos de Jesus e declaram que o estão seguindo é
que na verdade não confiam nele. Não estou falando de nossa
salvação. Estou falando do resultado de nossas vidas cristãs
diárias.
Você não está confiando em Deus quando compara com a
sua razão o que Deus diz, e a sua razão vence. Ou quando
você compara com os seus sentimentos o que Deus diz, e os
seus sentimentos vencem. Ou quando você compara com sua
consciência o que Deus diz, e a sua consciência vence. Isso
não é viver pela fé.
E quando você não vive pela fé, então o poder da Palavra
viva não se torna viva em você. É impossível agradar a Deus
sem fé. Às vezes, viver pela fé significa ir contra o que a razão
lhe diz ou significa ir contra o que os outros dizem. Às vezes
significa até mesmo ir contra o que você aprendeu a crer.

Autoridade e inspiração
Considerando que as Escrituras são inspiradas, elas devem
ter autoridade. Quando Satanás veio tentar Jesus em Mateus 4,
Jesus respondeu-lhe com a Palavra de Deus autorizada. “Está
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escrito. ’’Para Jesus, o que estava registrado nas Escrituras era
uma necessidade, porque “toda palavra” que saiu da boca de
Deus é sustento espiritual (Mt 4.4).
Jesus disse em João 10.35: “A Escritura não pode ser anulada.”
Isso significa que ela é necessária. Nenhuma só parte pode ser
extraída do todo. Ou ela é toda a Palavra de Deus, ou nada
dela é a Palavra de Deus.
Algumas pessoas querem tirar da Bíblia partes que não
lhes agradam. Jesus diz não a tal método. Na verdade, ele
nos advertiu: “Não invalidem a Palavra de Deus com as tra­
dições dos homens. Não deixem que aquilo que os homens
sempre fizeram e creram os impeça de fazer o que Deus diz”
(Mc 7.8,9).

O conceito de iluminação

o terceiro conceito que quero discutir é a iluminação. A


palavra ilum inação significa simplesmente esclarecimento. É a
obra do Espírito Santo que nos permite entender, experimentar
e aplicar a verdade de Deus ãs nossas vidas.
Paulo orou em Efésios 1.18 que fossem “iluminados os olhos
do vosso entendimento” para que os santos compreendessem
a grandeza do poder e das bênçãos de Deus ã disposição deles.

A unção
Primeira João 2.27 diz que cada cristão tem o que João chama
de “a unção” — isto é, a capacidade de receber, entender e
aplicar a verdade espiritual. Não existem “supersantos” quando
se trata de compreender as Escrituras. Deus quer que cada crente
seja iluminado no que se refere ã verdade dele. A única diferença
entre nós é se somos suficientemente submissos para buscá-la.
Antes de a televisão a cabo aparecer em meu bairro, eu utilizava
uma antena. Uma vez precisei chamar um técnico porque estava
com problemas na recepção da imagem. Ele disse: “O sinal é
forte, mas sua antena não está apontada na direção correta”.
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\

A Palavra de Deus é forte. Não há problema com o “sinal”,


mas a antena dos nossos corações freqüentemente não está
apontada na direção correta. Muitas pessoas estão esbanjando
suas vidas tentando consertá-las quando o problema é que nossa
antena espiritual não está apontada para Deus. Por isso, não
conseguimos captar o sinal do Espírito.
Mas todos nós temos a unção em nossa vida, a obra
iluminadora do Espírito de Deus. Por isso o salmista escreveu
estes versículos no salmo 119: “Desvenda os meus olhos, para
que veja as maravilhas da tua lei” (v. 18). “Os teus mandamentos
me fazem mais sábio do que os meus inimigos” (v. 98). “Tenho
mais entendimento do que os meus mestres” (v. 99). “Lâmpada
para os meus pés é a tua palavra, e luz para o meu caminho”
(v. 105).
O Espírito de Deus lança sua luz sobre a Palavra de Deus. Lá
em Gênesis 1.2, descobrimos que o Espírito estava pairando
sobre a criação. Então no versículo 3, Deus disse: “Haja luz”. A
luz não esteve presente até que o Espírito de Deus pairou.
Por que isto é importante? Quando o Espírito de Deus paira
e a Palavra de Deus fala, a ordem aparece no caos. Foi o que
aconteceu na criação. A terra era “sem forma e vazia” antes do
Espírito e a luz chegarem (Gn 1.2).
Sua vida parece sem forma e vazia? Você se sente esvaziado,
caótico? Sabe quando você passa do caos para a ordem? Quando
a Palavra de Deus se mistura com o Espírito que paira.
Isto não é apenas 1er a Bíblia; é pedir a Deus que ilumine o
que você lê e submeter o seu coração ao que lê. Então Deus
coloca ordem no caos.

A m ente de Cristo
Em 1 Coríntios 2, Paulo faz algumas grandes declarações
referentes à iluminação:

Mas, como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o


ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem, são
as que Deus preparou para os que o amam. Mas Deus no-las

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revelou pelo seu Espírito. O Espírito penetra todas as coisas,
até mesmo as profundezas de Deus [...] Mas nós não recebemos
o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para
que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente
por Deus. Disto também falamos, não com palavras de sabedoria
humana, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando
as coisas espirituais com as espirituais [“pensamentos espirituais
com palavras espirituais”, na New American Standard Bible]
(v. 9,10,12,13).

Quando o Espírito toma as “palavras espirituais”, a Palavra


de Deus, e as combina com “pensamentos espirituais”, uma mente
e um coração em sintonia com Deus, o resultado é iluminação
divina. Quando combinamos uma mente espiritualmente recep­
tiva com a Palavra, temos dinamite em nossas mãos.
Isso porque “o que é espiritual discerne bem a tudo” (v. 15,
uma vez que ele tem “a mente de Cristo” (v. 16). Esta é a chave
da iluminação. Ter a mente de Cristo é colocar a sua antena
espiritual apontada na direção do sinal do Espírito Santo. Quando
você está devidamente sintonizado, compreende mais coisas e
percebe mais sentido na vida do que jamais pensou ser possível.

O processo
Em Lucas 24.13-35, que conta a história de dois discípulos
na estrada de Emaús, temos uma visão prática de como o
processo da iluminação se desenrola.
Você deve se lembrar de que enquanto caminhavam de
Jerusalém para Emaús, esses dois homens estavam deprimidos,
desanimados e abatidos. A vida se acabara para eles porque
Jesus fora crucificado. Eles não tinham mais esperanças. Mas
então o Cristo ressurreto juntou-se a eles na estrada e
perguntou-lhes por que estavam desanimados (v. 17). Eles
explicaram a situação e o motivo de seu desapontamento, e
Jesus lhes disse: “Ó néscios, e tardios de coração para crer em
tudo o que os profetas disseram!” (v. 25). Então Jesus lhes
ensinou as Escrituras.
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Em outras palavras, eles não estiveram prestando atenção à
Palavra de Deus revelada. Jesus estava dizendo: “Vocês dois
estão desanimados sem motivo. Se vocês dessem ouvidos ã
Palavra de D eus, saberiam que o que aco n tece u é o
cumprimento da profecia”.
Uma vez que eles não estavam dando ouvidos ã Palavra,
ficaram desnecessariamente deprimidos. Mas quando Jesus
começou a ensiná-los, eles prestaram atenção. Aguçaram os
ouvidos. Se você quer a iluminação do Espírito, a primeira
coisa que precisa é de um ouvido para ouvir o que a Palavra
de Deus está dizendo.
Então você precisa combinar um ouvido atento com a
vontade de ser transformado. O versículo 28 diz que Jesus fez
“como quem ia para mais longe”. Mas eles lhe suplicaram “Fica
conosco” (v. 29). Eu penso que Jesus os estava testando para
ver se eles realmente o desejavam ou se estavam simplesmente
agindo por impulso espiritual.
Deus faz isso conosco. Ele deixa que ouçamos a Palavra, e
então introduz alguma coisa em nossas vidas para ver se
realmente a ouvimos, ou se estávamos apenas sentados na igreja
ou apenas fazendo o nosso devocional naquele dia. Ele introduz
algo em nossas vidas para pôr ã prova o que ouvimos.
Precisamos de uma vontade que esteja pronta a ser transformada.
Temos, portanto, um ouvido que ouve e um coração que
deseja, dois elementos-chave na experiência da iluminação. O
terceiro elemento é a adoração. Jesus reclinou-se à mesa com
esses discípulos, e eles realizaram um culto (v. 30).
Na verdade, podemos encontrar no versículo 30 muitos dos
mesmos elementos que encontraremos mais tarde em Atos 2.
Havia comunhão no partir do pão, oração e coinonia enquanto
Jesus partilhava com eles.
Quando tudo isto estava operando, o que aconteceu?
“Abriram-se-lhes os olhos” (Lc 24.31). A iluminação se instalou.
Eles foram esclarecidos. Eles o reconheceram.
Embora Jesus desaparecesse diante de seus olhos naquele
instante, tudo havia mudado. Estavam cheios de alegria e
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entusiasmo, e não conseguiram esperar para partilhá-lo com
outros. Levantaram-se e voltaram depressa para Jerusalém
naquela mesma noite, e alvoroçados contaram aos apóstolos
tudo o que lhes havia acontecido (v. 33-35).
Quer dizer que a depressão desapareceu? Quer dizer que
eles ficaram felizes novamente? Sim, porque combinaram um
ouvido que ouve com um coração que deseja e adoraram ao
Senhor, foram iluminados. E quando foram iluminados,
aconteceu uma transformação.
Na revelação. Deus desvenda sua verdade. Através da
inspiração, ele providenciou que ela fosse registrada para nós.
E através da iluminação do seu Espírito, ele nos capacita a
entendê-la e aplicá-la. Quando você tiver tudo isso operando
em sua vida, vai crescer como discípulo de Cristo!

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A.

o contel^do
das EscritWas
/-■■•./a/-T '‘

Se você olhou para o título deste capítulo e ficou apreensivo


de que fôssemos fazer uma revisão do conteúdo da Bíblia, do
Gênesis até o Apocalipse, pode relaxar. Não é a idéia que tenho
em mente.
Eu creio que é uma necessidade absoluta que você conheça
a Bíblia do Gênesis até o Apocalipse. Mas aqui quero falar de
como devemos nos aproximar das Escrituras, para que o seu
conteúdo saia das páginas e penetre em nossa vida.
Para esta porção de nosso estudo, precisamos ir a uma
passagem clássica sobre a via de acesso às Escrituras, Tiago
1.18-27. Tiago é um tipo de apóstolo “olho-no-olho”. Ele diz a
verdade sem pedir desculpas, e sem se preocupar com quem
não gosta do que ele diz. A Palavra está aí para nos reformar.
Dado o seu estilo, não deveria nos surpreender que Tiago
não ficasse satisfeito com os crentes que lêem a Palavra e não
são transformados. Pelo contrário, ele diz que quando olhamos
para a Palavra de Deus, devemos recebê-la, reagir e entãó refletir
sobre ela.

Devemos receber a palavra

Em primeiro lugar, se o conteúdo das Escrituras for para nos


beneficiar, temos de recebê-lo. Tiago escreve;

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Segundo a sua vontade [vontade de Deus], ele nos gerou pela
palavra da verdade [...] Todo homem seja pronto para ouvir,
tardio para falar e tardio para se irar; pois a ira do liomem não
opera a justiça de Deus. Pelo que, despojando-vos de toda
impureza e de todo vestígio do mal, recebei com mansidão a
palavra em vós implantada, a qual é poderosa para salvar as
vossas almas (Tg 1.18-21).

Por favor, observe que temos a ordem de “receber” a Palavra,


que foi “implantada” em nós (v. 21). A palavra im plantada está
no tempo passado, significando que as Escrituras já estão ali
dentro de nós.
Tiago está se referindo aqui à salvação. Quando você aceitou
a Jesus Cristo, foi vivificado pela Palavra da verdade. Acabamos
de ler isso no versículo 18. Deus utilizou a sua Palavra para
trazê-lo da morte espiritual para a vida espiritual. Não há novo
nascimento sem a verdade de Deus.
Os crentes podem ter sido conduzidos à salvação através de
muitos métodos, mas todos viemos pela mesma Palavra. Deus
pode ter utilizado outra pessoa para conduzi-lo ã fé, ou você
pode ter vindo a ele através de sua própria busca da Palavra.
Seja qual for a pessoa ou método que Deus utilizou para chamar
sua atenção, quando você veio a ele a Palavra foi implantada
em seu interior.
Entretanto, Tiago diz que é possível ter a Palavra implantada
em seu coração, e ainda assim não recebê-la; isto é, não dar as
boas-vindas ã verdade em seu coração nem obedecer ao que
ela diz. Se você não receber a Palavra, não se beneficiará dela.
Aqui Tiago não está tratando da salvação, mas falando a
crentes. Portanto, precisamos perguntar, como é possível termos
a Palavra e ainda assim precisar recebê-la ou lhe dar as boas-
vindas?

A sem ente plantada


A palavra im p lan tad a representa uma sem ente sendo
colocada no solo para que possa crescer. Se essa semente vai
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desenvolver-se, as condições precisam ser corretas. JMas se o
solo não estiver preparado para nutrir essa semente, não haverá
crescimento. A semente da Palavra de Deus — que, a propósito,
é boa (v. Mc 4.1-20) — não pode desenvolver-se em solo duro.
Muitos cristãos vão à igreja todos os domingos e todas as
quartas-feiras à noite. Até podem ler suas Bíblias todos os dias,
mas não estão crescendo. Qual é o problema? Não é a semente.
O problema é que a Palavra não opera em nossos corações até
que seja aceita. A Palavra não é realmente ouvida até que seja
recebida.
Por isso Jesus disse com freqüência: “Quem tem ouvidos
para ouvir, ouça” (Mc 4.9). Ele não estava falando de abrir o
canal auditivo, mas de abrir o coração e torná-lo receptivo à
verdade de Deus. Até que a Palavra seja recebida, ela não nos
beneficia.
Referindo-se às pessoas de seu tempo, Jesus disse: “Ouvindo,
não ouvem, nem compreendem” (Mt 13.13). O problema delas
não era físico. Era espiritual. Seus ouvidos ouviam o que Jesus
dizia, mas elas não.
Todos nós sabemos o que é falar a pessoas que não estão
ouvindo. É muito difícil comunicar-se com pessoas que na
verdade não querem ouvir o que você tem a dizer. Hebreus
5.11 adverte que nós, até mesmo sendo cristãos, podemos ficar
surdos. Podemos ouvir a Palavra e não recebê-la.

Com o receber a Palavra


Agora que sabemos o que significa receber a Palavra, quero
voltar a Tiago 1.19-21 e examinar as condições que Tiago
apresentou para receber a Palavra implantada. Se essas condições
estiverem ativas em sua vida, capacitarão a semente da Palavra
plantada em sua alma a abrir-se e crescer.

Devemos ser prontos p a r a ouvir. A primeira condição para


receber a Palavra é estar “pronto para ouvir” (v. 19). Se você
quiser ver a Palavra de Deus florescer e produzir fruto espiritual
em sua vida, deve fazer disso uma prioridade. Essa é a idéia
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por trás de pronto p a ra ouvir. Significa que você deseja conhecer
a Palavra e obedecer-lhe de tal modo que a busca em primeiro
lugar. Você reage rapidamente quando ouve Deus lhe falando
através dela.
Enquanto cristãos, devemos ser como a mãe que ouve o seu
bebê no meio da noite e pula da cama. Tendo ouvido o choro
do seu filhinho, ela é rápida em atender. Se quisermos ver a
Palavra de Deus rompendo e crescendo dentro de nós, devemos
ser igualmente rápidos em ouvir.
Vimos em Tiago 1.18 que Deus nos deu vida por meio de
sua Palavra. Isto quer di2er que a própria Palavra é capaz de
desenvolver a vida que Deus lhe deu. Mas você tem de estar
pronto a ouvi-la.
Infelizmente, muitos cristãos não estão prontos a ouvir. Eles
estão prontos a falar, prontos a oferecer sua opinião, mas não
prontos a ouvir. O que esta frase significa em relação às
Escrituras? Significa que a Palavra de Deus deveria ser a primeira
coisa a atraí-lo, não a última. Ela não deveria ser introduzida na
situação apenas depois que você experimentou tudo o mais.
Ela não deveria ser o seu último recurso. Sua primeira reação
deveria ser: “Vamos ver o que Deus diz a respeito disso”. Isso é
estar pronto a ouvir.
Portanto, a questão é: qual o primeiro lugar para onde você
se dirige um busca de orientação para receber ajuda quando as
provações da vida se desencadeiam? Tiago diz que o primeiro é
ir a Deus (1.5). Quando você está pronto para ouvir, a primeira
coisa que quer saber, em qualquer situação, é o que Deus tem
a dizer sobre ela.

Devemos ser tardios p a r a falar. Encontramos esta exortação


também em Tiago 1.19- É significativo que todos nós tenhamos
dois ouvidos e uma boca. Devemos ouvir mais do que falar.
Tiago está dizendo: “Quando falar, certifique-se de que o
que você diz reflete o que ouviu na Palavra”. Em outras palavras,
não fale antes de ouvir a opinião de Deus, porque você pode
simplesmente estar errado.

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f \

Há muitos faladores na igreja que não comparam o que


falam com a Palavra de Deus, por isso não sabem do que estão
falando. Certifique-se de que você ouviu a opinião de Deus an­
tes de apresentar suas idéias.
Se eu precisasse de ajuda e viesse ao seu encontro pedindo
conselho, definitivamente gostaria que você me desse alguma
coisa que Deus tivesse lhe dado, não só o que você pensa. Se
for apenas sua opinião, podemos ambos acabar na valeta.
Ser tardio para falar também significa não discutir com a
Palavra. Quando ouvem a Palavra, muitos cristãos dizem
rapidamente: “Sim, mas...”. Somos prontos para responder, pron­
tos para falar, em vez de prontos para ouvir, para compre-ender
e aplicar o que Deus diz.

Devemos ser tardios p a ra nos irar. Não fique irado, diz Tiago,
se o que a Palavra diz não for o que você deseja ouvir. Não
fique irado se Deus não estiver fazendo as coisas do jeito que
você deseja que ele as faça. Nossa ira não nos leva para onde
queremos. Tiago torna isso claro: “A ira do homem não opera
a justiça de Deus” (1.20). Deus não se apressa porque ficamos
irados.
Os seus filhos às vezes não ficam amuados porque você não
disse o que eles queriam ouvir? A mensagem que eles querem
que você receba é: “Eu estou zangado, você deveria mudar”.
Se você tem filhos, sabe do que estou falando. Crianças têm
acessos de raiva esperando que a cabeça dos pais mude. Um
bom pai não se impressiona com acessos de raiva.
Tiago quer que você saiba que acessos de raiva também
não impressionam a Deus. Não pense que se você sair do
sério Ele vai ficar transtornado. Deus opera segundo a vontade
dele, na hora determinada por ele. Sua ira não vai ajudar a
Deus nem vai fazê-lo alterar o plano dele. Certamente pode­
ríamos nos libertar de muitos problemas de saúde com este
versículo.
Normalmente ficamos zangados quando as coisas não se
desenrolam do jeito que gostaríamos. Às vezes o que estamos
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tentando fazer na verdade com nossa ira é adiantar o plano de
Deus, mas isso não funciona.
No Jardim do Getsêmani, Pedro cortou a orelha do servo na
tentativa de proteger Jesus e cumprir o programa de Deus segundo
o ponto de vista do homem. Mas Jesus disse: “Guarde a sua
espada, Pedro; você não sabe o que está fazendo” (v. Jo 18.10,11).
As intenções de Pedro eram boas, mas o modo como agiu estava
completamente errado. A ira o levou a reagir de um jeito muito
humano para a realização do plano de Deus para o seu Filho.

Devemos ser puros na vida. Uma quarta condição para receber


a Palavra de Deus é uma pureza de vida que inplique despojar-
se “de toda impureza e de todo vestígio do mal” (Tg 1.21). Isto
é, não introduza o seu ego antigo neste novo programa. Quando
você foi salvo, o antigo você — seus antigos padrões de
pensamentos e ações — ficou para trás. Tiago diz: “Não traga
aqueles antigos hábitos de maldade para o programa do reino
de Deus”. Ser discípulo de Cristo exige que nos livremos de
todo material antigo. A pureza de vida é uma necessidade ab­
soluta para seguir a Cristo.
Ser um discípulo não é uma questão de tentar fazer nossa
vida antiga encaixar-se no plano de Deus. Nem é tentar ajustar
o plano de Deus para encaixar-se em nosso programa. Não
podemos trazer as sobras de nossos antigos caminhos a Deus e
esperar que ele faça alguma coisa com isso. Precisamos deixar
que a Palavra de Deus nos julgue.
A palavra im pu reza é interessante. Significa “cera no
ouvido”. Tiago está dizendo que precisamos limpar os nossos
ouvidos espirituais. Precisamos tirar a sujeira dos nossos
ouvidos para podermos ouvir a Palavra de Deus. Muitas vezes
não ouvimos a Deus porque nossos ouvidos espirituais estão
completamente entupidos. Temos ouvidos “cheios de cera”.
Precisamos tirar esse lixo dali.
Em rnais de uma ocasião, tive de dizer a um dos meus filhos
que havia adquirido um hábito na escola: “Deixe essa coisa na
escola. Não traga esse lixo para casa”.
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Tiago está dizendo: “Deixe toda essa tranqueira da sua velha
natureza para trás. Não traga esse lixo para a sua nova vida em
Cristo”. Se vamos receber e nos beneficiarmos da Palavra, será
nos termos de Deus, não nos nossos.

U m a vid a vitoriosa
A palavra receber implica “deixar de resistir”. Por que é tão
importante não resistir ã obra da Palavra de Deus em nossa
vida? “Para salvar as vossas almas” (Tg 1.21). Já dissemos que
Tiago não está falando aqui de justificação. Essas pessoas já
eram crentes. A Palavra estava implantada nelas.
A salvação, porém, tem três tempos. A salvação no passado
nos salva da penalidade do pecado. A salvação no presente
nos salva do poder do pecado. E a salvação no futuro nos salva
da presença do pecado.
Aqui Tiago está falando sobre o tempo presente da salvação.
Receber a Palavra vai liberar sua vida para ser vivida como
deveria. Esta salvação não é salvação do inferno, pois isso já
ficou resolvido. Você será salvo das tentativas que o mundo, a
carne e o diabo fazem para roubá-lo de uma vida cristã
significativa, poderosa, vitoriosa. A Palavra é capaz de lhe dar a
vida que Deus quer que você viva.

Devemos obedecer à palavra

A segunda exigência quando nos aproximamos das Escrituras


é que devemos obedecer a elas. Primeiro nós as recebemos,
damo-lhes as boas-vindas como a Palavra de Deus para nós e,
depois, obedecemos a ela. Tiago escreve:

E sede cumpridores da palavra, e não somente ouvintes,


enganando-vos a vós mesmos, Se alguém é ouvinte da palavra,
e não cumpridor, é semelhante ao homem que contempla no
espelho o seu rosto natural e, depois de se contemplar a si
mesmo, vai-se e logo se esquece de como era. Aquele, porém,
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que atenta bem para a lei perfeita, a da liberdade, e nela perse­
vera, não sendo ouvinte esquecido, mas executor da obra, este
será bem-aventurado no que realizar.

Como você se posiciona para ser “bem-aventurado no que


realizar”? Reagindo à Palavra da maneira como deveria reagir à
pessoa que se vê no espelho.

O lhand o no espelho
Todos nós já vimos pessoas que parecem nunca ter gasto
tempo suficiente na frente do espelho arrumando o que está
desarrumado. Acho interessante que a palavra que Tiago utiliza
no versículo 23 para a pessoa no espelho é a palavra grega
para “homem”, em oposição à humanidade, que incluiria
homens e mulheres.
Por que Tiago utiliza um homem nesta ilustração? Penso
que é porque, em última análise, os homens não gastam tanto
tempo na frente do espelho como as mulheres. Sei que estou
pisando em terreno perigoso, mas me acompanhe.
Nós, homens, temos a tendência de espiar no espelho e nos
afastarmos, enquanto as mulheres são mais inclinadas a estudar
sua aparência diante dele. Por isso Tiago diz; “Não olhem
rapidamente para a Palavra nem saiam correndo depois, do
modo como um homem poderia olhar para o espelho e não
perceber o que precisa ser percebido”.
Qual é a função do espelho? Ele foi feito para nos mostrar
exatamente como somos, para vermos o que está errado e
corrigi-lo. O espelho apenas reflete o que está ali. Não
podemos ficar aborrecidos quando ele cumpre o seu dever
de nos dizer a verdade. Se não estam os com uma boa
aparência, o espelho dirá.
Eu conheço um rapaz que ficou tão zangado com o que o
espelho refletiu que ele o estraçalhou. Essa não é a idéia! O
espelho apenas mostra o que realmente está ali, coisas que
você não poderia detectar sozinho.
Tiago chama a Bíblia de espelho das nossas almas. Ela nos
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mostra como nós realmente somos por dentro. Precisamos disso,
porque muitos de nós pensam que são melhores do que
realmente são.
Alguma vez você já se olhou no espelho e ficou chocado com
o que viu? Você pensava que o seu cabelo estivesse penteado e
sua gravata no lugar Você pensava que tudo estivesse em ordem,
mas uma espiada no espelho lhe disse que você estava horrível.
Percebendo isso, a questão é o que você vai fazer nesse
sentido. Se você apenas dá uma olhada e continua o seu caminho,
o espelho para nada lhe serve. Muitos cristãos marcam suas
Bíblias, mas nunca deixam que a Palavra de Deus os marque.
Tiago utiliza outra palavra interessante no versículo 23 para
descrever uma pessoa que é apenas “ouvinte” da Palavra. Esse
vocábulo foi usado no mesmo sentido da expressão “aluno
ouvinte”. Se você já assistiu a uma aula na faculdade como
aluno não matriculado, o seu discurso era: “Eu quero receber
todas as in fo rm a çõ e s, mas não q u ero nenhu m a das
responsabilidades ”.
Por que isso? Quando você assiste a uma aula como ouvinte,
não precisa apresentar trabalhos nem realizar as provas, fica
apenas sentado, absorvendo o conhecimento.
Quando se trata de vida cristã, você não pode agir do mesmo
modo. Não pode apenas ficar sentado recebendo informações,
sem aceitar nenhuma das responsabilidades do que ouve. Um
discípulo tem de fazer os trabalhos e passar nas provas.
Ouvir a Palavra sem esboçar qualquer reação é como mastigar
o seu alimento sem engolir: O gosto é bom, mas não produz
benefícios a longo prazo.
O que muitos cristãos fazem é mastigar a Palavra como se
mascassem chiclete. Mastigamos até que o sabor desapareça,
então o cuspimos até que possamos obter outro chiclete novo,
ou pedaço das Escrituras, que seja agradável e suculento. Muitos
cristãos gostam de um bom sermão, mas depois ignoram a
Palavra até que ouçam alguma outra coisa que lhes interesse.
Perguntam-me com freqüência: “O que você vai pregar da
próxima vez?”. Às vezes a pergunta soa como se a pessoa tivesse
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mascado o último sermão, extraindo dele todo o sabor, e então
o tivesse cuspido. Agora quer um pedaço novo de chiclete
espiritual para mascar.
Como discípulos de Jesus, toda vez que nos aproximamos
da Palavra deveríamos orar: “Senhor, mostra-me como tu me
vês.” Isso é muito ameaçador. Muitos de nós queremos espelhos
mentirosos. Somos como a rainha do conto de fadas que disse:
“Espelho, espelho meu, há alguém mais bonita d o qu e eu?”, e
aceitava apenas uma resposta.
Muitas pessoas querem espelhos que as façam parecer boas.
Por isso é que Paulo advertiu Timóteo: “Cuidado com as pessoas
que desejam ter cosquinhas nos ouvidos em vez de querer a
verdade” (v. 2Tm 4.3). Pessoas como essas querem ter uma
falsa visão de si mesmas.
Você sabia que o inferno estará cheio de pessoas que olharam
no espelho e pensaram que estavam bem? Pensavam que eram
suficientemente boas e justas para comparecer diante de um
Deus santo porque se recusaram a crer no que viram no espelho
da Palavra.

O lh a r fixam ente para o espelho


Não devemos apenas olhar para o espelho da Palavra de
Deus, mas contemplá-lo atentamente (Tg 1.25). Devemos olhá-
lo fixamente. Deixe-me retroceder para aquele terreno instável
ali atrás. Acho espantosa a maneira como as mulheres utilizam
os espelhos. Elas querem uma visão de 3Ó0 graus. Examinam
tudo diante do espelho, então pegam outro e olham-se por trás
também.
Em outras palavras, elas se olham atentamente no espelho.
Elas querem ver tudo, sem deixar escapar nada, porque desejam
parecer impecáveis.
Tiago diz: “Quando você se coloca diante do espelho da
Palavra de Deus, precisa desse exame de 3Ó0 graus”. Você quer
que Deus lhe mostre tudo para poder reagir ao que vê.
Muitos cristãos aproximam-se da Bíblia como turistas e não
como exploradores. Os turistas dão uma rápida olhada em tudo
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e continuam andando. “Oh! que lindo! Sim, é interessante”.
Estão sempre se dirigindo para a próxima atração. Mas os
exploradores olham, estudam e fazem mapas porque querem
descobrir a verdade e fazer alguma coisa com isso.
Vou lhe dizer uma coisa: quando você olhar para a Palavra
com o coração atento, não vai gostar de muita coisa. Mas é
assim que tem de ser. Quando olhamos na Palavra, aqueles
que se acham bonitinhos vão descobrir que, espiritualmente,
estão feios. Aqueles de nós que pensam que são justos des­
cobrirão como são pecadores na realidade. Mas a Bíblia não
nos mostra nossos verdadeiros egos apenas para podermos
nos retrair e lamentar. A idéia é ver a verdade para sermos ca­
pazes de reagir a ela e acertar o que estiver errado.
Algumas pessoas desejam que a Bíblia lhes mostre um aspecto
momentâneo delas mesmas, como as fotos que tiramos naquelas
câmaras automáticas no centro da cidade. O que todos nós
precisamos, entretanto, é de uma máquina de Raio X, que
penetre por baixo da superfície e revele a verdade. Tiago diz
que a Bíblia fará isso àquele que estiver pronto a reagir.
Aqueles que, na Bíblia, se encontraram face a face com Deus
e puderam ver a si prórpios como de fato eram, reagiram da
mesa forma. Isaías disse: “Ai de mim, que vou perecendo” (Is
6.5). Pedro disse a Jesus: “Senhor, afasta-te de mim; sou homem
pecador” (Lc 5.8). Jó disse: “Por isso me abomino” (Jó 42.6). E
Paulo gritou: “Miserável homem que eu sou! quem me livrará
do corpo desta morte?” (Rm 7.24).
Quando esses homens se olharam no espelho e viram-se
refletidos, depararam-se com sua verdadeira condição, tal como
Deus a via, e foram motivados a fazer alguma coisa a respeito
disso.
Quando o seu coração reage dizendo: “Senhor, torna claro o
que tu desejas, e eu o farei”, tenho boas novas para você. Você
ouvirá e verá coisas nas Escrituras que nunca ouviu nem viu
antes. Você entenderá coisas que nunca conseguiu entender antes.
Por que isso? Porque você deu a Deus a liberdade de mostrar-
lhe como ele o vê. O Espírito Santo pode fazê-lo porque ele
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sabe que você vai reagir ao que vê. Você estará pronto a ouvir
a Palavra e menos propenso a dizer: “Oh! não, Senhor, esse
não sou eu”.
Fico um pouco preocupado quando estou pregando e
vejo pessoas se cutucando como se dissessem: “Ouça, ele
está falando com você”. Vi certa vez um marido se levantar e
mudar de lugar porque sua esposa estava acabando com
suas costelas! A Palavra de Deus pode estar falando a outra
pessoa, é claro, mas talvez Deus também esteja falando a
você.

Entender a perfeita lei da liberdade


Aqui está a boa parte. Veja o que Deus lhe está pedindo.
Tiago a chama de “a lei perfeita, a da liberdade” (1.25).
A Palavra de Deus é perfeita. Ela não tem erros, como já
dissemos no capítulo anterior. Ela é a verdade, toda a verdade,
e nada mais que a verdade. Quando você olha para as Escrituras
com o coração pronto a agir, não precisa se preocupar, pois
não vai se desviar.
A Palavra é sempre libertadora. Ela nos liberta de todas as
coisas deste mundo que tentam nos manter presos. O que o
mantém prisioneiro hoje? Você está preso pelo pecado, pelo
medo ou pela derrota? Então venha ã Palavra e deixe que ela
o liberte. '
Muitas pessoas têm uma visão errada da liberdade. Liberdade
para elas é desvencilhar-se de todas as restrições, viver sem
nenhuma regra ou limitação. Mas essa não é a liberdade bíblica,
nem é a liberdade em qualquer outro sentido da palavra. Você
não pode ser um jogador de futebol livre sem uma posição no
campo. Você não pode ser um tenista livre sem as linhas de
base. Você será simplesmente um jogador de futebol ou de
tênis frustrado e desnorteado.
Liberdade não significa ausência de regras. A verdadeira
liberdade significa pode jogar o jogo como deve ser jogado; é
poder viver a vida como deve ser vivida. As únicas pessoas
verdadeiramente livres são aquelas que podem ser o que Deus
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/ \
o CONTEÚDO DAS E s c r it u r a s i247 J

as criou para ser. Isso é liberdade, e isso é o que a Palavra de


Deus vai nos dar se nós lhe obedecermos.
O salmista disse em Salmos 119.45: “Andarei em liberdade,
pois busquei os teus preceitos”. O salmista sabia que seria livre
enquanto buscasse a verdade de Deus. Jesus disse: “Então
conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Jo 8.32).
As pessoas gostam de recitar esse versículo, mas devemos
fazer a mesma pergunta de Pilatos a Jesus: “O que é a verdade?”.
Jesus respondeu isso para nós quando disse a seu Pai: “A tua
palavra é a verdade” (Jo 17.17).
Para saber o que é a verdade, você precisa ter uma fonte,
um ponto de partida. A revelação de Deus é o ponto de partida,
o fundamental de toda a verdade. Quando você obedece à
Palavra de Deus, quando faz da verdade divina a sua própria
verdade, então você será livre.

D esfrutando das bênçãos de Deus


Eu não conheço ninguém que não queira ser “bem-aventurado
no que realizar” (Tg 1.25). Até mesmo os incrédulos querem viver
vidas abençoadas. Mas onde encontramos esse tipo de bênção?
Tiago diz que ela vem quando somos “executores” da Palavra.
Eu gosto da maneira como Paulo fala a respeito em 2Coríntios
3.18: “Mas todos nós, com o rosto descoberto, refletindo a glória
do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma
imagem, como pelo Espírito do Senhor”.
A bem-aventurança vem quando a Palavra de Deus nos
transforma de modo a atingir a imagem de Cristo. Na Palavra
vemos o Filho de Deus e somos transformados pelo Espírito de
Deus de modo a optarmos por viver a vontade de Deus.
Agir de acordo com a Palavra é como começar a fazer
exercícios. Você chega à conclusão de que está fora de forma,
por isso começa um programa de exercícios. Quando o faz,
duas coisas se tornam claras muito depressa.
Primeira, em uma semana, você não vai ficar parecido com
Arnold Schwarzenegger. Segunda, aqueles primeiros exercícios
vão doer. Você está excercitando músculos que não utiliza há
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muito tempo, se é que os utilizou algum dia, por isso vai ser
doloroso por algum tempo.
Mas a única maneira de ultrapassar a dor é continuar
exercitando-se. Então aqueles músculos doloridos vão começar
a obedecer, e você perceberá que está entrando em forma. É
assim que funciona também no reino espiritual.

Devemos refletir a Palavra

Há um terceiro aspecto que eu quero explorar nesta questão


do uso das Escrituras para que passemos o conteúdo de suas
páginas para as nossas vidas. Eu chamo isto de necessidade
de refletir a Palavra, e para tanto vou mencionar três áreas.
Tiago continua:

Se alguém cuida ser religioso, e não refreia a sua língua, antes


engana o seu coração, a sua religião é vã. A religião pura e
imaculada para com nosso Deus é esta: Visitar os órfãos e as
viúvas nas suas aflições, e guardar-se incontaminado do mundo
(1.16,17).

A palavra religião como Tiago a utiliza aqui relaciona-se


com nossa atividade espiritual exterior, aquelas coisas que outras
pessoas podem ver e nos ouvir fazer.
Tiago não está dizendo que a atividade religiosa nos salva.
Lembre-se, ele está falando a crentes que já foram conduzidos
ã vida pela Palavra. Tiago está dizendo que a fé genuína deveria
produzir obras genuínas.

Em nossas palavras
É interessante que Tiago comece com a língua, um assunto
sobre o qual ele tem muita coisa mais a dizer no capítulo 3.
Não importa o que estejamos fazendo; se não conseguimos
controlar esse pequenino apêndice de nossa boca, nossa religião
é perda de tempo.
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Uma prova de que você recebeu a Palavra e está sendo obediente
a ela é a maneira como fala. Você não pode seguir a Cristo por
muito tempo e continuar falando como costumava fazê-lo.
No capítulo 3, versículo 9, Tiago diz que às vezes usamos a
mesma boca para bendizer a Deus no domingo e amaldiçoar
as pessoas na segunda-feira. Então ele faz uma pergunta muito
boa: “Pode a fonte jorrar do mesmo manancial água doce e
água amargosa?” (v. 11). A resposta óbvia é não. Portanto, uma
maneira pela qual você poder medir o seu progresso no
discipulado é a forma como você se expressa. Se você entendeu
do que se trata, vai demonstrar na maneira como fala.

Em nossas obras
Nosso compromisso com a Palavra de Deus também se
refletirá em nossas obras. Tiago 1.27 fala da ajuda aos
desamparados, aqueles que não podem fazer nada por nós em
troca. Portanto, não estamos falando de negócios..
Quando você está “sincronizado” com a Palavra, quando a
verdade está penetrando em sua vida, as pessoas que de outro
modo não seriam percebidas subitamente se tornam muito
importantes para você. Você não as olha mais de cima para
baixo, nem se considera melhor do que elas. Servi-las e ajudá-
las se torna uma necessidade real em sua vida.
É provável que já saiba disso, mas se você segue a Jesus
Cristo normalmente você já não se encontrará nos ambientes
dos poderosos, influentes e ricos. Há discípulos fiéis ocupando
lugares de grande poder e influência, e podemos ser gratos por
isso. Mas para a maioria de nós, seguir a Cristo vai nos conduzir
àqueles que são pobres e necessitados, material e espiritual­
mente. Esse é o tipo de pessoas que Jesus procurou e com
quem se misturou. Se a Palavra está operando verdadeiramente
em sua vida, ela se refletirá no que você faz.

Em nosso andar
Nosso compromisso também se reflete em nosso caminhar.
O desafio aqui é “guardar-se incontaminado do mundo”.
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É estar nele, mas dizer não a ele. Temos de marcar o mundo
para Cristo, mas não permitir que o mundo deixe suas marcas
em nós.
O que acontece quando você respinga alguma coisa em sua
blusa ou gravata, e a mancha fica realmente óbvia? As pessoas
dizem coisas assim: “Você está com uma mancha na blusa”.
“Você deve ter derramado alguma coisa na gravata”.
Eles não dizem coisas como: “Seria uma gravata realmente
linda não fosse pela manchinha”. “Há uma mancha em sua
blusa, mas o restante parece legal”. Por que as pessoas não
dizem isso? Porque quando há uma mancha em suas roupas,
ela se torna o foco da atenção.
O mesmo acontece com as nossas vidas espirituais. Quando
o mundo mancha você, isso se torna evidente. Ló permitiu que
o pecado de Sodoma respingasse nele. Ele se deixou manchar
pelo mundo e acabou perdendo tudo. Abraão, por outro lado,
não se deixou contaminar pelo mundo e foi abençoado no
que fez.
Como você impede que sua vida seja manchada pelo pecado
e assim poder refletir Cristo para o mundo? Você ora como
Davi orou no final do salmo 139: “Sonda-me, ó Deus, e conhece
o meu coração; prova-me e conhece os meus pensamentos. Vê
se há em mim algum caminho mau, e guia-me pelo caminho
eterno”.
Em outras palavras, para evitar que as manchas do pecado
prejudiquem o reflexo de Deus em você é preciso abrir seu
coração e sua vida ã intensa sondagem do Senhor. Como Deus
nos sonda e nos conhece? Pelo seu Espírito, que usa a Palavra
para dissecar nossos corações (Hb 4.12).
Somos vasos rachados, sem dúvida nenhuma. Todos nós
temos falhas e vasamentos. A única maneira de manter cheio
um vaso com vasamento é deixar a torneira aberta. Precisamos
manter a Palavra de Deus fluindo através de nós, mantendo-
nos cheios e limpos. É uma necessidade absoluta. Não existe
outro meio de ser discípulo de Jesus Cristo em genuíno
crescimento.
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" '\
o contexto
das Escritiiras

Uma vez alguém disse que o problema na igreja moderna é


que temos um número muito grande de cristãos “sacarina”.
A sacarina possui a aparência de açúcar, mas naturalmente
não é igual a ele. Trata-se de um adoçante artificial fabricado
de modo que na aparência e gosto se assemelham o máximo
possível ao açúcar. Mas não é açúcar.
Eu não quero ser um cristão sacarina. E você, quer? Acho
que não! O motivo principal por que você está lendo este livro,
eu espero, é que você quer ser um discípulo comprometido
com Jesus Cristo e quer aprender o que for necessário. É o que
eu também quero, como cristão e como pastor. Eu não quero
ser um “pregadorzinho” sacarina pregando “sermõezinhos”
sacarina para “cristãozinhos” sacarina.
Há muitos motivos para o cristianismo sacarina, mas estou
convencido de que quase no topo da lista está a falha dos
cristãos em levarem a sério a Palavra de Deus. Quando digo
isto, eu não quero dizer que as pessoas deixam de crer que a
Bíblia é a Palavra de Deus revelada. Não estou falando acerca
da crença na Palavra, mas da prática da Palavra.
É um assunto crítico porque o desenvolvimento e o crescimento
espiritual de um discípulo de Jesus Cristo estão íntima e
intrinsecamente ligados ao que ele faz com as Escrituras. A Palavra
de Deus é um dos pontos realmente essenciais para seguir a
Jesus, portanto vamos dar o próximo passo e falar a respeito dos
diversos contextos nos quais precisamos nos utilizar das Escrituras.

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É possível estar sob a Palavra e ainda assim não estar na
Palavra. Muitos cristãos ouvem um pregador ou um professor
da escola bíblica de que eles gostam. Mas essa é a única ocasião
em que abrem as suas Bíblias, por isso nunca aprendem a se
alimentar sozinhos nas Escrituras. Portanto, como bebês famintos
tudo o que podem fazer é chorar para que alguém os alimente.

Três contextos da Palavra

Mas não é assim que Deus quer que seja. Ele nos deu pelo
menos três contextos principais para nos ajudar a receber sua
Palavra, alimentarmo-nos dela e crescermos através dela. Quero
rever estes três contextos com você, e então falar de três áreas
que nos dão ferramentas para aprender e aplicar a Palavra.

O contexto pessoal
Eu já disse isso antes, mas cabe repetir aqui. Eu e você
temos uma responsabilidade pessoal de nos tornarmos homens
e mulheres da Palavra. Ninguém pode comer em seu lugar, e
ninguém pode crescer em seu lugar.
A mãe pode amassar, misturar e diluir o alimento do bebê
para que ele possa ingeri-lo mais facilmente. Em algumas
culturas, as mães até mastigam o alimento dos bebês antes de
alimentá-los. Mas a mãe não pode engolir esse alimento por
ele, nem fazê-lo crescer.
Você não se sente feliz por que sua mãe não precisa
continuar alimentando você? Eu estou contente porque minha
mãe não precisa me fazer sentar e me alimentar. E estou
realm ente feliz porque ela não mastiga o alimento para mim!
É muito melhor poder sentar-me e desfrutar pessoalmente de
uma boa refeição.
É o que Deus deseja que façamos com a sua revelação, a
sua Palavra. Leva tempo e exige disciplina alimentarmo-nos e
nutrirmo-nos da Palavra, mas o nosso desempenho possui total
relação com o nosso progresso como discípulos de Jesus.
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Quero examinar aqui um poderoso versículo das Escrituras
e ao qual voltaremos mais tarde, neste mesmo capítulo: “Bem-
aventurado aquele que lê, e bem-aventurados os que ouvem as
palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão
escritas, porque o tempo está próximo” (Ap 1.3).
João está falando especificamente, é claro, daqueles que
lêem o livro do Apocalipse, mas a mensagem serve para nós
em cada porção das Escrituras. Observe como João personaliza
a promessa. É “aquele que lê” que é bem-aventurado ou feliz.
Conhecer a Palavra é uma responsabilidade individual, uma
questão de esforço pessoal.
Vemos a mesma coisa nas mensagens do Senhor ressurreto
às sete igrejas em Apocalipse 2 e 3. “Quem tem ouvidos ouça o
que o Espírito diz às igrejas” (Ap 2.7). Então Jesus diz que a
pessoa “que vencer” receberá as bênçãos da sua Palavra.
Assim, embora Jesus estivesse falando à igreja, o benefício
era individual para a pessoa que ouvisse a Palavra e agisse de
acordo com ela. A apresentação era plural, mas a aplicação era
pessoal. Somos pessoalmente responsáveis pelo que Deus tem
revelado. Se você vai crescer para ser um discípulo com­
prometido com Jesus Cristo, deve assumir a responsabilidade de
seu compromisso com as Escrituras.

O contexto fam iliar


Também somos informados de que a Palavra deve ser parte
dinâmica, integral, de nossa vida familiar. A conhecida passagem
de Deuteronômio 6 o expõe claramente:

Estes são os mandamentos, os estatutos e os juízos que o Senhor


teu Deus mandou ensinar-te, para que os cumpras na terra a
que passas para a possuir, para que temas ao Senhor teu Deus,
e guardes todos os seus estatutos e mandamentos (v. l,2d).

Moisés disse que a verdade de Deus devia ser ensinada no


lar e transmitida de geração em geração na família. Ele também
apresenta como esse processso deve desenvolver-se:
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Estas palavras que hoje te ordeno estarão no teu coração. Tu
as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua
casa, andando pelo caminho, deitando-te e levantando-te.
Também as atarás na tua mão por sinal, e te serão por faixa
entre os teus olhos. E as escreverás nos umbrais da casa, e nas
portas (v. 6-9).

Isto significa que em casa você não deve ser tímido na sua
fé. Se você entrasse pela porta da frente da casa na qual cresci,
em Baltimore, veria uma placa que meus pais colocaram há
muitos anos quando eles se tornaram cristãos. Ela diz: “Eu e a
minha casa serviremos ao Senhor”.
Meu pai é o cristão menos reservado que você poderia
conhecer. Tudo o que fazíamos como família fundamentava-
se na Palavra.
Lembro-me de que havia momentos, quando menino, em
que eu não queria mais ouvir falar da Bíblia. Eu não queria
ouvir meu pai dizer: “Vamos ler a Bíblia antes do jantar”. Eu
não queria que ele me perguntasse: “Você já leu a sua Bíblia?”
Eu não queria ouvir: “Vamos ã igreja para aprender mais a
respeito da Bíblia”.
Eu me lembro de muitas vezes ter exalado suspiros de
desgosto silencioso. (Com meu pai, era melhor manter a bqca
fechada!) E, então, às vezes, ao redor da mesa do jantar, meu
pai resolvia fazer um sermão. Você sabe como é. Mamãe havia
feito frango frito, e papai queria pregar.
Ele fazia o seu longo devocional enquanto eu ficava sentado
olhando para o frango frito. Se você me conhecesse, saberia
que eu estava passando por um grande trauma. Quando menino,
houve muitos momentos em que tive de ouvir a Palavra quando
eu não queria ouvi-la.
Mas aqui estou hoje, pregando e ensinando a Palavra de
Deus. Por quê? Porque papai me alimentou tanto dela que não
poderia ter fugido.
Por isso é que digo aos pais que mantenham a Palavra diante
de seus filhos, ainda que neste momento eles não a queiram
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nem apreciem. “Instrui o menino no caminho em que deve an­
dar, e até quando envelhecer não se desviará dele” (Pv 22.6).
Por que isto é verdade? Porque fixa os seus olhos nele todos os
dias de sua vida.
Não se desculpe por aquele aviso na parede anunciando
que seu lar é edificado na Palavra. Deuteronômio 6 diz para
ensinar a Palavra formal e informalmente, durante a vida. Deixe
cair uma pepita da verdade aqui e ali.
Moisés deixou a principal responsabilidade familiar para o
pai. Sinto-me grato pela tremenda quantidade de homens que
querem se tornar homens da Palavra, e pelos ministros dos
Guardiões da Promessa que estão ajudando-os a cumprir esse
compromisso.
Mas também quero oferecer uma palavra de incentivo a
muitos pais sozinhos na comunidade cristã, a maior parte é
constituída de mães. Seu lar pode não ter um marido e um
pai para assumir a responsabilidade do ensino da Palavra,
mas as boas novas são que a Palavra de Deus não fica cerceada
por nossas limitações humanas. Ela continuará fazendo sua
obra na família, pai ou mãe sozinha, se você se apegar a ela e
ensiná-la fielmente a seus filhos. Você ainda pode criar filhos
piedosos.
Timóteo é um grande exemplo. Até onde sabemos das
Escrituras, ele não teve um pai piedoso. Mas Paulo mesmo
assim pôde escrever para Timóteo: “Trazendo ã memória a fé
não fingida que há em ti, a qual habitou primeiro em tua avó
Lóide, e em tua mãe Eunice, e estou certo de que também
habita em ti” (2Tm 1.5).
Mais tarde, no mesmo livro, Paulo lembrou a Timóteo:
“Desde a infância sabes as sagradas letras” (3.15). Adivinhe
como Timóteo obteve o conhecimento das Escrituras? Com
sua mãe e avó.
Há provavelmente muitas pessoas que hoje são crentes
porque suas mães e avós as ensinaram. Mesmo que no seu lar
um dos pais esteja ausente, você ainda pode criar um Timóteo.
Você pode apontar Deus para os seus filhos como Pai deles.
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O contexto da igreja
Como pastor em Éfeso, Timóteo também estava encarregado
de ensinar a Palavra no terceiro contexto que quero discutir, a
igreja. Paulo ensinou a seu filho espiritual: “Persiste em ler,
exortar e ensinar, até que eu vá” (ITm 4.13)- Isto é, Timóteo
devia explicar as Escrituras e ajudar o povo de Deus a praticá-
las. E ele devia ser diligente nisso: “Medita estas coisas, ocupa-
te nelas, para que o teu progresso seja manifesto a todos” (ITm
4.15).
Por que pregar a Palavra na igreja? Observe o versículo 16
deste mesmo capítulo: “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina.
Persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto
a ti mesmo como aos que te ouvem”.
A igreja é o contexto onde a Palavra de Deus deve ser
proclam ada de modo que possam os apreciá-la, ouvi-la,
compreendê-la e aplicá-la. A igreja é o ambiente corporativo
para confirmação da Palavra de Deus na vida do seu povo.
Vou-lhe mostrar no Antigo Testamento o poder que pode
invadir este contexto corporativo da Palavra. Em Neemias 8, o
povo de Israel reuniu-se para ouvir o sacerdote Esdras ler “o
livro da lei de Moisés” (v. 1). Isto aconteceu depois que os
exilados retornaram e reconstruíram os muros de Jerusalém
sob a liderança de Neemias. O povo não tivera acesso à Lei
durante muitos anos. Agora o Livro seria lido entre eles de
novo, e era uma ocasião especial.
Foi construído um púlpito, e Esdras leu a Lei durante horas
(v. 3). Os homens que estavam ao seu lado “ensinavam a lei
ao povo” (v. 7). Eles liam e interpretavam a Palavra de modo
que o povo pudesse entender. Agora veja o que aconteceu a
seguir:

Então Neemias, que era o governador, e Esdras, sacerdote e


escriba, e os levitas que ensinavam o povo disseram a todo o
povo: Este dia é consagrado ao Senhor vosso Deus, pelo que
não vos lamenteis, nem choreis. Pois todo o povo chorava,
ouvindo as palavras da lei (v. 9)-
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Quando foi a última vez que a Palavra de Deus fez você
chorar? Não estou dizendo que o choro é o único critério para
levar a Palavra a sério, mas quando ela atinge o alvo, nós
sentimos. Um motivo por que com freqüência perdemos o nosso
senso de temor diante da Bíblia é que estamos tão acostumados
a tê-la ao nosso redor — que ela se torna comum. O Livro per­
de a sua preciosidade — espero não ter de perder o acesso à
Bíblia para vir a apreciá-la.
Lembra-se de como você ficou entusiasmado quando recebeu
a primeira carta do seu primeiro amor? Lembra-se de como ela
trouxe alegria ao seu coração, de como você não conseguia
largá-la? É o que a Bíblia deveria fazer por nós.
Mas tendo fácil acesso à Bíblia, podem os nos tornar
preguiçosos em relação a ela, ou nos convencermos de que
não vamos abter nenhum proveito em nosso estudo bíblico.
Para muitos, a Bíblia é como farelo de trigo: é nutritivo, mas
seco. Não tem muito sabor. Nada está mais longe da verdade.
A Palavra de Deus é o padrão da igreja. Os pastores são
chamados para “pregar a palavra” (2Tm 4.2). As histórias vêm e
vão, mas a Palavra de Deus permanece para sempre. Deus não
disse que abençoaria as minhas histórias. Ele disse que
abençoaria a sua Palavra. Não há nada de errado em tornar a
Palavra convidativa e estimuladora, mas tem de ser a Palavra.
Ainda que estejamos falando do contexto da igreja, os crentes
também têm uma responsabilidade pessoal aqui. Quando você
está na igreja, precisa abrir a sua Bíblia para certificar-se de que
aquilo que o pregador diz está de acordo com a Bíblia.
Eu disse à minha congregação para não aceitar a Bíblia sob
a m inha palavra. Eu posso comer uma coisa errada no sábado
à noite e me sentir mal no domingo. Eu posso estar “mal-
alimentado” no outro domingo. As pessoas precisam averiguar
a Palavra por elas mesmas.
Eu sempre penso nos bereanos de Atos 17. Eles “de bom
grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras
se estas coisas eram assim” (v. 11). Eles não aceitavam a palavra
de qualquer um como se fosse a Palavra.
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O que eles queriam saber era: “Está na Palavra?”. Se não
estiver, fuja quando alguém tentar dizer-lhe o que Deus diz.
Precisamos analisar se aquilo que ouvimos é de fato a Palavra.

Três maneiras de tornar a Palavra viva


Esses são os três contextos nos quais precisamos receber
a Palavra: pessoalmente, em família e, depois, na igreja.
Quero voltar a Apocalipse 1.3 e considerar três maneiras de
tornar a Bíblia viva nesses três contextos. Primeiro vou repetir
o versículo: “Bem-aventurado aquele que lê, e bem-aven­
turados os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam
as coisas que nela estão escritas, porque o tem po está
próximo” (Ap 1.3).

Lendo a Palavra
“Bem-aventurado aquele que lê”, diz João. Isto significa que
devemos ler “um versículo por dia para ter saúde e alegria”?
Dificilmente. Qualquer um que pega a Bíblia com esta idéia
está utilizando-se dela como de um amuleto de boa sorte, não
como a Palavra autorizada.
João não está nos incentivando a olhar para algumas palavras
em uma página. Ele tem muito mais em mente. Na Bíblia, ler
significa compreender o que Deus tem a lhe dizer. A idéia não
é ler mecanicamente, sem saber o que leu; ou ler apenas para
cumprir uma obrigação: “Pronto, já li meu versículo ou meu
capítulo para o dia de hoje”.
Estudar a Palavra. Ler a Bíblia significa captar a mensagem
de Deus para nós, estudar diligentemente “a palavra da verdade”
(2Tm 2.15). A palavra grega traduzida neste versículo por “ser
diligente” ou “estudar” significa que ao abrirmos a Palavra,
devemos nos entregar a ela. Devorá-la como você devorou
aquela sua primeira carta de amor. Levar a Bíblia a sério.
Temos um bom exemplo desse tipo de desejo pela Palavra
em 2Tm 4.13- Paulo, já idoso, estava na prisão aguardando a

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/ \
o CONTEXTO DAS ESCRITURAS t^25^ j

morte. Sentia frio e solidão. Era um homem que estivera no


terceiro céu, que vira coisas que ninguém mais tinha visto (2Co
12.1-4). No entanto, o que Paulo desejava mais do que qualquer
outra coisa naquela úmida cela de prisão? “Quando vieres”, ele
escreveu a Timóteo, “traze a capa que deixei em Trôade, na casa
de Carpo, e os livros, principalmente os pergaminhos” (2Tm 4.13).
Esses pergaminhos eram exemplares do Antigo Testamento
de propriedade de Paulo. Em outras palavras, Paulo estava
sozinho, com frio e sem amigos, mas desejava as Escrituras. Ele
sabia que a Palavra de Deus supriria tudo o que ele precisava.
Paulo desejava estudar a Palavra até mesmo na prisão.

M em orizar a Palavra. Outra forma de ler a Palavra é


memorizando-a. O salmista disse em Salmos 119.11: “Escondi a
tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti”. Não
existe exercício melhor do que memorizar as Escrituras. Se nunca
o fez antes, comece com um versículo por semana. No final do
ano, você terá cinqüenta e dois versículos no seu banco de
memória.
O propósito da memorização das Escrituras não é para vencer
um concurso ou ganhar um prêmio. A preocupação de Deus é
que você tenha a Palavra em seu coração de modo que esteja
preparado para utilizá-la em qualquer situação.
Por que isso é importante? Porque a Palavra de Deus é “a
espada do Espírito” (Ef 6.17). É a Palavra que o Espírito Santo
utiliza para ajudá-lo quando vêm os maus tempos. Mas se você
não tiver a Palavra em seu coração e mente, o Espírito Santo
não terá a espada para puxá-la e brandi-la.
O melhor exemplo da importância de se conhecer as
Escrituras foi dado por Jesus ao ser tentado pelo diabo no
deserto (Mt 4.1-11). Jesus respondeu a Satanás todas as vezes:
“Está escrito”. Jesu s não abriu um exem plar do Antigo
Testamento para mostrar o versículo a Satanás. Ele simplesmente
respondeu com o que estava em seu coração.
Não poderia lhe dizer quantas vezes Deus trouxe a sua Palavra
à minha mente para me mostrar que caminho deveria tomar. É
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o que o Espírito Santo faz. Ele ilumina nossa mente com a
Palavra de modo que aceitamos o que fazer. Mas antes temos
de ser diligentes em colocar a Palavra em nossa mente.
Em Provérbios 22.17-18, lemos este conselho: “Inclina o teu
ouvido e ouve as palavras dos sábios; aplica o teu coração ao
meu conhecimento, pois te será agradável guardá-las no teu
coração, se aplicares todas elas aos teus lábios”. A Palavra não
pode vir aos ‘teus lábios’ e sair de tua boca sem que primeiro
esteja “no teu coração”, e em tua mente.
Então o escritor diz: “ensino-as a ti hoje [...] Não te escrevi
excelentes coisas acerca de todo o conselho e conhecim ento
para te fazer saber a certeza das palavras da verdade...?”
(Pv 22.19-21).
Ele está dizendo: “Eu escrevi o que vocês precisavam, mas
vocês devem guardá-lo dentro de vocês”. Se você cooperar
com o Espírito trabalhando para memorizar as Escrituras, ele
pode colocar em sua mente o que deve sair de sua boca quando
você enfrentar circunstâncias adversas e dificuldades.
Talvez você diga; “Tony, você não me conhece. Eu não te­
nho facilidade para memorizar”. Se você consegue se lembrar
do seu nome, seu endereço, número de telefone e os nomes e
núm eros telefôn icos de alguns am igos, você consegu e
memorizar as Escrituras.
Para a maioria de nós, o problema é que não temos vontade
de memorizar a Bíblia. Imagine se você recebesse a oferta de
dez mil dólares para cada versículo memorizado. Você se tornaria
o campeão mundial de memorização da Bíblia. Esses dez mil
dólares fariam surgir células cerebrais que você nem imaginava
ter. Por quê? A recompensa valeria o esforço.
Quando Deus pediu a Ezequiel que comesse o rolo contendo
a palavra para Israel, o profeta afirmou que seu sabor era tão
doce como mel (Ez 31-3). Foi bom ao paladar. Valeu o esforço.
Você só sabe se uma coisa vale o esforço quando se dá o
trabalho de descobrir o seu valor.
Quando você vê a Palavra de Deus se tornando viva em
sua vida, quando a vê transbordando de seu coração e vê
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Deus honrando sua Palavra, então a questão de você ser ou
não capaz de memorizar a Bíblia desaparece. Ao descobrir
que pode enfrentar satanás com a Palavra, como Jesus fez,
verá que o esforço de abrigar a Palavra de Deus em seu coração
vale a pena.
JVIuitos de nós temos dito ao diabo: “Vá-se embora, deixe-
me em paz.” Mas ele não vai, porque ele não tem medo de
nossas palavras. Ele teme apenas a Palavra de Deus. Muitos
cristãos não sabem que Satanás não pode enfrentar a Palavra.
Por que ele não pode? Porque é o poder de Deus (v. Rm 1.16).
Ao ouvir a Palavra, Satanás ouve a voz de Deus, e ele não
pode enfrentar essa voz. Jesus citou-lhe três versículos, e ele se
foi. Três golpes, e ele sumiu.
Experimente utilizar a Palavra contra o diabo quando ele
tentar destruir sua vida, e você verá o poder da Palavra aplicada
à vida de um crente. Você precisa ler a Palavra; isto é, estudá-
la diligentemente e memorizá-la.

Ouvir a Palavra
A segunda porção de Apocalipse 1.3 diz que aqueles que
ouvem a Palavra são benditos.
Qual a implicação em ouvir a Palavra? Significa mais do
que deixar os sons entrarem em seu canal auditivo. O termo
“ouvir” na Bíblia significa deixar que a Palavra de Deus fale
a você. Deixe que ela mergulhe em sua mente e em seu
coração. Lembre-se de que Jesus disse: “Quem tem ouvidos,
ouça” (Ap 2.7).

Personalizar a Palavra. Algumas pessoas aproximam-se da


Bíblia como se ela fosse um Livro escrito há dois mil anos pelo
povo daquele tempo. Por isso a lêem como se ela estivesse se
dirigindo a qualquer outra pessoa, que não elas. Na realidade
não ouvem Deus lhes falando nas páginas de sua Palavra.
Mas a Bíblia foi escrita para nós e por nossa causa. A
Constituição foi escrita há muito tempo. Mas não a aceitamos
como se tivesse sido escrita para nós? Claro que sim.

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O motivo por que as pessoas não podem simplesmente
invadir sua casa e vasculhá-la sem um mandado está naquele
pedaço de papel escrito há mais de cem anos. Se temos outros
direitos civis legítimos é porque esse documento foi escrito há
tanto tempo.
Essa é a idéia. A Constituição pode ter sido escrita há gerações
passadas, mas é muito relevante para a liberdade que desfrutamos
como cidadãos hoje.
“Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para
ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça”,
escreve Paulo (2Tm 3-16). Ouvir a Palavra é tomar suas verda­
des e aplicá-las a nós. Isso é Deus falando a mim e a você.
Temos de reagir ao que ele diz. Ler a Palavra sem ouvi-la é
como mastigar sem engolir.

Meditar n a Palavra. Como é ouvir a Palavra segundo o que


estivemos falando? A palavra-chave é meditação. No salmo 119,
aquele longo tributo à Palavra, o salmista repete oito vezes que
medita na Palavra de Deus (v. 15,23,27,48,78,97,99,148).
Deixe-me dar-lhe apenas alguns exemplos. “Em teus preceitos
meditarei”, o salmista escreve no versículo 15- “Eaze-me entender
o ensino dos teus preceitos, assim meditarei nas tuas maravilhas”
(v. 27). “Quanto amo a tua lei! Nela medito o dia todo” (v. 97).
“Os meus olhos permanecem abertos através das vigílias da
noite, para que eu medite nas tuas promessas” (v. l48).
Você percebe o que o salmista está dizendo neste último
versículo? Ele está dizendo: “Eu não agüento esperar a noite
passar para poder meditar na Palavra de Deus. Quando as
crianças estão sossegadas, quando tudo está fechado, quando
o telefone não toca, quando eu não preciso me preocupar em
ser interrompido, durante a noite eu gosto de pôr a minha
cabeça no travesseiro e pensar na Palavra de Deus”.
Nós podemos dizer isso? O poder disso é que quando você
medita em Deus e na sua Palavra durante a noite, vai dormir
com Deus na mente. Quando você faz isso, é capaz de cantar
como os antigos cantavam: “Acordei hoje com o pensamento

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firmado em Jesus.” Quando você medita na Palavra de noite, o
Espírito Santo é capaz de resolver as pressões e as frustrações
para você acordar com a mente calma.
Quando foi que você acordou com a mente calma e fixada
em Cristo? Parece ótimo, não parece? Experimente hoje à noite.
Se enfrentar uma provação ou um problema amanhã, faça Deus
e sua Palavra serem a última coisa a entrar em sua mente. Ao
acordar você ficará admirado com o poder transformador de
Deus.
Josué 1 também nos mostra como a meditação é poderosa.
Josué tinha um grande desafio pela frente. Ele tinha de conquistar
a Terra Prometida com suas cidades muradas e seus gigantes.
Ele estava se preparando para enfrentar um inimigo terrível.
Deus deu a Josué um plano militar infalível? Não, Deus lhe
disse:

Não se aparte da tua boca o livro desta lei; medita nele dia e
noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme tudo o que
nele está escrito. Então farás prosperar o teu caminho, e serás
bem-sucedido Qs 1.8).

O poder da meditação é que ela lhe permite obter sucesso


na vida. Isso significa um b m w na garagem de cada crente? Nós
sabemos que não. Para nós, como cristãos, o sucesso é cumprir
o propósito de Deus para nossas vidas, quer inclua ou não
dirigir um carro bonito.
Deus disse a Josué: “Se você quer atingir o alvo por mim
estabelecido para alcançar a Terra Prometida, terá de meditar
em minha Palavra até que ela faça parte de todo o seu ser, até
que oriente cada passo que der e cada decisão que tomar.”
Se a meditação é assim importante, é melhor descobrir o
que significa meditar nas Escrituras dia e noite. A palavra
“meditar” me faz pensar na atividade da vaca ruminando. Eu
sou um homem da cidade, mas sei o que isso significa.
A vaca come capim e o engole. Todavia, mais tarde, ela
quer sentir o gosto desse capim de novo em sua boca, por isso
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-yí.-

regurgita o capim e o mastiga um pouco mais. A vaca continua


naminando até que o capim fica totalmente mastigado e pronto
para ser engolido pela última vez e levado para o sistema
digestivo de modo a nutrir o animal.
Essa é a figura que exemplifica o que Deus deseja que
façamos com a sua Palavra. Podemos mastigá-la e engoli-la no
domingo. Mas, então, na segunda-feira, trazemos a Palavra de
volta às nossas mentes e pensamos nela um pouco mais,
revolvendo-a até absorvê-la com pletam ente. Ou lemos e
engolimos a Palavra na terça-feira, mas então acontece alguma
coisa na quarta-feira que nos força a trazer a Palavra de volta
para meditar nela de novo. Se o fizermos com bastante
freqüência, a Palavra se tornará de tal modo parte de nós que
vai se infiltrar em todo o nosso ser. Então começaremos a agir
e reagir biblicamente como modo de vida.
Você diZ: “Tony, como saberei quando meditar?” Não precisa
se preocupar com isso. Se você está tentando conscientemente
agradar a Deus em sua vida, sempre que ele lhe ensinar alguma
coisa em sua Palavra, lhe dará oportunidade de trazê-la de
volta à m ente para ap licá-la, m editar nela, e re ceb e r
discernimento.
Muitos cristãos não experimentam esse processo porque não
o estão buscando. Não são sensíveis à operação do Espírito
Santo. Esqueceram a maior parte do que “comeram” da Palavra.
A meditação é uma cura para esse problema.

Ensinar a Palavra. Eis aqui uma terceira maneira de certificar-


se de ter ouvido e compreendido a Palavra no sentido bíblico
deixando que ela faça a sua obra. Ensine a Palavra a uma outra
pessoa.
Se você quer ser um discípulo de Jesus Cristo, vai se tornar
professor da sua Palavra. Você poderá dizer: “Espere Lim pouco,
Tony. Eu não fui chamado para pregar. Eu não fui chamado
para ensinar na igreja.” Isso pode ser verdade, mas Deus chamou
todo o seu povo para proclamar a sua Palavra. Um discípulo é
em primeiro lugar um aluno, mas um discípulo também é alguém

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^ '
o CONTEXTO DAS ESCRITURAS 1265

que ensina a outra pessoa o que aprendeu. Todos nós somos


chamados para “fazer discípulos” (Mt 28.19).
Isto é difícil, mas preciso dizê-lo porque a Palavra assim
afirma. Se você não é capaz de ensinar a outra pessoa os pontos
básicos da fé cristã é porque você é um crente imaturo. Isso é o
que o autor de Hebreus diz. Hebreus 5.1-10, o autor vai fundo
com seus leitores. Ele lhes está ensinando sobre o sacerdócio
de Jesus Cristo segundo a ordem de Melquisedeque. Não se
deve tocar nesse assunto com novos cristãos na primeira semana
após sua conversão. Isto faz parte das coisas profundas de Cristo.
Então o autor registrou tudo isso, mas parou no versículo
11. Ele tinha mais coisas boas a partilhar acerca de Melqui­
sedeque e de como ele era uma figura de Cristo, mas percebeu
que seus leitores não estavam preparados para recebê-las, pois
não possuíam maturidade suficiente:

A esse respeito temos muito que dizer, mas de difícil inter­


pretação, porque vos tornastes tardios em ouvir. Com efeito,
devendo já ser mestres, por causa do tempo decorrido, ainda
necessitais de que se vos torne a ensinar os princípios
■elementares dos oráculos de Deus, e vos haveis feito tais que
necessitais de leite, e não de alimento sólido (v. 11,12).

O problema era que esses cristãos judeus se tornaram


“cabeças de mula”, a tradução literal de “tardios em ouvir”.
Eram crentes habituais, cristãos comuns. Mas o autor diz que
estavam salvos há bastante tempo para ensinarem a outros. Em
vez disso, ainda estavam no jardim de infância espiritual
brincando com os bloquinhos do bê-á-bá.
Se um novo crente viesse ao seu encontro e dissesse: “Eu
preciso de ajuda para compreender a Bíblia”. Você poderia
ajudar? Se o seu filho viesse a você com um exemplar da Bíblia
e dissesse: “Papai, mamãe, o que significa isto?”, você poderia
explicá-lo, ou pelo menos saberia onde procurar a resposta?
Alguns fazem piadas disso, mas na realidade não há nada de
engraçado acerca de cristãos que foram salvos há anos e ainda
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se confundem nas questões básicas do cristianismo. Precisamos
de um conhecimento crescente das Escrituras para podermos
ajudar outras pessoas que surjam em nosso caminho.
É como qualquer outra coisa que você aprende. Se não
praticar, vai esquecê-la. Sempre que você aprender alguma
coisa na Palavra, descubra um jeito de partilhá-la. Treine diante
do espelho se for preciso, mas descubra um jeito de ensinar a
uma outra pessoa o que aprendeu. É assim que ouvimos a
Palavra.

Obedecer à Palavra
A terceira chave para tornar a Palavra viva no contexto de
sua vida pessoal, na família e na igreja é obedecer a Deus. João
escreveu em Apocalipse 1.3 que aqueles que “guardam as coisas
que nela (na Palavra) estão escritas” são bem-aventurados.
A obediência sempre é o alvo do conhecimento das Escrituras.
Eu quero retroceder ao Salmo 119 novamente e examinar o
que o salmista disse sobre a obediência ã Palavra.
Observar. No versículo 57, ele diz: “O Senhor é a minha
porção, eu disse que observaria as tuas palavras”. Então no
versículo 106, ele faz esta promessa: “Fiz um juramento e o
confirmei, que hei de guardar as tuas justas leis”. E, finalmente,
“Maravilhosos são os teus estatutos; por isso a minha alma os
guarda” (v. 129).
O salmista sabia o que fazer com a Palavra — obedecer-lhe.
Jesus disse: “Agora que sabeis estas coisas, bem-aventurados
sois se as fizerdes” (Jo 13-17). Não somente ouvi-las, ou recitá-
las, mas praticá-las.
Ao sair da igreja no domingo, você pode dizer: “Foi um bom
sermão”. Ótimo. Agora você está preparado para entrar em ação.
Você vai meditar na verdade que ouviu. Vai revolvê-la em sua
mente. Vai discuti-la com outra pessoa. Então você a põe em
prática em sua própria vida, e as bênçãos começam.
O motivo por que a Bíblia é um livro morto para tantos
cristãos é que não a estão pondo em prática. Não estão sendo
obedientes. Por isso não vêem Deus realizar nada extraordinário

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na vida deles e, assim, a Palavra continua sendo para eles letra
morta sobre uma folha de papel.
Sempre que falamos de obediência, temos de voltar a Abraão
e ao chamado de Deus para que oferecesse seu filho Isaque
em sacrifício (Gn 22.2).
Abraão devia ter meditado naquilo toda a noite: Deus disse
que fa r ia de Isaque um a gran de nação. Agora está me dizendo
p a r a m atar Isaque. Isso não f a z sentido. Não é lógico. Mas não
é problem a meu. Deus m e disse p a r a fazê-lo, e eu tenho de fa z ê -
lo. Ele p o d e me devolver Isaque se quiser. Então Abraão levantou-
se e obedeceu.
Essa foi a chave, porque não foi senão até que Abraão
levantasse a faca para matar Isaque, que Deus o impediu e
disse: “Agora sei que temes a Deus, pois não me negaste o teu
filho, o teu único filho” (v. 12). Em outras palavras: “Abraão,
agora eu sei que você não estava fingindo”.
Adquirir gosto p o r ela. Alguém pode perguntar: “Como posso
chegar ao ponto de poder obedecer à Palavra de Deus desse
jeito? Eu já leio a Bíblia e nada funciona. Ela não me modifica.”
Você pode se tornar um cristão obediente da noite para o
dia no sentido de poder começar a obedecer a Deus a qualquer
hora. Mas para obedecer à Palavra como um modo de vida,
você precisa estar grandemente motivado a agradar a Deus. E
onde você obtém essa motivação? Adquirindo gosto pela
Palavra, como as pessoas adquirem gosto por determinados
alimentos.
Os membros de minha igreja sabem que eu não gosto de
abóbora, ou de seu primo, o quiabo. Eu tenho alguma coisa
contra toda essa família de vegetais. Eu costumava sentir-me
assim quanto aos brócolis também. Mas então o médico me
disse que eu precisava ingerir alguma coisa verde, e eu resolvi
adquirir gosto por brócolis. Eu me sentia altamente motivado,
porque queria obedecer ao meu médico e prolongar minha vida.
Isso foi há alguns anos. Adivinhe o que aconteceu? Hoje eu
gosto de brócolis, e não preciso mais lambuzá-los de queijo
para comê-los.

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Muitos cristãos não adquiriram seu próprio gosto pela Palavra.
Ainda precisam lambuzá-la com o “pregador” para lidar com
ela. Eles a pegam do pregador, mas não querem mastigá-la e
digeri-la por si próprios.
Se você precisa de motivação para abrir a Palavra e deixar
que ela transforme sua vida, faça esta oração amanhã de manhã:
“Desvenda os meus olhos, para que veja as maravilhas da tua
lei” (Sl 119.18). Não importa em que nível você se encontre em
seu discipulado, peça a Deus para abrir os seus olhos à Palavra
dele. No princípio, talvez seja como óleo de rícino. Sua mãe ou
avó já o fez beber essa coisa? Quando menino, óleo de rícino
era um remédio para tudo. Não importava se eu tivesse uma
dor de estômago ou uma unha inflamada, mamãe me dava
óleo de rícino.
Essa coisa era horrível, mas quer saber, passado um tempo,
minha dor de estômago desaparecia. Depois, os fabricantes de
óleo de rícino começaram a fazer essa coisa ter gosto melhor, e
foi mais fácil de tomar.
Sabe quando a Bíblia vai começar a ter gosto bom para
você? Quando fizer parar a sua dor de estômago espiritual.
Quando fizer desaparecer a sua dor de cabeça espiritual. Quando
você lhe obedecer e ela funcionar. Se você ler, ouvir e obedecer
a Palavra, verá Deus demonstrando o seu poder através dela.
Então sua oração será: “Sejam agradáveis as palavras da minha
boca, e a meditação do meu coração perante a tua face, ó
Senhor, Rocha minha e Redentor meu!” (Sl 19-14).

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'm ii
' X. *; ‘ü

A reconítpensa CAPlm ui
das Escritoras
15

Atualmente as pessoas querem respostas para perguntas desse


tipo: “Se eu fizer o que você está me dizendo, o que com isso?”
e “Se eu comprar essa peça de tecnologia, como ela vai me
beneficiar?”.
A maioria dos cristãos não perguntaria francamente quais os
benefícios de nos preocuparmos com as coisas de Deus. Somos
suficientemente espirituais para não fazê-lo, ou temos medo de
arruinar a nossa imagem de espiritualidade. Mas quando se
trata de conhecer e viver a Palavra de Deus, a recompensa es­
piritual é enorme.
É disso que eu quero falar enquanto desenvolvemos nossa
terceira necessidade absoluta no discipulado de Cristo. Eu gos­
taria de lhe apresentar dez benefícios que você pode esperar
das Escrituras em sua vida, dez coisas boas que a Palavra vai
realizar para você ao se comprometer em conhecê-la e obedecê-
la como um discípulo de Jesus Cristo. Vamos começar.

As Escrituras concedem vida

A primeira recompensa das Escrituras é que elas concedem


vida espiritual. O apóstolo Pedro escreve:

Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que,


segundo a sua grande misericórdia, nos gerou de novo para

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um a viva esperança [...] tendo sido regenerados, não de semente
corruptível, m as de incorruptível, pela palavra de D eus, a qual
vive e é perm anente (IP e 1.3,23)-

Se você é salvo, é por causa da Palavra de Deus que operou


em sua alma. Hoje você é cristão porque em algum ponto do
passado a Palavra de Deus capturou-o através do ministério do
Espírito Santo, e você se rendeu em fé a Jesus Cristo. Não
existe substituto para a “semente” criadora de vida da Palavra
de Deus.
O apóstolo Tiago concorda. Ele fala de nossa salvação.
“Segundo a sua vontade, ele nos gerou pela palavra da verdade”
(Tg 1.18). Não importa quais sejam as particularidades da história
de sua conversão, não importa como você veio a Cristo, nada
pode substituir o poder da Palavra de Deus para dar vida. Ela é
a semente “imperecível” que nunca falha em produzir vida nova.
Você pode ver isso até na criação. Deus falou, e houve vida.
Nenhuma palavra saída da boca de Deus vai retornar a ele “vazia”,
diz o profeta Isaías (55.11). Ela sempre vai realizar a vontade
dele. Portanto quando você abre a Palavra, está lidando com
uma realidade doadora de vida. As Escrimras dão vida espiritual.

As Escrituras produzem crescimento

As Escrituras também são indispensáveis para o crescimento


espiritual. Por isso quero retroceder a uma passagem familiar
que já consideramos antes. “Desejai ardentemente, como
meninos recém-nascidos, o puro leite espiritual, para por ele
crescerdes para a salvação” (IP e 2.2).
Esta é uma de minhas analogias bíblicas prediletas. A Bíblia
é a sua “mamadeira” para nutrição espiritual. Ou, em outras
palavras, o que o alimento é para o seu corpo, a Palavra deveria
ser para a sua alma.
Você gosta de comer? Eu também. A maioria de nós come
quando precisa comer, e também quando n ão precisa. Algumas

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A RECOMPENSA DAS EsCRITURAS \271 ^_

pessoas comem só pelo prazer de comer. Pedro diz que


deveríamos nos aproximar das Escrimras com esse tipo de fome.
Se você tem filhos, entende imediatamente o que Pedro está
dizendo. Você consegue apreciar este versículo porque está
experimentando agora ou se lembra como foi estar dormindo
à uma ou às duas da madrugada e ouvir aquele chorinho. É
hora de alimentar o bebê.
Se você é com o eu, nunca se mexeu com o primeiro
chorinho. Pensava estar ouvindo coisas, esperava estar sonhan­
do, tudo menos um bebê com fome. Mas aquele recém-nascido
chorava cada vez mais alto até que você ou o seu cônjuge
captavam a mensagem: “Levantem-se, estou com fome”.
O bebê não queria saber se você tinha ido dormir tarde
ontem à noite. Ele não queria ouvir que seu dia de trabalho
fora difícil. Por quê? Porque os bebês só se interessam em obter
satisfação nutricional.
Da mesma forma como os bebês recém-nascidos anseiam
por leite, devemos desejar o leite nutricional da Palavra. Por
quê? Para podermos crescer. A Palavra que lhe dá vida é a
mesma que vai fazê-lo crescer. A Palavra que lhe dá salvação é
a mesma que vai conduzi-lo à santificação.
Jesus orou em João 17.17: “Santifica-os na verdade; a tua
palavra é a verdade”. Você não pode crescer sem uma dieta
regular das Escrituras. Se as únicas “refeições” bíblicas que você
recebe são no domingo e na quarta-feira, você não é como um
bebê recém-nascido. Os recém-nascidos não fazem intervalos
de três dias entre as refeições. Na verdade, muitos recém-
nascidos não agüentam nem mesmo intervalos de três horas
entre as refeições.
Há muitos cristãos que começam com uma verdadeira
arrancada de crescimento porque têm fome da Palavra. Não
conseguem saciar-se.
O que você faz quando perde o seu apetite pelas Escrituras?
Gosto do conselho do dr. David Jeremiah. Ele diz que se você
perdeu o gosto pela Palavra, deve se alimentar à força durante
algum tempo. Isso é o que o hospital faz quando, por qualquer

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motivo, a pessoa não consegue comer sozinha. Os médicos
colocam uma sonda e alimentam-na diretamente. Em certo
sentido, eles forçam a pessoa a comer, porque sabem que ela
não vai melhorar sem alimentos. E Deus sabe que você não vai
crescer nem melhorar sem a Palavra.
Espiritualmente, muitos cristãos estão perdendo o peso que
não podem perder. Muitos crentes estão espiritualmente
e n fra q u e cid o s p orq u e não estiveram se alim en tan d o
regularmente da Palavra.
Deixe-me dizer-lhe uma coisa. Muitos crentes subestimam o
valor da leitura simples da Bíblia. Uma vez que ela é nutrição
espiritual, você pode alimentar-se apenas pela leitura, quer você
pense ou não que está recebendo alguma coisa.
A Palavra é como vitaminas. Ao tomar um punhado de
vitaminas, você não vai sentir um benefício imediato. Mas
quando você as toma regularmente, o benefício é impressionante
ã medida que elas realizam sua obra invisível em seu corpo.
Quando meditava sobre isso, entendi por que tantos cristãos
negligenciam a Palavra de Deus. Ficamos tão cheios das
“porcarias” deste mundo que não temos lugar para a Palavra
em nossas almas. Sei que estou me intrometendo, mas espere
um pouco.
Se há alguma coisa que você deseja mais do que a Palavra
de Deus, ele vai permitir que você satisfaça esse desejo até ficar
cheio. Pode ser a televisão, um passatempo, seu trabalho —
pode ser até pornografia. Mas enquanto você estiver satisfazendo
esse desejo. Deus vai permitir que fique espiritualmente
desnutrido até que adoeça o bastante para voltar a nutrir-se de
sua Palavra.
O salmo 106 nos mostra o que quero dizer. Nos versículos
13,14, o salmista diz que os israelitas esqueceram as palavras
de Deus e não quiseram aguardar o seu conselho ou sua Palavra.
Em vez disso, desejaram carne para seus estômagos. Cansaram-
se de comer o maná, o “cereal” sobrenatural de Deus que vinha
dos céus. “De sorte que [Deus] lhes satisfez o desejo” (v. 15).
Ele fez chover codornizes sobre o acampamento de Israel. Mas
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junto com o alimento, Deus “fez definhar as suas almas” (v. 15).
O povo foi consumido quando ainda estava se banqueteando
com as codornizes.
Com demasiada freqüência somos como o garoto que foi
convidado à casa do amigo para comer. A mãe do amigo fez
uma refeição tipo banquete, completa, com frango frito (essa é
a minha idéia de banquete!). Mas o menino não sabia o que ia
ter para o jantar, por isso se entupiu de sanduíches. Ele deixou
de desfrutar um banquete porque preferiu um sanduíche.
Temo que muitos de nós somos cristãos que agem como
aquele garoto. Queremos entrar em uma lanchonete e pedir
uma rápida refeição espiritual açucarada que nos faça sentir
bem na hora, mesmo que não seja nutrição duradoura. Mas
quando o fazemos, perdemos o benefício de nos alimentarmos
no banquete de Deus. Apenas a Palavra de Deus nos dá
crescimento espiritual.

As Escrituras conduzem à maturidade

As Escrituras também nos levam à maturidade espiritual, que


é o alvo de nosso crescimento na presença de Deus.
Nenhum pai quer que seu filho continue parecendo e agindo
como um bebê tempos depois que a infância já passou. E Deus
não fica satisfeito em ver cristãos que permanecem imaturos.
No capítulo anterior, lemos Hebreus 5-1-12, então quero
destacar aqui os versículos 13,14- O autor disse aos hebreus
que eles não estavam preparados para receber alimento espiritual
sólido porque ainda estavam no jardim de infância no que se
referia à verdade de Deus- Então ele disse:

Ora, todo aqu ele que ainda se alim enta de leite n ão está
experim entado na palavra da justiça, porque é criança. Mas o
alimento sólido é para o s adultos, para aqueles que, pela prática,
têm as faculdades exercitadas para discernir tanto o bem com o
o mal.

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"\

Quem pode comer alimento sólido? Crentes amadurecidos.


O leite da Palavra os faz crescer, mas a maturidade vem quando
você pode pegar a Palavra que esteve ingerindo e usá-la para
atender os diversos desafios, circunstâncias, questões e decisões
da vida.
É o que o autor de Hebreus diz no versículo 14. Os
amadurecidos são aqueles que têm praticado tanto a Palavra
que seus sentidos estão bem treinados. Na linguagem de Tiago
1.22, eles são “cumpridores da Palavra, e não somente ouvintes”.
Deus quer que você passe do leite da Palavra para a carne da
Palavra. A maneira de fazê-lo é praticando a Palavra.
Vamos voltar à ilustração de uma criança que está crescendo.
Chega um momento em que essa criança já está preparada para
aprender a andar. No início, ela tentará andar e cairá logo em
seguida. O que ela precisa, entretanto, é de prática. Ela tem de
se levantar, talvez dar meio-passo, cair e levantar-se novamente.
Se ela praticar o suficiente, chegará aquele maravilhoso dia
quando mamãe ou papai retrocederão quatro ou cinco passos
e dirão: “Vem cá. Vem com a mamãe”. A criança dá os passos, e
a filmadora começa a rolar, porque é um grande acontecimento.
Por que essa criança foi capaz de andar? Os nutrientes do
leite que tomou e do alimento que ingeriu fortaleceram-na até
o ponto de ela agora poder fazer o que antes não podia. Seu
crescimento a está levando à maturidade.
O alvo da Palavra de Deus é que possamos nos tornar adultos
amadurecidos. Naturalmente, todos nós sabemos que é possível
ter a idade cronológica de um adulto, mas não agir como tal.
Você não conhece crianças de trinta e um anos de idade?
Como uma pessoa demonstra maturidade? Uma das provas
é mediante a capacidade de tomar decisões responsáveis por si
mesma. Quando você não precisa dizer a seus filhos todos os
detalhes, sabe que estão amadurecendo. Quando decidem que
vão fazer alguma coisa por si mesmos, você sabe que a
maturidade está se estabelecendo.
A maturidade vem para nós, os cristãos, quando somos
capazes de nos servir da carne da Palavra de Deus em quan­
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tidades maiores e aplicá-la às decisões da vida como nossa ma­
neira natural de agir.
Por isso, se você está vivendo de leite espiritual, ainda não
amadureceu. Você precisa digerir a carne, as coisas mais
profundas de Deus. João 3-16 é uma verdade maravilhosa. Pode
ser o versículo mais importante da Bíblia. Mas é um versículo
do bê-á-bá (v. Hb 5.12). Há muito mais coisas para aprender na
estrada da maturidade espiritual.

As Escrituras oferecem orientação

Eis uma quarta recompensa das Escrituras: elas nos oferecem


orientação espiritual.
No capítulo anterior investimos algum tempo no Salmo 119
que fala da meditação e da obediência. Vamos retroceder para
aprender mais uma verdade desta grande porção das Escrituras.
Um dos versículos mais familiares neste salmo é o 105:
“Lâmpada para os meus pés é a tua palavra, e luz para o meu
caminho”. Qual é a tarefa de uma lâmpada ou da luz? Ajudar a
enxergar. A tragédia de hoje são os cristãos espiritualmente
cegos. Eles não conseguem ver o mal quando este os encara de
frente. Eles não conseguem reconhecer o diabo quando este os
tenta, porque estão esperando um cara com chifres, com cauda
e um collant vermelho. Eles não conseguem nem mesmo ver a
Deus claramente. Falta-lhes orientação espiritual.
O versículo 98 desse mesmo salmo diz: “Os teus manda­
mentos me fazem mais sábio do que os meus inimigos.” Eis aí
o problema que muitos cristãos têm. Eles não conhecem os
mandamentos de Deus, por isso não são nem de perto tão
sábios quanto os seus inimigos. Não estão se beneficiando da
orientação da Palavra, que nos capacita a aplicar a verdade
divina à vida.
Muito poucos de nós entrariam em uma sala cheia de gente
onde o fornecimento de energia tivesse sido subitamente
interrompido e anunciaria: “Eu tenho uma lanterna, mas para
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sair daqui, acho que enxergaríamos melhor com nossos próprios
olhos, em vez de utilizar a lanterna”.
As pessoas naquela sala, tropeçando para encontrar seu
caminho para fora das trevas, não fariam comentários muitos
lisonjeiros à pessoa com a lanterna. A questão de se ter uma
.lanterna é relevante porque está escuro demais para alguém
enxergar utilizando-se apenas da visão natural.
Vivemos em um mundo de trevas, governado pelo príncipe
das trevas, o próprio Satanás. Ele mergulhou todo este mundo
nas trevas. Deus diz: “Eu tenho uma lâmpada; eu tenho uma
luz. É a minha Palavra. Ela lhe mostrará o caminho para a
saída”. A Palavra de Deus nos dará uma visão totalmente
perfeita.
Se pudéssemos ver tudo de modo claro por nós mesmos,
não precisaríamos da lâmpada da Palavra. É porque n ão
podem os ver de modo claro que precisamos desesperadamente
da verdade da Palavra de Deus. É uma luz que vai nos guiar
de maneira que possamos ver sem tropeçar. Jesus disse: “Se
alguém andar de dia, não tropeça, pois vê a luz deste mundo”
Qo 11.9).

As Escrituras dão estabilidade

A quinta recompensa de aprender e viver pelas Escrituras é


obter estabilidade espiritual.
Uma das histórias mais familiaraes na Bíblia é a das duas
casas sobre dois diferentes fundamentos:

Portanto todo aquele que ouve estas minhas palavras e as


pratica, será semelhante ao homem prudente, que edificou a
sua casa sobre a rocha. Desceu a chuva, transbordaram os rios,
sopraram os ventos e deram contra aquela casa; contudo, ela
não caiu, porque estava edificada sobre a rocha. Aquele que
ouve estas minhas palavras, mas não as cumpre, será comparado
ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia.
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/

Desceu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos, e


deram contra aquela casa, e ela caiu, e foi grande a sua queda
(Mt 7.14-17).

Aqui nos são mencionados um homem sábio e um homem


tolo. Ambos construíram casas, só que em bases diferentes.
Vamos examiná-los melhor.
Por que o homem tolo construiu a sua casa sobre a areia?
Porque avaliou mal o clima. Ele pensava que todos os dias
haveria sol e que sua vida sempre seria mansa. Por isso imaginou
que uma duna de areia seria boa para os alicerces.
Mas o homem sábio não confiou no tempo. Ele sabia que as
tempestades viriam. Por isso construiu a casa sobre algo que
poderia desafiar o tempo. Ergueu sua casa sobre uma rocha.
O pensamento-chave nesta história foi repetido duas vezes;
“Desceu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e
deram contra aquela casa”. Estou aqui para lhe dar um
testemunho vivo de que vai chover.
Se ainda não choveu em sua vida, não venda seu guarda-
chuva espiritual. Vai chover, e você poderá contar com ele.
Haverá um dia de mau tempo em sua vida, uma semana, um
mês, ou até mesmo um ano de tempo ruim. Ser discípulo de
Cristo não o isenta da chuva.
Você sabe o que muitos cristãos fazem quando começa a
chover? Tentam modificar os alicerces. A chuva vem e a casa
começa a balançar e a afundar, então eles pegam o telefone,
chamam a pessoa mais espiritual que conhecem e dizem; “Ajude-
me a construir um alicerce novo sob a minha casa. Ela está
desmoronando”.
Mas não podemos modificar os alicerces quando está
chovendo. É preciso colocar os alicerces antes da chuva, assim,
quando ela chegar, sua casa estará segura.
Ser cristão não impede as tempestades. Ser cristão permite
que você sobreviva às tempestades. Se você quer uma vida
estável, que não desmorone quando a chuva chegar, construa-
a sobre a rocha. A Palavra de Deus fornece estabilidade espiritual.
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As Escrituras concedem visão

A Palavra de Deus concede visão espiritual. Esta é uma sexta


recompensa da edificação de sua vida sobre as Escrituras quando
você segue a Cristo. Um dos meus versículos prediletos na
Bíblia é Hebreus 4.12, que diz:

Pois a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que


qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de
dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir
os pensamentos e intenções do coração.

A Bíblia diz que nós temos corações pecaminosos, mesmo


quando tentamos encobri-lo. A Palavra de Deus é como um
raio X, que olha profundamente sob a superfície e mostra o
que está ali. O que o raio x é para a ciência médica, as Escrituras
são para a vida espiritual. Elas penetram em sua alma e espírito.
Muitos de nós sabemos o que é ficar sentado ouvindo a
pregação da Palavra e sentir um desconforto. Se a Bíblia nunca
o faz sentir-se desconfortável, é porque você não está permitindo
que ela o coloque sob o raio x. A Palavra é tão poderosa que
quando você realmente se expõe, ela olha diretamente para o
seu coração.
Há muitos cristãos de aparência saudável que descobririam
alguma coisa errada caso se colocassem sob o raio x da Palavra.
Minha esposa, Lois, recentemente passou por uma enfermidade
que foi detectada pelo raio x. Ela não se sentia doente. Mas o
raio X descobriu um problema.
Muitas pessoas pensam que estão espiritualmente bem porque
se recusam a deixar que o raio x das Escrituras as examinem.
Você não conhece pessoas que não vão ao médico porque têm
medo que ele descubra alguma coisa? Podemos nos aproximar
da Palavra do mesmo modo.
O escritor de Hebreus diz que as Escrituras separam “alma e
espírito”. Por que a alma e o espírito precisam ser separados?
Para que você saiba o que é seu e o que é de Deus.
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/ ‘
A RECOMPENSA DAS EsCRiTURAS (279

A alma refere-se ao seu ser interior. O espírito refere-se àquela


parte que se comunica com Deus. Deus deve separar a alma do
espírito para que você possa detectar o que é de Deus e o que
é seu, porque às vezes os dois podem ficar muito confusos.
Quando nos expomos à Palavra, ela destaca o que é de
Deus, da mesma forma como muitas pessoas sublinham ou
destacam certos versículos em suas Bíblias. Dessa maneira
podemos sentir que Deus está se movendo e nos dirigindo a
fazer o que Ele deseja. A Palavra nos examina com o raio x e
nos dá visão interior.

As Escrituras geram pureza

Para a próxima recompensa, a pureza, quero retroceder mais


uma vez ao salmo 119. No versículo 11, o salmista diz: “Escondi
a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti”.
“Esconder” aqui significa “entesourar”, considerar como algo
especial, uma coisa preciosa. Quando entesouramos a Palavra,
guardamo-nos do pecado. Alguém disse: “Ou este Livro o
afastará do pecado, ou o pecado o afastará deste Livro”.
Se você guarda a Palavra em seu coração, ela impedirá que
você desagrade a Deus. Caso contrário, o pecado que você
guarda impedirá que você agrade a Deus. A Palavra vai lidar
com o pecado em sua vida.
A Bíblia é como uma pia cheia de água quente e sabão na
qual você coloca uma pilha de pratos sujos e com restos de
comida que foram deixados sobre o balcão depois do jantar de
ontem à noite. Os restos de comida agora estão secos, e duros.
Você não pode esfregá-los sem ajuda, mas deixando-os de molho
em água quente com sabão a sujeira vai amolecer e soltar.
A água penetra e solta aquilo que ficou duro e encrostado.
iVIuitos de nós ficamos endurecidos na alma e encrostados no
espírito. iVIas se guardarmos a Palavra em nossos corações e
vidas, deixando que penetre e solte a sujeira, ela nos limpará.
As Escrituras podem purificar você e mantê-lo puro.
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As Escrituras geram produtividade

E a oitava recompensa das Escrituras? Você a encontrará em


outro versículo que já examinamos antes; “Toda Escritura é
divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender,
para corrigir, para instruir em justiça” (2Tm 3-16).
A Palavra de Deus é benéfica para ensinar, para lhe dizer
qual é a vontade de Deus; para repreender, para lhe dizer o
que Deus não quer; para corrigir, para lhe dizer como endireitar
o que estava errado; e para instruir em justiça, para ajudá-lo a
crescer da fraqueza para a força.
Por que Deus faz tudo isso por nós através de sua Palavra?
“A fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente
preparado para toda boa obra” (v. 17).
Outra interpretação para perfeito é suficiente. A Palavra de
Deus é suficiente para “toda boa obra”. O que é uma boa
obra? Avaliada de maneira simples, uma boa obra é tudo o
que Deus quer que você faça. Se você obedecer à Palavra,
pode chegar ao final de sua vida e dizer a mesma coisa que
Paulo disse; “Combati o bom combate, acabei a carreira,
guardei a fé” (2Tm 4.7). Ele realizou toda a obra que Deus
quis que ele fizesse.
Devemos entender o que significa a palavra suficiente.
Não quer dizer que você pode estudar a Palavra e tornar-se
um médico ou um advogado ou qualquer outra coisa. A
Bíblia não contém esses detalhes. Mas você pode estudar a
Palavra e tornar-se um m édico cristão ou um advogado
cristão.
Em outras palavras, a Palavra de Deus santifica tudo o que
você faz, de modo que o que você faz é o que Deus deseja que
seja feito. Você não pode ser mais produtivo do que realizando
a vontade de Deus. E é a Palavra que o equipa para ser
produtivo; isto é, ter uma vida que atinge os alvos de Deus
para você, de modo que você possa dizer no final de sua vida;
“Eu fiz o que Deus me chamou para fazer”.

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As Escrituras concedem vitória

A nona recompensa que desfrutamos através das Escrituras é


enorme. A Palavra de Deus nos capacita a obter vitória espiritual.
Onde mais podemos buscar um exemplo para isso senão na
tentação de Jesus em Mateus 4? Três vezes Satanás tentou a
Jesus para desobedecer a Deus. E três vezes Jesus derrotou o
diabo com “Está escrito” (v. 4,7,10). Para Satanás foi o bastante.
O versículo 11 diz que ele deixou Jesus em paz.
Se Jesus, a Palavra viva, acreditou que tinha de utilizar a
Palavra escrita para derrotar o inimigo da Palavra, quanto mais
nós precisamos utilizar essa mesma Palavra contra o diabo?
Um dos principais benefícios de conhecer e viver a Bíblia é
que ela o capacita a lidar com o diabo. Quando Satanás tentá-
lo a desobedecer a Deus, cite-lhe a Palavra. Utilize-se da espada
do Espírito contra ele.
Você não pode utilizar-se de uma espada que não é capaz
de manejar com destreza. Você não pode citar a Palavra se
você não a conhece. Mas se você conhece a Palavra, pode lidar
com Satanás, porque ele não é capaz de manejar a Palavra.
Jesus citou tanto a Palavra que enfraqueceu a Satanás, e ele
não se sentiu mais à vontade para permanecer ali.
Por isso é que os demônios ficavam preocupados quando
Jesus se aproximava. Sempre que Jesus aparecia, os demônios
o reconheciam e diziam: “Nosso momento não chegou ainda.
Não nos mande embora”. Mas Jesus sempre silenciava os
demônios com uma palavra e os mandava embora (Mc 1.23­
26). Nós estivemos lutando contra Satanás com ferramentas
humanas, e ficamos imaginando por que estávamos perdendo.
Em 2 Coríntios 10, Paulo escreve: “Pois embora andando na
carne, não militamos segundo a carne. As armas da nossa milícia
não são carnais, mas sim poderosas em Deus, para destruição
das fortalezas” (v. 3,4)-
Uma fortaleza é um lugar em sua vida que Satanás controla. É
um pedaço de território, num espaço de terra, sobre o qual ele
obteve um ponto de apoio — e ele não pretende sair.
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Em nossa caprichosa terminologia moderna chamamos essas
fortalezas de “hábitos”. São o lugar em sua vida onde Satanás
tem domínio, onde ele dá as ordens. É uma área onde você é
fraco demais para enfrentá-lo.
Paulo diz: “Você não pode enfrentar esse tipo de batalha
com as armas da carne. Você precisa das armas do Espírito
para derrubar essas fortalezas”. Mas elas podem ser derrubadas.
A Palavra de Deus pode nos dar vitória espiritual.

As Escrituras trazem bênçãos

A décima e tiltima recompensa das Escrituras que eu desejo


lhe mostrar é a bênção espiritual. A Palavra de Deus é o
fundamento de toda bênção espiritual.
O salmo 19 fala da revelação de Deus de duas maneiras. A
primeira é a maneira como Deus é revelado em suas obras. “Os
céus declaram a glória de Deus; o firmamento proclama a obra
das suas mãos” (v. 1).
Em outras palavras, mesmo que a pessoa não tenha uma
Bíblia não precisa ser um Einstein para ver o poder de quem
fez este mundo; para perceber sua bondade. Mesmo que você
não saiba o nome dele, sabe que ele é maravilhoso. Você pode
saber alguma coisa de Deus apenas observando a natureza.
Isso se chama revelação geral.
No versículo 7, no entanto, o salmista se volta para a revelação
especial, a Palavra de Deus, e começa enumerando as bênçãos
que a Palavra traz. Por exemplo: “A lei do Senhor é perfeita e
refrigera a alma” (v. 7).
Sua vida já se desfez alguma vez? As coisas começaram a
descer ladeira abaixo? O caminho mais rápido de volta à satide
da alma é através da Palavra de Deus.
“O testemunho é fiel, e dá sabedoria aos simples” (v. 7b).
Você não precisa ter pós-graduação para ter bom senso
santificado. Nosso mundo está cheio de pessoas com montes
de títulos que não servem para nada.

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Na verdade, muitas pessoas não sabem que são atéias até
que ingressam na faculdade. Costumavam crer em Deus, mas
agora querem parecer sofisticadas, por isso dizem: “Eu sou
agnóstico”. Bem, ótimo. A palavra agnóstico significa “sem
conhecimento”, portanto tecnicamente os agnósticos são aqueles
que não sabem nada. Eles “não sabem nada” de Deus, e Deus
pode ser conhecido. Portanto, um agnóstico honesto estará
aberto para aprender a respeito de Deus.

Regozijando-se na Palavra
“Os preceitos do Senhor são retos, e alegram o coração”
(v. 8). A Palavra o alegrará se você fizer o que Deus disse e
não necessariamente o que as outras pessoas disseram. Alguém
sempre tem uma história para mostrar por que você deveria
agir como elas. Mas se você se apegar ao que a Palavra diz
que é certo, você acabará se alegrando.
Eis aqui ainda outra bênção no versículo 8: “O mandamento
do Senhor é puro, e ilumina os olhos.” Já falamos sobre como
a Palavra vai iluminar o seu caminho para que você possa ver
claramente para onde vai.
“O temor do Senhor é limpo, e permanece para sempre”
(v. 9a). A Palavra oferece longevidade. “As ordenanças do
Senhor são verdadeiras, e inteiramente justas” (v. 9b). Não
existe nenhum defeito na Bíblia. Ela é perfeita de capa a capa.
A Palavra não tem erros, nem enganos, nem desacertos.
Então como poderíamos avaliar a Palavra? Salmos 19.10 diz
que “mais desejáveis são do que o ouro, sim, do que muito
ouro fino” as ordenanças do Senhor (v. 10). E “mais doces são
do que o mel, do que o mel que goteja dos favos”.
Deus disse que Davi era um homem segundo o coração dele,
e agora você sabe por quê. Para Davi, a Palavra de Deus era mais
importante do que o seu cheque de pagamento. Era mais importante
do que a sua riqueza ou o seu trono ou qualquer outra coisa. Ele
continua nos versículos 11,12: “Por eles é admoestado o teu servo;
em os guardar há grande recompensa. Quem pode entender os
próprios erros? Expurga-me tu dos que me são ocultos”.
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A Palavra de Deus vai mostrar-lhe coisas erradas que você
não sabia que estavam erradas. Há ocasiões em que pensamos
estar no caminho certo, mas entramos à esquerda e nem
percebemos. As Escrituras podem revelar essas coisas escondidas.
O versículo 13 contém um pedido importante: “Também da
soberba guarda o teu servo, para que não se assenhoreie de
mim”. É o pecado deliberado, o pecado arrogante — o pecado
que você sabe que vai cometer, mas o comete mesmo assim. Se
você permitir que entre em sua vida, ele vai assumir o controle.
A única resposta para esse tipo de pecado é proteger-se para
não cometê-lo.
Agora observe a segunda metade do versículo 13: “Então
serei sincero, e ficarei limpo de grande transgressão”. É um
versículo cheio de esperança, cheio de bênção. Significa que se
você se atrapalhou ontem, se você trouxer os seus pecados
ocultos e arrogantes a Deus para que ele os resolva. Deus vai
“inocentá-lo” hoje para que você prossiga para ele amanhã.-
Muitas pessoas são controladas pelo que aconteceu ontem.
Mas se você permitir que o ontem o controle, o dia de hoje vai
ficar confuso e o amanhã, arruinado. Uma vez que você não
pode mudar o ontem, e o amanhã ainda não chegou, entregue-
se hoje de novo a Deus e ã Palavra dele.
Quando o fizer. Deus vencerá os problemas de ontem e
acertará o amanhã antes de você chegar lá porque você está
dentro do objetivo dele hoje. Então você pode orar: “Sejam
agradáveis as palavras da minha boca, e a meditação do meu
coração perante a tua face, ó Senhor, Rocha minha e Redentor
meu!” (v. 14).

Desfrutando do benefício
A Palavra de Deus vai resolver qualquer necessidade que
você tiver, quer seja de salvação, de sabedoria, de orientação,
de maturidade, de estabilidade, de vitória, de purificação, ou
de qualquer outra coisa.
Deixe-me sugerir como você pode começar a se apropriar
de tudo isto e experimentar o benefício das Escrituras de
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maneira nova para você. O salmo 119, um incrível tributo à
Palavra de Deus e o que ela pode fazer em nossas vidas, está
dividido em 22 seções de oito versículos cada. Toda seção
começa com uma diferente letra do alfabeto hebraico, dando
início às divisões.
Junto com qualquer outro devocional ou programa de leitura
bíblica que você esteja seguindo, leia uma seção de oito
versículos do salmo 119 por dia até terminar o salmo.
Mas não leia apenas, e pronto. Peça ao Espírito Santo para
iluminar os seus olhos e abrir o seu coração à Palavra. À medida
que for lendo, medite e reflita no que Deus está lhe dizendo.
Se um versículo se sobressair, marque para voltar a ele mais
tarde para meditação e estudo mais profundo.
Você vai precisar de 22 dias para 1er todo o salmo 119 desta
maneira, cerca de cinco minutos por dia. Não é um enorme
investimento de tempo, mas nesse processo você pode descobrir
uma recompensa espiritual imensa.

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IMPERATIVO 4:

Evangelização

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X,

/Ó concei
de evangel|zação
i r-

Estamos preparados para mergulhar na quarta e última seção


de nosso estudo — a necessidade absoluta da evangelização. A
igreja primitiva era uma igreja evangelística — ao extremo, como
diríamos hoje! Três mil pessoas foram salvas no dia do Pente­
costes (At 2.41). Um tempinho depois, cinco mil homens foram
salvos de uma só vez (4.4), além das pessoas que estavam
sendo salvas “todos os dias” (At 2.47).
Poderíamos dizer que a igreja primitiva compreendeu satisfa­
toriamente o conceito da evangelização. Aqueles primeiros
discípulos prestaram atenção quando Jesus ordenou: “Ide e
pregai”.
O que eu quero fazer neste capítulo é recapitular as comissões
que Jesus deu a seus discípulos nos Evangelhos e no livro de
Atos, porque ali encontramos o conceito de evangelização. Cada
um deles é um pouco diferente e focaliza um aspecto diferente
da tarefa que Deus nos deu como seus discípulos.

Algumas observações básicas

Antes de passarmos para esses textos, e depois para os outros


capítulos desta seção, quero fazer algumas observações funda­
mentais sobre evangelização.

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A singularidade da evangelização
Uma dessas observações é a singularidade da evangelização
em termos de nosso ministério aqui na terra. Você percebeu
que dos quatro aspectos do discipulado que estamos estudando,
apenas um vai acabar quando chegarmos ao céu?
Pense nisso. A adoração certamente não vai acabar no céu.
Continuaremos adorando a Deus por toda eternidade. Bilhões
de anos a partir de agora, estaremos adorando a Deus pelo que
ele é e pelo que ele tem feito.
A comunhão não vai acabar no céu. Vamos experimentar a
comunhão ali como jamais a experimentamos antes! E nossa
com unhão nunca cessará porque não há noite no céu.
Desfrutaremos de comunhão perfeita com Deus e uns com os
outros ã medida que nos reunirmos ao redor do trono no céu.
A Palavra de Deus não vai desaparecer no céu. Ela está
estabelecida ali para sempre (Sl 119.89). Vamos passar toda a
eternidade aprendendo facetas da revelação de Deus que não
conhecíamos nem compreendíamos antes.
Há apenas uma coisa que você pode fazer agora que nunca,
nunca poderá fazer na eternidade: levar homens e mulheres
não regenerados a Cristo. As oportunidades que temos na história
de levar pessoas a Cristo serão inexecutáveis na eternidade,
porque o destino eterno das pessoas estará selado ao saírem
deste planeta.
Portanto, se você está levando a sério a questão de seguir a
Cristo e ser seu discípulo, deve desejar contar as boas novas de
Cristo a homens e mulheres que estão morrendo, para que
tenham fé nele e saibam o que é ter vida eterna.

Definição de evangelização
No seu âmago, a evangelização é tornar conhecidas as boas
novas de Jesus Cristo a um mundo que está morrendo. Uma
definição mais formal poderia ser esta: evangelização é a
declaração verbal e visível da morte e ressurreição de Jesus
Cristo pelos pecados da humanidade, realizadas com a intenção
de levar pessoas ã salvação.
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O propósito da evangelização é uma parte muito importante
de sua definição. Paulo diz que ele anunciou o evangelho, e os
coríntios o receberam (ICo 15.1). Simplificando, o evangelho
não é evangelização porque ela é mais do que informação. A
informação é transmitida com um propósito.
Evangelização não é apenas falar do evangelho às pessoas,
é fazê-lo com a intenção de ganhá-las para o Salvador. Algumas
pessoas tentam fazer evangelização dizendo: “Olhe, Jesus morreu
e ressuscitou pelos seus pecados, e você deveria aceitá-lo como
seu Salvador. Se você quiser aceitá-lo, você pode, mas é você
quem decide”.
Isso não é evangelização. Deus não está dizendo: “Aqui está
a verdade. Se você quiser aceitá-la, ótimo. Caso contrário,
também ótimo”. A Bíblia diz que Deus está ordenando a todas
as pessoas por toda parte que se arrependam (At 17.30). Nossa
tarefa como evangelistas é tornar as expectativas de Deus
conhecidas.
Jesus disse: “Eu vos farei pescadores de homens”. Eu não
conheço nenhum pescador que diga: “Ah! bem, se os peixes
morderem, ótimo. Mas se não o fizerem, não faz mal. Não vou
me incomodar em colocar iscas no anzol nem me certificar de
que tenho uma linha bastante forte. Nada tem muita impor­
tância”. Ninguém pesca dessa maneira. Você vai pescar para
pegar alguma coisa.
A evangelização está relacionada à apresentação do evan­
gelho, as boas novas da morte, sepultamento e ressurreição de
Jesus Cristo pelos nossos pecados (ICo 15.1-4).
O evangelho só pode ser entendido como boas novas quando
entendemos as más novas de que todas as pessoas estão perdidas
no pecado e condenadas se não fosse Cristo. “Não há justo,
nem um sequer,” Paulo escreveu em Rm 3.10.
Precisam os com preender o que o evangelho é para
podermos explicá-lo claramente. O motivo por que isso é tão
importante é que muitas pessoas são incapazes de entender
que o evangelho exclui todo auto-esforço para nos tornarmos
aceitáveis a Deus.
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Muitas pessoas pensam que estão bem porque se comparam
a seus amigos e às pessoas que as cercam e não a Cristo.
Comparadas com essa multidão, acham que são bastante boas.
Não se vêem como pecadores perdidos à vista de um Deus
santo. As más novas são que todos nós estamos separados de
Deus pelo nosso pecado. Mas as boas novas são que Jesus
Cristo pagou pelos nossos pecados para que pudéssemos ter
vida eterna.

A importância da evangelização
Às vezes os cristãos são acusados de se preocupar mais com
as almas das pessoas do que com a vida deles na terra. Por isso,
preciso dizer que para mim existem muitas outras áreas de
serviços e ministério nas quais a igreja deveria se envolver.
Devemos fazer tudo o que podemos para causar um impacto
cristão nas estruturas sociais, políticas e econômicas deste
mundo.
Quero deixar uma coisa bem clara. Embora ser pobre seja
algo realmente ruim, as pessoas podem sair da pobreza. Se
uma pessoa está desempregada, isso também é ruim, mas há
formas de conseguir um emprego. É triste ver alguém que não
tenha casa. Se essa pessoa dorme debaixo de uma ponte, isso é
pior ainda. Mas essa pessoa pode deixar de ser um sem-tetp.
Ficamos desalentado ao ver as condições habitacionais
precárias de uma pesoa. Precisamos ajudá-la. Mas, por pior
que sejam tais condições, as pessoas são capazes de reverter
uma situação como essa.
Os homens e as mulheres que morrem sem conhecer a Jesus
Cristo passaram por uma situação da qual nunca poderão se
recuperar, nem aqui, nem na eternidade. De todas as coisas em
qual devemos estar envolvidos, ganhar almas para Jesus deve
ser nossa prioridade máxima

A prática da evangelização
Com isto estou me referindo a um nível de envolvimento
que muitos cristãos nunca alcançam. Cantamos hinos como
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“Minha pequena luz, quero fazer brilhar”. Cantamos sobre
deixá-la brilhar em nossos lares, no trabalho e em nossa
vizinhança.
Mas eu tenho uma pergunta prática a fazer. Quando foi a
última vez que você falou de Jesus com alguém de sua família
que precisa dele? Quanto tempo passou desde que você discutiu
o evangelho com um colega de trabalho? Você está levando o
evangelho a seus vizinhos?
Acho que nunca encontrei um verdadeiro cristão que negasse
que a evangelização é importante. Mas às vezes é difícil encontrar
cristãos que estejam agindo coerentemente com essa crença.
Jesus acreditava na importância da evangelização. Qualquer
coisa que tenha sido repetida cinco vezes, como a comissão de
levar o evangelho ao mundo, também precisa estar no alto de
nossa lista de prioridades. Portanto, vamos examinar essa
comissão em cada um dos evangelhos e em Atos.

Exercendo a autoridade de Cristo

A primeira comissão que precisamos considerar está em


Mateus 28.18-20. Jesus disse a seus discípulos:

É-me dado todo o poder no céu e na terra. Portanto, ide e fazei


discípulos de todos os povos, batizando-os em nome do Pai e
do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a guardar todas as
coisas que eu vos tenho mandado. E certamente estou convosco
todos os dias, até a consumação do século.

Quando vamos às nações com o evangelho de Jesus, o Cristo


ressurreto deseja que saibamos que a autoridade dele vai
conosco. Mas não se trata de uma simples autoridade. Jesus
tem toda autoridade em toda a criação.
No entanto, se observarmos a obra de evnagelização de
alguns cristãos, jamais saberíamos que estão sendo apoiados
pela autoridade de Jesus Cristo. Está evidente que alguns cristãos
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não sabem quem são. Esqueceram-se da autoridade que advém
do conhecimento de Cristo.
Se não tomarmos cuidado, podemos nos tornar como o urso
de um circo. O dono deste urso levava-o pelas ruas da cidade,
fazendo-o rolar, dançar e executar truques, entretendo a multidão
enquanto o seu proprietário tocava música.
De repente, um cão feroz irrompeu da multidão e começou
a latir contra o urso. O urso encolheu-se de medo, tremendo
ante a idéia de que esse vira-lata fosse atacá-lo. Normalmente,
isso seria por demais surpreendente, pois um urso pode matar
um cachorro com uma patada. Mas este urso era domesticado.
Ele se acostumara a ser divertido e a divertir os outros. Ele
tinha uma focinheira e fora privado de suas garras. Portanto,
mesmo sendo maior do que o cão, o urso ficou intimidado
porque se esqueceu de que era mais do que apenas uma atração
de circo.
Precisamos nos lembrar de que não somos cristãos “de circo”,
espiritualmente domesticados. Deus não nos salvou para que
pudéssemos ser divertidos e para divertir os outros. Estamos
andando por aí com focinheiras, perdemos as garras do
evangelho, divertimos as pessoas com a nossa mensagem, mas
nunca atacamos o pecado em seu âmago com as boas novas de
Jesus Cristo.

Reconheça a total autoridade de Cristo


A palavra que Jesus emprega para autoridade em Mateus
28.18 é o vocábulo grego exousia, que significa “autoridade
legítima”. Tanto um criminoso como um policial podem portar
armas, mas apenas o policial tem a insígnia da autoridade
legítima. Jesus disse: “Eu tenho a insígnia”.
A autoridade de Jesus não é apenas legítima, é também
máxima. Não existe autoridade superior à de Jesus. Sua
autoridade é total.
Satanás tem autoridade, mas ela não é legítima nem máxima.
Ele não passa de um cachorro vira-lata que sai da multidão
para nos intimidar com os seus latidos. Se permitirmos que o
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diabo nos feche a boca para o testemunho do evangelho,
estamos nos submetendo a autoridade ilegítima.
Satanás é o grande intimidador. Quantas vezes pensamos
“Sabe, preciso fa la r de Cristo a o meu colega de trabalho”. Mas
nunca o fazemos porque temos medo do que essa pessoa
poderia dizer. Temos a mensagem que dará a essa pessoa a
vida eterna, e temos a ordem de Jesus para ir e falar, mas
mesmo assim nos intimidamos porque temos medo do que as
pessoas podem dizer.
Deveríamos ter mais medo do que Jesus vai dizer por não
temos aberto a boca para anunciar o evangelho. Ser discípulo
de Cristo significa torná-lo conhecido.

Recuse-se a ser intimidado


Em Mateus 28 Jesus nos diz para ir. Na verdade, a flexão do
verbo aqui indica que já deveríamos estar indo. Jesus presume
que iremos, por isso ele nos diz o que fazer.
É quando saímos para o mundo que começamos a encontrar
oposição. Sentimo-nos muito mais confortáveis na igreja, em
nosso “santo aconchego”, falando de como precisamos ir a todo
o mundo e falar do evangelho aos outros. É fácil ser cristão na
igreja. Não há competição. Ali todos concordam com você.
No entanto, o que Jesus deseja é que deixemos nosso
aconchego e saiamos para onde as pessoas estão, demons­
trando pela autoridade que ele nos concede o que Crsito
realmente é.
Quando se trata de evangelização, o problema não é
simplesmente o que acontece no “aconchego” da igreja, no
domingo de manhã. A questão é se você vai participar, na
segunda-feira da “peça” para a qual Jesus o chamou — sua
Grande Comissão — e explicar o evangelho para aquele colega
de trabalho ou se vai permitir que Satanás o intimide.
Você diz: “Bem, a Bíblia diz que Satanás é como um leão
que ruge procurando nos devorar”. Sim, Pedro disse isso (IPe
5.8), mas Satanás é um leão sem dentes quando percebemos
que ele apenas ruge. Satanás ruge para nos intimidar como um

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leão ruge para intimidar seus inimigos, particularmente os
chacais, diante da carcaça do animal que ele abateu.
O interessante é que se uma matilha de chacais não se
intimidar pelo rugido do leão, eles podem tomar a presa. Um
leão sozinho não pode lidar com cinco ou dez chacais
aglomerados ao redor de sua comida. Portanto ele ruge para
avisar: “Não se aproximem. Este é o meu jantar. Esta é a minha
carne. Não se metam com a minha comida”. Mas se o bando de
chacais ignora seu rugido, o leão está em apuros.
Satanás tem um grande rugido, mas ele sabe que se os cristãos
aparecerem e desmascararem o seu blefe, terá de sair do caminho.
Nosso desafio não é ser intimidado por Satanás ou por pessoas
e o que elas poderão dizer. Precisamos saber quem somos e a
quem servimos.

Fazer discípulos
A ordem central em Mateus 28 é “fazer discípulos”. O
discipulado é o que estivemos discutindo em todo este livro.
Estamos tentando descobrir o que significa seguir a Jesus. O
discipulado é um conceito reproduzível. Temos de ajudar outros
crentes a se tornarem discípulos comprometidos com Jesus Cristo.
Isto significa que a evangelização não é um fim em si mesmo.
Dar às pessoas um “seguro contra incêndio” não é o alvo máximo
de Deus. Seu alvo principal é conformar-nos à imagem de Cristo
(Rm 8.29), e isso é discipulado bíblico.
Não podemos mandar outra pessoa realizar nossa tarefa.
Jesus nos prometeu que estaria conosco quando nós fôssemos.
Mas o que muitas vezes fazemos é ficar em casa e enviar Jesus.
Não foi o que Jesus disse. Ele disse: “Ide vós, e estarei convosco”.
Ele está dizendo: “Ide àqueles prisioneiros que precisam de
mim, e eu entrarei na prisão convosco. Ide aos pobres que
precisam de mim, e eu irei convosco àquele bairro. Ide àqueles
jovens que lutam e precisam de mim, e eu irei convosco”. Não
somos nós que enviamos Jesus. Ele é que nos envia (Jo 20.21).
Você sabe por que o islamismo é a religião que mais cresce
no mundo? Porque seus evangelistas não se envergonham do

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evangelho deles. Eles andam pelas mas, distribuem jornais,
entram nos bairros e declaram a sua mensagem.
O que estão fazendo os cristãos? Louvando a Deus no
domingo de manhã. Nada de errado com isso, mas não basta.
Temos de avançar na autoridade de Cristo, certos de sua presença
permanente, para partilhar o evangelho com o mundo.

Indo a todo o mundo

Em Marcos l6.15,l6, encontramos esta comissão de Jesus


Cristo: “Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda
criatura. Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não
crer será condenado”.
A ênfase em Marcos está sobre a totalidade de nossa tarefa
evangelística. Jesus não deixa de mencionar nenhum canto do
mundo quando nos manda ir “por todo o mundo” e pregar o
evangelho a “toda criatura”. A igreja se reúne não para se
esconder do mundo, mas para preparar um plano que vai
melhorar a proclam ação do evangelho. Então saímos do
aconchego e colocam os o plano em ação enquanto nos
espalhamos pelo mundo.
Não deveria existir lugar da terra onde, havendo um cristão, o
evangelho não fosse proclamado. Deveria haver uma testemunha
em seu trabalho porque Deus disse: “Ide e proclamai o evangelho”.
Deveria haver uma testemunha em seu bairro porque Deus disse:
“Ide e proclamai o evangelho”. O mesmo acontece em qualquer
parte da terra. Seguir a Cristo significa levar o evangelho a todos
os lugares em que ele precise ser ouvido.

Cheios para ir
Se você é como eu, quando chega a um posto de gasolina
seu tanque está vazio. As pessoas o chamam de “posto de
abastecimento” porque a idéia é encher o seu tanque de gasolina
para você poder continuar. Um posto de abastecimento não é
um posto de repouso, onde você chega e fica ã vontade.

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Você não enche o tanque de seu carro e depois di2; “Carro,
não é bom estar cheio? Vamos ficar por aqui desfrutando
disso”. Você abastece o seu tanque para poder sair do posto
e com eçar a esvaziá-lo novamente, realizando o trabalho
que você tem a fazer.
É bom abastecer-se na igreja no domingo pela manhã, mas
a idéia é sair do posto e levar a mensagem do evangelho ao
mundo. A idéia é ir onde estão os incrédulos, e deixá-los
conhecer a Cristo.
O problema com muitos cristãos é que eles vêm à igreja,
devoram a mensagem, alimentam-se no culto e se enchem de
comunhão, mas nunca utilizam o que sabem. Continuam se
entupindo. Mal conseguem andar porque estão entupidos das
coisas de Deus. Entretanto, não percebem que Deus nos alimenta
para fortalecer-nos de modo a sair e contar a alguém onde se
encontra o banquete. Muitos cristãos não evangelizam porque
nunca estão por perto de algum incrédulo. Eles não conhecem
pessoas incrédulas.
Levar a ordem de Cristo a sério resolve esse problema. Você
não pode ir a todo o mundo sem ter contato com não-cristãos.
Alguns cristãos têm receio do contato com incrédulos porque
temem ser contaminados pelo estilo de vida deles.
Você não vai se contaminar se estiver seguindo a Cristo como
deveria. Se você é forte e está crescendo na fé, a influência Vai
fluir de você para eles, não deles para você. Se você se descobrir
indevidamente influenciado pelos incrédulos que o cercam, você
terá de retroceder e tentar determinar três coisas; de onde essa
influência está vindo, o que você poderia estar fazendo para não
se expor desnecessariamente a essa influência, e o que você deve
fazer para corrigir o problema. Você precisa ter certeza de que a
influência flui de você para o mundo, não ao contrário. Essa
influência começa com a transmissão da mensagem do evangelho.

A tarefa da igreja
Quando os discípulos de Jesus obedecem à ordem dele de
evangelizar, a igreja se torna semelhante a uma maternidade,

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o CONCEITO DE EVANGELIZAÇÃO |^299 j
......................... .

onde todos os domingos ouvimos o choro de bebês recém-


nascidos. Você pode dizen “Mas eu pensei que pagássemos o
nosso pastor para fazer isso”.
Não, a tarefa principal do pastor é equipar os santos para as
atividades do ministério. Isso quer dizer que o pastor não precisa
ser um evangelista também? Claro que precisa. Todos os cristãos
devem levar outras pessoas a Cristo.
O que estou dizendo é que Deus nunca quis que ficássemos
sentados na igreja todos os domingos aguardando os incrédulos
aparecerem para ouvir o evangelho e serem salvos. O propósito
principal do culto de domingo não é a evangelização. Não me
entenda mal, não há nada de errado com um apelo, mas os
alvos principais do domingo são a adoração, o treinamento
dos santos e a comunhão da família de Deus. Então, uma vez
fortalecidos e equipados, vamos para o mundo e levamos
pessoas a Cristo.

A importância da fé
Marcos I 6.I 6 destaca como é importante que as pessoas
creiam no evangelho. Este versículo tem desviado algumas
pessoas da rota porque parece enfatizar o batismo como
necessário à salvação. Mas não é o que o versículo diz.
O motivo por que Jesus disse: “Quem crer e for batizado
será salvo”, é que o batismo está tão intimamente associado
com a proclamação do evangelho e a salvação no Novo
Testamento que um crente não batizado era algo inconcebível.
A primeira coisa que os novos convertidos faziam era identificar-
se publicamente com Cristo no batismo.
Observe a segunda metade do versículo. É a pessoa “quem
não crer” que será condenada. Não se diz nada sobre o batismo
aqui. A questão é a fé.
A comissão de Jesus continua nos versículos 17 e 18, mais
dois versículos que causam muitos problemas às pessoas porque
Jesus fala de sinais miraculosos. Mas a verdadeira questão é
que Deus soberanamente realiza milagres à sua vontade para
validar a verdade do evangelho.

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A

O melhor exemplo disto está em Atos 28.3-5, quando Paulo


foi mordidcT por uma ccibra mortal e a sacudiu para desvencilhar-
se dela. Observe que Paulo não estava lidando com cobras! Ele
não estava pondo Deus à prova. Paulo estava simplesmente
executando a sua tarefa de pregar o evangelho, e Deus ainda
não tinha terminado de operar por meio dele, pcir isso nãcT
permitiu que mcirresse.
O que se perde muitas vezes nesses versículos é que Jesus
diz que os sinais “acompanharão” a apresentação do evangelhc*).
Beber veneno ou permitir que cobras venenosas o piquem não
tem nenhuma relação com o evangelho. Se você não estiver
apresentandcT o evangelhci, não precisa se preocupar ccim
qualquer um desses sinais de validade. Você não tem nada a
ser validado.

Ser testemunhas de Cristo

A comissãcT de Cristo no evangelho de Lucas enfatiza que,


como seus discípukis, temos de ser suas testemunhas. Jesus
disse:

Eis o que está escrito: O Cristo padecerá, e ao terceiro dia


ressurgirá dentre os mortos, e em seu nome se pregará o '
arrependimento e a remissão dos pecados, em todas as nações,
começando por Jemsalém. Vós sois testemunhas destas coisas.
Envio sobre vós a promessa de meu Pai; mas ficai na cidade,
até que do alto sejais revestidos de poder (Lc 24.46-49).

Uma testemunha é alguém que conta o que viu e ouviu.


Você não pode ser testemunha sem se envolver pessoalmente
com as pessoas. Quando você recebe uma intimação para
testemunhar ncT tribunal, o juiz não quer que você mande alguém
para transmitir sua mensagem. O juiz quer ouvir você.
Os pecadores estão nos cercando, e eles precisam de uma
testemunha. Como podemos subir à tribuna das testemunhas

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sem ser uma testemunha? Como podemos deixar de contar a
eles o que vimos e ouvimos de Jesus? Dizemos: “Jesus é a
resposta”. Você tem dito isso a alguém ultimamente? Nós
dizemos: “Venha à minha igreja no próximo domingo”. Isso é
ótimo, mas não basta. Talvez eles não venham à igreja no
próximo domingo. Eles precisam de alguém que lhes diga
que o perdão dos seus pecados em Jesu s Cristo está à
disposição deles.

Transmitindo a mensagem
Testemunha é uma pessoa que transmite pessoalmente uma
mensagem. Conta-se a história de um homem que foi servir o
exército. Estava profundamente apaixonado por uma moça e
não queria perdê-la enquanto estivesse longe.
Ele lhe disse: “Querida, quero que você me espere. E para que
você saiba que o meu coração é seu, no próximo ano eu lhe
escreverei 365 cartas. Eu lhe escreverei todos os dias do ano para
que você saiba como estou comprometido com você”.
E foi o que fez. No ano seguinte, escreveu uma carta por
dia. No final desse período ficou perplexo com a notícia de
quê ela havia se casado — com o carteiro! Não há substituto
para a entrega pessoal da mensagem.
Muitos cristãos querem evangelização a longa distância. Eles
ajudarão a enviar missionários para outro país, mas não falarão
de Jesus ao seu vizinho. Temos de enviar missionários, mas Deus
precisa de algumas testemunhas aqui em casa.
Se você não está testemunhando, está falhando perante
Cristo, porque um dos motivos por que ele deixou você na
terra depois de salvo foi para que você pudesse contar ao
mundo a respeito dele.

Recebendo poder para testemunhar


Lucas 24.49 nos lembra que não saímos simplesmente e
testemunhamos por nosso próprio poder. Este versículo é
parecido com os anteriores de Atos 1, que examinaremos
mais tarde.
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A “promessa do meu Pai” era a vinda do Espírito Santo, que
nos reveste de poder para sermos suas testemunhas. Deus nunca
pretendeu que saíssemos com a nossa própria fonte de poder e
tentássemos dar testemunho.
O poder do Espírito Santo é a resposta para as objeções
que as pessoas levantam contra o testemunho. Alguém pode
dizer: “Mas eu sou cristão há tão pouco tempo”. Você prova­
velmente é o melhor candidato para dar testemunho, porque
tem alguma coisa nova e interessante para contar. Pessoas
que foram salvas há muito tempo tendem a perder o seu zelo
e se acomodam.
A mulher junto ao poço (Jo 4) fora salva há apenas alguns
poucos minutos quando correu à cidade e começou a falar de
Jesus. Você sabe que o poder de Deus estava sobre ela porque
ela se dirigiu aos homens que conheciam sua reputação, e eles
creram nela. Viram que alguma coisa lhe havia acontecido.
Ela pediu aos homens que viessem, vissem e ouvissem o
que ela vira e ouvira (v. 29). E ela levou todos os seus antigos
namorados a Jesus Cristo porque desejava ser uma testemunha.
Não é preciso saber a Bíblia de capa a capa para ser
testemunha. Tudo o que você precisa saber é que estava perdido
no pecado, que Jesus morreu por você, e que ele o tirou dos
seus pecados. Naturalmente, você precisa aprender mais da
Bíblia, mas não espere até que o tenha realizado para fazer
alguma coisa.
E, a propósito, se você quiser ser uma testemunha fervorosa,
não perca muito tempo com os cristãos “mornos” que perderam
o ardor. A falta de entusiasmo deles vai acabar com o seu fervor
se você não estiver atento. Procure pessoas que tenham alguma
paixão e ande com elas.

Atendendo ao alarme
Uma menininha perguntou a seu pai: “Papai, o que os
bombeiros fazem no quartel o dia todo?”.
Ele respondeu; “Bem, eles passam o tempo todo esperando
o toque do alarme. Então, quando ele soa, todos saem”.
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o CONCEITO DE EVANGELIZAÇÃO ( 303
— — —— — — — —— — — L..

Eu sei que os bombeiros fazem muito mais coisas do que


ficar sentados esperando um incêndio, mas você entendeu. Eles
não podem ir até que o alarme soe.
Deus fez soar o alarme de incêndio para suas testemunhas
dois mil anos atrás. Não podemos passar o tempo junto com os
outros bom beiros, polindo nossas “máquinas teológicas”,
enquanto pessoas estão morrendo todos os dias sem Cristo. O
chamado já foi feito, e Deus precisa de pessoas que estejam
prontas a ir.

Proclamando o perdão de Deus

o evangelho de João destaca um aspecto diferente da ordem


de Cristo para partilhar o evangelho. Começando em João 20.21,
Jesus apareceu aos discípulos e disse:

Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, eu vos envio.


Dizendo isto, soprou sobre eles, e disse: Recebei o Espírito
Santo. Aqueles aos quais perdoardes os pecados, são-lhes
perdoados; aqueles aos quais não perdoardes, ser-lhes-ão
retidos (v. 21-23).

Você tem paz em sua vida cristã? Jesus fez uma declaração
importante sobre isso. Para que você tenha a paz de Deus, é
preciso seguir a agenda de Deus. Uma vez que a agenda de
Deus inclui a evangelização, você não irá desfrutar o que Deus
tem para você se não evangelizar.
Aqui Jesus está dizendo que assim como o Pai o enviou ao
mundo nos envia também 0 o 20.21; v. tb. Jo 17.18). Jesus foi
onde estavam as pessoas perdidas, e ele está nos chamando
para fazer a mesma coisa. Já falamos da futilidade de permanecer
entre os crentes e tentar fazer evangelização.
Um homem olhou pela janela certo dia e viu o seu vizinho
pescando no quintal em uma tina cheia de água. O homem
perguntou ao vizinho;
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— o que você pensa que está fazendo?
— Estou pescando! — o outro respondeu.
— Mas não há peixes na tina — o primeiro homem disse.
— Eu sei, mas é cômodo.
Certamente é cômodo para nós, cristãos, irmos à igreja. Na
verdade, é necessário. É bom manter-nos em nosso próprio
gmpo. Mas não é aí que estão os peixes.
Deus não ligou um alto-falante no céu para anunciar: “Vocês
precisam nascer de novo!”. Ele se fez homem. Ele assumiu carne
e sangue na pessoa de Jesus e andou entre nós. Jesus se misturou
com pecadores. Ele os tocou, os amou e os atraiu. E é desse
jeito que Jesus nos envia ao mundo.
Em João 20.23, Jesus prometeu conceder-nos autoridade para
a evangelização. Ser capaz de perdoar ou reter os pecados dos
outros é coisa poderosa. Este versículo tem sido freqüentemente
mal-interpretado para dar aos seres humanos demasiado poder
nessa área. Mas a língua grega esclarece o que Jesus estava
dizendo.
Âs traduções que lemos fazem um esforço para esclarecer o
versículo. Jesus emprega dois tempos gregos, o tempo presente
para “perdoar” e “reter”, e o passado perfeito para os verbos
“perdoado” e “retido”. O passado perfeito em grego especifica
ação passada com um resultado contínuo. ,
Jesus está dizendo que temos a autoridade não de perdoar
ou reter os pecados por nós mesmos, mas de declarar o que
acontece no céu quando uma pessoa aceita ou rejeita Cristo.
Eu e você temos o privilégio de dizer a uma pessoa que se ela
aceitar a Cristo, seus pecados serão perdoados. Podemos dizer
isso porque os pecados dela terão sido perdoados por Deus.
Em outras palavras, temos o privilégio e a autoridade de
anunciar o perdão de Deus para os pecados. Você sabe quantas
pessoas adorariam saber que estão perdoadas? Alguém disse
que poderíamos esvaziar as camas dos hospitais psiquiátricos
se as pessoas apenas pudessem saber que foram perdoadas.
Não podemos nos arrepender no lugar de outras pessoas, e
elas só podem encontrar perdão se vierem a Cristo. Mas quando
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uma pessoa o faz, temos a autoriciacie cie Cristo para anunciar-
lhes o perdão.

Indo no poder do espírito

A última comissão vamos encontrá-la em Atos 1.8. Jesus estava


reunido com os apóstolos bem antes de sua ascensão. Eles
estavam ansiosos para saber se Cristo ia estabelecer o seu reino.
Jesus lhes disse:

Não vos pertence saber os tempos ou as épocas que o Pai


estabeleceu pelo seu próprio poder. Mas recebereis poder, ao
descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas,
tanto em Jemsalém como em toda a Judéia e Samaria, e até os
confins da terra (v. 7,8).

Aqui está uma verdade fundamental que já vimos antes: O


testemunho não depende de você, mas do poder do Espírito
Santo operando em você. Jesus liga tão intimamente a vinda do
Espírito com o fato de sermos sua testemunha que podemos
fazer esta declaração: Se falar de sua fé a incrédulos não é um
hábito constante de sua vida cristã, você não é, de fato, um
cristão espiritual.
Com isto eu quero dizer que a obra do Espírito Santo não
está sendo totalmente revelada em você. Jesus disse: “Quando
o Espírito Santo vier sobre vós, sereis minhas testemunhas”,
ponto final.
Observe: uma das coisas que o Espírito Santo faz é falar de
Jesus — e ele fala de Jesus sempre que tem oportunidade. Se
o Espírito não está falando de Jesus através de você, e você
nunca está consciente da insistência dele para falar de Jesus, é
porque você e o Espírito não estão sintonizados na mesma
freqüência.
Quando o Espírito Santo lhe concede o poder dele para dar
testemunho, você não precisa de incentivo nem dele programa.
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Você vai simplesmente dar testemunho porque não poderá agir
de outra forma.
Você diz-. “Bem, não é assim que eu trabalho”. Diga-me, o
que você faz no telefone? Apenas chama a outra pessoa e começa
a conversar porque quer fazê-lo e porque tem alguma coisa a
dizer. A evangelização deveria ser assim natural.
Um dia, o grande evangelista D. L. Moody parou um estranho
na rua e lhe perguntou: “Você é cristão?”. O homem ficou
desarmado com a pergunta, e respondeu: “Não é da sua conta”
Moody disse: “Este é o meu negócio!”. O homem olhou para
ele e disse: “Então você deve ser Moody”.
Não seria maravilhoso ser conhecido como “a pessoa cujo
negócio é dar testemunho”?. Este é o seu negócio. Você não
pode ser um filho de Deus e não falar do seu Pai, a pessoa a
quem você representa.
Então, o que precisamos para testemunhar? Precisamos de
uma nova injeção do poder do Espírito Santo. Precisamos nos
prostrar com o rosto no chão diante de Deus e dizer: “Deus,
tenho falhado nesta área de minha vida espiritual. Eu tenho
falhado em torná-lo conhecido. Agora me coloco à disposição
do Espírito Santo”. Faça isso, depois abra a boca para
testemunhar, e ficará supreso com o que vai sair.
Certo dia, um garotinho estava na Disneylândia divertindo-
se com Mickey Mouse, Pato Donald e os demais. Mas, de repente,
passando por entre as pessoas, separou-se dos seus pais.
Ficou perdido, mas não tinha percebido porque estava se
divertindo muito. Seus pais o procuravam, mas ele estava
ocupado demais em divertir-se para procurá-los — até que
cerca de vinte minutos depois, quando subitamente olhou em
volta à procura deles, percebeu que estava perdido. Um
segurança o encontrou e ajudou-o a reunir-se com seus pais.
Nós vivemos em um mundo pecador onde as pessoas
estão se divertindo. Elas estão perdidas, mas não sabem disso.
É tarefa do Espírito Santo avisá-las e quando ele o faz, somos
os seguranças de Deus para reuni-las com o Pai do qual elas
se separaram.
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Nosso problema é que muitos dos seguranças também estão
se divertindo muito nas atrações do mundo e não têm tempo
para ajudar a levar pessoas perdidas ao Pai.
Que Deus nos ajude a não nos envolvermos tanto nas
festividades mundanas que deixemos de levar as pessoas
perdidas ao Salvador.

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Ó conteúijio c a p Ituio

da evangel jzação
17
Você alguma vez já começou a falar com alguém e, de
repente, descobre que se esqueceu do que ia dizer? Ou talvez
você tenha anotado e comete algum erro no número do prédio,
ou então o mapa que você fez para chegar lá não está completo
e você não consegue encontrar o lugar que procura.
Todos nós já fizemos coisas assim. Uma coisa é atrapalhar-
se para dar um recado ou anotar um endereço, mas outra
totalmente diferente é nos atrapalharmos com o evangelho. Se
vamos contar às pessoas as boas novas (e contar é necessidade
absoluta para ser discípulo de Jesus Cristo), então é preciso
que tenhamos a mensagem correta.
Portanto, vamos falar do conteúdo do evangelho, para não
nos confundirmos quanto à mensagem que Jesus Cristo nos
comissionou a transmitir. Quero fazer isso abrindo a Carta Magna
da fé cristã, o livro de Romanos. Nesta grande declaração de fé
doutrinária, Paulo apresenta o evangelho, as boas novas sobre
Jesus Cristo. Quero lhe dar cinco elementos do evangelho do
livro de Romanos.

Nosso problema

Para apreciarmos o evangelho como boas novas, precisamos


vê-lo primeiro tendo de fundo as más novas. O problema
declarado pelo evangelho encontra-se em Romanos 3.23: “Pois
todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”.

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A definição de pecado
Considerando que todos nós estamos incluídos na acusação
expressa em romanos, faríamos bem em entender o que o
pecado é exatamente. A palavra grega que Paulo emprega aqui
significa literalmente “errar o alvo”. É um termo utilizado no
esporte com arco e flecha, descrevendo um arqueiro que puxa
a corda e solta a flecha, mas falha em atingir o alvo.
Qual é o alvo que deixamos de atingir quando pecamos?
Qual é o alvo que deveríamos estar atingindo? Paulo responde
a isso na segunda metade de Romanos 3.23: o alvo é “a glória
de Deus”. Quando pecamos, deixamos de refletir adequa­
damente a glória de Deus. E todos nós somos culpados de errar
esse alvo.
Quando estamos evangelizando, precisamos ter certeza de
estar sendo claros neste ponto. Uma pessoa pode parecer mais
bonita, mais rica ou mais inteligente do que a outra. Mas ambas
continuam sendo pecadoras diante de Deus. Não importa em
que parte da cidade moramos; todos pecamos.
Precisamos ajudar as pessoas a ver isto porque quando Deus
nos avalia, ele não nos compara uns aos outros. Temos a
tendência de classificar os pecados em grandes, como homicídio,
e pequenos, como dizer uma mentirinha. Ambos são pecados,
e os dois são igualmente ofensivos ao caráter de Deus porque
o pecado não reflete Deus.
Não entenda mal. Não estou dizendo que matar alguém é a
mesma coisa que mentir em termos de danos produzidos,
embora mentiras às vezes acabem matando pessoas. O que
estou dizendo é que, quando comparados com o caráter perfeito
de Deus, todos os pecados são igualmente ofensivos.

A abrangência do pecado
Romanos 3-23 não permite exceções. Todos nós pecamos.
Lá no versículo 10 deste mesmo capítulo, Paulo diz: “Não há
um justo, nem um sequer”.
Cada hom em e cada m ulher nasceram neste mundo
separados de um Deus santo, porque nascemos em pecado e
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“em iniqüidade” fomos formados (Sl 51.5). A Bíblia esclarece
que somos destruídos pelo pecado. Tentamos escondê-lo, cobri-
lo, pintá-lo e justificá-lo, mas não podemos nos livrar dele.
Denominamos o pecado de modos diferentes. O que cha­
mamos de acidentes, Deus chama de abominações. O que
chamamos de erros. Deus chama de cegueira. O que chamamos
de casualidade, Deus chama de escolha. O que chamamos de
defeitos. Deus considera enferm idade espiritual. O que
chamamos de erro. Deus chama de inimizade. O que chamamos
de fascinação. Deus chama de fatalidade. O que nomeamos de
enfermidade, Deus nomeia de iniqüidade. O que consideramos
luxo é lepra para Deus. O que consideramos liberdade, Deus
considera anarquia. O que chamamos de engano. Deus chama
de loucura. E o que chamamos de fraqueza, Deus diz que é
obstinação.
A visão que Deus tem de pecado é totalmente diferente da
nossa. Nós não podemos entender o pecado, nem podemos
explicá-lo àqueles que precisam do evangelho, a não ser que
entendamos claramente que não existem graus de pecado para
Deus. Quando Deus julga, ele o faz valendo-se de um padrão
perfeito, o padrão de sua santidade.

Um padrão perfeito
Muitas vezes digo que aquilo que a santidade significa para
Deus, a limpeza significa para minha esposa, Lois. Ela é fanática
por limpeza, Ela ama o cheiro de desinfetante. Para ela, todo
dia é uma oportunidade para limpar alguma coisa.
Nunca me esquecerei do dia, alguns anos passados, quando
Lois viajou por alguns dias. Eu pensei que iria fazer uma coisa
boa e amorosa limpando a casa para minha esposa enquanto
ela se encontrava ausente. Na verdade, eu planejei supervisionar
a limpeza, não fazê-la eu mesmo. Por isso reuni nossos quatro
filhos e lhes distribuí suas tarefas enquanto eu supervisionava.
Achei que tínhamos feito um bom trabalho, por isso aguardei a
volta de Lois para casa. O local tinha bom aspecto, por isso
esperei um grande abraço e palavras animadoras. Mas, em vez
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disso, Lois entrou e disse; “Eu pensei que vocês iam limpar a
casa para mim”. Então ela me levou a um canto esquecido da
casa e me mostrou um pedaço de fiapo. Estou falando de uma
coisa que teria passado despercebida a uma formiga! Ela disse;
“Quando eu falo em limpeza, eu quero dizer limpeza”.
O que estava limpo para mim não estava limpo para Lois,
porque estávamos operando com dois padrões diferentes. Meu
padrão era acabar com toda a bagunça do meio da casa. O
padrão dela incluía frestas e cantinhos.
Quando Deus lida com o nosso pecado, ele o avalia segundo
a perfeição dele. Embora pareçamos relativamente limpos, se
comparados com os criminosos ou os traficantes de drogas,
ainda não alcançamos o padrão da santidade perfeita de Deus.
Dois homens estavam explorando uma ilha vulcânica quando
o vulcão subitamente entrou em erupção. Em poucos momentos,
os dois se encontraram rodeados por um mar de lava derretida.
À frente havia um caminho para um lugar seguro, mas para
alcançá-lo teriam de pular por cima de um rio de rocha derretida.
O primeiro explorador era vim homem idoso. Ele correu o
máximo que pôde, deu o maior salto de sua vida, mas apenas
conseguiu pular alguns centímetros de extensão. Encontrou
rapidamente a morte na lava superaquecida.
O segundo explorador era um homem bem mais jovem, um
tipo atlético e viril, que uma vez estabelecera o recorde de
salto em extensão em sua universidade. Colocou toda a sua
energia na corrida, saltou com perfeição total, e na realidade
superou o seu antigo recorde universitário. Infelizmente,
aterrisou dez centímetros antes do seu alvo, e também foi
engolido pela lava.
Embora o jovem saltasse melhor do que o idoso, ambos
tiveram o mesmo destino, porque não atingiram o padrão.
O mesmo acontece com o pecado. Não importa quanto você
consiga saltar, sempre continuará aquém do padrão de Deus.
O que significa estar destituído da glória de Deus?
A palavra glória quer dizer “destaque”. Glória significa colocar
uma coisa em exposição de modo a realçá-la, a parecer boa.
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Quando falamos da glória de Deus, queremos dizer colocá-lo
em exposição.
Toda vez que falhamos em apresentar Deus como ele é de
fato, demonstramos que somos pecadores. A glória de Deus é
sua santidade absoluta, seu governo total sobre todo o universo.
Por que Adão ficou destituído da glória de Deus quando
pecou no Jardim do Éden? A questão não foi apenas comer um
pedaço de fruta. O mundo mergulhou no pecado quando Adão
decidiu que ia fazer o que queria com aquele fruto. Ele decidiu
que ia governar a sua própria vida, ser seu próprio deus. Ia
viver autonomamente e deixar Deus de fora de sua vida.
Nosso problema é que somos julgados por um padrão perfeito,
do qual não estamos à altura. Quando vou ao dentista, antes
escovo os dentes com toda a força, exatamente como você faz.
Eu tento enganá-lo, mas não consigo. Ele me manda enxaguar
com um corante vermelho que se apega à placa que há sobre
os meus dentes. Não posso enganar meu dentista porque ele
está utilizando um método muito mais perfeito do que o meu
para determinar a limpeza.

Nascido em pecado
Este problema do pecado é algo com o qual todas as
pessoas nascem, conforme vimos no salmo 51. O pecado
entrou na raça humana através de Adão, e nós todos fomos
contaminados (Rm 5.12). A natureza humana foi corrompida
pelo pecado, tornando-nos pecadores por natureza e também
por escolha.
Não precisamos ensinar uma criança a mentir. Não precisamos
dar às crianças um curso sobre egoísmo. De certo modo
aprendem tudo sozinhas. Isso porque não passamos aos nossos
filhos apenas a nossa aparência física, mas também a natureza
pecadora que herdamos de Adão.
Nascemos em pecado assim como o bicho se desenvolve
dentro da maçã. Ao ver um furinho na maçã, a maioria das
pessoas imagina que um bichinho fez o buraco para entrar na
maçã. Quando cortamos a fruta ao meio, geralmente não en­
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contramos o bicho, porque o buraco na maçã foi feito quando
ele saiu de dentro da fruta, não ao entrar. O ovo do bichinho
foi colocado na flor, antes mesmo de a maçã ser formada, ela
cresce ao redor do bichinho.
Portanto, quando você vir uma maçã com um buraco, é
porque o bichinho abriu caminho para sair da maçã. O que
você vê são os efeitos de uma coisa que já estava na maçã
quando foi criada. Da mesma forma, a larva do pecado é
transferida de geração em geração, dos pais aos filhos, de modo
que aquilo que sai já estava ali. O resultado é separação de um
Deus santo. As más novas é que “todos pecaram”. Até que
compreendamos e aceitemos as más novas, não estamos
preparados para as boas novas. Quando Deus olha para um
criminoso e um cidadão cumpridor da lei, ele vê gêmeos
idênticos, porque todos nós somos pecadores aos olhos dele.
Todos falhamos em alcançar o seu padrão, que é a perfeição.

Situação difícil

Nosso problema nos deixou em uma situação verdadeiramente


embaraçosa. Paulo diz em Romanos 4.4,5:

Ora, aquele que faz qualquer obra não lhe é imputado o


galardão segundo a graça, mas segundo a dívida. Não obstante,
aquele que não trabalha, mas crê naquele que justifica o ímpio,
a sua fé lhe é imputada como justiça.

O grande problema é que somos pecadores, e a situação


embaraçosa é que não podemos nos salvar através das obras
que executamos. Nos versículos 1-3 deste capítulo, Paulo utiliza
o exemplo de Abraão para argumentar que ninguém é salvo
por seus próprios esforços.
Então Paulo acrescenta no versículo 6 que a única maneira
pela qual podemos ser salvos é quando Deus nos “imputa a
justiça sem as obras”. Imputar significa colocar em nossa conta
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corrente, creditar-nos com justiça. Paulo está falando do paga­
mento do pecado, que vamos discutir depois.

Sem esforço próprio


A Bíblia não deixa dúvidas de que não podemos nos salvar
através de nossos próprios esforços (v. G1 2.16). Isso é difícil
para muitas pessoas aceitarem. Elas concordam que não são
perfeitas. Admitem certo grau de pecado, mas poucas pessoas
estão prontas a admitir que não há nada que possam fazer por
si mesmas.
Muitas pessoas trabalham duro para resolver o seu problema
de pecado porque presumem que há algum tipo de padrão
que possam atingir. O problem a é que desconhecem o
verdadeiro padrão de Deus, por isso resolvem estabelecer o
seu próprio padrão de justiça (Rm 10.3). Estão tentando chegar
a Deus pelos seus próprios esforços.
Se há alguma interpretação básica errada do Cristianismo é
esta idéia de que podemos agradar a Deus e merecer nossa
entrada no céu através das coisas boas que fazemos. As pessoas
tentam fazer isso de todos os jeitos.
Àlguns praticam sua religião com fidelidade. Outros tentam
viver uma vida boa e não fazem mal a ninguém. Outros ainda
imaginam que ser bom cidadão é o suficiente. E sempre há aqueles
que declaram que estão tentando cumprir os dez mandamentos.
Esta última declaração pode ser a decepção maior de todas.
Ninguém nunca guardou os dez mandamentos perfeitamente.
Os israelitas estavam sempre transgredindo-os mesmo quando
Moisés ainda estava no monte Sinai recebendo-os.
Tiago nos diz que se transgredimos uma das leis de Deus,
somos culpados de transgredir todas elas (Tg 2.10). E eu duvido
que haja muitas pessoas vivas que não transgrediram todas.
Por exemplo, o sexto mandamento diz: “Não matarás” (Êx
20.13). Alguém pode dizer: “Eu o peguei, Tony. Nunca matei
ninguém”. Jesus, porém, disse que se nos enfurecemos com o
nosso irmão, somos bastante culpados para ir para o inferno (Mt
5.22). Por quê? Ficar enfurecido com outra pessoa a ponto de
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desejar matá-la, ou desejar que morra, é cometer homicídio no
coração.
O sétimo mandamento diZ: “Não adulterarás” (Êx 20.14).
Alguém pode dizer: “Esse não transgredi. Vamos ver outro”. Mas
Jesus disse que se um homem olhar para uma mulher desejando-
a, cometeu adultério com ela em seu coração (Mt 5.28). A lista
continua.

Satisfazendo a Deus
Você vê por que a Bíblia diz que a salvação não se dá
obras (Ef 2.9)? Não podemos fazer nada para s a tis ^ ^ rg ii
exigências perfeitas de Deus.
Imagine um homem condenado por furto cli^ro^l^uiz para
ser julgado. Ele diz: “Excelência, antes de gostaria
que soubesse que nunca matei ninguérr^^!m ^n6^num erando
uma lista de 25 coisas ruins que riuricá3^àcou.
O juiz diria: “Bem, issc^xçyl^^y mas é irrelevante. Você
cometeu furto, e é por is s o x q ^ ^ ^ p a ra a cadeia”. Você não
pode utilizar-se de seuç^tos oe justiça para cancelar seus atos
de injustiça.
Todo e ^ a l m e r ^ e ^ é uma infração dos padrões divinos.
A Bíblia d ea^ A qM temos um problema, que é o pecado. E
t e m o s ji ^ ^i^^ção embaraçosa, que é o fato de não podermos
faxe/^am^5ara resolver sozinhos o nosso problema. Isso nos
xteK ^-TO ercê da penalidade de Deus.

A penalidade

Romanos 6.23 é claro sobre a penalidade do pecado: “O


salário do pecado é a morte”. O pecado carrega consigo uma
etiqueta com o preço, um pagamento, que é a morte. A prova
de que somos todos pecadores é que um dia vamos morrer.
Na verdade, vamos morrer porque assim foi ordenado,
segundo Hebreus 9-27, que diz: “... aos homens está ordenado
morrer uma só vez, vindo depois disso o juízo”. Você pode
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atrasar-se para uma porção de coisas em sua vida, mas a este
encontro você terá de comparecer na hora, a não ser que Cristo
volte antes.

Separação de Deus
Na Bíblia, a morte significa separação, não interrupção da
existência. Nós viveremos para sempre. A única questão é onde
passaremos a eternidade.
A morte física é a separação da alma do corpo, e a morte
espiritual é a eterna separação da alma e do corpo da presença
de Deus, no inferno. A morte espiritual e física é o que Paulo
está mencionando em Romanos 6.23. Se você quer saber a
seriedade com que Deus avalia o pecado, olhe para a morte.
Por isso Salomão disse que é melhor assistir a um funeral do
que a uma festa (Ec 7.1-4). Parece estranho até que paramos e
compreendemos o que Salomão está dizendo. Ele destaca que
o mundo tenta ignorar e negar a morte dando festas. Se você
vai a uma festa no mundo, o mundo vai mentir para você sobre
o destino do homem e da eternidade. Na festa do mundo, você
não vai captar a realidade.
Mas no funeral, diz Salomão, você capta a realidade, “pois
ali se vê o fim de todos os homens” (7.2). Todos nós vamos
morrer, mas se você é cristão não experimentará a morte
espiritual ou eterna. Paulo disse que “deixar este corpo” é “ha­
bitar com o Senhor” (2Co 5.8). Quando um cristão fecha os
olhos na morte, imediatamente os abre na presença de Cristo.

O aguilhão da m orte
A Bíblia diz que a morte tem um aguilhão. Esse aguilhão é o
pecado (IC o 5.8). A pessoa que não experimentou o perdão
dos seus pecados através de Cristo sentirá o aguilhão do pecado
na morte. Ela pagará a penalidade do pecado, que é a eterna
separação de Deus e o sofrimento eterno no inferno.
Este conceito é perturbador e traumatizante para alguns. As
pessoas muitas vezes me dizem: “Eu não creio que um Deus
amoroso vá simplesmente mandar pessoas para o inferno”.
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O problema é que esta declaração do caráter de Deus é
unilateral. Deus é amor, mas ele também é santo e justo. Seus
olhos são puros demais até mesmo para olhar para o pecado
(Hb 1.13). Também é importante lembrar que Deus não pre­
parou o inferno para os seres humanos, mas para “o diabo e
seus anjos” (Mt 25.41). ,
Deus nos permite fazer a nossa escolha: se vamos fazer o
pagamento pelos nossos pecados ou se vamos aceitar o
pagamento dele através de Cristo. Se escolhermos rejeitar a Cristo,
o único que pode remover o nosso pecado, temos de sofrer a
conseqüência dessa escolha — eterna separação de Deus.
Quando uma pessoa rejeita o Filho eterno de Deus, que
morreu na cruz pelos pecados do homem eterno, tem de pagar
a penalidade eterna, a separação eterna de Deus. Portanto, há
uma penalidade.
As conseqüências do nosso pecado não vêm apenas pelo
que fizemos, mas também por causa daquele contra quem foi
feito. Uma vez que Deus é um ser eterno, temos de pagar um
preço eterno.
No domingo ã noite sempre digo às pessoas: “Se você está
aqui hoje como um não-cristão e tem medo da morte, você tem
toda razão de estar com medo. Se eu puder amendrontá-lo
mais, aproveitarei a oportunidade, porque você não vai querer
morrer sem Jesus Cristo”.
Mas se você conhece a Cristo, não tem nada que temer da
morte. Jesus Cristo já tirou o aguilhão da morte para você,
assumindo o seu pecado (ICo 15.55-57).
Isso me faz lembrar dos dois irmãos que estavam brincando
no quintal. Uma abelha veio e picou um deles. Ele começou a
chorar segurando o braço que fora picado. Sentia muita dor. A
abelha então começou a fazer círculos sobre o outro irmão,
que entrou em pânico. Ele tentava espantar a abelha e gritava
para o irmão:
— Socorro, ela vai me picar!
O outro menino respondeu:
— Pare de gritar. Ela não vai picar você!
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— Como você sabe? — seu irmão perguntou.
— Porque ela já me picou, e uma abelha tem apenas um
ferrão. Tudo o que ela pode fazer agora é um bocado de barulho.
Jesus Cristo assumiu o “ferrão” da morte de modo que tudo
quanto ela pode fazer agora é um bocado de barulho. Ela não
pode feri-lo se você conhece Jesus Cristo. Mas aqueles que não
o aceitam têm de pagar o preço dos seus pecados. Eu sei que
estou recordando coisas que podem parecer realmente básicas
para você. Mas lembre-se de nosso propósito. Estamos falando
de necessidades, de coisas que você precisa saber e praticar
para ser um discípulo de Jesus Cristo. Nós estamos examinando
o conteúdo do evangelho não apenas para você recordar, mas
para você poder explicá-lo claramente a outros quando estiver
evangelizando.

A provisão

Você se sente infeliz por que a mensagem do evangelho não


acabou com a penalidade do pecado? Romanos 5.8 começa
com minhas duas palavras prediletas na Bíblia: “Mas Deus proví
o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo
nós ainda pecadores” (grifo do autor).
Essas duas palavras podem revolucionar qualquer situação.
Alguém pode dizer: “Tony, eu sei que sou pecador condenado
a enfrentar o inferno eterno”. Isso é verdade — “mas Deus” fez
uma provisão eterna para o seu dilema eterno.

Deus recebe o crédito


Quando foi que Cristo morreu por nós? Quando nos tornamos
melhores? Quando nos corrigimos? Não, ele morreu por nós
enquanto ainda estávamos pecando contra ele.
Por quê? Deus merece e exige todo o crédito da salvação.
Por isso ele acolhe pecadores exatamente como são e transforma
suas vidas. Ele não diz para você endireitar a sua vida e depois
vir a ele. Se você o fizesse, não precisaria vir a Deus.
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Algumas coisas têm de acontecer para garantir nossa salvação.
A santidade e a justiça de Deus precisam ser satisfeitas; isso é
chamado de propiciação. Deus tem de ser satisfeito com o
sacrifício pelo pecado. Suas boas obras e as minhas não podem
satisfazer a Deus porque estão misturadas com o pecado, e
Deus exige um sacrifício perfeito.
Então tem de haver a redenção, um pagamento feito para
nos comprar de volta do mercado de escravos do pecado.
Quando somos remidos, também experimentamos 2l justificação,
uma declaração legal de que somos justificados aos olhos de
Deus. A salvação também envolve a imputação, o crédito da
justiça de Jesus em nossa conta, de modo que além de nosso
registro de pecado ser apagado, a bondade de Cristo também
nos é aplicada.

Pagam ento com pleto


Agora você compreende por que Jesus disse na cruZ: “Está
consumado!” (Jo 19.30). Essa frase corresponde a uma palavra
grega, que significa “pagamento completo”. Jesus estava dizendo:
“Eu paguei a conta do pecado”.
É um conceito muito particular. Foi extraído da lei do Antigo
Testamento do Dia da Expiação (Lv 16). Todo ano, nesse dia, o
sumo sacerdote de Israel oferecia um sacrifício de sangue pelos
pecados da nação. O bode do sacrifício era morto e seu sangüe
escorrido. O sumo sacerdote então levava o sangue para dentro
do Santíssimo Lugar e o oferecia a Deus. Ao aceitar o sacrifício
como substituto pelos pecados do povo. Deus adiava o seu
julgamento por mais 365 dias.
Mas escolhiam-se dois bodes no Dia da Expiação. O outro
bode era chamado de “bode emissário” (v. 10). O sacerdote
colocava as mãos sobre o animal e confessava os pecados do
povo, os quais eram simbolicamente tranferidos para o bode.
Então o aniaml era solto no deserto, significando que os pecados
do povo eram retirados por mais um ano (v. 21,22).
O único problema era que, de vez em quando, um bode
emissário voltava para o acampamento dos israelitas. Você pode
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imaginar o caos que se instalava quando esse bode voltava,
carregando simbolicamente todos os pecados do povo.
Se isso acontecesse, alguém levava o bode até a beira de
uma rocha e o jogava de lá, de modo que ele não pudesse
mais voltar.
Quero mostrar a você uma diferença importante aqui. A
palavra grega para o pagamento feito pelo bode sacrificial é
lutrosis. Mas quando o povo queria falar de um pagamento
que uma vez feito manteria os pecados para sempre afastados,
a palavra grega era fortalecida com apolustrosis.
Quando Paulo referiu-se à “redenção que há em Cristo
Jesus” (Rm 3.24), ele empregou a palavra apolustrosis. Significa
que nossos pecados foram jogados rocha abaixo, e nunca
mais voltarão.
Por isso é que não podemos perder a nossa salvação. Uma
vez salvos, nossos pecados nunca mais serão apresentados de
novo contra nós no que se refere à nossa entrada no céu. A
morte de Cristo é uma garantia disso.
Quando eu me colocar diante de Deus e ele disser-, “Evans,
por que eu deveria deixá-lo entrar no céu?”, minha única resposta
será;-“Meus pecados foram lavados pelo sangue do teu Filho, e
tu me disseste que nunca mais voltarão”. Eu deixarei que o
sangue de Jesus fale em meu lugar!
Por isso é que Jesus pôde dizer ao ladrão na cruz; “Em
verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23.43).
Como poderia esse homem aceitar Cristo e receber a garantia
do céu apenas horas antes de morrer? Porque não somos salvos
pelas nossas obras de justiça.
A pessoa que tentou viver uma vida correta por setenta anos,
mas nunca aceitou a Cristo, ficará perdida durante toda a
eternidade, enquanto um ladrão que confessa ao morrer irá
para o céu. Isso não parece lógico para a maioria das pessoas
porque não estão utilizando o padrão de julgamento de Deus.
Eu sempre digo — e volto a repetir aqui — que as pessoas
gostam de pensar que Deus avalia pela média, Mas o problema
com a média é o estudante que tem “D”, e acaba com a média.
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Não somos avaliados pela média quando se trata de santidade
porque Deus é perfeitamente santo e não pode se envolver
com o pecado. Mas, mesmo se fôssemos, Jesus acabou com a
“média” do pecado porque viveu uma vida perfeita. Antes da
vinda de Cristo, pensávamos estar bem porque nos compará­
vamos uns com os outros. Jesus acabou com a média, mas pagou
a penalidade pelo nosso fracasso de alcançar o padrão de Deus.

O perdão

Para ir para o céu, você precisa ser perdoado. É disso que


trata Romanos 10.9,10:

Se com a tua boca confessares a Jesus como Senhor, e em teu


coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás
salvo. Pois com o coração se crê para a justiça, e com a boca se
faz confissão para a salvação.

A morte de Cristo satisfez as exigências de Deus contra o


pecado de todos, em qualquer tempo. Contudo o sacrifício de
Cristo só beneficia àqueles que o aceitam. Ele é suficiente para
todos, mas é eficiente apenas para aqueles que crêem.

A ceitand o o perdão
Jesus Cristo providenciou o sacrifício, mas temos de aceitar
o perdão de Deus. Paulo diz que devemos crer “com o coração”.
Isso significa que sua mãe não pode crer em seu lugar. Seu pai
não pode vir a Cristo em seu lugar. Seu pastor não pode conferir-
lhe a salvação. Você tem de decidir-se por Cristo pessoalmente.
Crer em Jesus é muito diferente de crer nos fatos a respeito
de Jesus. Crer em Jesus exige que personalizemos nossa
confiança nele. Jesus é Senhor, mas temos de confessá-lo nós
mesmos para sermos salvos. Ele ressuscitou dos mortos, mas
temos de crer nisso por nós mesmos e aceitar o testemunho de
Deus de que a morte de Jesus foi suficiente para o nosso pecado.
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A p rova do perdão
Isso é O que a ressurreição representa. A ressurreição prova
que Deus aceitou o pagamento de Jesus. Ele foi ressuscitado
“para a nossa justificação” (Rm 4.25). Se Jesus Cristo ainda
estivesse morto hoje, não poderia ser o nosso Salvador.
A ressurreição distingue Jesus Cristo de todos os outros que
reivindicam mostrar às pessoas o caminho a Deus. Buda, onde
você está? Maomé, fale se estiver vivo. Confúcio, dê-nos outro
provérbio se tem alguma coisa a dizer.
A Bíblia diz que Jesus saiu da sepultura e se apresentou aos
apóstolos, a quinhentas pessoas em outra ocasião, e finalmente
a Paulo (IC o 15.5-8). A ressurreição é o recibo divino que
prova que o pagamento de Cristo pelos nossos pecados foi
feito e totalmente aceito.
Você tem de crer que Deus ressuscitou Jesus dos mortos,
porque um Salvador morto não pode salvá-lo. Não ponha sua
esperança em pessoas mortas. Se fossem tão boas, não estariam
mortas. Você tem de colocar a sua esperança em um Salvador
vivo, Jesus Cristo. Apenas ele pode lhe oferecer um perdão
que faz diferença para Deus. O Senhor garante perdão a todo
aquele que vai a ele através de Cristo, que é o único Mediador
entre Deus e o homem (ITm 2.5).

Nosso “ árb itro ”


Jó , o patriarca do Antigo Testam ento, aguardava um
Mediador assim. Ele disse: “Ele [Deus] não é homem, como
eu, a quem eu responda, vindo juntamente a juízo. Não existe
árbitro entre nós que ponha a mão sobre nós ambos” (Jó
9.32,33).
Jó tinha um problema. Ele estava dizendo: “Eu sou um
homem pecador que está tentando alcançar um Deus perfeito.
Eu preciso de um árbitro que possa se colocar entre nós. Eu
preciso de alguém que seja igual a mim e entenda como eu me
sinto, mas também preciso de alguém que seja como Deus e
entenda como ele se sente. Este árbitro pode tomar minha mão
e a mão de Deus e nos reunir”.
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É o que Jesus Cristo fez por nós. Ele é nosso “árbitro” para
resolver a questão do pecado com Deus e nos reunir. Ele sabe
como nos sentimos porque foi homem. Ele sabe como Deus se
sente porque é Deus. Jesus é o Deus-homem que pode oferecer-
nos perdão de Deus e garantir esse perdão através de sua morte
na cruz e sua ressurreição dos mortos.
Se você já esteve diante de um tribunal por causa de
transgressão no tráfego, sabe o que é ouvir o juiz declará-lo
culpado e anunciar a multa a ser paga. Mas provavelmente
você nunca viu um juiz abandonar a cadeira dele, puxar a sua
própria carteira, pagar a sua multa, e então voltar ao seu lugar
para declará-lo perdoado porque a penalidade já foi paga!
É exatamente o que Deus fez por nós em Jesus Cristo. Nós
estamos diante de Deus, o Juiz eterno no céu, e ele nos declarou
culpados. Uma vez que não temos nada com que pagar a nossa
multa, ele deixou a cadeira do tribunal no céu e assumiu a
humanidade na Pessoa de Cristo para que pudesse morrer para
pagar pelos nossos pecados.
Então ele ressuscitou dos mortos três dias depois e voltou
ao céu. Agora ele pode dizer a qualquer um que se lança sobre
a misericórdia de Deus: “Eu não posso mudar a lei, mas posso
pagar o preço”. Isso significa que não há nada mais para
fazermos a não ser aceitar o pagamento e sair do tribunal do
céu como pessoa perdoada!
Esta é a mensagem básica do evangelho. Ela é boa demais
para a guardarmos apenas para nós. Por isso Jesus nos disse
para ir a todo o mundo e anunciar as boas novas a quem
quiser ouvir. A evangelização é uma necessidade absoluta para
as pessoas serem salvas, e se quiserm os ser discípulos
autênticos de Cristo.

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Ó contexlp gjpiTOui
da evangelização 18

Sabia que você nasceu de novo para se reproduzir? Você foi


salvo para multiplicar-se. Deus criou a igreja com o propósito
de reproduzir a vida de Cristo na vida dos seres humanos como
eu e você. É plano dele que os membros da igreja, que é o seu
corpo, reproduzam-se. Se não houver reprodução, não há
discipulado.
Como vimos repetidas vezes, somos chamados para fazer
discípulos. Um discípulo é um seguidor amadurecido, e em
crescimento, de Cristo. Mas para que os discípulos possam crescer
e amadurecer, precisam nascer. Por isso a evangelização é um
dos imperativos absolutos do discipulado.
Falamos do conceito e do conteúdo da evangelização, o
que significa que estamos preparados para discutir o contexto
da evangelização. Realmente não tenho nenhuma surpresa aqui.
O contexto ordenado por Deus no qual a evangelização foi
planejada para realizar-se é a igreja local. Já estabelecemos que
a igreja é o contexto no qual todos os quatro imperativos devem
realizar-se.
Neste capítulo quero examinar essa verdade um pouco mais
e demonstrar que, dentro da igreja propriamente dita, certas
coisas têm de acontecer para que a evangelização se faça
presente e seja eficaz. A tese deste capítulo é que deve haver
uma expansão interna e apropriada da igreja para que haja
uma expansão externa dinâmica e eficaz.

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Salvos para reproduzir

Se a reprodução espiritual não estiver ocorrendo regularmente


em uma igreja, alguma coisa está errada. Nascemos para nos
multiplicar, somos salvos para nos reproduzir. Quando um casal
não pode ter filhos, os cônjuges vão ao médico, porque alguma
coisa está errada.
Quando uma igreja deixa de reproduzir novos crentes, temos
de perguntar por quê. Quando a igreja é sadia e trabalha ade­
quadamente, transforma-se, como sugeri em um capítulo
anterior, em uma maternidade onde se ouvem os chorinhos
dos recém-nascidos em Cristo.
Podemos alterar um pouquinho a imagem e dizer que a
igreja é uma incubadora para os crentes, o ambiente no qual
crescemos e nos desenvolvemos. Exatamente como uma família
sadia prepara seus filhos para serem pais um dia, uma igreja
sadia capacita os filhos de Deus a se tornarem pais espirituais.
A evangelização, no entanto, não acontece em um vácuo.
Uma igreja fraca em outros pontos essenciais não pode esperar
manter um m inistério de evangelização sadio, porque a
evangelização nasce de um compromisso da igreja de adorar,
de ter comunhão e de ler as Escrituras.
Deixe-me mostrar-lhe como tudo isto se relaciona, levandp-
o de volta mais uma vez a Atos 2.42-47. Eu sei que examinamos
essa passagem várias vezes, mas quero examiná-la de uma
perspectiva um pouquinho diferente agora. Estes versículos de­
monstram como a expansão interna da igreja gera a expansão
externa. A igreja em Jerusalém definitivamente sabia como “fazer
uma igreja”!
Lembre-se de que essa igreja passou por um crescimento
explosivo no mesmo dia em que nasceu (2.41), e esse cresci­
mento continuou incessantemente por dias e semanas sem fim.
A igreja em Jerusalém estava se reproduzindo tão depressa que
crentes novos ficavam amontoados nas portas e janelas.
Compare os versículos 41 e 47 de Atos 2 e você verá uma
coisa interessante. A igreja começou com três mil conversões
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' ( \
o CONTEXTO DA EVANGELIZAÇÃO \327 j

(v. 41), e o versículo 47 diz que “todos os dias acrescentava o


Senhor à igreja aqueles que iam sendo salvos” (grifo do autor).
Essa igreja estava cheia devido à evangelização. A multiplicação
espiritual era um modo de vida para aqueles discípulos.

Algumas observações

Antes de examinarmos por que a igreja de Jerusalém tinha


um trabalho de expansão tão eficaz, quero fazer algumas
observações sobre evangelização e multiplicação espiritual a
partir desse texto.

Evangelização im ediata
Uma das coisas mais interessantes para mim sobre a situação
em Jerusalém é que as pessoas estavam sendo salvas tão depressa
que devia haver cristãos relativamente novos levando outras
pessoas a Cristo. A igreja era muito jovem para ter algum “antigo”
que já estivesse na fé há anos. Isso me assegura que você não
precisa ser cristão há dez anos para começar a se reproduzir.
Sim, há muita coisa para os crentes novos aprenderem. O
crescimento precisa acontecer, mas a agenda de Deus para a
igreja inclui a evangelização, e uma pessoa pode começar a
falar de Cristo aos outros no dia em que é salva.

N ão há necessidade de program as
Também é digno de nota que a igreja de Jerusalém não
tinha muito tempo para desenvolver programas de treinamento
e estratégias de evangelização elaborados. Não há nada de errado
com programas e estratégias. A igreja de hoje ganha da igreja
primitiva quando se trata disso. Mas aqueles discípulos primitivos
tinham uma coisa da qual hoje sentimos falta muitas vezes. Eles
estavam cheios do Espírito Santo. Você pode diminuir os pro­
gramas quando estiver cheio do Espírito. Você pode passar
sem uma porção de estratégias quando o Espírito Santo está
ungindo e dando poder ao seu testemunho.
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Sem crentes rejeitados
Aqui está outra observação que é importante frisar. Observe
a frase “à igreja” no versículo 47. Conforme as pessoas eram
salvas em Jerusalém, elas eram acrescentadas à igreja. Na
verdade, esta frase ou alguma coisa muito semelhante ocorre
diversas vezes por todo o livro de Atos.
Em outras palavras, não havia uma coisa tal como um crente
“sem igreja” no Novo Testamento. Este fato é determinante para
o princípio central deste livro, princípio esse que vou tentar
demonstrar: o discipulado deve ser exercido no contexto da
igreja local.
Quando os cristãos dizem que não precisam de igreja, não
sabem do que estão falando. Eles precisam da igreja assim como
um dedo precisa de um corpo. Se um dedo for destacado da
mão, vai parar de funcionar.
O motivo por que tantos crentes não não exercem suas funções
adequadamente é que estão separados do corpo maior de Cristo.
Eles não têm nervos nem vasos sangüíneos, nem linha de
suprimento trazendo os nutrientes espirituais de que precisam,
nem estão eliminando as toxinas que produzem.
No corpo humano, há um nome para as células rejeitados
que saem e vivem sozinhas em vez de funcionar em harmonia
com todas as outras células no corpo. Nós as chamamos de
células cancerosas.
O terrível sobre o câncer é que uma célula renegada não se
contenta em rebelar-se sozinha. Começa a se reproduzir e a
reunir outras células ao redor de si. Conforme as células crescem,
elas formam um caroço que normalmente se configura como o
primeiro sinal da doença.
Se a situação consegue persistir por bastante tempo, essas
células rejeitadas enviam células a outras partes do corpo, onde
também se reproduzem, espalhando assim o câncer. Este então
cria uma metástase, tornando muito mais difícil — em alguns
casos, impossível — o tratamento.
Isto é o que freqüentemente acontece no corpo de Jesus
Cristo, e é o tipo errado de multiplicação espiritual. Mas o perigo
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: / ••

de um câncer espiritual se desenvolver não nega o fato de que


os crentes nasceram para se reproduzir.

Espalhados pelo m undo


Na verdade, se você examinar os versículos iniciais de Atos
8, verá que Deus permitiu uma “grande perseguição” contra a
igreja em Jerusalém. Parece que os crentes estavam começando
a se acomodar.
Jesus lhes dissera que fossem por todo o mundo e pregassem
o evangelho. Deus queria que eles se espalhassem, se multi­
plicassem em cada esquina do Império Romano. Por isso o
Senhor permitiu uma perseguição, para que saíssem de seu
local confortável, e a igreja recebeu a mensagem: “Mas os que
andavam dispersos iam por toda a parte anunciando a palavra”
(At 8.4).
Essas pessoas não tinham necessidades pessoais? Estou certo
de que tinham. Alguns deles não estavam sofrendo emocio­
nalmente? É provável que sim. Suas necessidades e seus sofri­
mentos não eram importantes para Deus? Claro que eram. Não
quero diminuir um til da realidade das lutas que muitos crentes
enfrentam. Mas quando focalizamos demais o íntimo, quando
os nossos problemas e as nossas necessidades impedem que
busquemos os outros e nos multipliquemos através da evan­
gelização, tenhamos certeza de uma coisa: Satanás nos “drogou”.
Ele pode nos tornar espiritualmente tão sonolentos por causa
de auto-análise que esquecemos que há um mundo cheio de
pessoas caminhando para o inferno. Deus nos salvou para nos
multiplicarmos.

Uma sadia “ expansão interna”

Com estas observações como pano de fundo, vamos voltar


para Atos 2 e ver o que aconteceu entre os versículos 41 e 47
que tornou a igreja de Jerusalém tão bem-sucedida e tão
dinâmica quando se tratava de evangelização. Como a igreja se
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tornou esse tipo de corpo em crescimento, em reprodução?
Que tipo de expansão interna ocorria na igreja em Jerusalém
que produzia uma expansão externa tão explosiva?

U m a devoção sadia
Uma vez que já passam os por estes versículos para
identificação dos componentes essenciais do discipulado, não
precisamos repeti-los aqui. O que eu desejo focalizar é a primeira
metade do versículo 42, em que o escritor menciona que os
discípulos “perseveravam ”ignío do autor) nos princípios básicos
das Escrituras, da comunhão e da adoração.
Dedicar-se a alguma coisa significa entregar-se inteiramente
a ela. O segredo do dinamismo da igreja de Jerusalém era sua
total devoção às coisas que criavam uma forte “expansão in­
terna”. Os discípulos tinham forte constituição espiritual porque
eram fortalecidos pela Palavra, pela comunhão bíblica ou
coinonia, e pela adoração. Isso formava o contexto de sua
obra evangelística.
Em outras palavras, eles não passavam simplesmente pelos
movimentos exteriores de “brincar de igreja”. Eles estavam
profundamente comprometidos com a obra de Cristo. Quero
rever bem rápido cada um desses princípios para descobrir o
que significa estar “perseverando” nas Escrituras, na comunhão
e na adoração.

D e d ic a d o s à s E scrituras. Estes discíp ulos prim itivos


perseveravam “na doutrina dos apóstolos”. Queriam aprender.
Queriam saber quem Jesus era e o que significava a vida cristã.
Sua situação era dramaticamente diferente da nossa sob dois
aspectos. Primeiro, não dispunham ainda do Novo Testamento
escrito. Estavam recebendo a Palavra em primeira mão,
diretamente da boca dos apóstolos!
Isso deveria ser interessante, mas esses crentes não podiam
ir para casa, abrir suas Bíblias e 1er a revelação final de Deus.
Eles se apegavam a cada palavra que os apóstolos enunciavam,
porque era o seu alimento espiritual. Nós temos toda a Palavra
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de Deus, convenientem ente encadernada em um simples
volume. Quão maior não deveria ser a nossa dedicação em
descobrir o que Deus tem a dizer?
Um segundo aspecto bastante diferente para esses discípulos
é que tudo quanto lhes ensinavam a respeita da igreja e sua
nova vida em Cristo era informação nova para eles. Não podiam
dizer: “Ah, sim, já ouvi uma porção de sermões sobre esse
assunto”.
Para alguns de nós, as verdades de nossa fé se tornaram
uma “antigüidade”. Ouvimos a verdade por tanto tempo que já
não nos atinge mais com a força que deveria. Precisamos ter
cuidado para não permitir que a nossa familiaridade com as
Escrituras se transforme em desprezo ou complacência para
com a verdade.
Eu já disse antes, mas é bom repetir; ninguém pode tornar-
se um discípulo amadurecido de Jesus Cristo se desconhece a
Palavra. O conhecimento das Escrituras não se adquire por
osmose. Você não pode colocar a Bíblia embaixo do travesseiro
na esperança de que a verdade penetre no seu cérebro.
Você tampouco pode ler as Escrituras do mesmo jeito que lê
o manual de montagem da bicicleta do seu filho. Todos nós sa­
bemos como são esses livrinhos. Se você for como eu, dará uma
olhada e perceberá que nunca vai ler tudo. Por isso começa a
pular de um lugar para outro, tentando encontrar as instruções
básicas, ã procura de atalhos, e desejando o tempo todo estar
fazendo alguma outra coisa. Quando você finalmente consegue
montar a bicicleta, joga o manual na prateleira da garagem,
esperando não ter de consultá-lo nunca mais.
Alguns entre nós não estão progredindo espiritualmente porque
não estão perseverandonas Escrituras. Não se trata de incapacidade
para aprender; não têm o impulso interior para aprender o que
Deus disse e o que ele espera de nós. Os discípulos de Jerusalém
dedicavam-se a ouvir e a obedecer ã Palavra de Deus.

D ed ic a d o s à com u n h ão. Esses discípulos tam bém se


dedicavam ã comunhão (v. 42). Sabemos que a palavra coinonia

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\

guarda relação com o que é mantido em comum. Muitas vezes


empregamos a palavra compartilhar.
Parte de sua comunhão encontra-se descrita em Atos 2.44,45,
em que lemos que os discípulos tinham todas as suas coisas em
comum e as partilhavam livremente com qualquer um que
tivesse uma necessidade. Isso é dedicar-se à comunhão!
Não podemos legislar esse tipo de partilhamento, que foi
naturalmente um dos grandes erros do comunismo. Os comu­
nistas tentaram forçar as pessoas a um estilo de vida em que o
Estado reunia os verdadeiros direitos a tudo, e ninguém possuía
de fato direito de escolha.
O comunismo foi um triste fracasso principalmente porque
era um sistema falido sob aspecto espiritual. Mas também
revelou-se um triste fracasso econôm ico porque o que o
comunismo tentou fazer não era o que Deus tinha em mente.
O incidente em Atos 5 com Ananias e Safira nos lembra que
as pessoas ainda mantinham direitos sobre suas propriedades
até que voluntariamente, sob a orientação do Espírito Santo,
entregassem essas propriedades ã igreja (At 5.4).
Embora os discípulos tivessem de entregar os direitos de suas
propriedades para atender às necessidades da igreja, isso não
constituía um problema porque estavam comprometidos com o
bem maior da família de Deus. Eles perseveravam na comunhãp-
Não é esse o tipo de espírito que tentamos instigar em nossas
famílias, e especialmente em nossos filhos? Queremos criar uma
atmosfera de partilhamento, um sentimento de que mesmo que
esse objeto ou esse brinquedo pertença a uma criança em
particular, ela está pronta a partilhá-lo, ou mesmo desistir dele,
se o bem-estar da família o exigir.
Isso é coinonia. Entendemos que temos o que temos apenas
porque nosso Pai celestial o “comprou” para nós — quer sejam
propriedades materiais, quer bênçãos espirituais. Portanto,
precisamos ser “generosos em dar e prontos a repartir” (ITm 6.18).

D edicados à adoração. A perseverança da igreja de Jerusalém


na adoração está evidente em Atos 2.46: “Perseverando unânimes

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o CONTEXTO DA EVANGELIZAÇÃO (S S S
---------- -------------------- ---- ---------- _ _ _ _ _ _ _ _ —

todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam


juntos com alegria e singeleza de coração”.
Eis aí adoração formal e informal. A igreja se reunia no templo
para adoração conjunta, que poderíamos chamar de culto
dominical de adoração. Então os membros iam de casa em casa
para mais adoração informal, descentralizada. Isso incluía
comunhão, o “partir do pão” e uma refeição que era chamada
de “festa do amor”. Lembre-se, a igreja em Jerusalém tinha milhares
de membros mesmo nos seus primeiros dias de existência;
portanto, tratava-se de um grande número de pessoas.
Não havia jeito de toda a igreja reunir-se em uma casa,
por isso mantinham reuniões nas casas por toda a cidade.
Em outras palavras, embora a igreja de Jerusalém fosse muito
grande, eles não permitiam que o tamanho dela fosse pretexto
para diminuir a sua adoração. Eles tomavam providências
para adoração conjunta e para adoração em grupos menores,
mais íntimos.
Hoje, de vez em quando, ouvimos que uma determinada igreja
é grande demais para uma adoração significativa. Não ouvimos
ninguém na igreja de Jerusalém se queixar disso. Mesmo em
uma- igreja grande como a de Jerusalém, havia lugar para as
pessoas se envolverem em um grupo menor no qual pudessem
experimentar envolvimento pessoal. Chame isso de classes de
Escola Dominical, grupos de pastoreamento, células de interesse,
ou do que você quiser.
A questão é que todo o que se dedica ã adoração vai encon­
trar um lugar para adorar na igreja. O problema não está no
tamanho da congregação. Está na profundidade de sua devoção.

U m testem unho sadio


Um contexto final para a evangelização se encontra em
Atos 2.47, em que Lucas conta que a igreja estava “caindo na
graça de todo o povo”. As pessoas fora da igreja em Jerusalém
tomavam conhecim ento daqueles cristãos. Os incrédulos
diziam: “Aquelas pessoas são diferentes. Há alguma coisa es­
tranha neles”.

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Precisamos nos perguntar se alguém está dizendo isso de
nós. Os discípulos afetaram toda a cidade de Jerusalém com o
seu modo de vida, e as pessoas não podiam negar o teste­
munho deles.
Os crentes estavam para cair no desfavor dos líderes judeus,
mas isso é outra história. Os líderes não gostavam da igreja porque
ela ameaçava os interesses adquiridos. Mas o povo em geral
sabia que esses cristãos eram gente séria.

Uma expansão externa dinâmica

Tendo acabado de ler Atos 2.42-47a, chegamos à declaração


de que o Senhor estava acrescentando novos crentes ã igreja
todos os dias. O Senhor acrescentava novos crentes quando
eles saíam para fazer de casa em casa o que faziam no templo.
Eles o tornaram público. O Senhor acrescentava quando eles
entendiam que tinham sido salvos e incluídos na família da
igreja para serem vasos através dos quais Cristo poderia se
reproduzir.

C rescim ento d iário


Você já deve ter notado que a frase “todos os dias” também
aparece no versículo 46, no contexto dos quatro elementos
que estamos examinando neste livro. Isto responde ã pergunta
sobre a fonte do poder da igreja para influenciar vidas e ganhar
pessoas para Cristo todos os dias.
Em outras palavras, os crentes estavam adorando, tendo
comunhão, aprendendo e crescendo diariamente, de modo que
viam os resultados todos os dias. Havia uma relação direta entre
o desenvolvimento interno e a expansão externa.
Isto não significa necessariamente que cada cristão ganhava
alguém para Cristo todos os dias.
Tenho dito muitas vezes aos crentes da Comunidade Bíblica
de Oak Cliff que, dado o tamanho de nossa igreja, não deveria
passar-se um dia sem que alguém da igreja tocasse outro em
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Dallas com as boas novas de Jesus Cristo. Deveria haver um
testemunho que se refletisse em nós todos os dias com uma
alma salva ou uma vida transformada.

Um desafio evangelístico
Nos Estados Unidos, Deus deu à igreja tanta coisa que
seria pecado guardar para nós mesmos o que temos, cingir
nossos mantos ao nosso redor e dizer que tudo isso é apenas
nosso.
Deveríamos estar tendo sonhos sobre o que Deus pode fazer
por nosso intermédio para ganhar este mundo para Cristo. Eu
sou um sonhador. Sonho com coisas inexistentes como se
existissem. Provavelmente não realizarei todos os meus sonhos
por causa das limitações do tempo, mas creio que seria errado
parar de sonhar e de pedir a Deus para fazer grandes coisas
pelo seu reino através de nós.
Eu não estou falando apenas do crescimento numérico da
igreja. Estou falando do Espírito de Deus mudando nossas vidas
através de uma expansão dinâmica da igreja.
Minha oração por nossa igreja em Dallas e pela igreja nos
Estados Unidos é que não nos voltamos para dentro de nós
mesmos, nos auto-satisfazendo. Não podemos nos dar o luxo
de ser complacentes quando ainda há milhares de pessoas só
nos EU A que estão caminhando para o inferno. Não temos muita
coisa de que nos vangloriar quando há pessoas em nossos bairros
a quem ainda não apresentamos Jesus.
O maior elogio que alguém pode me fazer como pastor não
é dizer “Que sermão bom!”, ainda que eu goste do incentivo. O
maior elogio que eu poderia receber seria alguém dizer: “O
que você está fazendo em Oak Cliff está modificando vidas
para Jesus Cristo”. Isso é um verdadeiro elogio. Isso significa
que a mensagem está se tornando pública. Saiu da segurança
do santuário. As pessoas a estão levando além da segurança
dos bancos, para fora, para o mundo.

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Os componentes
da expansão externa

o contexto em que a evangelização deve acontecer não é


um mistério. A evangelização é o crescimento natural e o
transbordamento de uma igreja que tem uma expansão interna
vital e dinâmica, através da experiência dos imperativos de
adoração, comunhão e Palavra.
Isto acontece porque este tipo de igreja está cheia do Espírito
Santo, e quando os crentes estão cheios do Espírito, a
evangelização é natural.

O Espírito Santo e a evangelização


O enchim ento do Espírito também ajuda a explicar a
evangelização dinâmica que acontecia na igreja de Jerusalém.
Jesus dissera aos seus discípulos que aguardassem a vinda do
Espírito (At 1.8). Quando ele veio, esses crentes não saíram
simplesmente para dar testemunho; eles foram transformados
em testemunhas. Há muita diferença entre aquelas duas realidades.
O motivo por que a igreja precisa se esforçar hoje para levar
os crentes a falarem de sua fé é que a evangelização degenerou
em um programa a ser executado, em vez de ser uma característica
do que somos. Se a evangelização é apenas um programa, quando
ele acaba, a evangelização também acaba. Mas quando o Espírito
o imnpressiona, você se torna uma testemunha.
Depois da ressurreição, Jesus tornou claro aos discípulos
que o ministério deles seria uma extensão do seu próprio
ministério ao dizer-lhes: “Assim como o Pai me enviou, eu vos
envio” (Jo 20.21).
A questão é, como o Pai enviou o Filho? Jesus respondeu-
nos essa pergunta em João 17.18 em sua oração ao Pai: “Assim
como tu me enviaste a o mundo, também eu vos envio ao
mundo” (v. 18, grifo do autor).
O Pai enviou Jesus “ao mundo”. Jesus não fez evangelização
a longa distância, dos céus. Deus não escreveu a mensagem do
evangelho nos céus. Jesus “armou uma tenda” entre nós
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assumindo a forma humana (Jo 1.14). Ele se tornou como nós
para que pudesse revelar Deus a nós (Jo 1.18).
Em outras palavras, como discípulos de Jesus temos de ir ao
reino dos não-regenerados a fim de proclamar a Cristo. Não
devemos nos esconder na igreja ou nos tornarmos parte de um
gueto evangélico. Os discípulos de Jesus devem ir onde os in­
crédulos estão e pregar as boas novas do evangelho.
Infelizmente muitos cristãos estão dependendo de profis­
sionais para fazer a obra da evangelização para eles. Em vez de
equipar o povo de Deus para ir, às vezes a igreja está incen­
tivando-o a ficar. Todas as semanas os cristãos ficam sentados,
em panturrando-se, transform ando-se em consum idores
espirituais sem se tornarem transmissores do evangelho.
Isto reflete um profundo problema espiritual, a ausência
da dinâmica do Espírito. Quando o Espírito assumir o controle,
os crentes serão com o Cristo, entrando no mundo dos
incrédulos com o evangelho, como transbordamento natural
do poder do Espírito.

U nid ad e e evangelização
Além de enviar os seus discípulos ao mundo dos incrédulos
Jesus orou em João 17 “para que todos sejam um, como tu, ó
Pai, o és em mim, e eu em ti. Que eles também sejam um em
nós, para que o mundo creia que tu me enviaste” (v, 21).
Em outras palavras, seria a unidade dos discípulos de Jesus,
e portanto a unidade da igreja, que forneceria um contexto
maior para o sucesso da evangelização. Este é um motivo para
a forte ênfase na unidade, na igreja primitiva.
No Dia de Pentecostes, os crentes “estavam todos reunidos
no mesmo lugar” (At 2.1). Sabemos que eles tinham todas as
suas propriedades em comum. A unidade da igreja era tão
importante que quando uma questão doutrinária ameaçou dividir
os discípulos, eles fizeram um concílio eclesiástico (At 15).
Isto mostra por que Satanás perde tanto tempo semeando
discórdia entre os crentes. Ele sabe que Deus não vai operar
em um contexto de desunião.
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Nosso fracasso em distinguir entre membresia e comunhão
aumentou o problema da desunião. A membresia em uma certa
denom inação ou grupo normalmente se fundamenta em
diferenças doutrinárias, mas a comunhão se fundamenta em
nossa fé comum em Cristo e sua obra concluída na cruz. Nós
podemos ter comunhão com os crentes a cujo grupo particular
não nos filiaríamos nunca.
Quando os crentes estão unidos, a evangelização é um resul­
tado natural. Isto, eu creio, explica o sucesso de algumas organi­
zações que vão bastante além das linhas denominacionais.
O Espírito de Deus foi liberado para operar porque pessoas
com diferentes pontos de vista sobre algumas questões se
reuniram na comunhão do evangelho. A igreja em Atos praticava
evangelização sem precedentes porque possuíam unidade fora
do comum. E era através dela que o Espírito tinha liberdade
de fluir.

A utorid ad e e evangelização
Observe também que depois de dizer a seus discípulos que
os estava enviando ao mundo, Jesus acrescenta: “Recebei o
Espírito Santo” (Jo 20.22). Mesmo antes do Pentecostes, Jesus
deixou claro que suas ordens e instruções evangelísticas ficam
sem poder se não tiverem a presença do Espírito. Por outro
lado, a presença do Espírito proveria autoridade na evange­
lização (v. 23).
No capítulo 16 falamos do que significa perdoar e reter
pecados, por isso vou apenas mencionar este versículo aqui.
Quando a igreja obedecer ã ordem de Jesus — o que implica
ir aonde os pecadores estão como um corpo unido que opera
no poder do Espírito - experimentaremos autoridade espiritual.
Mas esse envolvimento não é apenas pessoal, faz parte da missão
da igreja local. A igreja deveria fornecer o fervor pela evange­
lização através de um ambiente dinâmico de culto, comunhão
e Palavra.
Diante disso, o mundo dos não-remidos se tornaria um
lugar onde o fogo espiritual se desencadearia, de modo que

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as pessoas ficariam perplexas com a graça de Deus transmitida
por um corpo unido de santos no poder do Espírito de Deus.
Quando isto acontecer, como os crentes em Atos, veremos
Deus acrescentando à igreja diariamente aqueles que estarão
sendo salvos.

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A recompensa CAFfTUOF
da evangeí|zação
19

Chegamos ao trecho final de nossa jornada para descobrir o


que é mais importante. Estamos no ponto em que temos de
fazer a mesma pergunta que fizemos quanto à adoração, à
comunhão e às Escrituras: Qual é a recompensa? De que forma
seremos recompensados ao levar a evangelização a sério e ao
assumir o compromisso de sermos testemunhas do evangelho
em obediência à ordem de Cristo?
Somos recompensados de muitíssimas maneiras! Neste
capítulo, quero sugerir quatro benefícios maravilhosos que nos
aguardam quando seguimos a Cristo como seus discípulos
praticando a evangelização bíblica.

O evangelho libera o poder de Deus

o apóstolo Paulo escreveu em Romanos I . I 6: “Não me enver­


gonho do evangelho, pois é o poder de Deus para a salvação
de todo aquele que crê”.
O primeiro benefício que você vai colher falando aos outros
do evangelho é a liberação e percepção do poder de Deus. Por
isso Paulo diz que não devemos nos desculpar pelo evangelho.
Por que desculpar-se pela liberação do poder e da bênção de
Deus na vida de alguém? Não é motivo para nos desculparmos.
Não ouvi ninguém se desculpando ou se envergonhando
do seu estilo de vida. Vivemos em uma época em que as pessoas

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exibem publicamente suas maldades. O sentimento de vergonha
que costumava caracterizar o pecado foi perdido. Agora as
pessoas o levam para as ruas.
O que estou dizendo é que precisamos ter a mesma ousadia
com o evangelho, porque as pessoas mais do que nunca hoje
precisam da mensagem do evangelho. Na verdade, ninguém
pode experimentar o poder de Deus longe do evangelho. Por
quê? O evangelho, as boas novas sobre Jesus Cristo, é a
mensagem que difunde o poder de Deus na vida do homem. É
nele que uma pessoa presa pelo pecado pode encontrar perdão
e libertação.
O misticismo não tem poder para isso. Você não pode tele­
fonar para um psicólogo e encontrar o poder de Deus de que
precisa. A meditação não vai liberar o poder dele dentro da
pessoa. O “evangelho” da Nova Era é simplesmente a mentira
muito antiga do inimigo. Não há libertação do pecado na Nova
Era. Apenas o evangelho de Jesus Cristo pode libertar as pessoas.
Você conhece alguém que precisa do poder de Deus em sua
vida para libertar-se da maldição e escravidão do pecado? Então
você precisa falar-lhe do evangelho. Apenas a morte de Jesus,
como agamento pelos pecados dessa pessoa, e a ressurreição
de Cristo como garantia da aceitação desse pagamento por Deus,
produzem salvação. É uma prioridade absoluta que procla­
memos aos outros estas boas novas.

O s “ tem pos” da salvação


Em Romanos 1.16, Paulo nos diz claramente o propósito
para o qual o poder de Deus foi ativado no evangelho. Esse
propósito é a salvação de todo aquele que crê. O poder no
evangelho é o poder para salvação. Na Bíblia, a palavra salvação
significa ser libertado de alguma coisa.
Deixe-me lembrá-lo como o evangelho é poderoso para a
salvação revendo rapidamente o que eu chamo de três tempos
da salvação. Esse material pode lhe ser familiar, mas é importante
lembrar o que Deus está propondo às pessoas quando ele lhes
oferece o evangelho através de nós.
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A salvação apresenta três aspectos diferentes, o primeiro
dos quais é a salvação da p en alid ad e do pecado. Isto se chama
justificação, e resolve o passado.
Definimos a justificação em um capítulo anterior como a
declaração legal de Deus de que somos agora justos aos seus
olhos. O tempo passado da salvação anula o “certificado de
dívida” que foi afixado contra nós no céu em razão de nossos
pecados (Cl 2.14). Por causa do sacrifício de Cristo, os crentes
jamais terão de enfrentar o castigo eterno pelos seus pecados.
A salvação também tem um tempo presente, nosso livramento
do p o d er do pecado. Isso é chamado de santificação, que na
realidade é o que estivemos discutindo neste livro. A santificação
está relacionada ao nosso crescimento em Cristo, o processo
através do qual nos tornamos cada vez mais parecidos com ele.
Você não pode ser um discípulo de Jesus sem crescer na fé.
Então temos o tempo futuro da salvação, que a Bíblia chama
de ser “glorificado” (Rm 8.30). É o dia que ainda aguardamos,
quando Cristo virá nos buscar e nos libertará da própria presença
do pecado.
Você vê alguma coisa do que se envergonhar? Você vê algum
motivo para gaguejar ou ser tímido ao contar ãs pessoas o que
Cristo fez e o que ele lhes oferece? Eu também não vejo.
As pessoas não-salvas não gaguejam ao praguejar. Falam
com desenvoltura. Elas não trocam os pés pelas mãos nem
pigarreiam ao contar piadas sujas. Elas não se envergonham
do mal. Eu e você não precisamos ter vergonha do evangelho.
Imagine os benefícios de ver um pecador destinado ao in­
ferno fazer meia-volta e entrar na estrada do céu. É uma
recompensa eterna!
As pessoas ao nosso redor estão perdendo o poder
transformador de vidas do evangelho porque muitos de nós,
cristãos, temos vergonha do evangelho. Sentimo-nos embara­
çados quando nos identificam com Cristo, exceto aos domingos
na igreja, quando é seguro.
Tenho certeza de que se eu lhe perguntasse se você quer
ver alguém salvo, você responderia: “Naturalmente.” Esse tam­
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bém é o desejo de Deus (2Pe 3-9). Mas quando é que esse
desejo sairá das páginas das Escrituras, do seu coração, para a
vida das pessoas perdidas? Quando eu e você levarmos a sério
o nosso discipulado e começarmos a fazer da evangelização
parte de nossa caminhada cristã diária.

O evangelho em operação
A melhor coisa sobre o poder do evangelho é que ele não
pára quando uma pessoa aceita a Cristo. Ele não apenas salva
um pecador do juízo e o faz entrar no céu. O evangelho tem
o poder de nos transformar naquilo que Deus deseja que
sejamos hoje.
Paulo faz outra grande declaração sobre a salvação e sobre
o evangelho em Romanos 6:

Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que a


graça aumente? De modo nenhum. Nós, que estamos mortos
para o pecado, como viveremos ainda nele? Ou não sabeis que
todos quantos fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados
na sua morte? De sorte que somos sepultados com ele pelo
batismo na morte, para que, como Cristo ressurgiu dentre os
mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós em novidade de
vida (v. 1-4).

Paulo está dizendo que o evangelho pode dar-lhe hoje poder


sobre o pecado. Mas, além de ter resolvido o problema do
pecado no que se refere ã eternidade, ele lhe oferece uma
fonte de poder para a questão do pecado hoje.
Eu sei que estamos falando de evangelização, mas quero
que você veja uma conexão aqui entre nossas próprias vidas e
nossa disposição, ou falta de disposição, de fazer o trabalho de
evangelização.
Esta conexão opera basicamente de duas formas. Primeiro,
se você não está vivendo dia após dia pelo poder de Deus, e
portanto acima do poder do pecado, seu testemunho de Cristo
enfraquecerá ou será bloqueado.
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Entretanto, a conexão também se faz de outra forma. Se
você tem vergonha de testemunhar do evangelho, se você fica
embaraçado demais de ser publicamente identificado com Jesus
Cristo, então o pleno poder do evangelho não está operando
em sua vida.
Você não pode dizer em particular a Cristo quanto você o
ama e quanto você deseja o poder dele em sua vida, e então
recusar-se a falar dele ou reconhecê-lo publicamente. Isso não
faz sentido. Somos chamados para “andar em novidade de vida”,
o que significa levar conosco essa nova vida onde quer que
vamos.
Em Romanos 6, Paulo fala da morte e ressurreição, tanto
nossa quanto de Cristo. Sabemos que a ressurreição é o centro
do evangelho (IC o 15.4) porque ela valida a morte de Cristo
como pagamento pelo pecado. A ressurreição é, como já disse­
mos no capítulo anterior, o “recibo” que prova que o pagamento
foi feito e aceito.
Também experimentamos uma ressurreição quando vamos a
Cristo. Assim como Cristo foi ressuscitado em vitória sobre o poder
do pecado, nós morremos para a nossa antiga vida de pecado e
sortios ressuscitados para uma nova vida. Nossa ressurreição é “na
semelhança” da ressurreição de Cristo (Rm 6.5).
Meu ponto é este. Somos pessoas ressurretas que não mais
precisamos ser escravas do pecado (Rm 6.6,7). Jesus morreu
para nos libertar do poder e da penalidade do pecado.
Por isso eu disse que o evangelho tem o poder de nos Ibertar.
Mas se iremos às pessoas para anunciar as boas novas de que elas
podem ser libertadas do poder do pecado em Cristo, seria melhor
vivermos na liberdade que o evangelho comprou para nós.
Todos nós sabemos que os cristãos podem ser envolvidos e
escravizados pelo pecado. Quando isso nos acontece, não vamos
a lugar nenhum espiritualmente falando — seja quanto ao nosso
crescimento no discipulado, seja quanto ao nosso testemunho
de Cristo aos outros.
Jesus Cristo nos disse: “Eu ressuscitei para você ficar livre,
para que você pudesse andar em uma vida totalmente nova”.

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Nosso desafio é aprender a andar em novidade de vida que
nos foi garantida pela ressurreição de Cristo.
Deixe-me dizer-lhe: o poder da ressurreição de Jesus Cristo é
tão maravilhoso que qualquer cristão que aprende a andar no
evangelho, em vez de apenas ter aceitado o evangelho em algum
ponto do passado, vai experimentar o pleno poder do evangelho.

Um depósito in crível
De volta a Romanos 4.22, Paulo disse que a fé de Abraão
“lhe foi imputada para justiça”. Essa palavra im putada é muito
interessante. Significa creditar alguma coisa na conta de alguém.
É como alguém que vai ao banco e faz um depósito em sua
conta corrente. Esse dinheiro agora pertence a você porque
está em sua conta pessoal.
Quando você é salvo. Deus além de retirar seus pecados de
sua “conta” eterna, também substitui esses pecados pela justiça
dele. Que recompensa! Além de você se livrar do pecado,
ganhou justiça, o que significa tanto uma posição privilegiada
diante de Deus como o poder de viver uma vida justa.
Portanto, a questão é: por que tantos de nós, cristãos, não
estamos vivendo de acordo com a vida espiritualmente rica
que temos? Por que o poder do evangelho não está operando
em nós, nem fluindo através de nós para os outros? Pelo mesmo
motivo porque um homem rico pode ter dinheiro no banco e
ainda assim viver no gueto: Ter alguma coisa creditada em sua
conta corrente não serve para nada até que você saque.
O problema com alguns cristãos é que nunca aprenderam
como preencher papeletas de retiradas espirituais. Nunca
aprenderam como sacar as riquezas que foram depositadas em
sua conta celestial e aplicá-las a suas vidas no dia-a-dia. O
evangelho que nos salvou é o mesmo que nos dá poder de
viver para Cristo.
Pense no que isso significa em termos de evangelização. Seu
testemunho não será eficaz se as pessoas o virem vestido
diariamente esfarrapado, com as roupas fedidas da vida antiga.
Elas não precisam disso. Elas já têm um guarda-roupa igual!
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Mas quando você vai a público todas as manhãs vestido da
justiça de Cristo, você tem alguma coisa a oferecer. Você lhes
parecerá atraente.
O evangelho é o sistema de entregas da justiça de Deus.
Nosso fracasso em compreender o que Jesus Cristo realizou na
cruz nos mantém prisioneiros. Por isso Paulo diz; “Não
continuem escravizados. Cristo os libertou da penalidade do
pecado, e ele está esperando para libertá-los do poder
escravizador do pecado”.
Paulo também está dizendo; “Não provoquem um curto-
circuito em todo esse processo envergonhando-se do evangelho”.
Ela a sua fonte de poder. Há um imenso benefício esperando
por você quando você toma posse dele.

O evangelho transforma
nossos relacionamentos

o evangelho não transformará apenas o seu relacionamento


com Deus, mas também os seus relacionamentos com as pessoas.
‘Quanto a isso quero considerar diversas passagens, a primeira
das quais é uma das minhas prediletas. Em Gálatas 2, en­
contramos um sério problema. É o famoso conflito entre Pedro
e Paulo, quando Pedro se colocou ao lado dos judeus, des­
prezando os crentes gentios, e Paulo se manifestou repre­
endendo-o.

Entendendo o evangelho
Pedro basicamente introduziu o separatismo na igreja da
Galácia. Ele até conseguiu que Barnabé se juntasse a ele (v. 13).
Não vou rever todo o acontecimento, mas vou examinar a base
do argumento de Paulo. Ele se opôs a Pedro “na cara” (v. 11)
porque Paulo percebeu que o velho Pedro não estava andando
“corretamente conforme a verdade do evangelho” (v. 14).
Espere um pouco. Não estamos falando da morte e ressurreição
de Jesus Cristo aqui — ou estamos? Estamos falando de pessoas
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que se dão bem umas com as outras. Mas isso faz parte do
evangelho, Paulo está dizendo.
Em outras palavras, por causa do evangelho tenho de olhar
para as outras pessoas, e elas devem olhar para mim, dentro de
nosso novo relacionamento com Cristo. Isto significa deixar de
tratar as pessoas com base em sua história, herança, cor, raça
ou cultura. Nenhuma dessas coisas que nos separam têm lugar
no evangelho.
Isto é crucial para entender por que sempre que dividimos a
família de Deus utilizando critérios seculares em vez de critérios
bíblicos, impedimos a obra do evangelho em nossas próprias
vidas. Este é um problema potencial das igrejas homogêneas;
se não tomarmos cuidado, elas poderão trabalhar contra os
princípios para os quais a igreja foi planejada. Expondo de ou­
tra forma, Deus não vai libertá-lo se você continuar mantendo
um irmão ou uma irmã na escravidão de sua história ou raça
ou qualquer outro critério insignificante em Cristo.
Por isso a Bíblia diz que, se você tiver alguma coisa contra o
seu irmão ou sua irmã, esclareça-a antes de oferecer sua
adoração a Deus (Mt 5.23,24). Deus não aceitará sua adoração
vertical se você se recusar a ter comunhão horizontal.
O evangelho está ligado aos relacionamentos humanos, à
maneira pela qual todos nós no corpo de Cristo — negros,
brancos, asiáticos, hispânicos — nos tratamos uns aos outros.
Quando andamos “corretam ente conform e a verdade do
evangelho”, quando dizemos às pessoas o que o evangelho
pode fazer para transformar radicalmente seu relacionamento
com Deus e com as outras pessoas, a recompensa é tremenda.
Eu já disse muitas vezes, e continua sendo verdade; A resposta
para o racismo é o evangelho. A resposta para a hostilidade
étnica e o horror da “purificação” étnica são as boas novas de
que Jesus Cristo veio reconciliar as pessoas com Deus e umas
com as outras. Prejudicamos a credibilidade do evangelho quando
atribuímos alguma característica social ou cultural ao modo como
apresentamos ou vivemos a mensagem do evangelho. Ao
negligenciar a apresentação da mensagem a pessoas diferentes
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de nós ou ao nos recusarmos a comungar com crentes cuja
experiência difere da nossa, anulamos o evangelho. Jesus Cristo
morreu por todas os povos, todas as classes, todas as culturas,
todos os tipos de pessoas.

Tem po para se to rnar real


Já se passou tempo demais para que os cristãos ainda
continuem a negar o poder do evangelho por causa de seus
p recon ceito s culturais. Estam os dem orando muito para
corrigir isso.
Gálatas 2.20 é um versículo notável, um dos meus prediletos.
As pessoas o memorizam e citam com freqüência. Elas o utilizam
como regra de vida. Ótimo, mas precisamos nos lembrar do
seu contexto. O versículo 20 faz parte da resposta de Paulo ao
racismo de Pedro.
Paulo estava dizendo a Pedro: “O modo como você está se
vendo agora não é o correto. Veja como você deveria se ver
como cristão”. Paulo diz primeiro: “Estou crucificado com Cristo”.
Esta é agora a nossa identidade de cristãos. Somos mortos
para o pecado. A crucificação resulta em morte. Na crucificação,
alguém é pendurado em uma cruz e morre para o mundo.
Paulo diz que devemos nos identificar completamente com
Cristo em sua morte na cruz. Vimos, em Romanos 6, o que isso
significa: se eu e você quisermos nos relacionar adequadamente,
devemos fazê-lo de acordo com nossa identidade em Jesus
Cristo. Avalia-me através de Cristo, não segundo a raça ou a
cultura. Relacione-se comigo como um companheiro crente,
um irmão no Senhor. E eu farei o mesmo com você.
Paulo continua dizendo em Gálatas 2.20: “E já não vivo”.
O que Paulo está dizendo é que o eu em você está morto.
Então o que está vivo em você? Veja a frase seguinte: “Cristo
vive em mim”.
Por isso o eu em mim não pode estar vivo, porque Cristo
tomou o seu lugar em mim. Portanto, “a vida que agora vivo na
carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, que me amou e a si
mesmo se entregou por mim”.
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“ Cristo primeiro”
Do que Paulo está falando? Do evangelho. O que ele está
dizendo do evangelho? Está dizendo que o evangelho deve
transformar radicalmente o que você pensa de si mesmo e das
outras pessoas.
Pedro estava evitando encontrar-se com os judeus que vieram
vê-lo na Galácia quando foi apanhado pensando como um
deles, em vez de pensar como cristão.
Por isso Paulo lhe disse: “Pedro, não é essa a mensagem do
evangelho. Você não pode continuar a evitá-los assim porque,
antes de ser judeu, você é de Cristo”. Se tivéssemos uma geração
de cristãos que soubesse ser cristão antes de mais nada, nossa
evangelização decolaria em um resplendor de glória. A mensa­
gem de Cristo explodiria no mundo.
Eu não gosto quando as pessoas dizem: “Bem, é que eu fui
criado assim”. É um mau começo comigo. Não podemos mais
dizer: “Mas papai me ensinou assim”. Se o que o seu papai lhe
ensinou não se conforma com o evangelho, ele estava errado
quando lhe ensinou e continua errado hoje.
Estou convencido de que se nós como crentes aprendêssemos
a agir de acordo com o que somos em Cristo, veríamos
incrédulos batendo em nossas portas para descobrir como obter
o que temos. A recompensa da evangelização para nós em
termos de relacionamentos certamente está aí, mas grande parte
disso ainda está na conta corrente aguardando ser sacado.
Você se lembra daqueles “bobs” que as mulheres utilizavam
para encrespar os cabelos? Fiz essa pergunta em um culto da
igreja, e um punhado de mulheres estrem eceu com o se
dissessem: “Nem me fale nisso”.
Quando o cabelo de uma mulher começava a perder volume,
ela colocava os “bobs” para que seu cabelo voltasse a ficar
volumoso. O cabelo das mulheres era “reanimado”.
Gálatas 2.20 é o “reanimador” de Jesus. Quando Jesus é
reanimado em nossa vida e em nossa evangelização, o que
ap ren d em os no p assad o ou o tipo de ed u ca çã o que
recebem os não será mais problema. Julgarem os tudo por

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este critério: Isso está de acordo com a nossa novidade de
vida em Cristo? Se não estiver, é coisa morta, porque agora
estamos vivos em Cristo.
O que o evangelho traz é uma transformação radical de
nosso pensamento. Devemos nos julgar uns aos outros pelo
nosso caráter espiritual. Este é o parâmetro — não a cor da
pele, a cultura ou qualquer coisa que separe as pessoas. O
evangelho transforma todos os nossos relacionamentos.

O evangelho transforma
nossas circunstâncias

Eis uma terceira recompensa da evangelização que quero


mostrar-lhe. Em Lucas 4.16-30, Jesus entrou na sinagoga em
sua cidade Natal, Nazaré, e foi convidado para falar como um
mestre visitante, o que era costume naquele tempo.
Jesus levantou-se e leu no capítulo 66 do livro de Isaías (Lc
4.17). Veja o que ele leu:

O Espírito do Senhor está sobre mim, pois me ungiu para


evangelizar aos pobres. Enviou-me para apregoar liberdade aos
cativos, dar vista aos cegos, pôr em liberdade os oprimidos, e
anunciar o ano aceitável do Senhor (v. 18,19).

Jesus naturalmente não encontrou este texto por acaso. Ele


abriu na passagem certa. Para entendê-la, precisamos nos
lembrar que em Isaías 6 l Israel estava no cativeiro babilônico.
Aquela gente estava desejando e esperando a libertação.

A libertação do jubileu
No tempo de Jesus, Israel estava sob o jugo de Roma. O povo
judeu a quem Jesus falava também desejava e esperava libertação.
Aguardavam alguém que os libertasse, um “guerreiro da liberdade”.
Os judeus queriam alguém que os libertasse da pobreza e do
sofrimento de que eram vítimas por causa da opressão de Roma.
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Queriam um campeão que derrubasse os opressores e libertasse
os cativos (Lc 4.18è).
Sabendo disto, Jesus Cristo abriu as Escrituras e disse: “Eu
vim para pregar o evangelho. Eu vim para anunciar as boas
novas da libertação ao povo que está escravizado”.
A última linha da mensagem de Jesus é a chave do que ele
dizia. Ele viera “anunciar o ano aceitável do Senhor”. O “ano
aceitável do Senhor” nas Escrituras era o Ano do Jubileu,
registrado em detalhes em Levítico 25.8-55.
Deixe-me resumir as provisões do jubileu. O jubileu ocorria
a cada cinqüenta anos. O qüinquagéssimo ano era especial
porque nele o povo era libertado.
Por exemplo, no Ano do Jubileu, os escravos judeus recebiam
a libertação. Dívidas eram perdoadas. A terra que fora vendida
para pagamento de credores retornava ã família que origina­
riamente a possuíra. Até mesmo o solo de Israel recebia descanso
no Ano do Jubileu.
O jubileu era um período quando as circunstâncias difíceis
eram resolvidas. Era o ano em que Deus restaurava a desordem
que os pecadores haviam feito.
O jubileu era o que Israel precisava nos dias de Jesus, porque
o mundo deles estava de pernas para o ar. As pessoas e a terra
estavam sendo escravizadas por Roma. Estavam enterradas em
dívidas, espiritual e materialmente.
Jesus veio e disse: “Eu vim para anunciar o jubileu, mas o
jubileu não veio para destruir Roma. A libertação de que estou
falando é a libertação do pecado que advém do perdão dos
seus pecados por meio do evangelho”. Este é o fundamento da
transformação de nossas circunstâncias.

Os requisitos para o jubileu


As más notícias para Israel do tempo de Jesus eram que a
nação não teria o seu jubileu. Deixe-me explicar por quê.
No Antigo Testamento, Deus não dava o jubileu até depois
do Dia da Expiação. Discutimos o Dia da Expiação no capítulo
17 com um certo nível de detalhamento. Basta dizer aqui que
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era o dia no qual os pecados de Israel eram resolvidos diante
de Deus.
Você percebe a conexão? Deus não daria o jubileu ao povo
até que resolvesse a questão do pecado. A salvação nos liberta
do pecado, que sempre nos escraviza.
Israel como nação rejeitou Cristo e sua salvação, por isso
deixou de desfrutar da liberdade e do livramento que ele
prometeu.
O pecado bloqueia a capacidade de Deus de libertar as
pessoas. Se elas não desejam acertar suas vidas com Cristo,
Deus não deseja transformar sua situação. '

O evangelho traz
a aprovação de Cristo

Quero concluir este capítulo, e o livro, mostrando uma última


recompensa do evangelho e dando-lhe uma palavra final de
encorajamento em seu desejo de seguir a Cristo.
Em Mateus 10.32,33, Jesus disse: “Portanto, todo aquele que
me confessar diante dos homens, eu o confessarei diante de
meu Pai que está nos céus”.
Este é um princípio convincente. Jesus diz que há uma conexão
direta entre o seu desejo de reconhecê-lo publicamente, que inclui
falar do evangelho onde você for, e sua atual posição diante dele.
Deixe-me esclarecer bem. Estes versículos não têm nenhuma
relação com salvação. O assunto em Mateus 10 não é céu ou
inferno. O assunto é o seu testemunho, ou falta dele, na sua
caminhada diária com Cristo.
O que Jesus quis dizer quando declarou que nos confessará
diante do Pai quando nós o confessarmos diante dos homens?
Aqui está o que eu creio que ele disse. Se o confessamos
abertam ente, ele está pronto a pegar nossas orações e
preocupações e levá-las ao Pai quando precisarmos.
Em outras palavras, as únicas orações respondidas são as
que Jesus assina. Por isso é que terminamos nossas orações “em
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nome de Jesus”. Não é apenas um pensamento bonito ou uma
maneira conveniente de concluir uma oração. Não, é pedir a
Jesus para aprovar uma retirada de sua conta corrente no céu!
Quando você ora em nome de Jesus, você está dizendo; “Jesus,
poderias por favor dar o teu visto neste pedido, pois sei que o
Pai não me negará nada que pedires”.
Quando o meu pedido vai para o Pai, levado pelo Espírito,
ele olha para o seu Filho. “Filho, acabei de receber este pedido
de Evans. Você assina embaixo?”. Jesus diz; “Deixe-me ver. O
Evans tem me negado diante dos homens? Ele tem se
envergonhado de mim? Ele tem se envergonhado do meu
evangelho? Eu não posso assinar este pedido até que a posição
de Evans diante de mim se resolva. Se ele estiver me negando
e eu o abençoar assinando o pedido dele, estarei apenas
confirmando-lhe que está tudo bem”.
Ah! mas quando confessarmos abertamente a Cristo em nosso
testemunho e vida, quando nossas orações forem apresentadas
ao Pai e ele perguntar ao Filho a nosso respeito, Jesus dirá;
“Pai, deixe-me dizer-lhe uma coisa. Este homem não consegue
manter a boca fechada a meu respeito. Esta mulher nunca pára
de falar de mim. Eles falam a todos a meu respeito em cada
oportunidade. Eles não se envergonham de ser identificados
comigo. Eu assinarei com prazer os pedidos deles”.
O evangelho é o poder de Deus para todo aquele que crê.
Ele vai transformar seus relacionamentos, suas circunstâncias e
sua vida. E pode fazer o mesmo por todos com quem você o
partilhar.
Chegou a hora de sair publicamente com o evangelho. Vamos
parar de nos envergonhar. Todo o mundo está “aparecendo”,
por isso nós também poderíam os aparecer também. As
recompensas da evangelização são grandes demais para as
guardarmos só para nós!

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Conclusão

o nome de meu pai é Arthur e o de minha mãe é Evelyn


Evans. Quando escrevi este livro, eles estavam completando
setenta anos de idade. Fora de seu pequeno círculo familiar,
da igreja e da vizinhança, muito poucas pessoas conhecem
os meus pais pessoalmente. Contudo, muitas pessoas conhe­
cem o filho deles.
Eu prego a centenas de milhares de pessoas todas as semanas
pelo rádio, através de vídeos e pessoalmente. Meus livros, dos
quais este é o décimo segundo, podem ser comprados em vários
países. Eu tive a honra de ser o primeiro afro-americano a
obter o grau de doutorado em teologia no Seminário Teológico
de Dallas. A igreja que pastoreio cresceu de dez pessoas para
milhares.
Não digo estas coisas para receber elogios. Antes, elas ilustram
a tese deste livro, isto é, que o discipulado é o meio de Deus
transformar pessoas em discípulos de Cristo. Pois quando as
pessoas reagem ao meu ministério de alguma forma, estão na
realidade sendo apresentadas a meus pais. O que as pessoas
vêem é o impacto deles em minha vida, o qual moldou e formou
o que eu sou hoje.
Meu pai veio a Cristo quando ele tinha trinta anos, e eu dez.
Imediatamente, ele se tornou um discípulo apaixonado de Cristo.
Minha mãe não gostava dele como pecador, mas se melindrava
com ele como santo. Muitas vezes papai podia ser encontrado
orando e estudando a Palavra no meio da noite, que era

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normalmente a hora mais segura de buscar a Deus sem ter de
enfrentar a resistência constante de minha mãe.
Foi cerca de um ano após a conversão de papai, enquaanto
ele estudava tarde da noite, que ele ouviu a escada rangendo
sob os passos de minha mãe subindo do seu quarto para o
quarto onde ele estudava. Entretanto, em vez de reclamar com
ele, ela se aproximou com lágrimas nos olhos.
Ela disse a papai com o estivera observando sua vida
transformada no ano que passara, e o que quer que fosse o
responsável, ela também o queria. Naquela noite meu pai levou
minha mãe a Cristo. Nosso lar foi transformado. Depois disso,
mamãe e papai me levaram a Cristo, e também meus dois irmãos
e minha irmã.
Minha conversão me colocou na estrada para o discipulado.
Os valores bíblicos eram ensinados e reforçados diariamente
em nosso lar, e a igreja se tornou o centro de nossa vida familiar.
A igreja era onde a nova vida em Cristo era vivida na comunidade,
e onde eu encontrei e fui moldado pelas quatro experiências
vitais do discipulado.
Este garoto da cidade começou a ser transformado em uma
coisa diferente da maioria dos outros garotos do meu bairro, e
aqui estou hoje.
Portanto, ao ler este livro, ouvir um dos meus sermões, ou
assistir a um dos meus vídeos, faça uma oração de gratidão a
Deus pelos meus pais, que passaram o bastão espiritual para
mim através do processo do discipulado bíblico. Por isso, posso
fazer o mesmo com a minha família e com aqueles que estão
sob a minha responsabilidade no ministério. Por causa de Arthur
e Evelyn Evans, milhares de pessoas estarão no céu louvando a
Deus por sua alegre descoberta do discipu lado espiritual
dinâm ico.

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Sobre
o autor

O Dr. Anthony T. Evans (B.A. pelo Carver Bible College;


Th.M., Th.D. pelo Dallas Theological Seminary; D.H.L. pelo
Eastern College) é pastor titular da Oak Cliff Bible Fellowship
Church, em Dallas, e diretor do The Urban Alternative, ministério
dedicado a promover um entendimento claro e uma boa
aplicação das Escrituras, a fim de operar mudanças nas
comunidades urbanas por meio da igreja.
É autor de muitos livros, dentre os quais Deus é tremendo,
De volta a o prim eiro amor. Divórcio e novo casamento. Loteria
e jogos de azar. Pais solteiros. Pureza sexual (todos publicados
pelà Editora Vida).
Ele e a esposa, Lois, residem em Dallas, no Texas, Estados
Unidos, e têm quatro filhos.

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