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O mistério da Santíssima Trindade

Nosso tema desta semana vai nos falar sobre mais um mistério da nossa fé,
falaremos e refletiremos sobre O mistério da Santíssima Trindade, mistério
este que é central da fé e da vida cristã. Deus se revelou como Pai, Filho e
Espírito Santo. Foi o próprio Jesus Cristo quem nos revelou este mistério. Ele
falou do Pai, do Espírito Santo e d’Ele mesmo como Deus. Logo, não é uma
verdade inventada pela Igreja, mas revelada por Jesus. Não a podemos
compreender, porque o Mistério de Deus não cabe em nossa cabeça,e aqui
cabe lembrar a vida de São Tomé, que foi conhecido como aquele que
precisou tocar e ver para crer, porem nós que temos como exemplo a
vivência com Cristo, temos esta realidade fática de fé, como a verdade
revelada, revelada nas escrituras e na vida de Jesus e dos Santos, vamos
ver melhor o exemplo dos santos e suas falar sobre este grande mistério.

Santo Agostinho (430) dizia: O Espírito Santo procede do Pai enquanto fonte
primeira e, pela doação eterna deste último ao Filho, do Pai e do Filho em
comunhão (A Trindade, 15,26,47).

Só existe um Deus, mas n’Ele há três Pessoas divinas distintas: Pai, Filho e
Espírito Santo. Não pode haver mais que um Deus, pois este é absoluto. Se
houvesse dois deuses, um deles seria menor que o outro, e Deus não pode
ser menor que outro, pois não seria Deus.

A Santíssima Trindade é Una


Não professamos três deuses, mas um só Deus em três Pessoas, como em
todo sacrifício, vivemos através da oração do Credo, sendo ele
nicenoconstatinopolitano ou tradicional: A Trindade consubstancial (II Conc.
Constantinopla, DS 421). O Pai é aquilo que é o Filho, o Filho é aquilo que é
o Pai, o Espírito Santo é aquilo que são o Pai e o Filho, isto é, um só Deus
por natureza (XI Conc. Toledo, em 675, DS 530). Cada uma das três pessoas
é esta realidade, isto é, a substância, a essência ou a natureza divina (IV
Conc. Latrão, em 1215, DS 804).

A Profissão de Fé do Papa Dâmaso diz: Deus é único, mas não solitário


(Fides Damasi, DS 71). Pai, Filho, Espírito Santo não são simplesmente
nomes que designam modalidades do ser divino, pois são realmente distintos
entre si: “Aquele que é Pai não é o Filho, e aquele que é o Filho não é o Pai,
nem o Espírito Santo é aquele que é o Pai ou o Filho” (XI Conc. Toledo, em
675, DS 530). São distintos entre si por suas relações de origem: É o Pai que
gera, o Filho que é gerado, o Espírito Santo que procede (IV Conc. Latrão, e,
1215, DS 804).

A Igreja ensina que as Pessoas divinas são relativas umas às outras. Por não
dividirem a unidade divina, a distinção real das Pessoas entre si reside
unicamente nas relações que as referem umas às outras:

Nos nomes relativos das Pessoas, o Pai é referido ao Filho, o Filho ao Pai, o
Espírito Santo aos dois; quando se fala dessas três Pessoas, considerando
as relações, crê-se todavia em uma só natureza ou substância (XI Conc.
Toledo, DS 675). Tudo é uno n’Eles lá onde não se encontra a oposição de
relação (Conc. Florença, em 1442, DS 1330). Por causa desta unidade, o Pai
está todo inteiro no Filho, todo inteiro no Espírito Santo; o Filho está todo
inteiro no Pai, todo inteiro no Espírito Santo; o Espírito Santo, todo inteiro no
Pai, todo inteiro no Filho (Conc. Florença, em 1442, DS 1331).

Aos Catecúmenos de Constantinopla, S. Gregório Nazianzeno (330-379),


o Teólogo, explicava:

Antes de todas as coisas, conservai-me este bem depósito, pelo qual vivo e
combato, com o qual quero morrer, que me faz suportar todos os males e
desprezar todos os prazeres: refiro-me à profissão de fé no Pai e no Filho e
no Espírito Santo. Eu vo-la confio hoje. É por ela que, daqui a pouco, vou
mergulhar-vos na água e vos tirar dela. Eu vo-la dou como companheira e
dona de toda a vossa vida. Dou-vos uma só Divindade e Poder, que existe
Una nos Três, e que contém os Três de maneira distinta. Divindade sem
diferença de substância ou de natureza, sem grau superior que eleve ou grau
inferior que rebaixe […]. A infinita conaturalidade é de três infinitos. Cada um
considerado em si mesmo é Deus todo inteiro […]. Deus os Três
considerados juntos. Nem comecei a pensar na Unidade, e a Trindade me
banha em Seu esplendor. Nem comecei a pensar na Trindade, e a unidade
toma conta de mim (Or. 40,41).

O primeiro Catecismo, chamado “Didaqué” do anos 90 dizia:


“No que diz respeito ao Batismo, batizai em nome do Pai e do Filho e do
Espírito Santo em água corrente. Se não houver água corrente, batizai em
outra água; se não puder batizar em água fria, façais com água quente. Na
falta de uma ou outra, derramai três vezes água sobre a cabeça, em nome do
Pai e do Filho e do Espírito Santo” (Didaqué 7,1-3).

O que dizem os santos?

São Clemente de Roma, Papa no ano 96, ensinava: “Um Deus, um Cristo,
um Espírito de graça” (Carta aos Coríntios 46,6). “Como Deus vive, assim
vive o Senhor e o Espírito Santo” (Carta aos Coríntios 58,2).

Santo Inácio, bispo de Antioquia (107), mártir em Roma, afirmava: “Vós sois
as pedras do templo do Pai, elevado para o alto pelo guindaste de Jesus
Cristo, que é a sua cruz, com o Espírito Santo como corda” (Carta aos
Efésios 9,1).

“Procurai manter-vos firmes nos ensinamentos do Senhor e dos Apóstolos,


para que prospere tudo o que fizerdes na carne e no espírito, na fé e no amor,
no Filho, no Pai e no Espírito, no princípio e no fim, unidos ao vosso
digníssimo bispo e à preciosa coroa espiritual formada pelos vossos
presbíteros e diáconos segundo Deus. Sejam submissos ao bispo e também
uns aos outros, assim como Jesus Cristo se submeteu, na carne, ao Pai, e os
apóstolos se submeteram a Cristo, ao Pai e ao Espírito, a fim de que haja
união, tanto física como espiritual” (Carta aos Magnésios 13,1-2).

São Justino, mártir no ano 151, escreveu essas palavras ao imperador


romano Antonino Pio: “Os que são batizados por nós são levados para um
lugar onde haja água e são regenerados da mesma forma como nós o fomos.
É em nome do Pai de todos e Senhor Deus, e de Nosso Senhor Jesus Cristo,
e do Espírito Santo que recebem a loção na água. Este rito foi-nos entregue
pelos apóstolos” (I Apologia 61).

São Policarpo de Esmirna, que foi discípulo de São João evangelista, mártir
no ano 156, declarou: “Eu te louvo, Deus da Verdade, te bendigo, te glorifico
por teu Filho Jesus Cristo, nosso eterno e Sumo Sacerdote no céu; por Ele,
com Ele e o Espírito Santo, glória seja dada a ti, agora e nos séculos futuros!
Amém” (Martírio de Policarpo 14,1-3).

Teófilo de Antioquia, ano 181, confirmou: “Igualmente os três dias que


precedem a criação dos luzeiros são símbolo da Trindade: de Deus [=Pai], de
seu Verbo [=Filho] e de sua Sabedoria [=Espírito Santo]” (Segundo Livro a
Autólico 15,3).

S. Irineu de Lião, ano 189, afirmou: “Com efeito, a Igreja espalhada pelo
mundo inteiro até os confins da terra recebeu dos apóstolos e seus discípulos
a fé em um só Deus, Pai onipotente, que fez o céu e a terra, o mar e tudo
quanto nele existe; em um só Jesus Cristo, Filho de Deus, encarnado para
nossa salvação; e no Espírito Santo que, pelos profetas, anunciou a
economia de Deus […]” (Contra as Heresias I,10,1).
“Já temos mostrado que o Verbo, isto é, o Filho esteve sempre com o Pai.
Mas também a Sabedoria, o Espírito estava igualmente junto d’Ele antes de
toda a criação” (Contra as Heresias IV,20,4).

Tertuliano, escritor romano cristão, no ano 210: “Foi estabelecida a lei de


batizar e prescrita a fórmula: ‘Ide, ensinai os povos batizando-os em nome do
Pai e do Filho e do Espírito Santo'” (Do Batismo 13).

E o Concílio de Nicéia, ano 325, confirmou toda essa verdade:

“Cremos […] em um só Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, nascido do Pai


como Unigênito, isto é, da substância do Pai, Deus de Deus, luz da luz, Deus
verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não feito, consubstancial com o Pai,
por quem foi feito tudo que há no céu e na terra. […] Cremos no Espírito
Santo, Senhor e fonte de vida, que procede do Pai, com o Pai e o Filho é
adorado e glorificado, o qual falou pelos Profetas” (Credo de Nicéia).

Maria e a Trindade

“A conduta das três pessoas da Santíssima Trindade, na encarnação e


primeira vinda de Jesus Cristo, é a mesma de todos os dias, de um modo
visível, na Igreja, e este procedimento há de perdurar até a consumação dos
séculos, na última vinda de Cristo.

Deus Pai ajuntou todas as águas e as denominou-as mar, reuniu todas as


suas Graças e chamou-as Maria. Este grande Deus tem um tesouro, um
depósito riquíssimo, onde encerrou tudo o que há de belo, brilhante, raro e
precioso, até seu próprio Filho, e este tesouro imenso é Maria, que os Anjos
chamam “o Tesouro do Senhor”, e de cuja plenitude os homens se
enriquecem.

Deus Filho comunicou à sua Mãe tudo o que adquiriu por sua vida e morte:
seus méritos infinitos e suas virtudes admiráveis. Fê-la tesoureira de tudo o
que seu Pai lhe deu em herança, é por ela o canal misterioso, o aqueduto,
pelo qual passam abundante e docemente suas misericórdias.

Deus Espírito Santo comunicou à Maria, sua fiel esposa, seus dons inefáveis,
escolhendo-a para dispensadora de tudo que Ele possui. Deste modo ela
distribui seus Dons e suas Graças a quem quer, quanto quer, como quer e
quando quer, e dom nenhum é concedido aos homens que não passe por
suas mãos virginais.

Tal é a vontade de Deus, que tudo tenhamos por Maria e assim será
enriquecida, elevada e honrada pelo Altíssimo, aquela que, em toda sua vida,
quis ser pobre, humilde e escondida até ao nada.”

São Luís Maria Montfort


Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem (22-25)

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