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As advertências do Novo Testamento

A mensagem de muitas passagens do Novo Testamento que são


frequentemente evitadas.

Anastasios Kioulachoglou

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Para minha esposa, pelo seu amor e apoio, e ao irmão em Cristo que leu
este livro primeiro e me ajudou com seus comentários.

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Salvo em exceções indicadas, as citações da Bíblia são integralmente


extraídas da Bíblia Sagrada, versão João Ferreira de Almeida Atualizada,
Copyright Sociedade Bíblica do Brasil. Todos os direitos reservados.

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Índice

Introdução .................................................................................................................... 8
Alerta! Porta estreita, caminho difícil pela frente! ............................................ 10
Para quem esse livro foi escrito? ......................................................................... 11
Capítulo 1: Salvação: O que é necessário? ........................................................... 13
Capítulo 2 – A parábola do semeador .................................................................. 18
2.1. “As que caíram sobre a pedra” .................................................................... 19
2.2. “E algumas caíram entre os espinhos” ....................................................... 23
Capítulo 3 – Um olhar direto em algumas “palavras duras” de Jesus ........... 33
3.1. A Parábola do Servo Infiel............................................................................. 34
3.2. A Parábola das dez Virgens. ......................................................................... 36
3.3. A parábola dos talentos ................................................................................. 39
3.4. “Porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me
destes de beber;” .................................................................................................... 44
3.5 A parábola dos dez mil talentos .................................................................... 49
3.6 “Ao que vencer” ............................................................................................... 53
3.7. Conclusão ......................................................................................................... 57
Capítulo 4 - A fé operando por meio do amor .................................................... 59
Capítulo 5 – As advertências das epístolas ......................................................... 62
5.1. Romanos 11:22 – A bondade de Deus, se permanecermos nessa
bondade ................................................................................................................... 62
5.2. Colossenses 1:21-23 – santos e irrepreensíveis, se permanecermos
na fé .......................................................................................................................... 64
5.3 A corrida da fé: o exemplo de Paulo ............................................................. 66
5.4 Hebreus 12:22-25: “Muito menos escaparemos nós, se nos
desviarmos daquele que nos adverte lá dos céus” ........................................... 69
5.5 Hebreus 4:1-3, 9-12: “procuremos diligentemente entrar no
descanso de Deus” ................................................................................................. 71
5.6 Hebreus 6:4-9 – Aqueles que se fizeram participantes do Espírito
Santo e depois decaíram ....................................................................................... 73
5.7 Hebreus 10:23-29, 35-39: se voluntariamente continuarmos no
pecado, se todos recuarem. .................................................................................. 77
5.8 Interpretar mal Hebreus 6 e Hebreus 10 ...................................................... 80
5.9. Hebreus 3:4-6: conservarmos firmes até o fim a nossa confiança ........... 83
5.10. Mateus 24:13: “Mas quem perseverar até o fim este será salvo” ........... 85

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5.11 - 1 João 2:24-25 – “Se em vós permanecer o que desde o princípio


ouvistes” .................................................................................................................. 87
5.12 2 João 8-9 : para “todo aquele que vai além do ensino de Cristo e
não permanece nele” ............................................................................................. 91
5.13 - 2 Pedro 1:5-11 : “empregando toda a diligência acrescentai a
nossa fé” .................................................................................................................. 93
5.14. Filipenses 2:12-16: “efetuai a vossa salvação com temor e tremor
“ ................................................................................................................................ 97
5.15 1 Timóteo 6:10-16: Amor ao dinheiro ........................................................ 99
Refletindo sobre Deus como uma máquina de bênçãos. Ele é mesmo
algo assim? ............................................................................................................ 100
Sobre falsos mestres............................................................................................. 105
5.16 Gálatas 5:2-4 “Separados estais de Cristo” .............................................. 110
5.17 2 Timóteo 2:11-13: “se O negarmos também Ele nos negará” .............. 114
5.18. Tiago 5:19-20: o irmão desviado ............................................................... 115
5.19 “Alguns apostatarão da fé” ........................................................................ 117
5.20. 1 Timóteo 5:8: “tem negado a fé e é pior que um incrédulo”............... 119
5.21. “Vai-te e não peques mais: O que o Senhor espera de pecadores
perdoados ............................................................................................................. 121
5.22 A verdadeira família de Jesus: “Aqueles que ouvem a Palavra de
Deus e a observam.” ............................................................................................ 123
5.23. 1 Coríntios 5:5: “para que seu espírito seja salvo no dia do
Senhor Jesus.” ....................................................................................................... 123
5.24 “Porque melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça,
do que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes
fora dado.” ............................................................................................................ 126
5.25. Judas 4: “Transformam a graça de nosso Deus em libertinagem”
- um alerta muito relevante ............................................................................... 134
“Transformando a graça de nosso Deus em libertinagem” ....................... 138
Negando ao nosso único Senhor e Mestre Jesus Cristo .............................. 139
Capítulo 6: Nós perdemos a salvação cada vez que pecamos? ...................... 141
Capítulo 7: Objeções usuais ................................................................................. 147
7.1. Eu sou um filho de Deus e isto não pode ser mudado ........................... 147
7.2. “Ninguém me arrebatará da mão de Jesus” (João 10:27-28) .................. 150
7.3. “Deus me apresentará imaculado de qualquer jeito,
independentemente do que eu faça.” ............................................................... 153

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7.4. “Que aquele que em mim começou uma boa obra a aperfeiçoará
de qualquer modo”.............................................................................................. 155
7.5. “Eu posso fazer o que quiser e ainda assim ser salvo! No dia do
julgamento minhas obras (pecaminosas) poderão queimar, todavia eu
conseguirei ser salvo!” ........................................................................................ 158
7.6. Falando em línguas ( para aqueles de vocês que assim o fazem) ......... 160
Capítulo 8 – O que devemos fazer agora? Servir ao Senhor!......................... 163
Apêndice 1: o tempo verbal Presente em Grego. Uma demonstração
utilizando João 3:16 ................................................................................................ 167
Apêndice 2: Os ensinamentos dos evangelhos, incluindo as “palavras
duras”, são para nós? ............................................................................................. 170
Apêndice 3: Apocalipse 2 e 3: As epístolas de Jesus às sete igrejas são
relevantes para nós? ............................................................................................... 178

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INTRODUÇÃO

No livro de Atos 20:26-27 Paulo está falando com os anciãos de


Efésios. Fazendo um resumo de seu ministério ele lhes disse:

Atos 20:26-27
“Portanto, no dia de hoje, vos protesto que estou limpo do sangue de
todos. Porque não me esquivei de vos anunciar todo o conselho de Deus.”

Paulo não se acovardou, não se conteve ou omitiu de anunciar


irrestritamente aos efésios, e a toda a Igreja, todo o conselho de Deus.
Alguém poderia dizer que mais um estudo a respeito da salvação seria
realmente redundante, visto que a salvação é primordial e se esperaria
que todos já tivéssemos o entendimento correto sobre o tema. Mas eu
não acredito que todos tenhamos tal entendimento. E falo por
experiência própria: Eu nasci um grego ortodoxo, quando criança
frequentei o catecismo, obedeci as liturgias, etc. Contudo, eu já era um
adolescente, e nunca havia ouvido falar sobre salvação pela graça
através da fé. A ideia que tinha de Deus, até aquele momento, era de
uma figura dura, onipotente, esperando que eu cometesse algum erro
para me punir. Claro que isto não é verdade e eu descobri isto alguns
anos mais tarde, quando estava com 21 anos de idade, quando conheci

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o Deus amoroso, vivo e verdadeiro. Então, pela primeira vez aprendi


que a Bíblia era a verdadeira Palavra de Deus, e também a respeito da
salvação pela graça através da fé. Isto foi tão libertador! Deus não era
mais uma figura distante. Ele era um Deus verdadeiro, tão real como O
via na Bíblia.
O principal ensinamento que recebi foi que, uma vez que homem
crê ele é salvo imediatamente, de uma vez por todas,
independentemente do que este homem pudesse fazer com sua fé ao
longo de sua vida. Entretanto, por mais de duas décadas depois de
receber tal ensinamento, eu tive diversos momentos de tentação e
provações o que me fez entender que apenas estar na fé não é algo
automático, algo que possa ser considerado como dado a alguém no
momento que ele acreditou. O que entendi é que a fé é simplesmente
uma decisão contínua.
Nesses 25 anos eu tenho visto amigos que eram tão felizes e
satisfeitos inicialmente quando lhes pregava a Cristo, empenhados na
caminhada, orando e louvando a Deus, etc. E essas mesmas pessoas
ficaram zangadas comigo e com Deus, não querendo mais saber de
Deus ou ouvir nada a Seu respeito. Por que? Porque uma namorada o
havia deixado ou porque um parente teria lhe dito que tudo isto era
“heresia”, etc. Porque no momento da tentação e da tribulação, essas
pessoas não conseguiram manter-se na Palavra de Deus e segurar sua fé.
Eu também vi outros, que embora tenham aceitado a Cristo, foram aos
poucos levados pelo amor ao mundo e suas paixões, sufocando a
semente da Palavra de Deus, exatamente como descreve a parábola do
semeador. Sendo assim, Cristo se tornou para eles algo do qual tinham
ouvido falar em um momento de suas vidas, mas o fruto, ou o que Ele
produziu em suas vidas, e a diferença que realmente fez, ninguém

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conseguia mais perceber. Além disso eu me deparei com muitas


advertências e aparentes incongruências nas Escrituras que não
correspondiam com a doutrina que anunciava que, uma vez que o
indivíduo fosse salvo, ele estaria sempre salvo, mesmo que
posteriormente, por variadas razões, ele não permanecesse na fé
genuína.
Este estudo analisa várias passagens nas Escrituras do Novo
Testamento, que deixam claras que a fé é mais uma corrida que se tem
que correr até o fim do que um evento único, que uma vez acontecido
é garantido para sempre. Permanecer na fé, terminar a corrida, não é
nem automático, tampouco garantido para aqueles que iniciaram a
corrida. Como os exemplos que dei acima, alguns pulam fora e desistem
em face às primeiras dificuldades e tribulações enfrentadas. Outros, têm
um forte amor e apego pelas coisas desse mundo e também desistem.
Apenas alguns dos que começam a carreira, a corrida da fé, realmente
perseveram até o fim. Como veremos a seguir, isto tudo está muito
claro no Novo Testamento.

ALERTA! PORTA ESTREITA, CAMINHO DIFÍCIL PELA FRENTE!

Nem todo mundo gosta de estradas difíceis e estreitas, mas


segundo aquilo que nos é dito pelo Senhor, fica claro que a Estrada da
fé é exatamente assim: um caminho difícil pela porta estreita:

Mateus 7:13-14
“Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho
que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; e porque

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estreita é a porta, e apertado o caminho que conduz a vida, e poucos são os


que a encontram.”

Avisos de cuidado e atenção num caminho estreito e difícil são


muito importantes para que possamos seguir mais facilmente. E
desviarmos deste caminho, em nosso caso, significa seguir por uma
estrada que é fácil e ampla, isto é, uma estrada bastante agradável aos
nossos cinco sentidos. Quem nunca dirigiu numa estrada estreita e não
prestou TODA a atenção aos avisos e alertas? Quem nunca pensou,
enquanto seguia, que tais avisos estavam lá apenas para lhe aterrorizar
(ao invés de ter como objetivo mantê-lo na estrada)? Ou talvez que os
alertas e advertências não fossem relevantes no seu caso, mas se
referissem a outros motoristas que já teriam passado por lá? Eu não
acredito que nenhum de nós pense ou faça isso. Do mesmo modo,
existem muitos avisos e advertências no Novo Testamento e o propósito
destes é nos alertar, de maneira que permaneçamos no caminho certo,
especialmente porque o caminho certo é também estreito e difícil. Como
nós nunca iríamos ignorar os avisos e placas em estradas perigosas, do
mesmo modo não devemos ignorar ou desconsiderar os avisos dados
na Palavra de Deus sobre as dificuldades do caminho da fé, pois eles
estão expressos para o nosso próprio bem. O propósito deste estudo é
trazer à luz estes avisos e advertências.

PARA QUEM ESSE LIVRO FOI ESCRITO?

Este livro não fala, com exceção do primeiro capítulo sobre as


realidades da nova criação, de ter nascido de novo, de ter o Espírito de

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Deus em você, da realidade de ser um filho de Deus pela fé. Muitos de


nós já ouvimos estas verdades. O problema, no entanto, é que talvez
tenhamos ouvido sobre estas realidades de maneira desequilibrada,
sem ouvir também, ou levar seriamente em consideração, todas as
passagens a este respeito, especialmente aquelas relacionadas a este
estudo. Contudo, alguns concluíram que estas verdades e a salvação em
particular são baseadas no primeiro momento da fé, a partir da qual
somos eternamente salvos, não importando o que fazemos da nossa fé
após este momento. Este livro é para essas pessoas e nosso principal
propósito aqui é equilibrar, focando exclusivamente as advertências do
Antigo Testamento, alguns dos desequilíbrios criados pela quase total
ignorância destas advertências.

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SALVAÇÃO: O QUE É NECESSÁRIO?

Fé em Jesus Cristo ressuscitado como o Senhor, o Cristo, o


Messias, o Filho de Deus é, inegavelmente o único modo para qualquer
um ser salvo. Isto fica claro através de inúmeras passagens nas
Escrituras. Aqui estão algumas delas:

João 3:14-18
“E como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o
Filho do homem seja levantado; para que todo aquele que nele crê tenha a
vida eterna. Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu
Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a
vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que
julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê
nele não é julgado; mas quem não crê, já está julgado; porquanto não crê
no nome do unigênito Filho de Deus.”

João 20:30-31
“Jesus, na verdade, operou na presença de seus discípulos ainda muitos
outros sinais que não estão escritos neste livro; estes, porém, estão

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escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que,
crendo, tenhais vida em seu nome.”

João 11: 25-26


Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda
que esteja morto, viverá; E todo aquele que vive, e crê em mim, nunca
morrerá.

Marcos 16:15-16
“E disse-lhes: Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda
criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será
condenado.”

Atos 16:30-31
“e tirando-os para fora, [Paulo e Silas] disse: Senhores, que me é
necessário fazer para me salvar? Responderam eles[Paulo e Silas]: Crê
no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa.”

Romanos 10:9
“Porque, se com a tua boca confessares a Jesus como Senhor, e em teu
coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, será salvo;”

Antes de dizer qualquer coisa, eu gostaria de primeiro pontuar


que a expressão “quem crer” contidas nos textos bíblicos acima estão
expressas no tempo verbal presente do indicativo. Em outras palavras, o
que está descrito aqui é uma fé ativa, presente, não se referindo a um
evento passado que talvez possa ou não corresponder a verdade agora,
no momento atual. Uma tradução ainda mais apurada destas

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afirmações seria “aqueles que seguem acreditando”, ou seja,


acreditaram e continuam acreditando. Isto corresponderia mais ao fato
de que o tempo presente no Grego antigo foi usado para transmitir a
ideia de “duração”, mais do que um evento único. O primeiro apêndice
deste livro dará maior enfoque a esta questão, e ao uso do tempo verbal
correspondente ao presente do indicativo no grego arcaico.

De volta ao nosso tema central: É óbvio pelas passagens


mencionadas acima ( e existem mais passagens) que nós não somos
salvos pelas obras da lei e por nossas próprias obras. A salvação é dada
livremente, por meio da graça, como um presente para todo aquele que
crê em Jesus Cristo como seu Senhor, O Messias, O Filho de Deus. Esta é
a indiscutível verdade da Palavra de Deus. Sendo assim, a fé é a chave
da salvação, com a graça sendo a outra chave. Efésios 2:8 resume isto
muito bem:

Efésios 2:8
“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom
de Deus;”

Há portanto dois elementos que combinados levam à salvação.


Graça e fé. Cada um destes elementos separadamente não pode dar a
salvação. A graça de Deus não pode isoladamente salvar uma pessoa se
esta pessoa não tem fé, ou seja, se a pessoa não crer verdadeira e
sinceramente, em seu coração, que Jesus Cristo é o seu Senhor, como o
Filho de Deus e Messias.

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Basicamente Deus quer que todos sejam salvos e deu o Seu Filho
para todos como resgate. A passagem de 1 Timóteo 2:3-4 diz:

“Pois isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador, o qual


deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento
da verdade.” “Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e
os homens, Cristo Jesus, homem, o qual se deu a si mesmo em resgate
por todos, para servir de testemunho a seu tempo;”

E também Tito 2:11


“Porque a graça de Deus se manifestou, trazendo salvação a todos os homens”

Jesus Cristo se entregou por todos! Deus deseja que todos sejam
salvos. A Sua graça se mostrou para todos os homens. Portanto a graça
de Deus – a primeira parte da condição para salvação conforme
mencionado em Efésios 2:8 (pela graça) – está disponível a todos; ela “se
mostrou para todos os homens.” Mas a segunda parte da mesma
passagem (“por meio da fé”) não está disponível para todos. Apenas
para alguns que realmente crêem no que Deus, diz em Sua Palavra a
respeito de Seu Filho, e apenas estes serão salvos. Porque a salvação não
é apenas pela graça, mas “pela graça por meio da fé.”

Havendo esclarecido este ponto, a pergunta primordial e crítica é:


uma vez que uma pessoa crê, há garantia que a fé durará para sempre,
ou é alguma coisa que deve ser mantida, visto que também pode ser
abandonada? Como a Bíblia trata a questão da fé? Ela é tratada como
algo dinâmico, ou como algo estático, isto é, uma vez que você tenha
adquirido a fé, você sempre terá fé? O que significa ter uma fé

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verdadeira? O que acontece com a salvação, quando a fé é abandonada?


É possível que isto aconteça, se sim, quais as consequências? Muitas
pessoas não se importam em fazer tais questionamentos. Neste estudo
nós vamos fazer tais questionamentos, e verificar as respostas simples
dadas pela Bíblia, começando pela pessoa mais apropriada para falar a
respeito da Salvação: O próprio Salvador. E depois vamos prosseguir
verificando os ensinamentos dos seus apóstolos, descritos nas epístolas.

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A PARÁBOLA DO SEMEADOR

Para começar, vamos a um texto muito conhecido, que é a


parábola do semeador, descrita em 3 dos 4 evangelhos. Vamos ler aqui
o registro de Lucas:

Lucas 8:5-8, 11-15


“Saiu o semeador a semear a sua semente. E quando semeava, uma
parte da semente caiu a beira do caminho; e foi pisada, e as aves do céu
a comeram. Outra caiu sobre pedra; e, nascida, secou-se porque não
havia umidade. E outra caiu no meio dos espinhos; e crescendo com ela
os espinhos, sufocaram-na. Mas outra caiu em boa terra; e, nascida,
produziu fruto, cem por um.” Dizendo ele estas coisas, clamava: “Quem
tem ouvidos para ouvir, ouça...É, pois, esta a parábola: A semente é a
palavra de Deus. Os que estão a beira do caminho são os que ouvem;
mas logo vem o Diabo e tira-lhe do coração a palavra, para que não
suceda que, crendo, sejam salvos. Os que estão sobre a pedra são os que,
ouvindo a palavra, a recebem com alegria; mas estes não têm raiz, apenas crêem
por algum tempo, mas na hora da provação se desviam. A parte que caiu entre
os espinhos são os que ouviram e, indo seu caminho, são sufocados pelos
cuidados, riquezas, e deleites desta vida e não dão fruto com perfeição. Mas a

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que caiu em boa terra são os que, ouvindo a palavra com coração reto e bom, a
retêm e dão fruto com perseverança.”

Nós temos nesta parábola, todos resultados possíveis com relação


a semente da Palavra de Deus. Como vemos na primeira situação
conforme descrita na passagem, a Palavra nem mesmo penetrou no
coração daqueles ouvintes. Eles não acreditavam na Palavra. Por outro
lado, na segunda e terceira situação, a Palavra foi recebida no coração
dos ouvintes, mas nenhum deles deu fruto. O por que disto, nós
veremos nas seções seguintes. Por fim, a quarta categoria de solo, ou
coração, foi a única que realmente ouviu e recebeu a Palavra e deu
frutos. Neste capítulo, nosso foco será na segunda e terceira categorias
descritas na parábola, porque muito se relacionam com o tema deste
livro.

2.1. “AS QUE CAÍRAM SOBRE A PEDRA”

Quanto a segunda categoria nós lemos:

“As que caíram sobre a pedra são os que, ouvindo a palavra, a recebem
com alegria; mas estes não têm raízes, apenas crêem por algum tempo, mas
na hora da provação se desviam.”

As pessoas inclusas nesta categoria creram? A resposta do


Senhor é sim, eles creram. Eles “creram por um tempo”, Ele disse. Então,
notamos imediatamente que fé tem uma dimensão de tempo. Em outras
palavras, o fato de alguém crer não significa necessariamente que vai

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continuar crendo até o fim de sua vida. Pode ser que a pessoa em
questão tenha crido, mas “por algum tempo.” Uma vez que este “tempo”
conforme mencionado, tenha se encerrado, esta pessoa não
permanecerá na fé como aconteceu com as pessoas descritas nesta
categoria de acordo com a passagem. Eles começaram bem, mas depois
de “um tempo”, durante o tempo da tentação, ou perseguição por causa
da Palavra (Marcos, 4:7) eles se desviaram. Muitos exemplos de pessoas
que se enquadram nesta categoria vem a memória: pessoas que
ouviram a Palavra, a aceitaram e depois partilharam a Palavra com seus
parentes e amigos, mas foram rejeitados por eles. Ao invés de
permanecer, eles desistiram e abandonaram a fé. Outros que tiveram
um começo brilhante. Então uma tentação se levantou (pode ser
qualquer coisa) e eles desistiram, ficando portanto ofendidos com Deus
e Seu povo, e também partiram. Estas pessoas creram um dia, mas
deixaram de crer. Na verdade a palavra em grego traduzida como
“desviar, cair” é originalmente “aphistemi”, o que significa “ se retirar
de algo ou de alguma coisa; deixar, cair, apostatar (Dicionário Vine).
Então realmente, é possível que pessoas que uma vez creram,
abandonem a fé, apostatem, devido a uma tribulação, ou tentação por
causa da Palavra. Isto é exatamente o que aconteceu com a segunda
categoria descrita na parábola do semeador. Deus foi em um
determinado tempo a escolha na vida dessas pessoas, mas eles O
deixaram, abandonaram a fé.
A pergunta crítica que se levanta neste momento é: Se estas
pessoas não se arrependerem e voltarem a fé original, elas ainda assim
serão salvas? Se nós acreditarmos na doutrina que estabelece “uma vez
salvo sempre salvo”, elas serão salvas porque elas haviam crido
anteriormente. O problema no entanto, é que a fé não é algo estático,

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algo que uma vez adquirido em algum momento, estará garantido que
alguém nunca a deixará. Diferentemente disto, a fé possui uma
dimensão temporal. E quando as pessoas desistem da fé, acreditando,
mas apenas “por um determinado tempo”, eles desistem do que lhes foi
prometido devido a sua fé, que é a salvação, a vida eterna. Porque
verdadeiramente a salvação não é apenas pela graça, mas “pela graça
por meio da fé.” A parte de Deus se refere a Graça, e a nossa parte se
refere a fé. Ambas as condições têm que ser mantidas, e Deus sempre é
fiel quanto a parte que Lhe cabe. Mas seja quem for que deixe a fé,
olhando para trás, deixa para trás tudo que foi adquirido junto com a fé,
incluindo, especificamente a promessa da salvação. O Novo Testamento
tem diversas passagens que deixam isto muito claro e o propósito deste
livro é trazê-las à tona.

Na tentativa de explicar as passagens mencionadas acima, alguns


alegam que as pessoas enquadradas na segunda categoria conforme
descritas na parábola do semeador nunca creram verdadeiramente. Eles
defendem a ideia de que se estes tivessem realmente crido
originalmente, nunca teriam caído e deixado de crer posteriormente.
Mas obviamente esta concepção contradiz o que o próprio Senhor nos
diz quando Ele explica esta parte da parábola. De acordo com Ele: “Os
que caíram sobre a pedra são os que, ouvindo a palavra, a recebem com
alegria; mas estes não têm raiz, apenas crêem por algum tempo, mas na
hora da provação se desviam.” Essas pessoas receberam a Palavra
exatamente como eu e você: com alegria. E eles creram na Palavra. O
Senhor não disse que eles fingiram acreditar, nem disse que fingiram
aceitar a Palavra com alegria. Ao contrário, a fé dessas pessoas eram
originalmente genuínas e real. Contudo, não durava. Ela durou apenas

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por um determinado tempo (Mateus 13:21). Então foi a duração da fé


que foi o problema com essas pessoas e não se a fé existiu ou não no
começo. Porque verdadeiramente eles creram, MAS apenas “por um
tempo.”

Talvez isto possa explicar a agonia de Paulo ao saber sobre a


situação da fé dos Tessalonicenses perseguidos ( 2 Tessalonicenses 1:4).
Quando ele lhes diz:

1 Tessalonicenses 3:1-8
“Pelo que, não podendo mais suportar o cuidado por vós, achamos por bem
ficar sozinhos em Atenas, e enviamos Timóteo, nosso irmão, e ministro
de Deus no evangelho de Cristo, para vos fortalecer e vos exortar acerca
da vossa fé; para que ninguém seja abalado por estas tribulações;
porque vós mesmo sabeis que para isto fomos destinados; pois, quando
estávamos ainda convosco, de antemão vos declarávamos que
havíamos de padecer tribulações, como sucedeu, e vós o sabeis. Por isso
também, não podendo eu esperar mais, mandei saber da vossa fé, receando que o
tentador vos tivesse tentado, e o nosso trabalho se houvesse tornado inútil.
Mas agora que Timóteo acaba de regressar do vosso meio, trazendo-nos
boas notícias da vossa fé e do vosso amor, dizendo que sempre nos tendes
em afetuosa lembrança, anelando ver-nos assim como nós também a
vós; por isso, irmãos, em toda a nossa necessidade e tribulação, ficamos
consolados acerca de vós, pela vossa fé, porque agora vivemos, se estais
firmes no Senhor.”

Duas vezes em apenas algumas linhas Paulo fala de sua agonia.


Ele sabia que os cristãos estavam sob perseguição e ele estava ávido em

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saber como estava a fé deles. Eles estavam firmes na fé? Quais eram as
novidades sobre a fé deles? Boas ou ruins? Esta era a questão e Paulo
esperava de Timóteo uma resposta. Portanto, fé não é algo imutável;
alguma coisa que uma vez adquirida por você, está garantido que você
a terá para sempre. Se fosse assim, Paulo não se preocuparia. Ou seja, se
fosse desta forma, uma vez que eles haviam acreditado originalmente,
eles sempre estariam na mesma fé, independentemente das tentações e
perseguições. Mas não é assim. O propósito do tentador, o diabo, é de
tentar a nossa fé, para que nos desviemos de Deus e seu povo, e
finalmente abandonemos a fé. Resumindo, o propósito dele é nos
devorar ( 1 Pedro 5:8). O fato de termos conseguido nos manter firmes
diante da tribulação, não significa que faremos o mesmo depois de
vivenciarmos a tribulação e a tentação. Temos que decidir. Deus vai nos
apoiar e segurar, mas também temos que nos manter firmes, temos que
decidir ficar com Ele, independentemente de quaisquer circunstâncias.
Alguns fazem isto, mas outros não. Aqueles que não o fazem, caem, e se
desviam da fé. Eles podem não dizer publicamente, mas na verdade
eles não se importam mais. Eu acredito que qualquer um que professe a
fé por algum tempo sabe de alguns exemplos parecido. Mas, passemos
agora para a terceira categoria da Parábola do semeador.

2.2. “E ALGUMAS CAÍRAM ENTRE OS ESPINHOS”

Vamos prosseguir agora para aqueles retratados na terceira


categoria: estes são aqueles que ouviram a Palavra, mas “indo em seu
caminho, são sufocados pelos cuidados, riquezas, e deleites desta vida e

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não dão fruto com perfeição 1 .” Não significa que estas pessoas não
receberam a Palavra. Aqueles que não receberam a Palavra porque não
a entenderam e Satanás imediatamente a roubou estão descritos na
primeira categoria. Ao contrário, estes descritos na terceira categoria
tinham um coração aberto para a Palavra, mas também tinham – ou
adquiriram ao longo da caminhada – um coração voltado para as coisas
do mundo, especificamente os prazeres e cuidados deste mundo e o
engano das riquezas. Estes são os espinhos que sufocaram a Palavra e a
deixaram infrutífera. Embora vejamos que não basta ter a Palavra para
produzir fruto. A Palavra por si só não se torna frutífera se os inimigos
da Palavra - o cuidado deste mundo - (ou seja, se importar com as
coisas que o mundo considera importante2), o engano das riquezas e os
prazeres desta vida, não forem arrancados. Se não arrancarmos estas
raízes o resultado será um cristão infrutífero, mundano. Ele pode ter
recebido a Palavra originalmente e ter conhecimento da mesma, mas
não há fruto em sua vida. Os cuidados do mundo que não foram
deixados e desconsiderados fizeram este cristão infrutífero.

Realmente, como o Senhor deixou absolutamente claro é


impossível servir a dois senhores. No longo prazo um deles terá que ser
deixado:

Lucas 16:13

1
Para evitar mal-entendido, a frase "não dão frutos com perfeição" não significa que eles eram de
alguma forma frutíferos. Isto é claro em Mateus 13:22 que nos fala que "e eles provaram ser
infrutíferos.
2
Precisamos fazer um esclarecimento aqui: trabalhar para dar sustento a nossa família, não é um
peso, ou um cuidado deste mundo que nos afastará de Deus! Na verdade é uma obrigação!No
entanto ser um viciado em trabalho é um cuidado, um apego a este mundo que nos afastará de Deus!
Basicamente “cuidados deste mundo” significa nos apegarmos, darmos valor ao que o mundo dá
importância, fazendo dos interesses do mundo os nossos interesses e um modo de vida.
24
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“Nenhum servo pode servir dois senhores; porque ou há de odiar a um e


amar ao outro, ou há de dedicar-se a um e desprezar o outro. Não
podeis servir a Deus e ao dinheiro.”

E como Ele nos alerta novamente em Lucas 21;34:


“Olhai por vós mesmos; não aconteça que os vossos corações se
carreguem de glutonaria, de embriaguez, e dos cuidados da vida, e
aquele dia vos sobrevenha de improviso como um laço.”

E também João nos diz:

1 João 2:15-17
“Não ameis o mundo, nem o que há no mundo. Se alguém ama o
mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no mundo, a
concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida,
não vem do Pai, mas sim do mundo. Ora, o mundo passa, e a sua
concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus, permanece para
sempre.”

E Tiago, chamando aqueles adúlteros e adúlteras que se entregam


às coisas do mundo, diz:

“Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é


inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do
mundo constitui-se inimigo de Deus.”

Um adúltero é aquele que é casado com alguém, mas corre atrás


ou cobiça alguém. Aqueles que correm atrás do mundo, em busca dos

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cuidados deste mundo, as riquezas, a dissipação e os prazeres da vida


são também chamados de adúlteros. Por quê? Porque eles
abandonaram Cristo, o noivo, e correram atrás do mundo.

De volta à parábola do semeador, aqueles mencionados na


terceira categoria da parábola do semeador seguiram as riquezas ou
serviam a dois senhores ( cuidados e prazeres deste mundo, etc.) e
sendo assim, não podem servir também a Cristo.
Agora, a pergunta crítica é: Tais pessoas enquadradas nesta
categoria de cristãos, que não dão frutos, permanecendo neste estado e
não se arrependendo, poderão ainda entrar no Reino? Colocando de
outra maneira: realmente importa, no que se refere a salvação, se a fé de
alguém é ou não frutífera? Ou está tudo bem se alguém permite que a
Palavra de Deus seja sufocada, e finalmente morta, pelo amor desta
pessoa pelo mundo e suas paixões? É aceitável que alguém confesse a
Jesus como seu Senhor e depois o abandone para servir a outros
senhores? O que vai acontecer neste caso? Nós não precisamos pensar
muito para obter a resposta. O próprio Senhor respondeu a esta
pergunta há mais de 2000 anos atrás e nós fazemos muito bem em
prestar atenção à Sua resposta. A propósito, a Sua resposta claramente
se aplica também àqueles da segunda categoria desta parábola, ou seja,
aqueles que acreditaram, “por um tempo”:

João 15:1-8
“Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o viticultor. Toda vara em mim
que não dá fruto, ele a corta; e toda vara que dá fruto, ele a limpa, para que
dê mais fruto. Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado.
Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós; como a vara de si mesma

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não pode dar fruto, se não permanecer na videira, assim também vós, se não
permanecerdes em mim. Eu sou a videira; vós sois as varas. Quem
permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim
nada podeis fazer. Quem não permanece em mim é lançado fora, como a vara,
e seca; tais varas são recolhidas, lançadas no fogo e queimadas. Se vós
permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós,
pedi o que quiserdes, e vos será feito. Nisto é glorificado meu Pai, que deis
muito fruto; e assim sereis meus discípulos.”
Eu creio que a resposta do Senhor não deixa espaço para
dúvidas: a única forma de dar fruto é permanecer na videira, nEle.
Pessoas que não dão fruto, não estão firmes na videira. E se isto não
mudar, elas serão recolhidas como galhos secos e no fim, como diz o
Senhor, serão queimadas. O que isto representa para aqueles da 3ª
categoria (e também da segunda categoria) mencionada na parábola do
semeador? Isto significa que se eles não se arrependerem, voltando a
estar firmes na videira, e desta maneira produzindo os frutos que
identificam um verdadeiro discípulo de Cristo, eles terão o mesmo fim
dos galhos secos mencionados acima, ou seja, eles serão “recolhidos,
lançados no fogo e queimados.” Eu sei que posso ter ofendido a alguns
leitores neste ponto, mas fui eu quem disse isto? Não, eu não disse. Ao
contrário é algo que o Senhor disse, falando aos Seus discípulos mais
próximos, e na noite de sua prisão. Agora, o que Ele disse foi uma
surpresa? O que Ele disse foi alguma coisa bizarra? Não, quando
entendemos que um cristão verdadeiro NÃO é aquele que faz sua
confissão de fé em Jesus e depois na prática abandona sua fé, ou na
verdade nunca pratica o que havia confessado. Pelo contrário, um
verdadeiro cristão é aquele que tenta viver, praticar a sua fé que uma vez
fez, mesmo com todos os erros, desacertos e tropeços que venham a

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acontecer vivenciando sua caminhada. Se Jesus não for


verdadeiramente nosso Senhor, embora o tenhamos confessado como
Senhor de nossas vidas no passado, então é óbvio que não fomos
honestos em nossa confissão originalmente, ou ela foi feita de modo
genuíno no passado, mas não mais corresponde a nossa realidade no
presente. Há apenas uma forma de medir se aquilo que confessamos é
ou não verdadeiro: o fruto que nós produzimos em nossas vidas. E este
só é possível se estivermos atados à Videira Verdadeira, que é Cristo.
Vemos na passagem acima de João 15 o Senhor nos dizer: “esse dá
muito fruto”– ou seja, QUE DEIS MUITO FRUTO - e assim sereis meus
discípulos.” Portanto o fruto que produzimos é a prova se somos ou
não verdadeiros discípulos de Cristo.
Na verdade o Senhor indicou este mesmo parâmetro, quanto ao
fruto produzido, para nos ajudar a discernir entre os verdadeiros e
falsos profetas:

Mateus 7:15-20
“Guardai-vos dos falsos profetas, que vêm a vós disfarçados em ovelhas,
mas interiormente são lobos devoradores. Pelos seus frutos os conhecereis.
Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos?
Assim, toda árvore boa produz bons frutos; porém a árvore má produz
frutos maus. Uma árvore boa não pode dar maus frutos; nem uma
árvore má dar frutos bons. Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e
lançada no fogo. Portanto, pelos seus frutos os conhecereis.”

Muitos estão com medo de falar sobre o fruto, porque acham que
isto minimiza a importância da graça. Mas isto não é verdade. Poderá
uma macieira não produzir maçãs? Árvores produzem frutos, e uma

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vez cuidada, a semente da Palavra faz exatamente o mesmo: produz


fruto. A fé vem primeiro, em seguida vem o fruto. O que pode ser mais
estranho do que árvores que são supostas a dar frutos ainda
permaneçam infrutíferas, que não produzem frutos? Podemos chamar
tais árvores de saudáveis? Se você tivesse uma árvores destas no seu
jardim e esperasse que ela desse fruto, como Deus espera que nós
produzamos frutos, você diria que “isto não tem importância”? Acho
que não.
Dar fruto é absolutamente natural para um Cristão e é
absolutamente estranho quando falta. Como Efésios 2:8-10 deixa claro:

Efésios 2:8-10
“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é
dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie. Porque
somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus
antes preparou para que andássemos nelas.”

Nós não fomos salvos por obras, entretanto nós fomos criados
para as boas obras. ”Ser criado para” significa que este é o nosso
propósito, nosso destino. Dizendo de outro modo: carros são criados
para levá-lo do ponto A para B. Os trens são “criados para” correr nos
trilhos. A macieira “é criada” para produzir maçãs. De maneira análoga,
“nós fomos criados em Jesus Cristo para as boas obras.” Assim sendo, Boas
obras e fé andam lado a lado. Não faz realmente nenhum sentido dizer
que cremos, que andamos em fé, e não importa se produzimos os frutos
associados àqueles que estão na fé. É como dizer que temos um carro
mas não importa se ele funciona ou não. Todos nós sabemos que isto
importa.

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As obras, sendo fruto de uma fé genuína, importam sim, e Tiago


deixa isto claro em sua epístola:

Tiago 2:14-17
“Que proveito há, meus irmãos se alguém disser que tem fé e não tiver
obras? Porventura essa fé pode salvá-lo? Se um irmão ou uma irmã
estiverem nus e tiverem falta de mantimento cotidiano. e algum de vós
lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos e fartai-vos; e não lhes derdes as
coisas necessárias para o corpo, que proveito há nisso? Assim também a fé,
se não tiver obras, é morta em si mesma.”

“A fé, se não tiver obras é morta em si mesma”, exatamente como


o corpo sem o espírito é morto. Dizendo de outro modo, na verdade
não existe falta de frutos, mas sim falta de fé verdadeira. A fé infrutífera
é uma fé morta, e está claro que esta fé não leva alguém ao Reino de
Deus!
Atendo-se um pouco mais quanto a questão crucial das obras,
Paulo expressa várias vezes:

Tito 2:13-14
“aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória
do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus, que se deu a si mesmo
por nós para nos remir de toda a iniquidade, e purificar para si um povo
todo seu, zeloso de boas obras.”

Tito 3:1
“Adverte-lhes que estejam sujeitos aos governadores e autoridades, que
sejam obedientes, e estejam preparados para toda boa obra”

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2 Timóteo 2:20-21
“ Ora, numa grande casa, não somente há vasos de ouro e de prata, mas
também de madeira e de barro; e uns, na verdade, para uso honroso,
outros, porém, para uso desonroso. Se, pois, alguém se purificar destas
coisas, será vaso para honra, santificado e útil ao Senhor, preparado para
toda boa obra.”

E em 2 Timóteo 3:16-17
“Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para
repreender, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de
Deus seja perfeito, e perfeitamente preparado para toda boa obra.”

As Escrituras, não existem para nos dar um conhecimento


racional. Não existe para fazer do homem de Deus um teólogo teórico.
A Bíblia está aqui para fazer o homem de Deus completo, frutífero,
equipado para efetivar aquilo para o qual foi destinado: para toda boa
obra.

Retornando a parábola do semeador, apenas a quarta categoria


descrita na passagem produziu fruto:

“Mas outra caiu em boa terra; e, nascida, produziu fruto, cem por um....”
Quanto a que caiu em boa terra, corresponde àqueles que ouvindo a
palavra com coração reto e bom, a retêm e dão fruto com perseverança.”

A segunda e terceira categorias correspondem àqueles que


ouviram a Palavra mas não a retiveram firme em seus corações. Mas

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esta categoria descrita, ouviu a Palavra e os mesmos se mantiveram


fiéis com um coração bom e honesto, e produziram frutos com
perseverança. Portanto, para produzir fruto, devemos reter a Palavra
firmemente, ouvindo a Palavra com coração reto e bom, e dando fruto com
perseverança. Esta é a chave. Se depois de recebermos a Palavra,
permitirmos que outras coisas nos afastem da videira, então não
produziremos fruto. Guardar o nosso coração com toda vigilância
(exatamente como nos diz Provérbios 4:23), arrependendo-se de toda
má obra, e renovando a sua mente para aquilo que a Palavra de Deus
diz, é portanto crucial para que Palavra produza resultados.

Fechando este capítulo: Que todos nós possamos estar incluídos


na quarta categoria e que nunca deixemos de estar firmes nesta posição.
E também que todo aquele entre nós que não esteja nesta categoria
possa voltar a posição correta, estando firme na videira e produzindo
cada vez mais fruto para a glória a Deus, cujos frutos produzidos
mostrem os discípulos que verdadeiramente somos. Que nós possamos
nos examinar, e vendo espinhos, que corramos a extirpá-los, ao invés de
simplesmente nos convencermos que podemos viver com eles. Nós não
podemos fazer isto. São eles ou o Senhor. Um dos dois terá que ser
deixado e nós temos que decidir qual escolheremos.

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UM OLHAR DIRETO EM ALGUMAS “PALAVRAS DURAS” DE


JESUS

É incrível, mas em muitas igrejas no ocidente ouvimos tão pouco


a respeito do que o próprio Senhor nos ensinou, especialmente do que
muitos consideram como “palavras duras.” No entanto, estas palavras
são duras, apenas se tentarmos explicá-las sob o ponto de vista de uma
doutrina que quer a salvação como resultado de uma fé estática, e não
viva e continuada. Uma fé que foi professada uma única vez num
passado distante, sem a necessidade de produzir frutos. Então
realmente, estas palavras são muito duras e difíceis de entender.
Entretanto, se nos abstivermos daquela visão doutrinária, as palavras
do Senhor tornam-se MUITO claras e óbvias.
Antes de prosseguirmos a respeito do que o Senhor nos fala, eu
preciso dizer que alguns tem reduzido as Palavras do Senhor utilizando
a teoria de que tais passagens não se referem a nós, mas aos judeus que
viviam sob a lei. Assim sendo, eles classificam as palavras de Deus
como um pouco superior ao Antigo Testamento, e de todo modo não
tão relevante quanto as outras epístolas, criando assim uma antítese
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artificial entre aquilo que o Senhor disse e o que os seus próprios


discípulos disseram. Mas como veremos neste estudo não existe esta
antítese. O que o Senhor disse e o que os Seus apóstolos disseram está
em perfeita harmonia. No entanto, para aqueles que estão mais
familiarizados com este tipo de visão, eu analisarei esta questão mais
detalhadamente no segundo apêndice deste estudo, demonstrando
porque creio que são argumentos inválidos. Mas agora vamos continuar
com o que o Senhor disse.

3.1. A PARÁBOLA DO SERVO INFIEL.

Começando em Mateus 24, o Senhor enfatiza o ponto de atenção,


de alerta, em que nós devemos estar despertos, esperando por Sua volta.
Em seguida Ele ratifica Sua posição através de três parábolas,
enunciadas uma após a outra, nos mostrando a grande importância que
Ele dá ao assunto. A primeira parábola é a do servo infiel. Vamos ler:

Mateus 24:42-51
“Vigiai, pois, porque não sabeis em que dia vem o vosso Senhor; sabei,
porém, isto: se o dono da casa soubesse a que vigília da noite havia de
vir o ladrão, vigiaria e não deixaria minar a sua casa. Por isso ficai
também vós apercebidos; porque numa hora em que não penseis, virá o
Filho do homem. Quem é, pois, o servo fiel e prudente, que o senhor
pôs sobre os seus serviçais, para a tempo dar-lhes o sustento? Bem
aventurado aquele servo a quem o seu senhor, quando vier, achar assim
fazendo. Em verdade vos digo que o porá sobre todos os seus bens. Mas
se aquele outro, o mau servo, disser no seu coração: Meu senhor tarda

34
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em vir, e começar a espancar os seus conservos, e a comer e beber com


os ébrios, virá o senhor daquele servo, num dia em que não o espera, e
numa hora de que não sabe, e cortá-lo-á pelo meio, e lhe dará a sua
parte com os hipócritas; ali haverá choro e ranger de dentes.”

Para quem Jesus disse essa parábola? Antes que ele começasse a
falar esta parábola Ele disse aos Seus discípulos: “Por isso ficai também
vós apercebidos; porque numa hora em que não penseis, virá o Filho do
homem. (Mateus 24). A quem se refere este “vós”? Aos seus discípulos
(Mateus 24:4). Estes são aqueles instruídos a estarem prontos. Estes e
não alguns incrédulos ou fariseus eram seus ouvintes aqui. E depois Ele
prossegue descrevendo o que vai acontecer àquele que não for
encontrado pronto. Àquele que, em certo momento disse a si mesmo
“meu senhor está se demorando.” Eu não acho que este servo disse isto
no primeiro dia. Ao dizer “meu Senhor está demorando, ele começa
então a se comportar de acordo com o que a passagem nos diz, o que
quer dizer que no início ele não se comportava dessa maneira. Mas
então ele disse a si mesmo “meu senhor está se demorando” e começou
a “espancar os seus conservos, e a comer e beber com os ébrios.” Em outras
palavras, ele começou a viver como se não tivesse mais um Senhor. O
que acontece em seguida, ou melhor, o que acontecerá quando o Senhor
retornar? Aqui está a resposta:

“virá o senhor daquele servo, num dia em que não o espera, e numa
hora de que não sabe, e cortá-lo-á pelo meio, e lhe dará a sua parte com os
hipócritas; ali haverá choro e ranger de dentes.”

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Meu Deus! Cortá-lo em pedaços, só porque ele não terminou


bem, embora tenha começado bem? Pois é exatamente isto o que o
Senhor fala. Basicamente o que o Senhor nos diz é: preste atenção, ficai
atentos e seguros que vocês sejam encontrados na fé quando eu voltar.
Se formos encontrados na fé seremos abençoados e grande será nossa
recompensa. Mas aqueles que no caminho disserem “meu Senhor
tarda” e começar a viver como os hipócritas, receberão também,
conforme a passagem acima, o fim dos hipócritas. E o Senhor não para
por aqui. Ele aprofunda ainda mais a questão. com duas parábolas
adicionais e uma exortação direta, uma após a outra. Vamos ler agora a
parábola seguinte: a parábola das dez virgens.

3.2. A PARÁBOLA DAS DEZ VIRGENS.

Nós a encontramos descrita em Mateus 25:1-13. Vejamos o que


nos diz:

“Então o reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as
suas lâmpadas, saíram ao encontro do noivo. Cinco delas eram
insensatas, e cinco prudentes. Ora, as insensatas, tomando as lâmpadas,
não levaram azeite consigo. As prudentes, porém, levaram azeite em
suas vasilhas, juntamente com as lâmpadas. E tardando o noivo,
cochilaram todas, e dormiram. Mas à meia-noite ouviu-se um grito: Eis
o noivo! saí-lhe ao encontro! Então todas aquelas virgens se
levantaram, e prepararam as suas lâmpadas. E as insensatas disseram
às prudentes: Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas estão
se apagando. Mas as prudentes responderam: não; pois de certo não

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chegaria para nós e para vós; ide antes aos que o vendem, e comprai-o
para vós. E, tendo elas ido comprá-lo, chegou o noivo; e as que estavam
preparadas entraram com ele para as bodas, e fechou-se a porta. Depois
vieram também as outras virgens, e disseram: Senhor, Senhor, abre-nos
a porta. Ele, porém, respondeu: Em verdade vos digo, não vos
conheço. Vigiai pois, porque não sabeis nem o dia nem a hora. ”

Com relação as lâmpadas da parábola, Barnes menciona o


seguinte em seu comentário:

“As lâmpadas” usadas na ocasião do casamento eram na verdade “tochas.” Eles


eram feitas enrolando trapos de pano ao redor de pedaços de ferro ou de barro,
às vezes oco, a fim de conter o óleo e fixando as alças de madeira. Estas tochas
eram mergulhadas no óleo e proporcionavam grande luminosidade.” (grifo
adicionado)

Se ele estiver certo, quer dizer então que todas as dez virgens
inicialmente tinham óleo para suas lâmpadas. Em todo caso, está claro
no texto que Todas as 10 moças estavam inicialmente esperando o Senhor,
esperando pelo noivo. Mas aquelas cinco que agiram de forma tola, não
levaram óleo adicional com elas. Talvez elas esperassem que o Senhor
viesse imediatamente, e então elas não precisassem de óleo adicional,
ou simplesmente não se importassem. No entanto as cinco sábias,
reconheciam que elas não “sabiam nem o dia nem a hora” da chegada
do Senhor e não queriam de forma nenhuma que suas lâmpadas
apagassem. Então elas fizeram as provisões necessárias. O Senhor
finalmente chegou a meia-noite, quando ninguém O esperava. Mas as
cinco moças que não foram sábias ficaram sem óleo. Suas lâmpadas
apagaram. Quando o Senhor veio, elas não estavam prontas para a festa
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do casamento. As virgens acharam a porta fechada ao chegar, e o


Senhor, ao invés de abrir a porta e saudar as moças que estavam
atrasadas, lhes diz: “Em verdade vos digo, não vos conheço.”
Fica muito claro que o Senhor disse esta parábola para nos alertar,
como verificamos no último versículo da passagem onde lemos:

“Vigiai pois, porque não sabeis nem o dia nem a hora.”

Uma vez mais, este “Vigiai pois não sabeis” não se refere ao povo
em geral ou a alguns fariseus, mas aos Seus próprios discípulos (veja o
início dos ensinamentos em Mateus 24:4). Em outras palavras, o que o
Senhor está nos dizendo, e aos seus discípulo é, observando o que
aconteceu com aquelas cinco moças não preparadas, esteja atento, alerta!
Se isto não fosse relevante para nós, se fôssemos entrar no Reino,
independentemente de termos crido e eventualmente nos desviado
depois, então não haveria razão para o Senhor nos dizer: “Vigiais pois.”
Se tivéssemos como garantida nossa herança no Reino, se não houvesse
diferença entre ficar sem “óleo” em nossas tochas, ou terminar nossa
carreira firmes na videira, na verdade não haveria motivo para que o
Senhor nos deixasse esta parábola. Mas o Senhor, bem ao final de Seu
ministério (estamos a dois dias de Sua crucificação), e falando
diretamente aos seus discípulos e apóstolos e não ao povo em geral –
escolheu dar este aviso. Isto significa que o perigo de ser achado sem
óleo, ou não mais firmes na videira e sim desviado do caminho é
verdadeira e real. E da mesma forma, também são REAIS as
consequências. As pessoas encontradas nesta situação não vão ouvir a
voz de boas vindas do Mestre, e sim o que Ele disse as cinco virgens que

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ficaram sem óleo para suas lâmpadas: “Em verdade nos digo, não vos
conheço.”

3.3. A PARÁBOLA DOS TALENTOS

A parábola das dez virgens é imediatamente seguida por outra


parábola que trata do mesmo tema: que nós devemos estar vigilantes,
servindo ao Senhor e focados Nele. O assunto é muito importante,
crítico, e todo capítulo 25 é dedicado a ele. A segunda parábola neste
capítulo é a parábola dos talentos. Vamos ler agora esta passagem,
começando com a conclusão da parábola das dez virgens.

Mateus 25:13-15
“Vigiai pois, porque não sabeis nem o dia nem a hora. Porque é assim
como um homem que, ausentando-se do país, chamou os seus servos e
lhes entregou os seus bens: a um deu cinco talentos, a outro dois, e a
outro um, a cada um segundo a sua capacidade; e seguiu viagem.”

A palavra “porque” que eu enfatizei em negrito, claramente


relaciona a parábola dos talentos com a parábola das dez virgens e
especialmente com a conclusão desta. Isto é, que nós devemos ser
cuidadosos, cautelosos, porque não sabemos nem o dia nem a hora em
que o Senhor está chegando. Depois disto o Senhor continua nos
falando dos diferentes talentos que foram dados a cada um dos servos e
o critério utilizado para tanto que foi a habilidade de cada um deles ao
utilizar os talentos. O que podemos concluir disto é que TODOS os
servos do Senhor, todos aqueles que O fizeram Senhor de suas vidas,

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receberam um dom Dele, ou seja, talentos Dele para serem usados para
Seus propósitos. Nós também podemos verificar que nem todos
receberam os mesmos talentos. Um recebeu cinco, outro recebeu dois e
um servo recebeu apenas um talento. De acordo com a passagem, o
fator determinante de quanto cada servo recebeu foi a capacidade de
aumentar o que havia recebido. Vejamos agora o que os servos fizeram
com os talentos que receberam:

Mateus 25:16-18
“O que recebera cinco talentos foi imediatamente negociar com eles, e
ganhou outros cinco; da mesma sorte, o que recebera dois ganhou
outros dois; mas o que recebera um foi e cavou na terra e escondeu o
dinheiro do seu senhor.”

O primeiro e o segundo servos fizeram aquilo que era esperado


deles: eles saíram e aumentaram o que lhes foi dado, duplicando-os na
verdade. Mas o terceiro servo escondeu o talento que havia sido dado a
ele. Preste atenção nisto: ele não gastou o talento. Ele não perdeu o
talento. Ao contrário, ele não fez NADA com ele. Em outras palavras,
ele foi infrutífero para o seu senhor. Vejamos agora qual a reação do
Senhor:

Mateus 25:19-30
“Ora, depois de muito tempo veio o senhor daqueles servos, e fez
contas com eles. Então chegando o que recebera cinco talentos,
apresentou-lhe outros cinco talentos, dizendo: Senhor, entregaste-me
cinco talentos; eis aqui outros cinco que ganhei. Disse-lhe o seu senhor:
Muito bem, servo bom e fiel; sobre o pouco foste fiel, sobre muito te

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colocarei; entra no gozo do teu senhor. Chegando também o que


recebera dois talentos, disse: Senhor, entregaste-me dois talentos; eis
aqui outros dois que ganhei. Disse-lhe o seu senhor: Muito bem, servo
bom e fiel; sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no
gozo do teu senhor. Chegando por fim o que recebera um talento, disse:
Senhor, eu te conhecia, que és um homem duro, que ceifas onde não
semeaste, e recolhes onde não joeiraste; e, atemorizado, fui esconder na
terra o teu talento; eis aqui tens o que é teu. Ao que lhe respondeu o seu
senhor: Servo mau e preguiçoso, sabias que ceifo onde não semeei, e
recolho onde não joeirei? Devias então entregar o meu dinheiro aos
banqueiros e, vindo eu, tê-lo-ia recebido com juros. Tirai-lhe, pois, o
talento e dai ao que tem os dez talentos. Porque a todo o que tem, dar-
se-lhe-á, e terá em abundância; mas ao que não tem, até aquilo que tem
ser-lhe-á tirado. E lançai o servo inútil nas trevas exteriores; ali haverá
choro e ranger de dentes.”

O primeiro e o Segundo servo conseguiram seus prêmios pela


multiplicação do que o Senhor havia lhes dado. Mas e quanto ao
terceiro servo? O Senhor o chama de servo preguiçoso. Este servo não
fez nada. Ele não fez nada de mal, mas também não fez nenhum bem.
Ele foi completamente inútil! Qual foi finalmente o fim do servo inútil?
O último versículo da parábola nos diz:

“E lançai o servo inútil nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger
de dentes.”

Eu estava assistindo a um desenho para crianças recentemente e o


tema era exatamente esta parábola. Quando o filme chegou na parte do

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último servo e o seu destino, eles mudaram o que o Senhor disse e ao


invés do que acabamos de ler mostraram os dois outros servos dando
do que haviam ganhado para o servo preguiçoso, de maneira que no
fim, todos ficassem felizes e satisfeitos com o final da história. É obvio
que pessoas se sentem inconfortáveis com o que o Senhor falou. Então
elas mudam, alteram, interpretam de outro modo o que é dito. Não
vamos segui-los. Ao contrário, vamos levar essa passagem no coração e
atender ao chamado de alerta que ela nos oferece.

Fazer, ainda que com erros e falhas, a obra de Deus, produzir


frutos para o Senhor, não é opcional, alguma coisa que um Cristão pode
ou não optar por fazer. Não é algo que ele pode fazer se assim desejar,
ocasionando apenas a perda de algumas recompensas, e ainda assim
alcançando o Reino, devido a uma confissão que ele fez uma vez na
vida. Não é realmente assim que acontece. Ao contrário, se esforce para
fazer a obra de Deus, não importando quais sejam os fracassos e atalhos,
temos que agir e não apenas ouvir a Palavra de Deus, é o que a Palavra nos
pede para fazermos. Como Tiago nos diz:

Tiago 1:22-25
”E sede cumpridores da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós
mesmos.” Pois se alguém é ouvinte da palavra e não cumpridor, é
semelhante a um homem que contempla no espelho o seu rosto natural;
porque se contempla a si mesmo e vai-se, e logo se esquece de como era.
Entretanto aquele que atenta bem para a lei perfeita, a da liberdade, e
nela persevera, não sendo ouvinte esquecido, mas executor da obra, este
será bem-aventurado no que fizer.

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E como o Senhor simplesmente disse em Mateus 7:21-27:


“Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele
que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele
dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome
não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitos milagres?
Então lhes direi claramente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim,
vós que praticais a iniquidade. Todo aquele, pois, que ouve estas
minhas palavras e as põe em prática, será comparado a um homem
prudente, que edificou a casa sobre a rocha. E desceu a chuva, correram
as torrentes, sopraram os ventos, e bateram com ímpeto contra aquela
casa; contudo não caiu, porque estava fundada sobre a rocha. Mas todo
aquele que ouve estas minhas palavras, e não as põe em prática, será
comparado a um homem insensato, que edificou a sua casa sobre a
areia. E desceu a chuva, correram as torrentes, sopraram os ventos, e
bateram com ímpeto contra aquela casa, e ela caiu; e grande foi a sua
queda.”

“Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor, entrará no reino dos


céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.” Poderia
ser mais simples que isto? Eu repito que isto não significa que somos
irrepreensíveis, nem que estamos caminhando na perfeição. Significa
então que estamos caminhando com paciência a corrida da fé, olhando
para Jesus o autor e consumador de nossa fé. (Hebreus 12:1-2). Significa
que estamos indo, seguindo Jesus, tentando, ainda que com erros, mas
com o poder de Cristo que é maior que tudo, para fazer a vontade de
Deus, trazendo assim, à medida que caminhamos unidos a Cristo, o
fruto desejado. Para uns isso pode ser cinco talentos, para outros dois. O
Senhor não critica aquele que fez dois talentos ao invés de cinco. Ao

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contrário, ele o parabeniza. Ele deu fruto ao Senhor de acordo com o


que ele recebeu. O único condenado aqui foi o aquele infrutífero.
Aquele que ao invés de trabalhar para o Senhor, trabalhou para outros
(sempre servimos ao Senhor). Seu comportamento teve consequências, e
bem pesadas.

“Lançai, pois o servo inútil nas trevas exteriores, ali haverá pranto e
ranger de dentes.”

3.4. “PORQUE TIVE FOME, E NÃO ME DESTES DE COMER; TIVE SEDE, E


NÃO ME DESTES DE BEBER;”

Mateus 25 não termina com a parábola dos talentos, mas é


imediatamente seguida pelo texto abaixo, que está diretamente
relacionado às três parábolas anteriores:

Mateus 25:31-46
“Quando, pois vier o Filho do homem na sua glória, e todos os anjos
com ele, então se assentará no trono da sua glória; e diante dele serão
reunidas todas as nações; e ele separará uns dos outros, como o pastor
separa as ovelhas dos cabritos; e porá as ovelhas ã sua direita, mas os
cabritos a esquerda. Então dirá o Rei aos que estiverem ã sua direita:
Vinde, benditos de meu Pai. Possuí por herança o reino que vos está
preparado desde a fundação do mundo; porque tive fome, e me destes
de comer; tive sede, e me destes de beber; era forasteiro, e me acolhestes;
estava nu, e me vestistes; adoeci, e me visitastes; estava na prisão e
fostes ver-me. Então os justos lhe perguntarão: Senhor, quando te vimos

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com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber?


Quando te vimos forasteiro, e te acolhemos? ou nu, e te vestimos?
Quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos visitar-te? E
responder-lhes-á o Rei: Em verdade vos digo que, sempre que o fizestes
a um destes meus irmãos, mesmo dos mais pequeninos, a mim o
fizestes. Então dirá também aos que estiverem a sua esquerda: Apartai-
vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o Diabo e
seus anjos; porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não
me destes de beber; era forasteiro, e não me acolhestes; estava nu, e não
me vestistes; enfermo, e na prisão, e não me visitastes. Então também
estes perguntarão: Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede, ou
forasteiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão, e não te servimos? Ao que
lhes responderá: Em verdade vos digo que, sempre que o deixaste de
fazer a um destes mais pequeninos, deixastes de o fazer a mim. E irão
eles para o castigo eterno, mas os justos para a vida eterna.”

Alguns são rápidos para desconsiderar a passagem acima com a


justificativa de que se refere a outros e não a nós mesmos, já que somos
salvos pela graça por meio da fé, e não por obras. Eu aceitaria de bom
grado, e é verdade que aceitei por anos, esse raciocínio, se eu não
tivesse enxergado os seguintes problemas com ele:

1- Para quem o Senhor estava falando quando ele disse a passagem


acima, bem como as três parábolas que lemos em Mateus 24 e 25? Isto é
bastante óbvio pelo contexto. O ensinamento do Senhor começou como
uma resposta a seguinte pergunta dos discípulos:

Mateus 24:3

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“E estando ele sentado no Monte das Oliveiras, chegaram-se a ele os seus


discípulos em particular, dizendo: Declara-nos quando serão essas coisas, e
que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo.”

Depois que Ele lhes fala a respeito dos falsos cristos, os falsos
profetas, a abominação da desolação, etc., Ele diz:

Mateus 24:36-39, 42-44


“Daquele dia e hora, porém, ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o
Filho, senão só o Pai. Pois como foi dito nos dias de Noé, assim será
também a vinda do Filho do homem. Porquanto, assim como nos dias
anteriores ao dilúvio, comiam, bebiam, casavam e davam-se em
casamento, até o dia em que Noé entrou na arca, e não o perceberam,
até que veio o dilúvio, e os levou a todos; assim será também a vinda do
Filho do homem. Por isso ficai também vós apercebidos; porque numa
hora em que não penseis, virá o Filho do homem....Vigiai, pois, porque
não sabeis a que hora há de vir o vosso Senhor. Mas considerai isto: se o pai
de família soubesse a que vigília da noite havia de vir o ladrão, vigiaria
e não deixaria minar a sua casa. Por isso, estai vós apercebidos também;
porque o Filho do homem há de vir à hora em que não penseis.”

“Por isso ficai também vós apercebidos; porque numa hora em


que não penseis, virá o Filho do homem.” Quem são estes que devem
estar apercebidos e alertas? Seus discípulos. E depois o Senhor
prossegue dando vários exemplos, os quais todos se referem
igualmente a uma mesma situação: como uma pessoa que espera a vinda do
seu Senhor deve comportar-se durante a Sua ausência. Não somos nós
exatamente estas pessoas? Se nós não somos estas pessoas então quem

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mais seriam? Dizendo de outro modo, se nos excluímos destas palavras


que Cristo disse aos seus discípulos, então não há mais ninguém a
quem essas palavras possam se referir. Este é o motivo básico que me
faz acreditar que estas palavras do Senhor não se referem para alguns,
mas para mim pessoalmente. Além disso, veja o momento em que esta
palavra foi dita, que está explicitada em Mateus 26:1-2:

Mateus 26:1-2
“E havendo Jesus concluído todas estas palavras, disse aos seus
discípulos: Sabeis que daqui a dois dias é a páscoa; e o Filho do homem será
entregue para ser crucificado.”

Estes foram ensinamentos dados a Seus discípulos bem no


fechamento do Ministério de Jesus, dois dias antes da crucificação. Ele
não deixou tais ensinamentos apenas para nossa informação, mas sim
para que fossem aplicados, colocados em prática!
Além disso, o que Jesus disse como descrito acima não é de
maneira nenhuma inédito. Vejamos o que João disse em sua epístola:

1 João 3:16-18
“Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós; e nós
devemos dar a vida pelos irmãos. Quem, pois, tiver bens do mundo, e,
vendo o seu irmão necessitando, lhe fechar o seu coração, como permanece nele
o amor de Deus? Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas
por obras e em verdade.”

Tiago usa o mesmo exemplo de 1 João 3:16-18 e o faz de maneira


ainda mais gritante:

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Tiago 2:14-17
“Que proveito há, meus irmãos se alguém disser que tem fé e não tiver
obras? Porventura essa fé pode salvá-lo? Se um irmão ou uma irmã
estiverem nus e tiverem falta de mantimento cotidiano e algum de vós
lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos e fartai-vos; e não lhes derdes as
coisas necessárias para o corpo, que proveito há nisso? Assim também a fé,
se não tiver obras, é morta em si mesma.”

O fato de sermos verdadeiros seguidores de Cristo é mostrado de


maneira muito simples observando se seguimos ou não a Sua Palavra,
fazendo o que esta Palavra nos diz para fazer, ainda que com erros e
falhas (eu repito: não somos perfeitos ainda, mas estamos correndo para
a perfeição (Filipenses 3:12). Como o Senhor disse, nem todos que O
chamam Senhor, Senhor entrarão no reino dos Céus, mas aqueles que
fazem a vontade de Seu Pai. Realmente é a fé que salva, mas a fé
verdadeira, e esta fé é manifestada em fazer, exclusivamente, as obras
de Deus, as obras que Deus preparou para nós. Se somos ou não
verdadeiros Cristãos, é mostrado muito claramente pelo fato de
seguirmos ou não a Sua Palavra, fazendo o que a Sagrada Escritura nos
diz. E para evitar qualquer mal entendido: para executar muitas destas
obras você não precisa de nenhuma revelação especial. Elas estão
escritas claramente em Sua Palavra. Aqui estão algumas delas:

“Porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de


beber; era forasteiro, e me acolhestes; estava nu, e me vestistes; adoeci, e
me visitastes; estava na prisão e fostes ver-me. Então os justos lhe
perguntarão: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer?

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ou com sede, e te demos de beber? Quando te vimos forasteiro, e te


acolhemos? ou nu, e te vestimos? Quando te vimos enfermo, ou na
prisão, e fomos visitar-te? E responder-lhes-á o Rei: Em verdade vos
digo que, sempre que o fizestes a um destes meus irmãos, mesmo dos
mais pequeninos, a mim o fizestes.”

E em Tiago 1:27:
“A religião pura e imaculada diante de nosso Deus e Pai é esta: Visitar
os órfãos e as viúvas nas suas aflições e guardar-se isento da corrupção
do mundo.”

3.5 A PARÁBOLA DOS DEZ MIL TALENTOS

Nós a encontramos em Mateus 18:23-35. Onde lemos:

“Por isso o reino dos céus pode comparar-se a um certo rei que quis
fazer contas com seus servos e, tendo começado a tomá-las, foi-lhe
apresentado um que lhe devia dez mil talentos; mas não tendo ele com
que pagar, ordenou seu senhor que fossem vendidos, ele, sua mulher,
seus filhos, e tudo o que tinha, e que se pagasse a dívida. Então aquele
servo, prostrando-se, o reverenciava, dizendo: Senhor, tem paciência
comigo, que tudo te pagarei. O senhor daquele servo, pois, movido de
compaixão, soltou-o, e perdoou-lhe a dívida. Saindo, porém, aquele
servo, encontrou um dos seus conservos, que lhe devia cem diários; e,
segurando-o, o sufocava, dizendo: Paga o que me deves. Então o seu
companheiro, caindo-lhe aos pés, rogava-lhe, dizendo: Tem paciência
comigo, que te pagarei. Ele, porém, não quis; antes foi encerrá-lo na

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prisão, até que pagasse a dívida. Vendo, pois, os seus conservos o que
acontecera, contristaram-se grandemente, e foram revelar tudo isso ao
seu senhor. Então o seu senhor, chamando-o á sua presença, disse-lhe:
Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque me suplicaste;
não devias tu também ter compaixão do teu companheiro, assim como
eu tive compaixão de ti? E, indignado, o seu senhor o entregou aos
verdugos, até que pagasse tudo o que lhe devia. Assim vos fará meu Pai
celestial, se de coração não perdoardes, cada um a seu irmão.”

Dez mil talentos é uma ENORME quantia. Ninguém nunca


poderia ganhar tamanha quantia em dinheiro. E ainda assim esta
enorme dívida era aquilo que o servo devia. E você sabe o que
aconteceu? O seu Senhor o perdoou da dívida. Isto é graça! Graça
significa favor imerecido. E isto é exatamente o que este senhor fez, que
é uma figura de Deus: perante o clamor de seu servo, ele o perdoou e
removeu sua enorme dívida. Este servo agora estava livre! Ele foi
perdoado! Repare também que ele não fez nada para alcançar o perdão
de sua dívida além de clamar a seu mestre. Até aqui eu entendo que nós
concordaríamos que esta é uma figura perfeita de você e eu. O que
aconteceu com este servo, a graça e a compaixão que foi mostrada a ele,
é mesma graça e compaixão que Deus nos mostra. Como Efésios 2:1-9
diz, falando a nosso respeito:

Efésios 2.1-9
“Ele vos vivificou, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais
outrora andastes, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das
potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos de
desobediência, entre os quais todos nós também antes andávamos nos

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desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos;


e éramos por natureza filhos da ira, como também os demais. Mas Deus,
sendo rico em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando
nós ainda mortos em nossos delitos, nos vivificou juntamente com Cristo (pela
graça sois salvos), e nos ressuscitou juntamente com ele, e com ele nos fez
sentar nas regiões celestes em Cristo Jesus, para mostrar nos séculos vindouros
a suprema riqueza da sua graça, pela sua bondade para conosco em Cristo
Jesus. Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de
vós, é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie.”

Nossa dívida era enorme. Estávamos mortos em pecados e


transgressões. Éramos inimigos de Deus e filhos da desobediência. E o
que aconteceu? Nós nos arrependemos e cremos. Nós nos curvamos
como aquele servo e pedimos ao Rei que nos perdoasse. E Ele assim o
fez! Isto é chamado graça. Pela graça nós fomos salvos. E assim também
aquele servo: pela graça ele foi salvo da sua enorme dívida. Não havia
obras, nada que eu, ou você, ou aquele servo pudéssemos fazer para
pagar aquela dívida. Apenas a graça poderia fazer isto. Então a salvação
é pela fé por meio da graça e não pode ser ganha como uma troca pelas
nossas obras, pois obra alguma poderia restituir nossa enorme dívida.
Penso que até aqui, está tudo certo, tudo claro. Mas o Senhor não para
por aí.
Ele olha para o que servo fez e que apesar da grande dívida que
lhe havia sido perdoada, ele havia negado o perdão a um servo amigo
que devia uma dívida muito pequena a ele. O servo havia sido
perdoado, mas não estava andando como alguém que fora perdoado.
Agora, seria este Rei justo se Ele não fizesse um julgamento neste momento?
Não seria. Pelo contrário, Ele seria completamente injusto. E ainda
assim, isto é o que muitos esperam que Deus faça com eles: eles
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esperam que Deus os perdoe, mas não os julgue quando eles insistem
em não andar como perdoados. Quando o Senhor julgou o servo e
reinstaurou a enorme dívida que havia sido originalmente perdoada,
Ele foi impiedoso? Não. Sua graça foi manifestada quando Ele perdoou
originalmente o servo de sua enorme dívida. Mas vendo que este servo
não estava andando de forma alguma como perdoado mas se aproveitou
de sua liberdade pressionando seus co-servos e pedindo que fosse feita
“justiça” a respeito da desprezível dívida que tinham com ele, então a
justiça tinha que ser aplicada a ele também. Então não confunda Graça e
Justiça. Deus possui ambas as qualidades: Ele é cheio de graça e cheio
de justiça. Se nos arrependemos de coração alcançaremos graça. Se não
perdoamos, basicamente requerendo julgamento contra aqueles que
supostamente nos fizeram mal, então o julgamento será aplicado,
começando por nós mesmos! Nosso Senhor não deixa espaço para
controvérsias:

“Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque me suplicaste;


não devias tu também ter compaixão do teu companheiro, assim como
eu tive compaixão de ti? E, indignado, o seu senhor o entregou aos
verdugos, até que pagasse tudo o que lhe devia. Assim vos fará meu Pai
celestial, se de coração não perdoardes, cada um a seu irmão.”

E novamente a oração do Senhor:

Mateus 6:12
“E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos
devedores;”

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Isto o Senhor nos explica mais a frente nos versículos 14-15.


“Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai
Celestial vos perdoará a vós; Se, porém, não perdoardes aos homens as suas
ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas.”

Paulo resume isto de forma excelente em Romanos 11:22 quando


ele diz:

“Considera pois a bondade e a severidade de Deus: para com os que


caíram, severidade; para contigo, a bondade de Deus, se permaneceres
nessa bondade; do contrário também tu serás cortado.”

Existe a bondade de Deus e isto é o que teremos se continuarmos


andando pelo estreito caminho da fé, ligados a Cristo, o único que
pagou o preço por nós. Mas se não fizermos isto, e não continuarmos
em Sua bondade, em outras palavras, se escolhermos, como aquele
servo, caminharmos como se não fôssemos perdoados de nossos
pecados e faltas, pelos quais estávamos mortos, então não poderemos
esperar bondade e sim severidade da parte de Deus. Porque não
continuamos a andar na bondade de Deus. Deus é tanto bondade
quanto severidade, e é óbvio que ganharemos aquilo que escolhermos.

3.6 “AO QUE VENCER”

Há algumas Bíblias que têm as palavras proferidas por Jesus


marcadas em vermelho. Se você tem uma destas Bíblias, você poderá
observar que depois dos evangelhos você verá muito pouco marcado

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em vermelho nos Atos e nas epístolas, talvez no total, aproximadamente


doze versículos. Embora os Atos e as epístolas tenham como autor o
mesmo Espírito Santo dos evangelhos, Jesus não está falando na
primeira pessoa neles. Entretanto, isto muda em Apocalipse, o último
livro da Bíblia. Lá Jesus fala novamente na primeira pessoa e nesta
seção eu gostaria de chamar atenção para alguns pontos do segundo e
terceiro capítulo de Apocalipse. Estes capítulos contêm cartas
endereçadas à sete igrejas da Ásia menor. O próprio Jesus ditou estas
cartas ao apóstolo João, mandando que ele as escrevesse, e enviasse à
estas igrejas, junto com todo o livro. No entanto é surpreendente a
pouca atenção que estas epístolas de Jesus recebem. Uma teoria que
escutei é que tais epístolas de Jesus juntamente com todo o livro de
Apocalipse não se referem realmente a nós, mas a futuros crentes que
entenderiam suas palavras. Isto na verdade quer dizer implicitamente
que nós podemos com certeza ignorar este livro, ou considerá-lo como
algo “apenas para nossa informação.” No terceiro anexo deste livro eu
darei as razões pelas quais eu creio que esta visão não é correta.

Agora, voltando às cartas mencionadas, o que eu quero


apresentar aqui e acredito que seja relevante para este estudo, é o
seguinte fato: em todas as sete cartas, o Senhor conclui com uma
promessa para aquele que vencer. Vejamos estas promessas:

Apocalipse 2:7
“Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvores da vida, que está no meio
do paraíso de Deus.”

Apocalipse 2:11

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“O que vencer não receberá o dano da segunda morte.”

Apocalipse 2:17
“Ao que vencer, darei eu a comer do maná Escondido, e dar-lhe-ei uma
pedra branca, e na pedra um novo nome escrito, o qual ninguém
conhece senão aquele que o recebe.”

Apocalipse 2:26-28
“Ao que vencer, e ao que guardar as minhas obras até o fim, eu lhe darei
autoridade sobre as nações, e com vara de ferro as regerá, quebrando-as
do modo como são quebrados os vasos do oleiro, assim como eu recebi
autoridade de meu Pai; também lhe darei a estrela da manhã.”

Apocalipse 3:5
“O que vencer será assim vestido de vestes brancas, e de maneira
nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida; antes confessarei o seu
nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos.”

Apocalipse 3:12
“A quem vencer, eu o farei coluna no templo do meu Deus, donde jamais
sairá; e escreverei sobre ele o nome do meu Deus, e o nome da cidade
do meu Deus, a nova Jerusalém, que desce do céu, da parte do meu
Deus, e também o meu novo nome.”

E Apocalipse 3:21
“Ao que vencer, eu lhe concederei que se assente comigo no meu trono.”

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É incrível tudo que é prometido para aquele que vencer; para


aquele que perseverar até o fim, que mantiver as obras e a palavra de
Jesus até o final, no momento da morte. No entanto, muitos hoje
acreditam que eles não precisam vencer nada. Eles acreditam que tudo
já foi feito em seu favor no passado, naquele único momento de fé.
Especialmente, e de acordo com o ponto de vista da corrida da fé, não
somente começou, mas também terminou no momento que acreditamos.
Mas se foi realmente assim, não haveria razão para Jesus falar sobre
aqueles que vencessem? Falar a respeito não significa apenas que há
uma necessidade de vencer, mas também haverá aqueles que NÃO
vencerão e para eles as promessas descritas acima em Apocalipse não se
aplicarão.
Tomemos Apocalipse 3:5 como exemplo:

“O que vencer será assim vestido de vestes brancas, e de maneira


nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida; antes confessarei o seu
nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos.”

Jesus prometeu que, se vencermos, nossos nomes não serão


apagados do Livro da Vida. Mas também significa que se não
vencermos, nossos nomes serão apagados. O Livro da Vida é um
registro de todos aqueles designados para viverem eternamente (veja
Filipenses 4:3). Aqueles cujos nomes estiverem no Livro da Vida terão
uma vida eterna e entrarão na Nova Jerusalém, (Apocalipse 21:27). E
aqueles que não forem encontrados no Livro terminarão no lago de
fogo (Apocalipse 20:15). Falando de outro modo: Apenas terão vida
eterna aqueles que estiverem inscritos no Livro da Vida. E está óbvio
por aquilo que Jesus fala, o livro da vida não aceita apenas novos nomes. Ele

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também aceita eliminações de nomes inscritos, para aqueles que não venceram,
que se retiraram, deram pra trás. Consequentemente, estar inscrito no
Livro da Vida não nos garante que estaremos no livro para todo o
sempre, sem possibilidade de alteração deste estado. Todo aquele que
retroceder e desertar da fé, sem arrependimento ( seja onde for que este
arrependimento ainda esteja disponível – veja depois a discussão a
respeito em Hebreus 6) quem quer que seja que não consiga vencer, no
fim ele não será encontrado no livro da vida. Saiba que muitos não
estão acostumados a ouvir tais coisas, mas esta é a verdade simples que
eu vejo na Palavra e eu, pessoalmente, não estou disposto nem a ignorá-
la nem criar mecanismo para explicá-la.

3.7. CONCLUSÃO

Para concluir este capítulo, é óbvio que nosso Senhor não


acreditava de modo algum em uma fé infrutífera. Suas palavras
pavimentaram o caminho para um entendimento correto do que
significa crer em Jesus ou ter a fé em Jesus. Esta não é de forma alguma
apenas uma confissão mas, como o apóstolo Paulo ensinou ( veja o
capítulo seguinte) uma carreira a ser corrida e uma luta a ser travada.
Não há dúvida alguma que para Cristo, permanecer Nele, não era uma
opção, mas obrigatório, e aqueles que não estivessem firmes Nele, não
poderiam entrar no Reino. Infelizmente, apesar disto, muitos
escolheram ignorar isto, acreditando que o que importa é começar na fé.
Claro que é importante começar na fé (você não pode terminar algo a
menos que tenha começado), mas eu diria que ainda mais importante

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são os dois, começar e terminar na fé, permanecendo na vinha, no


Cristo, até o fim e colocando de lado tudo que nos separa dela.

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A FÉ OPERANDO POR MEIO DO AMOR

Agora, tendo visto o que vimos até aqui e antes de seguirmos


com outros materiais, gostaria de acrescentar algumas coisas referente
ao amor. Eu creio que isto é necessário, uma vez que as obras da fé
mencionadas no Novo Testamento são obras cuja força motivadora é o
amor. Gálatas 5:6 resume muito bem isto quando diz:

Gálatas 5:6
“Porque em Jesus Cristo nem a circuncisão nem a incircuncisão tem
valor algum; mas sim a fé que opera pelo amor.”

Aqui temos tudo em uma frase: Fé, amor, obras. Nenhuma delas pode
permanecer sozinha. Obras sem fé não te validade. Sem proveito
também são obras que não são motivadas pelo amor. Como Paulo nos
diz em 1 Coríntios 13:1-3:

“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse
amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que

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tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a


ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse
os montes, e não tivesse amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda
a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu
corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me
aproveitaria.

E então ele segue explicando o que é e o que não é o amor.

1 Coríntios 13:4-8, 13
“O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata
com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não
busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; Não folga com a
injustiça, mas folga com a verdade; Tudo sofre, tudo crê, tudo espera,
tudo suporta. O amor nunca falha; .... Agora, pois, permanecem a fé, a
esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.”

É óbvio que o amor não é passivo.

Agora, assim como as obras sem amor para motivar não tem
valor, também o amor sem obras não é amor de verdade. Assim como
nos diz João:

1 João 3:16-18
“Conhecemos o amor nisto: que ele deu a sua vida por nós, e nós
devemos dar a vida pelos irmãos. Quem, pois, tiver bens do mundo, e,
vendo o seu irmão necessitado, lhe cerrar as suas entranhas, como

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estará nele o amor de Deus? Meus filhinhos, não amemos de palavra,


nem de língua, mas por obra e em verdade.

O amor só é verdadeiro quando se torna ação, quando opera em


obras e verdade.

Portanto vimos que fé, obra e amor não estão separadas umas das
outras. Fé sem obras é morta, conforme nos diz Tiago (Tiago 2,17) e as
obras sem amor de nada vale nos diz Paulo. Mais ainda, amor sem
obras não é verdadeiro, nos diz João. O que é então uma fé verdadeira?
É uma fé que contém tudo isto. Está bem claro: “Fé operando por meio do
amor.”

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AS ADVERTÊNCIAS DAS EPÍSTOLAS

Seguindo com nosso estudo vamos passar agora para as epístolas.

5.1. ROMANOS 11:22 – A BONDADE DE DEUS, SE PERMANECERMOS


NESSA BONDADE

Vamos começar com Romanos 11:19-22. Lemos a respeito de


Israel e daqueles que crêem:

“Dirás então: Os ramos foram quebrados, para que eu fosse enxertado.


Está bem; pela sua incredulidade foram quebrados [ele quer dizer
Israel], e tu pela tua fé estás firme. Não te ensoberbeças, mas teme;
porque, se Deus não poupou os ramos naturais, não te poupará a ti.
Considera pois a bondade e a severidade de Deus: para com os que
caíram, severidade; para contigo, a bondade de Deus, SE permaneceres
nessa bondade; do contrário também tu serás cortado.”

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Esta passagem se refere àquelas pessoas que “estão firmes na fé.”


Para estas pessoas, para aqueles de nós que se mantêm firmes na fé, a
bondade de Deus é sobre nós. Mas isto não é incondicional. A
preposição “se”, apresenta claramente uma condicional. Qual condição?
Que permaneçamos em sua bondade. Se abandonamos esta bondade e
não mais continuamos com Deus, então a resposta que a Palavra nos dá
é clara: também seremos cortado.

Também está claro pelo que Paulo fala em 2 Coríntios 13:5 que é
possível chegar a um limite de fé, onde a fé pode ter se exaurido, e
alguém não mais esteja permanecendo na fé:

2 Coríntios 13:5
“Examinai-vos a vós mesmos se permaneceis na fé; provai-vos a vós mesmos.
Ou não sabeis quanto a vós mesmos, que Jesus Cristo está em vós? Se
não é que já estais reprovados.”

Baseado nisto fica evidente que um Cristão pode não permanecer


na fé, isto é, ele pode ter implícita ou explicitamente se desviado da sua
fé. Se não houvesse esta possibilidade, não haveria razão para Paulo
dizer que deveríamos provar a nós mesmos quanto a verificar se
permanecemos ou não em fé. Talvez seja por isso que nós o
encontramos junto com Barnabé em Atos 14:22 fazendo o seguinte:

“E, tendo anunciado o evangelho naquela cidade e feito muitos


discípulos, voltaram para Listra, Icônio e Antioquia, confirmando as
almas dos discípulos, exortando-os a perseverarem na fé, dizendo que por
muitas tribulações nos é necessário entrar no reino de Deus.”

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Não haveria razão para os apóstolos exortar os crentes a


perseverarem na fé, se não houvesse possibilidade de não mais perseverar,
interromper ou se desviar da fé. Sendo assim é possível que um crente
cuja fé tenha sido interrompida, não mais permaneça na bondade de
Deus. O que acontecerá neste caso? Romanos 11:22 nos dá a resposta de
maneira muito clara: esta pessoa será cortada.
Jesus disse exatamente o mesmo para aqueles que não
permanecessem Nele:

João 15:1-2, 6
“Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o viticultor. Toda vara em
mim que não dá fruto, ele a corta;... Quem não permanece em mim é
lançado fora, como a vara, e seca; tais varas são recolhidas, lançadas
no fogo e queimadas.”

Então ser “cortado” não é alguma coisa impossível, como várias


pessoas nos fizeram acreditar, mas uma grave possibilidade que pode
se tornar real para aquele que não mais permanecer na videira,
segundo as palavras de João, ou não tiver perseverado em sua fé,
apartando-se de sua bondade, nas palavras de Paulo.

5.2. COLOSSENSES 1:21-23 – SANTOS E IRREPREENSÍVEIS, SE


PERMANECERMOS NA FÉ

Seguindo com Colossenses 1:21-23 nós lemos:

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Colossenses 1:21-23
“A vós também, que outrora éreis estranhos, e inimigos no
entendimento pelas vossas obras más agora contudo vos reconciliou no
corpo da sua carne, pela morte, a fim de perante ele vos apresentar
santos, sem defeito e irrepreensíveis, se é que permaneceis na fé, fundados e
firmes, não vos deixando apartar da esperança do evangelho que ouvistes, e
que foi pregado a toda criatura que há debaixo do céu, e do qual eu,
Paulo, fui constituído ministro.”

Cristo realmente nos reconciliou com Deus, pela Sua carne, por
meio de sua morte, para nos apresentar santos e irrepreensíveis. Mas
isto não é incondicional, como se houvesse um “SE” também expresso,
uma condição que deve ser mantida para que estas maravilhosas
verdades se tornem uma realidade completa para nós no dia do Senhor.
E qual é esta condição? Aqui está ela: “se é que permaneceis na fé,
fundados e firmes, não vos deixando apartar da esperança do evangelho.”
Novamente veja a expressão “permanecer na fé.” Nós vimos em
Romanos 11 que se nós não permanecemos na Sua bondade seremos
cortados. O mesmo vemos aqui também: se não permanecermos na fé,
isto é, se descontinuarmos a andar em fé, então nós NÃO seremos
contados entre aqueles que ele apresentará como “santos, sem defeito, e
irrepreensíveis.”
Como também a carta aos Hebreus nos diz:

Hebreus 12:14
“Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor”

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Apenas os santos vão ver o Senhor e terão a vida eterna. E apenas


Cristo pode nos apresentar como santos! Mas quando? SE permanecemos
na fé, firmes e não formos movidos da esperança do evangelho” .

5.3 A CORRIDA DA FÉ: O EXEMPLO DE PAULO

Considerando o que Paulo disse e instruiu, fica claro que a fé é


uma corrida a ser corrida, uma luta a ser travada. Como ele disse a
Timóteo:

1 Timóteo 6:11-12
“Mas tu, ó homem de Deus, foge destas coisas, e segue a justiça, a
piedade, a fé, o amor, a constância, a mansidão. Peleja a boa peleja da fé,
apodera-te da vida eterna, para a qual foste chamado, tendo já feito boa
confissão diante de muitas testemunhas.”

Desta instrução, duas coisas ficam evidenciadas:

1. A fé é realmente uma peleja, uma batalha! “Peleja a boa peleja da fé”


disse Paulo.

2. Nós fomos chamados para a vida eterna, mas também precisamos


nos apoderar dela! A tradução da palavra grega “epilavou” significa
“agarrar, se apoderar, pegar” (Dicionário Strong). Nós fomos chamados
para a vida eterna mas isto não significa que nós já nos apoderamos
dela. Nós estamos correndo em direção a ela! Conforme 1 Coríntios 15:2
também diz: .”..pelo qual também sois salvos, se é que o conservais tal

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como vo-lo anunciei;”(1 Coríntios 15:2) ou seja, nós estamos no processo


de sermos salvos, nós estamos correndo em direção a vida eterna para
adquiri-la.
Mas Paulo não deu apenas instruções aos outros. Em primeiro
lugar ele as aplicou a ele mesmo. Conforme ele diz:

Filipenses 3:8-15
“Sim, na verdade, tenho também como perda todas as coisas pela
excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri
a perda de todas estas coisas, e as considero como refugo, para que
possa ganhar a Cristo, e seja achado nele, não tendo como minha justiça
a que vem da lei, mas a que vem pela fé em Cristo, a saber, a justiça que
vem de Deus pela fé; para conhecê-lo, e o poder da sua ressurreição e a
e a participação dos seus sofrimentos, conformando-me a ele na sua
morte, para ver se de algum modo posso chegar a ressurreição dentre os
mortos. Não que já a tenha alcançado, ou que seja perfeito; mas vou
prosseguindo, para ver se poderei alcançar aquilo para o que fui também
alcançado por Cristo Jesus. Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja
alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que
atrás ficam, e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo
pelo prêmio da vocação celestial de Deus em Cristo Jesus. Pelo que todos
quantos somos perfeitos tenhamos este sentimento; e, se sentis alguma
coisa de modo diverso, Deus também vo-lo revelará.”

E novamente em 1 Coríntios 9:24-27:


“Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade,
correm, mas um só é que recebe o prêmio? Correi de tal maneira que o
alcanceis. E todo aquele que luta, exerce domínio próprio em todas as

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coisas; ora, eles o fazem para alcançar uma coroa corruptível, nós,
porém, uma incorruptível. Pois eu assim corro, não como indeciso;
assim combato, não como batendo no ar. Antes subjugo o meu corpo, e o
reduzo a submissão, para que, depois de pregar a outros, eu mesmo não venha a
ficar reprovado.”

Como Paulo disse com relação a ele mesmo: “Não que já a tenha
alcançado, ou que seja perfeito; “mas vou prosseguindo, para ver se
poderei alcançar aquilo para o que fui também alcançado por Cristo
Jesus.” E novamente: “Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja
alcançado.” A figura que temos de Paulo não é de um Cristão que já
tenha atingido seu alvo, e que estava agora descansado … “curtindo a
vida.” Pelo contrário, a figura que temos é de um atleta que corre em
direção ao seu objetivo, “para ver se de algum modo” possa conquistá-
lo. É a figura de um bom lutador que não dá golpes no ar, mas trava sua
luta com os olhos firmes na sua vitória, no seu prêmio.
Apenas no final de sua vida, Paulo disse o seguinte:

2 Timóteo 4:6-8
“Quanto a mim, já estou sendo derramado como libação, e o tempo da
minha partida está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira,
guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o
Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas
também a todos os que amarem a sua vinda.”

Como vemos, fé para Paulo é algo que devemos manter. “Eu


mantive a fé.” Claro, então, que fé não é algo estático, que uma vez
que você a tem, é um trato feito e você pode deixar se assentar que

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chegará ao fim automaticamente. Ao contrário, fé para Paulo é uma luta


a ser travada e uma corrida a ser percorrida. A vida eterna não é algo
que já alcançamos. É algo ao qual fomos chamados e estamos em busca
até alcançarmos.

Que todos nós sejamos capazes de dizer o que Paulo disse ao final
de sua vida: “Combati o bom combate, acabei a carreira e mantive a fé.” Que
nenhum de nós considere já haver recebido o prêmio quando o próprio
Paulo não ousou pensar isso de si mesmo, mas só disse no fim. Vamos
todos correr a corrida da fé e sermos seu imitadores, como ele nos pediu.
( como ele mesmo nos diz para fazer – 1 Coríntios 11:1)

5.4 HEBREUS 12:22-25: “MUITO MENOS ESCAPAREMOS NÓS, SE NOS


DESVIARMOS DAQUELE QUE NOS ADVERTE LÁ DOS CÉUS”

Vamos agora para epístola de Hebreus, onde muitos avisos são


encontrados Vamos começar lendo Hebreus 12:22-25:

“Mas tendes chegado ao Monte Sião, e a cidade do Deus vivo, a


Jerusalém celestial, a miríades de anjos; e a Jesus, o mediador de um
novo pacto, e ao sangue da aspersão, que fala melhor do que o de Abel.
Vede que não rejeiteis ao que fala; porque, se não escaparam aqueles quando
rejeitaram o que sobre a terra os advertia, muito menos escaparemos nós, se nos
desviarmos daquele que nos adverte lá dos céus;”

A epístola aos Hebreus, como todas as outras epístolas é


endereçada a crentes. Quando o “vós” é utilizado, isto pode apenas se

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referir a crentes. E realmente, apenas a crentes poderia ser aplicada a


seguinte frase: “Mas tendes chegado ao Monte Sião, e a cidade do Deus
vivo, a Jerusalém celestial.” Nenhum incrédulo já viu ou verá a cidade
do Deus Vivo, a menos, é claro, que ele se torne crente. O autor está
claramente endereçando a mensagem a crentes. Então, usando o
exemplo dos israelitas que pereceram, ele adverte a congregação,
dizendo-lhes: “Vede que não rejeiteis ao que fala; porque, se não
escaparam aqueles quando rejeitaram o que sobre a terra os advertia,
muito menos escaparemos nós, se nos desviarmos daquele que nos
adverte lá dos céus;” Desta advertência, dois aspectos ficam novamente
evidenciados:

i) um crente, alguém que chegou a cidade do Deus vivo, pode voltar


atrás, pode recusar a Deus.

ii) se ele fizer isto, então a fé que ele teve um dia – mas que não mais
possui – não o salvará realmente, fazendo-o escapar.

Também o exemplo dado nos diz: todos os israelitas começaram


em consenso, juntos no mesmo propósito para chegar a terra prometida.
Mas no caminho, praticamente todos, voltaram atrás, rejeitando a Deus
e Seu plano. Deus permitiu que estes entrassem na terra prometida, a
qual todos começaram a ir e para onde Deus os havia chamado a entrar?
Não, Ele não permitiu. Aqueles que recusaram Deus no caminho,
morreram no deserto. Esta não é uma analogia que eu dou, mas uma
analogia que a Palavra de Deus dá para aqueles que decidem voltar
atrás no caminho. Da mesma forma que os israelitas, que voltaram atrás
e não entraram na terra prometida, assim também nós, embora

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tenhamos sido chamados à vida eterna, não escaparemos e não


entraremos na Reino prometido se, no caminho voltarmos contra Deus.

5.5 HEBREUS 4:1-3, 9-12: “PROCUREMOS DILIGENTEMENTE ENTRAR NO


DESCANSO DE DEUS”

Seguindo para próxima passagem, desta vez lemos em Hebreus 4:

“Portanto, tendo-nos sido deixada a promessa de entrarmos no seu


descanso, temamos não haja algum de vós que pareça ter falhado. Porque
também a nós foram pregadas as boas novas, assim como a eles; mas a
palavra da pregação nada lhes aproveitou, porquanto não chegou a ser
unida com a fé, naqueles que a ouviram. Porque nós, os que temos crido, é
que entramos no descanso, tal como disse: Assim jurei na minha ira: Não
entrarão no meu descanso; embora as suas obras estivessem acabadas
desde a fundação do mundo;… Portanto resta ainda um repouso
sabático para o povo de Deus. Pois aquele que entrou no descanso de
Deus, esse também descansou de suas obras, assim como Deus das suas.
Ora, a vista disso, procuremos diligentemente entrar naquele descanso, para
que ninguém caia no mesmo exemplo de desobediência. Porque a palavra de
Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois
gumes, e penetra até a divisão de alma e espírito, e de juntas e medulas,
e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração.”

O que eu considero uma expressão alternativa para a entrada no


Reino de Deus, ser salvo, viver eternamente é algo designado para nós
que cremos. Este é o plano, o desígnio de Deus para todo o crente. E isto

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é exatamente o que vai acontecer, a menos que alguns destes caia em


desobediência a Deus, negando a Ele, voltando-se para longe Dele como
fizeram os israelitas. Por isso que o escritor está dizendo: “procuremos
diligentemente entrar naquele descanso para que ninguém caia no mesmo
exemplo de desobediência.” Novamente é interessante verificar novamente
a origem da palavra grega traduzida na versão em português no
sentido de “procurar diligentemente”, ou seja, esforçar-se: a palavra no
original advém da palavra “spoudazo” que significa “esforçar-se, estar
diligentemente pronto, apto; ser diligente, trabalhar, laborar, estudar, se
empenhar. ( tradução utilizando como referência ao citado na língua
inglesa proveniente do Strong Dicionário). Nós devemos nos esforçar
para entrar no descanso de Deus. Desse jeito fica claro que entrar no
descanso de Deus não é algo garantido nem tampouco algo que
acontece automaticamente, de uma vez por todas, quando alguém
acredita pela primeira vez. Ao contrário, é algo que devemos dar
diligência para que tenhamos acesso. Isto é o que aqueles da segunda e
terceira categoria da Parábola do Semeador não fizeram e como
resultado as sementes da Palavra nunca deram frutos. Ao contrário, esta
descrição que obtemos de Hebreus se enquadra perfeitamente com a
figura que Paulo nos deus anteriormente em 1 Coríntios 9:24-27:

1 Coríntios 9:24-27
“Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade,
correm, mas um só é que recebe o prêmio? Correi de tal maneira que o
alcanceis. E todo aquele que luta, exerce domínio próprio em todas as coisas; ora,
eles o fazem para alcançar uma coroa corruptível, nós, porém, uma
incorruptível. Pois eu assim corro, não como indeciso; assim combato,
não como batendo no ar. Antes subjugo o meu corpo, e o reduzo a

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submissão, para que, depois de pregar a outros, eu mesmo não venha a


ficar reprovado.”

O verdadeiro crente tenta fazer o melhor de sua fé, esforçando-se


para entrar no descanso de Deus, praticando a fé, sim, talvez com falhas,
mas nunca desistindo. Que todos nós façamos isto hoje, e continuemos
fazendo o mesmo até o fim!

5.6 HEBREUS 6:4-9 – AQUELES QUE SE FIZERAM PARTICIPANTES DO


ESPÍRITO SANTO E DEPOIS DECAÍRAM

Continuando em Hebreus lemos:

Hebreus 6:4-9
“Porque é impossível que os que uma vez foram iluminados, e
provaram o dom celestial, e se fizeram participantes do Espírito Santo, e
provaram a boa palavra de Deus, e os poderes do mundo vindouro, e
depois caíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; visto
que, quanto a eles, estão crucificando de novo o Filho de Deus, e o
expondo ao vitupério. Pois a terra que embebe a chuva, que cai muitas
vezes sobre ela, e produz erva proveitosa para aqueles por quem é
lavrada, recebe a bênção da parte de Deus; mas se produz espinhos e
abrolhos, é rejeitada, e perto está da maldição; o seu fim é ser queimada.
Mas de vós, ó amados, esperamos coisas melhores, e que acompanham
a salvação, ainda que assim falamos.”

Três perguntas que alguém possa fazer referente a esta passagem :

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i) esta passagem fala de crentes? Eu acredito que isto é óbvio, porque


fala de pessoas que “provaram o dom celestial, e se fizeram
participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus, e os
poderes do mundo vindouro.” Podem incrédulos ou impostores – que
enganam aos outros mas não a Deus – serem por exemplo participantes
do Espírito Santo? Não, eles não podem. Está claro que esta passagem é
endereçada a crentes.

ii) Esta passagem sugere que tais pessoas que “uma vez foram
iluminadas e se fizeram participantes do Espírito Santo, e provaram a
boa palavra de Deus, e os poderes do mundo vindouro” possam cair,
desistir? Sim, é exatamente isto que o texto diz.

iii) O que vai acontecer àqueles que caírem? O fim deles se assemelha ao
fim da terra que “produz espinhos e abrolhos, e é rejeitada e perto está
da maldição, cujo fim é ser queimada.”

Esta portanto, é outra forte advertência para todos nós que


estamos começando, ou para aqueles que já começaram a sua carreira
na fé: começar a carreira é uma grande coisa. Mas precisamos corrê-la
até o fim. Cair na fé, abandonar a corrida, abandonar Cristo, a videira, é
algo que nenhum de nós devemos fazer.

Agora, a passagem deixa claro que é impossível “para os que uma


vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se fizeram
participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus, e os
poderes do mundo vindouro, e depois caíram, sejam outra vez

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renovados o arrependimento.” Em outras palavras, não há meio de


retorno para estas pessoas. E a razão para isto é dada na seguinte
passagem:

“visto que, quanto a eles, estão crucificando de novo o Filho de Deus, e o


expondo ao vitupério.”

É minha opinião que a maioria dos casos de retrocesso pode ser


perdoada, quando há um verdadeiro arrependimento e retorno. No
entanto, este caso é algo diferente. “É impossível” a passagem diz, que
estas pessoas sejam renovadas para o arrependimento. E não diria que
compreendi 100% as razões contida no texto e não queria dizer coisas
que o texto não diz claramente. Porém, o que o texto diz claramente é
que seus atos seriam iguais a crucificar o Senhor e expô-lo à vergonha.
Em outras palavras, não seria apenas como se eles participassem da
crucificação com seus atos, mas também demonstraria que o Cristo
merecia ser crucificado. E isto não aconteceria na ignorância, mas por
pessoas que tinham conhecido o Senhor e a Sua bondade3. Em minha
opinião não temos aqui um “simples” desviar de caminho, mas uma
negação pública, uma rejeição aberta do Cristo pela pessoa que, “foi
iluminada, provou dos dons celestiais, teve parte com o Espírito Santo,
provou a boa nova de Deus e o poder do tempo que há de vir.” Para tal
comportamento não é arrependimento.

3
Aqueles que originalmente crucificaram o Senhor, clamando na frente de Pilatos: "Crucifica-o,
crucifica-o", o fizeram na ignorância (Atos 3: 14-21). A porta de arrependimento estava aberto para
eles. Mas aqueles de Hebreus 6 são outra coisa. Estes que rejeitaram o Senhor, não o fizeram por
ignorância, mas com pleno conhecimento e só depois que eles "foram iluminados, e provaram o dom
celestial, e se tornaram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus e os
poderes do mundo vindouro.

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Talvez a renúncia pública de Cristo seja algo de difícil


compreensão de seus motivos para nós que vivemos na “segurança” e
sem nenhuma perseguição particular da sociedade ocidental. Mas não
era assim no primeiros séculos depois de Cristo. O Cristianismo era
uma religião ilegal e era punido com a mortes, torturas e confiscos. A
renúncia pública e o retorno à religião legal (como paganismo ou
mesmo judaísmo) era apresentado pelos perseguidores como a solução
dos “problemas” deles. Especialmente para aqueles com raízes judaicas,
como Hebreus crentes, que eram os destinatários originais da epístola, o
retorno para a sinagoga e o judaísmo familiar parecem ter sido alguns
apelos. Portanto, tal retorno exigia uma renúncia pública de Cristo em
frente a Sinagoga, além de expô-lo ao vexame4. Talvez seja por isso que
o autor toma especial ênfase em avisar ao seu público contra algo como
isto, deixando claro as consequências.

Fechando esta advertência bastante dura, nós encontramos


palavras encorajadoras no versículo 9:

“Mas de vós, ó amados, esperamos coisas melhores, e que acompanham


a salvação, ainda que assim falamos.”

E finalmente, segundo as palavras de John Wesley: “Nós estamos


persuadidos que agora vocês estão salvos dos seus pecados; e que vocês
tem fé, amor, santidade, que os levarão a salvação final. Contudo, assim
falamos, para adverti-los, a fim de que vocês não caiam de sua presente
lealdade.”

4
Para saber mais sobre os Hebreus ver: David Pawson, „Unlocking the Bible”, Harper Collins
Publishers, 2003, pp. 1115-1118 e Roger Hahn, o livro de Hebreus Lição 1, encontrados on-line aqui:.
Http://www.crivoice. org/biblestudy/bbheb1.html
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5.7 HEBREUS 10:23-29, 35-39: SE VOLUNTARIAMENTE CONTINUARMOS


NO PECADO, SE TODOS RECUAREM.

Continuando em Hebreus, nós encontramos mais uma forte


advertência em Hebreus 10. Vejamos o que diz:

Hebreus 10:23-29, 35-39


“retenhamos inabalável a confissão da nossa esperança, porque fiel é
aquele que fez a promessa; e consideremo-nos uns aos outros, para nos
estimularmos ao amor e não abandonando a nossa congregação, como é
costume de alguns, antes admoestando-nos uns aos outros; e tanto
mais, quanto vedes que se vai aproximando aquele dia. Porque se
voluntariamente continuarmos no pecado, depois de termos recebido o pleno
conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados, mas uma
expectação terrível de juízo, e um ardor de fogo que há de devorar os
adversários. Havendo alguém rejeitado a lei de Moisés, morre sem
misericórdia, pela palavra de duas ou três testemunhas; de quanto
maior castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele que pisar o
Filho de Deus, e tiver por profano o sangue do pacto, com que foi
santificado, e ultrajar ao Espírito da graça? ... Não lanceis fora, pois, a
vossa confiança, que tem uma grande recompensa. Porque necessitais
de perseverança, para que, depois de haverdes feito a vontade de Deus,
alcanceis a promessa. Pois ainda em bem pouco tempo aquele que há de
vir virá, e não tardará. Mas o meu justo viverá da fé; e se ele recuar, a
minha alma não tem prazer nele. Nós, porém, não somos daqueles que recuam
para a perdição, mas daqueles que crêem para a conservação da alma.”

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Novamente três questões fundamentais, cuja resposta é clara no


texto:

i) Esta passagem, que é especialmente uma forte advertência, se refere a


crentes? A resposta é sim: ela fala sobre pessoas que foram santificadas
com o sangue da promessa e sem dúvida, estas pessoas só podem ser
cristãs. Como 1 Coríntios 6:9-11 diz, falando a Cristãos:

“Não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos
enganeis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os
efeminados, nem os sodomitas nem os ladrões, nem os avarentos, nem
os bêbedos, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino
de Deus. E tais fostes alguns de vós; mas fostes lavados, mas fostes
santificados, mas fostes justificados em nome do Senhor Jesus Cristo e no
Espírito do nosso Deus.”

Santificação e perdão são reservados àqueles que crêem, e os


meios de alcançá-los é através do “sangue da promessa” (Mateus 26:28).

ii) Agora, é possível que alguém que tenha sido santificado com o
sangue da promessa, o sangue de Cristo, retroceder e então passar a
considerar o mais precioso sangue como comum, colocando embaixo
dos seus pés o Filho de Deus, e insultando o Espírito Santo? É possível
para alguém que uma vez creu “retroceder”? Está claro pela passagem
acima e por outras passagens que vimos até agora que isto é realmente
possível.

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iii) A próxima pergunta é: a salvação é o que aguarda aqueles que


embora tenham sido santificados pelo sangue da aliança, mas depois o
consideraram comum, e retrocederam? Bem, é óbvio a partir deste texto
que a resposta é negativa.

Além disso, eu também quero pontuar o seguinte trecho da


passagem:

“Porque se voluntariamente continuarmos no pecado, depois de termos


recebido o pleno conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício
pelos pecados, mas uma expectação terrível de juízo, e um ardor de
fogo que há de devorar os adversários.”

Um pouco adiante vamos falar mais a respeito do pecado, e


quando alguém está realmente fora da fé. Mas, para dar agora uma
resposta curta a este respeito, ela talvez esteja expressa na passagem
que diz “se voluntariamente continuarmos no pecado, depois de termos
recebido o pleno conhecimento da verdade.” Pecar voluntariamente não
é um ato único, isolado, um episódio na vida de fé, que está se
esforçando na retidão. Ao contrário, significa uma vida que vive a prática
do pecado, uma vida que habitualmente, e como forma de viver, peca,
apesar do conhecimento da verdade. Esta negligência habitual e
voluntária de tudo aquilo que sabemos que diz a Palavra de Deus, é
mortal, e tal pessoa deveria arrepender-se imediatamente, ao invés de
descansar numa falsa garantia de salvação.

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5.8 INTERPRETAR MAL HEBREUS 6 E HEBREUS 10

Muitos daqueles que apreciam a crença de que uma vez que ele
tenha acreditado está salvo e permanecerá salvo, não importando o que
aconteça com sua fé mais adiante quando percebem que Hebreus 6 e
Hebreus 10 não se alinham com esta crença, tentam encontrar meios
para explicar estas passagens. Muitas destas tentam basicamente provar
que estas passagens não se relacionam realmente a crentes. Mas se uma
pessoa foi santificada com o sangue de Jesus e se tornou co-herdeiro do
espírito santo nunca foi um verdadeiro crente, então quem seria um
crente verdadeiro?
Outros contudo, apesar de ainda darem apoio àquela doutrina,
não podem negar o ensinamento óbvio contido nestas passagens e que
realmente se referem a crentes. Um deles é Barnes, um conhecido
comentarista, a quem eu referencio frequentemente. Ele disse o seguinte
nos seus comentários a respeito de Hebreus 10:26:

“Se depois de nos convertermos e nos tornarmos verdadeiros Cristãos,


apostatássemos da fé, seria impossível nos recuperarmos novamente,
pois não haveria outro sacrifício para o nosso pecado; nenhum outro
modo pelo qual pudéssemos ser salvos.” Esta passagem, no entanto,
como em Hebreus 6:4-6, abriu caminho para muitas diferentes opiniões.
Mas me parece evidente que a interpretação acima é realmente a
correta, ou seja, que se refere a crentes, pelas seguintes considerações:

(1) Seria a interpretação natural e óbvia a ser constatada por noventa e


nove por cento dos leitores desta passagem, se não houvesse nenhuma

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teoria a ser sustentada, e nenhum receio que a interpretação imediata e


natural pudesse divergir com algum outro tipo de doutrina.
(2) Está de acordo com o âmbito, com o contexto da Epístola, que
corresponde a evitar que aqueles para os quais o apóstolo endereça a
epístola retrocedam novamente para a religião Judaica, sob os
julgamentos e ordenanças aos quais estavam submetidos, relacionadas
àquela religião.
(3) está de acordo com o sentido adequado da linguagem – as palavras
“depois de termos adquirido o conhecimento da verdade” referindo-se
com naturalidade à verdadeira conversão, com o sentido de plenitude
neste conhecimento, que excede a um simples entendimento como
assentimento mental;
(4) o sentimento não estaria correto caso não se referisse
especificamente a um verdadeiro Cristão. Não seria verdadeiro que
alguém que tivesse sido iluminado, e que depois tivesse pecado
“voluntariamente” pudesse olhar apreensivamente, com grande temor
para um julgamento e não tivesse mais a possibilidade de ser salvo.
Existe uma multiplicidade de casos onde tais pessoas são salvas. Elas
deliberadamente resistem ao Espírito Santo; elas se esforçam contra ele.
Por muito tempo se recusam a render-se, mas são novamente trazidas à
contemplação, à reflexão, e são levadas a entregar seus corações a Deus.
(5) é verdade, e sempre será, que se um Cristão sincero apostatar da fé,
ele nunca mais poderá se converter novamente; veja os apontamentos
em Hebreus 6:4-6. As razões são óbvias. Ele teria tentado o único,
derradeiro, e definitivo plano de salvação, e teria falhado. Ele teria
abraçado ao Salvador, e não havendo mais eficácia suficiente em Seu
Sangue para mantê-lo no caminho, não poderia haver mais poderoso
Salvador e mais eficaz sangue da aliança para resgatá-lo

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posteriormente. Ele teria renunciado o Espírito Santo, e teria


demonstrado que suas influências não eram eficazes para mantê-lo no
caminho, e não haveria outro agente com poder maior para renová-lo e
salvá-lo depois que apostatasse da fé que uma vez anunciara. Por estas
razões, me parece claro que esta passagem se refere a verdadeiros
Cristãos, e que a doutrina aqui ensinada é de que, se alguém chegar a
apostatar da fé, ele deverá aguardar apenas os terrores do julgamento, e
a condenação final.

Portanto, de acordo com Barnes podiam apenas se referir a um


verdadeiro Cristão. No entanto, ele escolhe dar uma justificativa a
respeito. Como? Através da seguinte Teoria:

“Se fosse questionado quanto a possibilidade de um verdadeiro Cristão


ter caído, ou vir a perder a Graça, e perder completamente sua religião,
eu responderia sem hesitação: não! Se então me fosse perguntado qual
foi o objetivo de uma advertência como esta, eu responderia:
Demonstraria o grande pecado da apostasia caso isto acontecesse. É
apropriado declarar a grandeza deste ato de pecado, embora ele talvez
nunca realmente ocorra, para mostrar como o mesmo seria considerado
por Deus.” (grifos adicionados)

Em outras palavras, de acordo com Barnes, Deus está,


basicamente brincando conosco! Ele nos fala sobre a grande destruição
que uma pessoa sofreria se abandonasse a fé, embora esta situação, seja
supostamente impossível de acontecer. Ele se dedica a passagens e mais
passagens com o único objetivo de nos advertir a respeito de alguma
coisa que, de acordo com Barnes, não é realmente um perigo. Deus

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realmente faria algo assim? Não, Ele não faria. Nosso Deus não brinca
conosco. Aquilo que Ele diz, esteja certo: Ele quer dizer exatamente aquilo!

De nossa parte agora, podemos escolher uma bizarra explicação


para evitarmos Hebreus 6 e 10 ou podemos escolher acreditar no que
lemos não somente em Hebreus, mas nas demais passagens que
abordamos neste estudo.

5.9. HEBREUS 3:4-6: CONSERVARMOS FIRMES ATÉ O FIM A NOSSA


CONFIANÇA

Mais adiante em Hebreus, no capítulo 3 nós lemos:

Hebreus 3:4-6
”Porque toda casa é edificada por alguém, mas quem edificou todas as
coisas é Deus. Moisés, na verdade, foi fiel em toda a casa de Deus, como
servo, para testemunho das coisas que se haviam de anunciar; mas
Cristo o é como Filho sobre a casa de Deus; a qual casa somos nós, se tão-
somente conservarmos firmes até o fim a nossa confiança e a glória da
esperança.”

E a passagem continua:

Hebreus 3:7-14
“Pelo que, como diz o Espírito Santo: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não
endureçais os vossos corações, como na provocação, no dia da tentação
no deserto, onde vossos pais me tentaram, pondo-me a prova, e viram

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por quarenta anos as minhas obras. Por isto me indignei contra essa
geração, e disse: Estes sempre erram em seu coração, e não chegaram a
conhecer os meus caminhos. Assim jurei na minha ira: Não entrarão no
meu descanso. Vede, irmãos, que nunca se ache em qualquer de vós um
perverso coração de incredulidade, para se apartar do Deus vivo; antes exortai-
vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje,
para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado; porque nos
temos tornado participantes de Cristo, se é que guardamos firme até o fim a
nossa confiança inicial;”

É possível que um Cristão “se aparte do Deus vivo”? Vede


IRMÃOS” é a maneira que a passagem em questão se inicia. Contudo,
sim é possível que um irmão se afaste para longe do Deus vivo.
Além disso, veja as duas declarações condicionais que começam
com “se.” Nós somos a morada de Cristo “se é que guardamos firme até
o fim a nossa confiança inicial.” E novamente, temos nos tornado
“participantes de Cristo, se é que guardamos firme até o fim a nossa
confiança inicial.” Aqui nós vemos mais uma vez o que vimos várias
vezes até agora: a fé é uma corrida, uma carreira a ser seguida com
começo e fim. Qual é o fim? Se Cristo não voltar durante a nossa vida
aqui, então o fim é o próprio fim da nossa existência aqui. De outro
modo, será o tempo de Sua vinda e nosso encontro com Ele. Aqueles
que mantiveram firmes em suas confianças até o fim, isto é, aqueles que
correram a carreira e mantiveram a sua fé até o fim entrarão no reino de
Deus. Mas aqueles que desistiram de sua fé não herdarão o reino. Eles
NÃO “serão participantes em Cristo”, e nem serão a Sua morada. Isto é
o que a expressão “se” quer nestas passagens dizem claramente.

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5.10. MATEUS 24:13: “MAS QUEM PERSEVERAR ATÉ O FIM ESTE SERÁ
SALVO”

No mesmo capítulo em outros versículos, e voltando um pouco


ao evangelho de Mateus, o Senhor Jesus disse:

Mateus 24:9-13
“Então sereis entregues a tortura, e vos matarão; e sereis odiados de
todas as nações por causa do meu nome. Nesse tempo muitos hão de se
escandalizar, e trair-se uns aos outros, e mutuamente se odiarão.
Igualmente hão de surgir muitos falsos profetas, e enganarão a muitos;
e, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará. Mas quem
perseverar até o fim, esse será salvo.”

Alguns poderão dizer que o Senhor fala aqui sobre os últimos


dias. E eles estarão certos. Mas não estamos vivemos estes últimos dias
agora? E para evitar abrir uma discussão escatológica aqui, ainda mais
que este estudo não se trata deste assunto, mesmo que estes não fossem
os últimos dias, isto faria com que esta última declaração tivesse menos
validade hoje? Como Ele disse: “mas quem perseverar até o fim será
salvo.” Exatamente da mesma forma que vimos anteriormente em
Hebreus: “porque nos temos tornado participantes de Cristo, se é que
guardamos firme até o fim a nossa confiança inicial; (Hebreus 3:14). A fé
é uma corrida e para persegui-la precisamos ter perseverança. E aqueles
que não perseverarem não apenas um pouco, não até a metade, mas até
o final da corrida, serão salvos. Os outros, aqueles que se desviarem,

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que não perseverarem, não estarão lá. É por isto que o autor de Hebreus
nos encoraja:

Hebreus 10:35-39
“Não lanceis fora, pois, a vossa confiança, que tem uma grande
recompensa. Porque necessitais de perseverança, para que, depois de haverdes
feito a vontade de Deus, alcanceis a promessa. Pois ainda em bem pouco
tempo aquele que há de vir virá, e não tardará. Mas o meu justo viverá
da fé; e se ele recuar, a minha alma não tem prazer nele. Nós, porém, não
somos daqueles que recuam para a perdição, mas daqueles que crêem para a
conservação da alma.”

Nós precisamos ter perseverança, para depois que fizermos a


vontade de Deus possamos receber o que foi prometido. E conforme 1
João nos diz:

1 João 2:25
“E esta é a promessa que ele nos fez: a vida eterna.”

A vida eterna é a promessa, a principal promessa. Mas para


recebê-la precisamos permanecer nela até o final. Aqueles que
abandonam a corrida, aqueles que não perseverarem, mas retrocederem,
não receberão a promessa. E o escritor de Hebreus novamente nos
encoraja assim:

Hebreus 12:1-2
“Portanto, nós também, pois estamos rodeados de tão grande nuvem de
testemunhas, deixemos todo embaraço, e o pecado que tão de perto nos

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rodeia, e corramos com perseverança a carreira que nos está proposta, fitando
os olhos em Jesus, autor e consumador da nossa fé, o qual, pelo gozo que lhe
está proposto, suportou a cruz, desprezando a ignomínia, e está
assentado a direita do trono de Deus.”

Nós precisamos correr a corrida e só há um modo de corrê-la:


com perseverança, e olhando para Jesus, o fundador e aperfeiçoador da
nossa fé. E correr com perseverança, ter os olhos fixos em Jesus e no que
é prometido a nós, produziremos o fruto que nos marca como
verdadeiros apóstolos de Cristo. O fruto produzido por aquelas pessoas
da quarta categoria de solo descrita na parábola do semeador:

“Mas a que caiu em boa terra são os que, ouvindo a palavra com
coração reto e bom, a retêm e dão fruto com perseverança.”

A palavra “perseverança” é traduzida do grego aqui da mesma


forma que em Hebreus 10:36 e 12:1. Aqueles incluídos na quarta
categoria, são aqueles que perseveraram, que permaneceram correndo
para o Senhor, firmes na videira, e dão fruto com perseverança.
Possamos todos nós estarmos nesta categoria, e permanecermos nela. e,
se algum de nós não está, que possa se arrepender “corra com
perseverança a carreira que nos está proposta.”

5.11 - 1 JOÃO 2:24-25 – “SE EM VÓS PERMANECER O QUE DESDE O


PRINCÍPIO OUVISTES”

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Deixando Hebreus, vamos agora para 1 João 2:24-25. Lá nós


lemos:

“Portanto, o que desde o princípio ouvistes, permaneça em vós. Se em


vós permanecer o que desde o princípio ouvistes, também vós
permanecereis no Filho e no Pai. E esta é a promessa que ele nos fez: a
vida eterna.”

A quem João está se referindo aqui? Isto está claro pelo versículo
21 quando ele diz para seus ouvintes: “Não vos escrevi porque não
soubésseis a verdade, mas porque a sabeis, e porque nenhuma mentira
vem da verdade.” Então os seus ouvintes eram crentes, pessoas que
conheciam a verdade. João diz a eles que se a Palavra de Deus tivesse
permanecido neles desde o começo, quando a ouviram, eles
permaneceriam sustentados no Filho e no Pai. Por isto fica claro então
que é possível que alguém que ouviu e já sabe a respeito da verdade –
como estes sabiam da verdade ( versículo 21) – não mais permanecesse
na verdade. Isto é o que o “se” significa na passagem ( “Se em vós
permanecer o que desde o princípio ouvistes”). Como João deixa claro,
somente aqueles cujos corações estão ligados à palavra de Deus,
continuam ligados e a viver ligados no Filho e no Pai. Em outras
palavras, e fazendo uma leitura diferente, Se a Palavra deixou de
habitar o coração de alguém, então este alguém também deixou de estar
no Filho e no Pai. E o que acontece em casos assim? João clarifica isto
em alguns versículos adiante, versículo 28.

1 João 2:28

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“E agora, filhinhos, permanecei nele; para que, quando ele se manifestar,


tenhamos confiança, e não fiquemos confundidos diante dele na sua vinda.”

Veja este “para que.” Quando há esta expressão “para que”,


saibamos que a condição seguinte depende completamente do que está
expresso antes. Só existe uma maneira de não nos envergonharmos e
vacilarmos diante Dele de vergonha na Sua vinda: é permanecendo firmes
nele. E para estar firmes Nele, lemos em 1 João 1:24-25, que precisamos
ter a Sua Palavra firmes em nós, viva em nós. Apenas quando estamos
firmes Nele. Para evitar confusão vamos resumir.

i) Não ficaremos envergonhados com a Sua vinda, se tivermos firmes


Nele (1 João 2:28).

ii) E firmes Nele significa que Sua palavra permanece e vive em nós (1
João 2:24-25).

Portanto, estar firmes no Senhor não é alguma coisa que podemos


fazer uma vez e estaremos permanentemente, para sempre, firmes Nele,
independente da maneira como vivemos, independente se a Palavra de
Deus realmente vive em nós. Se fosse assim não haveria razão pela qual
João falasse a crentes, com objetivo de encorajá-los a viver firmes na
Palavra e em Cristo. Ao contrário, permanecer Nele é uma decisão a
qual, embora tenhamos feito uma vez, tem que ser nossa decisão hoje
também. firmes na Palavra é algo que escolhemos fazer em nossas
vidas.

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Esta frase “permanecei Nele” é a maneira de João nos dizer: “lute


a boa batalha da fé”, “continue na fé”, “continue em sua bondade”,
“corra a carreira que é posta diante de você”, e as outras frases que
vimos em Paulo e autor de Hebreus utilizando. É a maneira de João nos
dizer as mesmas coisas. e interpretar 1 João 2:28 de uma maneira
diferente. Desde que permaneçamos Nele então não seremos
envergonhados em Sua vinda. Isto portanto nos dá uma dica de como
devemos entender passagens como a contida em Romanos 9:33:

“como está escrito: Eis que eu ponho em Sião uma pedra de tropeço; e
uma rocha de escândalo; e quem nela crer não será confundido.”

Note nesta passagem que é o tempo verbal aqui utilizado é o


presente, declarando que a fé fala sobre uma realidade presente.
Infelizmente alguns passam desapercebidos e lêem como se estivesse
falando de algo acontecido no passado, ou seja, como segue: “a todo
aquele que uma vez na vida creu no Senhor, independente do que tenha
feito depois com sua fé, não será confundido.” Mas a verdade é
diferente. De acordo com João, não seremos envergonhados na Sua
vinda, se, não apenas começarmos, mas também permanecermos (isto é,
ficarmos) Nele. “E quem Nele crer não será confundido” de Romanos
9:33 se refere a pessoas que “crêem” (agora no presente) e serão achadas
firmes Nele em sua vinda, ou o fim de suas vidas terão seu fim Nele,
firmes Nele. Estes não serão envergonhados. Contudo, aqueles que, na
Sua vinda, não permanecerem Nele, serão envergonhados. De fato o
Senhor deixou isso mais claro ainda quando proclamou a parábola da
vinha:

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João 15:5-6
“Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá
muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. Se alguém não estiver
em mim, será lançado fora, como a vara, e secará; e os colhem e lançam
no fogo, e ardem.”

Novamente alguém que tem ensinado que a graça de Deus


significa que basta a pessoa acreditar no início de sua vida para obter a
salvação pode sentir-se inconfortável com o texto acima. Como está
claro na passagem acima, não basta que alguém comece na fé, mas que
termine o que começou. Ele precisa permanecer no Senhor e Sua
palavra permanecer nele. Mais ainda, se ele não está no Senhor “será
lançado fora, como a vara, e secará; e os colhem e lançam no fogo, e
ardem.” Alguns podem pensar que falar de tais possibilidades seja algo
sem compaixão, indelicado e sem amor. Infelizmente nos dias de hoje
nós usamos o amor como desculpa para não dizermos a verdade e
assim não deixar alguém inconfortável. Mas, ocultar a verdade é
mentira e de jeito algum isso é amor. Não vamos nos sucumbir para
algo que nada mais é do o espírito deste mundo. Se a Palavra de Deus,
se Deus que nunca mente e que é o próprio Amor nos diz tais coisas,
então eu acho que devemos levá-las seriamente em consideração.

5.12 2 JOÃO 8-9 : PARA “TODO AQUELE QUE VAI ALÉM DO ENSINO DE
CRISTO E NÃO PERMANECE NELE”

Seguindo para a segunda epístola de João, nós lemos nos


versículos 8 e 9:

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“Olhai por vós mesmos, para que não percais o fruto do nosso trabalho,
antes recebeis plena recompensa. Todo aquele que vai além do ensino de
Cristo e não permanece nele, não tem a Deus; quem permanece neste ensino,
esse tem tanto ao Pai como ao Filho.”

Novamente João utiliza o “permanecer firme” como a referência.


Permanecer significa ficar ligado. Para estar firme, permanecer em
algo, depois de haver começado, é necessário se convencer a continuar
nisto, a permanecer firme nisto. Isto é realmente estar firme,
permanecer firme. Para ter o Pai e o Filho, para que venham e façam
morada em você, você precisa permanecer nos ensinamentos de Cristo,
isto é, permanecer firme em Sua Palavra. Verdadeiramente, como o
Senhor disse:

João 14:23-24
“Respondeu-lhe Jesus: Se alguém me amar, guardará a minha palavra; e
meu Pai o amará, e viremos a ele, e faremos nele morada. Quem não me ama,
não guarda as minhas palavras; ora, a palavra que estais ouvindo não é
minha, mas do Pai que me enviou.”

Novamente há a expressão “se” e existe um “e” (de fato, três


deles). Se amamos a Cristo então permaneceremos em Sua Palavra,
firmes em seus ensinamentos. E então, como resultado, o Pai nos amará
e Ele juntamente com o Filho virão e farão morada em nós. Mas se não
ficamos com Sua Palavra, se não permanecêssemos firmes nos
ensinamentos de Cristo, então isto significa que nós não O amamos, e
como resultado, isto significa que não temos nem o Pai nem o Filho.

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Muitos podem não gostar desta palavra, mas elas são simples verdades
da Palavra de Deus.

5.13 - 2 PEDRO 1:5-11 : “EMPREGANDO TODA A DILIGÊNCIA


ACRESCENTAI A NOSSA FÉ”

Continuando em 2 Pedro 1:5-11 nós lemos:

2 Pedro 1:5-7
“E por isso mesmo vós, empregando toda a diligência, acrescentai a vossa fé
a virtude, e a virtude a ciência, e a ciência o domínio próprio, e ao
domínio próprio a perseverança, e a perseverança a piedade, e a
piedade a fraternidade, e a fraternidade o amor.”

Nossa fé precisa ser acrescentada? Segundo Pedro precisa sim ser


acrescentada. Com o que ela deve ser acrescentada? Com o seguinte:
virtude, conhecimento, domínio próprio, fidelidade, santidade, afeição
fraterna, amor. Repare bem, Pedro não diz: “Se quiser, aqui está uma
lista agradável daquilo que podemos ser.” Pelo contrário, o que ele diz é
MUITO enfático: “procurai mais diligentemente.” Estar na fé portanto
envolve esforço, esforço para acrescentar à nossa fé, aquelas coisas que
o apóstolo Pedro diz. E quem deve fazer este esforço? Muito simples:
Nós. Sim, com a ajuda do Senhor, mas essa ajuda não é uma coação,
mas sim um trabalho em comunhão conosco.

O mesmo que Pedro nos fala, Paulo também nos diz de maneira
diferente em Gálatas 5:22-26:

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“Mas o fruto do Espírito [a nova natureza, o novo homem] é: o amor, o


gozo, a paz, a longanimidade, a benignidade, a bondade, a fidelidade. a
mansidão, o domínio próprio; contra estas coisas não há lei. E os que
são de Cristo Jesus crucificaram a carne com as suas paixões e
concupiscências. Se vivemos pelo Espírito, andemos também pelo Espírito.
Não nos tornemos vangloriosos, provocando-nos uns aos outros,
invejando-nos uns aos outros.”

E em Romanos 12:1-2
“Rogo-vos pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os
vossos corpos como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é
o vosso culto racional. E não vos conformeis a este mundo, mas transformai-
vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa,
agradável, e perfeita vontade de Deus.”

Os dois apóstolos nos dizem o seguinte: “ande com o novo


homem, não com o velho homem; renove a sua mente, acrescente à sua
fé.”

De volta a 2 Pedro: Embora a Palavra nos diga “empregando toda


a diligência, acrescentai a vossa fé”, vamos supor que alguém escolha
não fazer nenhum esforço para acrescentar à sua fé conforme nos é dito.
O que acontecerá neste caso? Nós podemos encontrar a resposta
quando vemos o que acontece quando alguém age na direção de
acrescentar à sua fé. Isto é mostrado em 2 Pedro, 1:8:

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“Porque, se em vós houver e abundarem estas coisas, elas não vos


deixarão ociosos nem infrutíferos no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus
Cristo.”

Sendo assim, se “empregarmos toda a diligência, acrescentando


a nossa fé” com aquelas qualidades mencionadas na Palavra, então não
seremos ineficazes ou infrutífero no conhecimento do Senhor. E ao
contrário disto, uma pessoa que não haja desta forma e não faça esforço
– para não dizer todo o esforço possível – para completar a sua fé, será
uma pessoa ineficaz e infrutífera no conhecimento do nosso Senhor
Jesus Cristo. E Pedro ainda nos fala mais:

2 Pedro 1:9
“Pois aquele em quem não há estas coisas é cego, vendo somente o que
está perto, havendo-se esquecido da purificação dos seus antigos
pecados.”

Aqueles que não se esforçam para acrescentar a sua fé e portanto


tem falta destas qualidades são chamados cegos. Uma pessoa que não
mais se lembra que foi lavada dos seus pecados do passado, exatamente
como o homem da parábola dos 10.000 talentos, que havia esquecido a
generosidade do seu senhor e do que havia sido purificado. E Pedro
prossegue:

2 Pedro 1:10
“Portanto, irmãos, procurai mais diligentemente fazer firme a vossa vocação e
eleição; porque, fazendo isto, nunca jamais tropeçareis.”

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Por que devemos ser diligentes ao fazer firme nossa vocação e


eleição se já o fizemos no passado de uma vez por todas, no momento
em que acreditamos? Porque, aquele dia em que cremos, nós começamos
nossa caminhada na fé, mas esta fé tem que criar raízes. Ela tem que ser
completada, tem que dar frutos. E Pedro continua:

2 Pedro 1:11
“Porque assim vos será amplamente concedida a entrada no reino eterno do
nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.”

Este “porque assim” significa “através destes meios”, “desta


forma”, “por causa disto”, nos será amplamente concedida a entrada no
reino. E por meio ou através do quê? Através das ações que lemos nos
versículos anteriores: empregando toda a diligência para acrescentar à
nossa fé – com a qual Pedro nos disse que consequentemente significa
dizer que não nos tornamos ineficazes e infrutíferos, mas que fomos
diligentes em fazer firme a nossa vocação e eleição. Assim sendo,
significa, por esta razão nos será amplamente concedida a entrada no
reino de Deus.
Agora, o texto acima nos traz a mente o seguinte pensamento e
pergunta: Quer dizer que aqueles que foram diligentes em fazer sua fé
uma fé frutífera como aqueles da quarta categoria da parábola do
semeador fizeram, terão uma calorosa recepção no Reino de Deus e
aqueles que não se importaram, que não se firmaram e permaneceram
na videira, e cuja a fé foi ou se tornou infrutífera, morta, entrarão no
Reino, mas de maneira menos calorosa? Uma olhada nos capítulos 2 e 3
anteriores e o aos dizeres do rei e veremos quem será bem vindo. E pelo
que li e minha compreensão é que somente os que estiverem

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preparados serão bem vindos. Isto não quer dizer que, somente os
puros, sem pecado entrarão no reino. Não há ninguém assim, exceto o
próprio Deus. Significa que embora estejamos alertas, que devemos
cuidar de nossa fé, nos mover, ainda que como crianças, tentando viver
nossa fé. Uma coisa é tentar viver nossa fé, com uma queda aqui outra
ali e outra coisa é abandonar a fé, e ter o pecado como um hábito, um
modo de viver, ignorando toda fé que tinha. Nem as cinco virgens
displicentes, nem o servo infrutífero, nem todos que abandonaram a
vinha encontrarão a porta do reino aberta. Que isto seja para nós
exemplos a evitarmos.
Portanto que possamos cuidar de nossa fé, e apesar de nossos
erros e falhas, possamos completá-la com virtude, virtude com
conhecimento, conhecimento com auto domínio, auto domínio com
perseverança, perseverança com bondade, bondade com amor
fraterno...Pois agindo assim nos será amplamente concedida a entrada
no reino de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

5.14. FILIPENSES 2:12-16: “EFETUAI A VOSSA SALVAÇÃO COM TEMOR E


TREMOR “

A próxima passagem que vamos ver está em Filipenses 2:12-16.


Lemos assim:

Filipenses 2:12-16
“De sorte que, meus amados, do modo como sempre obedecestes, não
como na minha presença somente, mas muito mais agora na minha
ausência, efetuai a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é o que

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opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade.
Fazei todas as coisas sem murmurações nem contendas; para que vos
torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus imaculados no meio de
uma geração corrupta e perversa, entre a qual resplandeceis como
luminares no mundo, retendo a palavra da vida; para que no dia de Cristo eu
tenha motivo de gloriar-me de que não foi em vão que corri nem em vão que
trabalhei.”

“Trabalhar a nossa salvação”, quer dizer vivenciar nossa fé, andar


como um seguidor, um discípulo de Cristo. Agora, isto é opcional? É
algo pelo qual não devemos nos importar caso não seja feito? Bem, a
frase “com temor e tremor” não me parece algo opcional para mim. Esta
frase tem um significado de que devemos continuar nos esforçando
para fazê-lo conforme diz a Palavra. Portanto praticando a sua vivência
de fé, com MUITA seriedade, tanto a ponto de temer e tremer. Usando
as palavras que vimos Pedro utilizar no item anterior: você deve
“procurar diligentemente.”

Além disso, Paulo diz aos Filipenses para “reter a Palavra da


vida.” Se eles assim o fizessem, então no dia do Senhor, Paulo diz que
ficaria orgulhoso, pois não teria trabalhado em vão. Como consequência,
isto significa que se eles não permanecessem firmes na Palavra, o
trabalho de Paulo seria verdadeiramente em vão. E a pergunta é, por
quê? Se estas pessoas fossem herdar o Reino, independentemente do
que tivesse acontecido com sua fé depois de ter crido pela primeira vez,
e de terem ou não permanecido na Palavra, e firmes na videira, então a
obra de Paulo não teria sido em vão, desperdiçada. Certo? Alguns
fizeram isto para o reino e isto não é em vão, absolutamente.

98
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Pessoalmente, a única explicação razoável que eu tenho para isso é que


se os Filipenses não permanecessem firmes na Palavra, firmes na
videira, então eles não alcançariam o Reino. E sim, o trabalho de Paulo
teria sido em vão. O que nunca aconteceu.

5.15 1 TIMÓTEO 6:10-16: AMOR AO DINHEIRO

Em Timóteo 6:10 encontramos um outro exemplo de pessoas que


se desviaram da fé: aqueles que amaram o dinheiro.

1 Timóteo 6:10
“Porque o amor ao dinheiro é raiz de todos os males; e nessa cobiça
alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores.”

“Desviar-se” provém da palavra grega “apeplanithisan” e


significa: “ser levado fora do caminho, ser seduzido.” Pessoas que se
desviaram, em determinado momento estavam andando no caminho
certo, mas devido a uma decepção, não mais seguiram, foram levados
para fora do caminho. Eles se desviaram. Paulo está se referindo as
pessoas “que se desviaram da fé”, o que, consequentemente, deixa claro
que eles estiveram uma vez na fé.
A sedução das riquezas fará os enganados por elas vaguearem
para longe da fé. Usando a parábola da videira em João 15, isto
corresponde a não permanecer firme na videira. Como resultado, isto
implica em um solo infértil – a terceira categoria da parábola do
semeador – uma vez que não há como dar frutos se não estiver ligado à

99
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videira 5 .Por fim, se não há um verdadeiro arrependimento, e uma


conversão, no fim seremos cortados da videira e classificados como
aqueles galhos a serem queimados (João 15:2,6).

Voltando a questão da riqueza é óbvio que ela é um inimigo


mortal à fé; é um assassino da fé em primeiro grau. Quando o amor ao
dinheiro entra em cena, a fé vai-se embora. Deus nos fornece bênçãos
materiais, para suprir nossas necessidades, mas querer se tornar rico,
querendo ser “abençoado” a qualquer custo com riquezas NÃO é algo
que devemos fazer. Em vez disso, eis o que devemos fazer:

Hebreus 13:5-6
“Seja a vossa vida isenta de ganância, contentando-vos com o que tendes;
porque ele mesmo disse: Não te deixarei, nem te desampararei. De
modo que com plena confiança digamos: O Senhor é quem me ajuda,
não temerei; que me fará o homem?”

Estamos fazendo isso? Estamos satisfeitos com o que temos?


Nossa vida é livre do amor ao dinheiro ou estamos correndo atrás de
riquezas? Vamos pensar e fazer os ajustes que sejam necessários.

REFLETINDO SOBRE DEUS COMO UMA MÁQUINA DE BÊNÇÃOS. ELE É


MESMO ALGO ASSIM?

Divagando um pouco a respeito do que vimos nesta seção, é


surpreendente para mim que dado os avisos solenes das Escrituras
5
Em todo caso, a sedução das riquezas é explicitamente mencionada na parábola do semeador como
um espinho e uma causa de esterilidade.
100
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sobre o desejo de se tornar rico, este desejo é ainda assim muito


cultivado nos púlpitos de várias igrejas e muito frequentemente através
da chamada mídia cristã e pregadores que se apresentam nela. Então as
pessoas são ensinadas a dar abundantemente ao Ministério de tal e tal
maneira (muitas vezes isso acontece sob o argumento não válido do
dízimo – Veja também o meu livro a respeito do dízimo: “O Dízimo, a
doação e o Novo Testamento”) com a promessa de que se fizerem isto,
então Deus estará obrigado a “abençoá-los” financeiramente. Assim,
Deus é visto como uma máquina de bênçãos onde, de um lado alguém
coloca o seu dinheiro e sua “crença” (“crer” muitas vezes como
confissões positivas pelas quais a pessoa que a faz está tentando lhe
convencer a si mesma que vai acontecer o que ele deseja) e de outro
lado, como consequência Deus, como numa troca, lhe dará bênçãos,
saúde e riqueza estão entre as principais delas. Contudo, está bem claro
nas escrituras, que nem os apóstolos nem Cristo eram ricos. (Na
verdade de acordo com a tradição, TODOS os apóstolos, com exceção
de João, foram assassinados por causa de sua fé. Apesar disso, as igrejas
que pregam o evangelho da prosperidade estão cheias de milhões. E
embora eu não tenha números para provar isto, tenho certeza que eles
vão enfrentar um grande julgamento quando descobrirem que Deus, e
eu creio que descobrirão, apesar de sua paciência e misericórdia - NÃO
funciona como uma máquina de bênçãos. Você não pode colocar Deus
em uma caixa, como normalmente estes “pregadores” do evangelho da
prosperidade prometem. Eu gostaria muito que isto fosse uma história
de ficção, mas infelizmente não é. Acontece agora e com muitos. Sinto
tanto, por todas essas pessoas, pois eu era um deles, que se afastou do
caminho devido a promessas de pessoas que minha vida seria sem
problemas e exatamente como eu queria. Mas em um ponto da minha

101
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vida, eu vim a perceber da maneira mais difícil que eu estava enganado.


Eu percebi que eu tinha que me submeter a Deus ao invés de Deus se
submeter a mim. Eu entendi então que em Atos 12, antes do registro
amplamente conhecido e pregado de Pedro sendo libertado
milagrosamente da prisão, há também o registro do apóstolo Tiago, o
irmão de João, morto pela espada. Um Apóstolo foi liberto, enquanto o
outro não foi. Ao final, mesmo aquele que foi liberto (Pedro) morreu
depois de alguns anos, uma morte de mártir, exatamente como
aconteceu com Tiago. Alguns também se esqueceram disto. A ideia que
alguns têm em sua mente, é que Deus vai livrá-los de todas as
pequenas dificuldades para que eles possam continuar vivendo em suas
“bênçãos” para sempre e morrer feliz (rico, saudável etc.) em uma idade
avançada. Sofrer por causa de Cristo nem passou pelas suas mentes,
pois em sua opinião, Deus está lá para libertá-los de TODO o
sofrimento. E ainda que a Bíblia diga o seguinte (e é apenas uma
pequena amostra):

Romanos 8:16-17
“O Espírito mesmo testifica com o nosso espírito que somos filhos de
Deus; e, se filhos, também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros
de Cristo; se é certo que com ele padecemos, para que também com ele sejamos
glorificados.”

2 Timóteo 2:3
“Sofre comigo como bom soldado de Cristo Jesus.”

2 Timóteo 3:12

102
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“E na verdade todos os que querem viver piamente em Cristo Jesus padecerão


perseguições.”

Atos 14:21-22
”E, tendo anunciado o evangelho naquela cidade [Paulo e Barnabé] e
feito muitos discípulos, voltaram para Listra, Icônio e Antioquia,
confirmando as almas dos discípulos, exortando-os a perseverarem na
fé, dizendo que por muitas tribulações nos é necessário entrar no reino de
Deus.”

Muitos pensam que o sofrimento não é relevante para eles, pois


Cristo já sofreu por eles. Eles vão declarar com ousadia, declarar que a
primeira parte de Romanos 8:16-17, isto é, “somos filhos de Deus; e, se
filhos, também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo.”
Mas a passagem não termina aqui! Ela prossegue com um “contanto”,
com um “se”, uma condicional para o texto acima.” “Se é certo que com
ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados.”
Sofrimento, então, pelo amor de Deus, é uma honra. O que aconteceu
com Tiago e também com quase todos os apóstolos (martírio) foi uma
honra, e não um acontecimento indesejado. Os próprios Apóstolos viam
o sofrimento por amor de Cristo como algo pelo qual se alegrar:

Atos 5:40-41
“Concordaram, pois, com ele, e tendo chamado os apóstolos, açoitaram-
nos e mandaram que não falassem em nome de Jesus, e os soltaram.
Retiraram-se pois da presença do sinédrio, regozijando-se de terem sido
julgados dignos de sofrer afronta pelo nome de Jesus.”

103
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À luz destes versículos, gostaria de levantar um questionamento:


Tácito foi um historiador romano e testemunha da primeira perseguição
empreendida pelo Estado romano aos cristãos iniciada por Nero (64-67
D.C.). Ele escreveu sobre os eventos:

“Em suas mortes [ele se refere aos cristãos presos] muitos foram feitos
objetos de esporte: eles foram cobertos com as peles dos animais
selvagens ou mortos por cachorros, ou pregados à cruz, ou incendiados,
e quando chegava o final do dia, eram queimados para servirem de
luminares na noite. Nero ofereceu seus jardins para este espetáculo.”
(Crônicas, Tacitus, livro XV, parág. 44).

Os cristãos foram colocados no fogo para servirem de luminares


no jardim de Nero! Dá pra imaginar isso? Agora minha pergunta é: o
que faríamos se um soldado estivesse em frente à nossa casa para levar-
nos para longe de nossa família e de nossas “bênçãos” e colocar-nos no
fogo, a menos que negássemos o Senhor? Nós iríamos? Ou negaríamos
o Senhor e a fé para salvar nossas bênçãos, porque acreditamos que este
Senhor, por causa do seu grande amor, escolheria apenas fechar Seus
olhos? O que faríamos se Deus não nos concedesse o bem ou desejo
mais precioso que possuímos (cônjuge, filhos, emprego, seja o que for)?
Ainda O seguiríamos, sem premissas ou condições necessárias para
tanto? Que cada um nós responda a si mesmo.

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SOBRE FALSOS MESTRES


Perdoe-me por continuar neste aparte, mas talvez aqui esteja uma
boa oportunidade para dar mais informações sobre falsos mestres.
Pedro falou sobre eles em Pedro 2:

2 Pedro 2:1-3
“No passado surgiram falsos profetas no meio do povo, como também
surgirão entre vocês falsos mestres. Estes introduzirão secretamente
heresias destruidoras, chegando a negar o Soberano que os resgatou,
trazendo sobre si mesmos repentina destruição. Muitos seguirão os
caminhos vergonhosos desses homens e, por causa deles, será difamado o
caminho da verdade. Em sua cobiça, tais mestres os explorarão com histórias
que inventaram. Há muito tempo a sua condenação paira sobre eles, e a
sua destruição não tarda.”

“Muitos seguirão os caminhos vergonhosos desses homens”:


falsos mestres tem aparentemente muitos seguidores. Eles são
populares. Isto é contrastante com a porta estreita que conduz a vida.
Não são muitos que a encontram, mas poucos. A maioria segue pela
porta larga.

Mateus 7:13-14
“Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho
que conduz a perdição, e muitos são os que entram por ela; e porque
estreita é a porta, e apertado o caminho que conduz a vida, e poucos são
os que a encontram.”

105
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Então o fato de ser um pregador popular não significa


necessariamente que esta pessoa também é um verdadeiro mestre. Pode
ser que ele seja um falso mestre, e de fato, sua popularidade é só por
causa disso: porque ele fornece às pessoas a opção de seguir pela porta
larga, por um caminho mais fácil. Muitos gostam desta opção e
portanto seguem estes falsos mestres.

Além disso, como Pedro nos diz: “e por causa deles será
difamado o caminho da verdade.” Há apenas um caminho para a verdade
e “apertado o caminho que conduz à vida.” É o caminho através da
porta estreita. Desta forma, o cristianismo verdadeiro e genuíno, será
blasfemado. Será talvez estigmatizado como “religião”, “legalismo”,
etc., como o oposto à “liberdade” e à “graça” (mas, barato, graça
falsificada, não a graça da Palavra) prometida por esses falsos mestres.
Por outro lado, vendo o mundo tais impostores e pensando que eles são
o que fingem ser (“Cristãos”), chegarão a conclusões equivocadas sobre
o Cristianismo como um todo, levando mais uma vez o caminho da
verdade a ser blasfemado. E Pedro continua:

2 Pedro 2:18-19
“Porque, falando palavras arrogantes de vaidade, nas concupiscências
da carne engodam com dissoluções aqueles que mal estão escapando
aos que vivem no erro; prometendo-lhes liberdade, quando eles mesmos
são escravos da corrupção; porque de quem um homem é vencido, do
mesmo é feito escravo.”

“Liberdade” é a principal promessa que eles vendem, mas suas


promessas são só mentiras, porque eles mesmos são escravos da

106
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corrupção. Mas por qual razão eles fazem isto? Novamente Pedro nos
dá a resposta:

2 Pedro 2:3
“também, movidos pela ganância, e com palavras fingidas, eles farão de
vós negócio;

O verbo grego traduzido como “farão de vós negócio” é o verbo


“emporeuomai” que significa “para negociar, comprar e vender, fazer
mercadoria” (Dicionário Strong). Em outras palavras, uma característica
de um falso mestre é que ele é ganancioso, e em sua ganância faz do
povo de Deus mercadoria. Não sei quanto a você, mas para mim isso
diz muito! Você vê “pregadores” acumulando enorme patrimônio
(incluindo, mas não restrito a casas de luxo, super jatos, carros de luxo,
altos salários, etc.) tudo isto através de suas “pregações”? Eu diria : fuja!
Você não precisa ouvir mais nada. Este é o fruto de um falso mestre
ganancioso que tem usado o povo de Deus como mercadoria
(extorquindo “ofertas” deles 6 . Vendendo falsos livros, muitos deles
escritos por “escritores fantasmas”, conferências e “aconselhamentos”
cobrando altas comissões para isto. “Pelo fruto os conhecereis”, disse o
Senhor, e a ganância é um fruto incontestável e definitivo de um falso
mestre, que alguém pode ignorar apenas por sua conta e risco.

O ganancioso e falso mestre que “transforma a graça de nosso


Deus em libertinagem e negam Jesus Cristo, nosso único Soberano e
Senhor” (Judas 1:4 – NVI – Nova Versão Internacional) não é o único tipo

6
Normalmente, sob a ameaça de dízimo e as supostas coisas horríveis que vão acontecer com os
seguidores se eles não dão o seu dízimo para o "ministério" (ou melhor dizendo o "comércio") do
pregador.
107
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de falso mestre. Há um outro, no outro extremo, e este é o tipo que


havia assolado as igrejas na Galácia, e que era ativo em outras igrejas.
Seus ensinamentos? Que um cristão deve manter a lei de Moisés (ver
livro de Gálatas), abster-se de certos alimentos (Hebreus 13:9) que eles
não deviam se casar (1 Timóteo 4: 1-4), que eles deviam “guardar dias,
meses e tempos e anos” (Gálatas 04:10), que cultuassem a anjos
(Colossenses 02:18), ao invés de adorar somente a Deus através do
Senhor Jesus Cristo, que eles deveriam procurar por outros mediadores
ao invés de “um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus” (1
Timóteo 2:5) etc. Estes que pregavam tais coisas, eram falsos mestres
também, fazendo a mesma coisa que aqueles primeiros já citados:
levando pessoas a se desviarem da verdadeira Palavra de Deus, desta
vez através de uma “humildade” falsa, “firmando-se em coisas que não
tinham visto, inchado de maneira vã pelo seu entendimento carnal”
(Colossenses 2:18).

Portanto, falsos mestres aparecem então basicamente como: um


extremo é a doutrina da perversão da graça de Deus e uma distorção
para convertê-la a uma licença para a prática da imoralidade, da
libertinagem. O outro extremo é o legalismo, utilizando uma falsa
humildade para justificar a necessidade de seguir práticas que nunca
foram pretendidas por Deus, nunca foram a intenção de Deus para nós.
Devemos estar atentos a ambos os extremos.

Para encerrar esta seção, eu gostaria de acrescentar o seguinte


esclarecimento: apesar de um falso mestre ser capaz de bagunçar a
Palavra de Deus, utilizando-a de maneira errônea com propósitos
egoístas, isso não significa que um Cristão que cometa um erro no

108
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ensino da Palavra de Deus seja, por definição, um falso mestre. Como


diz Tiago:

Tiago 3:1-2ª
“Meus irmãos, não sejais muitos de vós mestres, sabendo que
receberemos um juízo mais severo. Pois todos tropeçamos em muitas
coisas.”

“Pois todos tropeçamos em muitas coisas” nos diz Tiago,


referindo-se aos mestres e muito gentilmente incluindo também a si
mesmo. Cometer um erro no ensino da palavra de Deus não faz
necessariamente de ninguém um falso mestre. Caso contrário, todos
poderíamos ser falsos mestres, pois, conforme Tiago, nós todos
tropeçamos em muitas coisas. A verdade é que todos nós aprendemos e
conforme prosseguimos em aprender mais, talvez tenhamos que voltar
e ensinar com mais precisão o que havíamos ensinado no passado. Eu
sou grato a Deus porque Ele não espera que todos nós alcancemos a
perfeição para só depois nos usar. Se ele esperasse, eu temo que ainda
estaria nos esperando! Um falso mestre não é alguém que comete
apenas um erro no ensino da palavra. O erro do falso mestre não é
“apenas um erro.” É algo muito maior. Na verdade, há uma enorme
diferença entre “um engano” e “transformar a graça de nosso Deus em
libertinagem” (Judas 4 - NVI) ou “falar coisas perversas para atrair os
discípulos após si” (Atos 20:30) ou “também, movidos pela ganância, e
com palavras fingidas, eles farão de vós negócio” (2 Peter 2:3). Aquele
que comete “um erro” não é um falso mestre, mas um discípulo que
precisa consertar sua mensagem (um exemplo sobre isto está quanto a
Apolos em Atos 18: ele não tinha uma mensagem 100% correta, mas

109
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conseguiu consertá-la). Os outros na verdade são falsos mestres, porque


são lobos em pele de cordeiro, exploradores do povo de Deus,
enganando-os e os levando a se desviar, assim como a eles mesmos. E
embora seja fácil imaginar esses exploradores como completos
estranhos à fé, não é sempre assim que acontece. Alguns deles não são
pessoas que, embora tenham começado no Senhor, e depois
apostataram da verdadeira fé. A segunda carta de Pedro (2 Pedro 2)
dedica uma boa parte a eles. Eu deixei as passagens relacionadas, bem
como a de Judas, para o final deste capítulo. Agora vamos a Gálatas.

5.16 GÁLATAS 5:2-4 “SEPARADOS ESTAIS DE CRISTO”

Na Epístola aos Gálatas, Paulo lida com a questão de lei e da


graça e o fato de que nós somos salvos pela graça, pelo favor imerecido
de Deus, sem que para tanto fossem necessárias as obras da lei. Ele dizia
isto porque alguns estavam ensinando aos Gálatas que eles tinham que
manter a lei e até mesmo que tinham que ser circuncidados. Como
dissemos anteriormente, existem em linhas gerais, dois grupos de
falsos mestres: um que leva as pessoas a se desviarem por efetivamente
perverterem a graça de Deus em uma licença para a libertinagem (Judas
1:4 NVI); O outro leva as pessoas ao engano através de legalismo, ou
seja, através da imposição da observância a lei de Moisés (guardar o
sábado, circuncisão, dízimos, cerimônias etc.) e para a observância de
doutrinas e preceitos que Deus nunca pretendeu para nós que cremos.
Os Gálatas haviam sido vítimas deste segundo tipo de falsos mestres,
que os ensinou a serem circuncidados e guardar a lei de Moisés como

110
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uma obrigação religiosa. Paulo abordou esta questão deixando claro


que tal distanciamento do verdadeiro evangelho significaria o seguinte:

Gálatas 5:2-4
“Eis que eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo
de nada vos aproveitará. E de novo testifico a todo homem que se deixa
circuncidar, que está obrigado a guardar toda a lei. Separados estais de
Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça decaístes.”

Você não pode ser separado de algo, se você nunca foi um só ente
com este algo originalmente. Essas pessoas eram verdadeiros crentes,
eles eram um com Cristo. No entanto, isso mudaria se eles procurassem
a sua justificação por meio da lei. Nesse caso eles seriam separados de
Cristo e se afastariam da graça. Portanto é possível ser separado de
Cristo e se afastar para longe da graça. Ou seja, é possível estar com Ele
hoje mas, não mais pertencer a Ele no futuro, sermos separados Dele
devido a uma doutrina pervertida, como é o caso dos Gálatas. Observe
também que eles se afastaram da graça. Não é que a graça os expulsaria.
Não, eles se afastariam da graça. Portanto, a graça nos detém enquanto
quisermos permanecer nela. Mas se alguém quiser, ele pode se afastar da graça.

Além disso, como Paulo testemunha a respeito deles apenas


alguns versículos adiante:

Gálatas 5:7
“Corríeis bem; quem vos impediu de obedecer a verdade?”

111
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Veja que ele usa o tempo passado: eles corriam bem. Mas pararam
de correr daquela forma, não estavam mais correndo. Alguém os
prejudicou obviamente, ensinando-os a obedecer a lei e ser
circuncidado. Como resultado disto, já não estavam correndo a carreira
da mesma maneira. Em vez disso, eles estavam a caminho de serem
desviados. Portanto, é possível prosseguir bem na carreira mas depois
parar de correr eficazmente e até mesmo se desviar. Ou seja, vaguear
para longe do caminho certo e se desviar completamente da corrida da
fé que nos é proposta.

Agora a pergunta a ser feita é: se alguém é separado de Cristo, se


afastou para longe da graça, ele ainda será salvo? Acredito que a
resposta está em Efésios 2:8 e João 15. Se acordo com Efésios a salvação
somos salvos pela graça por meio da fé. Se estes Gálatas se afastaram da
graça, então eles não mais estariam enquadrados no caso descrito em
Efésios 2:8. Mais ainda, de acordo com João 15:6

“Se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como a vara, e
secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem.”

Quem quer que não esteja em Cristo, ou que esteja separado de


Cristo, tem um fim conforme descrito na passagem acima, o que nos diz
também em relação aos Gálatas que estavam separados de Cristo.

Para resumir, sim, é possível que um crente seja, por causa da


sequência de um engano, separado de Cristo. E isso, como no caso de
Gálatas, pode acontecer quando alguém substitui o trabalho de Cristo
com a lei e tente alcançar a justiça através dele.

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Infelizmente, alguns interpretam erroneamente Gálatas e levam


para outra extremidade, dizendo que Deus só se preocupa com nossa fé
e as obras não tem tanta importância, como se fé e obras pudessem
existir separadamente um do outro. Não é bem assim. Como Lutero
afirmou muito corretamente:

“É impossível separar a fé das obras, como é impossível separar o calor e a luz


do fogo7.

Isto é verdade. Não há salvação que não seja unicamente através


da fé e não há nenhuma verdadeira fé sem o respectivo fruto, as obras
que normalmente devem acompanhá-lo. A “fé” infrutífera não pode
salvar, não porque o fruto supostamente nos salvaria, e isso está
faltando. Pelo contrário, ele não pode salvar-nos porque uma fé
infrutífera não é uma fé verdadeira. Ela é morta, como nos diz Tiago
(Tiago 2:26) e tal fé não pode salvar. NÃO há tal salvação! O que há é
salvação pela fé, uma fé tamanha que tem que ser mantida até o fim e
que deveria ser frutífera, e será, se permanecermos unidos a Cristo. De
fato, eu resumiria a mensagem deste livro no texto de Gálata 5:6 que
vimos anteriormente.

“Porque em Jesus Cristo nem a circuncisão nem a incircuncisão tem


valor algum; mas sim a fé que opera pelo amor.”

Fé, amor, obras (ação). Todas as três caminham juntas e não


pensem que alguma delas pode existir separada das demais.

7
Lutero: Uma introdução à carta de Paulo aos Romanos.
113
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5.17 2 TIMÓTEO 2:11-13: “SE O NEGARMOS TAMBÉM ELE NOS


NEGARÁ”

A próxima passagem que vamos verificar é 2Timóteo 2:11-13.


Lemos o seguinte nela:

2 Timóteo 2:11-13
“Fiel é esta palavra: Se, pois, já morremos com ele, também com ele
viveremos; se perseveramos, com ele também reinaremos; se o negarmos,
também ele nos negará; se somos infiéis, ele permanece fiel; porque não
pode negar-se a si mesmo.”

A palavra “Ele”, refere-se obviamente a Cristo, visto que Ele é o


único que morreu e reinará. Podemos negar a Cristo? Novamente, se
não houvesse essa possibilidade, então Paulo nunca a teria mencionado.
Então a resposta é sim, é possível que alguém negue a Cristo. Alguém
pode NÃO negá-Lo, mas se for enganado pode acabar fazendo isso. O
que vai acontecer neste caso? A palavra não deixa nenhum espaço para
a especulação: “se O negarmos também Ele nos negará.”

Para evitar estas simples palavras muitos se dirigem ao versículo


33 e dizem: “mas veja o versículo 33:” se somos infiéis, Ele permanece
fiel — porque Ele não pode negar a si mesmo.” Em seguida, eles tentam
usar este versículo para justificar que se O negarmos, de fato, não é
nada de tão grave porque Ele é fiel e ele na verdade não vai negar você.
Mas tal interpretação é obviamente errada, pois no versículo anterior
lemos claramente: se negarmos a Ele, Ele nos negará. O que na verdade

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o versículo 33 nos diz é que Ele é sempre fiel e isso não significa aceitar-
nos, mesmo depois de negá-lo, porque um versículo anterior enunciado
por Paulo resolveu esta questão. Há, na verdade um contraste
inexorável entre nós, se formos infiéis, e Ele, que é sempre fiel. Cristo
nunca vai ser infiel! Podemos optar por sermos infiéis, mas Ele nunca é
assim. Ele é sempre fiel.

5.18. TIAGO 5:19-20: O IRMÃO DESVIADO

Lendo mais adiante, vamos a Tiago 5:19-20:

“Meus irmãos, se alguém dentre vós se desviar da verdade e alguém o


converter, sabei que aquele que fizer converter um pecador do erro do
seu caminho salvará da morte uma alma, e cobrirá uma multidão de
pecados.”

A frase “Se alguém entre vós se desviar da verdade”, torna claro


que um irmão – e este texto refere-se aos irmãos: “Meus irmãos, se
alguém entre vós...” – pode se desviar da verdade. O que isso significa?
Ele pode errar nos ensinamentos e se desviar – como os Gálatas que
queriam seguir a lei como meio de ser justificado – ou seguir práticas
pecaminosas. Não falamos aqui de cometer pecado enquanto
permanecemos andando pelo caminho certo (veja depois nossa
discussão sobre 1 João). Mas na verdade estamos falando aqui de
alguém que vagueia longe da verdade, que se desvia da luz e agora
caminha na escuridão. Então é possível que “alguém entre nós” fuja da
verdade? Infelizmente sim, é possível.

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Agora, Tiago diz que: se um irmão traz de volta alguém que


havia se desviado da verdade, ele “salvará da morte sua alma.” A
passagem, falando da morte da alma, deixa clara que, se a pessoa não
retorna, ele não receberá, no final, a vida eterna, mas exatamente o
contrário. E isto, apesar do fato de que ela uma vez esteve no caminho
correto. Esta mesma verdade encontramos também em algumas cartas.
Aqui estão alguns trechos:

Romanos 8:13
“porque se viverdes segundo a carne, haveis de morrer; mas, se pelo Espírito
mortificardes as obras do corpo, vivereis.”

Gálatas 6:7-8
“Não vos enganeis; Deus não se deixa escarnecer; pois tudo o que o
homem semear, isso também ceifará. Porque quem semeia na sua carne, da
carne ceifará a corrupção; mas quem semeia no Espírito, do Espírito ceifará a
vida eterna.”

Hebreus 10:26-27
“Porque se voluntariamente continuarmos no pecado, depois de termos recebido
o pleno conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados, mas
uma expectação terrível de juízo, e um ardor de fogo que há de devorar os
adversários.”

Colhemos vida eterna quando executamos a corrida da fé,


semeando no espírito e na nova natureza. Paulo é muito claro: “quem
semeia no Espírito do Espírito colherá a vida eterna.” Isso não significa

116
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que sejamos sem falta e nem pecado. Ninguém é. Mas eles são erros
enquanto permanecemos na caminhada. Nos esforçamos para viver uma
vida de retidão, e às vezes podemos ter alguns episódios de pecado
aqui e ali. Mas eles são apenas isso, episódios. Não é algo que estejamos
constantemente praticando. Se no entanto, vivemos essencialmente uma
vida de pecado, cometemos obras de iniquidade, e vivemos -
habitualmente e como uma forma de vida - segundo a carne, então
colheremos o que semeamos e, como lemos, isto é “uma expectação
terrível de juízo, e um ardor de fogo” corrupção e morte. Agora, alguém
pode perguntar: “mas porquê? A salvação não é por meio da fé?” É,
mas vivenciar uma fé verdadeira e viver segundo a carne nunca andam
juntos. Eles são igualmente exclusivos.

5.19 “ALGUNS APOSTATARÃO DA FÉ”

Seguindo adiante para 1 Timóteo 4 lemos:

1 Timóteo 4:1-3
“Mas o Espírito expressamente diz que em tempos posteriores alguns
apostatarão da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas
de demônios, pela hipocrisia de homens que falam mentiras e têm a sua
própria consciência cauterizada, proibindo o casamento, e ordenando a
abstinência de alimentos que Deus criou para serem recebidos com
ações de graças pelos que são fiéis e que conhecem bem a verdade.”

Se alguém, uma vez professando a fé nunca pudesse abandoná-la,


então seria também impossível que estas pessoas das quais o Espírito

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fala aqui fizessem isto” Mas, como está óbvio, nãos é impossível. Como
acontece nestes casos? Caímos vítima de falsos mestres, que por sua
vez são apenas instrumentos de espíritos enganadores. Falamos
anteriormente sobre dois grupos principais de falsos mestres: aqueles
que pervertem a graça de Deus com uma licença para a libertinagem e
os que promovem a falsa humildade e aderência à coisas que Deus
nunca desejou para nós. Ambos têm sua consciência cauterizada e
portanto há restrições em ambos. Parece-me que os falsos mestres da
passagem acima pertencem ao segundo grupo que promovem a falsa
humildade, ou seja, promovem as doutrinas relativas a abstinência de
alimentos ou a negação do casamento, como se tais ordenanças viessem
supostamente de Deus. Isto é algo tão relevante. Na verdade foi apenas
algumas centenas de anos depois que Paulo escreveu a epístola acima,
no Conselho de Elvira de 306 DC que estabeleceu de acordo com o
Canon 33 a seguinte ordenança: “todos os Bispos, presbíteros e diáconos
e todos os outros clérigos devem abster-se completamente de suas
esposas e não ter filhos”, dessa forma, abriu o caminho para a obrigação
do celibato, seguido pelas grandes denominações para seus ministros.

Falsos mestres sempre conduzirão pessoas a se desviarem, e


precisamos tomar cuidado. No entanto, é impossível fazer isso se
sabemos através de nosso próprio conhecimento, o que diz a Palavra de
Deus. Estamos lendo a palavra de Deus por conta própria, sem os
“óculos” de doutrinas comumente acalentadas, ou estamos
essencialmente baseando a nossa fé no que os outros dizem sobre a
Palavra? Existem muitas crenças acalentadas e propagadas que as
pessoas têm, entretanto, por mais triste que seja dizer isso: muitos não
teriam tais crenças, muitas vezes equivocadas, se lessem a Bíblia por conta

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própria, sem alguém que os ensinassem. Elas só “vêem” muitas destas


“verdades”, porque alguém lhes imputou uma visão previamente
determinada, que os conduz a interpretações das Escrituras de terceiros.
Mas as Escrituras são interpretadas de acordo com o que já expressam
diretamente, e não há necessidade de outras leituras para interpretá-las
de outro modo.
Fechando esta parte eu nos exorto: peguemos nossa Bíblia –
leiamos os textos focando no que o texto diz e não filtrando o texto
através de teorias e teologias doutrinas que possamos ter ouvido a
respeito. Deus diz o que ele quer dizer, e ele quer dizer exatamente o
que ele diz. Se uma determinada doutrina está na Bíblia, você vai
perceber isto claramente quando ler o texto literal, sem precisar lançar
mão de interpretações de terceiros. Mas se uma doutrina só pode ser
“vista”, depois de colocar os óculos “particulares” para interpretar as
Escrituras daquela determinada forma, eu teria muito cuidado ao
considerar esta doutrina como genuinamente bíblica.

5.20. 1 TIMÓTEO 5:8: “TEM NEGADO A FÉ E É PIOR QUE UM INCRÉDULO”

Para ver um exemplo de como Paulo entendia a fé e que para ele


não era apenas uma confissão, mas uma maneira de viver, vamos a 1
Timóteo 5. Neste trecho Paulo está escrevendo a Timóteo sobre as
viúvas e as obrigações que têm os filhos e netos para com elas. Os
versículos 3 e 4 nos dizem o seguinte:

1 Timóteo 5:3-4

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“Honra as viúvas que são verdadeiramente viúvas. Mas, se alguma


viúva tiver filhos, ou netos, aprendam eles primeiro a exercer piedade
para com a sua própria família, e a recompensar seus progenitores;
porque isto é agradável a Deus.”

Deus se importa com as viúvas e ordenou que os filhos e netos


tomem conta de suas necessidades. Esta é a vontade declarada de Deus.
Agora vamos supor que um crente com viúvas em sua família, se negue
a fazer isso. Paulo fala sobre este caso de forma inequívoca em 1
Timóteo 5:8:

“Mas, se alguém não cuida dos seus, e especialmente dos da sua família,
tem negado a fé, e é pior que um incrédulo.”

Não acho que alguém falaria assim hoje. As pessoas hoje estão
com medo de falar a verdade, para não ofender alguém. Mas Paulo não
tinha tais problemas, estou certo que ele amava as pessoas,
provavelmente mais que todos nós. Na verdade, creio que ele não tinha
tais preocupações exatamente porque ele os amava. Paulo e os outros
apóstolos, e principalmente o próprio Senhor, nunca consideraram a fé
como algo que não pudesse ser negado, nem consideravam que alguém
era fiel unicamente pelo fato de ter dito isso. Quando Paulo disse aos
Coríntios para que se examinassem e verificassem se realmente estavam
na fé, ele não estava se referindo às pessoas que verbalmente tinham
negado o Senhor. Estes não eram da fé. Em vez disso, ele estava se
referindo aos crentes, às pessoas que achavam que estavam na fé e
ainda assim, talvez, se negavam a praticá-la, negando, por exemplo, a
ordenança de tomar conta dos membros de sua família, incluindo a sua

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mãe ou avó. Estas pessoas que não estavam na fé, embora nunca
tenham verbalmente negado a fé, o fizeram praticamente, através de
suas ações. Então negar a fé não significa levantar-se e fazer uma
confissão com a minha boca contra a fé (embora isto possa acontecer
também). Por outro lado negar a fé significa mais frequentemente me
negar a praticar os atos que necessariamente acompanham a fé, de
maneira consistente e habitual. Paulo, usa como exemplo o caso de um
crente que negando-se a cuidar de sua casa e familiares, conforme dita a
Palavra, havia praticamente negado a fé, e assim se tornava pior que
um incrédulo.

5.21. “VAI-TE E NÃO PEQUES MAIS: O QUE O SENHOR ESPERA DE


PECADORES PERDOADOS

Em João 8:3-11 nós temos um registro indicativo do grande amor


do Senhor, compaixão e perdão para os pecadores. Vamos ler este
trecho:

João 8:3-11
“Então os escribas e fariseus trouxeram-lhe uma mulher apanhada em
adultério; e pondo-a no meio, disseram-lhe: Mestre, esta mulher foi
apanhada em flagrante adultério. Ora, Moisés nos ordena na lei que as
tais sejam apedrejadas. Tu, pois, que dizes? Isto diziam eles, tentando-o,
para terem de que o acusar. Jesus, porém, inclinando-se, começou a
escrever no chão com o dedo. Mas, como insistissem em perguntar-lhe,
ergueu-se e disse- lhes: Aquele dentre vós que está sem pecado seja o
primeiro que lhe atire uma pedra. E, tornando a inclinar-se, escrevia na

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terra. Quando ouviram isto foram saindo um a um, a começar pelos


mais velhos, até os últimos; ficou só Jesus, e a mulher ali em pé. Então,
erguendo-se Jesus e não vendo a ninguém senão a mulher, perguntou-
lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou?
Respondeu ela: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu te condeno;
vai-te, e não peques mais.”

Veja o grande amor do Senhor. Ele não quer de modo algum a


morte dos ímpios, mas que os ímpios retornem e vivam. Como lemos
em Ezequiel 33:11:

Ezequiel 33:11
“Dize-lhes: Vivo eu, diz o Senhor Deus, que não tenho prazer na morte do
ímpio, mas sim em que o ímpio se converta do seu caminho, e viva. Convertei-
vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois, por que morrereis,
ó casa de Israel?”

Isto é e será o que o Senhor quer sempre. Ele quer que o pecador
retorne e se arrependa. Ele não quer sua condenação, sua morte. Isto
não quer dizer que Ele seja indiferente ao pecado. Mas para o pecador,
ele diz: “Eu não condeno você. O passado é passado. vai, e de agora em
diante não peques mais.” Por favor, observe: ele não diz apenas “nem eu
te condeno”, mas também “vai-te, e não peques mais.” Portanto, ele espera
algo por parte do pecador. Que vá e não peque mais. Que nós sejamos
gratos pelo Seu perdão e em vez de considerar como certo e garantido
este perdão, sem valorizá-lo suficientemente, que possamos considerá-
lo como realmente é: um novo começo e que nos esforcemos para seguir
adiante e não pecar mais.

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5.22 A VERDADEIRA FAMÍLIA DE JESUS: “AQUELES QUE OUVEM A


PALAVRA DE DEUS E A OBSERVAM.”

Em Lucas 8:20-21 nós lemos a quem e como Jesus definia como


Seus irmãos e parte de sua família:

Lucas 8:20-21
“Foi-lhe dito: Tua mãe e teus irmãos estão lá fora, e querem ver-te. Ele,
porém, lhes respondeu: Minha mãe e meus irmãos são estes que ouvem a
palavra de Deus e a observam.”

Aqueles que ouvem e também praticam a Palavra são os irmãos


de Jesus. Como vimos repetidamente até agora, para Jesus, praticar a
Palavra é o que importa. O ouvir a Palavra deveria se acompanhada
pela ação daquilo que ouvimos.

5.23. 1 CORÍNTIOS 5:5: “PARA QUE SEU ESPÍRITO SEJA SALVO NO DIA
DO SENHOR JESUS.”

Prosseguindo agora para 1 Coríntios 5 e começando pelo


versículo 1, lemos sobre a grande imoralidade sexual que estava
acontecendo na igreja de Corinto.

1 Coríntios 5:1-5
“para que a recebais no Senhor, de um modo digno dos santos,
imoralidade que nem mesmo entre os gentios se vê, a ponto de haver quem vive

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com a mulher de seu pai. E vós estais inchados? e nem ao menos


pranteastes para que fosse tirado do vosso meio quem praticou esse mal?
Eu, na verdade, ainda que ausente no corpo, mas presente no espírito, já
julguei, como se estivesse presente, aquele que cometeu este ultraje. Em
nome de nosso Senhor Jesus, congregados vós e o meu espírito, pelo
poder de nosso Senhor Jesus, seja entregue a Satanás para destruição da
carne, para que o espírito seja salvo no dia do Senhor Jesus.”

Entre quem havia imoralidade sexual? “Do vosso meio”, entre os


crentes, diz Paulo. Isto nos diz claramente que um crente é de fato
capaz de praticar tais atos, praticando imoralidade sexual da pior
espécie que até mesmo os pagãos não podiam tolerar. Agora eu gostaria
que nós questionássemos: seriam essas pessoas, que praticavam tais
coisas e obviamente eram crentes, salvas, se não se arrependessem do
que estavam praticando? Esta é mais uma pergunta retórica, uma vez
que a resposta está no texto e a maneira como Paulo reagiu a esta
situação. Vejamos novamente:

1 Coríntios 5:4-5
“Em nome de nosso Senhor Jesus, congregados vós e o meu espírito,
pelo poder de nosso Senhor Jesus, seja entregue a Satanás para
destruição da carne, para que o espírito seja salvo no dia do Senhor Jesus.”

O motivo pelo qual esse homem devia ser entregue a Satanás era
levá-lo ao arrependimento, através da “destruição da carne, para que o
espírito seja salvo no dia do Senhor Jesus.” Em outras palavras: se a
carne, o homem velho fosse esmagada e ele se arrependesse, então seu
espírito seria salvo no dia do Senhor Jesus.” Desta maneira, fica óbvio que

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se esta “destruição da carne” não acontecer e o homem não se


arrepender, então seu espírito não seria salvo no dia do Senhor. Paulo,
com o intuito de evitar isto e trazer arrependimento, diz: entrega a
carne do homem a Satanás, para o esmagamento do homem velho. Mas,
aqueles que estavam praticando tais pecados, ou coisas semelhantes, se
arrependeram? Em 2 Coríntios Paulo continua falando a respeito da
imoralidade sexual na Igreja de Coríntios. Aqui está o que ele diz:

2 Coríntios 12:21
“e que, quando for outra vez, o meu Deus me humilhe perante vós, e
chore eu sobre muitos daqueles que dantes pecaram, e ainda não se
arrependeram da impureza, prostituição e lascívia que cometeram.”

Como podemos ver, não era apenas um, mas muitos que viviam
na impureza, na fornicação e na lascívia. Como vemos, também, muitas
destas pessoas NÃO tinham se arrependido e não sabemos se chegaram
realmente a se arrepender em algum momento.
Algumas coisas que gostaria que notássemos sobre estas pessoas:
o que estavam fazendo não era um pecado que havia acontecido como
um episódio enquanto permaneciam no caminho, correndo a sua
carreira de fé. Não foi um episódio de pecado, mas como o texto diz
suas práticas, o que habitualmente e como um modo de vida
praticavam. Eles estavam praticando obras de iniquidades, de acordo
com as palavras usadas pelo Senhor (Mateus 7:23). Se eles não se
arrependessem, eles encontrariam as portas do Reino abertas para eles e
o Rei os aguardando para recebê-los, só porque uma vez creram? A
resposta é Não. Porque está claro em Mateus 7:21-23que o Rei não lhes

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dará boas vindas, mas antes dispensará àqueles que praticam a


iniquidade.

“Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor entrará no reino dos céus, mas
aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me
dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome?
e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos
muitos milagres? Então lhes direi claramente: Nunca vos conheci; apartai-
vos de mim, vós que praticais a iniquidade.”

Ao contrário de muitos que hoje em dia optaram por ignorar a


possibilidade acima, Paulo não a ignora. Por isso é que ele estava
preocupado que a igreja pudesse estar ignorando a situação, e não
estivesse tomando as medidas necessárias para disciplinar essas pessoas,
de forma que elas pudessem se arrepender e seu espírito pudesse “ ser
salvo no dia do Senhor Jesus.”

5.24 “PORQUE MELHOR LHES FORA NÃO CONHECEREM O CAMINHO


DA JUSTIÇA, DO QUE, CONHECENDO-O, DESVIAREM-SE DO SANTO

MANDAMENTO QUE LHES FORA DADO.”

Eu deixei para o final duas das mais “pesadas” passagens e que


são bem similares: 2 Pedro 2 e Judas. Comecemos por 2 Pedro. Esta
carta tem três capítulos. O maior deles é voltado à descrição de pessoas
bem perigosas em relação ao tópico que estamos abordando aqui. Já
vimos partes deste capítulos em seções anteriores. Leiamos agora a
maior parte dele:

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2 Pedro 2:1-19
“E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá
também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de
perdição, e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos
repentina perdição. E muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais
será blasfemado o caminho da verdade. E por avareza farão de vós
negócio com palavras fingidas; sobre os quais já de largo tempo não
será tardia a sentença, e a sua perdição não dormita. Porque, se Deus
não perdoou aos anjos que pecaram, mas, havendo-os lançado no
inferno, os entregou às cadeias da escuridão, ficando reservados para o
juízo; E não perdoou ao mundo antigo, mas guardou a Noé, pregoeiro
da justiça, com mais sete pessoas, ao trazer o dilúvio sobre o mundo dos
ímpios; E condenou à destruição as cidades de Sodoma e Gomorra,
reduzindo-as a cinza, e pondo-as para exemplo aos que vivessem
impiamente; E livrou o justo Ló, enfadado da vida dissoluta dos
homens abomináveis (Porque este justo, habitando entre eles, afligia
todos os dias a sua alma justa, vendo e ouvindo sobre as suas obras
injustas); Assim, sabe o Senhor livrar da tentação os piedosos, e reservar
os injustos para o dia do juízo, para serem castigados; Mas
principalmente aqueles que segundo a carne andam em
concupiscências de imundícia, e desprezam as autoridades; atrevidos,
obstinados, não receando blasfemar das dignidades; Enquanto os anjos,
sendo maiores em força e poder, não pronunciam contra eles juízo
blasfemo diante do Senhor. Mas estes, como animais irracionais, que
seguem a natureza, feitos para serem presos e mortos, blasfemando do
que não entendem, perecerão na sua corrupção, Recebendo o galardão
da injustiça; pois que tais homens têm prazer nos deleites quotidianos;

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nódoas são eles e máculas, deleitando-se em seus enganos, quando se


banqueteiam convosco; Tendo os olhos cheios de adultério, e não
cessando de pecar, engodando as almas inconstantes, tendo o coração
exercitado na avareza, filhos de maldição; Os quais, deixando o caminho
direito, erraram seguindo o caminho de Balaäo, filho de Beor, que amou o
prêmio da injustiça; Mas teve a repreensão da sua transgressão; o mudo
jumento, falando com voz humana, impediu a loucura do profeta. Estes
são fontes sem água, nuvens levadas pela força do vento, para os quais
a escuridão das trevas eternamente se reserva. Porque, falando coisas
mui arrogantes de vaidades, engodam com as concupiscências da carne,
e com dissoluções, aqueles que se estavam afastando dos que andam
em erro, Prometendo-lhes liberdade, sendo eles mesmos servos da
corrupção. Porque de quem alguém é vencido, do tal faz-se também
servo.”

Muitos não aceitam a ideia de que as pessoas às quais o texto se


refere sejam crentes. E de fato, até aqui alguém possa dizer que, talvez,
não esteja 100% certo se as pessoas às quais Pedro se refere sejam
Cristãs ou não, embora haja algumas indicações. “Eles negaram o
Senhor que os resgatou.” Também lemos: “deixando o caminho direito,
eles se foram.” Como pode alguém abandonar o caminho direito se ele
não esteve nesse caminho? Portanto, os versículos que seguem de 2
Pedro não deixa dúvida que essas pessoas eram, de fato, convertidas e
que em certo momento se voltaram, retornando às corrupções do
mundo.

2 Pedro 2:20-22

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“Porquanto se, depois de terem escapado das corrupções do mundo, pelo


conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, forem outra vez
envolvidos nelas e vencidos, tornou-se-lhes o último estado pior do que
o primeiro. Porque melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça,
do que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora
dado; Deste modo sobreveio-lhes o que por um verdadeiro provérbio se
diz: O cão voltou ao seu próprio vômito, e a porca lavada ao
espojadouro de lama.”

Que essas pessoas eram crentes é óbvio a partir dos seguintes


fatos:

i) eles escaparam das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor


e Salvador Jesus Cristo. Está falando aqui de conhecer o Senhor, e não se
pode conhecê-Lo sem fé. Mesmo como crentes, conhecer Jesus é objetivo
principal e não algo que acontece automaticamente.

Que essas pessoas eram da família dos crentes com um


conhecimento pessoal do Senhor é inegável por causa do uso da palavra
grega “epignosis.” Esta palavra não significa conhecimento puro e
simples. Ao contrário, significa um conhecimento preciso que seja
aplicado na prática. Aqui está como o dicionário do Vine define esta
palavra:

Epignosis: significa “conhecimento exato ou pleno”, discernimento,


reconhecimento. Expressando um “conhecimento” maior ou pleno, uma
maior participação do “conhecedor” no objeto “conhecido”, portanto,
mais fortemente influenciando-o. (ênfase adicionada).

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Epignosis é a forma substantiva do verbo “epignosko.” Sobre este


verbo o dicionário Vine nos diz:

“Significa “observar”, perceber totalmente, aviso com atenção, discernir,


reconhecer e sugere geralmente uma diretiva, um reconhecimento mais
especial do objeto conhecido do que (ginosko), pode igualmente sugerir
o “conhecimento” avançado ou apreço especial. Assim em Romanos 1:32 “Os
quais, conhecendo a justiça de Deus” (epiginosko) significa conhecê-lo
por completo e muito bem, enquanto que em Rom 1:21 “conhecer a
Deus” (ginosko), simplesmente sugere de eles não podem evitar a
percepção. Às vezes, epinosko implica uma participação especial no
objeto “conhecido”, e dá maior peso ao que está afirmado em João 8:3,
“conhecereis a verdade”, ginosko é usado aqui, enquanto que em 1 Tim
4:3: “e para os que conhecem a verdade, ”epiginosko enfatiza mais a
participação na verdade.”(grifo adicionado).

Um descrente pode ouvir a respeito de Deus, mas se Sua palavra


não penetra em seu coração não o levará ao verdadeiro conhecimento
de Jesus Cristo, deixa apenas plenas percepções como no significado da
palavra “epignosis.”

Só para registrar, aqui estão outros exemplos onde a palavra


“epignosis” é usada em conexão com o conhecimento de Deus e do
Senhor Jesus Cristo.

Efésios 4:11-14

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“E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros
para evangelistas, e outros para pastores e doutores, Querendo o
aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação
do corpo de Cristo; Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao
conhecimento (epignosis) do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida
da estatura completa de Cristo, para que não sejamos mais meninos
inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo
engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente.”

Efésios 1:17
“Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê
em seu conhecimento (epignosis) o espírito de sabedoria e de revelação.”

Colossenses 1:9-10
“Por esta razão, nós também, desde o dia em que o ouvimos, não
cessamos de orar por vós, e de pedir que sejais cheios do conhecimento
(epiginosko) da sua vontade, em toda a sabedoria e inteligência
espiritual; para que possais andar dignamente diante do Senhor,
agradando-lhe em tudo, frutificando em toda a boa obra, e crescendo no
conhecimento (epignosis) de Deus;

Colossenses 2:1-2
“Porque quero que saibais quão grande combate tenho por vós, e pelos
que estão em Laodicéia, e por quantos não viram o meu rosto em
carne; para que os seus corações sejam consolados, e estejam unidos em
amor, e enriquecidos da plenitude da inteligência, para conhecimento
(epiginosis) do mistério de Deus Pai, que é Cristo.”

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Colossenses 3:9-10
“Não mintais uns aos outros, pois que já vos despistes do velho homem
com os seus feitos, e vos vestistes do novo, que se renova para o
conhecimento (epiginosis), segundo a imagem daquele que o criou;”

2 Timóteo 2:24-25
“E ao servo do Senhor não convém contender, mas sim, ser manso para
com todos, apto para ensinar, sofredor; instruindo com mansidão os
que resistem, a ver se porventura Deus lhes dará arrependimento para
conhecerem (epiginosis) a verdade,”

Eu penso que, seriamente, não podemos apoiar a ideia de que


qualquer uma dessas passagens sobre conhecer (epiginosis) Deus e Seus
filho pudesse ser aplicado aos infiéis. Pergunto-me então, por que
alguns se opõe tão ferozmente que essas pessoas citadas em 2 Pedro
eram crentes, quando está escrito claramente na Palavra que eles
voltaram às corrupções do mundo, após terem escapados através do
“conhecimento (epiginosis) do Senhor e Salvador Jesus Cristo, este mesmo
conhecimento que é o centro de oração de todos nós, os crentes? Eu
instruiria a todos nós que, ao invés de lutarmos contra o que está
claramente escrito na Palavra de Deus, a fim de apoiarmos doutrinas
queridas, que podemos ter, submeter-se à Palavra aceitando-a como
crianças pequenas, especialmente porque a Ele, a Palavra viva de Deus,
que um dia iremos prestar contas.

ii) Que essas pessoas às quais 2 Pedro se refere eram crentes está óbvio
pelo fato que, “os santos mandamentos foram entregues a eles.” Poderia

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um Santo mandamento ser entregue a um ímpio? Acho que não. Ao


falar sobre mandamentos me traz à mente o que Paulo disse a Timóteo.

1 Timóteo 6:12-14
“Milita a boa milícia da fé, toma posse da vida eterna, para a qual
também foste chamado, tendo já feito boa confissão diante de muitas
testemunhas. Mando-te diante de Deus, que todas as coisas vivifica, e
de Cristo Jesus, que diante de Pôncio Pilatos deu o testemunho de boa
confissão, Que guardes este mandamento sem mácula e repreensão, até à
aparição de nosso Senhor Jesus Cristo; A qual a seu tempo mostrará o
bem-aventurado, e único poderoso Senhor, Rei dos reis e Senhor dos
senhores”

Realmente, por que Paulo exigiria de Timóteo guardar o


mandamento sem mácula, se fosse impossível manchá-la?

De volta àquelas pessoas citadas em 2 Pedro: eles eram


destinatários do “santo mandamento” do qual em um sentido amplo eu
recorro à Palavra de Deus para dizer o que ele nos manda. Por exemplo,
em 1 João 3:23 nos diz:

“E o seu mandamento é este: que creiamos no nome de seu Filho Jesus


Cristo, e nos amemos uns aos outros, segundo o seu mandamento.”

Além disso, essas pessoas também conheceram o caminho da


justiça. Mais uma vez a palavra “conhecer” é uma tradução da palavra
grega “epigninosko” ou seja, não é um conhecimento simples que se
destina, mas sim um profundo e bom conhecimento do caminho da

133
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justiça. Poderia isso realmente acontecer a pessoas que não são crentes?
Eu penso que não. O que eu acredito, e que os fatos dizem muito
claramente, é que essas pessoas pertenciam originalmente à família dos
crentes, mas depois eles apostataram da fé. Apostatar significa
pertencer a algum lugar e depois traí-lo, voltando-se, afastando-se dele.
Tais apóstatas foram também as de 2 Pedro 2.
Qual será o fim dessas pessoas? A resposta está nas linhas
seguintes de 2 Pedro 2.

“Porque melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça, do que,


conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado;”

.”..trazendo sobre si mesmos repentina perdição.”

5.25. JUDAS 4: “TRANSFORMAM A GRAÇA DE NOSSO DEUS EM


LIBERTINAGEM” - UM ALERTA MUITO RELEVANTE

O livro de Judas é uma epístola muito curta, apenas 25 versículos


ao todo. Mas é poderoso e traz uma evidente urgência nas declarações
feitas. O versículo 3 entra imediatamente no assunto:

Judas 1:3
“Amados, enquanto eu empregava toda a diligência para escrever-vos
acerca da salvação que nos é comum, senti a necessidade de vos

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escrever, exortando-vos a pelejar pela fé que de uma vez para sempre


foi entregue aos santos.”

A “fé que de uma vez para sempre foi entregue aos santos”
estava em perigo e os crentes tiveram que lutar, que batalhar por isto. O
que estava errado, o que estava acontecendo? O versículo seguinte nos
diz:

Judas 4
“Pois certos homens, cuja condenação já estava sentenciada há muito
tempo, infiltraram-se dissimuladamente no meio de vocês. Estes são
ímpios, e transformam a graça de nosso Deus em libertinagem e negam Jesus
Cristo, nosso único Soberano e Senhor.”

Essas pessoas estavam fazendo duas coisas:


1. Eles estavam pervertendo a graça de nosso Deus em lascívia.
2. Eles estavam negando o nosso único Mestre e Senhor Jesus Cristo.

Mas como eles fizeram isso? Como Judas diz: eles se infiltraram
dissimuladamente. Isto então nos indica que eles não se colocaram
explicitamente e em voz alta, dizendo que “Jesus Cristo não é nosso
Senhor nem nosso Mestre.” Se fosse assim, eles seriam imediatamente
notados. Ao invés disto, eles “se infiltraram dissimuladamente”, talvez,
transformando-se da mesma maneira que Paulo diz que os servos de
Satanás se transformam, em Ministros da justiça:

2 Coríntios 11:13-15

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“Pois os tais são falsos apóstolos, obreiros fraudulentos, disfarçando-se


em apóstolos de Cristo. E não é de admirar, porquanto o próprio Satanás
se disfarça em anjo de luz. Não é muito, pois, que também os seus ministros
se disfarcem em ministros da justiça; o fim dos quais será conforme as suas
obras.”

Servos de Satanás não vêm apresentando-se como lobos, porque


seriam notados. Em vez disso, eles vêm camuflados como ovelhas. Eles
aparecem como “ministros de Justiça”, mas suas obras mostram que
eles não o são.
O fruto, a vida que alguém vive, o que ele está praticando é o
mais claro e o único verdadeiro indicador que determina se ele é uma
verdadeira ovelha ou um verdadeiro lobo em pele de cordeiro. O
senhor disse isso muito claramente em Mateus 7:15-19:

“Guardai-vos dos falsos profetas, que vêm a vós disfarçados em ovelhas,


mas interiormente são lobos devoradores. Pelos seus frutos os conhecereis.
Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos?
Assim, toda árvore boa produz bons frutos; porém a árvore má produz
frutos maus. Uma árvore boa não pode dar maus frutos; nem uma
árvore má dar frutos bons. Toda árvore que não produz bom fruto é
cortada e lançada no fogo. “Portanto, é pelos frutos que eles serão conhecidos.

Apesar da camuflagem, o fruto, as obras dessas pessoas - e não a


roupa de cordeiro que ele está vestindo - é um indicador inequívoco
para determinar a quem eles servem verdadeiramente.
Além do mais, conforme Judas 12 nos diz: “Estes são os
escolhidos em vossos ágapes, quando se banqueteiam convosco,

136
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pastores que se apascentam a si mesmos sem temor;” Em outras


palavras, estas pessoas estavam participando dos banquetes dos crentes,
as festas do amor, que os crentes as tinham como igreja.

Agora vamos resumir:

i) essas pessoas tinham se infiltrado de maneira a não serem percebidos.


Isto indica que eles tinham se camuflado como ovelhas quando na
verdade eram lobos vorazes.

ii) eles estavam festejando junto com os verdadeiros crentes em suas


refeições , que eram como igrejas.

iii) os crentes não tinham ideia de que eles realmente eram lobos, e o
perigo que eles representavam. Se eles soubessem do perigo, eles já
teriam o conteúdo suficiente concernente a verdadeira fé uma vez
entregue aos Santos, e não haveria nenhuma necessidade de Judas
adverti-los.

Eu acredito que estes fatos nos dizem que esses falsos mestres se
apresentavam como verdadeiros cristãos. Na verdade o que Judas nos
fala é muito semelhante ao que é descrito em 2 Pedro 2, que também
fala sobre falsos mestres. Estes eram de fato cristãos antes de se
afastarem, tornando-se falsos mestres. Não sei se ambos falam
exatamente da mesma situação, mas a verdade é que a única maneira
que vejo que estas pessoas mencionadas em Judas conseguiam passar
desapercebidos, apesar da corrupção que estavam espalhando, era se
passando por Cristão.

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Voltando para o que eles estavam fazendo. Eles estavam:


Pervertendo a graça de Deus em lascívia e libertinagem, e negando o
nosso único Senhor e Mestre Jesus Cristo.

Vamos agora entrar em cada um destes aspectos mais


detalhadamente.

“TRANSFORMANDO A GRAÇA DE NOSSO DEUS EM LIBERTINAGEM”

No que diz respeito a palavra libertinagem, lascívia, ela é


proveniente do original grego que quer dizer “aselgeia.” Esta palavra é
usada 10 vezes no Novo Testamento e aparece como um dos itens
relacionados as obras da carne (ver Marcos 7:21-22, Romanos 13:13,
Gálatas 05:19-21). De acordo com o Vine´s Dicionário tem o seguinte
significado:

“excesso, licenciosidade, ausência de restrição, indecência,


libertinagem”

Essas pessoas tinham pervertido a graça de Deus em uma licença


para a imoralidade. Mas como eles fizeram isso? Eu acredito que
através do ensino pervertido, na palavra e ações. Na “graça” estavam
ensinando, mas havia um espaço para viver em lascívia e pecado.
Alguém estava vivendo em pecado? Isto não era problema. A “graça”
deles era maior que isto. É difícil entender o que estava realmente
acontecendo e eu não quero ler mais no texto do que realmente está

138
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expresso, mas é um fato, e escrito no texto, que eles na verdade estavam


pervertendo a graça em uma licença para a imoralidade, para o pecado.

NEGANDO AO NOSSO ÚNICO SENHOR E MESTRE JESUS CRISTO


Além disso está escrito no texto que estas pessoas estavam
negando ao nosso único Senhor e Mestre Jesus Cristo. A palavra
traduzida como “Mestre” vem da palavra grega “Despotes”, de onde se
origina a palavra “Déspota.” Significa Senhor Absoluto. Em outras
palavras, Judas está usando duas palavras muito semelhantes, uma
delas muito forte, para indicar o absoluto Senhorio de Jesus Cristo, que
essas pessoas estavam negando.

Mas isto é realmente possível? Estas pessoas podem estar


dissimuladamente dentro da igreja, em comunhão com os crentes,
negando o Senhorio de Jesus Cristo, pervertendo a graça de Deus em
uma licença para a imoralidade e ainda assim permanecer totalmente
despercebidos? Infelizmente sim, isto pode acontecer. Na verdade eu
acredito que isso está acontecendo atualmente na igreja. Muitos são,
hoje, os que ensinam uma mensagem da graça gratuita. Uma graça da
qual Jesus é muito mais um servo do que Senhor. Uma graça na qual a
pessoa é salva uma vez, desde que acreditou, e não importa se ele vai
permanecer nesta fé, ou se vai ficar firme na vinha, que é o Cristo. O
que importa é aquele momento em que ele acreditou, teve fé. O início,
em vez do final. Você quer viver de acordo com o mundo? Não seria
bom você fazer isto, eles podem dizer, mas se o fizer, não será também
um grande problema. A graça é graça. Resumindo, você pode, segundo
eles, ser o seguinte paradoxo: Um cristão, mas não um discípulo de
Cristo. Mas, conforme Atos 11:26 nos diz:

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“...e em Antioquia foram os discípulos, pela primeira vez, chamados


cristãos.”

Foram os discípulos a quem chamaram de Cristãos. Em outras


palavras, não existe esta coisa de Cristão que não seja discípulo de
Cristo. Qualquer um que não seja um discípulo, um seguidor de Cristo,
não é um Cristão.

Como nos resume o teólogo alemão Dietrich Bonhoeffer:

“graça gratuita é a pregação do perdão sem exigir arrependimento ... A


graça gratuita é a graça sem discipulado, graça sem a cruz, a graça sem
Jesus Cristo.”

Infelizmente esta é a graça que muitos ensinam e seus


ensinamentos tem sido muito popular. Todavia, isto é uma graça falsa,
uma distorção da verdadeira graça de Deus e devemos estar alertas
para não sermos vítimas dela. E, assim, Pedro encerra sua segunda
epístola:

“Vós, portanto, amados, sabendo isto de antemão, guardai-vos de que,


pelo engano dos homens abomináveis, sejais juntamente arrebatados, e
descaiais da vossa firmeza; Antes crescei na graça e conhecimento de
nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo. A ele seja dada a glória, assim
agora, como no dia da eternidade. Amém”

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NÓS PERDEMOS A SALVAÇÃO CADA VEZ QUE PECAMOS?

Algumas pessoas alegam que uma vez que alguém cometa


pecado ele perde a sua salvação e precisa se arrepender novamente para
voltar a ter a salvação assegurada, até a próxima vez que pecar e
novamente perder a salvação, e assim por diante. Eu não acredito que
seja assim. Nós podemos estar andando e permanecendo na fé, e ainda
assim pecar, tropeçar (mas ainda assim permanecer no caminho) e
depois levantar e seguir. Como lemos em 1 João:

1 João 1:5-10, 2:1-2


“E esta é a mensagem que dele ouvimos, e vos anunciamos: que Deus é
luz, e nele não há trevas nenhumas. Se dissermos que temos comunhão
com ele, e andarmos nas trevas, mentimos, e não praticamos a verdade;
mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os
outros, e o sangue de Jesus seu Filho nos purifica de todo pecado. Se dissermos
que não temos pecado nenhum, enganamo-nos a nós mesmos, e a
verdade não está em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e
justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça. Se

141
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dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso, e a


sua palavra não está em nós. Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo,
para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para
com o Pai, Jesus Cristo, o justo. E ele é a propiciação pelos nossos
pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o
mundo.”

Eu gostaria de chamar atenção para o versículo 7: “se andarmos na


luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o
sangue de Jesus seu Filho nos purifica de todo pecado.” Por que então
seria necessário que o sangue de Cristo nos limpasse de todo pecado
desde que andamos na luz? Isto me parece dizer que andar na luz não
significa necessariamente que não vamos pecar. O que quero dizer é
que há uma possibilidade do pecado acontecer também neste caso, mas
é um “episódio”, alguma coisa que você deixa para trás e segue adiante.
Não estamos praticando o pecado. Nem estamos em uma vida de
pecado. Ele vem ao nosso encontro com muita facilidade 8 , mas não
praticamos, desejando, como um algo habitual e um modo de vida. E
conforme nós confessamos nossos pecados, o sangue de Cristo nos
limpa de todo o pecado.

Andar na luz é uma escolha, mas não é a única opção para um


crente. Também há a possibilidade de andar nas trevas. Como o
apóstolo diz:

8
Como Hebreus 12: 1 diz: "deixemos todo o embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia". A
frase "tão de perto nos rodeia" é uma palavra no texto grego, a palavra "euperispaston". De acordo
com Barnes: "isso significa "de pé, bem ao redor; "e, portanto, denota o que está perto, ou a mão, ou
que pode ocorrer facilmente. Assim Crisóstomo explica. .. Tyndale conclui "o pecado que está
pendurado em nós."
142
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“Se dissermos que temos comunhão com ele, e andarmos nas trevas,
mentimos, e não praticamos a verdade.”

“Praticar a verdade” é algo que se destaca para mim aqui.


Quando nós andamos em trevas nós não praticamos a verdade, elido de
outra forma podemos então afirmar: “quando não praticamos a verdade
então andamos nas trevas” 1 João 2:9-11 nos dá uma aplicação direta do
que acabamos de mencionar:

1 João 2:9-11
“Aquele que diz estar na luz, e odeia a seu irmão, até agora está nas
trevas. Aquele que ama a seu irmão permanece na luz, e nele não há
tropeço. Mas aquele que odeia a seu irmão está nas trevas, e anda nas
trevas, e não sabe para onde vai; porque as trevas lhe cegaram os olhos.”

E 1 João 4:20
“Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia a seu irmão, é mentiroso. Pois
quem não ama a seu irmão, ao qual viu, não pode amar a Deus, a quem
não viu.”

E mais adiante em 1 João 3:14-15


“Nós sabemos que já passamos da morte para a vida, porque amamos
os irmãos. Quem não ama permanece na morte. Todo o que odeia a seu
irmão é homicida; e vós sabeis que nenhum homicida tem a vida eterna
permanecendo nele.”

Nós vemos aqui o que vimos em todas as situações anteriores: no


que se refere ao que está na Bíblia, não importa o que dizemos que nós

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somos, mas o que mostram os frutos que produzimos acerca de quem


somos, isto é, aquilo que estamos praticando. Como o apóstolo João diz:
alguém que odeia seu irmão é um assassino e não tem a vida eterna. Se
ele diz que ama a Deus, João diz, não acredite nele, pois se ele não ama
a seu irmão que vê, como poderá amar a Deus que não vê? Agora me
diga uma coisa: baseado no que lemos acima, você realmente acha que
um irmão que odeia e não se arrepende, isto é, um assassino sem
arrependimento, alcançará o Reino de Deus, só porque ele diz que ama
a Deus, e porque ele é um “irmão” ( assim que ele é chamado)? Eu creio
que a resposta que está soando de João é não. “nenhum homicida tem a
vida eterna permanecendo nele.” E o contexto não diz respeito a
assassinos pagãos, mas Cristãos que odeiam a seus irmãos. Eu acredito
que no Reino haverá muitos assassinos arrependidos, mas não haverá
nem um sequer que não tenha realmente se arrependido.
Como Paulo nos adverte em Gálatas 5:19-21:

Gálatas 5:19-21
“Ora, as obras da carne são manifestas, as quais são: a prostituição, a
impureza, a lascívia, a idolatria, a feitiçaria, as inimizades, as contendas,
os ciúmes, as iras, as facções, as dissensões, os partidos, as invejas, as
bebedices, as orgias, e coisas semelhantes a estas, contra as quais vos
previno, como já antes vos preveni, que os que tais coisas praticam não
herdarão o reino de Deus.”

A palavra grega traduzida para “praticam” na frase “que tais


coisas praticam” é a palavra “prasso”, da qual é oriunda o verbo
“praticar.” De acordo com o Strong Dicionário praticar significa, dentre
outros sentidos:

144
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“praticar”, ou seja, executar repetidamente ou habitualmente”(grifo nosso).”

Por qual motivo Paulo precisa advertir os crentes Gálatas que


aqueles praticantes daquelas coisas não entrarão no Reino ( isto que
significa “herdar o reino” – faça uma busca da palavra “herdar” no
Novo Testamento e se tornará bem claro), se eles já tivessem o Reino
herdado como garantia no momento em que creram, e independente do
que aconteceu depois desta primeira confissão? Obviamente que se
fosse desta forma, não haveria razão para Paulo dar-lhes tal advertência.
Mas ele assim o fez, o que significa que houve uma razão para isto. E a
razão é muito simples: como vivemos a nossa fé, como a praticamos,
prova se realmente produzimos frutos em nossas vidas, se somos uma
pessoa que estamos realmente andando na fé ou não. Dizendo de outra
maneira: aqueles que dizem ser crentes e talvez tenham sido no passado
verdadeiros crentes, mas agora habitualmente e repetidamente
praticam o pecado, ao se permitir odiar a um irmão, o que é equivalente
a um assassinato, ou cometer quaisquer das coisas descritas em Gálatas
5:19-21 e não se arrepender encontrarão as portas do Reino fechadas.
Hebreus 10:26-27 é muito claro a respeito:

“Porque se voluntariamente continuarmos no pecado, depois de termos


recebido o pleno conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício
pelos pecados, mas uma expectação terrível de juízo, e um ardor de fogo que há
de devorar os adversários.”
E agora retornando a 1 João 1:5-7 e lendo novamente:

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1 João 1:5-7
“E esta é a mensagem que dele ouvimos, e vos anunciamos: que Deus é
luz, e nele não há trevas nenhumas. Se dissermos que temos comunhão
com ele, e andarmos nas trevas, mentimos, e não praticamos a verdade; mas,
se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os
outros, e o sangue de Jesus seu Filho nos purifica de todo pecado.”

Existe a opção de andar na luz e andar nas trevas. Aqueles que


andam na luz podem cair aqui e ali, mas eles NÃO praticam o pecado,
habitualmente e repetidamente, como um modo de vida. Pelo contrário,
eles praticam a verdade habitualmente e repetidamente como um modo
de vida, isto é, se esforçam para viver e praticar a justiça não apenas na
teoria, e tudo aquilo que a Palavra de Deus diz. Eles podem pecar aqui e
ali, mas eles continuam no caminho. Eles encontrarão a porta do Reino
aberta;
Em contraste com estes, existem aqueles que andam nas trevas, e
isto significa que eles praticam habitual e repetidamente o pecado. O
pecado é seu modo de vida. Estes estão caminhando na escuridão, os
seus frutos são a prova disto. Se eles não se arrependerem e mudarem,
eles encontrarão as portas do Reino fechadas. Então não se trata aqui do
pecado cometido enquanto se está caminhando na luz que representará
que aquela pessoa está fora da fé. Mas pecar como um modo de vida,
praticando o pecado voluntariamente e habitualmente. No entanto
precisamos estar muito atentos ao seguinte: todo hábito começa com
simples atos isolados. Portanto, se caímos e pecamos, não vamos levá-lo
com o coração leve, mas depois de confessarmos ao Senhor, fiquemos
alertas, para não darmos lugar ao pecado e, em seguida, o que era
apenas um episódio se torna um hábito.

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OBJEÇÕES USUAIS

Como eu sou um daqueles que já foram ensinados a visão da


salvação como algo que você recebeu uma vez por todas no momento
que alguém acredita, não importando o que acontecer depois, eu sei
muito bem de algumas justificativas que as pessoas normalmente
utilizam para sustentá-la. Eis aqui algumas que eu já ouvi:

7.1. EU SOU UM FILHO DE DEUS E ISTO NÃO PODE SER MUDADO

Este argumento se baseia no seguinte: “Eu sou um filho de Deus,


uma criança de Deus e isto não pode ser deixado de lado. Naquele
“segundo” em que eu cri, eu nasci de novo e o acordo foi selado. Eu
estou salvo independente do que faço com minha vida. Pode um filho
deixar de ser filho?”

Meus comentários
Este argumento usa uma analogia de filiação física de acordo com
a qual se afirma que “uma vez filho, sempre filho.” Mas, na verdade,
qual é a validade deste argumento em um plano espiritual? Por

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exemplo, os anjos são também chamados na Bíblia de filhos de Deus.


Todos eles eram filhos de Deus, até os caídos (gen 6:2), e até o próprio
Satanás (jó 2:1)! Isto significa que todos eles são efetivamente, realmente,
agora, filhos de Deus no sentido de ter associação com Ele, e desfrutar
de tudo aquilo que Deus tem para aqueles que verdadeiramente fazem
parte da Sua família? Não! Em Gênesis 6 nós lemos sobre os anjos que
apostataram. Eles estão no abismo agora, numa prisão de escuridão
esperando pelo dia do julgamento (2Pedro 2:4). Satanás poderá esperar
alguma outra coisa além de sua total destruição, só porque ele foi uma
vez um anjo de luz? Não, ele não pode! Além disso: o fato de terem sido
crianças, filhos de Deus – como também foi Adão – os proibiu de caírem
e terminarem no lago de fogo, como de fato os anjos decaídos vão
terminar? Não. Então porque será que alguns consideram que sendo
filhos de Deus, porque uma vez creram, significa que não temos
obrigações, e que também podemos ser um filho pródigo e ainda assim
ter o pai o aceitando de volta, sem que tenhamos que nos arrepender?
Lembre-se do pai na parábola do filho pródigo: ele recebeu o filho de
volta com alegria. Mas quando? Quando ele se arrependeu e voltou! Ele
poderia ter escolhido a continuar longe e finalmente morrer sozinho em
algum lugar. Mas ele não o fez. Ao invés disso se arrependeu, voltou
para casa e isto fez toda a diferença. Com relação a nós, Paulo esclarece:

Romanos 8:12-14
“Portanto, irmãos, somos devedores, não a carne para vivermos
segundo a carne; porque se viverdes segundo a carne, haveis de morrer;
mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis. Pois todos
os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus.”

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Nós nos tornamos filhos de Deus pela fé em Jesus Cristo (Gálatas


3:26). Mas então porque o mesmo apóstolo diz: “Pois todos os que são
guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus”? O que
significa ser guiado pelo Espírito de Deus? Significa ser conduzido pelo
Espírito, pela nova natureza, andar no Espírito. Significa andar de
acordo com a nova natureza, esforçar-se para fazer a obra de Deus, estar
firme na Videira, e a Sua Palavra permanecer em nós. Pode alguém ser
conduzido pelo Espírito de Deus, quando não está firme na Palavra de
Deus? Pode alguém andar no Espírito, se ele não estiver firme na
Videira, no Cristo? Não, ele não pode. Paulo essencialmente nos fala
aqui que é que as verdadeiras crianças de Deus, são aquelas que não são
guiadas pela carne, a natureza velha, mas a nova natureza, O Espírito,
Cristo em nós. Nós também vimos anteriormente, em Lucas 8:20-21, que
Jesus deixa claro o seguinte:

“Foi-lhe dito: Tua mãe e teus irmãos estão lá fora, e querem ver-te. Ele,
porém, lhes respondeu: Minha mãe e meus irmãos são estes que ouvem a
palavra de Deus e a observam.”

Verdadeiras crianças de Deus, verdadeiros irmãos e irmãs de


Jesus Cristo são aquelas que ouvem a Palavra de Deus e as cumprem.
Pessoas que não permaneceram na fé, pessoas que correram atrás do
mundo, suas riquezas, prazeres, cuidados ou que voltaram por causa da
tentação e tribulação, ou seja, pessoas que não estão mais ligadas à
videira, a Cristo, estão claramente excluídas daqueles que Jesus, e
também Paulo, considera como filhos de Deus. O que alguém deveria
fazer se ele encontrar-se nessa categoria? A resposta é arrepender e

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voltar-se ao nosso Pai misericordioso. A parábola do filho pródigo é um


bom exemplo:

Lucas 15:20-24
“E, levantando-se, foi para seu pai; e, quando ainda estava longe, viu-o
seu pai, e se moveu de íntima compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao
pescoço e o beijou. E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e perante
ti, e já não sou digno de ser chamado teu filho. Mas o pai disse aos seus
servos: Trazei depressa a melhor roupa; e vesti-lho, e ponde-lhe um
anel na mão, e alparcas nos pés; E trazei o bezerro cevado, e matai-o; e
comamos, e alegremo-nos; Porque este meu filho estava morto, e
reviveu, tinha-se perdido, e foi achado. E começaram a alegrar-se.

7.2. “NINGUÉM ME ARREBATARÁ DA MÃO DE JESUS” (JOÃO 10:27-28)

Eu tenho ouvido as pessoas usarem esta passagem de João para


justificar o argumento de que nunca poderão ser roubados da mão de
Jesus, independente do fato de terem realmente seguido a Jesus ou não,
contanto que tenham crido uma vez na vida em Jesus. Mas é isto que a
Palavra de Deus nos fala? Por favor, vamos ler esta passagem no seu
contexto:

João 10:27-29
“As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu as conheço, e elas me seguem; eu
lhes dou a vida eterna, e jamais perecerão; e ninguém as arrebatará da
minha mão. Meu Pai, que, mas deu, é maior do que todos; e ninguém
pode arrebatá-las da mão de meu Pai.”

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A promessa de “eu lhes dou a vida eterna, e jamais perecerão; e


ninguém as arrebatará da minha mão” é feita àqueles do versículo 27:

“As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu as conheço, e elas me seguem.”

Para ser uma ovelha de Cristo, e enquadrar-se no versículo 28,


você deve ouvir a voz Dele, ser conhecido por Ele, e segui-lo. Agora
vamos desdobrar isto ainda mais. O que significa seguir a Cristo?
Significa simplesmente fazer uma confissão de fé e a partir daí a pessoa
é incluída automaticamente e para sempre àqueles que seguem Cristo?
Estaria alguém que acreditasse que Jesus é o Filho de Deus, então
voltasse para o mundo e a viver segundo a carne, coberto pela
promessa de João 10:27-29? Esta pessoa realmente segue a Cristo? Bom,
vamos permitir que o próprio Senhor responda a pergunta do que é
necessário para segui-lo:

Lucas 9:23-24
“Em seguida dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si
mesmo, tome cada dia a sua cruz, e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua
vida, perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por amor de mim, esse a
salvará.”

E também Mateus 10:38


“E quem não toma a sua cruz, e não segue após mim, não é digno de mim.”

Para seguir a Cristo temos que tomar nossas cruzes e segui-lo.


Seguir implica mover-se. Seguir a Cristo é algo dinâmico, algo que

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implica movimento, e de fato, mover-se atrás de alguém, o Senhor. O


primeiro momento da fé é, por outro lado, algo estático, algo que
aconteceu em um determinado momento. Este momento nos coloca
atrás de Cristo. Agora, temos que segui-Lo. Este momento nos trouxe à
fé. Agora temos que correr a corrida da fé até o fim, olhando para Jesus
o líder de nossa fé. Como lemos em 1 João:

1 João 2:10-11
“Aquele que ama a seu irmão permanece na luz, e nele não há tropeço. Mas
aquele que odeia a seu irmão está nas trevas, e anda nas trevas, e não sabe
para onde vai; porque as trevas lhe cegaram os olhos.”

João não diz que pelo fato de termos uma vez crido, nós andamos
automaticamente na luz e andamos com o Senhor Jesus. Ao contrário,
seguir Jesus é uma caminhada diária. Pessoas que, por exemplo, odeiem
a seus irmãos, estão andando em trevas e não são seguidores de Jesus,
independente da fé que tiveram uma vez na vida. Considerando que
não são seguidores de Jesus, eles não fazem parte do Seu rebanho, pois
o Seu rebanho ouve a Sua voz e O segue. Então nós podemos dizer que a
promessa de João 10:28: “eu lhes dou a vida eterna, e jamais perecerão e
ninguém as arrebatará da minha mão”; se aplica realmente a eles, e a
todos que como eles andam em trevas, sem se arrepender? Não, não
podemos dizer isso, já que a promessa é para aqueles que O seguem.
Para pessoas que estão dispostas a perderem suas vidas para ganhá-las.
Sim, tais pessoas ninguém poderá arrebatar das mãos de Jesus.

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7.3. “DEUS ME APRESENTARÁ IMACULADO DE QUALQUER JEITO,


INDEPENDENTEMENTE DO QUE EU FAÇA.”

Uma outra passagem usada para apoiar o mesmo ponto de vista


está em Judas 1:24. Lá nós lemos:

Judas 1:24-25
“Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeçar, e
apresentar-vos ante a sua glória imaculados e jubilosos, ao único Deus,
nosso Salvador, por Jesus Cristo nosso Senhor, glória, majestade,
domínio e poder, antes de todos os séculos, e agora, e para todo o
sempre. Amém.”

Então as pessoas estão basicamente dizendo: “Olhe só, Deus é


capaz de evitar que eu tropece, e pode me apresentar inculpável.” Em
vista disso, eles concluem: “realmente não importa o que eu faça. Deus
vai me apresentar irrepreensível e imaculado de qualquer jeito.” Mas
isto é claramente uma interpretação errônea desta passagem. E para
entendê-la melhor, novamente teremos que considerar o contexto em
que ela está inserida. Então vejamos:

Judas 1:20-25
“Mas vós, amados, edificando-vos sobre a vossa santíssima fé, orando
no Espírito Santo, conservai-vos no amor de Deus, esperando a
misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo para a vida eterna. E apiedai-
vos de alguns que estão na dúvida, e salvai-os, arrebatando-os do fogo;
e de outros tende misericórdia com temor, abominação até a túnica
manchada pela carne. Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de

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tropeçar, e apresentar-vos ante a sua glória imaculados e jubilosos, ao


único Deus, nosso Salvador, por Jesus Cristo nosso Senhor, glória,
majestade, domínio e poder, antes de todos os séculos, e agora, e para
todo o sempre. Amém.” .

“Conservai-vos no amor de Deus”, diz Judas. Se o entendimento


de Judas fosse que você seria preservado de qualquer maneira por
Deus, independente de suas práticas, por que então ele falaria para nos
mantermos no amor de Deus? Se não houvesse possibilidade de não
continuarmos no Seu amor, na sua bondade, então não haveria sentido
na própria instrução dada. De modo similar Pedro nos diz:

2 Pedro 3:17
“Vós, portanto, amados, sabendo isto de antemão, guardai-vos de que pelo
engano dos homens perversos sejais juntamente arrebatados, e descaiais da
vossa firmeza;”

Há uma possibilidade de um “amado”, um verdadeiro crente seja


desviado e saia da posição de permanecer inquebrantável diante do
Senhor? Sim, com certeza existe esta possibilidade. Por esta razão é que
devemos estar atentos. E quem deverá estar atento, alerta? Quem
deverá se manter no amor de Deus? Deus fará isto por nós, ou nós
quem devemos fazê-lo? Esta claro que nós devemos fazer isto. Deus
nos ajudará nisto? É claro que sim! Ele nos ajudará nos manter no Seu
amor, se realmente quisermos isto! Como então podemos entender
Judas 1:24? Nós não devemos entender esta passagem como Deus
forçando as pessoas a não caírem, mas como Deus auxiliando as
pessoas que desejem permanecer no amor de Deus a realmente

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conseguirem fazê-lo. Se quisermos permanecer no amor, Ele nos


ajudará e então obteremos êxito; Mas se alguém não quiser mais
continuar com Ele, Deus não irá forçá-lo contra a sua vontade.

7.4. “QUE AQUELE QUE EM MIM COMEÇOU UMA BOA OBRA A


APERFEIÇOARÁ DE QUALQUER MODO”

Filipenses 1:6 é uma outra passagem utilizada para justificar a


teoria de que, se alguém crê, então não há possibilidade de cair. Aqui
está o que a passagem diz:

“Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa
obra a aperfeiçoará até o dia de Cristo Jesus.”

Então algumas pessoas utilizam esta passagem para dizer: Deus


começou uma boa obra em mim, e ele vai continuá-la até o fim” e
implicitamente adicionam o seguinte: “não importa o que eu fizer.” É
um tipo de argumento como aquele que vimos em Judas 1:24. E assim
como em Judas 1:24, anteriormente em João 10:28, o contexto é
ignorado. Contudo, antes de examinarmos o contexto, gostaria de
pontuar que Paulo fala sobre confiança. Ser confiante em algo significa
que eu creio naquilo, fortemente, mas não significa que tenho 100% de
certeza. Estou certo disto. Agora dando sequência, do que Paulo estava
tão confiante? Ele estava com esta certeza com relação a todos, para
todo Cristão, como estava com relação aos Filipenses? Se fosse devido
ao fato de que eles haviam crido, em um momento determinado, que o
fez confiante, então ele estaria confiante com relação a todos os Cristãos.

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Mas ele não estava. Compare a confiança de Paulo descrita acima, com
os seus escritos e admoestações aos Gálatas:

Gálatas 4:11
“Temo a vosso respeito não haja eu trabalhado em vão entre vós.”

Ao invés de estar confiante, ele está com medo. Ao invés de falar


a respeito de uma obra concluída, ele fala de trabalho em vão, perdido.
Ambos os Filipenses e os Gálatas eram crentes. Mas a confiança não é a
mesma para ambos nas epístolas que lemos de Paulo. Isto em
contrapartida nos mostra que a confiança de Paulo não era
simplesmente pelo motivo de terem crido uma vez no passado e sendo
assim agora estava claro que Deus concluiria a obra neles, independente
do que haviam praticado. Por que então Paulo estava tão confiante com os
Filipenses? Nós só precisamos ler o versículo seguinte para descobrir.
Então o versículo 7 nos diz:

Filipenses 1:7
“Como tenho por justo sentir isto a respeito de vós todos, porque vos
retenho em meu coração, pois todos vós sois participantes comigo da
graça, tanto nas minhas prisões como na defesa e confirmação do
evangelho.”

E Barnes expande a versão do seguinte modo:


“Aqui está uma razão pela qual eu deva acalentar esta esperança com
relação a vocês, e esta confiante expectativa de que vocês serão salvos.
Esta razão é fundamentada nas provas que vocês deram como Cristãos

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sinceros. Tendo a evidência disto, é adequado acreditar que vocês


finalmente alcançarão o céu.”

Paulo viu o fruto destes crentes e por causa disto ele estava
confiante que eles continuariam desta forma. Esta confiança é a mesma
que você tem quando conhece alguém e sabe o que ele faz. Desta forma
funcionava entre Paulo e aqueles crentes: ele os conhecia, ele havia visto
seus frutos, e ele estava confiante que eles estariam lá no final de suas
carreiras. Ele estava confiante que eles permaneceriam no amor de
Deus, e que estando assim, Deus terminaria a obra que havia começado
neles. Permanecendo no Seu amor, Deus seria capaz de ajudá-los nos
tropeços durante seus caminhos. Esta é a forma de entender esta
passagem. Se a usarmos como desculpa para dizer “Deus terminará a
obra que começou em mim, independente do fato de me manter ou não
firme em Sua Palavra, ou em Seu amor”, então estamos utilizando de
maneira incorreta a passagem.

Na verdade Paulo continuava os instruindo, mesmo com toda a


confiança que tinha nos Filipenses:

Filipenses 2:12-16
“De sorte que, meus amados, do modo como sempre obedecestes, não
como na minha presença somente, mas muito mais agora na minha
ausência, efetuai a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é o que
opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa
vontade. Fazei todas as coisas sem murmurações nem contendas; para
que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus imaculados no
meio de uma geração corrupta e perversa, entre a qual resplandeceis

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como luminares no mundo, retendo a palavra da vida; para que no dia de


Cristo eu tenha motivo de gloriar-me de que não foi em vão que corri nem em
vão que trabalhei.”

Resumindo: a confiança de Paulo se dava pelos frutos que os


Filipenses mostraram e não uma confiança abstrata por todos E mesmo
aos Filipenses frutíferos em sua caminhada, apesar da confiança que
tinha neles, Paulo ainda lhes falava para se manter firmes na Palavra, o
que em contrapartida quer dizer que havia uma possibilidade – apesar
de toda confiança de Paulo – de que eles assim não fizessem. Neste caso
toda a obra dos Filipenses seria também em vão.

7.5. “EU POSSO FAZER O QUE QUISER E AINDA ASSIM SER SALVO! NO
DIA DO JULGAMENTO MINHAS OBRAS (PECAMINOSAS) PODERÃO

QUEIMAR, TODAVIA EU CONSEGUIREI SER SALVO!”

As pessoas tem esta ideia devido a interpretações equivocadas, e


novamente pelo fato de considerar uma parte da passagem fora do
contexto, com relação a um Coríntios 3:15. Vamos ler esta passagem
completa em seu contexto:

1 Coríntios 3:10-15
“Segundo a graça de Deus que me foi dada, lancei eu como sábio
construtor, o fundamento, e outro edifica sobre ele; mas veja cada um
como edifica sobre ele. Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além
do que já está posto, o qual é Jesus Cristo. E, se alguém sobre este fundamento
levanta um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno,

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palha, a obra de cada um se manifestará; pois aquele dia a demonstrará,


porque será revelada no fogo, e o fogo provará qual seja a obra de cada
um. Se permanecer a obra que alguém sobre ele edificou, esse receberá
galardão. Se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele prejuízo; mas o tal será
salvo todavia como que pelo fogo.”

As pessoas lêem o versículo 15 e dizem consigo mesmas:


“Basicamente, não importa realmente o que eu faça. Seja o que for,
mesmo se eu andar de acordo com a minha carne, eu posso até perder
as recompensas, mas ainda assim alcançarei o céu. Minhas obras serão
queimadas mas eu não.” Entretanto, não é isto de forma alguma o que a
passagem nos diz. A passagem não está falando de obras em geral,
incluindo obras de pecado. Ela está falando sobre estar firme no
fundamento, que não é outro senão Jesus Cristo. Isto é, fala sobre obras que
foram feitas sobre o Fundamento que é Jesus Cristo. Portanto não é
destinada à pessoas que abandonaram o fundamento primordial, para
seguir o mundo, vivendo segundo a carne, a natureza velha e desejos
pecaminosos como meio de vida. Para este caso existem outras
passagens que já abordamos neste estudo. Ao contrário, esta passagem
é destinada a crentes, que permanecem em Jesus, que tem Jesus como
seu alicerce. Nem todo a obra feita por um verdadeiro crente vai resistir
às provas de fogo. Algumas delas serão queimadas. Todo aquele que
tenha servido ao Senhor por algum tempo, pode provavelmente
enumerar algumas coisas que ele fez tendo a Cristo como alicerce e
ainda não resistirão a prova de fogo. Por exemplo, para aqueles que
ensinam a Palavra, Tiago nos diz:

Tiago 3:1-2

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“Meus irmãos, não sejais muitos de vós mestres, sabendo que


receberemos um juízo mais severo. Pois todos tropeçamos em muitas coisas. Se
alguém não tropeça em palavra, esse é homem perfeito, e capaz de
refrear também todo o corpo.”

Muitos querem ensinar a Palavra de Deus, e se foi para isto que


Deus o chamou a fazer, ele deve fazê-lo, no temor do Senhor. Mas isto
não significa que ele esteja livre de riscos. Haverá um julgamento para o
que é pregado, e para qualquer outra obra feita baseada no alicerce:
“Pois aquele dia a demonstrará, porque será revelada no fogo, e o fogo
provará qual seja a obra de cada um. Se permanecer a obra que alguém
sobre ele edificou, esse receberá galardão. Se a obra de alguém se queimar,
sofrerá ele prejuízo; mas o tal será salvo todavia como que pelo fogo.” Este é o
contexto desta passagem. Podemos aplicá-la com relação a obras feitas
tendo Jesus Cristo como o alicerce. Algumas delas são ouro, prata e
pedra preciosas, mas outras são madeira, feno e palha. Estes últimos
serão queimados.

7.6. FALANDO EM LÍNGUAS ( PARA AQUELES DE VOCÊS QUE ASSIM O


FAZEM)

Esta contestação se baseia no seguinte: “Eu falei em outras


línguas. Isto prova que eu tenho o Espírito Santo, e prova que estou
salvo. Se eu vivo em pecado, e ainda assim falo em línguas, então isto
prova que apesar da vida que levo, eu alcançarei o Reino!”

Meu comentário

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A Bíblia não fala em nenhuma parte que todo aquele que fala em
línguas ou mesmo faz milagres entrará no Reino. Ao contrário, ela fala
que aqueles que fazem a vontade de Deus, aqueles que mantém sua fé
até o fim, vão herdar o Reino. Como o Senhor nos diz:

“Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós


em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu
nome não fizemos muitos milagres? Então lhes direi claramente:
Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade.”

O Senhor não inclui em sua lista o falar em línguas. Não estava


disponível quando Ele estava falando. Tornou-se disponível após
Pentecostes. No entanto ele menciona o dom de profecia, expulsão de
demônios, e fazendo grandes obras no nome de Jesus. Todas estas
coisas são manifestações do Espírito, exatamente como o falar em
línguas (1 Coríntios 12:1-12). Como Ele disse: mesmo aqueles que se
gloriaram por profetizar em Seu nome, ou pelas poderosas obras que
fizeram, ou pela expulsão de demônios, que tenham praticado
ilegalidades não entrarão no Reino. Então se alguém vive em pecado
não se glorie pelo fato de falar em línguas. O Senhor o advertiu que este
argumento NÃO resistirá perante Ele naquele Dia. Ao contrário, é
necessário arrepender-se e retornar a carreira, e ao invés de praticar
ilegalidades, esforçar-se com paciência para fazer a vontade de Deus.

Talvez existam outras passagens utilizadas para justificar a visão


de “uma vez salvos, para sempre salvos” para aqueles que assim
acreditam. Mas a explicação é mais ou menos a mesma que aquelas
mencionadas até aqui: Ou na verdade são promessas feitas para

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pessoas que, agora no presente, são crentes ou o contexto da passagem é


ignorado.

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O QUE DEVEMOS FAZER AGORA? SERVIR AO SENHOR!

Fechando este estudo a pergunta que surge é: E agora, o que faço?


primeira coisa que eu acredito que você deve fazer é apanhar a sua
Bíblia e começar a ler cuidadosamente os evangelhos e as epístolas e
Apocalipse, sem a visão de igrejas e doutrinas ditando para você o que
vimos neste estudo. Como os Beréios verificavam nas Escrituras o que
Paulo pregava, da mesma maneira você deve fazer com relação ao
material apresentado neste estudo.

Além disso, eu gostaria de apresentar como uma conclusão o


seguinte a você: O Senhor é chamado Senhor porque Ele é o Mestre, O
Chefe, aquele que está no comando. Por outro lado, nós somos Seus
servos, tendo em vista que O fizemos nosso Senhor. De fato, a palavra
servo no Novo Testamento tem mais um sentido de um escravo, isto é,
significa alguém que é completamente devotado em fazer a vontade do
Seu Senhor. Como nos fala Romanos 6:20-23:

Romanos 6:20-23

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“Porque, quando éreis servos do pecado, estáveis livres em relação ã


justiça. E que fruto tínheis então das coisas de que agora vos
envergonhais? pois o fim delas é a morte. Mas agora, libertos do pecado,
e feitos servos de Deus, tendes o vosso fruto para santificação, e por fim a
vida eterna. Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito
de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus nosso Senhor.”

Antes acreditávamos que éramos escravos do pecado. Mas depois


de crer e sermos libertados do pecado, nos tornamos escravos de Deus.
Isto não está reservado para pessoas especiais que fazem um
compromisso especial com o Senhor, mas a todos aqueles que fizeram
de Jesus o seu Senhor. Ao fazermos Dele nosso Senhor, nos fizemos
simultaneamente servos deste Senhor. E aqui está o que o Senhor nos
diz a respeito daqueles que O servem, guardando a Palavra do Senhor e
em Seus mandamentos:

João 12:26
“Se alguém me quiser servir, siga-me; e onde eu estiver, ali estará
também o meu servo; se alguém me servir, o Pai o honrará.”

João 14:21
“Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me
ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me
manifestarei a ele.”

João 14:23
“Respondeu-lhe Jesus: Se alguém me amar, guardará a minha palavra; e
meu Pai o amará, e viremos a ele, e faremos nele morada.”

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Falando daqueles que O servem, e permanecem naquilo que Ele,


o Senhor, diz, (Sua Palavra, os Seus mandamentos, o que o Senhor
manda): “E meu Pai o amará”, “o Pai o honrará.” “Eu o amarei e me
manifestarei a ele”, “e viremos a ele e faremos nele morada.” Meu
Deus!!! A frase “ter amizade com Deus ou ser amigo de Deus” acabou
sendo utilizada como um clichê, uma frase que ouvimos incontáveis
vezes mas cujo sentido fica vago. Mas o que lemos aqui NÃO é nada
vago. A vida cristã significa verdadeiramente ser amigo de Deus e ter o
Pai e o Filho fazendo morada em nós. Ter o Filho se manifestando a nós
esta é a definição exata deste companheirismo. Isto não é nada abstrato
mas é alguma coisa que vai efetivamente acontecer. Mas, a quem isto
vai acontecer? Àqueles que servem a Deus e cumprem Sua Palavra e
Sua vontade. Se não nos importamos com sua vontade, se não nos
consideramos escravos do Senhor, mas meros “crentes” que
desempenham um papel de escravos do pecado, então não haverá tal
amizade. O Senhor é muito claro: aqueles que O amam são aqueles que
guardam os Seus mandamentos, Sua Palavra. Aqueles que não
guardam a Sua Palavra não O amam, e o Senhor NÃO se manifestará.

E depois disto, o que nós devemos fazer? Nós devemos fazer um


compromisso com Jesus, para sermos Seus servos fiéis, seja como for,
custe o que custar, vivendo nossas vidas não mais como escravos do
pecado, mas como escravos de Deus.
Para evitar mal entendidos: isto não significa sair correndo como
galinhas em pânico fazendo tudo o que vier a cabeça como sendo a
vontade de Deus. Ao invés disto, buscar fazer a vontade de Deus
significa verificar a Sua Palavra e descobrir o que Ele deseja que

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façamos e ao mesmo tempo estar sintonizados com Ele para ouvir mais
instruções e mandamentos do nosso Senhor interiorizado, do Espírito
Santo que habita em nós. Tais mandamentos e instruções, se vierem do
Senhor, nunca violarão a Palavra do Senhor, mas nos darão direção e
sabedoria para coisas específicas que Deus deseja para nós e que não
estejam descritas em detalhes na Bíblia.
Veja aqui um exemplo da instrução que Paulo recebeu para ir e
pregar a Palavra na Macedônia. Ele e seu grupo estavam buscando a
Deus para saber onde ir e o Senhor deu-lhes este mandamento, através
do Espírito Santo (Atos 16:6-10). Então, como escravos do senhor,
prosseguiremos em fazer a vontade do Senhor. É o trabalho do Senhor
chamar seus servos e o trabalho dos servos estar sintonizados com o
Senhor, de modo que, quando Ele os chamar, eles imediatamente
reajam, prosseguindo em realizar a sua vontade.
Nós sabemos a vontade de Deus como está escrita na Bíblia? Nós
estamos sintonizados com o Senhor para receber mais instruções Dele
quanto ao que deseja que façamos? Nós fizemos um compromisso para
seguir o Mestre custe o que custar? Se ainda não, façamos isto agora.

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APÊNDICE 1

O TEMPO VERBAL PRESENTE EM GREGO. UMA

DEMONSTRAÇÃO UTILIZANDO JOÃO 3:16

João 3:16 é talvez uma das passagens bíblicas mais


frequentemente citadas, especialmente no que se refere a salvação. Aqui
está a passagem em seu contexto:

João 3:14-18
“E como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o
Filho do homem seja levantado; para que todo aquele que nele crê tenha a
vida eterna. Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu
Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a
vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que
julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê
nele não é julgado; mas quem não crê, já está julgado; porquanto não crê
no nome do unigênito Filho de Deus.”

Três vezes nos cinco versículos acima nós encontramos a frase:


“para que todo aquele que nele crê”, seguida de uma maravilhosa
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promessa. Mencionando o versículo mais popular desta passagem, João


3:16, nós aprendemos que “todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a
vida eterna.” Note que a palavra “crer”está utilizada aqui no tempo
presente do indicativo, denotando alguma coisa que é uma realidade
agora. Muitos no entanto lêem esta passagem como se dissesse “todo
aquele que nele acreditou,” ou seja, como um fato já ocorrido no
passado. Isto obviamente não é o que a passagem diz. Esta passagem
assim como aquelas vistas no primeiro capítulo deste estudo estão no
tempo presente. Portanto ela fala de alguma coisa que está acontecendo
agora, sobre um presente, um estado ativo, e não sobre alguma coisa que
aconteceu uma vez no passado. Elas falam sobre uma realidade
presente, ao invés de uma história no passado.
Na verdade é preciso mencionar aqui alguns fatos com relação ao
tempo verbal presente na língua grega. O website
http://www.ntgreek.net/present.htm tem uma enorme quantidade de
informações sobre este assunto com muitas referências e exemplos. A
conclusão básica (Você pode verificar isso no exemplo acima ou em
outros sites acadêmicos similares) é a seguinte: a princípio como uma
regra, o tempo presente no grego arcaico denota duração, continuidade.
Também pode denotar alguma coisa que ocorre atualmente no presente
e pode não acontecer novamente. Mas esta é uma exceção a regra e se
torna bastante óbvia de acordo com o contexto em que se insere. A regra
é que o tempo presente de um verbo denota sentido de continuidade, duração,
isto é, denota alguma coisa que possui durabilidade, constância.

As promessas de João 3:14-18 não são de forma alguma para


pessoas que creram uma vez em suas vidas, e de repente se afastaram

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sem retornarem à fé. Ao contrário, as promessas são para aqueles que


crêem agora, no presente, e continuam crendo.
Entender que o tempo verbal presente na língua grega traz o
sentido de continuidade, duração, isto é, que indica uma ação que
continua acontecendo, pode realmente revolucionar o modo como
entendemos muitas passagens. Minha sugestão seria a seguinte:
sempre que você verificar na Palavra o tempo presente ( “acredita”,
“perdoa” etc.) substitua esta palavra pela expressão “continua” + verbo
principal no gerúndio (por exemplo: “continua acreditando”, “continua
perdoando” etc.) Isto talvez mude a sua forma de ler muitas passagens.

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APÊNDICE 2

OS ENSINAMENTOS DOS EVANGELHOS, INCLUINDO AS


“PALAVRAS DURAS”, SÃO PARA NÓS?

Muitos vão achar esta pergunta boba, dizendo é claro que os


evangelhos são relevantes para nós. Mas há alguns que implícita ou
explicitamente acreditam que os evangelhos não tem tanta importância,
pois de acordo com sua visão, se referem aos judeus que viviam sob os
ditames da lei, e não a nós. Fundamentos desta teoria é o chamado
“dispensacionalismo”, que levada ao extremo, finalmente conclui que
só as epístolas (e em algumas versões extremas da doutrina, apenas
algumas destas epístolas) são realmente relevantes para os crentes de
hoje, enquanto que as Escrituras remanescentes são apenas para nossa
informação. De fato, a Bíblia contém partes que não devem ser
aplicadas aos Cristãos. Por exemplo, a lei com suas ordenanças,
corresponde a uma grande parte do livro de Êxodos, Levíticos,
Deuteronômio e Números. Como o pacto da Antiga Aliança não é mais
válido (Hebreus 8:13, Colossenses 2:13-14) nós estaríamos certos ao
dizer que essas partes não se referem a nós e que elas são apenas para

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nossa informação e benefício. Obviamente que isto não acontece com


tudo que está no Antigo Testamento. Salmos e Provérbios são exemplos
de livros com verdades eternas que não tem conexão com nenhuma
época em particular. O mesmo também é verdade para muitos escritos
proféticos. Então, em vez de fazer o que muitos fazem, classificando as
partes anteriores aos Evangelhos como “Velho Testamento”(aqueles
que apóiam que o evangelho não são relevantes para nós, coloca esta
separação em Atos), eu deveria na verdade prestar atenção no que estes
livros nos dizem, e depois me perguntar se realmente existe uma razão
para concluir que alguma coisa não se refira a mim. Dizendo de outro
modo, ao invés de dividir a Palavra de Deus em duas partes, como o
Antigo Testamento e o Novo Testamento (que é de todo modo uma
divisão humana) eu prefiro considerar palavra de Deus em sua
completude e integridade, como um ÚNICO e pleno documento, e
avaliar se há razões para concluir que algo possa por acaso não se
referir a mim.

Assim, é verdade que muito do que está tanto em Números ou


Deuteronômio etc., não faz referência direta a mim: trata-se da antiga
aliança e aqueles que estavam submetidos a ela. Eu tenho razões para
não exercer a prática de matança de cabras, e os demais sacrifícios
citados, visto que estas práticas estão obsoletas: Jesus Cristo deu o Seu
sangue como o sacrifício final, de uma vez por todas, e não há outro
sacrifício que seja mais necessário. O mesmo podemos dizer sobre a lei
do sábado, a lei do dízimo etc. Eu posso aprender com essas práticas,
mas eles não mais correspondem a leis válidas para que eu as coloque
em prática atualmente.

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Levando em conta agora Jesus e Seus ensinamentos, o que alguns


têm feito é considerar o fato de que quando Jesus estava ensinando, a lei
ainda estava lá, sendo cumprida por Ele (e foi plenamente cumprida em
sua crucifixão) e portanto concluem que a pregação de Jesus não se
refere a nós, mas as pessoas que estavam sob a lei naquela época. Assim,
as epístolas, especialmente as de Paulo, são elevadas em importância, e
os Evangelhos, os ensinamentos do próprio Autor e Fundador do
Cristianismo, são rebaixados em importância, criando ao mesmo tempo
uma antítese artificial entre Jesus e os escritos dos seus próprios
discípulos. Acredito que isso é errado, porque Jesus viveu em uma
época onde a lei estava lá e ainda estava sendo cumprida por Ele. Ele
não veio para ensinar a respeito da lei Mosaica! Então, qual era sua
missão? Por que ele foi enviado? Vamos deixar que Ele mesmo dê a
resposta. Ele faz isto em Lucas 4:43, onde lemos:

“Ele, porém, lhes disse: É necessário que também às outras cidades eu


anuncie o evangelho do reino de Deus; porque para isso é que fui enviado.”

Jesus foi enviado com o propósito de pregar as boas novas do


Reino de Deus. Ele não veio para pregar apenas boas notícias, mas algo
específico: a boa notícia do Reino de Deus, a boa notícia de que o Reino
de Deus está chegando! A pregação sobre o vindouro Reino de Deus era
o próprio motivo pelo qual Ele foi enviado, como Ele mesmo disse!
Mateus 4:17 conclui muito claramente que o Reino de Deus (ou o
Reino dos céus, como é chamado em Mateus) era o início de tudo, e
desde então o assunto principal dos ensinamentos de Jesus:

Mateus 4:17

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“Desde então começou Jesus a pregar, e a dizer: Arrependei- vos,


porque é chegado o reino dos céus.”

E novamente a poucos versículos adiante:

Mateus 4:23
“ E percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando nas suas sinagogas e
pregando o evangelho do reino, e curando todas as enfermidades e
moléstias entre o povo.”

O que Jesus estava pregando não era a lei, mas o evangelho do


Reino de Deus. Então em Seu primeiro registro de Ensinamento em
Mateus nós vemos o famoso “Sermão da Montanha”, encontramos
abertamente como segue:

Mateus 5:2-3
“e ele se pôs a ensiná-los, dizendo: Bem aventurados os humildes de
espírito, porque deles é o reino dos céus.”

Posteriormente lemos em Lucas 8:1:


“Logo depois disso, andava Jesus de cidade em cidade, e de aldeia em
aldeia, pregando e anunciando o evangelho do reino de Deus; e iam com ele
os doze.”

E em Lucas 9:59-60:
“E a outro disse: Segue-me. Ao que este respondeu: Permite-me ir
primeiro sepultar meu pai. Replicou-lhe Jesus: Deixa os mortos sepultar
os seus próprios mortos; tu, porém, vai e anuncia o reino de Deus.”

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A expressão “Reino de Deus” e seu sinônimo “Reino dos céus”


aparecem no total de 84 vezes nos Evangelhos. O Reino de Deus foi o
tema principal do ensinamento do Mestre. Então, adivinhe: O que Ele
disse principalmente e que está registrado nos Evangelhos é sobre o Reino de
Deus, é o assunto principal e sua missão, e não sobre a lei. Muito embora, é
claro, visto que a lei ainda não tinha sido cumprida, mas estava sendo
cumprida, podemos verificar a existência de referência a respeito da lei,
aqui e ali nos evangelhos. Mas de maneira nenhuma é possível que
alguém classifique a mensagem de Jesus como uma referência para os
judeus que viviam sob a lei. Pelo contrário, a mensagem de Jesus era
sobre as boas novas do Reino de Deus e como entrar nele. Não é isto, a
entrada do Reino de Deus, o objetivo principal para mim e para você?
Em caso positivo, vamos prestar atenção no que O especialista na
matéria, O Salvador, tem a nos dizer, ao invés de cometer o grave erro
de essencialmente colocá-lo de lado, como se não fosse relevante para
nós.

Seguindo em frente, vejamos agora o que Jesus estava falando


com seus discípulos depois que foi levantado dos mortos e até a sua
ascensão. No livro dos Atos 1:3 encontramos um resumo:

“Aos quais também, depois de haver padecido, se apresentou vivo, com


muitas provas infalíveis, aparecendo-lhes por espaço de quarenta dias, e lhes
falando das coisas concernentes ao reino de Deus.”

O Reino de Deus não foi algo que Ele pregou antes da crucifixão
ou um tópico entre outros tópicos. Foi o tema principal, O assunto, diria

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eu, do Seu Ministério, Ele estava pregando sobre isso antes da


crucifixão e continuou falando sobre isso depois da Ressurreição
também, durante todo o tempo até ao momento da sua ascensão. E o
que os discípulos fizeram depois de Sua ascensão? Houve uma
mudança de política? Novamente o livro dos Atos nos dará a resposta:

Filipe, pregando sobre o Reino de Deus (Atos 8:12):


“Mas, quando creram em Filipe, que lhes pregava acerca do reino de Deus e
do nome de Jesus, batizavam-se homens e mulheres.”

Paulo e Barnabé, pregaram sobre o Reino de Deus e como entrar nele, o


que aparentemente é descrito como “através de muitas tribulações”:

Atos 14: 21-22


“E, tendo anunciado o evangelho naquela cidade e feito muitos
discípulos, voltaram para Listra, Icônio e Antioquia, confirmando as
almas dos discípulos, exortando-os a perseverarem na fé, dizendo que por
muitas tribulações nos é necessário entrar no reino de Deus.”

Paulo novamente pregando, desta vez em Éfeso:


Atos 19:8
“Paulo, entrando na sinagoga, falou ousadamente por espaço de três
meses, discutindo e persuadindo acerca do reino de Deus.”

Paul, agora em Roma, preso:


Atos 28:23
“Havendo-lhe eles marcado um dia, muitos foram ter com ele à sua
morada, aos quais desde a manhã até a noite explicava com bom

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testemunho o reino de Deus e procurava persuadi-los acerca de Jesus,


tanto pela lei de Moisés como pelos profetas.”

E o livro de Atos encerra como segue, falando desse grande apóstolo:

Atos 28:30-31
“E morou dois anos inteiros na casa que alugara, e recebia a todos os
que o visitavam, pregando o reino de Deus e ensinando as coisas
concernentes ao Senhor Jesus Cristo, com toda a liberdade, sem
impedimento algum.”

Resumindo: O Reino de Deus foi o propósito pelo qual Jesus foi


enviado. Ele pregou sobre isso o tempo todo, durante todo o seu
ministério, até a sua ascensão. Em seguida, os apóstolos assumiram e
fizeram o mesmo. Paulo pregou sobre o Reino de Deus, proclamando o
Reino durante toda a sua caminhada até o fim de sua vida. O mesmo
fez Filipe e tenho certeza que todos os outros também. Vemos, portanto,
que a mensagem não variou: Ambos, Jesus e seus discípulos estavam
pregando sobre o Reino de Deus e como entrar nele. É incorreto
considerar os Evangelhos como parte da lei, porque embora a lei ainda
estivesse sendo cumprida, o tema principal dos Evangelhos, o que eles
descrevem principalmente, é o Reino de Deus e não a lei.

Os Evangelhos, portanto, tem MUITO mais a ver com a nova era


que estamos vivendo do que com os velhos tempos dominados pela lei.
Isto é especialmente verdade nas partes que lemos anteriormente no
capítulo 3 deste estudo, as quais foram dirigidas aos discípulos do
Senhor e foram dadas, a maioria delas, apenas algumas horas antes de

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Sua prisão. Então, com relação a pergunta: estas passagens são para nós,
a resposta é curta e simples: Sim, elas são para nós. Se somos discípulos
de Cristo, se também queremos entrar no Reino de Deus, tanto o que o
Mestre diz quanto o que os Seus apóstolos dizem são igualmente
relevantes para nós. E elas não se contradizem de maneira alguma.
Como seria possível? Aqui está o que o Senhor ordenou a seus
discípulos pouco antes de Sua ascensão aos céus:

Mateus 28:18-20
“E, aproximando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: Foi-me dada toda a
autoridade no céu e na terra. Portanto ide, fazei discípulos de todas as
nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;
ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que
eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.”

O Senhor mandou que os apóstolos ensinassem os discípulos a


observar “todas as coisas que eu vos tenho mandado.” “Vos tenho
mandado” representa uma ação que começou no passado. Contudo,
Jesus não está falando aqui de uma nova revelação, mas sim a respeito
do que ele já tinha lhes ensinado, e o local onde pode ser encontrado
esses ensinamentos e mandamentos do Senhor não é outro senão um
único lugar: Os evangelhos. Então os Evangelhos, as falas de Cristo, e
em particular sua fala aos discípulos, são relevantes para o cristão de
hoje? Claro que sim! Não nos enganemos sobre isso.

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APÊNDICE 3

APOCALIPSE 2 E 3: AS EPÍSTOLAS DE JESUS ÀS SETE IGREJAS


SÃO RELEVANTES PARA NÓS?

Depois dos Evangelhos e com exceção de algumas poucas


passagens em Atos e nas Cartas, é em Apocalipse que encontramos
Jesus novamente falando na primeira pessoa. Os capítulos 2 e 3 contêm
cartas que foram enviadas às sete igrejas da Ásia menor. Jesus ditou
estas cartas diretamente ao apóstolo João, ordenando-lhe para escrevê-
las e enviá-las para estas igrejas, juntamente com todo o livro de
Apocalipse. No entanto é surpreendente como estas Epístolas de Jesus
recebem tão pouca atenção. Semelhantemente à teoria que
essencialmente quer reduzir a importância dos 4 livros iniciais do
Evangelho, classificando-os como não tão relevantes para nós hoje,
desta vez se alega que estas Epístolas de Jesus, juntamente com o livro
do Apocalipse, como um todo, não se refere realmente a nós, mas sim,
de acordo com esta teoria, a alguns futuros crentes que vão entender a
mensagem. Isto significa implicitamente que podemos seguramente
ignorar este livro, ou considerá-lo como algo “apenas para nossa
informação.” De acordo com essa teoria, no que se refere às sete igrejas,

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elas são futuras igrejas às quais se referem as cartas9. No entanto, estas


Igrejas eram igrejas reais quando João escreveu as cartas, exatamente como
havia uma verdadeira Igreja em Corinto para a qual Paulo escreveu suas
epístolas. Na verdade algumas destas igrejas como a Igreja de Éfeso e
Laodicéia também são mencionadas nas cartas de Paulo. De fato, todo a
teoria de que estas epístolas não estão realmente se referindo aos
crentes vivendo sob a era da graça, cai por terra quando o próprio Jesus
ordenou a João o que fazer com a mensagem que ele estava prestes a
receber. Isto fica claramente evidenciado em Apocalipse 1:11:

Apocalipse 1:11
“que dizia: O que vês, escreve-o num livro, e envia-o às sete igrejas: a
Éfeso, a Esmirna, a Pérgamo, a Tiatira, a Sardes, a Filadélfia e a
Laodicéia.”

Então, adivinhe o que João fez? Ele escreveu as cartas e mandou


imediatamente para as sete igrejas mencionadas. Portanto as cartas de
Jesus para essas igrejas se referem a crentes cristãos nestas igrejas. E elas
são tão importantes para nós quanto as cartas que Paulo por exemplo
enviara para os fiéis na Igreja de Corinto, Éfeso, Galácia etc.

Uma das razões pelas quais muitos se apressam em colocar estas


cartas naquela grande caixa com o título: “não é relevante para nós”, é
porque essencialmente não apreciam o que Jesus diz. Eles vêem Jesus
dizendo por exemplo: “Conheço as tuas obras” (Apocalipse 2:2), e

9
Por óbvio existem muitas teorias concernentes ao significado do livro de Apocalipse, e em quase
todas está ausente a relevância das epístolas as sete igrejas (este é o foco de estudo deste apêndice
em nosso livro). Tais teorias tratam estas cartas não como verdadeiras epístolas endereçadas a
pessoas reais, mas como algo em sentido metafórico, ou passado, sem aplicação prática no presente
ou futuro.
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“arrepende-te, e pratica as primeiras obras; e se não, brevemente virei a


ti, e removerei do seu lugar o teu candeeiro, se não te arrependeres”
(Apocalipse 2:5) etc. Então eles percebem que tais palavras “duras”, -
de acordo com eles – não se conciliam entre a ideia que elas tem do
Evangelho e com a imagem de Jesus que elas guardam. Então se torna
necessário planejar, encontrar caminhos, para evitar a relevância destas
palavras direcionadas diretamente a nós, hoje, tanto quanto for possível.
E a forma que muitos encontram para minimizar esta relevância é
considerar essas cartas e Apocalipse em geral como se referindo
principalmente aos crentes futuros que estarão vivendo naqueles dias.
A verdade, portanto é que elas são tão relevantes para nós quantos as
Epístolas aos apóstolos. Ambos os tipos de Cartas foram escritas para
igrejas e crentes reais daquele tempo e, por extensão, também se
referem a nós.
Indo agora para as Epístolas, vemos a maneira como Jesus está
olhando para cada igreja (não a igreja construção, mas pessoas).
Podemos perceber que se assemelha a um treinador que se preocupa
com seus atletas, que estão empreendendo uma corrida ou uma luta.
Então você verá que o retorno, a avaliação que Ele faz para essas igrejas
é diferente em cada caso. Algumas delas estão se saindo bem. Elas
devem se manter e continuar desta forma. Mas outras estão com
problemas. O Senhor não lhes diz “Ok, está tudo bem...Afinal eu paguei
o preço por você e não precisa fazer mais nada. Ele lhe diz os seus
pontos positivos (isto Ele fez para todos, exceto para a Igreja de
Laodicéia) e depois repassa as críticas, as admoestações que Ele tem
para as igrejas. Em 4 de 7 igrejas ele diz-lhes “Arrependei-vos”, ou seja,
mudem de rumo.

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Na verdade ele não diz apenas “Arrependei-vos” mas


“Arrepende-te, senão...”! Aqui estão umas dessas consequências.

Apocalipse 2:5
“ Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras
obras; quando não, brevemente a ti virei, e tirarei do seu lugar o teu
castiçal, se não te arrependeres.”

Apocalipse 2:15-16
“Assim tens também os que seguem a doutrina dos nicolaítas, o que eu
odeio. Arrepende-te, pois, quando não em breve virei a ti, e contra eles
batalharei com a espada da minha boca.”

Apocalipse 3:2-3
“Sê vigilante, e confirma os restantes, que estavam para morrer; porque
não achei as tuas obras perfeitas diante de Deus. Lembra-te, pois, do
que tens recebido e ouvido, e guarda-o, e arrepende-te. E, se não vigiares,
virei sobre ti como um ladrão, e não saberás a que hora sobre ti virei.”

Alguns não podiam compreender que Jesus pudesse ter falado à essas
Igrejas. Mas amados irmãos, a Bíblia nos mostra Jesus de diferentes
ângulos e um deles está em

Apocalipse 1: 11-18:
“O que vês, escreve-o num livro, e envia-o às sete igrejas: a Éfeso, a
Esmirna, a Pérgamo, a Tiatira, a Sardes, a Filadélfia e a Laodicéia. E
voltei-me para ver quem falava comigo. E, ao voltar-me, vi sete
candeeiros de ouro, no meio dos candeeiros um semelhante a filho de

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homem, vestido de uma roupa talar, e cingido à altura do peito com um


cinto de ouro; e a sua cabeça e cabelos eram brancos como lã branca,
como a neve; e os seus olhos cosmo chama de fogo; e os seus pés,
semelhantes a latão reluzente que fora refinado numa fornalha; e a sua
voz como a voz de muitas águas. Tinha ele na sua destra sete estrelas; e
da sua boca saía uma aguda espada de dois gumes; e o seu rosto era
como o sol, quando resplandece na sua força. Quando o vi, caí a seus
pés como morto; e ele pôs sobre mim a sua destra, dizendo: Não temas;
eu sou o primeiro e o último, e o que vivo; fui morto, mas eis aqui estou
vivo pelos séculos dos séculos; e tenho as chaves da morte e do hades.”

A imagem que guardamos de Jesus também tem espaço para a


imagem acima ou Jesus é para nós apenas um jovem loiro e doce que
não seria capaz de matar uma mosca?
Retornando a nossa pergunta original: As Epístolas de Jesus às
sete igrejas referem-se também a nós por extensão, exatamente como as
Epístolas de Paulo aos Gálatas, ou aos Coríntios? A resposta é sim, elas
se referem a nós também. Todas estas cartas deveriam ser igualmente
lidas e colocadas em prática pelos seus respectivos ouvintes., E se temos
ouvidos para ouvir, como deveríamos, as Epístolas dos apóstolos para
as igrejas, então também devemos ter ouvidos para ouvir as Epístolas
do Mestre dos apóstolos para as Igrejas.

“Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.” (Apocalipse 2


e 3).

Traduzido por www.christian-translation.com

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